Rubens Gerchman e o futebol

A exposição Opinião 65 – 50 anos depois é uma homenagem aos expositores que participaram deste que foi um movimento de resistência ao golpe militar e que contribuiu para a disseminação global de uma nova tendência realista nas artes. Os colecionadores Jean Boghici e Ceres Franco, sob curadoria de Camilo Osório, prepararam uma grande exposição com 57 obras que reúnem artistas brasileiros, argentinos e europeus e que dividem-se em dois espaços: No MAM, localizado no Flamengo, e na Pinakotheke Cultural, em Botafogo. 

Os artistas brasileiros são Ângelo e Adriano de Aquino, Pedro Escosteguy, Antonio Dias, Gastão Manoel Henrique, Rubens Gerchman, Hélio Oiticica, Ivan Freitas, Ivan Serpa, Roberto Magalhães, Carlos Vergara, Vilma Pasqualini, Waldemar Cordeiro, Flávio Império, José Roberto Aguilar, Tomoshige Kusuno e Wesley Duke Lee, e os estrangeiros Roy Adzak, John Christoforou, Yannis Gaïtis, Antonio Berni, José Vañarsky, Peter Foldès, Juan Genovés, José Paredes Jardiel, Manuel Calvo, Alain Jacquet, Michel Macréau, Gerard Tisserant e Gianni Bertini.

Um dos pontos da exposição é mostrar ao público, através de obras do artista Rubens Gerchman, a grande importância que o futebol constituiu naquele contexto.  O carioca foi, de fato, o artista plástico mais apaixonado pelo futebol. Esta é a impressão que se tem ao conhecer a sua vasta produção de obras sobre o tema: são dezenas de pinturas, gravuras, colagens e desenhos que ocuparam o olhar atento do artista por mais de quatro décadas. Gerchman foi cronista visual, um observador da vida e da sociedade brasileira; e pôs sobre o futebol um olhar crítico, revelador do uso do esporte na massificação do ser humano, mas não só isso. Ao mesmo tempo, nunca deixou de expressar seu amor e admiração pelo espetáculo esportivo capaz de mobilizar multidões e elevar o homem comum à condição de herói.

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“Os 99 heróis do estádio”

Durante os anos de chumbo, o esporte foi usado como uma estratégia de contenção dos ânimos da massa. A grande e evidente proximidade entre políticos e esportistas naquele período atribuiu ao futebol uma espetacularização que se destinava ao entretenimento do povo, mudando o foco dos conflitos e possíveis revoluções, e centrando-os na “grande paixão de todo brasileiro”.  

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“Os super-homens”

A exposição Opinião 65 situa o espectador sobre o significativo papel do esporte no contexto da época  e transporta-o para os dias atuais mostrando que o passado e o contemporâneo se fundem, pois mesmo após 50 anos ainda é possível encontrar tais táticas de ludibriação pública em uso.  Além disso, é possível notar, também, a supervalorização midiática que confere aos jogadores status de “heróis”.

                                                         


 

                                                      Referências:

http://mamrio.org.br/exposicoes/opiniao-65-50-anos-depois/

http://fabianodevide.blogspot.com.br/2014/06/esporte-futebol-e-arte-contemporanea-no.html

                                                 Participantes:

Darcylene Valente, Gabriela Barbosa, Julia Maia. Juliana Castro e Josias Neves

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