Voltamos ao Carnaval de Nazaré da Mata, a Terra do Maracatu Rural

Caboclo Maracatu RuralComo de praxe em nosso Carnaval, reservamos a segunda-feira para visitar Nazaré da Mata, a terra do Maracatu Rural, e fotografar as diversas personagens dessa manifestação cultural tão característica da Zona da Mata de Pernambuco. Nós fazemos este passeio há pelo menos quatro anos e, em 2019, a festa foi uma das mais bonitas.

Os maracatus estavam mais coloridos, havia mais pessoas na rua, mais comerciantes no entorno da praça e mais visitantes para fotografar as evoluções encantadoras dos caboclos de lança e para correr das chicotadas das burrinhas que abrem espaço para os desfiles. Resumindo: o Carnaval foi mais animado!

Arreia-má Nazaré da Mata Maracatu

Caminhar pela Rua Dantas Barreto (ou a Rua da Prefeitura, para nós nazarenos) é certeza ficar ainda mais próximo dos maracatus. O terno acertando o toque, os caboclos e as baianas descansando ou bebendo sentados no meio-fio ou debaixo das marquises, as fantasias e lanças marcando o lugar no meio da rua. É lá também que a gente encontra poetas populares como o experiente Mestre João Paulo e jovens Mestre Anderson Miguel – do Águia Misteriosa – e Mestre Bi, do Estrela Brilhante. É de lá que a gente sai com a certeza de que o Maracatu Rural está ainda mais vivo e mais forte.

À tarde, visitamos rapidamente a Praça do Frevo, que este ano estava repleta de foliões para verem as apresentações das centenárias orquestras Capa Bode e Revoltosa.  A grande atração da noite foi o cantor Alceu Valença, que fez a praça da Catedral ficar lotada não só de nazarenos, mas de visitantes e turistas de várias cidades vizinhas.

Maracatu espera Nazaré da Mata

O Ponto negativo, mais uma vez, foi a limpeza. Infelizmente, era grande a quantidade de lixo acumulada no canto das calçadas e em locais próximos às barracas, e, com a chuva do meio da tarde, tudo ficou espalhado. Vimos a equipe de varrição recolher o lixo na praça principal, ainda durante os desfiles, mas talvez seja necessário aumentar o efetivo em 2020 para que a festa continue melhorando a cada ano.

Caboclo criança Maracatu rural

 

 

 

Carnaval em Nazaré da Mata

Olhando as pastas de fotos antigas no computador, me dei conta de que, desde 2012, ir para Nazaré da Mata na segunda-feira de Carnaval tem feito parte da  nossa programação. Não é para menos, para quem gosta de Maracatu Rural (também chamado de baque solto) esse é o melhor dia para visitar a tão querida cidadezinha da Zona da Mata, localizada a cerca de 60 quilômetros do Recife.

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Conhecedor dos carnavais nazarenos desde a infância, posso garantir que a festa tem melhorado nos últimos anos. É sempre bom encontrar o povo na rua para ver os maracatus que passam o ano todo se preparando para mostrar o colorido e a poesia que encantam a tantos turistas. Não preciso nem dizer que as apresentações dos diversos grupos rendem ótimas fotografias, mas uma dica que eu deixo é que você dê uma caminhada pela rua em que os integrantes aguardam o chamado para o palco.

Outra coisa importante é respeitar o espaço dos maracatus durante as apresentações. Canso de ver turistas e fotógrafos ultrapassarem a linha do bom senso em busca das “melhores imagens”. Tudo bem aproximar-se, procurar um ângulo mais legal e rapidamente voltar para a calçada, mas entrar no meio do grupo a ponto de roubar a atenção e até atrapalhar a evolução dos caboclos de lança é bem desagradável.

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PRAÇA DO FREVO
Além das apresentações de maracatu na praça principal, outra opção muito legal é a Praça do Frevo (para os nazarenos, a nossa antiga Praça do Lago). Fica ali pertinho, na rua atrás do palco principal. Lá, além de muitos frevos tocados por orquestras, há toldos para o pessoal aproveitar a sombra ou levar cadeiras, bebidas, comidinhas e fazer seu piquenique de Carnaval.

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FALTA ESTRUTURA
Sempre que vou a Nazaré durante o Carnaval, tento levar alguém para conhecer a festa. Uma reclamação que sempre escuto é a falta de sombras na área em que os maracatus se apresentam, o sol é forte e o calor afasta o público. Falta também um ponto de informação para os turistas que chegam lá desacompanhados.

Outro detalhe é a falta de opções para lanches e refeições perto do centro. Basicamente, se você não estiver afim de consumir comida de rua (cachorro quente, batata frita, pipoca, coxinha e pastel) você poderá ter que procurar matar a fome longe dali. Também incomodou um pouco (neste Carnaval, especificamente) a falta de atenção com a limpeza. Na segunda-feira à tarde havia bastante lixo nos arredores da praça e, depois da forte chuva que caiu, tudo se espalhou pelas ruas.

São apenas detalhes, mas que podem ser facilmente corrigidos. A festa é linda, e vale muito a pena sentir aquela energia única do maracatu rural. E essa energia você só encontra em Nazaré da Mata.

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Passeio off road pela Mata Norte de Pernambuco: Rota dos Engenhos II

Estradas estreitas, subidas, descidas, buracos, sulcos e poeira, muita poeira. Em dezembro de 2017 fizemos nosso primeiro passeio off road pela Zona da Mata Norte pernambucana, em grupo, com o Passeios Offroad Pernambuco. Uma experiência muito legal que nos levou a revisitar – com um ovo olhar – alguns destinos já conhecidos e nos apresentou belas paisagens.

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Nazaré da Mata e Buenos Aires
Partimos de um posto de combustível na BR-408, em São Lourenço, pouco depois das 7h30 do sábado. A primeira parada foi no Engenho Santa Fé, em Nazaré da Mata, mas logo seguimos para o Engenho Crimeia, em Buenos Aires. Fomos muito bem recebidos pelo proprietário, que nos apresentou a capela e a casa grande, muito bem cuidadas, e ofereceu um lanche bem característico: tareco e mariola! Visitamos ainda o belíssimo baobá centenário da propriedade e deu para dar uma descansada rápida sob as sombras das árvores frutíferas.  Valeu muito a visita!

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Vicência
Pelas estradas de terra, seguimos para o Engenho Água Doce, em Vicência, destino que já visitamos algumas vezes (clique aqui para ver o post sobre o Água Doce), mas que sempre nos deixa satisfeitos e com vontade de voltar. Depois revisitamos a casa grande e a capela do Engenho Jundiá (clique aqui para ver o post sobre o Jundiá), só que desta vez o passeio incluiu a subida da serra e, lá no alto, na capelinha de Nossa Senhora da Conceição, reencontramos a bela vista dos engenhos, de Vicência e da região.

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Serra do Pirauá
De Vicência até Pirauá, distrito do município de Macaparana, o caminho é longo. O asfalto é razoável e alguns trechos exigem atenção, mas a viagem se torna muito mais interessante quando é em grupo, orientada pelos mais experientes. Localizado na divisa entre Pernambuco e Paraíba, Pirauá, distrito de Macaparana, foi uma grata surpresa, com suas belas paisagens.

Visitamos a Pedra do Bico, onde acompanhamos o pôr-do-sol. O caminho exige atenção, e a subida a pé, exige um pouco mais de resistência, mas a vista lá do alto compensa, e muito.

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A hospedagem é na Pousada Serra do Pirauá, muito organizada e bem estruturada, pronta para receber boa quantidade de turistas. Há também boas opções para refeição (Restaurante Serra do Pirauá) e para quem quer comprar queijos artesanais.

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Cortejo Cultural em Nazaré da Mata

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É sempre bom voltar a Nazaré da Mata, voltar ao bom humor de sua gente, às lembranças da infância e aos costumes que não se perderam. No último domingo, dia 27, foi diferente, ainda melhor: a cidade estava com uma energia boa – algo que não sei explicar –  mas que sem dúvida teve como epicentro o Engenho Cumbe, sede do Maracatu Rural Cambinda Brasileira, e de onde partiu o Cortejo Cultural.

Percebi a diferença logo que cheguei ao Sertãozinho, bairro por onde andei e pedalei toda minha infância. Cadeiras nas calçadas, comida, bebida e música na frente de casa, As pessoas estavam nas ruas, sorridentes, esperando os maracatus passarem. Há quantos anos não via Nazaré assim? No caminho para o Cumbe – lugar que eu só conhecia o nome e a importância histórica e cultural – uma ou outra placa indicava que eu e meu amigo Rafael estávamos indo pelo caminho certo.

placa maracatu

– Bom dia, amigo, engenho Cumbe?
– Pode seguir esses carros aí, direto, o povo tá tudo indo pra lá – responderam os senhores de chapéu, sorrindo e empurrando as bicicletas barra forte na ladeira de terra.

O CD de Wesley Safadão logo foi substituído pelo disco do Maracatu Leão Misterioso e o povo começou a se animar, dar os primeiros passos no chão de terra batida. Uma Catita andava por todos os lados pedindo um trocado, dançava e se jogava no chão, empunhando uma boneca surrada e o gereré. Vez por outra uma criança corria dela, primeiro por susto, depois por brincadeira. Tradição. Todo nazareno que se preze já levou uma carreira de Catita.

a catita olhar

Demorou, mas perto do meio-dia, o povo já quente do sol e da bebida – começou o coco de roda. Poetas locais também declamaram embalados pelo ganzá, caixa e zabumba. Também teve mamulengo para fazer o povo rir enquanto os caboclos se organizavam em uma casa mais distante para dar início ao cortejo.

Vimos o maracatu rural cercado pela cana e pelo seu povo, que estava lá por ele, e não para passar o tempo enquanto não começam as atrações “principais”, como em alguns desfiles de Carnaval. Não havia gola, chocalhos, perucas, nem lanças. O que a gente via era a dança crua dos caboclos, com todos os seus movimentos claros. O que a gente ouvia eram os passos chiados fazendo a mistura entre os seres e a terras, a poeira.

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A fome, o calor e os horários nos impediram de continuar para ver o cortejo e a festa no Parque dos Lanceiros. Alguns detalhes com os horários e com a programação talvez precisem de um pouco mais de atenção nas próximas edições, que com certeza estaremos presentes. Vida longa ao Cortejo Cultural, que – antecipo – estará todos os anos no nosso calendário.

É sempre bom voltar a Nazaré da Mata.

caboclo de lança descansando

Rota alternativa dos Engenhos – Parte II

No post anterior, você viu como foram nossas visitas aos engenhos Canavieiras e Poço Comprido, em Vicência, Zona da Mata de Pernambuco. Hoje vamos falar sobre outros três destinos que visitamos naquele mesmo dia: o engenho Iguape, o Várzea Grande e o Cueirinha.

3ª parada: Engenho Iguape

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Cerca de 5 quilômetros depois do Engenho Poço Comprido, você chegará ao Engenho Iguape, nossa terceira parada. Esqueça os canaviais verdes a perder de vista, igrejinhas seculares e lindas paisagens, aqui o principal atrativo é a Casa Grande, que – aliás – surpreende.

O casarão tem cinco quartos com 16 camas, duas cozinhas, uma sala grande e um alpendre com piso de madeira. Parte da decoração é original, como foi deixada pelos antigos proprietários. Os móveis, os quadros, os lustres levam você a imaginar como era a vida naquele lugar e, claro, a se imaginar vivendo ali. O lugar é bem ventilado, mas precisa de atenção a alguns detalhes.

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O engenho Iguape oferece hospedagem/day use, conforme panfleto da Prefeitura de Vicência e como confirmou a pessoa que cuida da Casa Grande. Mas vamos ficar devendo as informações sobre valores e os contatos, pois – assim como aconteceu com o Poço Comprido – os números de telefone que estão nos folders estão desatualizados, e o site está fora do ar. A pessoa que nos recebeu e nos apresentou a casa também disse não saber informar um número que pudéssemos entrar em contato.

4ª parada: Engenho Várzea Grande

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Apenas uma parada para fotografar. É o que você vai conseguir no Engenho Várzea Grande, que fica na BR-408, entre as entradas de Buenos Aires e Vicência. Logo da rodovia você vai perceber que boa parte do engenho está em ruínas, abandonada. A beleza do engenho fica por conta das imensas palmeiras imperiais que compõem a paisagem com a ingreja e casa grande, fechadas.

O acesso ao engenho é sinalizado com placas de turismo, e o caminho da BR até lá em muito bom. Mas não ficamos muito tempo por lá, pois não achamos tão seguro.

5ª parada: Engenho Cueirinha
Nossa última parada não rendeu fotos. Infelizmente, a Pousada Rural Engenho Cuerinha, em Nazaré da Mata, encerrou suas atividades. Uma pena, pois seria uma ótima opção de hospedagem na região, ainda muito carente de hotéis e pousadas. Quem sabe um dia ela seja reaberta? A gente torce por isso.

Volta pra casa
Neste passeio que chamamos de “Rota Alternativa dos Engenhos” vimos de perto parte do potencial do turismo rural na Zona da Mata de Pernambuco, e o quanto ele poderia ser melhor aproveitado com ações simples como uma simples atualização do material de divulgação, por exemplo, ou talvez com incentivos do poder público, seja com capacitação e formação de pessoal, investimentos em infra-estrutura, linhas de crédito, parcerias, etc.

É muito bonito e nos enche de orgulho ver a imagem do caboclo de lança percorrer os quatro cantos do país e do mundo, levando o nome da Zona da Mata de Pernambuco. Mas Turismo é muito mais que isso, é bem mais que belas imagens em comerciais de TV, e já está na hora de voltarmos as atenções para o interior. É nossa terra e nossa história.

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Confira mais fotos do passeio em nossa página no Facebook e no Instagram.