–
–
Paisagem com sol amarelo, 2000
Aldemir Martins (Brasil, Brasil, 1922-2006)
acríica sobre papel, 18 x 22 cm
Coleção Particular
–
Não me surpreende que este romance tenha levado o prêmio de melhor livro em 2007, dentre os Escritores da Commonwealth, e que nesse mesmo ano tenha sido um dos finalistas do Man Booker Prize. O Sr. Pip, já nasceu um clássico. E gerações futuras irão se encantar, aprender e se alimentar nessa surpreendente fonte de sabedoria elaborada por Lloyd Jones.
A história se passa em Bourgainville, arquipélago de Papua-Nova Guiné. O enredo, entrelaçado com eventos reais durante a guerra civil de 1991, chega até nós através dos olhos de Matilda, uma menina-moça. Lloyd Jones foi muito feliz na voz que encontrou para Matilda, a pré-adolescente, que encontramos com aproximadamente 13 anos e que nos seduz por sua candura e inteligência. Seguimos seu crescimento até a idade adulta, físico e emocional. Mas é o tom encontrado para ela, uma harmoniosa combinação da inocência da criança com a voz que amadurece por necessidade, que torna o livro sedutor.
–
–
Inicialmente Matilda não tem meios de entender o mundo que a rodeia; a realidade da guerra civil é incompreensível. Despojadas dos confortos cotidianos, as crianças da ilha encontram em um de seus habitantes, Sr. Watts, uma maneira de se preservarem. Ele se torna professor da criançada, quando já quase nada mais resta no local além da escola vazia, abandonada, cheia de lagartixas e trepadeiras crescendo de encontro às paredes.
Sr. Watts têm métodos diferentes de ensinar e com ele as crianças adquirem meios para lidar com a devastadora realidade que as cerca. Matilda segue seu professor passo a passo e acaba se apaixonando pelo personagem Pip, do livro Grandes Esperanças de Charles Dickens, o livro que todos lêem e relembram.
–
Com essa simples e transparente narrativa Lloyd Jones nos entrega uma pequena obra prima sobre o poder da imaginação, sobre as funções da literatura, sobre justiça e dignidade. Tudo através da metodologia de Sr. Watts que seduz com sua paixão tanto seus alunos na ilha, quanto nós leitores mesmerizados. Como subtexto, temos uma vigorosa defesa do papel da literatura na vida de quem a ela se dedica, leitor ou escritor. Através do Sr. Watts aprendemos também que temos diversas vidas, diversos papéis, que vão sendo adaptados às diferentes situações, de acordo com as nossas necessidades. Um saudável e belíssimo manual de sobrevivência através da criação literária.