O faroeste caboclo de Antonino

Antonino Homobono Balieiro
Hoje, dia 27 de abril de 2013, o grande desenhista Antonino Homobono Balieiro faria 60 anos. Já publiquei aqui e aqui diversos textos homenageando esta grande figura humana. Para comemorar esta data, desta vez falarei um pouco de seu talento para desenhar capas de livros de bolso e histórias em quadrinhos de faroeste e cowboys.
Rota do Oeste #1
Certa vez, quando o visitei, ele estava em seu estúdio pintando ao mesmo tempo umas doze ou quinze capas para uns livrinhos de bolso. Eram histórias do faroeste que seriam lançadas em bancas de revista. A cena era inacreditável! Antonino fazia um incrível trabalho em série: primeiro pintava uma determinada cor em todos os desenhos. Depois passava para outra cor, e assim sucessivamente. Os desenhos iam ganhando cores e formas a partir do traço a lápis numa produção contínua. A tinta usada era guache, solúvel em água. Assim, os desenhos que ainda estavam úmidos de tinta, eram pendurados numa espécie de “varal” em cima de sua prancheta, para que pudessem “secar” enquanto ele avançava na pintura das cores seguintes.
Durango #10
Para se ter uma idéia do resultado final desse trabalho do Antonino, basta ver as três artes de capas acima. Os desenhos que ele pintava naquele dia, eram assim, nesse estilo. Seu cliente era uma obscura editora (se não me engano, a Nova Leitura), que publicava esses populares livrinos de bolso, tipo pulp fiction. O mercado para ilustração e histórias em quadrinhos no Brasil era muito restrito. Então, Antonino usada desses artifícios para sobreviver: produzia rapidamente e em quantidade! Bravo Antonino!
Chacal #23 - Série Tony Carson
Antonino Homobono Balieiro também fez diversos trabalhos para a Vecchi. Ele desenhou as capas de dois importantes personagens de histórias em quadrinhos dessa casa publicadora: Chacal (Tony Carson, acima) e Chet (abaixo), uma versão tupiniquim do Tex.
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Na capa acima, de Chet, se percebe claramente que Antonino faz uma homenagem ao grande Joe Kubert, utilizando referências do trabalho desse desenhista. Abaixo, outra capa realizada para a mesma revista: a edição de número 21.
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Mais abaixo, duas páginas desenhadas pelo mestre Antonino para as muitas aventuras de Chet que ele desenhou: a primeira é a página 55, da história “Dólar falsificado” (que apresenta um romance de Chet). A outra, é a nona página da história “Os Proscritos”. Repare na beleza do traço preto e branco do mestre Antonino. Inesquecível!
Chet -Dólar falsificado.
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O Justiceiro é Vingador?

O Homem Aranha 63 - Ebal - Clique para ampliarHá quase 34 anos, mais precisamente em junho de 1974, a Editora Brasil-América (Ebal) lançava o número 63 da revista O Homem Aranha (capa ao lado). A publicação tinha 68 páginas e trazia uma aventura do cabeça de teia e duas do Quarteto Fantástico (junto com os incríveis Inumanos). Mas, a história do Homem Aranha – O Vingador Ataca Novamente! –, trazia uma grande novidade: apenas quatro meses depois de ter sido publicada nos Estados Unidos, ela apresentava aos leitores brasileiros O Justiceiro (The Punisher), personagem que viria a se tornar um dos principais ícones do universo Marvel.

Mas, o mais interessante nesta revista é descobrir que The Punisher nem sempre foi chamado de “O Justiceiro” no Brasil. Na Ebal ele foi batizado como “O Vingador”. Você pode ver na capa (clique nela para ampliá-la) que a chamada da história é “Ele é diferente! Ele é mortal! Ele é… O VINGADOR!“. Veja no detalhe abaixo uma parte do confronto entre o amigo da vizinhança e o truculento vigilante (clique para ampliar a imagem) que se apresenta como O Vingador.
Detalhe da página 18 da revista O Homem Aranha 63 - CLIQUE AQUI PARA AMPLIAR

Na aventura, escrita por Gerry Conway e desenhada por Ross Andru, artistas que criaram o anti-herói juntamente com John Romita (o pai), o Homem Aranha tem que enfrentar esse novo personagem, que está sendo enganado por uma figurinha esquisita chamada Chacal. Mas, depois de uma luta razoável, o Aranha não tem dificuldade para nocautear o tal do Vingador (uma mancha na carreira do caveirão). Assim, o aracnídeo tem a oportunidade de mostrar ao vigilante – com certa dificuldade, é claro – o óbvio ululante: ele estava sendo ludibriado pelo vilão orelhudo. É que, na história, o Justiceiro parece ser meio cabeça-de-bagre. Mas, tudo bem. O que se poderia esperar de um cara que tenta resolver tudo na base da violência?

Hoje, o Justiceiro é um psicopata que considera assassinato, seqüestro, extorção, coerção, The Amazing Spider-Man 129tortura e extrema violência, atos aceitáveis na luta contra o crime. Isto é… ele é a versão americana do Capitão Nascimento (de Tropa de Elite).

Um novo filme do Justiceiro está sendo produzido, e promete ser mais “adequado” aos novos tempos, o que significa dizer que vem aí muita violência (clique aqui para ver trailer e fotos do novo filme). Se você quiser fazer o download do trailer do filme anterior do Justiceiro, com John Travolta, clique na opção preferida: QuickTime ou Windows Media. O filme e o ator que interpreta o personagem título são ruins demais. Mas o trailer é legal.

Leia o verbete do personagem na Wikipédia em português. Visite também este site que tem uma galeria de capas da revista The Amazing Spider-Man, incluindo a 129 (mostrada à esquerda), que apresenta The Punisher.

Faça download de papéis de parede do Justiceiro, clicando aqui.