Plins de Ideias!

As primeiras ideias que batizaram este projeto (lá no Face) vêm sendo trazidas para cá – um espaço pra sentar e pensar nas coisas lindas da cultura que fazem tanto bem pra olhos e corações: inquietos e sensíveis.
A expectativa é que os plins! daqui reflitam meus dias e descobertas. Se eles despertarem plins! por aí, que legal!

➡️ No Facebook, curta e acompanhe: Plim de Ideias!

Para viajar (e retornar): pelo mar, pelas memórias…

Leaf, de Aliona Baranova. 2020.

💡🎞 Leaf. 2020. Diretora: Aliona Baranova
República Checa, 2020. 6 minutos. Animação.

Acesso: Amazon Prime. [Janeiro/2021]

Aliona Baranova

Leaf (Folha), de Aliona Baranova, traz como personagem um “faz-tudo” de comandante-marujo-de-navio… Gigante, ele comanda as atividades de seu navio na viagem de um ponto a outro do mundo.
Na viagem da animação, participamos de uma de suas partidas: nela, uma pequenina menina não apresenta como garantia de ‘viagem’ um passaporte ou ticket… mas uma folhinha de outono! E é justamente esta folha quem levará o nosso personagem marinheiro, por seu aroma, a percorrer a maior das viagens: a que faz regressar aos lugares que a memória guarda…
O enredo desenvolve-se harmonicamente com os desenhos livres, soltos e de traços graciosos “sem compromisso com formalidades” de Aliona. São feitos das cores ‘primeiras’, as primárias – detalhe que pode também ter seu simbolismo, na animação. A melodia evoca elementos da tranquilidade do fundo do mar; eles se alternam a alguns efeitos que garantem a passagem do devaneio à realidade (como o apito do navio).
É muito interessante o recurso figurativo que a artista emprega para trabalhar o tamanho das coisas no decurso da produção – isto é evidente na grandeza assumida pelo marujo em relação à criança, por exemplo, ou nos próprios objetos do navio durante suas atividades; por sua mão, por sua maleta, por um passo que ele dá na cidade, ao voltar. É como se tudo adquirisse um novo sentido que só compreendemos nas relações que se constroem nos cenários da história e com seu desenvolvimento.
“Leaf” é uma obra terna e instigante que vai envolvendo-nos por temas diversos como a saudade, a memória, a infância, o crescimento e o regresso ao que fomos! A gente assiste e fica com o com uma pluma ali, no coração que pulsa, leve. Ou será que na verdade fica é com um cisquinho no olho da gente?
Aliona dedica a obra a “seus amados pais”. Um trechinho da animação:

Trecho de “Leaf” (Folha), disponível na Amazon Prime (Acesso – Janeiro/ 2021).

✔ E, para pensar e conversar, algumas ideias: vale ser com criança ou com adulto:
– O que mais chamou a atenção nos desenhos da animação? Eles são bonitos? São estranhos/ diferentes? Por quê?
– O que se percebe do tamanho do comandante da embarcação? Por que será que ele é representado ďesta forma Já nos sentimos assim? E a sua mão, o que ocorre com seu tamanho? E o da folha – ela é pequena? Ela será “realmente” pequena, na história?
– Por que será que, na cidade, os passos do comandante são representados de forma tão grande?
– Sobre a criança da história: o que se poderia falar sobre ela?
– Em frente da ‘casa’, ao fim da história, com o que o comandante se parece? Que lugar pode ser aquele?
– O que as cores da animação transmitem? E a melodia? Às vezes, na vida da gente, tem coisas que se parecem com o apito do navio – e com aquilo que ele fazia com o comandante?
– Viajamos apenas com meios de transportes? O que nos faz ‘viajar’, além deles? Em qual sentido?
– O que nos evoca lembranças? De onde vêm as lembranças? O que sentimos, com as lembranças? O que vivemos hoje, serão lembranças um dia?

▶️ Para conhecer mais o trabalho da artista ilustradora Aliona Baranova: https://www.behance.net/Baranova

💡🤍 Uma acolhida “à distância” para as crianças…: o que poderia ser possível? E significativo?

O 2021 vai (re)começar…

Ano para começar, desafio imenso para enfrentar: talvez, ele traga justamente o de acolher as novas turminhas “à distância”… Então, este post do PLIM de Ideias! pensa um pouco esta inédita realidade. Que incrível a tentativa de atravessar as telas para estabelecer elos! Tomara que estas ideias apresentadas aqui, nas mãos dos Mestres aí, despertem outras mais: que sejam adaptadas, aprofundadas, recortadas, coladas…
Estes primeiros e tão “inéditos” (como se colocam, nestes tempos!) dias apresentam a nós, mais do que nunca, oportunidades de: (1) acolher, sorrir e brincar: de instaurar um aconchego, um carinho de chegada à criançada – e quem não está se sentindo um pouco mais sozinho hoje em dia, com tudo, não é?; (2) de saber nossos nomes – de apresentarmo-nos uns aos outros – e a vontade de brincar um pouco com os colegas da turma deve estar a 1001, é preciso consideramos!; (3) de pensar no que desejamos e queremos para nossa jornada, pois estamos todos muito em dúvida de tudo e queremos conversar… Então, os Plins! a seguir pensam um pouco estas 3 oportunidades!

💡 Para a acolhida:
Clipe musical: “Oi, Hello” – Edgard Scandurra e Joaquim Scandurra, 2012.

“… Eu tenho um sorriso
Nos meus lábios pra te dar
E olhos nos olhos
Nós podemos conversar
Queria mesmo bem no fundo
Do meu coração
Que as brigas fossem resolvidas
Com aperto de mão…”

Recentemente, essa música ficou conhecida pela garotada por participar da trilha sonora da novela “As aventuras de Pollyana” (2018), transmitida por uma rede pública de televisão.
Contudo, ela compôs o CD Pequeno Cidadão 2, marcando o trabalho do conjunto musical de mesmo nome e que tem como um dos integrantes Edgard Scandurra (grupo Ira).
Assim o grupo define o Pequeno Cidadão, que atualmente está em seu 3º CD: banda de “Rock Dançante Para Crianças Bagunceiras e Adultos Animados”. Que tal?
▶️ A letra completa disponível de “Oi, Hello”, está em: https://www.pequenocidadaolojinha.com.br/produtos/pequeno-cidadao-karaoke-rock-n-roll-cd
✔ Com as crianças: E como cada um quer cumprimentar seus colegas? Com qual palavra? Com qual cor de lápis? Com qual objeto do quarto? Com um desenho? O que a professora preparou para acolhê-los? Talvez um grande sorriso embrulhado em um abraço? Uma roupa nova? Uma linda flor? Um desenho de bolo delicioso, talvez? E qual o sorriso (ou a careta) que cada um deixará marcado para este primeiro dia de aula? O que a turminha gostaria de ver resolvido para este ano?
▶️ (Para conhecer mais do trabalho inteligente, criativo e sensível do grupo Pequeno Cidadão: https://www.pequenocidadao.com/)

💡 Para nos (re)conhecermos…
Canção: “Gente tem sobrenome” – Toquinho e Elifas Andreatto, 1987.

Esta canção lembra o 3º direito das crianças (o direito a um nome).
Hora de todo mundo se (re)apresentar…
Mas, antes: haveria nomes, na turma, iguais àqueles que apareceram na canção? Sobrenomes iguais? Alguém conhecia a música? Quem mais pode ter nome? Por que outras coisas não têm nome, será?
✔ A canção poderia servir para disparar um jogo tipo “quiz”, de “Adivinhe quem é”.
Por exemplo, trabalhar com 2 nomes e 1 foto, em slides. Em cada um, pode-se colocar 1 foto de criança com 2 nomes da turma, para que cada um da turminha tente associar ao colega da foto. O professor pode variar a proposta para agilizá-la ou dificultá-la: por 2 fotos para 2 nomes; fazer com que as crianças trabalhem em duplas nas respostas, fazer a atividade usando outras informações marcantes das crianças que a turma já pode reconhecer, etc. (Ex: sobrenome, bairro que mora, etc – no caso, 2 fotos com 2 informações e não 2 nomes. Cuidado para não utilizar informações que exponham as crianças.)
Pode haver também a repetição de nomes e fotos, às vezes e, se a turma misturar muitas crianças novas, isso pode ser algo interessante para a memorização de quem é quem…
Mas se, pelo contrário, a turma já se conhecer, o professor pode trabalhar o quiz com um “adivinhe o colega”, por exemplo, através das fotos de cada um da classe – escondendo-se boa parte da fotografia dos alunos – para que um a um tenham a chance de adivinhar quem está “escondido” (em parte) e participará da turma no ano. Será divertido para eles essa brincadeira coletiva!
É muito importante o cuidado para que todas as crianças sejam contempladas em nome, fotografia – e na chance de brincar. (E a autorização das fotos dos envolvidos é sempre um cuidado essencial…)
A proposta ainda pode ser ampliada (ou diferenciada) com os nomes e as fotografias daqueles que participarão do cotidiano da turma durante o ano, na escola – quem são as merendeiras, os porteiros, o pessoal da secretaria, os demais professores, etc, que trabalharão na escola e que já estão esperando por ela, lá?
Obs: pode ser um diferencial, nesta atividade, que o professor trabalhe com suspense ao ir revelando as respostas – um som de festa/ “não foi dessa vez” pode contagiar a turma!
▶️ A letra completa da canção “Letra tem sobrenome” está disponível aqui: http://www.toquinho.com.br/gente-tem-sobrenome/

💡 Para (re)stabelecer vínculos:
Que tal explorar com a turma nossas mãos que tentam se unir e construir, ainda que à distância, mais este ano?
▶️ Imagem e trecho de Livro infantil: Um manual – De mão em mão. Guto Lins. Editora FTD. 2011.

Ah, quanto falar em mãos estes tempos: parece que nunca elas estiveram tão em foco, mas também tão na zona do risco, e na distância do que sempre nos foi tão comum: o contato!
Confira, inicialmente, na Galeria deste post, algumas páginas do livro de Guto Lins – que versa sobre “tipos” de mãos que sempre estão em nossos dizeres, dia a dia… e que nas ilustrações do autor, ganharam motivo para o humor e a criatividade…
Mas o livro de Guto Lins é apenas um exemplo de abordagem para o tema. O professor pode, também, fazer uso de alguma seleção de obras de arte que construa e que chame a atenção, para as crianças, a respeito de como as mãos ali são retratadas pelos artistas – em pinturas ou fotografias (neste caso, atenção para as autorias!).
✔ O importante será partir de algo para inspirar as crianças a olhar suas mãos, reparar os detalhes de suas mãozinhas, a pensar no que corre por elas, no que veem e naquilo que não veem: de belo (como a cor diversa, a sujeira de uma brincadeira, uma veia que se liga a um coração vivo, as marcas digitais únicas, as unhas coloridas… as linhas curiosas…; e o que mais verão? ajudem-nas e as ouçam!) e de perigo (talvez, um vírus? bichinhos invisíveis? sujeiras? machucados?). Peça que mostrem suas mãos, que tentem se tocar pela tela do computador (ou com os dedos, do celular…) com elas/eles… Todos “juntos”, na tela! (Atente-se para alertar do cuidado/ leveza ao pedir o toque na tela, se a conexão estiver ocorrendo de um computador.)
Solicite que, em uma uma folha de papel (seria possível colocar a folha de papel entre as telas e as mãos/ dedos deles, com a ajuda de um adulto?) façam o contorno desta mão ou dedo (que pode ser ou deles mesmos, ou de um colega, na tela). Você, professor, participe desse momento também!
Peça, então, que todos desenhem dentro desse contorno, agora sobre a mesa, o que foram capazes de enxergar anteriormente: de bom e de não tão bom em suas mãos ou na parte do dedo (deverão completá-lo com o contorno de toda a mão).
(Obs: Se foi possível orientar para que as crianças trabalhem em duplas desenhando uma o contorno da mão/ dedo de outra, elas podem comparar suas mãos/ dedos e escreverem os nomes correspondentes dos amigos que contornaram, mas trabalharão, para o sentido de empatia, fazendo uso deste auxílio do contorno oferecido pelo outro para preencherem o conteúdo de suas próprias mãos, no trabalho de desenho individual. Realce este valor para as crianças – da troca pelo trabalho, mesmo à distância!)
Após a atividade, as oriente a guardar o trabalho para trazerem à escola e o reverem no dia em que, de volta, quem sabe, possam se abraçar – mas no qual, certamente, continuarão a ter cuidados com estas mãos e deverão combinar juntos a respeito do como cuidar delas! Neste retorno presencial, as mãos desenhadas por elas poderão, por exemplo – algumas/ todas – ser cartonadas/ plastificadas – e servir de moldes para exercícios de simulação de procedimentos de higiene, para a escrita no verso delas de combinados, etc.
▶️ Uma dica esplêndida (e mais criativa!) daquilo que a arte consegue enxergar em uma mão vem dos trabalhos do italiano Guido Danielle, capaz de transformar uma mão e um braço, com suas pinturas, modelagens e fotografias, por exemplo, em inacreditáveis animais! As crianças ficarão admiradas… e muito sensibilizadas…
Uma galeria dos trabalhos de Guido pode ser vista aqui; prepare-se: http://www.guidodaniele.com/index.php/hand-painting/hand-painting-art

💡 Para pensar, desejar, “enturmar”:
Qual é a sua, quais serão as nossas palavras para este ano?
▶️ 2 poemas de livros infantis: Rosana Rios. Studio Nobel.
a) “Vida” – Palavras Mágicas, 2010. Ilustrações: Mariana Massarani. b) “Presente” – Palavras Despalavradas”, 2013. Ilustrações: Suppa.
(As poesias podem ser transcritas das imagens da galeria que acompanham este post.)

✔ A partir dos poemas de Rosana Rios, o professor pode pedir que as crianças pensem e escrevam, (a) de uma a 3 “boas” palavras (ah! encantadas/ palavras de resolução para nossos problemas…) ou (b) muito desejadas (de “presente”) – listando, com elas, antes, por exemplo: palavras tristes, palavras engraçadas, palavras bonitas, palavras de saudade… Em seguida, pode solicitar que desenhem aquilo que “cabe” dentro da representação de uma das palavras que escolham para apresentar à turma (ou simplesmente podem ir listando-as).
O aprofundamento desta atividade dependerá do objetivo docente: ela poderá ser usada para (a) explorar a capacidade de síntese das crianças na elaboração criativa/ sensível de palavras-chave por exemplo, ou (b) pode servir para uma exploração coletiva de vocabulário semântico de “palavras semelhantes” (ex: um diz “viagens” – que se aproxima de “praia” – mas que se distancia de “vacina”, em certo sentido), palavras que vão se movimentando em um quadro dinâmico que o professor irá montando dinamicamente em slide à medida que as crianças lhe ditam suas palavras, uma por vez.

▶️ Sugestão complementar de livro lindo – “O menino que colecionava palavras”. Peter H. Reynolds. Globinho. 2019. A obra traz a história de um menino que vai colecionando palavras pela descoberta da diferença que as comporta – de sentidos, de sonoridade, de belezas… Ele cresce, assim, com elas. Vale a pena conhecer. Não é um livro muito comprido, nem tão curto – e tem uma boa dose de poesia e inteligência, para ser lido e descoberto, saboreado, entre crianças e a companhia de um adulto leitor.

Capa do Livro “O colecionador de Palavras”. Globinho, 2019

🥰 Um maravilhoso início de aulas, a cada uma das professoras e dos professores e às crianças – por onde estiverem, as maravilhas ocorrerão. Entre olhares e mãos conectados – e plins pelo ar! Vai ser bonito… 🤍💡


UM CD PARA TODOS: TOM ZÉ NA POESIA DA INFÂNCIA!

Capa do CD de Tom Zé e Elias Andreato. 2017. “Uma fábula alfabética”

“… No Abecedário não há personagens mais ou menos importantes…
Todo dia tem forrobodó no Abecê… as letras inventam as palavras,
as palavras inventam as ideias, e as ideias inventam os futuros.
… Há também a Curiosidade, responsável por reger o alfabeto…

É ela quem conduz as letras em seu papel de guardiãs do passado,
intérpretes do presente e construtoras do futuro.
… Tudo ia bem no mundo das letras até chegar por lá o ressentido Silêncio.
(…) As letras então confabulam o que fazer com o vilão…
Mas a Curiosidade as detém:
– O Silêncio é essencial para o Abecedário. Entre as palavras, no meio das frases,

permeando os pensamentos, está sempre o Silêncio.
Ele está em todos os livros, em todas as histórias. Assim como nesta.”

É um pouco esta a ideia introduzida pelo artista Elifas Andreato (Paraná, 1946) para contar do CD ‘infantil’ “Sem você não A – Uma fábula alfabética” que assina com o bahiano Tom Zé (nascido em 1936).
Lançado em 2017, as canções compõem um enredo todo performático. Nela, as letras do alfabeto assumem protagonismo para percorrer um emocionante enredo – com direito a sumiço de letra, sequestro de importantes personagens, muita mágica de palavras e reviravolta de sentimentos! Ela, a obra, renasceu de um projeto de Elifas da década de 80 – detalhe histórico importante, dada a proximidade com o período de ditadura militar no país.
São canções, digamos, “coloridas” – pra lembrar as do circo.
Neste espetáculo, nós, o (muito) respeitado público, somos convidados a fazer parte de um coro brincalhão, a gargalhar com ele, a dançar, a se esconder, a se amedrontar, a investigar, a se admirar… – com cada verso-erso-erso.
O CD é todo festa, mas em nenhum momento ela é displicente com o mundo. Quer dizer: se os pés não ficarão quietos, cérebros também não. Tem exercício pros dois…
A gente se pega, por exemplo, experimentando “barulhinhos” de sonoplastia corporal ou onomatopeicos da canção ‘x’ ou ‘y’; depois, a desenhar no ar a linha das letras da canção ‘r’ ou ‘s’ em busca de seu enigma palavrágico… pra, finalmente, se pegar em devaneios a respeito daquelas (muito) cruciais questões das músicas ‘b’ ou ‘c’ (e etc.)
Minhas canções preferidas: “Forrobodó das Letras”; “Curiosidade”; “A maior palavra do mundo”.
A primeira, porque, bem, olhem só porque:

“E quando chega o bem comum
A vontade é a cidade
Que mora com cada um
Bem lá dentro de cada um
Porque as letras inventam as palavras
As palavras inventam as ideias
As ideias inventam os futuros
E os futuros, futuros, futuros…”

A segunda canção é um hino à curiosidade e ao conhecimento científico e tem como parte do refrão a lindeza dos versos: “Pois o que salva/ A humanidade/ É que não há quem cure/ A curiosidade”.
Já a terceira, parece propor uma provocação a respeito desta palavra tão imensa que é o “eu”, mas que até ela, pra se formar, precisa de duas letras a dar as mãos… É conferir!
As letras são embaladas pelo ritmo do xote e das marchinhas – pra às vezes experimentar a ruptura de alguns outros arranjos. Em questão de ritmo, porém, o que “bate, ecoa e retorna” parece prevalecer – talvez brincando com o gosto de crianças pelo “de novo” e “de novo” e “de novo”.
Na reportagem sobre o CD escrita ao Site Lunetas, a jornalista Renata Penzani bem destaca que “ouvidas separadamente, percebe-se que cada canção se dedica a um valor do universo infantil que a criança descobre e constrói nos primeiros anos de vida. Tem música para a curiosidade, a liberdade, a imaginação, a felicidade, o silêncio. Os tais marcos do desenvolvimento infantil também aparecem no disco, com letras sobre aquisição da fala, alfabetização e reconhecimento do outro”. (Nesta mesma reportagem, Renata traz uma conversa do Portal com o artista Tom Zé, onde ele expõe suas instigantes impressões a respeito das convergências entre os universos da infância, da arte, da criação e da brincadeira.)
E, para conferir a Playlist do CD no Youtube, é só clicar na figura abaixo e percorrer esta fábula que inspira-pira!

A produção é uma obra de arte, de cultura – um convite de criação, na voz intérprete que continua a ecoar o sertão – mas também os ruídos da cidade – de Tom Zé.
É de se perguntar: diante dessas coisas lindas, de que mais precisariam os professores, além de cursos que, formando-os especialistas de linguagem, possibilitassem-lhes a livre autoria e a autonomia para a criação e a proposição de planejamentos de aprendizado junto a crianças?
Ah, uma escola alfabetizadora assim não (h)averia! Nem, mundo mais leitor!

> Site oficial do Tom Zé, só clicar.

> E, na escola, algumas palavras para inspirar outras ideias (e futuros):
1) FORROBODÓ DO ABECÊ – Faixa 2. “Hora de brincar de trocar as letras das palavras: como o ‘p’ por ‘f’ de ‘apaga’ – que ficou ‘afaga’ – e tudo mudou, na cidade. Descobrimos palavras novas ou só “malucas”?/ O que significa “bem comum”?/ “Quais os futuros que nossa turma quer para a cidade? Eles são feitos de quais palavras? Quais não queremos?”
2) CURIOSIDADE – Faixa 3. “Como poderia ser representado alguém ‘curioso’? Vamos pesquisar pessoas que tiveram ou têm muita curiosidade com as coisas do mundo?”/ “Hora de listar: pelo quê já fomos e somos curiosos? Quais coisas conhecemos hoje e que achamos “da hora!” – e que se desenvolveram por causa da curiosidade de homens e de mulheres, no tempo?/ “Um cachorrinho seria “curioso” – a mesma maneira que eu e você?”
3) A PRAGA DO SILÊNCIO – Faixa 7. “O silêncio, ele é bom, é ruim? – por quê?”/ “O silêncio será importante para as palavras? E para nós?”.
4) A MAIOR PALAVRA DO MUNDO – Faixa 9. “Haveria diferença entre uma palavra grande e uma grande palavra?”/ O que cabe dentro de cada um de nós? Vamos desenhar (e/ou escrever): nossas palavras preferidas, as pessoas da nossa vida, os objetos, lugares, coisas que amamos (ou não), etc”./ “Será que conseguimos enxergar os outros olhando só para nossos ‘eus’? O que podemos descobrir ao olhar os ‘eus’ dos outros?

Ah lá o barquinho que vai…

Imagem da animação americana The Little Boat (2011), de Nelson Boyles.
👉 Você pode assisti-la aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Hm7s7ixJZdQ

💡🎥 Será que esse barquinho lhe lembrará algo?
Ah! A vida que segue e que marca… e faz mudar… faz enfrentar… e seguir. Seguir e passar: mudam-se cenários, mudam-se companhias. Algo continua, já não igual…
A minimalista produção que hoje compartilho é uma delícia de acompanhar. Minimalista porque faz uso de poucos recursos de criação, mas, com os poucos que usa, expressa muito e atinge em cheio a ideia em jogo – ideia que comove, contagia, faz torcer, causa identificação na gente e, tinha que ser, desperta parada para pensar!
Afinal: o que é isso a que chamamos por “vida”? Ou tempo? A persistência? A mudança?
O barquinho vai. A gente vai com ele e os sons e movimentos do curta, seguem, com potência
Segue aí no seu (barquinho).
Que eu fico aqui, no meu. E que bom que a gente está junto, pensando nessas coisas todas. Importantes, não?
Ah! Não parece que Nelson Boles fez este trabalho inspirado na famosa frase de nosso Guimarães Rosa?: “Viver é um rasgar-se e remendar-se”…

🗨️ Com as crianças, “The Little Boat” me convidaria a sentar e a pensar:
*Como compreendem esse barquinho. Conseguem propor outros personagens para este caminho representado na animação?
*Como nos sentimentos nas sensações e nas lembranças evocadas com os vários momentos enfrentados pelo barquinho?
*Na filosófica questão: as coisas mudam ou permanecem? Heráclito e Parmênides postos em nossas rodas…
*Nas cicatrizes que marcam as coisas e a nós mesmos: o que dizem estas marcas? Se pudéssemos, evitaríamos passar por elas?
*No final: é “final” mesmo? É triste?
[Este post foi publicado pela 1a vez um pouquinho diferente em 09/08/2017.]

Um convite ao livro infantil artesanal: que tal?

A embalagem faz parte do pequeno exemplar…

💡📖 Hoje o livro que vai despertar ideias por aqui despertar ideias por aqui é um exemplar dos 100 únicos que pertenceram à 1a edição feita todinha artesanalmente… Algo sensacional que traz à lembrança aqueles livrinhos que a gente fazia pequeno, com as nossas mãos – e que as crianças se encantam descobrir, ao dobrar o sulfite – ordenando as primeiras palavras às  ilustrações coloridaças de hidrocores!  
Pois é: você já ouviu falar da produção artesanal de livros? Ou de livros encomendados sob projetos e demandas especiais?
Tudo isso está ligado à produção de edições bem singulares, geralmente arquitetadas por editoras menores e independentes e que se dedicam ao trabalho da edição como arte, como negócio artesanal. Um negócio cada vez mais negócio por aqui, no Brasil.
Nestas publicações, todos os detalhes são significativos: dá pra gente sentir a delicadeza das minúcias através de projetos que querem fazer o leitor passar por uma experiência diferenciada – com o papel, com o formato do livro, com o design, com a disposição das páginas, etc.
Texto e ilustrações estabelecem uma unidade de sentido especial com o projeto criado para veiculá-los – projeto em que a forma é parte integrante da “história” que é contada. Por isso o detalhe e a ousadia são marcas tão próprias destes mimos-exemplares!
Para exemplificar isto, vou mostrar aqui para vocês o título “Pé de quem?”, da autora, ilustradora, editora (entre outras coisas mais!), Tati Rivoire.
O livro é de pequenas estrofes de bichanos; o pequeno leitor, pode ler, decorar e divertir-se com os textinhos despretensiosos referentes aos seres das “misteriosas” pegadas que os antecederam e que deveriam ter adivinhado seu “dono”!
O projeto do livro, na verdade, não tem ordem de exploração: e isto sempre é divertido para a criançada que, além de sentir o “artesanato” em suas mãos e poder se inspirar a inventar suas próprias criações editoriais, fica a explorar todos os cantinhos e lados do livro para ver se “não estão perdendo nada”…
(Aliás, como a própria Tati me disse, quem precisa de ajuda para explorar tudo o que o livrinho tem, geralmente, são os adultos, claro…)
Fica a dica e o convite para alimentarmos esta zona do inédito, do manual e do singular que atravessa a produção destas “peças de livros” com as crianças; trata-se de uma produção que vêm ganhando espaço pelo circuito da edição em feirinhas de livros menores e de editoras independentes.
São oportunidades que evocam o valor da criatividade, do feito com as mãos, dos pequenos motivos e sentidos, do raro – e não do “de massa”.
Assim, além do conteúdo gráfico ou do literário em si, podem inclusive ser muito legais de aparecerem na cena pedagógica para despertar conversas com as crianças sobre planejamento e concepção de obra, uso de recursos para ampliar os sentidos de criações artísticas, etc.
No meu entender, estas edições podem, assim, exercitar-nos e às crianças, enquanto leitores e inventores, para aquele sentido de empatia tão acentuado pela educação de nossos dias: sentido que exige o pensar nesse “outro” que vai experimentar aquilo que criamos!
Queria muito que você pudesse sentir com suas próprias mãos e que se divertisse comigo com este exemplar – por isto, “Pé de quem?” está aqui!

👉 Livro: “Pé de quem?”. O texto, a arte, a confecção e a idealização do projeto: tudo é responsabilidade da artista Tati Rivoire, proprietária da editora de publicações para crianças Dagoia.
Para acompanhar o trabalho da Dagoia e de Tati, aqui está sua página no facebook: https://www.facebook.com/TATIgallery/
[Post publicado pela 1a vez de forma um pouquinho diferente em 09/08/2017.]

Crescer e se sentir “fora”: uma conversa que tanta gente entende…

💡🎥 “Obida” (ou “The Wound”), de 2012, é uma animação que provoca. Produção russa, de Anna Budanova.
A obra é marcada por intensa expressividade de emoções.
É provável que os tons escuros e oscilantes, o aspecto assombreado e os próprios traços realistas (às vezes, disformes) que marcam os contornos das personagens causem certo estranhamento a crianças não acostumadas a um repertório mais diverso. Não é uma animação “bonitinha” ou que tenha final feliz. Arrisco afirmar que é difícil que crianças deixem de se incomodar, se afetar e de reconhecer o que ali se passa. Como nós. Ou de ter vontade de falar a respeito (em algum momento) sobre o que viu.
Aliás, reconheço, justamente, o potencial educativo desta produção, junto a novas gerações, na possibilidade de discuti-la com o outro – neste tempo-espaço no qual vamos nomeando e elaborando o sentido das coisas do mundo, para melhor enfrentá-las. Mas trata-se de uma convicção pessoal. Afinal, são temas delicados – diante dos quais temos que estar um pouco mais seguros do que inseguros diante das crianças ao nos abrirmos para conversar com elas – em um espaço de delicadeza, intimidade e acolhida.
Anna Budanova nos apresenta uma senhora que recorda a dolorida experiência da discriminação física que passou quando criança. Desta vivência, um sentimento vivo – não vou nomeá-lo, pois creio que ele está sujeito a nossa interpretação… – passou a acompanhar-lhe em suas tentativas de relacionar-se com as pessoas. Dói sim, é verdade. A gente sente o chorinho da personagem na pele. É assim que a animação convida a pensar em como situações de exclusão, discriminação, preconceito e desajustamento podem gerar sentimentos, pensamentos e representações que ganham vida própria na definição de nosso caminho e, às vezes, de forma muito assustadora. Apesar da insistente representação da infância envolta ao colorido da felicidade e da pureza, as crianças sofrem, têm medos, podem atuar com crueldade e passam por situações emocionais similares a nós. Mas elaborar tudo isso pode ser, tão quanto difícil. E calar – ou omitir – não me parece boa solução educativa… Tentar, junto a elas, acessar o que vivemos e o que sentimos, que tal? Comecemos por nós mesmos.
Lanço este PLIM, então, para pensar nesta oportunidade com vocês.

👉Assista à animação aqui: https://www.youtube.com/watch?v=75msCfikU_Y

🗨️ Com as crianças, será que poderia ser legal trocar ideias…
*Sobre os sentimentos e experiências que a animação traz para elas?
*Sobre como entendem a elaboração do sentimento da personagem Que sentimento seria aquele? Por que a acompanha? Por que muda de tamanho? A relação que estabelece com a personagem é de algum modo benéfica ou poderia ser?
*A respeito de como compreendem o final. Seria um final destrutivo? Poderia ser outro? Por que as coisas não se passaram de forma diferente durante a vida da personagem?
[Post publicado pela 1a vez de forma um pouquinho diferente em 07/08/2017.]

UMA COLEÇÃO DIRETO DA ÁFRICA!

Primeiros 4 volumes da coleção Contos de Moçambique, Editora Kapulana – 10 volumes

💡📖 Um pouco de “África”!
Já há algum tempo o estudo da cultura africana se tornou obrigatório dentro de nossa escola.
Fundamental conquista, por um lado, ao trazer para o centro da cena pedagógica as tradições, os conhecimentos, os cenários e os povos que fazem parte da ancestralidade brasileira comum, por outro lado, infelizmente, falar da “África” ainda pode ser algo que esbarra em muito preconceito, na ignorância, na resistência inconsciente e nos modelos simplistas que participam de nossa própria formação – em relação ao continente africano, suas gentes, seus cenários e histórias.
Em 2018 conheci uma coleção de livros pensados para a leitura de crianças, proposta pela (na época, novinha!) editora Kapulana. A coleção, hoje completa com seus 10 volumes, chama-se “Contos de Moçambique”, foi publicada por aqui com o apoio da Escola Portuguesa de Moçambique.
E o que valeria destacar dela, diante de inúmeros outros títulos de proposta semelhante que circulam pelo mercado do livro infantil?
Em 1º lugar, os livros trazem histórias do folclore de Moçambique, país africano, reescritas por autores de lá mesmo. E as ilustrações seguem uma técnica diferente para cada volume, dando a conhecer aspectos da arte local: desenho, pintura, artesanato, recursos digitais etc. Isso é apresentado através de um projeto gráfico bem gostoso, que contrasta às cores fortes das imagens, a formatação limpa e clara do texto para a leitura da criança.
Há a oportunidade de se conhecer, ainda, os nomes de escritores que fazem a literatura local e atual do país – ainda que não tenha se destacado até o 4o volume que li, a meu ver, questões do “estilo de escrever” de cada autor, já que se dedicaram à tarefa de recontar um conto cuja estrutura e conteúdo os obriga de antemão a respeitar certos limites.
Mesmo assim, podemos perceber da parte deles evidente cuidado com a escolha das palavras e a preocupação com um desenvolvimento mais aprimorado da trama; os escritores também procuram dar lugar para dialetos e vocabulários locais aparecerem e, o que é muito legal, ao fim do livro, explicam como se posicionaram diante do conto que lhes serviu de base: o que dele preservaram ou o que resolveram alterar.
Aliás, os livros são concluídos com a “versão básica” destas histórias populares. Isso pode ser um ponto alto para conversas, na escola, sobre o próprio que-fazer dos escritores, a respeito de originalidade, trabalho de inspiração e criação etc.
As histórias têm narrativa linear, com começo, meio (e um problema) e fim bem definidos e trazem um ensinamento de moral ou uma explicação sobre a razão de ser das coisas e do mundo – características de contos populares e mitológicos.
Mais algumas informações sobre os quatro primeiro títulos, você pode conferir nas fotografias desta postagem.
A coleção, por tudo isso, pode despertar muitas ideias para a organização de situações de aprendizado e reflexão com as crianças. Não são livros apenas com uma “história de folclore africano”, mas: (i) são livros que apresentam técnicas para a educação artística; (ii) despertam questões interessantes sobre autoria e ofício de escrever; (iii) apresentam saberes a serem discutidos, reconhecidos e polemizados e; (iv) enfim, se tornam fonte de aprendizado de elementos diversos da cultura dos povos de Moçambique: vocabulário, canções, trabalhos, expressão artística, aspectos de relação com a natureza, etc.
Quantos PLINS!!!

👉 O site da editora, com muitas outras novidades da produção literária do continente africano, fica neste endereço: http://www.kapulana.com.br/
[Post original publicado em 08/08/2017.]

A ARTE IRRADIANTE DE PABLO BERNASCONI

Pablo Bernasconi. Fonte: El Planeta Urbano
[Post original publicado em 08/08/2017.]

💡🖌️ Pablo Bernasconi é um artista argentino que a gente aprende a reconhecer logo: um estilo de expressão muito peculiar!
Escolhi algumas ilustrações para compartilhar com vocês um pouco da natureza do seu trabalho.
O colorido, o recorte/colagem, a composição com objetos, texturas e letras/palavras/frases/números fundem-se num expressivo acabamento gráfico – tudo convergindo para resultados que misturam o inusitado, o humor e o convite à decifração. As crianças adoram e não conseguem não perguntar ou não ter ideias diante de suas curiosas obras!
No Brasil, sua obra foi divulgada com livros como “Excessos e Exageros”, “O Mago, o Horrível e o Livro de Feitiçaria” e “Super Herói e Super Vilão”, nem tão fáceis de achar pelo mercado hoje em dia.
Todos eles foram editados pelo Selo Girafinha (editora Escrituras) e apresentam, além de tudo, o lado escritor deste artista. Que, confesso, amo também, por sua forma inteligente, bem humorada e filosófica de escrever.
Com Pablo Bernasconi, muitos PLINS aparecem! Por isso, ele está aqui.

👉 Você pode se divertir com o fabuloso trabalho de Pablo Bernasconi neste endereço: http://www.pablobernasconi.com.ar/

Leitura: “O homem que plantava árvores”

A edição brasileira de “O homem que plantava árvores” do francês Jean Giono espalha pedacinhos de floresta… Acho que foi a intenção da editora 34, com sua solene edição de capa dura, talvez a evocar a resistência de uma madeira. Madeira capaz de ser a guarda de folhas-páginas cujo verde e colorido de jardim ficou garantido pelo trabalho tão bonito do artista Daniel Bueno! O trabalho gráfico ficou muito simbólico… rústico, com ares daquela antiguidade que lembra que a vida demanda “tempo guardado”, zelo – cuidado. Este é o tema da fábula, claro.
Nela, um narrador testemunha seu encontro com um curioso senhor na região da Provença, França, que se dedicara a plantar árvores a partir de um momento de sua vida. E o que por lá teria acontecido a sua gente e a sua paisagem, no curso de poucas décadas.
Às vezes cômico, às vezes muito delicado, o texto chama a atenção para as pequenas mudanças daqueles que diariamente plantam em silêncio para além da irracionalidade das organizações e dos tempos modernos que moldam nossas rotinas. Não é um texto longo, mas nem por isso é texto que se propõe à leitura apressada – talvez, sua mágica só desperte quando cedemos à singela insistência do reparo a palavras que refrescam a memória a respeito do que é simples e está à mão: uma semente, uma caneca de água, uma sombra, uma ação.

Destaque: a notinha final de um dos tradutores, Samuel Tritan Jr. apresenta um pouco da curiosa história do texto “O homem que plantava árvores” – que já teria sido apresentado como obra de não-ficção pelo autor e assim tratado também por algumas de suas edições! Um prato cheio para conversar sobre a palavra escrita – e as histórias e a História… Aliás, para isso, nada mais propício que aproveitar o breve ensaio que o Samuel também assina adiante para o termo “fábula” que dá nome à coleção deste livro…