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Portugal: a Bandeira e o significado das suas cores
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Portugal: a Bandeira e o significado das suas cores

Com os novos equipamentos da seleção nacional, juntos, vestimos a bandeira! Descobre o significado e a história da bandeira de Portugal.

A história da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) foi, quase sempre, pintada com o verde e vermelho  da bandeira nacional, mas nem sempre foi assim. Se a FPF tivesse nascido, à semelhança da sua congénere inglesa, em finais do séc. XIX, as cores que debruariam os cachecóis de apoio e as camisolas da seleção seriam outras.

Tal como acontece na grande maioria dos países, as cores e símbolos que as diversas bandeiras que Portugal foram conhecendo ao longo dos seus quase 900 anos de vida estão intimamente ligadas ao momento político e cultural de cada época histórica específica. Por exemplo, à cruz azul sobre fundo de prata (idêntico, curiosamente, ao brasão da cidade portuária de Marselha), D. Afonso Henriques adicionou, no momento de “criar” a primeira bandeira nacional, os besantes (ou dinheiros), indicando assim que o dono desse escudo de armas poderia cunhar dinheiro.

Esta bandeira acabaria por ser alterada logo no reinado de D. Sancho I (filho de D. Afonso Henriques) que substituiu a cruz azul pelas cinco quinas que perduraram até hoje na heráldica nacional. Mais tarde, e já depois de várias alterações que viram a bordadura vermelha castelada a ouro (representação das fortalezas tomadas por Afonso III aos mouros no Algarve) e a esfera armilar (símbolo das conquistas portuguesas durante os Descobrimentos) serem adicionados à bandeira, no rescaldo da restauração da independência em 1640, apareceriam as primeiras alusões à cor azul, cor que viria a ser marca distintiva da bandeira nacional até à revolução que transformou Portugal num país republicano em 5 de outubro de 1910.

Mais de 380 anos se passaram e a bandeira de Portugal continua a servir de inspiração e orgulho para todos aqueles que levam Portugal ao peito. O equipamento oficial da FPF 2022 tem como objetivo que os portugueses vistam a bandeira de Portugal e mostrem o orgulho em ser português e na seleção nacional.

Por esse motivo, mais que nunca, é importante que se perceba o verdadeiro significado da bandeira nacional.

Bandeira de Portugal: significado

Caso a FPF tivesse nascido antes de 1910, o azul e o branco como cores da bandeira e do regime até então vigente seriam, com toda a certeza, as cores de eleição de uma possível seleção nacional.

Contudo, a revolução de 1910 tinha outras ideias. Além de pôr fim ao regime monárquico, os republicanos colocaram em marcha mudanças significativas não só na ordem política e social de Portugal, como também acabaram por proceder à alteração dos símbolos identitários da nação, entre os quais se contam a bandeira e as suas cores.

Foi assim que, a 30 de junho de 1911, menos de um ano após a queda da monarquia constitucional, a Comissão da Bandeira cujos membros incluíam figuras como o pintor Columbano Bordalo Pinheiro, o jornalista João Chagas, o escritor Abel Botelho, o tenente Landislau Pereira e o capitão Afonso Palla selecionou, entre as várias propostas que tinham entre mãos, a bandeira verde-rubra que ainda hoje serve de símbolo máximo da nossa identidade nacional.

Mas, afinal, qual é o significado da bandeira de Portugal?

A bandeira é, como referimos, a condensação num único símbolo da história e tradições de um povo. No caso português, essa simbologia ganha expressão, sobretudo, nas cores que a compõem.

Depois de rejeitado o azul por, no entender da comissão, representar a monarquia e o culto de Nossa Senhora da Conceição sendo, por isso mesmo, uma cor condenada, a par do verde e do vermelho, cores dos movimentos revolucionários republicanos de finais do século XIX que levaram à abolição da Monarquia em Portugal, a bandeira nacional emanada de 1910 incorporava também o branco e elementos de caracter histórico e tradicional.

Para melhor percebermos o significado das cores da bandeira de Portugal, talvez seja interessante recuarmos mais de um século na história para ver a forma como a comissão (Comissão da Bandeira) justificava a adoção daquelas que são as atuais cores nacionais.

• Branco

Em relação ao branco que ocupa a zona central da bandeira de Portugal e onde repousam as cinco quinas, a comissão sublinhava que esta é uma “cor fraternal em que todas as outras se fundem, cor de singeleza, de harmonia e de paz”. Para além disso, uma vez que esteve sempre presente na bandeira portuguesa desde os inícios da monarquia deveria permanecer, na opinião da comissão, com o argumento da tradição histórica.

• Vermelho

Já em relação ao vermelho, que à semelhança do branco também era uma cor historicamente ligada à bandeira portuguesa, o relatório produzido pela Comissão da Bandeira justificava a sua escolha por ser uma “cor combativa, quente, viril por excelência”.

Apenas após esta associação do vermelho ao combate vinha a alusão ao sangue, uma explicação que, com o passar dos anos, acabaria por se sobrepor. A este propósito, o relatório afirma: “[o vermelho] Lembra o sangue e incita à vitória. […] é a única cor capaz de dar-nos o incêndio dos grandes entusiasmos e de nos erguer à máxima devoção por um dever sagrado.”

• Verde

Para além de cor da Esperança, “a cor nova” da bandeira de Portugal também fazia alusão a Auguste Comte, pai do Positivismo (corrente da Filosofia que se afasta das conceções religiosas para abraçar ferreamente a ciência como “motor da humanidade”) que a associava ao progresso e ao futuro.

Apesar destas justificações, a principal razão para a inclusão do verde na bandeira portuguesa residiu no facto de, a par do vermelho, ter sido uma das cores da revolução do 5 de Outubro de 1910 que, como afirma a Comissão, “brotou do espontâneo instinto popular”. Foi também dessa forma que se justificou a associação do verde ao vermelho na nova bandeira, por terem sido as cores hasteadas durante a revolução republicana: “a adoração por aquelas cores […], rompeu dum jacto na alma popular, simultâneo com a libertadora vibração desse movimento triunfante”.

• Esfera armilar e o escudo branco com as quinas azuis

Como fizemos questão de notar, ao verde e vermelho, a Comissão da Bandeira entendeu juntar elementos de carácter tradicional à nova bandeira de Portugal, como é o caso da esfera armilar e do escudo branco com as quinas azuis.

Segundo os documentos que chegaram até aos nossos dias, a Comissão justificava, então, a introdução da esfera armilar manuelina como uma forma de preservar na memória “[…] o padrão eterno do nosso génio aventureiro, da nossa existência sonhadora e épica […]”, ou seja, os Descobrimentos.

Sobreposta à esfera armilar manuelina, na bandeira apareceram também as armas nacionais constituídas por sete castelos e cinco quinas. Apesar de não tecer grandes considerações a este respeito, a Comissão acaba por referir que a sua introdução se deveu ao facto de serem elementos ligados à fundação da nacionalidade e à conquista da independência.

• Tamanho e orientação das cores na bandeira

Quando Scolari, selecionador nacional de futebol entre 2003 e 2008, pediu a todos os portugueses que vestissem as cores da seleção e colocassem a bandeira nacional na janela de suas casas durante o Euro 2004 realizado em Portugal, surgiram muitas situações caricatas de bandeiras onde os castelos eram substituídos por pagodes chineses ou o verde ocupava mais espaço do que o vermelho.

Para evitar que isto se repita, é importante sublinhar que:

- O comprimento da bandeira de Portugal é uma vez e meia superior à altura;

- O verde (sempre do lado da tralha ou do mastro) ocupa dois quintos do tamanho da bandeira e o vermelho ocupa os restantes três quintos;

- O emblema preenche metade da altura, ficando a igual distância da orla superior e inferior.

Este ano, o desafio é diferente e queremos que todos os portugueses mostrem o apoio à seleção trazendo a bandeira ao peito e, através dos novos equipamentos oficiais Portugal 2022, se equipem e vistam a bandeira connosco!