Macacos-prego estão entre os animais mais inteligentes das Américas. São capazes de encontrar solução para problemas complexos, usar ferramentas e as mãos com grande habilidade, criar estratégias, compreender e utilizar os conceitos de causa e consequência. Isso, aliado a uma curiosidade perspicaz, os torna exploradores eficazes, o que é de grande utilidade na natureza, mas pode representar uma série de riscos quando eles passam a conviver com humanos e as cidades.
Em lavouras eles podem representar uma “praga” devastando uma plantação. Entram em residências e roubam alimentos, sujam e bagunçam, reviram lixeiras e até mesmo assaltam pessoas segurando algum alimento interessante. Mas, antes de qualquer coisa, precisamos lembrar que estamos ocupando com imóveis e plantações áreas que antes pertenciam aos animais e plantas. Áreas que eram divididas em estratos arbóreos, onde macacos de várias espécies conviviam com centenas de outras espécies de fauna e flora. O Rio dos Macacos no Jardim Botânico, por exemplo, não tem esse nome a toa…
Também é preciso ter em mente que, na área do Jardim Botânico e adjacências, esses animais não estão passando fome e que a mata, assim como ainda está, é prodiga em alimentos para o reduzido (sim, reduzido) número de macacos que a habita. Eles não precisam do nosso alimento. Eles precisam de mata. De insetos e outros invertebrados, que alimentam a eles e aos pássaros e tantos outros animais, dos ovos dos pássaros, de frutos, de brotos, de anuros, de larvas, enfim, de natureza e espaço para caçarem, coletarem e forragearem, como bons macacos que são…
Dito isso, explico porque nossas lixeiras e lanchinhos humanos tem tamanho atrativo sobre eles e sobre tantos outros animais: Açúcar, gordura e sal. As mesmas coisas que torna os alimentos saborosos para nós, torna-o irresistível para os macacos-prego e outros animais. Porém, da mesma forma que esses alimentos ricamente gordurosos e calóricos são ruins para a saúde humana, são ainda mais para a saúde dos animais.
Existem casos de pressão alta, diabetes, cáries, problemas renais e hepáticos e muitos outros. O excessivo consumo de açúcar causa dezenas de problemas,
alguns bem conhecidos, outros mais sérios, como a hiperatividade, baixa imunidade que favorece infecções causadas por fungos, vírus e bactérias, câncer e uma espécie de vício por açúcar que faz com que o consumo aumente exponencialmente. Nesse frenesi açucarado, os animais se tornam mais agressivos com quaisquer elementos que os separem de seu doce objetivo, alterando comportamentos que estabeleciam limites de convivência e que culminam no ataque a pessoas. O sal e gordura excessivos também são cruéis com o organismo dos animais, potencializando todos os problemas. Isso sem falar em corantes, acidulantes, conservantes e tantos outros “antes” que consumimos nesses alimentos industrializadamente doces ou salgados demais.
Mesmo frutas e alimentos naturais são terrivelmente prejudiciais para os animais selvagens. Primeiramente pelo risco de doenças que podem ser transmitidas de nós para eles, como a herpes vírus, influenza, hepatites e doenças virais e bacterianas em geral. Cada espécie conta com um arsenal imunológico próprio, sucumbindo muitas vezes, facilmente, a doenças que não lhe são familiares. As doenças, por sua vez, contam com agentes com grande capacidade adaptativa, que podem sofrer mutações variadas e, uma vez que as tenham sofrido, retornar a contaminar o homem, agora com uma variante inovadora, que, sim, pode vir a ser letal. Mas também porque as frutas provenientes da agricultura humana possuem defensivos agrícolas.
Além disso, existe a questão do condicionamento e do aprendizado. Animais que recebem alimento, seja “saudável” ou não, aprendem esse mecanismo e o integram em sua rotina. Os comportamentos naturais são alterados por essa fonte alimentar, forçando o animal a buscar mais e mais a alimentação facilitada. Animais alimentados dessa forma aprendem a conviver com o homem de forma a obter essa alimentação, passam a assaltar residências e lixeiras, diminuem o limiar de distância tolerado em relação ao ser humano e, ao se aproximarem dessa forma, abrem ainda mais as portas para todos os problemas citados anteriormente.
Ao explorarem as lixeiras, os animais acessam as embalagens descartadas e querem seu conteúdo, levando-as para locais altos, considerados seguros para destruí-las. Algumas embalagens são especialmente perigosas, como latas e vidros. Os animais mordem essas embalagens e seus dentes poderosos conseguem destruí-las. Resíduos e pedaços de metal e vidro são ingeridos, podem ocorrer cortes nas mãos e na face, entre muitos outros acidentes.
Uma vez que aprendem a assaltar pessoas e lixeiras, que sabem que aquele barulho de sacola plástica representa um lanche, toda vez que avistam um possível alvo, vão tentar toma-lo. Muitas vezes o conteúdo que conquistam não é o que eles
acreditam. Podem roubar e consumir remédios, cigarros, bebidas alcoólicas, entre outras coisas inesperadas. Eles não conhecem a restrição àqueles itens, que são prontamente consumidos inúmeras vezes. E podem causar sérias consequências, como intoxicação, envenenamento e mesmo a morte do animal.
Forragear, ou seja, movimentar-se de forma exploratória pelo ambiente, coletando alimento, é uma das principais atividades dos macacos-prego (e de muitos e muitos animais). Então, quando eles são alimentados ou obtém esse alimento de forma facilitada, diversos comportamentos são alterados e as relações hierárquicas são sabotadas. A facilidade e abundancia de alimento aumenta a reprodução e essa quebra de regras comportamentais e hierárquicas desestrutura os grupos, aumentando episódios de agressão inter e intragupais. A organização social do grupo é prejudicada, assim como a saúde dos animais.
Alimentar os animais é ruim de todas as formas. Ao caminhar no Arboreto, não consuma alimentos nem descarte embalagens de alimentos e bebidas nas lixeiras para não estimular a coleta ou furto. Coopere e informe àqueles que o fazem, sobre os riscos e consequências dessa atitude. Muitas pessoas acreditam que estão fazendo um bem aos animais. Mas não estão.
onde compro um macaco prego ?
quanto custa um macaco prego legalizado ?
Bianca,
um macaco-prego legalizado custa pelo menos R$ 60 mil apenas para ser adquirido. Ainda precisaria contratar um veterinários especializado em animais silvestres e um adestrador também especializado, pois profissionais que trabalham só com cachorro e gato não dão conta. Além disso, o custo com alimentação, suplementos e eventuais medicamentos é alto. As vacinas para cães e gatos não servem para primatas e podem prejudicá-los, precisam de vacinas específicas, que não são tão simples de conseguir.
Lembrando que o adestramento não é garantido. Quando completa 1 ano de idade e entra fase adulta e reprodutora, os macacos-prego ficam agressivos. São muito fortes e inteligentes, vão dar trabalho e não se deixarão mais ser tratados como “bebês humanos”. Há diversos casos de macacos-prego que mataram seus criadores por mordidas após anos de convivência.
E ainda, primatas silvestres podem compartilhar uma série de doenças com humanos, algumas sendo fatais para eles, outras sendo fatais para nós.
Macacos-prego são animais nativos do Brasil. Porém existem em nosso país dezenas de espécies diferentes, cada uma vivendo em áreas bem distintas. A soltura (ou fuga) de uma espécie na área de outra é considerada introdução de espécie exótica e prejudica demais ambas as espécies envolvidas. Introdução de espécie exótica é a 2ª maior causa de perda diversidade no planeta, e é crime.
A venda de macacos no Brasil será proibida pelo Ibama e ICMBio. Estamos apenas aguardando a lei ser promulgada.
Por essas e muitas outras razões, desaconselhamos a criação de qualquer primata (macaco) como animal de estimação.
Se precisar de mais informações, estamos a disposição. Mas não indicaremos onde comprar.
Leia mais sobre o assunto: https://projetofauna.wordpress.com/2014/03/25/a-moda-irresponsavel-de-ter-um-macaco-prego-como-animal-de-estimacao/
Abraços, Cris.
E quando foram trazidos fora de seu habitat natural? estou orientando a manter longe de uma escola , oferecendo alimentação adequada para que não subam mais nas crianças atrás de alimentos, entrei em contato com a polícia ambiental dizendo que foram abandonados pelo antigo criador irregular, me disseram que não podem fazer nada pois estão soltos!!! e agora deixo morrerem de fome?
muito obrigada
Cara Soledad
Embora a situação que você relate seja diferente da maioria, ainda assim a alimentação, ou ceva, desses animais não é recomendada. Para que eles evitem a escola, podem ser realizados mecanismos como uso estalinhos ou outra fonte de som, desencorajando a aproximação dos animais. Nossos alimentos são realmente prejudiciais e perigosos para eles, assim como o contato conosco.
Sugiro que você volte a procurar os órgãos competentes, com fotos desses animais, para que eles providenciem algum tipo de ajuda.
Entretanto, como a situação que você relata é muito particular, talvez a ajuda de um biólogo local possa ser de grande valia na solução desse problema. Procure ajuda nas universidades, por exemplo. Podem haver primatólogos ou ecólogos dispostos a ajudar com soluções bem adaptadas ao problema relatado.
Boa sorte! e nos mantenha informados…
Pesquisei no google…(macaco prego legalizado)ai abriu uma pagina e eu cliquei e apareceu uma pagina de anuncio de vendas de macacos em sao paulo por 8mil….achei estranho deve ser ladroes querendo roubar as pessoas alguem sabe me informar se este site e fraude ou verdadeiro?vao la e vejam tb.precisamos denunciar se for fraude….la fala que e legalizado pelo ibama.
Cara Bianca
Desaconselhamos a compra de primatas para pet.
Para verificação de legalidade do criadouro em questão, sugerimos entrar em contato diretamente com o IBAMA, que poderá fornecer essas informações. O Núcleo de Fauna do JBRJ não dispõe dessas informações.