Gesso: o Brasil possui a maior reserva mineral e a melhor qualidade de gesso do mundo.

A gipsita, do grego gypsos (gesso), é um mineral composto predominantemente por sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4.2H2O), possuindo em sua composição química teórica SO3 (46,6 %), CaO (32,5%) e H2O Cristalizado (20,9%).

Esse mineral é um dos mais antigos materiais utilizados pela humanidade. Descobertas arqueológicas mostraram ruínas do oitavo milênio a.C. na Turquia e Síria. Os primeiros estudos científicos sobre o gesso foram publicados pelo químico francês Lavoisier em 1768 na Academia de Ciências Francesa. Em 1885, a aplicação do gesso na construção civil foi estimulada pela descoberta do processo de retardo do tempo de pega ocasionado pelo gesso.

O gesso possui uma grande diversidade de aplicações, sendo o maior interesse atributo a sua fácil capacidade de hidratação e desidratação. Durante o processo de calcinação (queima) do gesso, ele perde aproximadamente 75% da sua água cristalizada, resultando em sulfato hemidratado de cálcio (CaSO4.0,5H2O), quando este é misturado com água, ocorre uma reidratação rápida, podendo ser moldado e trabalhado antes de endurecer, desenvolvendo consistência mecânica e forma estável.

Ele pode ser utilizado na forma natural ou calcinada. Na forma calcinada, onde ele é mais conhecido, o gesso é utilizado na construção civil, material ortopédico, decoração e produção de moldes diversos. Na forma natural o gesso é utilizado na agricultura para correção de solo, na produção de ácido sulfúrico, produção de cimento Portland, produção de papel, produção de tintas, purificação de água para produção de cerveja, fundente na produção de níquel, entre outras aplicações.

O Brasil é o país que possui a maior reserva mundial de gesso (1,2 bilhões de toneladas), mas só contribui com 1,4% da produção mundial. Atualmente, os maiores produtores de gesso no mundo são: EUA (17,0%), Irã (10,0%), Canadá (7,0%) e a Espanha (6,8%).

As minas de gesso de Araripe são consideradas as de melhor qualidade do mundo e são responsáveis pela produção de 90% do gesso nacional. No Brasil, o gesso é encontrado em Rio Xapuri (AC); Aveiro (PA); Filadélfia (TO); Alto Mearim, Balsas, Barra do Corda, Carolina, Codó, Grajaú e Porto Franco (MA); Barbalha, Crato, Missão Velha, Porteiras, Santanópole e Santana do Cariri (CE); Acari, Assu, Currais Novos, Lajes, Mossoró, São Sebastião (RN); Camumu, Juazeiro, Jurema, Maraú e Monte Santo (BA); Araripina, Bodocó, Ipubi, Exu, Ouricuri e Trindade (PE); Socorro e Laranjeiras (SE); Petrolina de Goiás (GO); Matozinhos e Montes Claros (MG); Guarapari e Alegre (ES).

A utilização do gesso apresenta bastantes resultados positivos por sua versatilidade de aplicações, baixo custo e alta produtividade. No Brasil a utilização do gesso ainda é pouco difundida, em comparação com outros países. Faltam mais investimentos em pesquisas e esclarecimentos sobre a utilização desse material em suas diversas possibilidades de aplicações. O Brasil tem uma grande oportunidade no aproveitamento desse abundante recurso mineral, podendo resultar em benefícios através do desenvolvimento econômico, maior oferta de materiais alternativos e contribuição com o desenvolvimento habitacional do país.     

Referências Bibliográficas:

ABNT, NBR 13207. Gesso para Construção Civil – Requisitos. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de janeiro, 2017.

ARAÚJO, L. F.; FARIAS, B. M.. Empregabilidade do Gesso na Construção Civil. Editora Eputaya, Petrópolis. 2021. 

BALTAR, C. A. M.; BASTOS, F. F.; LUZ, A. B.. Rochas e Minerais Industriais. CETEM – Centro de Tecnologia Mineral, 2ª Edição, Rio de Janeiro, 2008.

NAVARRO, G. R. B.; ZANARDO, A.; MONTIBELLER, C. C.; LEME, T. G.. Livro de Referência de Minerais Comuns e Economicamente Relevantes: Sulfatos. Museu de Minas, Minérios e Rochas Heinz Erbert, Belo Horizonte, 2017.