Mestres e Doutores, invisíveis ao setor privado?

Mestres e Doutores, invisíveis ao setor privado?

Alguns dias atrás, fui convidado para um seminário na UFV, onde fiz minha pós-graduação. O tema do seminário que tive a honra de participar era “Minha vida após UFV: da academia para a indústria”. Quando fui montar a apresentação que deveria ter cerca de 15 minutos, fiz muito rápido. No início, falei da minha vida acadêmica, desde a graduação até terminar o doutorado, algumas pesquisas que participei, instituições que estudei e onde estou trabalhando atualmente.

Confesso que fiz tão rápido que foi no automático, mas parei para pensar que o tema não era sobre mim, mas sobre o espaço do pós-graduado no mercado de trabalho, principalmente no setor privado.

Dentro da academia, principalmente na pós-graduação, viver em uma bolha é natural, onde somente vemos como horizonte o setor público como oportunidade de carreira. Como convivemos anos com servidores públicos, pensar fora desse contexto vai na contramão.

Creio que falta um pouco dessa reflexão na academia pública, depois de passar 4 anos na graduação, 2 anos no mestrado e 4 anos de doutorado a inserção no mercado de trabalho privado está muito distante, não que não temos qualificações, mas a grande questão é como deixar de ser invisível.

Fui então pesquisar sobre os números de profissionais formados no Brasil e os dados são surpreendentes. Enquanto em outros países, profissionais com mestrado e doutorado chegam em torno de 11% as vezes 17% da população, no Brasil esse valor chega a uma tímida parcela de 1%. Para quem conviveu 13 anos no setor acadêmico e grande parte dos profissionais possuem mestrado/doutorado, no setor privado essa porcentagem é ainda menor. Mas é menor por quê?

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Acredito que grande parte dessa culpa é nossa, sair da bolha acadêmica e divulgar a capacidade técnica é ainda um processo de autoaprendizagem. Uma formação acadêmica que perfaz apenas 1% da população é ainda pouco conhecida. Não se aprende na academia, por exemplo, montar um currículo interessante, ou ainda saber formatar o seu perfil no LinkedIn. Muito acostumado com o currículo Lattes, que tem páginas e páginas de informações pouco atrativas para um recrutador privado, o marketing pessoal deveria ser disciplina obrigatória em qualquer curso.

Então se você está na pós-graduação ou já concluiu e quer entrar no setor privado, o grande desafio é deixar de ser invisível. Muitas empresas têm crescido e já comportam em suas equipes profissionais com mestrado e doutorado. Contudo, a grande barreira para as empresas é saber o que fazer com um mestre, ou ainda mais um doutor! Então mostre as suas habilidades, capacidades, o que sabe fazer, seja claro e objetivo.

Ficou curioso para ver como foi o seminário, aproveite e assista na íntegra.

Aproveitando que você está lendo esse artigo até agora, eu sou doutor em microbiologia e para ajudar a divulgação dessa profissão ainda pouco conhecida, fundei um podcast, o Animálculo. A primeira temporada já está no ar.

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Maíra Nassau

Project manager at Lorraine Université d'Excellence (LUE)

3 a

Excelente texto Conrado! Estou vivendo exatamente esta transição acadêmico/privado e vi que tem um mundo no qual não somos informados durante a pos-graduacao.

Conrado Vieira

Ensino profissionais da área de alimentos a dominar o controle da qualidade - Especialista em Food Safety 🧈🧀🥩

3 a

No seminário também participaram a Beatriz Cranchi Pazetto e o Fernando Silveira ! Embora não tenha sito combinado, foi muito coeso o que cada um disse!!

Rafael Valadares

Data Scientist | D.Sc. in Agronomy

3 a

Excelente texto. A reflexão é muito interessante e bem embasada! Parabéns pelo trabalho!

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