Os delírios de consumo de Becky Bloom – uma pequena reflexão

Calma! Você está no post certo! Mas hoje a inspiração veio do filme “Os delírios de consumo de Becky Bloom” (Confessions of a Shopaholic). Rebeca Bloomwood é, digamos, uma viciada em liquidações! Logo no início da trama, podemos ter uma ideia do que se trata: Rebeca percebe que seu salário não é suficiente para cobrir todas as suas contas e, além disso, ela sempre está fugindo de um cobrador...

Bom, sem querer estragar a surpresa para aqueles que ainda não viram o filme, quero chamar atenção para duas cenas apenas:

1)     Quando Rebeca era criança, ela viu “lindas moças comprarem tudo o que queriam com um cartão mágico!”.

2)     E a cena clássica do filme, quando Rebeca corre até o freezer e tira um pote de sorvete cheio de gelo, onde estava, literalmente congelado, seu cartão de crédito.

O próprio momento de compra do acessório que daria nome à colunista é um excelente exemplo de como nós, seres humanos, funcionamos!

Da primeira cena citada, acho que já aconteceu com muitos pais e mães... as crianças querem um brinquedo ou um jogo, enfim, e você tenta explicar para elas que este mês não vai dar por qualquer que seja o motivo e a criança diz aquela tão temida frase: “Mas papai (mamãe), usa o cartão...” – o cartão mágico que compra tudo! Se fossem apenas as crianças que agissem assim, tenho certeza que com o tempo, um pouco de educação financeira e conhecimento do mercado como um todo, entenderiam que o cartão mágico é na verdade apenas uma ferramenta, mas que nele não tem nem pés nem rios de dinheiro... A grande questão é que muitos adultos também tem este comportamento! Aí, ou congela o cartão (mas não o descongela depois!!) ou reduz o limite ou, mas drasticamente, acaba não só com o plástico mas com a conta logo de uma vez!

Lembre-se: Cartão de crédito é uma excelente ferramenta, desde que você saiba utilizá-la.

Já a segunda cena nos retrata bem aquele nosso lado impulsivo - “do que quero eu preciso, não me pergunte para que! Só quero e preciso! E vou ter de qualquer jeito” e aí faz-se de tudo para ter aquele objeto – origem de tamanho desejo!

Apesar de não fazer parte das duas cenas, a compra da própria echarpe nos mostra uma situação que, se não fosse uma tragédia, seria bastante comica. A questão é que a compra da echarpe se deu através da utilização de vários cartões – US$ 20 em um, US$ 10 em outro, mais US$ 50 em dinheiro e a tentativa troca de US$ 23 de um cheque em uma barraquinha de cachorro-quente!

Acho que você já pode ter uma ideia que o filme retrata com muito humor o consumismo e, claro, a nossa sociedade. Imperdível para quem quer entender um pouco melhor como funcionamos quando o assunto é dinheiro.

Só por curiosidade: no filme, fala-se sobre um grupo de Consumidores Anônimos. No Brasil – e não apenas, temos grupos de D.A. (Devedores Anônimos – Debtors Anonymous) que, nos moldes do A.A., fazem reuniões e possuem seus 12 passos e tradições. Inclusive é importante dizer que o D.A. surgiu do A.A. – quando alguns membros perceberam que aquela dificuldade em lidar com o álcool também era vista com o dinheiro. A compulsão por compra, hoje, é considerada doença incurável: a oneomania.

Apenas para nos fazer refletir, cito os Mandamentos de Prosperidade proferidos por Lincoln em 1865:

I – Não criarás prosperidade se desestimulares a poupança;

II – Não criarás estabilidade permanente baseada em dinheiro emprestado;

III – Não evitarás dificuldades financeiras se gastares mais do que ganhas;

IV – Não poderás ajudar os homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios.

Os mandamentos foram proferidos para uma nação, porém, se aplicam facilmente em nossas finanças pessoais...


<texto escrito em 2013 para um blog de investimentos. Importante ressaltar que este texto não apresenta indicações de investimentos, sendo resultado dos devaneios do autor>.

Entre para ver ou adicionar um comentário