Janeiro Fevereiro 2022

EDITORIAL
SUMÁRIO
É QUESTÃO
JANEIRO/FEVEREIRO 2022/01
DE EDUCAÇÃO!
A
Campanha da Fraternidade (CF) é promovida
pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) com o escopo de que seja algo concreto
para ajudar a refletir sobre alguns desafios da
realidade social e eclesial do país. Neste ano
não seria diferente. Até porque pela terceira vez a
Educação foi escolhida como tema, tendo em conta o Cartaz da Campanha da
Fraternidade 2022.
Pacto Educativo Global.
Foto: CNBB
Nesta edição chamamos a atenção para a matéria do
padre Alfredo J. Gonçalves que aborda a questão da CF
2022. Segundo o padre, em nossos dias, a Educação é um
assunto oportuno, de suma importância e até profético.
No entanto, o padre aponta três entraves de caráter his-
 ATUALIDADE----------------------------------------------03
tórico e estrutural que fazem com que a Educação não Campanha da Fraternidade 2022
seja um direito garantido a todos os brasileiros. Trata- Alfredo J. Gonçalves
-se da desigualdade social, o descaso do atual governo  MISSÃO EM CONTEXTO-------------------------------04
diante da cultura e O nosso livro
Anair Voltolini
ARQUIVO COLÉGIO CONSOLATA
o preconceito ra-
 JUVENTUDE----------------------------------------------07
cista e excludente. O desafio de ser religioso hoje
Como podemos Javier Rolando Rivas Molero
perceber, tudo pas-  PRÓ-VOCAÇÕES----------------------------------------08
Missionários da Consolata discutem vocações
sa pela Educação. É Paulo Mzé
neste ínterim que  ESPIRITUALIDADE----------------------------------------10
a presente edição Educação e conversão
Paulo Mzé
traz matérias de ca-
ráter educativo. É o  TESTEMUNHO-------------------------------------------12
Confiando na Providência
caso da experiência missionária da irmã Maria Helena Maria Helenice Silvestre
Silvestre e da professora do Colégio Consolata, em São  FORMAÇÃO MISSIONÁRIA----------------------------14
Paulo, Fátima Manoela. Educar é um ato de amor!
Fátima Manoela Pastor de Albuquerque Pires
Um dos educadores mais renomados do Brasil
insistia que a Educação é uma prática libertadora, ao  FÉ EM AÇÃO---------------------------------------------16
Degradando os ecossistemas da Terra
mesmo tempo que vincula a educação fundamental Marcus Eduardo de Oliveira
a um diálogo crítico e transformador com a realidade  FAMÍLIA CONSOLATA-----------------------------------17
socioeconômica e cultural. Sobre o Cônego Tiago Camisassa
Redação
Enfim, parafraseando Darcy Ribeiro, a falta de [Edu-
 MISSÕES RESPONDE-----------------------------------21
cação] desse país não é uma crise, mas um projeto A Igreja Católica tem uma Constituição?
desenhado para absolver o colonialismo e seus descen- Edson Luiz Sampel
dentes da responsabilidade por atrocidades.  ÁFRICA----------------------------------------------------22
Conflito na economia
O Cônego Tiago Camisassa faleceu no dia 18 de Paulo Mzé
agosto de 1922, completando-se 100 anos desse fato  DESTAQUE------------------------------------------------24
em 2022. Por conta desta efeméride, a Família Consolata Ano de Camisassa
Redação
convoca a todos para o Ano Camisassa. Além de que, as
duas Direções Gerais propõem três Bem-aventurados  ENTREVISTA-----------------------------------------------28
Revivendo a experiência
da Família Consolata: José Allamano, Irene Stefani Benildes Capelotto
e Leonella Sgorbatti, como protetores de 2022. Que  VOLTA AO BRASIL-----------------------------------------30
intercedam junto de Deus por cada um de nós!  Folha de S.Paulo
2 JANEIRO/FEVEREIRO 2022 MISSÕES

ATUALIDADE
Campanha da Fraternidade 2022

Fala com sabedoria, ensina estendido a toda a população, por uma parte, e as
expressões culturais e artísticas, por outro, sofreram
com amor. (Pr 31, 26) um duplo golpe com o desgoverno de Bolsonaro.
Chega a ser estridentemente ostensiva a atitude de
de Alfredo J. Gonçalves
descaso, de escárnio e de indiferença para com os
artistas e intelectuais, os representantes da imprensa
livre, e qualquer figura que se destaque no universo
plural do saber em geral. Pior ainda, os cortes no
A
Campanha da Fraternidade de 2022 (CF orçamento em vista de reservar recursos para sua
2022) reflete o tema da Educação. Nos dias campanha populista tendem a recair sobre o campo
de hoje, trata-se de um assunto oportuno, da cultura. Uma vez mais, um ranço de consequên-
de suma relevância e até mesmo profético. cias nocivas, e que vem desde os tempos da “Casa
Que ocorreria com uma pessoa, um país Grande & Senzala” (Gilberto Freire), acompanha e
ou uma sociedade que não levasse em conta uma mantém a ideia de que pobre, preto e mulher não
formação crítica e sólida? Nosso grande educador, precisam estudar. Se as coisas avançaram no caso das
Paulo Freire, insistia na educação como prática da mulheres, o mesmo não ocorreu com o apartheid
liberdade, título de uma de suas obras básicas. Outro social e racista.
de seus livros, Pedagogia do Oprimido, por sua vez, Desembarcamos no terceiro entrave. Muitas pala-
vincula a educação fundamental a um diálogo crítico vras e muita tinta já se gastou com o tema do racismo
e transformador com a realidade socioeconômica e estrutural em sociedades como os Estados Unidos,
cultural. Quanto ao lema, a CF 2022 optou por uma a África do Sul e o Brasil, entre outras. Ele costuma
frase bíblica tirada do Livro dos Provérbios: “Fala com ser tanto mais difícil de erradicar quanto mais sutil e
sabedoria, ensina com amor” (Pr 31, 26). Vale subli- oculto se manifesta. É o caso típico da formação do
nhar que estamos diante de uma das linhas mestras povo brasileiro. O antropólogo Darcy Ribeiro, aliás,
da Declaração Universal dos Direitos Humanos. escreve um tratado com esse título para questionar a
fundo o mito da “democracia racial”. De acordo com
Entraves o autor, essa última tem muito de racista e muito
Três entraves de caráter histórico e estrutural, no pouco de democrática. Movimentos vinculados à
entanto, impedem que o Brasil possa estender esse consciência negra, juntamente estudiosos do tema,
direito ao conjunto da população: a desigualdade não se cansam de alertar para o fato histórico de
social, o descaso do atual governo diante da cultura que a Lei Áurea, longe de pôr um fim à situação dos
e o preconceito racista e excludente. No caso da escravos, libertou, isto sim, os senhores do compro-
desigualdade social, o país caminha com um peso misso adquirido. E com indenização para os donos
de chumbo atado aos próprios pés. Trata-se da de escravos!
discrepância que, historicamente, vem cavando um Libertos, mas sem acesso à terra, e tampouco às
fosso cada vez mais fundo entre a base e o pico da oportunidades de trabalho que verdadeiramente
pirâmide socioeconômica. O círculo vicioso dessa os pudessem resgatar com justiça e dignidade, os
situação desigual revela-se extremamente perverso trabalhadores negros tornaram-se “livres” na dupla
e difícil de romper. A condição de pobreza extrema acepção de Marx: livres do solo (devido à Lei de Terras
impossibilita o acesso integral à rede pública de de 1850) e livres para vender sua força de trabalho
educação. Sem estudo, sem diploma e sem capaci- em um contexto de miséria e fome. A CF 2022 tenta
tação profissional, permanece cerrada a porta para pressionar por políticas públicas substanciais, onde
o mercado de trabalho, o que, por sua vez, levanta educadores e educadoras possam efetivamente “falar
sérios obstáculos a outros direitos, como a habitação, com sabedoria e ensinar com amor”, coisa que, por
a saúde, o transporte etc. Perpetua-se desse modo outro lado, exige uma atitude de respeito e escuta
a condição de exclusão social. para com os demais saberes que brotam dos distintos
Nem precisaria acrescentar que semelhante ce- setores da população. 
nário, agravado pela pandemia da Covid-19 e pelo
desleixo das autoridades governamentais, escancara Alfredo J. Gonçalves, cs, é vice-presidente do
o segundo entrave. A Educação vista como um direito Serviço de Proteção ao Migrante, SPM.
JANEIRO/FEVEREIRO 2022 MISSÕES 3

MISSÃO EM CONTEXTO
O nosso livro
A Palavra harmoniza a panhado pelos missionários e pelas o invoca e o vê em todas as coisas,
cultura. Inculturação em missionárias da Consolata, quer em todas as situações, em todos
responder às exigências de um ca- os acontecimentos. Deus existe e
Macua, Moçambique. minho de inculturação, oferecendo está presente em tudo.
às pessoas um itinerário que leve
de Anair Voltolini a um estilo de vida cristã sem criar Deus é Mãe
conflitos com a própria cultura, Uma novidade realmente sig-
evitando o risco da dicotomia no nificativa nesta cultura é que Deus
P
ara um encontro harmô- comportamento religioso e social. é Mãe. Na visão Macua, Deus não
nico e para uma sinfonia O relance aventureiro é aquele é tanto o Criador, mas Deus gera e
de paz e de alegria entre de procurar e reconhecer a pre- gerou tudo o que existe. Tudo tem
Evangelho e cultura de um sença de Deus na cultura local. O origem no seio de Deus e tudo a ele
povo, a inspiração que con- horizonte é muito amplo: parte-se retorna. Para o Macua, criar é gerar.
sidero muito significativa é ainda das relações mais simples, ordiná- Na sua visão o verbo criar indica
Mt 28,19, nesta versão: “Ide e rias com o transcendente à visão da uma atividade prevalentemente
fazei com que todos os povos se vida e do mundo – aquele visível feminina. Se nós nos relacionamos
tornem meus discípulos,…” (Bíblia e aquele invisível – da existência e com Deus quase automaticamente
Sagrada, Edição Pastoral, Paulus da morte, da doença e da cura, do como Deus Pai, o Macua se rela-
Editora, São Paulo, Brasil). Quando tempo presente, passado e futuro, ciona com Deus como um Deus
o Evangelho de Jesus forma e cons- da origem do mundo. Mãe. Todas as vezes que ele fala
titui comunidades de verdadeiros O povo Macua, uma etnia forte de Deus, do mundo, da autorida-
discípulos, pode-se afirmar que a no norte de Moçambique – está ra- de, da pessoa, do trabalho, das
Palavra inculturou-se. O paradigma dicado numa espiritualidade clara, curas, o faz em prevalência com
da inculturação é o discipulado. palpável, com muitas expressões conotações femininas. Portanto a
Quando os princípios e os elemen- relacionadas com a natureza – fau- sua é uma espiritualidade fundada
tos de uma cultura harmonizam- na e flora –, com os astros e com sobre a experiência de Deus Mãe
-se com o Evangelho ou deixam o tempo diurno e noturno, narrada e da história pessoal de vida como
lugar à verdade da Palavra, Cristo em provérbios, contos e cantos uma viagem de retorno ao Seu
torna-se o Caminho, a Verdade e a que são transmitidos de geração útero, revestido de ternura e força,
Vida para quem o acolhe e o segue. em geração e manifestam um uni- sempre grávido de vida.
Em Macua, Moçambique, o verso tecido de bondade divina Com estas, embora poucas con-
caminho que o processo de evan- materna. A biosofia Macua é cla- siderações pode-se afirmar que não
gelização está percorrendo, acom- ramente monoteísta: crê em Deus, existem grandes obstáculos ao anún- ARQUIVO REGIONAL SUL3 CNBB
26 anos de presença missionária de brasileiros no norte de Moçambique.

cio de Jesus Cristo a este povo. O • A tradução da Sagrada Escritura da Consolata que subseguiram-se
Evangelho é acolhido sem resistência em língua local, ilustrada com doando tempo e vida ao serviço
e progressivamente as atitudes, desenhos de artistas locais e en- da Missão em Maúa, ou entre
certos costumes, a vida cotidiana, riquecida de provérbios e ditos o povo Macua na Província do
adquirem traços e caraterísticas Macua segundo o conteúdo dos Niassa. Mas, sobretudo, o grande
cristãs. Desde sempre Deus caminha livros e capítulos. A publicação mérito deste enorme e valioso
na história com este povo. Podemos da Bíblia em Macua em partes, trabalho de estudo, de pesquisa,
portanto afirmar que a Palavra de sempre com belíssimas ilustrações: de relação profunda e diálogo com
Deus harmoniza a cultura. o Novo Testamento e o livro dos a gente local e com sua cultura,
salmos; do Missal Dominical e do a publicação de um tão precioso
Evangelização inculturada catecismo da iniciação cristã e patrimônio literário vai ao padre
A missão em Macua tem a vanta- da catequese do Sacramento da Giuseppe Frizzi – hoje já no Paraíso
gem e a ajuda de alguns elementos Confirmação. Um catecismo bíbli- de Deus – que há quase 50 anos foi
que favorecem fortemente uma co, histórico-salvífico inculturado. missionário nessas terras e investiu
evangelização inculturada: a sua vida neste estilo de missão,
• O centro de pesquisa da Cul- de evangelização inculturada.
• A formação aos ministérios na tura Macua-Xirima que além de
Igreja, a qual foi sempre uma gran- tantos estudos, tornou possível Lâmpada no caminho
de preocupação. Ter animadores a publicação dos diversos textos Somente uma grande paixão por
de comunidade, catequistas e volumosos de conhecimento da Jesus Cristo e pelo Seu Evangelho
outros responsáveis das diversas cultura – “Biosofia e Biosfera Xiri- – Palavra de Vida em abundância
pastorais preparados, desempe- ma”, “Fragmentos e segmentos da para todos – encontra resposta no
nhando atividades apostólicas nas Biosfera Xirima” – e do Dicionário dom da vida a serviço da Missão
inumeráveis aldeias e comunida- Macua-Português, com anexo o es- entre o povo em qualquer parte
des cristãs que compõem a Paró- tudo da gramática da língua Macua. do mundo, em qualquer cultura
quia, também se esta atenção foi onde, sabemos, Deus está já ali
mais acentuada no passado, não • A promoção e a valorização da presente e atuante e “dança com
muito distante; uma formação que arte local e da música Macua, a o povo”, como costumava dizer o
respeita a realidade social e eclesial qual facilitou e possibilitou o co- padre Giuseppe.
e que procura ser o mais possível nhecimento e a manifestação de A Palavra de Deus é vida, é
fundada sobre valores culturais – o expressões religiosas muito belas alimento, é lâmpada no caminho,
Macua evangelizando os Macua. e preciosas em um processo de é consolação na vida e no serviço
amadurecimento na vida cristã. apostólico da missionária e do
• O acompanhamento das comuni- missionário da Consolata. Deveria
dades cristãs com visitas periódicas Tudo isto e outros mais ele- ser na vida de todos. 
frequentes, celebrando e seguindo mentos que não foram descritos,
com paixão o seu caminho de fé e são fruto de um grande esforço Anair Voltolini, MC, é missionária da Consolata em
de fidelidade aos valores cristãos. dos missionários e missionárias Moçambique.

Intenção Missionária
Janeiro: Rezemos para que
AGECOMESTACIO
todas as pessoas que sofrem
discriminações e perseguições
religiosas encontrem nas
sociedades onde vivem o
reconhecimento dos próprios
direitos e da dignidade que nasce
de serem irmãos.
Fevereiro: Rezemos pelas

religiosas e consagradas,
agradecendo-lhes a sua missão e a
sua coragem, para que continuem
a encontrar novas respostas diante
dos desafios do nosso tempo.
Missionários da Toca de Assis.
de Miriam Vanegas ideologias atuais, que promovem o aborto como um

direito, a desintegração da família e finalmente tudo
o que é contrário aos valores do Evangelho; nestes
M
uitos de nossos irmãos e irmãs de fé sofrem tempos em que Deus foi retirado das escolas e dos
perseguição religiosa e embora muitas vezes lares. Vemos diariamente que todas as novas ideologias
pensemos que seja uma realidade distante que emergem e reivindicam seus direitos são também
de nosso ambiente, que não acontece em aquelas que infelizmente profanam o sagrado com
nosso país ou que não nos afeta, a verdade todo tipo de ataques às igrejas, imagens desonrosas
é que acontece. Lembro-me de ficar profundamente e ofensas diretas à fé católica.
comovida quando ouvi o testemunho da irmã religiosa O desafio diante de nós é tão grande que não
colombiana Gloria Cecilia Narváez que foi sequestra- podemos ficar indiferentes e permanecer atônitos
da por mais de quatro anos por um grupo terrorista e desmaiados diante dele. Antes de tudo, como nos
na África do Mali. Este evento, que é apenas um dos ensina a Igreja, podemos acolher em oração todos
muitos que acontecem com vários companheiros aqueles irmãos e irmãs que estão vivendo estas reali-
crentes em territórios adversos à fé cristã, nos leva a dades extremas, como a perda da liberdade em qual-
recordar o tempo dos mártires cristãos e a verdade é quer parte do mundo por serem cristãos, e por todos
que o martírio tem sido e continua sendo um fato ao aqueles religiosos, religiosas, leigos e leigas que estão
longo da história do cristianismo. em missão em lugares adversos, para que o Senhor
Agora como esta realidade toca nossas vidas e possa protegê-los e continuar a conceder-lhes a força
acima de tudo o que estes acontecimentos implicam e a coragem de não perder o ânimo. O Santo Padre
para nós cristãos, antes de tudo devemos esclarecer destaca na intenção de fevereiro que devemos rezar
que estas perseguições e discriminações religiosas não de maneira especial pelas religiosas e consagradas,
são apenas sofridas em regiões remotas e distantes para que sua missão seja cumprida com coragem,
de nossos territórios. Se refletirmos sobre nossos enfrentando os desafios do tempo presente. 
contextos, percebemos que estamos enfrentando
vários desafios, lutando contra a cultura da morte e as Miriam Vanegas, Estados Unidos.

JUVENTUDE
FOTO: CLEBER PIRES

O desafio
de ser
religioso
Temos o desafio de mostrar ao
mundo que ser feliz faz parte de
nossa escolha de vida, com nosso
testemunho, com nosso modo de
viver e servir às pessoas.
hoje
do amor de Deus, de forma simples e plena em nossas
comunidades.
Temos o desafio de nos inserir nestas novas reali-
dades, de ser fermento num mundo cheio de muitos
desesperos, temos o desafio de continuar sendo sama-
de Javier Rolando Rivas Molero
ritanos para aqueles que, abandonados nas diferentes
estradas e caminhos de nossas comunidades, precisam
V
ivemos hoje, quase no primeiro quarto do sé- de nosso conforto, nossa atenção, nosso amor sincero
culo 21, grandes desafios no mundo moderno. e nossa proximidade fraterna.
Conseguimos sentir ao longo do tempo a incrível Temos também o desafio de mostrar ao mundo
mudança de paradigma, estamos enfrentando que ser feliz faz parte de nossa escolha de vida, com
um acelerado intercâmbio de informações nosso testemunho, com nosso modo de viver.
caracterizado pelo desenvolvimento da tecnologia, da Como nosso Abraão, nosso Pai na Fé (Gn 12,1),
tecnologia da informação e do ciberespaço. Deus continua a nos convidar a deixar nossa terra,
Novos campos de conhecimento estão aparecendo nosso conforto, para nos mostrar uma nova terra, você
diante de nossos olhos, que nos deixam espantados e eu, hoje somos convidados a fazer crescer o projeto
com o desafio de acompanhar mudanças tão rápidas de Deus que está esperando e fluindo.
e abruptas que estão gerando uma sociedade mais Nós religiosos, com nossa vida consagrada, temos a
acelerada, carregada de novas tarefas. nobre missão de injetar no mundo a energia necessária
É neste contexto que a vida religiosa também nos e suficiente para tornar conhecida a mensagem do
coloca e nos incentiva a assumir os grandes desafios Evangelho. Para que a oração constante e generosa
que nós, como pessoas consagradas, temos que en- pela vida de nossos religiosos possa alimentar o coração
frentar. O papa Francisco, no início de seu pontificado, inquieto de cada um deles, para que o Espírito possa
nos convidou incessantemente a ser Igreja em Saída. suscitar novas vocações em nossas comunidades, para
Religiosos, ou melhor, aqueles de nós que escolheram que nunca deixemos de pedir ao Senhor da colheita
viver o seguimento de Jesus, desde a castidade con- que envie operários para sua messe. (Mt 9, 38) 
sagrada, pobreza e obediência, são convidados hoje a
serem tochas que possam iluminar todos os corações Javier Rolando Rivas Molero é professo SDS, salvatoriano.

FOTO: ARQUIVO AMV
PRÓ-VOCAÇÕES
Missionários da Consolata
discutem vocações Brasil, Colômbia, México e Venezuela.
Encontro de Animação Missionária Juvenil Os missionários e missionárias da
em São Paulo reúne participantes de todo o Consolata estão organizados em
continente americano. equipes qualificadas para o serviço
de animação e promoção vocacional,
seja a nível de circunscrições, seja a
FOTO: CLEBER PIRES
nível de continente.
Seguindo as linhas programáti-
cas da Missão no Continente Amé-
rica promulgadas na Assembleia
pós-capitular dos missionários da
Consolata de março de 2018, o
Conselho Continental do Instituto
Missões Consolata (IMC) e a comis-
são de AMJV preparou o Encontro
depois de muitas reuniões on-line,
por conta da fase mais severa da
pandemia de Covid-19.
Segundo o coordenador do
de Paulo Mzé paulista, o Encontro de Animação serviço de AMJV no continente,
Missionária Juvenil e Vocacional padre Danilo Caraballo Carmona, o
(AMJV) dos missionários e das mis- Encontro teve por finalidade “criar
E
ntre os dias 14 e 20 de feve- sionárias da Consolata. O Encontro uma sinergia continental com um
reiro de 2022, realizou-se em contou com a participação de pelo método e estratégias comuns para
São Paulo, na Casa Regional menos 30 participantes entre missio- acompanhar e trabalhar com os
dos Missionários da Conso- nários e missionárias, jovens e leigos jovens e as vocações no continente”.
lata, zona norte da capital da Consolata vindos da Argentina, Padre Danilo afirmou ainda que em

nossos países, embora a maioria colaboração ao serviço da Igreja Allamano e as Bem-aventuradas
da população seja constituída por missionária no continente”. Irene Stefani e Leonella Sgorbatti
jovens, uma das preocupações como protetores do ano de 2022 e
dos missionários e missionárias da Manual de acompanhamento celebra o ano do padre Tiago Cami-
Consolata nos últimos anos, tem O Encontro foi o primeiro rea- sassa, co-fundador dos missionários
sido a falta de vocações. lizado presencialmente desde os e missionárias da Consolata. Padre
Osparticipantes contaram com últimos seis anos, por conta da Camisassa foi aquele fiel colabora-
a presença e participação de mui- pandemia da Covid-19. Foi realiza- dor e companheiro de padre José
tos facilitadores especialistas em do depois de várias iniciativas e a Allamano durante 42 anos. O fiel
assuntos ligados às juventudes. realização de um biênio vocacional colaborador de Allamano faleceu
A propósito, padre Danilo disse (2019-2020), a partir do qual a co- aos 18 de agosto de 1922.
que o Encontro “estudou as reco- missão continental de AMJV esco- O Instituto Missões Consolata
mendações no âmbito da AMJV lheu a urgência e a necessidade de se instalou no Brasil com a chegada
propostas pelo Projeto Missionário construir um trabalho em equipe. do padre João Batista Bísio vindo
Continental (PMC) com a perspec- O Encontro também foi organizado da Itália, no dia 17 de fevereiro de
tiva de criar linhas de trabalhos e depois da publicação de um manual 1937. Uma das principais preocu-
atividades comuns”. de acompanhamento vocacional, pações do padre Bísio, desde os
Do encontro participaram tam- fruto de um grande esforço, na primeiros meses de sua chegada ao
bém o Conselheiro Geral para o tentativa de recolher material para Brasil foi a promoção vocacional.
continente América e o referencial acompanhamento vocacional ofere- Padre Bísio começou o trabalho
da AMJV no Conselho Continental cido pelos animadores vocacionais tendo em conta a formação de
e Superior da Região Argentina, das circunscrições do continente. O futuros missionários da Consolata.
FOTO: CLEBER PIRES
os padres Jaime Carlos Patias e manual foi feito pela equipe de AMJV Por fim, padre Danilo disse
Maurício Guevarra. Participou tam- acreditando no espírito de conti- “acreditar firmemente no que
bém como anfitrião o Superior nentalidade que desafia a caminhar estamos realizando hoje e confia-
dos Missionários da Consolata no juntos, unindo esforços e critérios mos os trabalhos à proteção de
Brasil, o padre Luiz Carlos Emer. comuns, no trabalho que é realizado nossa Mãe Consolata, dos nossos
A superiora das Missionárias da como Família Consolata no mundo Bem-aventurados José Allamano,
Consolata no continente América, da juventude. Foi realizado em uma Irene Stefani e Leonella Sgorbatti,
a irmã Gabriella Bono, não esteve semana em que foi celebrada a festa a fim de que recebamos uma for-
presente por conta de outros com- do Bem-aventurado José Allama- mação atualizada diante dos novos
promissos, mas enviou mensagem no, fundador dos missionários e desafios que o mundo juvenil nos
de saudação aos participantes na missionárias da Consolata. Em um impõe hoje”. 
qual desejou que o Encontro fosse ano em que a Família Consolata
“mais um passo no caminho de escolheu o Bem-aventurado José Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.

ESPIRITUALIDADE
Educação
e conversão
de Paulo Mzé
Deus que educa seu povo.
É com esta certeza que a Cam-
nos ajuda a crescer na vivência do
amor, do cuidado e da fraternidade.
panha da Fraternidade (CF) nos De fato, o mundo está diante de
E
m 2022 à luz da fé, queremos convida a refletir sobre a indispen- um desafio: redescobrir caminhos
refletir sobre a Educação em sável relação entre Fraternidade e para uma reconstrução que não
nosso país, convictos de que Educação. A realidade da Educa- é parcial, mas global. O mundo
ela é indispensável para a ção nos interpela e exige profunda de nosso tempo precisa encontrar
construção de um mundo conversão. Verdadeira mudança caminhos para se reconstruir, ou-
mais justo e fraterno. Até porque, de mentalidade, reorientação de vindo os clamores dos vulneráveis
educar é uma tarefa humana. Assim vida, revisão das atitudes e busca em uma casa comum cada vez mais
como também é uma ação divina. de um caminho que promova o vulnerável.
Primeiro, porque somos renovados desenvolvimento pessoal integral, Trata-se, portanto, de uma Cam-
quando aprendemos mais a respeito a formação para a vida fraterna e panha em forte linha de continui-
da vida e seu sentido. Segundo, a para a cidadania. A Educação é um dade com os temas que nos vêm
Bíblia nos mostra a história de um indispensável serviço à vida. Ela sendo propostos desde 2018. Neste

sentido, nada disso poderá, entre- manuscritos antigos, encontra-se ou do mundo: uma mulher flagrada
tanto, ocorrer se não se considerar em 8, 1, ou depois de 7, 36, ou ainda em adultério, um adultério que se
a importância da Educação. no fim do Evangelho ou depois de esconde, ardilosos utilizadores da
A CF 2022 nos convoca a refletir Lc 21, 38. A mais antiga referência lei e pedras como instrumentos de
sobre os fundamentos do ato de incontestável à história encontra-se morte. Jesus não está em uma sala
educar e nos adverte que mais em um escrito do século III sobre de aula, mas mostra que educar é
importante e urgente é a pergunta disciplina religiosa chamado Didas- contribuir para a superação do pe-
pelos motivos, pela abrangência e calia. Em suma, não fazia parte do cado, preservando a vida, atingindo
pelas metas de qualquer processo Evangelho original de João. as consciências e transformando
educativo. Apesar do mistério de sua trans- relações. Uma das perguntas que
missão e inserção em João, a história sempre se faz sobre esta bela pas-
O grande educador contém uma das mais notáveis des- sagem é: o que Jesus escreveu no
Quando contemplamos as ações crições da misericórdia de Jesus e é chão? Duas sugestões aceitas como
e palavras de Jesus, encontramos forte argumentação a favor de sua plausíveis são que o rabiscar no
um caminho educativo. No texto autenticidade evangélica. Deve ser chão indicava falta de interesse ou
bíblico referência para a CF 2022, uma narrativa que remonta a Jesus que João queria referir-se ao texto
Jesus Cristo, o grande educador, e foi transmitida pela tradição oral grego de Jr 17, 13: “...todos os que
está no templo. e usada, talvez, para solucionar o te abandonam são cobertos de
O primeiro capítulo de João serve problema do perdão dos pecados vergonha... pois abandonam a fonte
de introdução a todo o Evangelho, para os cristãos batizados. Como de água viva, o Senhor”. O texto
apresentando ao leitor a teologia narrativa lucana, trata de miseri- apresenta uma visão panorâmica da
do autor – o que ele vê sobre Deus córdia, pecado e uma mulher. A realidade educativa em nosso país,
e Jesus – e o ministério de Jesus. ele foram levadas algumas mazelas com seus desafios potencializados
Em Jo 8, 1-11, o relato da mulher pela pandemia e seus impactos nas
surpreendida em adultério desper- políticas públicas para a Educação.
ta muita curiosidade. Até porque
em edições modernas do quarto
“É preciso À luz da palavra de Deus, a CF
2022 quer nos ajudar a compre-
Evangelho, essa passagem costuma
ser colocada entre colchetes para
uma aldeia ender duas lições sobre o ato de
educar: a primeira, diz respeito ao
indicar que não faz parte do tex-
to original de João. Está em falta, para se valor da pessoa como princípio da
Educação. A segunda, se refere ao
inclusive, em manuscritos gregos
mais antigos e é desconhecida dos educar uma ato de correção, que é conduzir ao
caminho reto. Não é repressão, mas
criança”.
padres gregos primitivos, pois eles é orientar a pessoa no caminho de
não a comentam. Assim, em diversos uma vida transformada, verdadeira-
mente convertida à luz da verdade.
Em tempos marcados pela pan-
demia da Covid-19 e por diversos
conflitos, distanciamentos e polari-
zações, é preciso reaprender a amar,
a perdoar, a cuidar, a verdadeira
fraternidade alicerçada na justiça
e na paz.
Diante de tudo isso, a CF 2022
nos recorda que educar não é um
ato isolado. É encontro no qual
todos são educadores e educandos.
É tarefa da própria pessoa, da famí-
lia, da escola, da Igreja e de toda a
sociedade. Afinal, como nos ensina
o conhecido provérbio de origem
africana, “é preciso uma aldeia para
se educar uma criança”. 
Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL
TESTEMUNHO
Confiando na
Providência
de Maria Helenice Silvestre Missionária da Meu pai me abençoou e disse:

Consolata celebra 60 “obedeça às Superioras”. Minha
E
mãe não teve palavras, o silêncio
stas palavras do título sem- anos de Consagração falou mais forte que elas. Parti de
pre me deram coragem nas Religiosa em 2022 trem, foi muito dura a despedida,
lutas da vida missionária. e relata suas deixar meu irmãozinho de um ano
Sou irmã Maria Helenice experiências. na estação, chorei. Passei uns dias
Silvestre, natural de Cer- em São Manuel, São Paulo e parti
queira Cesar, estado de São Paulo. para Rio do Oeste, Santa Catarina,
Experimentei o amor de Deus do meninos para serem padres e onde tive a formação inicial e o
desde o início de minha vida, nasci meninas para serem irmãs, pegou Pré-noviciado.
numa família muito católica e fiel os nomes de vários e o meu tam-
às tradições da Igreja. Aos 7 anos bém. Depois de um tempo, duas Formação e Missão
comunguei pela primeira vez. missionárias vieram me visitar e Em 1960 iniciei o Noviciado em
No Grupo Escolar minha pro- conversar com meus pais. Minha São Paulo. Fiz os votos temporâ-
fessora era também minha cate- mãe disse: “talvez ela fique uma neos no dia 29 de janeiro de 1962
quista, com ela aprendi a fazer a semana... não vai aguentar, nunca e em 1967 os votos perpétuos.
consagração a Jesus ao visitar o ficou longe de casa”. Passaram-se Terminei o Magistério e fui trans-
Santíssimo antes de ir para a esco- uns meses antes que viessem me ferida para Horizontina, RS, onde
la. Entrei na Cruzada Eucarística e buscar; nesse tempo eu li a vida lecionei na escola das missionárias
participava de todas as atividades de Santa Teresinha para entender e fui responsável pelas meninas
da Paróquia. Um dia chegou na ci- um pouco o que seria ser irmã. Dia internas, algumas vocacionadas e
dade um missionário da Consolata 30 de janeiro de 1955, irmã Lia outras que estudavam. Em julho
(padre Dante Possamai) convidan- veio me buscar, eu tinha 15 anos. de 1971 a Madre Geral pediu-me

para fazer o Curso de Ciências
Religiosas no Ateneu Salesiano
em Turim, Itália. Foi uma expe-
riência muito boa, no centro do
Instituto, nos lugares onde viveu
o Fundador e a possibilidade de
conhecer muitas irmãs vindas das
missões.
Em 1976 voltei para São Pau-
lo onde fiquei responsável pela
formação das postulantes. Em
fevereiro de 1980 fui transferida
para a missão de Roraima, onde
trabalhei um ano no Centro de rimpeiros. A missão dos missioná- Em Dourados
Pastoral Diocesano. No início de rios e das missionárias, antes de Em 2007, o bispo de Doura-
1981 fui transferida para a missão tudo foi conscientizar os índios de dos, Mato Grosso do Sul, pediu
de Surumu, onde finalmente pude seus direitos e incentivá-los a não uma presença das missionárias
realizar o meu sonho de trabalhar perder os valores de sua cultura, da Consolata na Aldeia Indígena
com os indígenas. Surumu fica na suas festas e tradições e tomar Bororó e Jaguapiru, entre índios
Área Indígena Raposa Serra do consciência que se o fazendeiro Guarani, Terenas e Kaiowas. Com
Sol. Em Surumu tinha o Centro de tinha gado e o índio trabalhava na mais três irmãs fomos iniciar a
Formação de Lideranças Indígenas, fazenda quase como um escravo, nova missão, onde fiquei até 2014.
principalmente de Macuxis e Wa- por que ele não podia ter gado? No primeiro ano enfrentamos vá-
pixanas. Os meninos e meninas Surgiu o Projeto “Uma Vaca para rias dificuldades, mas aos poucos
indígenas vindos de várias co- o Índio”, organizado pelo padre fomos superando e organizando
munidades ficavam internos para Jorge Dal Bem com muito sucesso. a pastoral e os trabalhos com o
frequentar até a oitava série. Para Eu agradeço muito a Deus pela apoio da diocese e dos paroquia-
os meninos sob a responsabilidade missão que Ele me deu, sempre nos. Foi uma experiência muito
dos padres, além do estudo, fome senti realizada e certa que tudo bonita. Hoje continuo a minha
ram criados cursos de marcenaria estava nos seus planos. Em 1988 missão em São Miguel Paulista, no
e carpintaria, vacaria e cantina, fui transferida para São Paulo onde Centro Social José Allamano, onde
atendentes de enfermagem, ca- tive várias atividades internas no temos vários cursos de artesanato
tequistas. Para as meninas, sob Instituto. e muitas senhoras voluntárias se
a responsabilidade das irmãs foi dedicam com amor e carinho a
ensinado corte e costura, bordado, ensinar e organizar atividades
culinária e catequese. Para ajudar recreativas, principalmente para
mais as comunidades (Malocas) a melhor idade.
me dediquei mais no projeto de A Missão e os projetos que
corte e costura para as mulheres fazemos devemos confiar sempre
e jovens e deixei de lecionar na na providência divina que nos
escola do governo, que era no acompanha, assim dizia o Fun-
centro de Surumu. Com a aju- dador, José Allamano. Na minha
da da diocese, compramos duas vida de missionária da Consolata,
máquinas de costura para cada essa providência divina me acom-
comunidade em que uma líder panhou sempre, me ensinando a
tivesse feito o curso em Surumu. fazer a vontade do Pai e me colo-
Para iniciar o curso na comunidade cando sob a proteção da Virgem
eu ficava uma semana acompa- Consolata, lembrando o que Jesus
nhando e orientando na Maloca. disse: “não tenha medo pequeno
Acompanhei 20 Malocas onde foi rebanho (pequena ovelha) porque
implantado o projeto. o Pai tem o prazer em dar-lhes o
Isto me ajudou muito a en- Reino”. (Lc 12, 32) 
tender sobre a vida e costumes
dos Macuxis e ficar sabendo dos Maria Helenice Silvestre, MC, é missionária da Consolata
conflitos com fazendeiros e ga- em São Miguel Paulista, São Paulo, SP.

FORMAÇÃO
Educar é um
FOTO: DIVULGAÇÃO DA CF 2022
ato de amor!
Campanha da Fraternidade 2022 reflete sobre duas lições:
a pessoa humana como centro do processo educativo e a
amorosidade presente na ação educadora.
de Fátima Manoela Pastor de Albuquerque Pires Modelo a seguir
Mas nessa jornada educacional,
qual é o modelo a seguir? No campo
A
Campanha da Fraternidade escuta e acolhida. A Educação da Pedagogia, temos muitos: desde
2022 aborda a realidade precisa ser compreendida em seu educadores renomados, inúme-
da Educação em diversos sentido mais amplo, sentido que ras teorias, tendências, até linhas
âmbitos da sociedade e abrange a pertença e a participação pedagógicas e métodos diversos,
propõe significativa mu- das pessoas no mundo, de forma todos de valor em sua época e
dança de paradigma. Essa mu- integral e solidária. contexto social, político e cultural.
dança deve ocorrer no campo das Educar é um ato de amor e o Contudo, para o cristão, o grande
relações interpessoais para que a amor é exigente! Ao amor se unem modelo de educador é Jesus! É Ele
Educação seja verdadeiramente muitas outras emoções, quando o mestre e o primeiro caminho a
transformadora. Nessa perspec- quem pensa que educa é aquele ser seguido! A Pedagogia é a do
tiva, nos ajuda a refletir sobre que talvez mais aprenda. Educar encontro! Podemos dizer que por
duas lições relacionadas ao ato de é via de mão dupla, onde vidas se essa ótica, educa de verdade quem
educar. A primeira coloca a pessoa cruzam e se transformam, deixando gosta de estar com gente! Quem
humana como centro do processo profundas marcas naqueles que se gosta de gente! Quem gosta de
educativo e a segunda se refere encontram. Nosso esforço é para ensinar sabendo ouvir, ouvir muitas
à amorosidade presente na ação que essas marcas sejam positivas, vezes aquilo que não é dito!
educadora, processo que orienta ajudem a sonhar, crescer e realizar, A Educação cristã precisa condu-
e conduz a pessoa ao caminho façam a diferença e gerem mais zir as novas gerações à construção
de uma vida que se renova pela Vida e preservem a Vida! de um projeto de vida e impulsioná-
-las a assumirem o protagonismo
de suas próprias vidas. Deve educar
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
a sensibilidade e confrontar a “ido-

latria do eu” (egolatria), buscando
caminhos e palavras assertivas
para devolver a todos, sem exce-
ção, a originariedade e a beleza
da vocação humana no encontro
com o outro.
É seguindo o Mestre e Educador
Jesus Cristo, que pela terceira vez a
Igreja do Brasil se une para “Ver”,
“Julgar” e “Agir” a Educação em
nosso país, iluminando, à luz do
Evangelho, o nosso compromisso,
especialmente diante dos irmãos e
Fátima Manoela em atividade com crianças no Colégio Consolata, São Paulo, SP. irmãs em situação de vulnerabilida-

de. Em 2022, esse compromisso é em uma instituição católica, vejo
reforçado pela dinâmica do “Ver” com muita esperança a valorização
na perspectiva do escutar; do “Agir” que a Educação recebe nestes tem-
seguindo o caminho do propor; e pos tão desafiadores. Ela, mais do
do “Julgar” com o olhar de discer- que nunca, é compreendida como
nimento, verdadeira sabedoria. caminho de libertação. Acredito
que nada substitui a afetividade
Fazendo memória dos sincera e a partilha de dons, fruto
temas e lemas, temos: das relações interpessoais. Nós nos
completamos e juntos podemos
• 1982-Educação e Fraternidade concretizar o Projeto de Amor do Pai.
- A verdade vos libertará; É no Evangelho que encontra-
• 1998-Fraternidade e Educação - mos a motivação para a vivência
A Serviço da Vida e da Esperança; de um estilo de vida que favo-
• 2002-Fraternidade e Educação reça o nascimento da cultura do
- Fala com Sabedoria, ensina encontro, a amizade social e a
com amor – Cf. Pr 31, 26. fraternidade como resposta de
de relações. Seguimos conectados um processo educativo integral,
Nas reflexões propostas no uns aos outros e a toda a Criação, que nos impulsiona e nos forma
Texto-base deste ano, somos nós, como nos diz poeticamente a can- para o serviço. Papa Francisco afir-
discípulos missionários educado- ção de padre Cireneu Kuhn, Svd: ma no Instrumentum Laboris do
res, que seguem aprendendo com “Tudo está interligado como se Pacto Educativo Global: “Nenhum
o Cristo e buscam, humildemente, fôssemos um, tudo está interligado educador alcança plena ação edu-
restaurar as relações rompidas a nesta Casa Comum”. cativa se não se comprometer a
partir de uma profunda vivência Vivemos tempos de profundas formar e a plasmar, naqueles que
quaresmal. A Campanha também transformações e sabemos que são confiados a seus cuidados,
nos coloca em comunhão com uma são muitas as pandemias que a uma plena e real disponibilidade
iniciativa ainda maior, de âmbito humanidade enfrenta. O mundo ao serviço dos outros, de todos
mundial: a convocação feita pelo precisa de nós! Não podemos nos os outros, de toda a comunidade
Santo Padre, o papa Francisco, em acomodar à realidade que por humana, a partir daqueles que
2019/20, para a realização de um vezes nega a vida plena proposta mais apresentam uma situação de
Pacto Educativo Global. por Jesus. A esperança, fruto da fadiga e de desafio. O verdadeiro
educação cristã, alimenta forças, serviço da educação é a educação
Pacto Educativo Global amplia horizontes, conduz ao cul- ao serviço”.
O Pacto Educativo Global con- tivo de projetos de amplo alcance, Ao dizermos sim ao que nos
siste em um chamado da Igreja que tem condições de ir além do propõem o Pacto Educativo Global
ao mundo inteiro, para que em ordinário. Para o Bem-aventurado e à Campanha da Fraternidade
todas as esferas sociais, as pesso- José Allamano: “É preciso ser ex- 2022, assumimos o compromisso
as de boa vontade nas diferentes traordinário, no ordinário!” E a de romper as fronteiras dos nossos
instituições, igrejas e governos Educação tem esse poder! corações e compreender o nosso
valorizem e priorizem a Educação Papa Francisco nos propõe: país e todo o planeta como uma
humanista, integral e solidária, “Vamos reavivar o compromisso grande aldeia. Pensemos as nossas
compreendendo que é somente em prol e com as gerações jo- famílias, as nossas escolas, as nos-
por meio da Educação que podere- vens, renovando a paixão por uma sas comunidades religiosas e tantas
mos transformar verdadeiramente educação mais aberta e inclusiva, outras instituições presentes na
a sociedade, mudando os rumos capaz de escuta paciente, diálogo sociedade como pequenas aldeias
da humanidade. A necessidade de construtivo e mútua compreensão. que se conectam umas às outras,
uma educação integral, como base Nunca, como agora, houve ne- com os mesmos ideais, onde todos
da ecologia integral, já havia sido cessidade de unir esforços numa são verdadeiramente responsáveis
profundamente abordada pelo ampla aliança educativa para for- pela educação das gerações mais
Santo Padre na belíssima Carta mar pessoas maduras, capazes de jovens e humildemente se educam
Encíclica Laudato Si, em 2015. superar fragmentações e contrastes nesse processo. 
É fundamental que todos nós e reconstruir o tecido das relações
tenhamos consciência de que fa- em ordem a uma humanidade Fátima Manoela Pastor de Albuquerque Pires é coordena-
zemos parte de uma infinita rede mais fraterna”. Como educadora, dora da Pastoral Escolar do Colégio Consolata, São Paulo.

FÉ EM AÇÃO
Degradando Vivemos no período

Antropoceno, no
os ecossistemas qual a força humana

altera tudo.
da Terra Mas não é só isso. Os cientistas ainda dizem mais:

“estamos degradando os ecossistemas da Terra, colo-
cando em risco as fundações ecológicas da sociedade”.
- 6° relatório Panorama Ambiental Global (GEO6).
de Marcus Eduardo de Oliveira Seja como for, não é de forma alguma acidental
a constatação (ainda que não consensual) de que
estamos, cada um de nós, por trás da crise climática,
N
a linha de frente do debate climático, os a maior crise de toda a nossa história. Indo direto ao
cientistas da Terra têm procurado batizar assunto, o que está em jogo, sendo conclusivo logo
esse atual momento tão complexo, com nas linhas introdutórias, é a (má) saúde planetária.
pontos cheios de conflitos, riscos e ameaças, Ocorre que, de modo geral, a humanidade utiliza
como Antropoceno, isto é, um novo período atualmente 1,6 vezes a quantidade de recursos que a
geológico no qual a força humana altera tudo. Do Natureza pode fornecer de forma sustentável, afetan-
ponto de vista ambiental, isso é tão impactante que do o bem-estar de 40% da população mundial, além
já abalamos a macroestrutura da Terra; estamos de custar impressionantes 10% do produto interno
destruindo os seus ciclos vitais. bruto (PIB) global – pela primeira vez, estamos perto
Para dizer de outra forma, desde há muito as ati- de ultrapassar os 100 trilhões de dólares.
vidades humanas insustentáveis (adversárias diretas Contas feitas, o planeta avisa e as vozes críticas
da questão ambiental) facilmente se “transformaram” dos ambientalistas mandam o recado: se nada for
em sérias ameaças à Natureza, a matriz de tudo. Essas feito para conter a degradação ambiental, a catás-
ameaças, todos sabem, têm vários nomes e sobre- trofe climática, reduzir a curva global de emissões de
nomes: degradação ambiental, devastação ecológica, gases de efeito estufa e conservar a biodiversidade
crise socioambiental, crise planetária e assim por e a integridade da biosfera ao longo do século, o
diante. Visto no todo, o fracasso ecológico e a fragi- futuro de todos (e, por conseguinte, de tudo o que
lidade ambiental, dilemas comprometedores desse tem vida) poderá ser intensamente lúgubre. 
jovem tempo, tem o pendor de afetar diretamente
tanto o “patrimônio planetário” (expressão usada por Marcus Eduardo de Oliveira é economista e ativista ambiental. Autor de “Civilização
Edgar Morin) quanto interfere no futuro da própria em Desajuste com os Limites Planetários” (CRV, 2018), entre outros. prof.marcuse-
humanidade, no destino ecológico do mundo. duardo@bol.com.br
Cânion do rio São Francisco localizado na cidade de Canindé de São Francisco, divisa de Alagoas e Sergipe.
Sobre o Cônego Família
Tiago Camisassa consolata
da Redação
Missionários e
Missionárias
J
osé Allamano expressou
em várias ocasiões, a pro- da Consolata
funda simpatia que o ligava dedicam o ano
ao Cônego Camisassa. A de 2022 ao
morte do Cofundador foi
um choque para ele. Eis algumas Cofundador dos
expressões muito indicativas do Institutos, o
afeto que sentia por ele:
“É a minha vez de o elogiar. Es-
Cônego Tiago
tava sempre disposto a sacrificar-se Camisassa.
para me poupar; era um homem
que tinha a arte da dissimulação e
possuía a verdadeira humildade”.
“Com a sua morte, perdi ambos
os meus braços...”
“Estivemos juntos durante 42
anos, éramos um só”.
“Prometemos dizer a verdade
um ao outro e sempre o fizemos”.
“Todas as noites passávamos
longas horas neste meu escritório...
Foi aqui que nasceu o projeto do
Instituto, foi aqui que se falou em
ir para a África... em suma, aqui perda para o Santuário e mais à inescrutável vontade de Deus,
tudo foi combinado”. ainda para o Instituto e para as e que ele seja aceite em sufrágio
“Se eu não tivesse tido o Cônego Missões! Considerávamos neces- desta bela alma.
Camisassa a meu lado, não teria sária a sua existência e rezávamos Nesta tristeza fomos consolados
feito o que fiz”. à nossa Santíssima Consolata para pelas provas de estima e afeto
Por ocasião da morte de Camisas- prolongar a sua vida por mais que toda a cidade de Turim lhe
sa, Allamano enviou a seguinte carta algum tempo. Muitos, incluindo manifestou, a ele que, humilde,
aos missionários e missionárias: eu próprio, ofereceram a sua vida era desconhecido para muitos. O
“A minha mão treme, o meu para preservar a do nosso querido. funeral foi um triunfo. Ele viveu
coração incha e os meus olhos A Santíssima Consolata achou para nós e para as nossas missões,
derramam lágrimas ao dirigir-vos por bem não atender as preces e passou o seu último dia a pensar
esta breve carta. O nosso querido comuns. Ele estava maduro para o e a falar sobre o Instituto.
Vice-Reitor e Vice-Superior já não céu. Tinha completado a sua santa Rezai por ele e também por mim,
está mais entre nós e não volta- e laborosa jornada e podia dizer uma pessoa muito desolada, que
remos a vê-lo senão no Paraíso. com São Paulo: Cursum consum- vos abençôo em nome da Santís-
Faleceu pacificamente na noite mavi, in reliqua reposita est mihi sima Trindade”. (José Allamano) 
do dia 18 de agosto de 1922, com corona justitiae. (Terminei a corrida,
todos os confortos religiosos e guardei a fé. Agora só resta a coroa Com informações da circular das Direções Gerais dos Ins-
os cuidados mais afetuosos. Que da justiça) Pronunciai comigo o fiat titutos dos Missionários e das Missionárias da Consolata.

Pastoral Indígena
e Amazônia
Encontro Continental na Colômbia reuniu
da América Latina e do Caribe e
do Sínodo sobre a Sinodalidade
missionários, missionárias e leigos missionários foram consideradas novidades
da Consolata para refletir sobre trabalhos com a que desafiam a repensar as prá-
Pastoral Indígena e Amazônia. ticas missionárias em espírito de
continentalidade, tecendo redes
na inter-institucionalidade e na
de Redação pelos documentos da Igreja e pela intercongregacionalidade, em uma
caminhada de mais de 70 anos de dinâmica de itinerância intere-
O
presença IMC-MC na Amazônia, clesial além das fronteiras, sem
s missionários e as missio- partilharam as experiências vividas negligenciar a inserção e perma-
nárias da Consolata (Insti- com os vários povos que acompa- nência entre os povos originais.
tuto Missionários da Con- nham, ouviram os camponeses, Acolheram e apoiaram a criação
solata - IMC, Missionária os jovens indígenas e celebraram do Centro Amazônico de Pensa-
da Consolata - MC e Leigos com os afrodescendentes e a co- mento Intercultural (CAPI) apre-
Missionários da Consolata - LMC), munidade local, no Dia da Vida sentado na reunião pelo Vicariato
reunidos de 1 a 5 de fevereiro Consagrada. de Puerto Leguízamo-Solano, fruto
de 2022, no Centro Pastoral “La Descendo o rio Putumayo, vi- de um processo de reflexão e
Consolata” do Vicariato Apostó- sitaram a comunidade indígena discernimento e a criação de uma
lico de Puerto Leguízamo Solano Murui do “Puerto Refúgio” para Equipe Missionária Itinerante Tri-
(Putumayo - Colômbia), viveram conhecer o seu plano de vida, -fronteiriça para a bacia do Putu-
momentos fortes de comunhão celebrar a Eucaristia e viver um mayo (Colômbia, Peru e Equador)
e fraternidade como uma Famí- momento sagrado de diálogo. com pessoal que já trabalha no
lia unida pelo mesmo carisma e Ouviram também, a apresentação Vicariato e a destinação de ou-
comprometida com a Amazônia do livro “Diálogo: Presença evan- tros missionários e missionárias,
e seus povos. gelizadora e consoladora”, escrito incluindo leigos.
Fiéis ao carisma da missão Ad pela Irmã Mary Agnes Mwangi, Reconheceram a importância
Gentes, procuraram qualificar a MC, que oferece uma metodologia de continuar investindo na for-
presença nestes territórios, par- missionária de diálogo com o povo mação de novos missionários e
tilhar os sonhos e oportunidades Yanomami na missão Catrimani. missionárias para a Amazônia, a
diante dos grandes desafios da Dentre os compromissos as- partir do mesmo contexto: cursos
situação atual. sumidos, os participantes com- de inserção para recém-chegados
Durante a programação, à luz prometeram-se a caminhar em ao território, períodos de experiên-
da Palavra de Deus, do Sínodo para sintonia com o Sínodo para a cias para estudantes, formação de
a Amazônia e da realidade dos Amazônia (2019) e a consolidar base na região como o Noviciado
povos que habitam este território, a Rede Eclesial para a Amazônia em Manaus e outras etapas como
fizeram memória dos encontros (REPAM). A criação da Conferência o Propedêutico em Florência. 
anteriores, especialmente o de Eclesial da Amazônia (CEAMA), a
Manaus (2018), foram iluminados realização da Assembleia Eclesial Com informações dos participantes do Encontro.
QUER
QUERSER MISSIONÁRIO?
SER MISSIONÁRIO? QUER
QUERSER MISSIONÁRIA?
SER MISSIONÁRIA?
TEL.: (11) 2238.4599 TEL.: (11) 2233.9330
E-mail: amv@consolata.org.br E-mail: mc@consolata.org.br

Jubilandos de 2022
Três missionários da Consolata da Região Brasil
festejam seus jubileus.
de Redação
cargo que exercia até ser nomeado
bispo pelo papa Bento XVI, em 2012.
Dom Giovanni Crippa (foto) foi
ordenado bispo em 13 de maio de
P
adre Arlei Pivetta (foto) co- 2012 para a diocese de Estância, SE.
memora25anosdeprofissão Dom Giovanni nasceu em Milão, na
religiosa, realizada em 4 de Itália, no dia 6 de outubro de 1958.
janeiro de 1997. Foi ordena- Em 13 de setembro de 1981 fez
do sacerdote em 6 de janeiro sua Profissão Religiosa no Instituto
de 2001 e logo em seguida partiu Missões Consolata e foi ordenado
para Moçambique, onde trabalhou presbítero no dia 14 de setembro de
por 13 anos. De volta ao Brasil, traba- 1985. No ano de 2000 foi enviado ao
lhou por sete anos em Cascavel, PR. Brasil, onde exerceu seu ministério
Atualmente encontra-se na Missão na Arquidiocese Metropolitana de
de Maturuca, Roraima, trabalhan- Feira de Santana, BA, como Vigário
do com os Povos Indígenas. (ver Paroquial e Pároco da Santíssima
revista Missões dez 2021 – rubrica Trindade.
Testemunho).
Em fevereiro de 1985 foi para

Moçambique. Destinado à Paró-
quia Nossa Senhora de Fátima, em
Vilankulos, assumiu também as Pa-
róquias de Santa Ana de Maimelane
e São José de Mapinhane, onde foi
pároco até outubro de 1992. Neste
mesmo ano foi destinado a Nampula,
para assumir a direção do Seminário
do Segundo Grau dos Missionários
da Consolata. Em 1996 foi eleito
superior regional em Moçambique,
sendo reeleito para novo mandato
três anos depois. Em agosto de 2002
foi destinado ao Brasil para trabalhar
como reitor e formador no Seminário Em 21 de março de 2012 foi no-
Teológico, Ipiranga, SP. meado pelo então papa Bento XVI
Em 2009 foi para Cascavel, PR, bispo titular de Acacia e Bispo Auxiliar
onde assumiu a direção do Centro de São Salvador da Bahia, recebendo
Dom Elio Rama (foto), missionário de Animação Missionária e Vocacio- a ordenação episcopal no dia 13
da Consolata, ordenado bispo em nal, sendo ao mesmo tempo vigário de maio seguinte. Em 9 de julho de
30 de dezembro de 2012, assumiu paroquial da Paróquia São Paulo. 2014, foi nomeado bispo de Estância,
a diocese de Pinheiro, MA. Dom Em 2010, assumiu a Paróquia Nossa SE. No dia 11 de agosto de 2021 foi
Elio foi ordenado sacerdote em 10 Senhora da Penha, Jardim Peri, São nomeado pelo papa Francisco como
de novembro de 1984, na Paróquia Paulo. Em setembro de 2011 foi novo bispo de Ilhéus, BA. 
Imaculada Conceição, em Três de eleito Superior dos Missionários
Maio, RS. da Consolata da Província do Brasil, Com informações dos arquivos da revista Missões.

Leigo missionário
a serviço dos jovens
Esposa e filhos de Honório
José da Silva relatam vida de
Leigo Missionário da Consolata,
sempre disposto a acolher os
irmãos e irmãs.
de Maria Cristina, Hana, Mara e Cauê
H
onório José da Silva nasceu em São Paulo, em 13 de outubro
de 1962. Filho de José Pereira da Silva e de Corina Aleixo da
Silva. A convite de uma vizinha, Dona Laura, foi fazer o 10º
Encontro de Jovens com Cristo (EJC) setor Tremembé, de
onde só saiu muito tempo depois de casado. Dedicou-se
muito a este movimento. Sempre acreditou na juventude e lutou
pela recuperação e evangelização de muitos jovens. Quando não
era convidado a trabalhar, ficava na vigília e na oração do terço. Foi
na equipe de trabalho que conheceu sua esposa, Maria Cristina.
O grupo era bem eclético – católicos, espíritas, evangélicos, e o
Orientador Espiritual insistia em mostrar sempre no outro, a figura
de um irmão.
Depois de casados participou da Equipe de Nossa Senhora com
Maria Cristina e por fim assumiram um trabalho pastoral na Paró-
quia São Marcos, zona norte de São Paulo. A vida proporcionou a
benção de três filhos: Hana, Mara e Cauê.
Foi na Jornada Mundial da Juventude, em 2013, que ele conhe-
ceu as Irmãs da Consolata e em seguida foi convidado, juntamente
com sua esposa, a participar do grupo dos Leigos Missionários da
Consolata.
Honório aprendeu com o Fundador, que devemos “transformar
sempre o nosso dia e o dia do outro, de ordinário em extraordinário”.
Carregou no coração e nas atitudes o espírito de pertença à família
missionária da Consolata. Sempre estudou os documentos de José
Allamano, com o propósito de que, um missionário, deve externar
sua alegria e compartilhar o amor pela missão, transformando vidas.
Honório tinha a alegria de propagar o quadro bordado de Nossa
Senhora Consolata, por onde quer que ele fosse. Seu pensamento
e desejo era de fazer a experiência de um Deus que é Pai, e de
Jesus Cristo, filho missionário, que nos faz uma só família, unida
no amor. 
FOTO: DORIVAL ROSA
Maria Cristina Silva é Leiga Missionária da Consolata em São Paulo, SP.

Hana, Mara e Cauê são os filhos de José Honório.

MISSÕES RESPONDE
A Igreja Católica
tem uma constituição?
Em 1983, veio a lume o código outorgou a constituição da Igreja, vale dizer, transmitiu
canônico latino e não se falou mais o mínimo de regras essenciais para que a Igreja Católica
cumpra seu objetivo.
na constituição da Igreja Católica.
Pedra fundamental
Pensemos, por exemplo, no primado de São Pedro:
de Edson Luiz Sampel
"Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja" (Mt 16, 18). Eis aqui um princípio-norma de
matriz constitucional. Nosso Senhor delineou para
R
espondemos negativamente à pergunta-título sempre, até o fim do mundo, a forma de governar a
deste artigo, pois na Igreja não existe uma cons- Igreja. Primeiro São Pedro e, depois, ininterruptamente,
tituição à moda das que vigoram nos Estados. seus sucessores. Desta lei oriunda da divina vontade
Nosso país, por exemplo, possui a Constituição de nosso Senhor procedem tantos mecanismos le-
da República Federativa do Brasil. É a lei má- gais, que visam a salvaguardar a missão salvífica da
xima. Todas as outras normas jurídicas, chamadas de sociedade eclesial.
ordinárias, têm de compatibilizar-se com a Constituição Como as leis ordinárias do Brasil não devem conflitar
Federal, sob pena de perderem a validade. com a Constituição, mutatis mutandis, os dispositivos
À época do Concílio Vaticano II, tentou-se elaborar canônicos, outrossim, necessitam se harmonizar com
um diploma legislativo supremo, parecido com as a constituição da Igreja. Desta feita, continuando no
constituições dos Estados modernos. Era a Lex Ecclesiae exemplo referido no parágrafo anterior, tornar-se-ia
Fundamentalis ou, em vernáculo, Lei Fundamental da vergonhosamente inconstitucional qualquer regra,
Igreja. São Paulo VI aprovou a ideia, contudo, em 1983, ainda que exarada pelo papa, tendente a desfigurar
veio a lume o código canônico latino e não se falou o primado, mitigando a plenitude de poderes do su-
mais na constituição da Igreja Católica. cessor de São Pedro.
Importante frisar que a Igreja Católica não dispõe No próximo artigo, aprofundarei esta temática bas-
de constituição escrita, separada dos dois códigos tante relevante, discorrendo acerca de outras normas
canônicos (latino e oriental), mas, por ser sociedade de viés constitucional. 
ou povo de Deus, há no ordenamento canônico inú-
meros preceitos de natureza constitucional. Em suma, Edson Luiz Sampel é professor de direito canônico, juiz adjunto do Tribunal Eclesiástico
o divino fundador da Igreja, nosso Senhor Jesus Cristo, Interdiocesano de Uberaba e membro da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC).
FOTO: ARQUIVO CN/CANCAONOVA.COM

ÁFRICA
Conflito na economia
Em Moçambique e Angola, o trigo representa mais de 75% das importações russas,
seguidos de fertilizantes, que valeram 18% do total.
conflito na Ucrânia agrava custo de Segundo o analista da Oxford Economics Africa,
vida, mas melhora finanças. Gerrit van Rooyen, que pesquisa as duas economias
“quer em Angola, quer em Moçambique, ambos têm
um nível de comércio muito limitado com a Rússia e
de Paulo Mzé a Ucrânia. Angola importa trigo e fermento da Rússia,
enquanto Moçambique importa uma quantidade
significativa de trigo e uma pequena quantidade de
D
e acordo com os dados de um centro de petróleo refinado russo”.
pesquisa econômica patrocinado pela Uni- Segundo Gerrit, em declarações a partir de Paarl,
versidade de Harvard, o trigo e o fermento na África do Sul “parece que, pelo menos por agora,
são duas das principais exportações da Rússia Angola está genericamente se beneficiando dos preços
para Angola e para Moçambique. mais altos do petróleo e do gás, que são parcialmente
No caso de Angola, representam mais de 30% das impulsionados pelo conflito”.
importações em 2019, enquanto em Moçambique, o “Os preços mais elevados do petróleo são positivos
para as receitas do governo e para o valor do Kwanza”,
acrescentou o analista, afirmando que se esta subida
for sustentada, “isso pode aumentar o investimento
em Angola e baixar os níveis de dívida mais rápido do
que o anteriormente previsto”. Além disso, continuou,
“se os preços do gás se mantiverem elevados devido
ao conflito, isto será positivo para os investimentos
no gás natural liquefeito de Moçambique”, uma vez
que “os lucros provenientes do gás natural existente
na bacia do Rovuma poderão ser maiores do que o
risco da insurgência extremista armada na região”.
Apesar dos benefícios para as contas públicas dos
dois Estados lusófonos, Gerrit van Rooyen salienta
que para os cidadãos as desvantagens superam as
vantagens. “Os preços mais altos do petróleo e do
trigo significam más notícias para os consumidores,
uma vez que a inflação, que já é elevada nestes países,
particularmente em Angola, deverá aumentar mais
do que inicialmente previsto”. A mesma instituição,
Oxford Economics Africa, anteriormente, havia divul-
gado a notícia segundo a qual “a inflação no índice
de preços dos consumidores aumentou 1,1 pontos,
para 7,8% em janeiro, quando em dezembro teve
um aumento homólogo de 6,7%”. A inflação havia
aumentado de 5,7% em 2021, uma forte subida
face aos 3,1% registrados em 2020, “num contexto
de pressões inflacionárias provenientes das subidas
dos preços do petróleo e perturbação na cadeia de
distribuição, que se intensificam desde o primeiro
semestre do ano passado”. 
Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.

MEMÓRIA
Sempre, imediatamente,
com alegria!
Faleceu no dia 6 de fevereiro de 2022,
o padre Antônio Marcos Girardi, diretor
espiritual e fundador do Maranata.
de Redação
P
adre Antônio Marcos Girardi tinha 85 anos (11/10/36) e foi
ordenado sacerdote missionário da Consolata em 1963. Em
1980, fundou o Movimento Católico Maranata, voltado para o
serviço da caridade e da promoção humana, com sede na Casa
Verde, zona Norte da capital paulista. O lema do Movimento
é: “Sempre, Imediatamente, Com Alegria”.
Padre Antônio Marcos trabalhou na revista Missões, de 1979 a
1990, sendo diretor de difusão e depois, da equipe de redação e
administrativa. Tinha especial predileção pelo Grupo de Jovens e
organizava na década de 80, os Encontros de Jovens na Paróquia
Consolata, Jardim São Bento, São Paulo.
Com 14 livros publicados sobre auto-ajuda e orientação familiar,
o sacerdote e conselheiro dedicava-se às atividades do Maranata,
o que ocupava a maior parte de seu tempo. O padre trabalhou por
mais de 30 anos no Tribunal Eclesiástico Regional de São Paulo em
assuntos matrimoniais, e ainda, escrevia artigos para jornais. 
Com informações do Movimento Maranata, jornal O São Paulo e arquivo Missões.
Foto 1: Com a equipe de redação da revista Missões na

década de 80 (acima).
Foto 2: Padre Marcos com dom Odilo, arcebispo de São
Paulo (esq).
Foto 3: Nos festejos de 103 anos do bairro da Casa
Verde, São Paulo, SP.

ARQUIVO IMC DESTAQUE
Ano de
Camisassa
Reino, à Igreja, à Missão, aos Insti- falar de Camisassa sem falar de
tutos, capaz de viver “a felicidade Allamano e vice-versa.
de ser segundo” cultivando uma Durante 42 anos de colabora-
profunda, intensa, fiel e respeitosa ção no Santuário da Consolata,
amizade com aquele que ele con- Camisassa foi sempre o Vice-reitor
siderava “pai”, o Bem-aventurado e ecônomo. Allamano, o Reitor,
José Allamano. tinha-lhe pedido para ser o seu
“coadjutor” e Camisassa perma-
Humildade neceu assim durante o resto de
Os missionários querem cele- sua vida.
brar a memória do Cofundador, Nunca reivindicou o papel de Su-
Tiago Camisassa, devido ao impor- perior-Fundador. Suas intervenções
tante papel que desempenhou ao constantes com os missionários e
lado do Fundador. Mas também, as missionárias eram sempre feitas
querem recordá-lo porque é uma em nome de Allamano e diziam
de Redação grande pessoa e um mestre com respeito a tarefas que tinham sido
quem todos podem aprender tan- delegadas a ele.
tas coisas. Vários aspectos da sua A profunda harmonia entre Ca-
personalidade multifacetada carac- misassa e Allamano amadureceu na
O
s missionários da Consola- terizaram a sua vida. Gostaríamos busca contínua do diálogo, que era
ta instituíram que a partir de recordar alguns deles para que o alimento diário para sustentar os
de 1º de janeiro de 2022, possam tornar-se também para seus muitos compromissos apostó-
estão comemorando o nós, uma lição de vida e de missão, licos e para crescerem em comu-
centenário da morte do conscientes de que não se pode nhão mútua. Depois do almoço, os
Cônego Tiago Camisassa, Cofunda-
dor dos dois Institutos Missionários
(padres e irmãs), amigo fraternal e
colaborador muito próximo do pa-
dre José Allamano. Os missionários
desejam dedicar um espaço apro-
priado à grata memória do homem
sem o qual Allamano dificilmente
teria posto mãos ao trabalho da
fundação dos Institutos.
Ao longo de 2022, valendo-se
de caminhos e iniciativas apropria-
das serão ajudados a redescobrir
a figura deste verdadeiro homem
de Deus, totalmente dedicado ao Tiago Camisassa e José Allamano.

“Não podíamos figura do Cônego Camisassa;
certamente esquecê- Valorizar o mês de agosto de
lo e esquecer o bem 2022 como o “mês de Tiago Ca-
que ele fez pelo misassa”, intensificando iniciativas
apropriadas e recordando a figura
Instituto, pelo qual e o estilo do Cônego, que viveu
sacrificou tudo até o a “felicidade de ser o segundo”,
último suspiro da sua movido por uma profunda humil-
preciosa e santa vida”. dade. As celebrações manterão
(Bem-aventurado características de simplicidade e
discrição;
José Allamano, No dia 18 de agosto de 2022,
carta circular aos haverá uma comemoração no San-
missionários, 20 de tuário da Consolata em Turim.
junho de 1923) Em nível local serão incentivadas
celebrações em sua memória;
Nas revistas, sites e redes sociais
padres que tiveram a sorte de viver dos Institutos, será dado espaço e
na mesma casa testemunham, os reflexões sobre a figura do Cônego
dois amigos tomavam café juntos, Camisassa.
todas as noites se encontravam
e comunicavam os acontecimen-
tos do dia, não apenas para uma Oração especial
simples troca de notícias, mas no para o Ano de
desejo de descobrir a vontade de
Deus para eles e para os seus pro-
Camisassa
jetos apostólicos.
Camisassa não tinha segredos Nós vos damos graças, Se-
para Allamano, a exceção dos aspec- nhor, por terdes dado à nossa
tos confidenciais e de consciência Família Missionária a presença
José Allamano, Leonella Sgorbatti e Irene Stefani.
que mantinha nos contatos com os discreta, ativa e abençoada do
missionários e com as missionárias. Cônego Tiago Camisassa. Ele,
No caminho de crescimento da homem de Deus e homem de Protetores para
sinodalidade na Igreja, poderíamos
considerar emblemático o estilo de
comunhão e colaboração, em
sintonia com o Bem-aventu-
o ano de 2022
colaboração vivido por Camisassa, rado José Allamano, apoiou o As Direções Gerais propõem
caracterizado por uma participação nascimento e desenvolvimen- como Protetores, os três Bem-
humilde e atenta, cordial e dialó- to dos Institutos Missionários -aventurados da Família Conso-
gica, da qual certamente todos e da Consolata. lata: José Allamano, Irene Stefani
todas poderemos aprender muito. Concedei-nos, Senhor, que e Leonella Sgorbatti. Que eles in-
aprendamos do nosso Cofun- tercedam junto de Deus por cada
Ações dador a arte da verdadeira um de nós, para que possamos
A fim de promover a sua grata amizade fraterna, a laboriosi- aproveitar este tempo dedicado
memória e um conhecimento cada dade silenciosa, a humildade à memória do Cofundador e nos
vez maior da sua figura, durante daqueles que procuram a Deus deixemos estimular e converter
o ano de 2022 serão promovidas de todo o coração e a dedica- pelo seu compromisso de santidade
várias iniciativas, como: ção entusiástica à Missão em missionária em comunhão, dedi-
Nas datas significativas para os que Deus, na sua bondade, cação, humildade, laboriosidade
missionários e missionárias, como nos envolve. silenciosa e paixão ardente por
29 de janeiro (fundação dos dois Isto vos pedimos, Senhor Deus e pela humanidade.
institutos), 16 de fevereiro (morte Jesus, o Filho Missionário do Bem-aventurados Pai Fundador,
do Fundador) e 20 de junho (festa Pai, Vós que viveis e reinais Irene e Leonella: rogai por nós! 
da Consolata), as Direções Gerais com Ele e com o Espírito Santo
enviarão breve mensagem aos dois para todo o sempre. Amém! Com informações do comunicado das Direções Gerais dos
Institutos, destacando aspectos da Institutos da Consolata.

CIDADANIA
Testemunho missionário
Casal de leigos missionários relata realizados presencialmente, mas a missão continua com
um novo formato, através dos meios de comunicação.
engajamento na Família Consolata. Como LMC, participamos das pastorais da paróquia e
acompanhamos uma Instituição de longa permanência
de Maria Alves (Rosa) e Carlos Piatezzi
para idosos, hoje com 30 internos.
Nesta pandemia, o nosso trabalho ficou um pouco
restrito; mas, na medida do possível, cada membro está
fazendo sua parte, distribuindo alimentos e agasalhos
O
nosso trabalho como Leigos Missionários da para moradores de rua, procurando seguir o Carisma
Consolata (LMC) na Comunidade de São Mi- do Pai Fundador na missão Ad Gentes.
guel Paulista, São Paulo, SP, iniciou-se em abril Quando não podemos realizar gestos concretos,
de 2008 com o convite da irmã Maria Costa, unimo-nos pelas orações, vivenciando a espiritualida-
então superiora na Casa José Allamano. Mas de. Temos como exemplo Santa Teresinha do Menino
tudo começou mesmo em 1997 quando conhecemos a Jesus, que, mesmo não saindo do convento, tornou-se
irmã Loredana Pignata, Missionária da Consolata, que, Padroeira das Missões. Também nosso Fundador José
desde 1991, distinguiu-se pelo seu ardor missionário Allamano, queria, mas, em razão de sua frágil saúde,
na diocese de São Miguel Paulista, fundando o COMIDI foi impedido de ir mais longe levar o Evangelho além
- Conselho Missionário Diocesano e a Infância Missio- das fronteiras. Conseguiu, no entanto, iluminado pelo
nária, hoje IAM - Infância e Adolescência Missionária. Espirito Santo, fundar dois institutos missionários,
Em 1997, irmã Loredana e Leonor Onishi, Leiga dos padres e das irmãs, que se espalharam por todo
Missionária da Consolata, convidaram nosso filho o mundo.
Rodrigo para participar da Infância Missionária. No Agradecemos a Deus, a Nossa Senhora Consolata e
início tivemos dúvidas, mas a irmã Loredana, com seu ao Pai Allamano por podermos conhecer essa congre-
jeitinho todo especial, nos convenceu e começamos a gação e o trabalho dos missionários e das missionárias.
participar de encontros de formação, e, assim, Rodrigo Pertencemos à Familía Consolata, procurando seguir
e nossa família tomamos gosto pela Obra, trabalhando o Carisma do Pai Fundador. 
com as crianças e jovens.
Hoje, por conta da pandemia causada pelo Coro- Maria Alves (Rosa) e Carlos Piatezzi são Leigos Missionários da Consolata da
navírus, os encontros de formação deixaram de ser Comunidade São Miguel Paulista - São Paulo, SP.

ESPECIAL
Experiência missionária
Professo da Consolata dá que é um povo enraizado na Palavra de Deus e na
testemunho de experiência fé cristã, fruto de uma longa caminhada junto aos
missionários da Consolata, profetas de Deus nestas
missionária junto ao povo terras, que sempre lutaram e apoiaram os indígenas.
indígena Macuxi, em Como resultado disso, o povo acredita que existem
Roraima. dois instrumentos essenciais que os orientam nas
suas lutas: a flecha de varra, símbolo de unidade do
povo e a Palavra de Deus, através da qual Deus se
de Adamo Fernando Valeque faz presente em seu meio. Para o povo Macuxi, foi
a Palavra de Deus que os ajudou a tomar posse das
suas terras, reconhecidas na portaria número 534,
de 13 de abril de 2005, lei da homologação.
N
ão podemos deixar de falar do que vimos e Durante o tempo curto que passei com eles, bastante
ouvimos (At 4, 20). Quero fazer minhas essas significativo, pude ver o quanto o Povo Macuxi das
palavras dos Apóstolos para partilhar um pouco Serras é missionário, expressando por meio de atos
do que vi, ouvi e convivi na
Terra Indígena Raposa Serra
ARQUIVO PESSOAL
do Sol, região das Serras, “terra san-
ta", como os nativos a chamam, em
Roraima, Região Norte do Brasil. Além
do que se fala nas mídias sociais e na
imprensa, tive a alegria de caminhar
junto com o Povo Indígena Macuxi
durante dois meses, e durante este
tempo tive o privilégio de partilhar
a minha fé e experiência e aprender
várias coisas que vão marcar minha
vida missionária para sempre.
Encontrei um povo com sua cultura
e seus usos e costumes, assim como
dizia umas das lideranças (catequista)
durante seu discurso no dia da minha
despedida "onde for e a todos que Professo Adamo com indígenas macuxi junto aos padres Arlei Pivetta e James Murimi Njimia.
encontrar, diga que encontrou um povo trabalhador, e gestos, a cooperação direta com os missionários da
lutador e cristão, mas que sofre ameaças externas Consolata, vivenciando os valores do reino de Deus
por ter recebido da parte de Deus esta terra santa, em seu meio. Por meio de cantos e hinos na língua
cobiçada por muitos". materna Macuxi, expressam a sua gratidão a Deus por
Mais que nunca, o Povo Indígena Macuxi das Serras, tantos benefícios que têm recebido. As crianças e os
é um povo muito especial, que luta pela proteção do jovens são sempre orientados a respeitar as lideranças
seu território, que tem sido alvo de invasão de garim- e lutar pela preservação dos seus valores culturais.
peiros e fazendeiros. É um povo que sempre lutou e Encerro com uma expressão que se encontra na
continua lutando e sempre chamando a atenção das parede do Malocão (auditório comunitário) construído
autoridades e do povo em geral para que respeitem por ocasião da celebração da festa da homologação
os seus direitos, garantidos pela homologação e da comunidade de Maturuca, Centro Regional das
demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Serras: “Nunca esquecer da luta pela nossa Terra
No aspecto pastoral e missionário, os Macuxi Raposa Serra do Sol". 
são basicamente cristãos católicos, embora exis-
tam outras religiões tradicionais. Pude presenciar Adamo Fernando Valeque, imc, é professo da Consolata.

ENTREVISTA
Revivendo
a Experiência tema vocacional, numa forma de
FOTOS: ARQUIVO MC
Irmã Dinalva promoção vocacional, diria, com
Moratelli celebra 60 certa insistência. Atualmente fala-
anos de vida religiosa -se de Animação Vocacional. Teria
eu uns 10, ou 11 anos quando ouvia
consagrada em 2022. minha família falar de irmãs que
tinham chegado em Rio do Oeste,
SC, e essas irmãs iriam para a África.
de Benildes Capelotto
Essa ideia não saía de mim. Falavam
que minha tia já tinha entrado com
A
missionária da Consolata, essas irmãs e minha irmã mais velha
Dinalva Moratelli é jubilan- também. Aos 13 anos de idade eu
da em 2022 – 60 anos de ingressava no Instituto das Irmãs
vida religiosa consagrada. Missionárias da Consolata, mesmo
Destaca nessa entrevista, com o coração batendo forte por
o trabalho realizado na cateque- deixar a família. Meus pais nunca
se, que considera importante para se opuseram e mesmo com sacrifí-
proporcionar o encontro pessoal cios sempre me apoiavam. Iniciava
com Cristo. assim uma nova etapa na minha
vida, a chamada formação inicial.
Irmã Dinalva, conte para os Tudo era tão novo, tão diferente
leitores como foi sua infância... e contagiante em companhia de
Nasci no distrito de Salete, SC, sé- um grupo de colegas animadas
tima filha de uma família numerosa, pelo mesmo ideal. A alegria, o
humilde, simples e batalhadora. Fui entusiasmo pelo ideal ajudava na
educada nessa família com princí- superação da saudade de família
pios de fé; aprendi as orações com e outros desafios.
meus pais, particularmente a mãe. assim os ensinamentos da família.
A honestidade e a responsabilidade Meus pais davam muita importância E o sonho de ir à África?
eram valores vividos por eles e, logi- à Eucaristia que era celebrada so- Disse certa vez o padre Allama-
camente transmitidos aos filhos. Em mente aos domingos e raramente. no, nosso Fundador: “Nem todos
primeiro lugar o dever; este princípio Quando se apresentava a oportuni- podem partir para as missões, mas
vigorava na família, na escola, igreja dade a família estava toda presente todos podem ser apóstolos no
e sociedade. A educação escolar era e era uma festa. seu país e nas suas casas. Todos
ministrada por irmãs religiosas e são chamados; cada qual, na sua
além da educação sistemática, era Como surgiu o chamado à vida esfera de ação, deve esforçar-se
feita a educação religiosa sendo elas religiosa nesse contexto? por tornar Jesus Cristo conhecido e
que preparavam aos sacramentos O ensinamento na escola e na amado”. E assim aconteceu comigo,
da Iniciação Cristã, aprofundando catequese era acompanhado do nunca fui ao Ad Gentes. Procurei

viver a missão dessa forma colo- oração pessoal ou com grupos tem cesse o dom de Deus...”, me toca
cando minhas energias naquilo que um olhar e um sentir missionário. e desafia. Esta expressão de Jesus
realizava, ora na educação, ora, ao assim falar, deixa transparecer
na pastoral catequética, na litur- Fale sobre a vida comunitária o seu grande desejo de partilhar o
gia, na formação, ou tudo isso ao e sobre a importância da Palavra amor do Pai, o desejo de que ela
mesmo tempo, e até em serviços de Deus em sua vida... pudesse fazer a própria experiência
internos da Congregação. Fiz desse A vida comunitária é um elemen- desse amor na situação em que
espaço e oportunidade o meu Ad to constitutivo da Vida Religiosa se encontrava, com a vida que
Gentes o Inter Gentes. Destaco Consagrada. Portanto, a comuni- levava. Fico fascinada pelo diálogo
aqui a pastoral catequética à qual dade é chamada a tecer relações profundo de Jesus com a mulher,
dediquei a maior parte do tempo, fraternas pela acolhida, diálogo, a acolhida desse amor de Deus
procurando envolver a comunida- escuta que favorecem um clima naquele momento e a força de
de eclesial, familiar, catequistas e de convivência. A certeza de que uma mudança radical. A mudan-
catequizandos. Eu tinha um grande nunca estamos sozinhas porque ça a leva a deixar o seu cântaro,
desejo de que a catequese fosse de primeiramente estamos em Deus e deixar tudo para proclamar a ação
fato um verdadeiro encontro com com a comunidade que nos apoia de Deus, anunciar a seus irmãos o
Jesus Cristo, ao invés de recitação favorece a nossa missão qualquer que Jesus tinha falado e realizado.
de fórmulas ou respostas apenas que seja ela. A vida em comunidade O verdadeiro encontro transforma
decoradas; nada fácil entrar numa é muito linda, quando vivida assim. não deixa ficar parada, impulsiona
nova metodologia e compreensão Rica pela diversidade de dons e a divulgar as maravilhas de Deus.
da “Catequese Renovada”. Mesmo culturas, mas ao mesmo torna-se “Se conhecesses o Dom de Deus”,
com os desafios não esmorecia e um grande desafio, por ter que se o chamado, certos acontecimentos
procurava semear sempre, procu- deixar algo de nós para acolher a na minha vida, nas pessoas por mais
rando animar principalmente os outra. Sempre senti alegria em humildes e vulneráveis que sejam,
catequistas nesta nova dimensão pertencer a uma comunidade que é o que Jesus continua dizendo
da catequese demonstrando que me ajuda muito na superação das ainda hoje. Dom de Deus acima
o caminho era possível. Apesar diferenças. de tudo, acima das fragilidades,
de não sair do país, sempre senti Quanto à Palavra de Deus, são dom que leva à reconciliação, à
muito interesse pelas presenças tantas as passagens bíblicas que verdadeira liberdade, que causa
da Família Consolata no mundo me ajudaram e ajudam na minha profunda alegria, esperança e forte
e muita alegria quando as irmãs vivência de fé, mas o texto da Sa- ardor missionário. Evidentemente
eram enviadas ao “Ad Gentes”. A maritana Jo 4,10, “Se você conhe- só na eternidade será revelado
esse Dom de Deus, em plenitude,
mas com abertura, humildade e a
graça do próprio Deus é possível
antegozar neste mundo.
Como se sente celebrando 60

anos de Vida Consagrada?
Celebrando 60 anos de Vida
Consagrada, elevo ao Senhor como
Maria e com profunda gratidão
meu hino de louvor pelo chamado
e fidelidade de seu amor. Trago
nesse louvor minha família que
partilhou e partilha deste chamado,
a família que me acolheu transmi-
tindo o Carisma da Consolação, as
comunidades por onde passei e as
inúmeras pessoas que encontrei ao
longo do caminho e das quais muito
recebi e que com elas partilhei a
fé e o Anúncio da Boa Nova. 
Benildes Capelotto, MC, é missionária em São Paulo.

Falta de comida afeta quase 40% Segundo essas projeções, um de cada quatro
Em Pesquisa Datafolha, 26% dos brasileiros desses domicílios precários fica nos estados de
afirmam que a quantidade de comida em casa São Paulo e Rio de Janeiro; mas a proporção é
não foi suficiente para alimentar suas famílias bem maior em capitais como Belém (55,5% do
nos últimos meses. O percentual chega a 37% total de residências), Manaus (53%) e Salvador
entre aqueles com renda mensal de até dois (42%). Além de viverem de forma precária,
salários mínimos. Nas famílias que recebem o esses moradores sofrem com uma espécie de
Auxílio Brasil, programa social que substitui o segregação urbana e “preconceito de CEP”,
Bolsa Família, são 39%, ante 22% entre aqueles que leva empresas de delivery e transporte
que não se enquadram no benefício destina- por aplicativo a não atuar nessas comunidades,
do aos mais pobres. O patamar mais elevado onde a oferta de serviços públicos também
de pessoas afetadas pela falta de comida é é precária. A favelização brasileira cresceu
encontrado no Nordeste (35%). Nas demais apesar de o programa Minha Casa Minha Vida
regiões do país, varia de 21% a 25%. Entre as (MCMV) ter construído cerca de 5 milhões de
pessoas que estão desempregadas, 45% afir- moradias entre 2009 e 2018, quando passou
maram não ter comida suficiente. Por outro a ser desidratado. No total, foram destinados
lado, estão abaixo da média os empresários cerca de R$ 230 bilhões em subsídios diretos
(9%), estudantes (13%) e funcionários públicos e recursos do FGTS à iniciativa. Mas a veloci-
(15% afirmaram não ter comida suficiente). A dade do programa não acompanhou a crise
VOLTA AO BRASIL
pesquisa foi realizada de 13 a 16 de dezembro econômica e a inflação, que empobreceram

de 2021, com 3.666 brasileiros em 191 mu- a sociedade.
nicípios. Por regiões, os maiores percentuais
de pessoas afetadas estão no Centro-Oeste/ Desemprego é o 6º maior
Norte (20%) e Nordeste (17%). Os menores, no Ao final de 2021, o Brasil teve a 6ª maior
Sul (13%) e Sudeste (11%). O número chega a taxa de desemprego em uma lista com 42
17% e 15%, respectivamente, entre pardos e países. É o que aponta um ranking produzido
pretos. São 11% entre os brancos. Aumento do pelo economista-chefe da agência de classifi-
desemprego, queda na renda e alta da inflação cação de risco Austin Rating, Alex Agostini. No
estão entre os fatores que são apontados como trimestre encerrado em dezembro, a taxa de
responsáveis pelo aumento da fome durante a desemprego no Brasil foi de 11,1%, informou
pandemia. O relatório “Insegurança Alimentar o IBGE. O resultado é até menor do que o
e Covid-19 no Brasil”, publicado no começo verificado ao fim de 2020 (14,2%), ano inicial
do ano pela Rede Penssan (Rede Brasileira de da pandemia. Também é o mesmo do quarto
Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar trimestre de 2019, antes da crise do Coronaví-
e Nutricional), mostrou que 43,4 milhões de rus. Contudo, ainda supera as taxas da maioria
pessoas não tinham alimentos em quantidade dos países que já divulgaram os últimos dados
suficiente e 19 milhões de brasileiros enfren- de 2021, segundo o levantamento da Austin
taram a fome durante a pandemia. Rating. Na visão de Agostini, o fato de o Brasil
ter um dos maiores níveis de desocupação re-
Total de favelas dobra em dez anos flete uma combinação de fatores. Conforme o
O alto desemprego e a queda da renda economista, a pandemia agravou os problemas
nos últimos anos fez explodir o número de do mercado de trabalho, que já sofria com
favelas no Brasil. Em dez anos, elas mais que questões de caráter estrutural, como a baixa
dobraram em número e presença nas cidades qualificação de uma parcela considerável de
brasileiras. Segundo estimativa do IBGE, o total mão de obra. “O emprego é a primeira variável
de “aglomerados subnormais” (favelas, palafitas a sofrer com a chegada de uma crise e costu-
etc.) saltou de 6.329 em 734 cidades de 2010 ma ser a última a reagir quando a economia
a 2019. Caracterizadas por padrão urbanís- começa a voltar”. Conforme o economista, o
tico irregular e falta de saneamento básico, cenário brasileiro para 2022 não é dos mais
as moradias nessas condições aumentaram favoráveis. Inflação persistente, juros altos e
de 3,2 milhões para 5,1 milhões no período. incerteza da corrida eleitoral tendem a frear
Os dados de 2010 são do Censo e os de 2019 a atividade eonômica e, consequentemente,
foram estimados pelo próprio IBGE para sub- a retomada do mercado de trabalho. 
sidiar a operação do próximo Censo, em 2022,
e distribuir o trabalho aos recenseadores. Fonte: Folha de S.Paulo.

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Fevereiro: Rezemos pelas

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8 JANEIRO/FEVEREIRO 2022 MISSÕES

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Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.

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de Maria Helenice Silvestre Missionária da Meu pai me abençoou e disse:

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a sensibilidade e confrontar a “ido-

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Degradando Vivemos no período

os ecossistemas qual a força humana

da Terra Mas não é só isso. Os cientistas ainda dizem mais:

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Em fevereiro de 1985 foi para

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Maria Cristina Silva é Leiga Missionária da Consolata em São Paulo, SP.

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Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.

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Com informações do Movimento Maranata, jornal O São Paulo e arquivo Missões.

Foto 1: Com a equipe de redação da revista Missões na

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Como se sente celebrando 60

Benildes Capelotto, MC, é missionária em São Paulo.

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pesquisa foi realizada de 13 a 16 de dezembro econômica e a inflação, que empobreceram

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