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Fibra de coco
Aproveitamento
Agosto/2011
Edição atualizada em Setembro/2021
Fibra de coco
O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT fornece soluções de informação tecnológica sob medida, relacionadas aos
processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele é estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de
pesquisa, universidades, centros de educação profissional e tecnologias industriais, bem como associações que promovam a
interface entre a oferta e a demanda tecnológica. O SBRT é apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.
Dossiê Técnico CASTILHOS, Lisiane Fernanda Fabro de
Fibra de coco
Instituto de Tecnologia do Paraná - TECPAR
8/8/2011
Resumo Informações sobre o processo de obtenção da fibra de coco,
suas propriedades e aplicações. Descrição da composição do
fruto, método e equipamentos para obtenção da fibra, sua
utilização como substrato agrícola, como matéria-prima para
fabricação de objetos de jardinagem, na construção de placas
acústicas e de isolamento térmico, no revestimento para bancos
de automóveis, na adição como reforço em compósitos
poliméricos, fibrocimento, concreto e mistura asfáltica, fabricação
de mantas para proteção de encostas, recuperação de áreas
desmatadas e biofilme em tratamentos de efluentes.
Salvo indicação contrária, este conteúdo está licenciado sob a proteção da Licença de Atribuição 3.0 da Creative Commons. É permitida a
cópia, distribuição e execução desta obra - bem como as obras derivadas criadas a partir dela - desde que dado os créditos ao autor, com
menção ao: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - http://www.respostatecnica.org.br
Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
2 COMPOSIÇÃO DO FRUTO ............................................................................................. 3
3 CONSTITUIÇÃO DAS FIBRAS VEGETAIS ..................................................................... 4
4 PROCESSO DE EXTRAÇÃO DAS FIBRAS .................................................................... 5
5 APLICAÇÃO DAS FIBRAS .............................................................................................. 7
5.1 Fibra da casca do coco verde como substrato agrícola ........................................... 7
5.2 Embalagem de fibra de coco....................................................................................... 8
5.3 Adição de fibra de coco em concreto não estrutural ................................................ 8
5.4 Uso de fibras de coco em compósitos ....................................................................... 9
5.5 Adição de fibras de coco em misturas asfálticas ...................................................... 10
5.6 Mantas de fibra de coco .............................................................................................. 11
5.7 Objetos para jardinagem ............................................................................................. 13
5.8 Chapas de fibra de coco.............................................................................................. 14
5.9 Produção de gabinetes ecológicos de computadores .............................................. 15
5.10 Banco de automóveis ................................................................................................ 16
5.11 Obtenção de papel ..................................................................................................... 17
5.12 Produção de enzimas ................................................................................................ 18
5.13 Complementação alimentar animal .......................................................................... 18
5.14 Fabricação de cordas, vassouras e capachos......................................................... 18
5.15 Suporte para biofilme em sistema de tratamento de efluente ................................ 20
Conclusões e recomendações ......................................................................................... 20
Referências ........................................................................................................................ 21
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma planta comum da região litorânea do Nordeste,
entretanto, pode ser cultivado em outras regiões de clima tropical caracterizado por uma
temperatura acima de 220C, com elevada umidade e chuvas sazonais. Para que haja um
bom desenvolvimento da planta, além do clima, o solo deve ser leve, profundo, permeável e
arejado (PORTAL SÃO FRANCISCO, [200-?]).
As cascas do coco verde correspondem a 80% do peso bruto do fruto. O país é o maior
produtor de água de coco, com 1,9 bilhão de cocos colhidos em 2015, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este material vem sendo disposto em
aterros e lixões, provocando um enorme problema aos serviços municipais de coleta de lixo
devido ao seu grande volume. O meio ambiente leva de 8 a 12 anos para decompor o coco.
O desenvolvimento de alternativas de aproveitamento da casca de coco verde possibilita
reduzir a quantidade de resíduos sólidos nos aterros sanitários, além de proporcionar uma
nova opção de rendimento (CARRIJO; LIZ; MAKISHIMA, 2002; GITEL, 2018; VALE;
SOARES; CASAGRANDE, 2007).
As fibras de coco se destacam por apresentarem alta disponibilidade no país, baixo custo e
propriedades físico-químicas adequadas à confecção de diversos produtos como cordas,
escovas, tapetes, estofamentos automotivos, reforço em compósitos, entre outros
(DUARTE; IMAI; NII, 2009).
2 COMPOSIÇÃO DO FRUTO
O coco, fruto formado a partir de uma semente chamada drupa, é constituído basicamente
por um epicarpo, que consiste em uma camada externa fina e lisa que forma a sua casca;
mesocarpo, camada intermediária fibrosa de onde obtém-se a fibra; endocarpo, uma
camada lenhosa e dura e a castanha chamada de albúmem sólido, que é a parte do fruto de
maior valor comercial, além da água de coco. O fruto chega a alcançar o peso médio de 3 a
4 Kg e a quantidade de água diminui à medida que o coco amadurece (PORTAL SÃO
FRANCISCO [200-?]; FAGURY, 2005).
A fibra de coco extraída do mesocarpo, parte espessa fibrosa do fruto (FIG. 2) apresenta
uma elasticidade superior a outras fibras vegetais, além de uma elevada capacidade de
resistir à umidade e a altas variações nas condições climáticas. É constituída de materiais
lignocelulósicos, sendo suas principais características a baixa densidade, a boa flexibilidade
no processamento e a facilidade de modificação perante agentes químicos, além de fonte de
recursos renováveis, biodegradáveis e não abrasivos (PANNIRSELVAM et al., 2005; VALE;
SOARES; CASAGRANDE, 2007).
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DOSSIÊ TÉCNICO
As fibras das cascas de coco possuem uma quantidade menor de celulose, contudo, o
percentual de lignina é grande, cerca de duas a quatro vezes maiores que os valores
existentes nas fibras de juta e sisal, tornando-a extremamente vantajosas frente às outras
fibras. O teor de lignina nas fibras varia em função da idade do fruto, girando entre 20% nas
fibras de coco jovem e de aproximadamente 35% no fruto maduro (PASSOS, 2005).
As principais características a serem avaliadas nas fibras são: qual tipo de celulose está
presente (cada tipo de celulose tem a sua geometria e a geometria das células influencia
nas propriedades físicas); qual é a idade da fibra; qual é a relação entre as quantidades de
celulose, hemicelulose e lignina e, finalmente, qual é o nível de cristalização das fibrilas que
formam as fibras. As propriedades mecânicas das fibras de coco estão descritas no Quadro
1.
Comprimento da fibra 15 a 33 cm
Diâmetro da fibra 0,05 a 0,4 mm
Cor Marrom claro a escuro
Toque Áspero, duro
Alongamento Muito alto
Densidade Muito baixa
Higroscopicidade Tolerância de 13%
Lignificação Forte
Tingibilidade Boa
Quadro 1 – Características mecânicas da fibra de coco
Fonte: Adaptado de (CLAUS, [200-?])
O processo convencional de extração das fibras ocorre de duas formas: por maceração ou
desfibramento mecânico. A maceração é realizada nas fibras de coco verde, enquanto o
desfibramento mecânico ocorre nas fibras de coco seco.
Após o desfibramento, as fibras devem ser lavadas em água corrente para a remoção
parcial da lignina. Então, seguem para a secagem que pode ser feita ao sol ou em estufas,
são separadas através de peneiramento (longas ou curtas) (CLAUS, [200-?]).
• A trituração onde a casca de coco é cortada e triturada por um rolo de facas fixas;
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DOSSIÊ TÉCNICO
As fibras de coco são utilizadas na fabricação de tapetes e capachos, pois têm alta
durabilidade, maior retenção da sujeira, além de fungicida natural; em cordame especial
para navios, devido a sua resistência à água do mar; em escovas e vassouras; como
enchimento de almofadas; na fabricação de madeira prensada; mantas para
reflorestamento; suporte para biofilme, entre outras (CLAUS, [200-?])
A fibra da casca de coco verde tem sido utilizada na preparação de substratos para cultivo
de mudas de hortaliças. Para isto, as fibras devem passar por um processo de
compostagem (CARRIJO; LIZ; MAKISHIMA, 2002).
Para obter-se um bom substrato é necessário que o cumprimento das fibras seja pequeno,
portanto, deve-se diminuir o tamanho das fibras, o que consequentemente aumenta a
capacidade de retenção de umidade e nutrientes. A unidade da Embrapa Hortaliças tem
obtido bons resultados utilizando trituradoras e peneiras com furos de 3 mm ou 4 mm de
diâmetro para o cultivo sem solo, entretanto, para a produção de mudas é recomendável
substrato com granulometria ainda menor (CARRIJO; LIZ; MAKISHIMA, 2002).
As principais características para um bom substrato são, entre outras, uma porosidade
acima de 85%, a capacidade de aeração entre 10 e 30% e facilidade na assimilação de
água de 20 a 30%. Já as propriedades físico-químicas da fibra de coco dependem do
processamento e da casca, entretanto, estima-se que a porosidade média é cerca de 95% a
capacidade média de aeração 45,5% e a facilidade na assimilação de água 19,8%.
Conferindo ao substrato com fibra de coco uma boa qualidade (CARRIJO; LIZ; MAKISHIMA,
2002).
Segundo Carrijo, Liz e Makishima (2002), o cultivo de hortaliças sem o uso do solo, com
substrato de fibra de coco apresentou excelente resultado devido a sua baixa degradação
mediante a intensa aplicação de água e fertilizantes. Quando comparado a outros sete tipos
de substratos, este apresentou uma pequena superioridade.
Para que a utilização do substrato de fibra de coco seja eficiente no plantio de mudas é
necessário um processo de compostagem. A maneira de preparar o substrato é descrita a
seguir.
Para 3 partes de fibra de coco deve-se adicionar uma parte de cama de aviário e mais 2
kg/m3 de fosfato, deixando em compostagem por 60 dias e revirando o conteúdo a cada 15
dias. O armazenamento deve ser em local limpo, seco e coberto (EMPRESA BRASILEIRA
DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, [200-?]).
Chamados de “coco bag” são sacos feitos com fibra de coco para armazenamento de
substrato e germinação de mudas, substituindo os tradicionais sacos de plástico (FIG. 6).
Suas principais características são:
Diversos estudos sobre adição de fibras em concreto com intuito de melhoramento das
propriedades do concreto convencional foram realizados, entre eles, a adição da fibra de
coco (BENTO et al., 2008).
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DOSSIÊ TÉCNICO
O concreto composto com a fibra de coco apresentou resultado satisfatório apenas para a
aplicação não estrutural onde não sofre grandes solicitações, pois a degradação da fibra em
relação ao tempo não permite que ele suporte grandes esforços tanto de compressão como
tração. Entretanto, ele apresentou boa propriedade de vedação devido ao baixo módulo de
elasticidade, além de isolamento acústico e térmico (BENTO et al., 2008).
O desenvolvimento de novos materiais com adição de fibras vegetais tem sido pesquisado e
utilizado para substituição da fibra de vidro em compósitos poliméricos, com intuito de
reduzir a quantidade destas fontes não renováveis. Com o advento desta tecnologia, os
compósitos reforçados com fibra de coco, sisal e juta estão competindo com os plásticos
reforçados com fibra de vidro (PASSOS, 2005).
• Biodegradabilidade e reciclabilidade;
• Resistência a temperaturas (até 2000C) altas sem perda significativa das suas
propriedades (PANNIRSELVAM et al., 2005).
As propriedades das fibras podem ser alteradas pela modificação química, o que permite um
crescimento do seu potencial em aplicação tecnológica. A modificação química convencional
consiste na reação de esterificação, copolimerização superficial, onde a superfície da fibra
lignocelulósica pode ser alterada pelas ligações de ramificação com monômeros vinílicos e a
ativação por plasma, onde um gás ionizado modifica as propriedades da fibra de acordo
com sua natureza (PANNIRSELVAM et al., 2005).
O novo produto foi desenvolvido a partir de uma mistura de cimento, resíduos siderúrgicos,
fibras vegetais (de bananeira, sisal, coco, eucalipto ou outras plantas) e sintéticas. Seu
nome técnico é fibrocimento vegetal (TELHA..., [200-?]).
Figura 7 – (a) placa de compósito com papel e fibra de coco (b) telha do compósito impermeabilizada
Fonte: (PASSOS, 2005)
Com o aumento do volume de tráfego e da carga dos veículos nas rodovias, a preocupação
em desenvolver pavimentos de alta durabilidade e segurança que atendam os requisitos de
custo e beneficio é cada vez mais importante, pois este é um fator que exerce forte
influência na escolha do revestimento (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007).
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DOSSIÊ TÉCNICO
No Brasil, devido a grande quantidade de coco produzida, a pesquisa utilizou a fibra deste
fruto para avaliar sua aplicabilidade quando incorporada ao revestimento em substituição a
celulose. A percentagem de fibra adicionada ao revestimento asfáltico varia entre 0,3 a
0,4%, apesar das fibras não exercerem influencia no desempenho da mistura após a
compactação. Quando adicionada, ela forma uma película ao redor do granulado retardando
a oxidação, a penetração de umidade e a sua separação e, consequentemente,
aumentando a resistência ao desgaste do concreto asfáltico produzido (VALE; SOARES;
CASAGRANDE, 2007).
As mantas de fibra de coco são ideais para o controle de erosão, formação de taludes para
contenção de encostas e assoreamento na beira de rios, canais e córregos, revegetação em
estradas, paisagismo de parques urbanos e urbanização de jardins (ENGEPLAS, [200-?]).
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DOSSIÊ TÉCNICO
O uso da fibra de coco na confecção de produtos para jardinagem tem se difundido devido
ao fato da fibra ser antifúngica e possuir propriedades semelhantes às do xaxim, que em
razão de sua quase extinção tem extração controlada. Sua homogeneidade e capacidade de
absorção faz dos vasos de fibra um excelente retentor de água, auxiliando na hidratação e
aeração das plantas (VASOS..., 2009; POEMATEC, [200-?]).
• Absorver umidade;
• Perspirante;
• Alta durabilidade;
• Fungicida natural;
• Maleável;
Para a fabricação de vasos de coco deve-se seguir as etapas de moagem, onde a casca do
coco é moída formando um granulado bem próximo ao pó; aglutinação onde um látex é
misturado a fibra (relação em peso é de 30% de látex para 70% de coco), para então ser
prensado e moldado; em seguida, vulcanizado em estufas durante 1 hora e meia a uma
temperatura de 70ºC (VASOS..., 2009).
A confecção de chapas usando fibras de coco e resinas como aglutinante, com a finalidade
de isolamento acústico e térmico, tem ganho mercado devido ao custo e a sustentabilidade
do produto. O isolamento acústico é uma das utilidades mais nobres da fibra de coco. A
elevada quantidade de lignina produz placas rígidas que absorvem as baixas frequências,
reduzindo substancialmente os níveis sonoros, quer seja por impacto ou aéreos, tornando o
material um excelente isolante. Sua utilização em conjunto com a cortiça apresenta um dos
melhores índices de isolamento acústico (SILVA et al., 2003).
Estas placas de fibra possuem resistência inferior à madeira, entretanto, sua capacidade de
isolamento térmico representa um alto ganho energético com refrigeração, principalmente
em países de clima tropical. Sua aplicação em paredes e tetos é recomendada nestas
regiões (PASSOS, 2005).
Dentro desta concepção, diversos produtos foram introduzidos no mercado com as mais
variadas finalidades.
A utilização de fibras de coco aglomeradas com látex natural e acoplada com plástico e
tecido não tecido (TNT) como revestimento para piso possui grandes vantagens, além da
sustentabilidade (FIG. 13). A utilização deste piso reduz em torno de 20% os ruídos quando
comparados aos demais e isola o frio e umidade devido a sua camada de plástico
(ENGEPLAS, [200-?]).
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Utilizadas na construção civil como pisos, forros e paredes, as placas são aglomeradas com
látex natural e resina acrílica (FIG. 14). Funcionam como antirruído, junta de dilatação e
isolante térmico. Suas principais características são redução de ruído e isolamento térmico
de 20%, fácil aplicação, possuem várias densidades e espessuras (ENGEPLAS, [200-?]).
A seguir, as fibras foram levadas à estufa a temperatura em torno de 120ºC para ser
desidratadas por um período de duas horas. Este valor de temperatura foi determinado de
modo experimental para que a taxa de evaporação não modifique as suas propriedades
mecânicas (MACHADO; DAMM; FORNARI JUNIOR, 2009).
As fibras moídas foram separadas em peneiras vibratórias e então coloridas com anilina
diluída em álcool, ou por fervura em corantes diluídos em água. A granulometria das fibras
escolhidas para o compósito era de 40 mesh, para esta escolha foram realizados testes
experimentais com pequenos corpos de prova com vários comprimentos de fibras
(MACHADO; DAMM; FORNARI JUNIOR, 2009).
Para confecção das placas foram construídas molduras nos tamanhos correspondentes às
placas originais do computador. As placas fabricadas foram compostas de resina, fibra de
coco e iniciador, responsável pelo endurecimento da resina. Durante os ensaios, algumas
placas apresentaram defeitos como empeno, trincas e bolhas devido a quantidade de
iniciador. Após vários testes, definiu-se que o valor ideal de iniciador para composição das
placas é de 0,8% mássico (MACHADO; DAMM; FORNARI JUNIOR, 2009).
A utilização de fibra de coco na composição de assentos para automóveis teve inicio com a
Mercedes-Benz em 1994, com a fabricação de encostos de cabeça para os caminhões. A
partir de 1999 a fibra passou a ser utilizada na composição dos assentos dianteiros do
modelo Classe A. Hoje, diversas fábricas europeias utilizam o estofamento de fibra de coco
(FIG. 15) (CLAUS, [200-?]).
• Resistente a impactos;
• Biodegradável e reciclável;
• Alta resistência;
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Salazar e Leão ([200-?]) pesquisaram a qualidade dos assentos de fibra de coco utilizados
em automóveis, comparando-os aos de poliuretano. Para as análises de teste de qualidade
e vida útil desenvolveu-se um equipamento que realiza simultaneamente a compressão e
torção do material com o objetivo de simular as condições de uso.
Com base nos testes de comparação, concluiu-se que todas as amostras com fibra de coco
apresentaram deformação superior a da espuma, independente das condições de
envelhecimento e umidade (SALAZAR; LEÃO, 2000).
O engenheiro Fred Albán desenvolveu uma pesquisa para a produção de papel com fibras
de coco mescladas às de pinheiros e eucaliptos, comumente utilizadas na produção de
papel. Segundo ele, esta mescla é necessária, pois as fibras de coco não são
suficientemente compridas para obter um papel flexível e resistente (SENHORAS, [2004]).
A utilização da fibra de coco reduz a quantidade dos outros materiais, diminuindo tempo de
corte das árvores e área de plantio. Entretanto, existem limitações quanto ao planejamento e
a gestão logística, é necessária uma integração entre a indústria de papel e celulose e a
cadeia agroindustrial do coco verde (SENHORAS, [2004]).
A produção do papel consiste na seleção das fibras para eliminar os possíveis nós formados
durante a sua extração, seguindo para o corte e fervura. Durante este período, as fibras
podem ou não receber corantes. Após a fervura, as fibras seguem para a bateção onde são
agitadas até se transformarem em uma pasta. Finalizada esta etapa, a pasta é colocada em
placas teladas e seguem para tanques com água onde, por movimentos alternados, se
transformam no papel que é prensado para a remoção do excesso de água (CLAUS, [200-?]).
Uma boa alternativa para a casca de coco verde é a utilização em processos fermentativos,
com a produção de enzimas. Assim como os demais rejeitos agroindustriais, a fibra de coco
verde contém grande quantidade de compostos como celulose, hemicelulose e pectina que
funcionam como indutores na produção de enzimas extracelulares, como as celulases,
xilanases, pectinases e outras, sendo adequada para o desenvolvimento microbiano sem
que haja necessidade de grandes complementações nutricionais (SENHORAS, [2004]).
A alimentação animal não deve ser feita exclusivamente com a fibra de coco como ração,
pois a baixa digestibilidade e pouca palatabilidade dificultam a ingestão voluntária, além de
possuir quantidades insuficientes de minerais, energia e proteínas. Por isso, é necessário o
acréscimo de outros complementos. Para melhorar o aproveitamento da fibra do coco verde
é necessário um tratamento químico relativamente fácil barato e bastante acessível aos
produtores (SENHORAS, [2004]).
As fibras de coco podem ser usadas para a fabricação de cordas, capachos e vassouras.
Para fabricação de cordas e vassouras são utilizadas as fibras curtas, o processo é simples
e não exige pessoal especializado (SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DE SANTA CATARINA, [200-?]).
• As fibras são amolecidas com água para evitar desfiamento durante o corte;
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• Fixação do suporte;
Até a Segunda Guerra Mundial, as cordas eram feitas de fibras naturais como cânhamo,
linho, coco, sisal, com o surgimento das fibras sintéticas, hoje existem diversos tipos de
cordas para diferentes funções (NÓS..., 1999).
As cordas tradicionais são formadas de fibras torcidas, a grande maioria das cordas de
fibras naturais possuem 3 cordões que são enrolados para a direita, geralmente as cordas
enroladas para a esquerda possuem 4 cordões e são em média 10% mais fracas que as
cordas com 3 cordões. As fibras são enroladas para a direita, cada uma na direção oposta à
anterior para formar o fio; os fios são reunidos e torcidos para formar os cordões; estes por
sua vez são torcidos para formar a corda (FIG. 16) (NÓS..., 1999).
Algumas desvantagens das cordas naturais são facilidade de desgaste quando exposta ao
sol e a produtos químicos, o inchamento quando em contato com água e a menor
resistência devido ao fato das fibras naturais não serem contínuas como as sintéticas
(NÓS..., 1999).
Os capachos de fibra de coco são resistentes ao tráfego, podendo ser usados em encaixe
de entradas, elevadores e escadas. Suas fibras funcionam como escovas que limpam e
retêm a sujeira em até 70%, deixando o ambiente mais limpo e o piso protegido.
Geralmente, sua base é emborrachada e antiderrapante, tornando-o mais seguro, além de
proteger as fibras, aumentando sua vida útil e mantendo-o livre da umidade (REAL
TAPETES, [200-?]).
Algumas desvantagens do capacho de fibra natural em relação a fibra sintética é que ele
não permite a pintura de boa qualidade e não pode ser lavado, devido ao elevado tempo de
secagem (REAL TAPETES, [200-?]).
Foram realizados testes em colunas de acrílico utilizando a fibra de coco como suporte.
Estas colunas foram alimentadas com um efluente de esgoto contaminado artificialmente
com cádmio. Análises de demanda química de oxigênio (DQO), demanda biológica de
oxigênio (DBO) e microscopia eletrônica de varredura (MEV) demonstraram que a utilização
da fibra apresentou desempenho satisfatório em relação a redução de DQO, DBO e cádmio
(BEZERRA; RIZZO; AZEVEDO, 2008).
Conclusões e recomendações
Material complementar:
BAHIA RURAL. Especial Litoral Norte: conheça a versatilidade da fibra do coco. Vídeo.
2015. Disponível em: <https://globoplay.globo.com/v/4670371/>. Acesso em: 13 set. 2021.
CETEM. Utilização da fibra da casca de coco verde como suporte para a formação de
biofilme visando o tratamento de efluentes. 2008. Disponível em:
<http://mineralis.cetem.gov.br/bitstream/cetem/318/1/sta-51.pdf>. Acesso em: 13 set. 2021.
ECYCLE. Casca do coco verde pode ser aproveitada para a produção de fibras vegetais. 08
abr. 2013. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/casca-do-coco-verde-pode-ser-
aproveitada-para-a-producao-de-fibras-vegetais/>. Acesso em: 13 set. 2021.
www.respostatecnica.org.br 20
DOSSIÊ TÉCNICO
VIDA NO JARDIM. Uso e benefícios da fibra de coco. Vídeo. 2017. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=w7mcd64x_Jc>. Acesso em: 13 set. 2021.
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coco; fibra de coco; fibra natural; fibra vegetal para encontrar os arquivos recomendados
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Referências
BEZERRA, Rodrigo dos Santos; RIZZO, Andréa Camadella de Lima; AZEVEDO, Bianca de
Souza Manhães de. Utilização da fibra da casca de coco verde como suporte para formação
de biofilme visando o tratamento de efluentes. In: JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
DO CETEM, 16., 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Cetem, 2008. Disponível
em: <https://www.cetem.gov.br/antigo/jornadas/jornada-de-iniciacao-
cientifica/item/download/591_b9727da6887677903cdd0e3752837e45>. Acesso em: 13 set.
2021.
CARRIJO, Osmar Alves; LIZ, Ronaldo Setti de; MAKISHIMA, Nozomu. Fibra da casca do
coco verde como substrato agrícola. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 4, n. 20, p. 533-
535, dez. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/hb/v20n4/14486.pdf>. Acesso em:
13 set. 2021.
CLAUS, Carlos. Ciência das fibras: coco. [S.I.], [200-?]. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/doc/38712098/Fibra-do-coco>. Acesso em: 13 set. 2021.
DUARTE, Denise; IMAI, Estela Mari; NII, Patricia Megumi. Fibras naturais e sua aplicação
na arquitetura. São Paulo: USP, 2009. Disponível em:
<http://www.usp.br/fau/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aut0221/Trabalhos_Fina
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GITEL, Murilo. Reaproveitamento do coco verde vira negócio na Bahia. Correio, Salvador,
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<https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/reaproveitamento-do-coco-verde-vira-
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MACHADO, Kaio Cruz; DAMM, Djoille Denner; FORNARI JUNIOR, Celso Carlino Maria.
Reaproveitamento tecnológico de resíduo orgânico: casca de coco verde na produção de
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Disponível em: <http://portoseguro.olx.com.br/pictures/fibra-de-coco-e-substrato-de-coco-
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<http://www.realtapetes.com/capachos.html>. Acesso em: 13 set. 2021.
www.respostatecnica.org.br 22
DOSSIÊ TÉCNICO
SALAZAR, Vera Lúcia Pimentel; LEÃO, Alcides Lopes. Aproveitamento da fibra de coco com
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