Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EM PORTUGAL E BRASIL
NOS SÉCULOS XIX E XX
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
5
A partir dessas questões, os estudos da presente publicação trazem
importantes contribuições sobre o elaborado processo de mercado, os
fenómenos de gosto, tendência e influência criados a partir de diversas
coleções reais e oficiais em Portugal e Brasil.
6
A COMPRA DA COLECÇÃO DE PINTURA
DE CHARLES-JOSEPH, PRÍNCIPE DE
LIGNE (1735–1814), PELO PRÍNCIPE
REGENTE D. JOÃO (1767–1826)
E O SEU IMPACTO NAS COLECÇÕES
DO MUSEU NACIONAL DE BELAS
ARTES DO RIO DE JANEIRO
Resumo Palavras-chave
É nosso propósito apresentar um “caso de Príncipe de Ligne; Príncipe Regente D. João;
estudo”, relativo à compra de um conjunto Coleção de Pintura; Museu de Belas Artes do Rio
de pinturas da colecção do Príncipe Charles- de Janeiro.
Joseph de Ligne, em 1795, pelo então Príncipe
Regente D. João, cuja negociação terá envolvido
destacados elementos da elite nobiliárquica
portuguesa. Este trabalho insere-se no âmbito
mais amplo do estudo sobre os legados materiais
do Antigo Regime e da sua importância na
formação das actuais colecções públicas de arte.
Procuramos, através de documentação inédita
dos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo,
bem como de catálogos e documentação
relativos ao acervo do Museu de Belas Artes
do Rio de Janeiro, aprofundar o conhecimento
sobre as colecções régias de arte de D. João VI,
identificar pinturas que adquiriu no período
em que exerceu a regência do Reino (a partir
de 1792), bem como a trajectória daquelas, das
colecções régias, até à sua posterior incorporação
nas colecções públicas de arte, no século XIX,
como consequência da criação das instituição
museológicas no novo Reino.
7
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
8
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
9
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
10
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
11
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
12
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
13
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
14
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
15
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
O ENVIO DA COLECÇÃO
16
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
preço total por que S. Mag.de foi servida comprarlhe” aquela, “que agora
se remete a Lisboa, como segura no comboio, que vai partir de Trieste
(...)”24, não sendo provável que tardasse muito a sua chegada, uma vez
que os barcos carregavam, de igual modo, cereais necessários ao abaste-
cimento de Lisboa.
17
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
18
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
19
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
20
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 1 – Retrato do Conde João de Nassau-Siegen, Fig. 2 – Retrato de Claudio La Moral, autor
autor desconhecido; óleo sobre tela; 209 x 118 cm; desconhecido; óleo sobre tela; 192 x 113,5 cm;
Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro. Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro.
21
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
22
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
NOTAS
1 GOMES, Paulo Varela, Reviewed Work(s): “Art and Patronage in the Eighteenth-Century Portugal by Angela
Delaforce”, The Journal of the Society of Architectural Historians, vol. 62, n.º 1, Mar. 2003, pp. 159–161.
2 MALKIEL-JIRMOUNSKY, Myron, Pintura à Sombra dos Mosteiros, Atica, Lisboa 1957, pp. 28–29.
3 GOMES, Paulo Varela, “Correntes do Neoclassicismo europeu na pintura portuguesa do século XVIII”, Portugal e
Espanha entre a Europa e Além Mar, IV Simpósio Luso-Espanhol de História da Arte, Instituto de História da Arte,
Universidade de Coimbra, Coimbra, 1988, pág. 480.
4 SANTOS, Paula Mesquita, “A Colecção de D. Carlota de Bourbon, oriunda do Ramalhão, em Sintra […]”, in Vária
Escrita, n.º 2, Sintra, 1995, pp. 261–312.
5 BLANCO, Francisco Cordeiro, “Uma Carta Inédita de Vieira Portuense”, in Boletim do Museu Nacional de Arte
Antiga, Vol. I, n.º 3, Lisboa, 1948, pp. 147–151.
6 RACZYNSKI, Le Comte A., Les Arts en Portugal. Lettres Adressées à la Societé Artistique et Scientifique de Berlin,
Paris, Jules Renouard, 1846, pp. 404–405.
7 As colecções de arte da Rainha D. Carlota Joaquina de Bourbon (1775–1830): da colecção privada aos Museus Públicos.
O manuscrito da Biblioteca da Ajuda: Memórias e Silêncios. Repositório Institucional Camões. Universidade
Autónoma de Lisboa. https://repositorio.ual.pt/handle/11144/4459.
8 Arquivo Nacional da Torre do Tombo (A.N.T.T.), Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Livro 749, carta
nº 30 de 2 de Julho de 1795.
9 MANSEL, Philip, Le Prince de Ligne le charmeur de l´Europe, Perrin, 2002, pág. 9.
10 LIGNE, Charles Joseph, Memoires du Prince de Ligne, Bruxelles et Leipzig, 1860, pág. 170.
11 LIGNE, Charles Joseph, Idem, 1860, pág. 155.
12 LIGNE, Charles Joseph, Idem, 1860, pág. 155; MANSEL, 2002, pág. 162.
13 LIGNE, Charles Joseph, Idem, 1860, pág. 151.
14 MANSEL, 2002, pág. 75.
15 LIGNE, Charles Joseph, Memoires du Prince de Ligne, Bruxelles et Leipzig, 1860, pág. 151.
16 ELIAS, Norbert, La Société de Cour, Flammarion, 1997, pp. 43–44.
17 ELIAS define esta condição como Status-consumption ethos. Elias, 1997, pág. 48.
18 LIGNE, Charles Joseph, prince de, 1735–1814, Fragments de l´histoire de ma vie, Plon, Paris, 1927, pág. 166. Consulta
online https://archive.org/details/fragmentsdelhist01lign/page/n43/mode/2up. Dia 15.05.20.
19 A.N.T.T., Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Livro 749, carta nº 51, de 12 de Novembro de 1795.
20 BLUTEAU, Rafael, Diccionario da Língua Portugueza, Officina Simão Thadeo Ferreira, Lisboa, 1789, pág. 104.
21 LIGNE, Prince de, Fragments de l´histoire de ma vie, Paris, Libraire Plon, Paris, 1927, t. I pág.166, cit. por Xavier,
Hugo, “Os Tempos Monárquicos: dos faustos joaninos ao ateliê de D. Carlos”, in Pintura e Mobiliário do Palácio de
Belém, Museu da Presidência, 2005, pág. 28.
22 A.N.T.T., Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Livro 749, n.º4, 14 de Janeiro de 1795.
23 A.N.T.T., Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Livro 750, nº 30 de 16 de Julho de 1796.
24 A.N.T.T., Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Caixa 526.
25 MOURA, Yara, A Coleção de D. João VI, Museu Nacional de Belas Artes, RJ, 2008, pág. 80.
26 PATERNOSTRO, “Pinturas holandesas e flamengas no acervo do Museu Nacional de Belas Arte”, in catálogo A
Presença Holandesa no Brasil, Museu nacional de Belas Artes, RJ, 2003, pág. 10.
27 MOURA, Yara, A Coleção de D. João VI, Museu Nacional de Belas Artes, RJ, 2008, pág. 80.
23
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
28 MOURA, Yara, A Coleção de D. João VI, Museu Nacional de Belas Artes, RJ, 2008, pp. 78–80–92.
29 http://dbe.rah.es/biografias/22126/claudio-lamoral-de-ligne-y-lorena, consulta no dia 30.03.2020.
30 https://g.co/arts/gYcxLQnEygaYwqv28, consulado a 30.03.2020.
31 MOURA, Yara, A Coleção de D. João VI, Museu Nacional de Belas Artes, RJ, 2008, pp. 54–55.
32 PATERNOSTRO, Zuzana, Pintura Italiana Anterior ao Século XIX no Museu Nacional de Belas Artes, Catálogo
Raisonné, Tomo I, coord. Luiz Marques, Instituto Brasileiro do Património, 1992, pág. 12.
24
ARTE E DIPLOMACIA NO FINAL
DO ANTIGO REGIME: AS COLEÇÕES DO
CONDE DA BARCA E DO MARQUÊS DE
MARIALVA NA SUA AÇÃO DIPLOMÁTICA
AO SERVIÇO DE PORTUGAL
PATRICIA D. TELLES
Investigadora bolseira de Pós-Doutoramento, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal.
pat2telles@gmail.com
Resumo Palavras-chave
No Antigo Regime, devido à fluidez das Arte; Diplomacia; Coleções de Arte;
fronteiras entre a vida privada e a oficial e o Marquês de Marialva; Conde da Barca.
incipiente processo da sua profissionalização,
os agentes diplomáticos colocavam os seus
próprios recursos ao serviço da representação
de seus reis. Neste contexto, a partir de obras e
documentos, veremos como as coleções de arte
dois diplomatas portugueses, António de Araújo
de Azevedo (1754–1817), Conde da Barca, e
D. Pedro Joaquim José Vito de Meneses
Coutinho (c. 1775–1823), 6º Marquês de
Marialva, não apenas expressavam os seus gostos
pessoais, mas serviam como instrumentos de
relações exteriores, facilitando a sua inserção
em diferentes cortes.
25
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
26
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
27
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
28
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
29
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
30
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
31
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
32
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
33
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
34
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] CARDIM, Pedro – A prática diplomática na Europa do Antigo Regime. in RODRIGUES, Luís Nuno
e MARTINS, Fernando, História e Relações Diplomáticas, CIDEHUS, Edições Colibri, Évora, 2004,
p. 11–53.
[2] [CASTEL, R.R. L.] – Lettres de René-Richard Louis Castel auteur du poème des plantes au comte
Louis de Chevigné, son élève et son ami., 1821, 1822, 1823, 1824, Imprimerie Delaunois, Rheims,
[s/d].
[3] Catalogue de tableaux, gouaches, estampes et médailles composant le Cabinet de feu M. le Mis de
Marialva, Ambassadeur de Portugal près de la Cour de France, Imprimerie de Hocquet, Paris, 1824.
[4] FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no Século XIX, 3ª edição, Bertrand Editora, Venda-
Nova, 1990, volume 1.
[5] GRAHAM, Aaron – Connoisseurship, consumption, company, and James Brydges, First Duke of
Chandos, 1705–13, Huntington Library Quarterly, vol. 80. n.º 4, 1990, pp. 539–557.
[6] GROOT, C. Hofstede de – A catalogue raisonné of the works of the most eminent Dutch painters of
the seventeenth century based on the work of John Smith, Macmillan and Co., London, 1912.
[7] LUÍS, Nuno Castro – O último Marquês de Marialva – um embaixador na Europa de Viena,
História. Revista da FLUP, Porto, 2015, vol. 5, pp. 37–52.
[8] MALTA, Marise e TELLES, Patricia – Inventário, invenção e individuação: um estudo sobre os
móveis e apetrechos do Conde da Barca a partir de documentos descritores, SANTOS, A. B; AIRES, A.
P e SANTOS, C. A. A (org.), Anais do IV Colóquio Internacional A Casa Senhorial: Anatomia dos
Interiores, CLAEC, 2917.
[9] MARTIN, Jean – Oeuvre de J. B. Greuze: catalogue raisonné, suivi de la liste des gravures exécutées
d’après ses ouvrages, 1908.
35
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
[10] SMITH, John – A catalogue raisonné of the most eminent Dutch, Flemish and French Painters....
6th Part, Smith & Son, London, 1835,
[11] TELLES, Patricia – O cavaleiro Brito e o Conde da Barca: dois diplomatas portugueses e a “missão
francesa” de 1816 ao Brasil. Documenta, Sistema Solar, Lisboa, 2018.
36
O MANTO DITO DA ACLAMAÇÃO
DO REI D. JOÃO VI: CONFEÇÃO,
CONSERVAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO
Resumo Palavras-chave
O manto dito da Aclamação do rei D. João Manto; Aclamação; PatrimónioTêxtil;
VI ocorrida no Brasil em 1818, pertencente Documentação Coeva;
ao acervo do Palácio Nacional da Ajuda, é
uma peça de vestuário que na sua elaboração
conjuga os preceitos da confeção, a utilização
dos materiais nobres e ecléticos e as técnicas
decorativas do bordado. Pretende-se relacionar
a caracterização técnica do manto com a
informação da documentação coeva, entretanto,
encontrada no Arquivo Nacional da Torre do
Tombo, contribuindo para o desenvolvimento
do conhecimento do património têxtil e, sua
consequente, divulgação e valorização.
37
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
38
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Globos 36 3 39
Castelos 38 4 42
Escudos 37 3 40
39
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
40
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 1 – Manto Real dito do rei João VI, Palácio Nacional da Ajuda,
Nº de Inv. PNA 2420, 300 x 150 cm, Arquivo de Documentação Fotográfica/ DGPC;
41
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
42
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
“pelo bordado num cabeção para o manto real com grande cercadura larga e rica”;
“por quarenta e três globos bordados e de os pregar no dito manto”;
“por 43 castelos bordados e de os pregar no manto”;
“por quarenta e duas quinas”;
43
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
44
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 5 – Pormenor do veludo do manto real PNA Fig. 6 – Pormenor da lhama do forro do manto real
2420; Fotografia de Jorge Oliveira – DGPC; PNA 2420; Fotografia de Jorge Oliveira – DGPC;
45
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
bern, Stéphane; ferrand, Franck, Portraits de Cour. Paris: Éditions du Chêne, 2012.
brooks, Mary M.; eastop, Dinah, D. (edit.) – Refashioning and redress, conserving and displaying dress,
Los Angeles, The Getty Conservation Institute, 2016.
guedes, Maria Natália Correia; taxinha, Maria José, Mantos Régios e Paramentos do Paço Ducal de
Vila Viçosa, Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1990.
Fashioning Fashion, Deux siècles de Mode Européenne, 1700–1915, Paris, Les Arts Décoratifs, Los
Angeles, Los Angeles County Museum of Art, 2012.
Fastes de Cour et Ceremonies Royales, Le Costume de Cour en Europe 1650–1800, Paris, Éditions de la
Réunion des musées nacionaux, 2009.
gaulme, Dominique; gaulme, François, Les Habits du Pouvoir, Une Histoire Politique du Vêtement
Masculin, Paris, Flammarion, 2012.
gosling, Lucinda, Royal Coronations, Oxford, Shire Publications Ltd, 2013.
guedes, Maria Natália Correia; taxinha, Maria José, Mantos Régios e Paramentos do Paço Ducal de
Vila Viçosa, Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1990.
joséphine, Paris, Réunion des musées nacionaux, 2014.
mackenzie, Althea, Embroideries, London, National Trust Enterprises Limited, 2004.
malta, Marise, Peças Proscritas em uma Coleção e um Colecionador Autoexilado em Portugal: O Caso
Ferreira das Neves, in: Coleçoes de Arte em Portugal e Brasil nos Séculos XIX e XX, Coleções em Exilio,
Casal de Cambra, Edição Caleidoscópio, 2018, p. 171–188.
mernier, Céline, Dans les Armoires de L’Impératrice Joséphine, la Collection de Costumes Féminins du
Château de Malmaison, Éditions Artlys, Paris, 2016.
o’connor, Sonia; brooks, Mary M., X-Radiography of Textiles, Dress and Related Objects, Oxford,
Butterworth-Heinemann, 2007.
pedreira, Jorge; costa, Fernando Dores, D. João VI, col. Reis de Portugal, Lisboa, Temas e Debates,
2009.
Soies tissés, soies brodées chez l’impératrice Joséphine, Paris, Réunion des musées nacionaux, 2002.
tímár-balázsy, Ágnes, eastop, Dinah, Chemical Principles of Textiles Conservation, Oxford,
Butterworth-Heinemann, 1998.
vinha, Mathieu da, Dans la garde-robe de Marie-Antoinette, Réunion des musées nationaux – Grand
Palais, Paris, 2018.
Vocabulaire Français, Lyon, Centre International D’Étude des Textiles Anciens, 1997.
NOTAS
1 GODINHO, Isabel Silveira (coord.), Tesouros Reais, Catálogo da Exposição, Lisboa, Instituto Português do
Património Cultural/Palácio nacional da Ajuda, 1992, p. 137–138.
D. João VI e o seu tempo, Lisboa, Catálogo da Exposição, Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses, 1999, p. 194.
www.matriznet.pt Ficha de Inventário – Manto Real, Palácio Nacional da Ajuda, 2420, (2011/07/31;15 h);
2 D’ ALEMBERT, Jean Le Rond; DIDEROT, Denis, L’ Encyclopédie, Recueil de Planches, sur Les Sciences, Les Arts
Libéraux, et Les Arts Méchaniques, avec leur explication, ARTS DE L’HABILLEMENT, a Paris 1751–1772, avec
approbation et Privilege du roy. Bibliothèque de l’Image, MAME Imprimeurs à Tours, 2002.
3 A este propósito ver: TOMAZ, Paula Maria, Os Mantos régios nas cerimónias da monarquia portuguesa do século
XIX: mero aparato ou dignificação e legitimidade?, in: Os Têxteis e a Casa de Bragança: Entre o deleite e a utilidade,
Séculos XV-XIX, Scribe – Produções Culturais, Lda., 2018, p. 147–154.
4 BERGHE, Ina Vanden, WOUTERS, Jan, Identification and condition evaluation of deteriored protein fibres at
tha sub-microgram level by calibrated amino acid analysis, in: Scientific Analysis of Ancient and Historic Textiles:
Informing Preservation, Display and Interpretation, Postprints, ed. Rob Janaway and Paula Wyeth, London,
Archetype Publications, 2005, p. 151–158.
46
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
5 A nomenclatura do vestuário é muito complexa e difícil. A mesma veste pode mudar de designação, mantendo a
mesma forma ou variando muito pouco, consoante a alteração dos modelos e dos cortes associadas às modifica-
ções estilísticas e estéticas, às quais o vestuário não fica imune, incorporando-as e expressando-as.
6 A redução de um tecido é expressa pelo seu número de teias e de tramas existentes num centímetro que é cons-
tante ao longo da peça de tecido devido ao sistema ortogonal de cruzamento dos fios proporcionado pelo tear.
7 AATT, Casa Real, Cartório, Caixa 3334, documentação avulsa, Lisboa, 21.10.1822.
8 AATT, Casa Real, Cartório, Caixa 3334, documentação avulsa, Lisboa, 3.5.1823.
47
A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR:
BENS/COLEÇÕES DO IMPERADOR
D. PEDRO I NO BRASIL QUANDO
DE SUA PARTIDA PARA PORTUGAL
MARIZE MALTA
Professora Associada / Escola de Belas Artes – Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, Brasil.
marizemalta@eba.ufrj.br
Resumo Palavras-chave
Quando D. Pedro I decidiu abdicar do trono Coleção Imperial; Bens de D. Pedro I;
brasileiro, uma série de inventários foi realizada Inventários; Brasil; Portugal.
nos paços de forma a identificar os bens
pertencentes ao ex-imperador. Nossa intenção
é começar a avaliar a lista desses bens e buscar
compreender as preferências que envolviam o
gosto vigente da família imperial no Brasil e
aquilo que, chegando a Portugal, pôde ter sido
incorporado em coleções oficiais.
49
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
50
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
BENS DE D. PEDRO I
51
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
52
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 1 – Alguns dos móveis que pertenceram à família real e imperial que ficavam expostos na
antiga sala do trono do Paço de São Cristóvão, no então Museu Nacional, no Rio de janeiro.
O primeiro assento é registrado como trono de d. João VI, os seguintes, como de d. Carlota
Joaquina, bem como o oratório e a consola, em estilo d. José I. O tremó do príncipe de Joinville
e a consola de d. Pedro I apresentam estilo Império. Fotografias da autora, maio de 2016.
53
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
54
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
mangas e peanhas, outros ditos muito ricos, citando-se dois com pin-
turas de paisagens e dois com os retratos do imperador e da imperatriz
da Alemanha. Complementando os recheios, havia cinco relógios, um
com feitio de harpa, outro com música e ainda um grande com duas
figuras. Faz-se também alusão a uma escrivaninha de prata, um prato
de ferro (acompanhando um vaso), duas cestas com flores e vinte man-
gas de vidro. Quanto aos aparelhos de iluminação é feita a referência a
lustres (oito), serpentinas (quatro), arandelas (catorze), candeeiro (um)
e dezessete castiçais grandes de prata com mangas, estes últimos demar-
cados com N.B. no arrolamento, ressaltando pertencer ao ex-imperador
e que estariam distribuídos pelos vários cômodos (A.N., Doc.6, fl. 3).
No inventário de mobiliário do Paço da Boa Vista os seguintes cô-
modos foram registrados: torreão novo; segundo quarto, à entrada; casa
de vestir do ex-imperador; gabinete do ex-imperador; sala do despacho;
sala do jantar; sala do toucador; sala da cama; gabinete da ex-impera-
triz; sala da ex-imperatriz; quarto de s. majestade a rainha; varandas
e corredores; sala encarnada e quarto da baronesa. Sendo assim, nem
todos os espaços foram considerados e sim aqueles onde d. Pedro I e
d. Amélia possuíam peças de seu interesse. Contudo, na Relação do
Espólio do Imperial Tesouro, realizado em 28 de abri de 1825, apre-
sentam-se extensas listagens de têxteis e trastes cuja localização nem
sempre é demarcada8.
Dos objetos arrolados, em alguns deles havia inscrições à esquerda,
ressaltando que não se encontravam mais naquele cômodo, seja porque
já haviam sido entregues ao procurador do ex-imperador, seja porque se
achavam em outra localidade.
A maioria dos móveis mencionados era de mogno ou jacarandá, al-
guns ditos chapeados, sendo apenas um de piquiá, no caso uma urna, e
um piano forte (quarto da baronesa) e predominavam armários, cômo-
das, guarda-livros, mesas, escrivaninha, consolas, lavabos, camas, cai-
xas de cabeceira, cadeiras (apenas duas) e urnas. Foram aludidos qua-
renta e nove quadros, sendo nove de porcelana, vinte e um da família
da imperatriz, uma paisagem e outros ditos coloridos, a claro escuro, a
óleo. Em termos de escultura, havia quatro figuras de pedra (varandas
55
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Gabinete do Ex-Imperador.
Duas Conçolas pequenas, de Mogno com pedra
Dois Guarda-Livros, de dito, envidraçados
Hum dito, de dito, com porta de Espelhos
Huma Mêza, quadrilonga, de dito, chapeada
Huma dita, de dito, de hum Jogo
Huma Urna de Jacarandá
Huma Cadeira grande de encosto
Huma dita de Mogno, de rodizios
Hum Quadro, comparativo, das Montanhas
Dois ditos de Craneoscopia
Tres ditos a claro-escuro
Dois ditos pequenos ordinarios
Vinte e oito Bustos de bronze, pequenos
Hum Guarda Cartas (A.N., 1831, Doc.10, fl.31)
Gabinete da Ex-Imperatriz
Cinco Quadros da Familia da Imperatriz, a Oleo (escrito à esquerda: Forão entregues
ao Procor do Ex-Imperador por ordem do Tutor)
Dois ditos de Paisagem
Hum dito a claro escuro
Hum Busto do Príncipe Eugenio
Huma Commoda, de Mogno, chapeada, e Espelho em cima
Huma Secretaria, de dito dita
Huma Meza para escrever
Huma dita para costura
Huma dita, pequenina, redonda
Huma dita de puxar
56
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Toda a prata que serve no Lava-pes a qual deixou o Senhor D. Joao Sexto, e existe no
Thesouro.
Seja-me remetida toda a prata que pertence ao lava-pes pois he minha por dadiva
que meu Pay me fez quando foi embora para Portugal. Deixo para meus filhos todo
o serviço de casquinha que comprei ao Arcos, a prata que está nos quartos ordinaria-
mente, todos os moveis que estão no Palacios e que são necessários para os decorar
sem luxo, retirando relógios vasos e menos cadeiras, mesas e, consolas. Também serão
por minha conta vendidos todos os espelhos que não estiverem nos Paços da Cidade
e São Cristóvão. Não cedo contudo a mobília que estiver nas casas que são de finali-
dade minha particular, nem os quadros que tenho quer no Muzeu, quer nos Palacios,
57
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
quer Nacionaes, quer meus. Tambem deixo para o Muzeu tudo o mais que no mesmo
muzeu existe como o meu nome exceptuando como disse os quadros e hum Navio
chinez. Dou á Minha Filha Jannuararia o Pianno que comprei ao Arcos, e cada hum-
ma das Meninas, hum dos Alemaens que estão no Palacio da Cidade, e para o Meu
Imperador o Pianno a que se dá corda – NB tudo quanto fôr prata me seja mandada
exceptuando-se somente o que nottei. Venha também toda a prata da Mantearia ha-
vendo as excepçoens acima, confio que assim se cumpra.
D. Pedro de Alcantara.
Alem disto deixo para S. M. I. Sr. D. Pedro 2º meu muito ammado filho, e Sobera-
no toda a louça que tiver seja aonde for e de que assenhorado for (A.N., Doc. 57,
fls.44–45).
58
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Arquivo Nacional (A.N.), Fundo da Casa Real e Imperial. Objetos de luxo, Paço da Cidade, Rellação
dos bens que pertencem ao Ex-Imperador Dom Pedro d’Alcantara, Documento 6, Cx 5, Pac. 1.
A.N., Fundo da Casa Real e Imperial. Objetos de luxo. Paço da Boa Vista. Rellação da mobilia que
se acha no Imperial Paço da Boa-Vista, e que pertence ao Ex-Imperador, o Senhor Dom Pedro de
Alcantara, 1831, Documento 10, Cx. 5, Pac. 1.
A.N., Fundo da Casa Real e Imperial. Rellação da prata que está prompta a embarcar para bordo da
Nau Inglesa, logo que seja inventariada pelo Ministro, Documento 57, cx.5, Pac. 1.
A.N., Fundo da Casa Real e Imperial. Rellação do Espolio do Imperial Tesouro, 22 de maio de 1827,
Documento 48, Cx.4, Pac. 6.
A.N., Fundo da Casa Real e Imperial. Rellação do Espolio do Imperial Thesouro, que entregou Pedro
Nolasco Heitor, ao Novo Fiel Manoel de Jesus Pestana, em dia 28 de abril de 1825, Documento 48, Cx.
4, Pac. 6.
A.N., Fundo da Casa Real e Imperial. Rellação dos moveis que existem nas duas casas da I. do Caju. 1
de dezembro de 1826. Doc. 63.
Barros, Mafalda Magalhães de – As colecções de arte da Rainha D. Carlota Joaquina de Bourbon
(1775–1830): da colecção privada aos Museus Públicos. O manuscrito da Biblioteca da Ajuda: Memórias
e Silêncios. Lisboa, Universidade Autónoma, 2019. In http:// Mafalda%20Magalh%C3%A3es%20
de%20Barros%20(1).pdf (2020.07.08; 17).
FEIGENBAUM, Gail; REIST, Inge (eds.) – Provenance: an alternative history of art. Los Angeles, Getty
Research Institute, 2012.
LIMA, Oliveira – Dom Pedro e Dom Miguel: a querela da sucessão (1826–1828). Brasília, Senado
Federal, Conselho Editorial, 2005.
LUSTOSA, Isabel – D. Pedro I: um herói sem nenhum caráter. São Paulo, Companhia das Letras, 2006.
MELO, Alice – O jardim secreto do imperador. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de
Janeiro, ano 8, n. 96, set. 2013, p.56-59.
NETO, Maria João; MALTA, Marize (eds.) – Coleções de arte em Portugal e Brasil nos séculos XIX e XX:
perfis e trânsitos. Casal de Cambra, Caleidoscópio: 2014.
PINTO, José Maria – Inventário do Imperial Palacete do Caminho Novo. Rio de Janeiro, 28 de março
de 1831. In: FRANCO, Afonso Arinos de Melo – O palacete do Caminho Novo: solar da marquesa de
Santos. Rio de Janeiro: Editora Fontana, 1975, p.39-51.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; DANTAS, Regina – O museu do imperador: quando colecionar é representar
a nação. Revista do IEB, São Paulo, n.46, fev. 2008, p.123-164.
SOARES, Clara Moura – D. Pedro, I do Brasil, IV de Portugal – o “gosto do bello” e incremento das
belas-artes: traços de um perfil quase desconhecido do rei-soldado. In: NETO, Maria João; MALTA,
Marize (eds.). Coleções de arte em Portugal e Brasil nos séculos XIX e XX: perfis e trânsitos. Casal de
Cambra, Caleidoscópio: 2014, p.381-398.
NOTAS
1 O Museu Real foi criado por decreto de 6 de junho de 1818, por D. João VI, denominado de Museu Imperial após
a Independência e Museu Nacional após o advento da República.
2 A ideia de um Museu do Imperador, apesar de não existir oficialmente documentação que assim o designasse,
foi sendo criada a partir de relatos, escritos de D. Pedo II (“o meu museu”) e do Leilão do Paço (SCHWARCZ;
ABREU, 2008: 129). As doações de seu acervo foram endereçadas, por sua vontade, à Biblioteca Nacional, ao
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e ao Museu Nacional, apesar de que seu herbário ter tido como destino
o Jardim Botânico, todas instituições até hoje existente no Rio de Janeiro (MELO, 2013: 56-59).
3 Em Portugal, Clara Moura Soares levantou no Arquivo Nacional da Torre do Tombo uma série de documentos
referentes à herança e partilha dos bens de d. Pedro IV (SOARES, 2014: 394-398). O confronto entre as documen-
59
tações encontradas em arquivos brasileiros e portugueses poderá levar a novos caminhos de compreensão entre
os trânsitos de bens e coleções luso-brasileiras.
4 O inventário do palacete do Caminho Novo foi realizado em 1831 por José Maria Pinto (PINTO, 1975) e trans-
crito na publicação de autoria de Afonso Arinos de Melo Franco, editada em 1975.
5 A respeito da cronologia de ocupação do palacete do Caminho Novo e de outros imóveis que pertenceram à
família real e imperial no Brasil (Quinta da Boa Vista, antigo Paço de São Cristóvão, e Palácio Imperial, em
Petrópolis), vide o site do projeto A Casa Senhorial em Portugal, Brasil e Goa, in http://acasasenhorial.org/acs/
index.php/pt/ (15.03.2020).
6 Essas atribuições de pertencimento estavam designadas na legenda das peças no Museu Nacional quando da
nova museografia da antiga sala do trono.
7 Foi somente em 29 de março de 1940 que ocorreu a criação do Museu Imperial em Petrópolis, na antiga resi-
dência de veraneio de D. Pedro II. Contou com seu idealizador e primeiro diretor, Alcindo de Azevedo Sobdré,
e uma equipe para localizar objetos pertencentes à família imperial entre diferentes palácios e colecionadores. O
primeiro museu a se concentrar no período monárquico brasileiro foi inaugurado em 16 de março de 1943.
8 Nesse documento (A.N., 1825, Doc.1), há os seguintes títulos de itens arrolados (escritos como constam):
“Fardamento; Tapeçaria de raz; Sobreportas; Alcatifas; Alcatifas Inglesas medidas a covados; Pertencentes ao
Oratório de S.M.I.; Trastes; Madeiras do Altar do Oratório de S.M.I; Armações de Bambinellas; Fazendas de
Velludo Carmezin; Sanefas de Velludo; Velludo roxo com guarnição de ouro falso; Damasco roxo; Fazendas pre-
tas; Cortinas de Damasco Carmezin; Fazendas de Damasco Carmezin com guarnições de galão finos; Fazendas
Carmezins com galão de ouro falso; Fazendas de Damasco carmezin com galão de ouro fino; Cobertas; Roupa
pertencente a Casa da Opera; Roupa de Meza; Roupa nova que veio com S.M. a Imperatriz; Roupa branca Para
Camas do Thesouro; Roupa incapaz de servir; Expolio que existe na Capella. A sequência do documento trata da
“Rellação do Expolio que existe no Thesouro, cujo recebi, e pertence a Rellação que foi junta ao Inventario geral”,
com a enumeração das caixas, malas e seus conteúdos e a descrição do espólio empacotado. Nesta listagem ainda
consta: Expolio que não pertence ao inventario geral nem a relação junta ao dito; Trez volumes com o seguinte,
os quaes pertencem a Náo; Pertencente a Camara que foi de el Rei; Pertencentes ás Sallas de Docel do Paço da
Cidade; Vindo da Caza das Obras; Comprado em Fevereiro de 1823; Vindo da Caza das Obras; Vindo do Paço
da Cidade; Paço da Cidade; Madeiras pertencentes ao Altar; Armações pertencentes ás Sallas de Docel, Primeira
Armação; Segunda Armação da Primeira Salla; Segunda Salla de Docel Primeira Armção; Segunda Salla de
Docel Segunda Armação; Salla da Tocha”. Aqui vale uma observação, pois a relação do espólio se inicia com a
data de 28 de abril de1825, quando esta é entregue por Pedro Nolasco Heitor, e é finalizado em 22 de março de
1827, assinado por Manuel de Jesus Pestana.
Marize Malta, mestre em História da Arte (UFRJ) e doutora em História Social (UFF), com pós-
-doutorado em História da Arte (ARTIS-UL e bolsa Capes), é professora Associada da Escola de Belas
Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, atuando na graduação e pós-graduação, além da
coordenação do Setor de Memória e Patrimônio (Museu D. João VI, Arquivo Histórico e Biblioteca de
Obras Raras). É líder dos grupos de pesquisa ENTRESSÉCULOS e MODOS e colaboradora do grupo
Casas Senhoriais em Portugal, Brasil e Goa, sendo editora assistente da revista MODOS. Desenvolve
pesquisas na área de história da arte, com estudos sobre artefatos e ambientes interiores oito-nove-
centistas, objetos malditos, a condição decorativa, utilitária e/ou artística e sua relação com imagem e
lugar, enfocando o problema das coleções e dos modos de exibição.
A BIBLIOTECA DA ACADEMIA
IMPERIAL DE BELAS ARTES DO RIO
DE JANEIRO E A HISTORIOGRAFIA
DA ARTE NO BRASIL
Resumo Palavras-chave
Dentre as coleções da antiga Academia de Belas Historiografia da arte; Passagem séculos XIX e
Artes do Rio de Janeiro, este artigo investiga a XX; Coleções da biblioteca; Academia de Belas
coleção de livros de sua biblioteca, destacando os Artes; Rio de Janeiro, Brasil.
editados até 1890 – quando a instituição sofreu
ampla reforma, transformando-se em Escola
Nacional de Belas Artes – e mantendo o foco nos
livros de História da Arte. Procura-se, assim,
investigar o modelo de História da Arte que
estaria à disposição dos leitores na Academia,
desde os seus autores mais antigos, como
Vasari, Lanzi e Winckelmann, até os autores do
século XIX, em que predominam os franceses
ou, quando não franceses, as suas traduções
francesas. Nesse ambiente decididamente
francófilo, discute-se a repercussão desses
modelos na historiografia da arte feita no Brasil
na época e mesmo posteriormente.
61
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
62
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
63
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
que a cultura brasileira, sempre que se mantinha fiel às suas raízes ge-
nuínas, tendia ao barroquismo – desde as igrejas coloniais até ao cinema
novo, ao neoconcretismo e ao tropicalismo dos anos 1960 e 1970.
No entanto, no que diz respeito à prática específica da História da
Arte, acreditamos que a influência dos autores de língua alemã ainda
demoraria algumas décadas. A tirar pelas bibliografias da disciplina em
cursos de graduação, pelo menos no Rio de Janeiro, as referências eram
predominantemente francesas até pelo menos a década de 1960.
Retornemos à relação da Biblioteca da Academia. A lista de obras
franceses é extensa. Na impossibilidade de transcrevê-los na íntegra,
destacamos aqui autores que tiveram grande importância dentro e fora
da França: Quatremère de Quincy (1755–1849), Théophile Gautier
(1811–1972), Viollet-le-Duc (1814–1879), Eugène Fromentin (1820–
1876), Charles Baudelaire (1821–1867), Eugène Véron (1825–1889),
Hippolyte Taine (1828–1893), Jules-Antoine Castagnary (1830–1888),
Charles Blanc (1831–1882), Eugène Muntz (1845–1903), Émile Zola
(1840–1902), Joris-Karl Huysmans (1848–1907) entre outros.
Só nessa pequena amostragem, é possível verificar a variedade de
tendências que a biblioteca da Academia então oferecia. Doutrinadores
do clássico, como Quatremère de Quincy.12 Medievalistas, como Viollet-
le-Duc13. Alinhados aos românticos, como Théophile Gautier14, Charles
Baudelaire15 e Eugène Fromentin16. Defensores dos realistas, como
Jules-Antoine Castagnary17 e Émile Zola18. Identificados com o sim-
bolismo e o decadentismo, como Joris-Karl Huysmans19. Historiador,
crítico, teórico e o principal divulgador das teorias científicas moder-
nas para uso dos artistas, como Charles Blanc20. Um historiador da arte
mais próxima ao modelo dos connoisseurs, especialmente voltado para a
documentação, como Eugène Munz21. Filósofos ligados ao positivismo,
como Hipollyte Taine22 e Eugène Véron23.
Acredito que a diversidade das leituras acima seja um argumento im-
portante para que se possa entender melhor a historiografia da arte no
Brasil na passagem dos séculos XIX e XX.
A referência teórica mais ampla nesse período é o positivismo. Foi
o traço de união mais forte de uma elite intelectual entusiasmada com
64
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Nada nos falta. Temos muito perto de nós, inúmeras montanhas de granito de onde
poder-se-ia retirar pedras para formosas construções e lajes para as mais largas cal-
çadas; a terra tem viço, superabunda de vigor – delas surgem palmeiras gigantescas,
65
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
mais airosas que o garbo escultural das colunas coríntias; copam-se árvores como en-
genhosos docéis [sic], a vegetação brota rápida e feliz; cobre essa natureza exuberante
um céu quase sempre limpo, alto, deslumbrante, banhado pelos raios do sol tropical.
Somente nos falta o homem. (GONZAGA DUQUE, 1995: 67)
Era, então um rapaz de vinte e dois a vinte e cinco anos, estatura meã, menos múscu-
los que nervos nos membros secos, nariz em adunco de rapina, loura barba, que lhe
emoldurava o rosto, bipartida ao queixo; olhos grandes e azuis, um sombrero negro,
forçado um pouco à nuca, sobre a crespa cabeleira cor de tabaco turco. (GONZAGA
DUQUE, 1997: 53)
66
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 1 – João Batista Castagneto, Embarcações na baía do Rio de Janeiro, 1898, o/m, Coleção L.C.Ritter.
Castagneto é original. Ele aprendeu consigo próprio... Não quis saber de leis nem de
regras. Precisava unicamente da natureza ... Quando lhe falta tempo para mudar
pincéis maneja um só, mergulhando-o em diversas tintas, ou pinta com os dedos, com
as unhas, com a espátula, com o primeiro objeto que tiver à mão; um seixo resistente,
um pedaço de pau, um pedaço de corda, um palito, o cano do cachimbo, a ponta do
cigarro. A sua caixa de tinta é um caos, a sua palheta na mão de outro artista seria
inútil, porque a aglomeração de cores, o espastelamento de tintas secas, fazem mal à
vista. Também não lhe peçam um quadro acabado, envernizado, escovado, esbatido.
Seus estudos são feitos d´après nature, à guisa de pochades, largamente independente-
mente. Mas quanta expressão nesses empastelamentos, quanta individualidade nesses
borrões despretensiosos e sinceros! (GONZAGA DUQUE, 1995:70)
67
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALONSO, Angela. Ideias em movimento: a geração 1870 na crise do Brasil-Império. São Paulo: Paz e
Terra, 2002.
CHIARELLI, Tadeu. Gonzaga-Duque: a moldura e o quadro da arte brasileira. In GONZAGA
DUQUE, Luis. Arte Brasileira. Campinas: Mercado de Letras, 1995. p. 11–52.
FERREIRA, Félix. Belas Artes: estudos e apreciações. Porto Alegre: Zouk, 2012. Introdução e notas de
Tadeu Chiarelli (original de 1885).
GONZAGA DUQUE, Luiz. Arte Brasileira. Campinas: Mercado de Letras, 1995 (original de 1888).
GONZAGA DUQUE, Luiz. Graves & frívolos. Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa / Livraria
Sette Letras, 1997.
GONZAGA DUQUE, Luiz. Outras impressões: crônica, ficção, crítica, correspondência 1882–1910. Rio
de Janeiro: Contracapa / FAPERJ, 2011. Organização: Júlio Castañon Guimarães e Vera Lins.
HARRISON, Charles; WOOD, Paul; GAIGER, Jason, ed. Art in Theory 1815–1900: na anthology of
changing ideas. Oxford: Blackwell Publishing, 1998.
KERN, Daniela. Gonzaga Duque e a crítica de arte francesa. São Paulo: Biblioteca Mário de Andrade,
2013. Comunicação.
LINS, Vera. Gonzaga Duque: a estratégia do franco-atirador. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1991.
LINS, Vera. Novos pierrôs, velhos saltimbancos: os escritos de Gonzaga Duque e o final do século XIX
carioca. Curitiba: Secretaria de Estado de Cultura, 1997.
LEVY, Hanna. A propósito de três teorias sobre o barroco. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional n. 5. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1941. p. 259–284.
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES. Gonzaga Duque: um crítico no museu. Rio de Janeiro:
MNBA, 2008. Catálogo de exposição.
NOCHLIN, Linda. Realism and Tradition in Art 1848–1900. New Jersey: Prentice-Hall, Inc., 1966
(Coleção Sources & Documents).
68
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
PEREIRA, Sonia Gomes. A questão dos discursos fora de si na historiografia da arte brasileira. In:
XXXVII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte: História da Arte em Transe – (i)materiali-
dades na arte., 2018, Salvador. Anais do XXXVII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte:
História da Arte em Transe – (i)materialidades na arte. Salvador: Comitê Brasileiro de História da Arte
/ UFBA, 2018. v. 1. p. 55–64.
PEREIRA, Sonia Gomes. Algumas discussões sobre a historiografia da arte no Brasil: os modelos
teóricos na passagem dos séculos XIX e XX. In: 26° Encontro Nacional da ANPAP: Memórias e
Inventações, 2017, Campinas. Anais do 26° Encontro Nacional da ANPAP: Memórias e Inventações.
Campinas: ANPAP/PUC-Campinas, 2017. v. 1. p. 286–300.
PEREIRA, Sonia Gomes. Arte, ensino e academia: estudos e ensaios sobre a Academia de Belas Artes
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Mauad / Faperj, 2016.
PEREIRA, Sonia Gomes. Os Modelos Historiográficos na Teoria e na Prática da Academia Imperial
de Belas Artes. In: IX Seminário do Museu D. João VI: Pesquisas sobre os acervos do MDJVI e do
MNBA, 2019, Rio de Janeiro. Anais do IX Seminário do Museu D. João VI: Pesquisas sobre os Acervos
do MDJVI do MNBA. Rio de Janeiro: Editora Nau, 2018. p. 95–103.
TAINE, Hippolyte. Filosofia del Arte. Barcelona: El Aleph, 2000. Trad. A. Cébrian. 4 tomos (original
de 1865).
VÉRON, Eugène. A Estética. São Paulo: Editora Formar, s/d. 2 vols. Coleção História da Arte (original
de 1878).
SITE minerva.ufrj.br/escola de belas artes/biblioteca de obras raras.
SITE www.inha.fr/fr/ressources/publications-numeriques/dictionnarire-critique-des-historiens-de-l-
-art.html.
NOTAS
1 Base de Dados Minerva da Biblioteca de Obras Raras da Escola de Belas Artes da UFRJ.
2 VASARI, Giorgio. Vies des peintres, sculptures et architectes, 1840.
3 LANZI, Luigi. Histoire des principaux peintres des écoles d’Italie avec des notes et 80 gravures de tableaux peu
connus, des meilleurs maitres, choisis dans les collections particulaires de Paris et de Londres / [Traduit par Tim.
Francillon]. Paris : Rey et Gravier, 1823; LANZI, Luigi. Histoire de la peinture en Italie : depuis la Renaissance des
beaux-arts, jusque vers l´art du XVIII siècle, traduite d’italien sur la 3. edition par Mme Armande Dieudé. Paris :
Chez H. Seguin Chez Dufart, 1824.
4 WINCKELMANN, Johann Joachim. Histoire de l´art chez les anciens. Paris: H. Jansen, 1803.
5 PEREIRA, Sonia Gomes. Arte, ensino e academia: estudos e ensaios sobre a Academia de Belas Artes do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro: Mauad / Faperj, 2016. p. 71–112.
6 Há uma obra de John Ruskin (1819–1900), em tradução francesa: Le val d´Arno. Paris: Libr. Renouard, H.
Laurens, 1911. Sabemos que Gonzaga Duque cita Ruskin, mas a obra em questão é de 1911 e nós estamos nos
atendo nessa comunicação ao século XIX. É importante frisar também que o crítico de arte português Ramalho
Ortigão era muito lido no Brasil e inclusive publicava em revistas e jornais brasileiros. Mas seu nome não aparece
nessa listagem da biblioteca da Academia, que é só de livros.
7 WAGGEN, Gustav Friedrich. Manuel de l’histoire de la peinture : Écoles allemande, flamande et hollandaise. Paris
: Morel, 1863.
8 BURCKHARDT, Jacob. La Civilisation en Italie au temps de la Renaissance. Paris: Librairie Plon, 1885, 2 vols.
9 BODE, Wilhelm von. Donatello a Padoue : Gattamelata et les sculptures du Santo (orné de 23 planches phototypi-
ques inaltérables ; traduction revue et corrigée par Charles Yriarte. Paris : J. Rothschild, 1883.
10 LEVY, Hanna. A propósito de três teorias sobre o barroco. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional n. 5. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1941. p. 259-284.
11 São as constantes formais que foram vistas entre o nosso colonial e o movimento moderno então nascente.
Naturalmente esse pensamento não terá tido apenas uma origem. Haveria a ressonância entre nós do livro
Lo Barroco de Eugenio d´Ors de 1935, que indicava o estilo como uma cosmovisão matricial de um ethos
cultural. Além disso, esse tipo de pensamento também era defendido por alguns artistas modernos, como o
André Lotte, por exemplo. Essas ideias tiveram uma grande repercussão no Brasil no século XX, sobretudo
entre arquitetos, e acredito que também no pensamento do crítico Mário Pedrosa, que apontava como um
dos motivos para a preferência dos brasileiros pela abstração geométrica a memória, mesmo inconsciente, da
nossa arte indígena.
69
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
70
PEÇAS DE MOBILIÁRIO DA RAINHA
D. MARIA II E DO REI D. FERNANDO II
DA SUA RESIDÊNCIA OFICIAL
NO PAÇO DAS NECESSIDADES EM
COLEÇÕES OFICIAIS PORTUGUESAS
Resumo Palavras-chave
A rainha D. Maria II e o rei D. Fernando II vão Mobiliário; D. Maria II; D. Fernando II;
viver para o Paço das Necessidades a partir de coleções; Palácio das Necessidades.
Abril de 1836. A presente pesquisa pretende
determinar o percurso de algumas peças de
mobiliário que foram encomendadas por D.
Fernando II, para o seu gabinete de trabalho
no Paço das Necessidades e identificá-las em
coleções oficiais portuguesas.
71
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
A ENCOMENDA
“1sofa antique
2 Fauteuils
6 chaises
1 table de sofa
72
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
1 Bureau
2 étagères . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 600$000
1 Comodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100$000
3 gardinas a 65$000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195$000
35 covados de seda a 4$000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140$000
54 Varas de galão a 140 centavos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7$560
30 Varas de franjas a 2$000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60$000
1102$560”3,
na segunda folha:
73
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
“…1 secretaria de pao santo forma antigo, 1 meza de sofá, 1 bufette para meter entre
as janelas, 2 cadeiras de braços cobertas e estofado de …, 1 canapé coberto e estofado
de setim …. Cor doiro e branco fundo incarnado, 2 cadeiras de brassos ditta, 6 ca-
deiras ditta, 2 etageres, 3 galerias recortado a antigo para as 3 janelas, 6 cortinas de
mosseline para as 3 janelas, lembrequins de damasco português bordes de seda ex
todos esta moveis pelo quarto particular de sua majestade El Rey Dom Fernando pelo
preço convencionado de um conto e 100$000.
Recebi por conta deste soldo, um conto de reis fica cem mil reis visto os lembrequins
de damasco das janelas não ser entregues sendo determinado que os ditos lembre-
quins serão de setim irmão do canapé das cadeiras, me pagando a diferenciada seda.”6
74
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
75
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Figs. 1 e 2 – Desenho para secretária de formato antigo, feito por Pedro Bartolomeu Dejante, pau-santo,
(1,57 cm x 30 + ?cm x ?cm) (Fundo D. Fernando II, NNG 3637 – 4.2 fl.7) e fotografia de 1886 do gabinete do
rei na parte conventual do palácio das Necessidades. ©FCB, Cortesia da Fundação da Casa de Bragança.
Figs. 3 e 4 – Desenho para sofá antigo feito por Pedro Bartolomeu Dejante, pau-santo, (8 pieds e 3 …?)
(Fundo D. Fernando II, NNG 3637 – 4.2 fl.3) e fotografia de 1890 da sala das armas do rei D. Fernando II, na
parte conventual do palácio das Necessidades. ©FCB, Cortesia da Fundação da Casa de Bragança.
Figs. 5 e 6 – Desenho para 1 table de sofá feito por Pedro Bartolomeu Dejante em pau-santo, (Fundo D.
Fernando II, NNG 3637 – 4.2 fl.4) e fotografia de 1886 da sala da música do rei D. Fernando II, na parte
conventual do palácio das Necessidades. ©FCB, Cortesia da Fundação da Casa de Bragança.
76
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
77
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
O PAGAMENTO
78
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
O MARCENEIRO
79
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
CONSIDERAÇÕES GERAIS
CITAÇÕES E NOTAS
1. AHCB, NNG 3510, AHCB, NNG 3512 e AHCB, NNG 3637/4.2 Desenhos. No artigo por nós publicado em 2019,
relativo ao Colóquio Internacional sobre a rainha D. Maria II, descrevemos a data e os valores dos pagamentos
feitos pelo rei D. Fernando II a Pedro Bartolomeu Dejante. Cf LEMOS, Teresa Sande, “As coleções de mobiliário
da rainha D. Maria II e do rei D. Fernando II: gosto e tendências” in SOARES, Clara Moura e MALTA, Marize
(eds) D. Maria II, princesa do Brasil, rainha de Portugal. Arte, Património e Identidade, Lisboa, ARTIS – Instituto
de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2019.
2. AHCB, NNG 3511 contratos e documentos, fl 164.
3. AHCB, NNG 3637 – 4.2 fl 1. Tradução nossa: um sofá antigo, duas cadeiras de braços, seis cadeiras, uma mesa de
frente de sofá, uma secretaria, duas estantes perfazendo o valor de 600$000, segue-se um comodo? por 100$000;
a partir deste item a descrição aparece em português: três gardinas a 65$000, perfaz 195$000; 35 côvados de seda
a 4$000 perfaz 140$000; 54 varas de galão a 0$140 perfazendo 7$560 e 30 varas de franjas a 2$000 perfazendo
60$000, total 1102$560. A palavra côvados foi uma medida do comprimento usada por diversas civilizações
antigas. Era baseado no comprimento do antebraço, da ponta do dedo médio até ao cotovelo, Cf. Da Antiga
Determinação Comprimento de Arco Meridiano por Eratosthenes de Kyrene, Dieter Lelgemann, WS – “History of
Surveying and Measurement”, Atenas, Grécia, Maio 22–27, 2004.
4. AHCB, NNG 3637 – 4.2 f l2. Tradução nossa : A mobília será composta dos seguintes objetos: um sofá antigo, duas
cadeiras de braços, seis cadeiras, uma mesa de frente de sofá, uma secretária, o custo sem a seda será de 600$000.
Tudo será entalhado e esculpido em pau-santo com colunas vazadas e abertas de par em par. PBD
5. AHCB, NNG 3512, ano 1853 fl. 19.
6. AHCB, NNG 3512, ano 1853 fl. 162.
7. Até ao momento não conseguimos localizá-las, no entanto a sua gramática decorativa é muito semelhante à
encontrada nas peças pertencentes ao palácio da Pena com os números de inventário PNP704 e PNP 788/5.
8. Até ao momento não conseguimos localizá-las.
9. Até ao momento não conseguimos localizá-lo.
10. Desde já agradecemos a Hugo Xavier a informação cedida relativamente a estas peças. Foram vendidas no leilão
de D. Fernando II de 1892 e adquiridas pela rainha D. Amélia, atualmente encontram-se no palácio da Pena.
11. AHCB, NNG 3511, ano 1852 fl.163. É curioso verificar a existência de um rascunho manuscrito pelo conselheiro
José Rodrigues Chaves, secretário particular do rei, com o texto igual àquele assinado e manuscrito por Pedro
Bartolomeu Dejante. Possivelmente para ser copiado e assinado pelo próprio marceneiro Cf. AHCB, NNG 3511
ano 1852, fl 166. Um outro texto manuscrito pelo secretário particular do rei em forma de rascunho “…Eu
abaixo assinado tomei d’empreitada assoalhar uma sala e 2 contíguos nos quartos, o gabinete de S.M El rei, o Sr D.
Fernando com o solho embutido em xadrez, como a amostra que fica na secretaria do Ilustre Augusto Senhor pelo
preço de dezassete vinténs e trezentos e quarenta reis cada palmo quadrado, com a condição de prontificar esta obra
até 15 de Novembro do corrente ano de 1852 e de a colocar no seu lugar até ao fim de Maio, se o tempo o permitir isto
é se estiver secca a atmosfera. No caso de o tempo não o permita obrigo-me então a colocar na próxima primavera
próxima do ano de 1853 – devendo receber a importância depois de tudo estar concluído à vontade de Sua Majestade
e sem defeito algum.” Explica-nos qual a metodologia utilizada pelo carpinteiro, porque se tratava de soalho, para
colocar o chão do gabinete e quartos contíguos do rei. Cf AHCB, NNG Fundo de D. Fernando II, documentos e
contratos.
12. Veja-se o artigo publicado relativamente à família Dejante por Celina Bastos, “A família Dejante: a marcenaria
e a indústria dos mármores no Portugal de Oitocentos” in Revista de Artes Decorativas, Ano 3, Nº 3, Porto,
Universidade Católica Portuguesa/ CITAR, 2009, pp. 157–191.Vejam-se os artigos publicados por vários autores
relativamente a Pedro Bartolomeu Dejante: por Celina Bastos “O mobiliário português nas primeiras décadas de
oitocentos: as fábricas de móveis e os novos inventos” in Res Mobilis: revista internacional de investigación en mo-
biliário y objetos decorativos, Vol. 5, nº. 6 (I), 2016, pp. 183–201; por Conceição Borges de Sousa, “Mobiliário do
80
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Palácio de Belém”, in Pintura e Mobiliário do Palácio de Belém, Lisboa, Museu da Presidência da República, 2005,
pp. 89–90 e 142–144; por Francisco Queiroz, “Pedro Bartolomeu Déjante e o seu papel na indústria da pedra em
Portugal” in A Pedra, n.º 87, ano XXII, Outubro 2003, pp. 47–51; pelo embaixador Manuel Corte Real, “O Palácio
das Necessidades, Lisboa, Chaves Ferreira – Publicações, S.A., 2001; por José Monterroso Teixeira, Fernando II.
Rei-Artista. Artista-Rei, Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1986, p. 310; e José António Saraiva, O Palácio
de Belém: com seus hóspedes, os seus segredos e a vida quotidiana, s.l., Inquérito, 1985, pp. 61–62.
13. Cf. SOUSA, Conceição Borges de “Mobiliário do Palácio de Belém”, in Pintura e Mobiliário do Palácio de Belém,
Lisboa, Museu da Presidência da República, 2005, pp. 89–90 e 142–144.
14. Cf. BASTOS, Celina, “A família Dejante: a marcenaria e a indústria dos mármores no Portugal de Oitocentos” in
Revista de Artes Decorativas, Ano 3, Nº 3, Porto, Universidade Católica Portuguesa/ CITAR, 2009, pp.171–180 e
LEMOS, Teresa Sande “As coleções de mobiliário da rainha D. Maria II e do rei D. Fernando II: gosto e tendên-
cias” in SOARES, Clara Moura e MALTA, Marize (eds) D. Maria II, princesa do Brasil, rainha de Portugal. Arte,
Património e Identidade, Lisboa, ARTIS – Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2019,
pp. 184–191.
15. Cf. CORTE-REAL, Manuel, “Palácio das Necessidades”, Lisboa, Chaves Ferreira – Publicações, S.A., 2001,
pp.123–126. e SOUSA, Conceição Borges de, op. cit.
16. Cf. FRANCO, Anísio e BASTOS, Celina “Desenhos e encomendas da Casa Real: móveis e projetos de decoração”
in Margens e Confluências 4 – Um olhar contemporâneo sobre as artes, pp. 45-59.
17. Cf. TEIXEIRA, José, “D. Fernando II: rei-artista, artista-rei”, Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1986,
pp.183–221.
18. Cf. CORTE-REAL, Manuel H., op. cit., p.128.
81
PERTO DO CORAÇÃO:
A JOALHARIA ENQUANTO ELEMENTO
DE REPRESENTAÇÃO AO NÍVEL DAS
COLEÇÕES REAIS PORTUGUESAS
Resumo Palavras-chave
A partir do conjunto de pulseiras oferecidas à Joalharia; Mulheres; Retratos; Miniaturas;
Rainha D. Maria II de Portugal (1819–1853) Portugal.
durante o reinado de Louis-Philippe de França
(1773–1850), demonstramos uma certa unidade
que existe nas coleções reais um pouco por toda
a Europa, em que Portugal não é exceção. Esta
tipologia de objetos tem vindo a ser representada
ao longo dos anos, tendo expressão não só na
pintura, mas também na gravura tornando-
se um veículo de disseminação das relações
familiares entre as várias casas reais. Esta
reflexão deseja no entanto, explorar também as
perspetivas mais afetivas que a joalharia com
retrato adquire.
83
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
CONTEXTOS
84
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
85
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 1 – Alfinete com Medalhão, 1727–1729, Luigi Fig. 2 – Alfinete, séc. XIX, ouro esmaltado
Gandolfi (1810–1869); ouro relevado e cravejado e cravejado com rubi, meias pérolas e
com pérolas, turmalinas e diamantes; 4 x 3 cm miniatura, 5 x 4,2 cm, mercado leiloeiro.
(miniatura); mercado leiloeiro. ©Veritas ©Cabral Moncada Leilões
86
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
PREVALÊNCIA DO GOSTO
Este período ditava que era de bom gosto possuir peças que represen-
tassem, não apenas os outros, mas também os próprios. A sua utilização
tornou-se de tal modo popular, que se colecionavam retratos não apenas
da família, mas igualmente dos próprios em diversas idades da sua vida.
Também as monarcas portuguesas possuíram nas suas jóias pessoais e
de aparato, um vasto núcleo desta tipologia de objetos. Notamos este
facto ao nível da retratística de várias figuras da família real portuguesa
(Fig. 3). presentes em coleções institucionais designadamente o Palácio
Nacional da Ajuda, mas também no Palácio Nacional de Queluz.
São diversos os retratos em que figuras femininas exibem ao pes-
coço ou nos braços, em pendentes mais ou menos ornamentados, mas
também em pulseiras com maior ou menor trabalho, retratos dos seus
futuros maridos. Trata-se de uma tendência comum com outras nações
designadamente Inglaterra, mas verifica-se também ao nível do Brasil,
Dinamarca, Rússia, entre outras. Todas as figuras femininas que conse-
guimos reunir até ao momento apresentam estes retratos com a mesma
função, trata-se de um ponto comum do gosto da época. O que difere
entre elas é o tratamento das peças, mas mesmo esse tratamento pode
ser também contaminado por influências exteriores, nomeadamente
pela joalharia francesa que no século XIX, se tornava fundamental no
mercado de arte europeu.
87
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
88
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
89
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 4 – Retrato feminino, séc. XIX/XX, Fig. 5 – Duquesa de Palmela, c. 1840, Pedro
Negativo de gelatina e prata em vidro, Augusto Gugliemi (1815–1852), litografia,
9 x 13 cm, Arquivo Municipal de Lisboa, 26,2 x 22 cm, Biblioteca Nacional de Portugal,
NEG004387, © CML/AML Lisboa, E. 93. A. © BNP
90
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
91
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONTES DOCUMENTAIS
Arquivo Nacional Torre Do Tombo (A. N. T. T.), Arquivo da Casa dos Condes de Povolide, Relação de
pratas, jóias e mobiliário, Maço 61, Doc. 7
ANTT, Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa 1770/1999, Inventário orfanológico de D. Fernando II,
Caixa 9, Apenso Nº1
ANTT, Direção Geral da Fazenda Pública 1910–10–05, Jóias de D. Amélia
ANTT, Direção Geral da Fazenda Pública 1910–10–05, Jóias e Objectos de D. Manuel
NOTAS
1 É importante perceber que também os homens utilizaram este tipo de peça. Encontram-se diversos exemplos em
retratos datáveis de vários períodos, bem como de nações diversas. Normalmente colocados em colares, alfinetes,
ou meramente emoldurados, são mostrados pelas figuras retratadas, seja apontando para eles, ou segurando-os.
Acabam por deixar de ser um mero elemento decorativo, passam a apresentar uma relação ou de vassalagem, ou
familiar, dependendo da situação e de quem é retratado na miniatura.
2 Arquivo Nacional Torre Do Tombo (A. N. T. T.), Arquivo da Casa dos Condes de Povolide, Relação de pratas,
jóias e mobiliário, Maço 61, Doc. 7
3 ANTT, Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa 1770/1999, Inventário orfanológico de D. Fernando II, Caixa 9,
Apenso Nº1 fl. 42v “Nº 137 – Uma pulseira de ouro menos da lei, com a peça do centro rectan rectangular, e caixilho
92
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
no meio de figura oval, com retrato debaixo de vidro, e liga formada de vinte e cinco peças em forma de escudos, e
gouzadas umas nas outras, tudo lavrado ao buril, peza ao todo esta pulseira uma onça cinco oitavas e meia e trinta
graõs avaliada em dezoito mil reis – 18$000; Nº 138 – Uma pulseira de ouro menos da lei, com a peça do centro
rectangular e o caixilho ao meio de figura oval, com retrato debaixo de vidro, e liga formada de vinte e cinco peças
em forma de escudos, gouzadas umas nas outras, tudo lavrado ao buril, peza ao todo esta pulseira uma onça e seis
oitavas avaliada em desoito mil reis – 18$000”
4 ANTT, Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa 1770/1999, Inventário orfanológico de D. Fernando II, Caixa 9,
Apenso Nº1: ANTT, Direção Geral da Fazenda Pública 1910–10–05, Jóias de D. Amélia “Nº 15338 – Uma pulseira
com cabelo e retrato em miniatura de ?”
5 ANTT, Direção Geral da Fazenda Pública 1910–10–05, Jóias e Objectos de D. Manuel, “Nº 192 – Um broche em
ouro com retrato a côres (e cabello)”
6 A popularidade deste tipo de peça foi tal, que se produziu inclusivamente documentação que era publicada quer
em periódicos, ou mesmo em livro, com a função de formar artistas não só no âmbito profissional, mas também
amador. Tivemos acesso a dois exemplares desta literatura, cf. WHITTOCK [4] e Miniature Painting, The Art
Amateur, Vol. 8, Nº 2, Boston, Jan. 1883, p. 31–32.
7 Existem retratos em que D. Maria Bárbara de Bragança (1711–1758) segura uma insígnia com o respetivo laço
em que é pendurado um pequeno retrato do seu marido Fernando VI (1713–1759) sendo o mesmo enquadrado
por uma moldura de diamantes. Sendo esta insígnia bastante semelhante às utilizadas por várias rainhas. Apesar
de obedecer à estrutura da Ordem da Família Real, não encontrámos até ao momento outro exemplar desta
insígnia na retratística portuguesa. Em Portugal o mais próximo que encontramos à insígnia conferida noutros
países, é a Ordem de Santa Isabel, cuja Grã-Mestre atualmente é a Senhora Dona Isabel de Bragança. Neste caso,
a insígnia é entregue a figuras femininas que se dedicaram ao apoio de causas de solidariedade.
8 É interessante notar como as mulheres exibem um maior número de jóias face ao sexo masculino. Elas traduzem
não só a riqueza da pessoa, mas também as relações que ela trava. Também esta tipologia de peça é reaprovei-
tada e todos os seus componentes, há semelhança das restantes jóias, podem transformar-se em novas jóias.
POINTON [7].
93
OS DIAMANTES SÃO PARA SEMPRE,
AS JOIAS NÃO: DESCRAVAÇÕES
E RECONVERSÕES DE JOIAS
DA FAMÍLIA REAL NO SÉC. XIX
TERESA MARANHAS
Conservadora das Coleções de Ourivesaria e Joalharia do Palácio Nacional da Ajuda
Lisboa, Portugal
teresamaranhas@pnajuda.dgpc.pt
Resumo Palavras-chave
Parte da investigação em curso com vista à Joalharia; Casa Real; Coleções Reais;
abertura do novo museu do Tesouro Real do Descravações; Ourivesaria.
Palácio Nacional da Ajuda (PNA) apresentamos
conclusões inéditas sobre o estudo das
descravações das joias da coroa e, igualmente,
sobre o conjunto de peças descravadas da
coleção deste palácio, com especial enfoque
para um pequeno grupo de joias pessoais de D.
Maria Pia e uma soberba guarnição de corpete
executada, em 1781, para D. Maria I.
95
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
96
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 1 – Fotografia do adereço de esmeraldas e diamantes realizado por Estêvão de Sousa em 1863 para
a rainha D. Maria Pia a partir da descravação da grande laça de esmeraldas da rainha D. Maria Bárbara
de Bragança (1711–1758), s/d, Joshua Benoliel, prova fotográfica; ANTT, espólio de Joshua Benoliel.
Digitalização da ANTT, edição de imagem de João Júlio Rumsey Teixeira.
97
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Joias da Coroa
No que toca às joias que faziam parte dos bens da coroa destacam-se,
porque mais conhecidas, as conversões feitas no 3º quartel do séc. XIX
pela rainha D. Maria Pia (1847–1911), sendo a mais célebre a transfor-
mação da guarnição de corpete (devant-corsage) em forma de laço com
98
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
99
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
100
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 2 – Fragmentos da estrutura de devant-corsage e estojo, 1780–1781, Adam Gottlieb Pollet; prata
parcialmente dourada, ouro, aço, diamantes talhe brilhante, madeira, veludo e galão dourado. Dimensão
aproximada do ramo como existe atualmente: 21 x 14 cm; Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 53503.
Fotografia de Teresa Maranhas.
Fig. 3 – Parte da túlipa pertencente ao devant-corsage de D. Maria I onde são visíveis várias cravações
fechadas com o interior oxidado artificialmente e outras com folhetas refletoras coloridas em tons de
encarnado. Esta flor foi entregue, já pronta, pela rainha D. Maria I a Adam Gottlieb Pollet em 1781
para integrar o devant-corsage, prata. 3,7 x 3,9 x 0,9 cm; Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa.
Fotografia e edição de imagem de João Júlio Rumsey Teixeira.
101
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
102
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
103
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
104
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 4 – Rainha D. Maria Pia vestida de Maria Tudor por ocasião do baile de máscaras
do Entrudo de 1865, prova fotográfica; Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 63023.
Fotografia de João Júlio Rumsey Teixeira.
Fig. 5 – Rainha D. Maria Pia em traje de grande gala, 1886, Augusto Bobone,
prova fotográfica; Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 62974.
Fotografia de João Júlio Rumsey Teixeira.
105
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
106
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
uma forte mola de aço que a ligava à estrutura principal, como uma lua
de pérolas e topázios (PNA, inv. 5200), datável da transição do século
XVIII para o séc. XIX, em que um elemento em forma de estrela é
seguro por uma lâmina de ouro de baixo teor, que lhe permite oscilar.
107
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
108
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 6 – Travessa de cabelo, ca. 1860; ouro, prata, tartaruga. 8,3 x 12,5 cm;
Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 53502. Fotografia de Teresa Maranhas.
Fig. 7 – Fecho de colar de 5 voltas com terminais destacáveis, Itália (?), ca. 1860; ouro, espinela,
diamantes talhe brilhante e talhe rosa. 3,5 x 2,2 x 0,9 cm; Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv.
53315. Fotografia de Teresa Maranhas.
109
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
110
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
111
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
NOTAS
1 BENNETT, David & MASCETTI, Daniela – Understanding Jewellery, Antique Collector’s Club, Suffolk, 2003.
2 Carta de Pedro Vergolino, guarda-joias, a Francisco Mendes de Goes em 4 Julho de 1741, citada por MONTEIRO,
Inês Líbano – Uma Baixela para Servir a Quatro Cobertas. GODINHO, Isabel Silveira (coord.) – A Baixela de Sua
Majestade Fidelíssima, IPPAR/PNA, Lisboa, 2002, p. 39.
3 Catálogo das Joias e Pratas que pertenceram à fallecida rainha Sra. D. Maria Pia. Lisboa, Typ. do Annuario
Comercial, 1912.
4 SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e – A Joalharia em Portugal 1750–1825, Civilização, 1999, p.124.
5 Arquivo Nacional da Torre do Tombo (A.N.T.T.), espólio de Joshua Benoliel.
6 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.), documentação até há poucos anos numa coleção privada,
atualmente em estudo.
7 A.N.T.T., Arquivo da Casa Real (A.C.R.), cx. 7401.
8 A.P.N.A., Direção Geral da Fazenda Pública (D.G.F.P.) – Arrolamento do Palácio Nacional das Necessidades, vol. 7,
fl. 2526v. (verba 16970).
9 A constatação de que a tiara das estrelas tinha já 25 estrelas em 1910 deve-se a Hugo Xavier, conservador do
Palácio Nacional da Pena, a quem agradecemos.
10 Este tema, atualmente em estudo, será alvo de posterior publicação/comunicação.
11 TEIXEIRA, João Júlio Rumsey – Uma Tiara com 4000 diamantes, Lisboa, 2020. Disponível em: www.palacioaju-
da.gov.pt
12 Gazzetta del Polpolo – L’Italliano, ano XV, 1862, nº 267, p.5.
13 A.N.T.T., Inventario Orfanológico de D. Fernando II.
14 Notícia do jornal PUBLICO consultada a 11 de Julho de 2020 em:
112
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
https://www.publico.pt/2020/07/09/culturaipsilon/noticia/dois-tesouros-doacao-vao-tornar-mnaa-brilhan-
te-1923237
15 TEIXEIRA, João Júlio Rumsey – De S. Bento para a Sotheby’s. L+arte, nº 72, Entusiasmo Media, Junho de 2010, p.
8.
16 Magnificent Jewels and Noble Jewels, Sotheby’s Geneva, 11 de Maio de 2010, lote 335.
17 PENALVA, Luísa – As Jóias da Virgem do Carmo. Revista de História de Arte, FCSH, Lisboa, 2000, p. 26 e 27.
18 CARVALHO, Rui Galopim de – Algumas Gemas do Portugal de Setecentos e suas proveniências. Oceanos, nº 43,
CNCDP, 2000, p.36.
19 Boletim da Academia Nacional de Belas-Artes – Documentos. Lisboa, ANBA, Vol. V, 1948, p.7 e 8, doc. XI.
20 SILVA, Nuno Vassallo e – Os Pollet, joalheiros de D. Maria I. Oceanos, nº 43, CNCDP, 2000, p.68 e SOUSA,
Gonçalo de Vasconcelos e, op. cit., p.117.
21 SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e, op. cit., p.117.
22 SILVA, Nuno Vassallo e, op. cit., p.68.
23 MONTEIRO, Inês Líbano, op. cit., p.84.
24 Boletim [...]. Op. cit., Vol. V, p.7 e 8, doc. XI.
25 A.N.T.T., A.C.R., cx. 3753.
26 A.N.T.T., Inventário e Partilha por Óbito de D. João VI.
27 A.N.T.T., Inventário Orfanológico [...].
28 Boletim [...]. Op. cit., Vol. VII, 1956, p.134, doc. CDXXII.
29 A.N.T.T., Inventário e Partilha [...].
30 A.N.T.T., A.C.R., cx. 4363.
31 A.P.N.A., cx. 10.2.2., doc. 183, transcrito em TEIXEIRA, João Júlio Rumsey, Op. cit., p. 41–49.
32 Sobre este tema veja-se TEIXEIRA, João Júlio Rumsey, Op. cit.
33 A.N.T.T., A.C.R., cx. 7118.
34 TEIXEIRA, João Júlio Rumsey, Op. cit., p. 39.
35 Idem, Ibidem, p. 39.
36 É possível supor que esta verba corresponda a um dos dois colares rivière vendidos no leilão de 1912 (lote 41 ou
44).
37 A.P.N.A., D.G.F.P. – Arrolamento do Palácio Nacional da Ajuda, vol. 2, fls. 482v. e 483.
38 Uma destas duas peças constituía o fecho do colar de pérolas vendido no leilão de 1912, lote 280, vd. TEIXEIRA,
João Júlio Rumsey, Op. cit.
39 Na realidade a gema presente é uma espinela vermelha, gema historicamente confundida com o rubi. Esta iden-
tificação foi recentemente confirmada pela análise realizada pelo gemólogo Rui Galopim de Carvalho, a quem
agradecemos.
40 Cf. Catálogo da exposição GODINHO, Isabel Silveira (Coord.) – Tesouros Reais, IPPC/PNA, Lisboa, 1992, cat. 44,
pág. 71.
41 Catálogo das Joias e Pratas que pertenceram [...]
42 A.N.T.T., A.C.R., cx. 7018.
113
DOS REVIVALISMOS AO MOVIMENTO
SECESSIONISTA VIENENSE: VIDROS
DA BOÉMIA DA RAINHA D. MARIA PIA
Resumo Palavras-chave
A região da Boémia, um dos principais centros Vidros; Maria Pia; Boémia; Lobmeyr; Moser;
produtores vidreiros da Europa, teve no século Meyr’s Neffe.
XIX importantes fabricantes como Ludwig
Moser & Söhne, fundado em 1857 por Ludwig
Moser em Karlovy Vary (antiga Karlsbad), e a
J & L Lobmeyr, em 1823 por Joseph Lobmeyr
em Viena. Os seus artigos excepcionais não
escaparam ao olhar da rainha D. Maria Pia, que,
durante as suas temporadas na estância termal
de Karlsbad e nas visitas a Viena, por ocasião
dos seus tours pela Europa, adquiriu naqueles
fabricantes muitos objetos. Desvenda-se nesta
apresentação o gosto seletivo e refinado, e um
olhar sempre atualizado da nossa soberana.
115
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
INTRODUÇÃO
116
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
117
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
118
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
119
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
120
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
121
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
122
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
123
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 2 – Serviço de chá para 12 pessoas (24 peças), Moser, Karlsbad, Boémia , 1880–1902;
cristal transparente incolor, rosa, branco e lilás. Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa.
PNA inv. 22891. Fotografia de Luisa Oliveira ADF |DGPC
124
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
125
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 3 – Serviço de mesa (292 peças); J. & L Lobmeyr, Viena, 1888; Cristal transparente incolor e
verde. Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa. PNA inv. 22906. Fotografia de Luisa Oliveira ADF |DGPC
Fig. 4 – Serviço de Licor (15 peças), Kolo Moser (design) Meyr’s Neffe? para Ludwig Moser & Sohne,
Karlsbad, Boémia, c.1900. Cristal transparente incolor e rosa, lilás, amarelo, verde e azul turquesa.
Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa. PNA inv.22943. Fotografia de Luisa Oliveira ADF |DGPC
126
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
127
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 5 – Lavabos (11), Moser, Karlsbad, Fig. 6 – Jarrinha, Loetz ou J. & L Lobmeyr,
Boémia, c.1900; Cristal transparente Boémia, 1895–1905; Vidro iridescente de
incolor e cor-de-rosa. Palácio Nacional tonalidade verde e amarela. Prata. Palácio
da Ajuda, Lisboa. PNA inv. 22928. Nacional da Ajuda, Lisboa. PNA inv. 50471.
Fotografia de Luisa Oliveira ADF |DGPC Fotografia de Luisa Oliveira ADF |DGPC
Fig. 7 – Serviço para bebidas, Moser, Karlsbad, Boémia, 1898–1902; Cristal transparente
incolor e verde. Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa. PNA inv. 22891.
128
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
129
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
CONSIDERAÇÕES FINAIS
NOTAS
1 PETROVÁ, Sylvia; OLIVIÉ, Jean Luc; Verres de Boheme.1400–1989. Chefs d’Oeuvre des Musées de Tchecoslovaquie,
Musée des Arts Décoratifs, Flammarion, Paris, 1989, pp.10, 11.
2 CUSTÓDIO, Jorge; A Real Fábrica de Vidros de Coina (1719–1747) e o Vidro em Portugal nos Séculos XVII e
XVIII, Instituto Português do Património Arquitectónico, Lisboa, Janeiro de 2002, p.31.
3 LIEFKES, Reino; Glass, V&A Publications, London, 1997. Pp.68, 69.
4 Idem, p70.
5 Ter-se-á feito passar por surdo-mudo para descobrir naquela manufatura o segredo das formulas de algumas
cores.
6 PETROVÁ, Sylvia; OLIVIÉ, Jean Luc; Verres de Boheme.1400–1989. Chefs d’Oeuvre des Musées de Tchecoslovaquie,
Musée des Arts Décoratifs, Flammarion, Paris, 1989, pp.69.
7 Idem, pp 53 e 54.
8 Idem , p.74.
9 CAPPA, Giuseppe; Le Génie Verrier de l’Europe. Témoignages de l’Historicisme à la Modernité (1840–1998) , Pierre
Mardaga éditeur, Hayen, Belgique, 1998, p.32.
10 Nomeadamente ao Sr. Peter Rath, também membro fundador da Light & Glass. European Society for Light and
Glass, de que o PNA é membro, e que tem prestado colaboração com a instituição.
11 CAPPA, Giuseppe; Le Génie Verrier de l’Europe. Témoignages de l’Historicisme à la Modernité (1840–1998) , Pierre
Mardaga éditeur, Hayen, Belgique, 1998, p.3110
130
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
12 Denominados serviços para o quarto, são geralmente compostos de: Garrafa, garrafinha, açucareiro, copo e tabu-
leiro. Serviam infusão de flor de laranjeira, bebida que permitia um sono reparador
13 VONDRUSKA,Vladimir, LANGHAMMER, Antonin, Cristal da Boémia, Tradição e Actualidade, Crystalex Novy
Bor, Ediclube, Alfragide, 1997, pp.82, 83.
14 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.) Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio
Nacional da Ajuda, vol. 9, 1912
15 Idem.
16 MERGL, Jan; PÁNKOVÁ, Lenka-Moser: Joya del Cristal de Bohemia. Catálogo de Exposición. Madrid: Emersa,
2000, p.26.
17 Ficha de inventário anterior refere a existência de etiqueta da fábrica Moser (Boémia), que já não existe.
18 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.), 5-II-5 (164), Relação dos Serviços de Vidro; 1907; folha
72: “Serviços diftes. para chá e café – nº24/ (...)/ 12 chávenas 3 de cada côr para chá/ 12 pires das ditas, idem”.
Observação a lápis: “viagem 1901/ Glasfabrik Meierhöfen Karlsbad”.
Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.) 4.2.2. (1927), “Relações diversas de encomendas feitas em
Karlsbad em 1901 – loiças, vidros, carteiras, etc.”
19 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.), II-1(b), Inventário pratas, louças, etc., fl. 112.
20 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.), Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio
Nacional da Ajuda, vol. 5, 1911,fl.1431.
21 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.), Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio
Nacional da Ajuda, vol. 4, 1911,fl. 1405.
22 A lista está descrita na fatura, onde constam, entre oupeças soltas, conjuntos ainda no acervo do PNA: Arquivo
Nacional da Torre do Tombo (A.N.T.T.),C.R, Cx.7004, factura da casa Lobmeyr , Viena, de 3 de Maio de 1889
23 Arquivo Nacional da Torre do Tombo (A.N.T.T.),C.R, Cx.7329, factura da casa Lobmeyr , Viena, de 25 de
Outubro de 1888.
24 Sobre o “serviço à russa” veja-se BURNAY, Maria João B.M.,Os melhores vidros para as grandes ocasiões. Serviços
da rainha D. Maria Pia. “A Royal Lunch. A Visita da Rainha Alexandra do Reino Unido.24 de Março de 1905.”,
Coleções em foco. Palácios Nacionais de Sintra, Queluz, Pena. Nº2, 2019. Pp.250 e 251.
25 “306 gravures: Chiffres ML, Couronne Royale”.
26 A fatura de 3 de Maio de 1888 é acompanhada de uma carta a informar que foram expedidas as 13 caixas com
os diversos cristais adquiridos pela rainha por ocasião da sua visita a Viena. O atraso no envio da encomenda é
justificado pela demora da casa Lobmeyr em receber o desenho das armas reais a gravar nas peças.
27 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.) 5-II-1(b), Inventário pratas, louças, etc., folha 113: “Serviços de
vidros da fábrica de Glasfabrik Meierhöfen Karlsbad pertencente a S. M. a Rainha D. Maria Pia – Armário nº19/
Viagem de 1901(...)”.Registo “em arrecadação” datado de 2 de Março de 1902.
28 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.). Direção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio
Nacional da Ajuda, vol. 5, 1911, fls. 1427e 1428.
29 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.) Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio
Nacional da Ajuda, vol. 5, 1911, fl.. 1432.
30 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.), “Relação de vidros”, s.d. 10.2.2., conjunto nº2.
31 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.) Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio
Nacional da Ajuda, vol. 8, 1912, fl. 2535.
32 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.), Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio
Nacional da Ajuda, vol. 5, 1911, fls. 1429 e 1430.
33 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.). 5-II-1(b), Inventário pratas, louças, etc., fl. 112.
34 Arquivo do Palácio Nacional da Ajuda (A.P.N.A.)5-II-5 (164), Relação dos Serviços de Vidro, 1907, fl. 69.
131
A MAGIA DO ABANICO: UM OLHAR
SOBRE A COLEÇÃO DE LEQUES
D. MARIA PIA PRESENTE NO PALÁCIO
NACIONAL DA AJUDA, ATRAVÉS DA
ANÁLISE E ORIGENS DO OBJETO
Resumo Palavras-chave
Este texto pretende, não só, olhar para os Leques; Maria Pia; Saboia; Palácio Nacional da
leques, enquanto objetos, mas, analisar a sua Ajuda; Orientalismo.
história e vivência dentro de uma coleção muito
específica; compreender a origem dos mesmos
na Europa – usando este chavo como introdução
à temática –, qual a simbologia associada aos
objetos, e, subsequentemente, o estatuto que
estes auferem, tendo que, automaticamente,
perspetivar as suas origens nipónicas. Enquanto
figura influenciadora que era, Maria Pia tornou
estes objetos, tão utilitários, como belos, numa
verdadeira imagem de marca, fazendo com que
damas por todo o reino adotassem o uso do
“abanico”.
133
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
134
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
135
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
136
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
137
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
138
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 1 – Leque, nº de inventário 42436, PNA, Rafael Bordalo Pinheiro, executado em Paris.
Seda, tartaruga, prata, diamantes. Litografia sobre cetim de seda, alt. 26,8 cm x lg. 50 cm.
Fig. 3 – Leque, nº de inventário 54551, PNA, Artur Mélida, executado em Madrid. Seda preta,
madeira, madrepérola, ouro e metal dourado. Pintura sobre seda, alt. 31 cm x lg. 55 cm.
139
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
javali, que apesar da sua tenra idade, já estão a ser elevados à nobreza
que lhe és devida. É algo bucólico, a representação na Fig. 3, encon-
trando-se vestidos com trajes históricos fantasiados, erguendo armas de
guerra. São visíveis as armas de seus pais: Portugal e Saboia.
D. Maria Pia e D. Luís I contraem matrimónio em 1862, e nesse mes-
mo ano, inicia-se a produção do leque presente na Fig. 4. Nele, pode-
mos encontrar as armas de Maria Pia, de Portugal e de Saboia, a divisa
da Casa de Bragança – com o dragão – e a seguinte frase: «Depois de vós
nós». A face oposta representa duas figuras femininas, com as rédeas do
amor, cupidos e pombas.
Também encontrado no quarto de dormir da rainha, em 1911, este
é um leque de luto. D. Luís falece precocemente, em 1889, com apenas
50 anos. São produzidos vários leques de luto para Maria Pia, sendo que
gostaria de destacar a Fig. 5, pela simplicidade e despojamento do leque,
e da beleza dos bordados.
A mestria de Maria Pia estendesse à pintura, como é exemplo a folha
de leque a si atribuída na Fig. 6. Mãe, esposa, colecionadora, artista, in-
fluenciadora, estes 6 exemplares da sua coleção de leques são descritivos
da sua personalidade vincada, gosto e bondade. Citando José Alberto
Ribeiro «D. Maria Pia, gastava tanto quando doava»15. Cada exemplar
representa-a enquanto mulher, o seu bom gosto, e a visão de um palácio
num lar de família. Os leques têm a sua linguagem própria, escondida
e codificada. E falam por si. E falam por Maria Pia, em todos os seus
«eu», e por todas as décadas que dedicou à construção de uma das mais
maravilhosas coleções, eclética, mas marcada pela sua personalidade, o
Palácio da Ajuda é a materialização da pessoa de D. Maria Pia. O leque
é dos objetos mais transversais de sempre e tem uma capacidade incrí-
vel de comunicar com, para e pelo seu detentor. Cada um, conta uma
história, seja pelas suas origens, propósitos de produção ou decoração e
iconografia. Uma pequena migalha do oriente que agora também é tão
nossa, e que continua a mexer o mercado de arte.
140
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
141
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
BIBLIOGRAFIA
ADDISON, Joseph, The Spectator, Wentworth Press, 28 de Agosto de 2016, vol. VII.
DREYFUS, Jenny, Artes Menores, Editora Anhambi, São Paulo, 1959.
HART, Avril, TAYLOR, Emma, Fans, V&A Publications, Londres, 1998. Cf.
LIPINSKI, Edward R., The New York Times home repair almanac: a season-by-season guide for main-
taining your home, Lebhar-Friedman Books, Nova Iorque, 1999.
MELO, Maria Assunção, “Abanico Léquio”. Refresco, Acessório, Linguagem e Arma, Núcleo de História
Militar Manuel Coelho Baptista de Lima, 19 de Julho, 2017.
PINTO, Paulo Miguel Campos, O leque de folha dobrada do século XVI ao século XX. Leques
Comemorativos portugueses, Universidade Lusíada, Lisboa, 2002, vol. I.
WINSTANLEY, John, Poems Written Occasionally, Kisseinger Publishing CO, 2008.
WEBGRAFIA
https://www.academia.edu/37369128/PORTUGAL_BRAGANÇAS_E_LEQUES. Visitado a dia 7 de
Março de 2020.
https://www.academia.edu/38938919/PORTUGAL_BRAGANÇAS_E_LEQUES_PARTE_II. Visitado
a 7 de Março de 2020.
https://www.soas.ac.uk/gallery/traditionsrevised/origin-of-the-folding-fan.html. Visitado a 30 de
Março de 2020.
https://www.sothebys.com/en/articles/the-secret-language-of-fans. Visitado a 5 de Março de 2020.
NOTAS
1 Cf. MELO, Maria Assunção, “Abanico Léquio”. Refresco, Acessório, Linguagem e Arma, Núcleo de História Militar
Manuel Coelho Baptista de Lima, 19 de Julho, 2017.
2 Cf. HART, Avril, TAYLOR, Emma, Fans, V&A Publications, Londres, 1998. Cf. LIPINSKI, Edward R., The New
York Times home repair almanac: a season-by-season guide for maintaining your home, Lebhar-Friedman Books,
Nova Iorque, 1999.
3 Cf. DREYFUS, Jenny, Artes Menores, Editora Anhambi, São Paulo, 1959.
4 Cf. MELO, Maria Assunção, op. cit., p. 2.
5 Cf. PEDROSO, Maria Luísa Infante, Portugal, Braganças e Leques, Parte I, s/d. Vide: https://www.academia.
edu/37369128/PORTUGAL_BRAGANÇAS_E_LEQUES.
6 STARP, Alexandra, «The Secret Language of Fans» in Objects of Vertu, Sotheby’s, 24 de Abril de 2018. Vide https://
www.sothebys.com/en/articles/the-secret-language-of-fans.
7 Idem.
8 Estudo realizado pela SOAS (School of Oriental and African Studies), a propósito das coleções na Galeria Brunei.
Vide ainda, o texto sintetizado do estudo em: https://www.soas.ac.uk/gallery/traditionsrevised/origin-of-the-
-folding-fan.html.
9 Cf. PEDROSO, Maria Luísa Infante, op. cit., p. 3.
10 Cf. PEDROSO, Maria Luísa Infante, Portugal, Braganças e Leques, Parte II, s/d. Vide: https://www.academia.
edu/38938919/PORTUGAL_BRAGANÇAS_E_LEQUES_PARTE_II.
11 Cf. ADDISON, Joseph, The Spectator, Wentworth Press, 28 de Agosto de 2016, vol. VII.
12 Idem
13 Cf. WINSTANLEY, John, Poems Written Occasionally, Kisseinger Publishing CO, 2008.
14 Cf. PINTO, Paulo Miguel Campos, O leque de folha dobrada do século XVI ao século XX. Leques Comemorativos
portugueses, Universidade Lusíada, Lisboa, 2002, vol. I.
15 José Alberto Ribeiro in «Visita Guida», RTP, 2014.
142
DO PALÁCIO FOZ PARA OS
PAÇOS REAIS, AS AQUISIÇÕES
DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA
NO LEILÃO DE 1901
Resumo Palavras-chave
No ano de 1889 o conde da Foz, com o objectivo Renascimento; Mosteiro dos Jerónimos;
de albergar a sua coleção de arte, ordenou uma Porcelana Chinesa; França; Lisboa.
campanha de obras no Palácio Castelo Melhor,
conferindo assim um ambiente cosmopolita
e culto. No ano de 1901 leiloou o seu recheio
e determinados lotes foram adquiridos pela
Família Real Portuguesa. Esta consecução reflete
o gosto vigente e também o valor intrínseco de
alguns objetos. Com o propósito de traçar o seu
atual paradeiro apoiamo-nos em documentação
coeva e em reflexões sobre este património.
143
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
INTRODUÇÃO
144
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
145
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
146
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
de Fumo) e projetada no mesmo gosto. Sendo esta coleção uma das mais
importantes no seu género a nível mundial8. Magistralmente neste edifí-
cio conjugou-se um ambiente familiar rodeado pelas peças de arte, mas
harmoniosamente dispostas para serem devidamente usufruídas.
São todas estas tendências que foram seguidas pelo marquês da Foz
ao remodelar o Palácio Castelo Melhor em Lisboa. No presente texto
focaremos as relações espaciais e a forma como foram colocadas as cole-
ções no seu interior, entre outras particularidades ainda não abordadas.
Os intervenientes na obra e reflexões sobre as artes decorativas interio-
res já foram anteriormente alvo de estudo9.
147
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 3 – Galeria da Escada Principal, Epocha Luiz XIV, 1891, M. Caetano de Portugal
(atribuído); prova fotográfica em papel direto de colódio mate; 18 x 24 cm; Fundação
Calouste Gulbenkian, Biblioteca de Arte CFT172.008, Lisboa.
148
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
149
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
150
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
151
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 5 – Hall, 1891, M. Caetano de Portugal (atribuído); prova fotográfica em papel direto de
colódio mate; 18 x 24 cm; Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca de Arte CFT172.017, Lisboa.
152
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
153
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
154
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
155
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
156
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
157
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
NOTAS
1 Queremos agradecer ao Francisco Queiroz e à Maria de Fátima Nina Moura por nos terem ajudado no acesso de
parte da bibliografia, necessária para a realização deste artigo, durante a pandemia.
2 RAMOS, Rui Jorge Garcia – A Casa – Arquitectura e projecto domestico na primeira metade do século XX portu-
guês. Porto, Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2010, p. 2–72 e 194–195.
3 A aguarela pertence à coleção Thaw, Cooper Hewitt Smithsonian Design Museum, ID 18708193.
4 DUBOIS-BRINKMANN, Isabelle – L’industrie du textile imprimé In DUBOIS-BRINKMANN, Isabelle /
STARCKY, Emmanuel comissários – Folie textile – Mode et décoration sous le Second Empire. Paris, Réunion des
musées nationaux, 2013, p. 42–44.
5 Cf. PASZKIEWICZ, Mieczyslaw – Jacek Malczewski in Asia Minor and Rozdol: The Lanckoroński Foundation.
Londres, Polish Library, 1972.
6 Destruído durante a Segunda Grande Guerra (1939–1945). KARGE, Henrik – Genese und Kanonisierung der
Neorenaissance in der deutschen Architektur des 19. Jahrhunderts In KAMECKE, Gernot e RIDER, Jacques Le,
ed. – La codification. Perspectives transdisciplinaires (Études et rencontres du Collège doctoral européen EPHE-TU
Dresden, 3, Paris, Collège doctoral européen, 2007, p. 214–218.
7 Ficou danificado durante a Segunda Grande Guerra e acabou por ser demolido em 1954.
8 Cf. CARR, Norman e GURNEY, Ivor – Waddesdon’s Golden Years: 1874–1925. Waddesdon, The Alice Trust, 1996.
9 Cf. VALE, Teresa Leonor M. – Da sumptuosidade e da ostentação: os interiores do palácio dos marqueses da
Foz nos últimos anos de Oitocentos – Monumentos, N.º 11, Lisboa, Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999, p. 31–35.
10 MOREIRA, Anabela Mendes e SERRANO, Inês Domingues – Análise dos projetos e das obras no Palácio Foz, em
Lisboa, entre 1887 e 1904: contributo para a sua reconstituição arquitetónica e construtiva dos elementos na sua
envolvente – Revista CPC, V. 14 N.º 27, São Paulo, Universidade de São Paulo, 2019, p. 72–78.
11 VALE, Op. cit., p. 33.
12 Trata-se de um queimador com invólucro em vidro de onde emergem, pelo menos, 6 bicos de gás ditos papillon.
Foram pela primeira vez empregues em candeeiros de rua, em 1878, na rue Quatre-Septembre em Paris e daí a
sua designação. DEITZ, Philippe – Histoire des luminaires. Liège, Editions du Perron, 2009, p. 264.
13 Candeeiro inventado em 1836 para óleo vegetal, pelo engenheiro francês Franchot (1809–1881).
14 Entre eles dois quadros do pintor flamengo Frans Snyders (1579–1657), “O vendedor de peixe” e a “A vendedora
da fruta”, que estão hoje na Sala dos Painéis. Catalogo do leilão dos objectos d’arte e mobiliario antigo, Palacio Foz
na Praça dos Restauradores, nos. 28 a 32. Lisboa, Companhia Nacional Editora, 1901, p. 11.
15 Parte do mobiliário de assento era composto por 1 sofá e 6 cadeiras com braços, lote 272 a 275, e foram adqui-
ridos por José Gonçalves Guimarães Serôdio, 1.º conde de Sabrosa (1855–1937). Cf. Catalogo do leilão, Op. cit.,
p. 22 e TAVARES, Santos – Habitações Artisticas, Digressões e visitas, Casa do sr. Conde de Sabrosa. Illustração
Portugueza, N.º 12, Empreza do jornal O Seculo, 25 de Janeiro de 1904, p. 182–183.
16 Como por exemplo o arquiteto Miguel Ventura Terra (1866–1919) em muitos dos seus projetos.
17 The Art Journal Illustrated Catalogue of the International Exhibition 1862. Londres, James S. Virtue, 1862, p. 10.
18 A Família Real também tinha este modelo de candeeiro da Gagneau. Cf. FEVEREIRO, António Cota – Iluminação
da Casa Real Portuguesa. Os Candeeiros do Palácio Nacional da Ajuda. Oeiras, Mazu Press, 2018, p. 48–49.
19 Serviu de inspiração ao guarda-fogo. Foi adquirido no leilão e colocado num quarto de dormir, como podemos
observar numa fotografia pertencente ao Arquivo Municipal de Lisboa, com a cota NEG001085.
20 A informação sobre o recheio do Palácio Foz partiu do cotejamento do catálogo do leilão de 1901 com um artigo
de Abel Botelho publicado nesse ano. Cf. BOTELHO, Abel – O Leilao do Palacio Foz. Brasil-Portugal, N.º 56,
Companhia Nacional Editora, 16 de maio de 1901, p. 114–117.
21 RIBEIRO, José Alberto – Rainha D. Amélia. Uma Biografia. Lisboa, A Esfera dos Livros, 2013, p. 87.
22 No Arquivo Municipal de Lisboa há fotografias que foram utilizadas no catálogo e em publicações periódicas,
como a Brasil-Portugal e a Occidente, as quais têm as seguintes cotas: NEG000561, NEG001074, NEG001076,
NEG001080, NEG001082 e NEG001145. Do leilão há fotografias das peças marcadas e têm as cotas: NEG000186,
158
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
NEG000187 e NEG000710.
23 Catalogo do leilão, Op. cit., p. 11 e 14.
24 Cf. FEVEREIRO, António Cota – Genealogia, dados biográficos e obra de arquitetos, artistas e construtores civis
portugueses do século XIX e XX – Raízes e Memórias, N.º 29, Lisboa, Associação Portuguesa de Genealogia, 2012,
p. 256–258.
25 Catalogo do leilão, Op. cit., p. 59 e Arquivo Palácio Nacional da Ajuda (APNA), Inventário Judicial do Paço da
Ajuda, 1912, fl. 3624 a 3625. Foi recolocado na Escada Principal do Palácio Foz.
26 Catalogo do leilão, Op. cit., p. 44 e APNA, Inventário Paço da Ajuda, 1912, fl. 3554v. a 3556. As seis poltronas
estão depositadas no Palácio Nacional de Mafra. O sofá e duas poltronas estão no Palácio Nacional de Queluz e
queremos agradecer à Dr.ª Conceição Coelho esta confirmação.
27 Este serviço serviu de inspiração a outro denominado Palácio e produzido pela Fábrica da Vista Alegre de 1992 a
2017.
28 Cf. Catalogo do leilão, Op. cit., p. 17–18, APNA, Cx. 10.2.2., doc. 30, N.º 19 e depois 18, Inventário Paço da Ajuda,
1912, fl. 1478 a 1479v. De acordo com o cotejamento efetuado, baseado na listagem sem data, nas verbas alfa
numéricas do inventário judicial e nos números de inventário atuais, o resultado é o seguinte: N’1802 correspon-
de ao n.º de inv. 22542 a 22547; N’1803 ao 22551 a 22579 e 22579/A; N’1804 ao 22548 a 22550 e 22583 a 22588
(falta 1 prato); N’1805 ao 22480 a 22505; N’1806 ao 22506 a 22527 (faltam 5 pratos); N’1807 ao 22528 a 22538
e 22538/A; N’1808 ao 22539 a 22541; N’1809 ao 22581 a 22582; N’1810 ao 403 e 408; N’1811 ao 22589 a 22601
(contabilizaram 12, mas há no total 13 pratos); N’1812 ao 25250/A/B; N’1813 ao 25250/C e N’1814 ao 22580.
29 Catalogo do leilão, Op. cit., p. 28. Foi identificada por nós no ano de 2015.
159
OBJECTOS DE VALOR ARTÍSTICO
DE D. CARLOS I NO PALÁCIO
NACIONAL DAS NECESSIDADES
E SUA DISPERSÃO NA PRIMEIRA
METADE DO SÉCULO XX (1913–15)
SOFIA BRAGA
Doutorando no Artis – Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa.
helenabraga@campus.ulisboa.pt
Resumo Palavras-chave
El-Rei D. Carlos I teve uma educação D. Carlos I; Palácio; Necessidades; artista;
excepcional: as suas capacidades artísticas foram coleccionismo.
estimuladas pelo seu mestre Enrique Casanova;
herdou a veia de coleccionador através de D.
Fernando de Saxe-Coburgo Gotha, seu avô; e
de seu pai, o rei D. Luís, adquiriu o gosto pela
aguarela. Neste âmbito, e sabendo de antemão
que D. Carlos I era coleccionador e aficcionado
pela pintura a aguarela e pastel, pretende-se
reconstituir, através dos inventários judiciais,
uma parcela do espólio pessoal que “habitava”
nos aposentos de D. Carlos I no Palácio
Nacional das Necessidades, tendo sido uma
parte adquirida por si no mercado nacional e
internacional.
161
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
INTRODUÇÃO
162
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
163
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
164
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
165
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
166
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
167
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
168
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
169
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
170
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
171
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
NOTAS
1 AÇA, Zacharias de – A Exposição do Gremio Artistico. Arte Portuguesa, Nº 2, Gabriel Pereira e E. Casanova, 1895,
p. 28.
2 Arquivo Nacional da Torre do Tombo – Direcção Geral da Fazenda Pública; código de referência: PT/PNA/
DGFP.
3 Ibidem.
4 A.N.T.T. – Inventário Judicial do Palácio Nacional das Necessidades, Vol. 3; código de referência: PT/PNA/
DGFP/0001–001/0003/0001.
5 Ibidem.
6 GUIMARÃES, Alfredo – Salões, Ateliers, Interiores. Os aposentos de S.M. El-Rei. Brasil-Portugal, Nº 3, 1899, p. 4
7 Ibidem.
8 El Rei Pintor. Illustração Portugueza, Nº 48, Carlos Malheiro Dias e José Joubert Chaves, 1907, p. 74.
9 Sua Magestade El-Rei no Salão da Illustração Portugueza. Illustração Portugueza, Nº 55, Carlos Malheiro Dias,
1907, p. 290.
10 GIRARD, Alberto Arhur – Elogio Académico de Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Carlos I. Lisboa: Typ. da
Academia, 1909.
11 Ibidem.
12 AÇA, Zacharias d` – A Arte Portuguesa em 1894. A exposição do Grémio Artístico. Arte Portuguesa, Nº 2, Gabriel
Pereira e E. Casanova, 1895, p. 28.
13 AÇA, Zacharias d` – A Exposição do Gremio Artistico. O Occidente, Nº 625, Caetano Alberto da Silva, 1896, p.
102.
14 VASCONCELLOS, Henrique de – Exposição de Belas Artes. Brazil-Portugal, Nº 58, 1901, p. 156.
15 X. – Segunda Exposição da Sociedade Nacional de Bellas Artes. O Occidente, Nº 841, Caetano Alberto da Silva,
1902, p. 98.
16 O Occidente, Nº 876, Caetano Alberto da Silva, 1903, pp. 91–94.
172
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
17 X. – Segunda Exposição da Sociedade Nacional de Bellas Artes. O Occidente, Nº 841, Caetano Alberto da Silva
1902, p. 98.
18 A Exposição de Belas-Artes. Quadro de S. M. el-Rei. Illustração Portugueza, Nº 28, 1904, p. 135.
19 A Arte Portugueza na Exposição de S. Luiz. O Occidente, Nº 20, José Joubert Chaves, 1904, p. 312.
20 A. P. – El Rei Pintor. Illustração Portugueza, Nº 48, Carlos Malheiro Dias, 1907, p. 74.
21 Aguarella D`El-Rei. Illustração Portugueza, Nº 3, 1906.
22 J.C. – A Exposição de Milão. O Occidente, Nº 999, Caetano Alberto da Silva, 1906, p. 209.
173
GALERIE PEDRE DAUPIAS:
UM PONTO TURÍSTICO
EM ALCÂNTARA
RAMIRO A. GONÇALVES
Assistente da Coleção de Pintura, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal.
ramirogoncalves@mnaa.dgpc.pt
Resumo Palavras-chave
O empresário industrial conde Daupias foi um Galerie Pedre Daupias; colecionismo;
dos mais importantes colecionadores lisboetas museografia; século XIX.
de arte do último quartel do século XIX.
Na galeria que construiu na sua residência
em Alcântara, aberta ao público, era possível
admirar um conjunto excecional de pinturas
de velhos mestres ou pintores contemporâneos,
que evocaremos no presente artigo, através
de diversos relatos escritos: reportagem do
jornalista Rangel de Lima; a crónica de uma
jornalista americana, ou inglesa, que assina
R. M. mas que até hoje não foi possível
identificar; e as memórias de Thomaz de Mello
Breyner, 4.º conde de Mafra. Através destas
três contribuições poderemos ter um melhor
entendimento do espaço, as características da
visita pública e a vivência do lugar. Os visitantes
e frequentadores famosos da galeria serão
lembrados através das memórias do 4.º conde de
Mafra e de notícias de periódicos.
175
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
176
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
177
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 1 – O Comercio e Industria. Vol. I. Ano 1 nº7. “Visconde Daupias” 1º Visconde e 1º Conde
Daupias. Pedro Eugénio Daupias (1818–1900), Fidalgo da Casa Real, grande industrial.
Empresa Almeida Pinto & Cº. Lisboa. Imagem: 10 x 14 ; Montagem: 26,5 x 37,5 cm
Lisboa, Biblioteca da Ajuda (233-X, reg. 736) ©DGPC/ADF/José Paulo Ruas, 2013
178
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
179
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
180
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
181
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
182
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
183
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
184
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 4 – Os notaveis concertistas Gregorowitch, Fig. 5 – Retrato de Jean Burnay, 1884, Lisboa.
Rubio e Vallejos, 1886. Raphael Bordallo Anders Zorn (1860–1920). Aguarela sobre
Pinheiro (1846–1905). Publicado no Pontos nos papel, 70 × 52 cm. Proveniência: compra,
ii, n.º 49. Lisboa: 8 de Abril de 1886, p. 385. 1977. Nationalmuseum, Suécia. NMB 2104
©Hemeroteca Digital ©Nationalmuseum
185
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
CONCLUSÃO
186
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
AGRADECIMENTOS
Ana Daupias d’Alcochete e Nuno Daupias d’Alcochete; Hugo Xavier (PNP/PS-ML); Anísio Franco,
Celina Bastos e Miguel Soromenho (MNAA)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BREYNER, Thomaz de Mello. Memórias do Professor Thomaz de Mello Breyner, 4º Conde de Mafra,
1869–1880. Lisboa: Parceria António Maria Pereira. 1930.
BREYNER, Thomaz de Mello. Memórias do Professor Thomaz de Mello Breyner, 4º Conde de Mafra,
1880–1883. Lisboa: Oficina Grafica, L.DA. 1934.
ENGSTRÖM, Albert. Anders Zorn. Estocolmo: Albert Bonniers Forlag. 1928.
GONÇALVES, Ramiro A.. «DAUPIAS, Pedro Eugénio (Paris, 1818-Lisboa, 1900), 1.º visconde e 1.º
conde Daupias», in Dicionário Quem é Quem na Museologia Portuguesa. Instituto de História de Arte
da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (IHA-FCSH/NOVA)
(no prelo).
M., R. 1886. «A woman’s letter from Portugal», in The Americn Register: London American Register.
[Nova Iorque]: 4 de dezembro de 1886.
ORTIGÃO, Ramalho, 1882. “Visconde Daupias”. Diario Illustrado. 1882. Lisboa: 27 de fevereiro,
n.º 3161, Lisboa.
RATTAZZI, Maria. Portugal de Relance. Lisboa: Livraria Zeferino-Editora. 1882.
NOTAS
1 Collaboração – Correspondencia do Jornal do Recife – lisboa, 13 de setembro de 1877. Jornal do Recife, quinta-
-feira, 27 de setembro de 1877, p. 2. col. 4.
2 RAMOS, Rui, D. Carlos, Rio de Mouro, Círculo de Leitores e Centro de Estudos dos Povos e Culturas de
Expressão Portuguesa, 2006, p. 113.
3 MATOS, Ana Cardoso de, A utopia do conhecimento químico e da engenharia urbana para a solução dos pro-
blemas das cidades do século XIX: o caso de Lisboa. XIV Coloquio Internacional de Geocrítica Las utopías y la
construcción de la sociedad del futuro. Barcelona, 2016, p. 6.
4 SEIXAS, Maria Augusta, As operárias de Alcântara e as suas lutas antes e durante a I República. Alcântara: UMAR/
Centro de Documentação e Arquivo Feminista Elina Guimarães. 2012, p. 8.
187
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
5 Idem.
6 Francisco Rangel de Lima (1839–1909) foi funcionário público, tendo-se destacado em atividades literárias liga-
das ao jornalismo e à crítica de arte especialmente através da revista Artes e Letras. Cheg ou a pintar e a expor na
Sociedade Promotora de Bellas Artes.
7 Em 1889, o arquiteto belga, durante a estadia lisboeta, intervencionou nas obras dos palacetes Burnay e Ribeiro
(modelo no Musée de Ixelles), a remodelação da Quinta da Trindade no Seixal (propriedade de João Burnay,
genro do conde Daupias) e o layout da Galeria de Arte do Conde Daupias, seu período criativo cobre cin-
quenta anos. Ver: POIRIER, Pierre, «BRUNFAUT», in Biographie Nationale publiée par l’Académie Royale des
Sciences, des Lettres et des Beaux-arts de Belgique. Tome trente-quatrième – supplément tome vi (fascicule 1er).
Adriaensen – Gubbels. Bruxelas: Établissements Emile Bruylant. 1967, p. 144–147.
8 KEIL, Alfredo. Collecções e museus de arte em Lisboa. Lisboa: Livraria Ferreira & Oliveira. 1905, p. 13.
9 L’ART MODERNE – Paraissant le dimanche – Revue critique des arts et de la littérature. Domingo, 18 de Maio de
1890, Ano 10 – N.º20, Bruxelas, p. 155–157.
10 Léon Roger-Milès «Au Jour le Jour UN COLLECTIONNEUR/ LE COMTE DAUPIAS» in Le Figaro, Quinta-
feira, 12 de Maio de 1892, número 133, Paris, p. 1.
11 L’ART MODERNE – Paraissant le dimanche – Revue critique des arts et de la littérature. Domingo, 18 de Maio de
1890, Ano 10 – N.º20, Bruxelas, p. 155–157.
12 GAMALLO, Antonio Deaño. «Las cartas de Emilia Pardo Bazán a Antonio Machado y Álvarez» in La Tribuna:
cadernos de estudos da Casa Museo Emilia Pardo Bazan, Nº. 6. Págs. 173–234. 2008, p. 192.
13 GINER DE LOS RÍOS, Francisco, GINER DE LOS RÍOS, Hermenegildo. 1888.Portugal. Impresiones para servir
de guía al viajero. Madrid: Imprenta Popular, p. 125.
14 L’ART MODERNE – Paraissant le dimanche – Revue critique des arts et de la littérature. Domingo, 18 de Maio de
1890, Ano 10 – N.º20, Bruxelas, p. 155–157.
188
A PORCELANA CHINESA DE
EXPORTAÇÃO NO SÉCULO XIX
E O MERCADO BRASILEIRO
Resumo Palavras-chave
O objetivo deste trabalho é oferecer um Porcelana Chinesa de Exportação; Jingdezhen;
panorama histórico sobre a produção e China; D. João VI; Guerra do Ópio
comercialização de porcelanas chinesas no
século XIX, trazendo à luz as tendências e estilos
deste período disruptivo. Internamente a China
vive uma era dramática, com guerras e distúrbios
sociais que afetaram a produção em Jingdezhen.
Externamente, a comercialização de porcelanas
adota outros rumos devido à concurrência
de manufaturas europeias, à extinção das
Companhias das Índias inglesa e à ascensão dos
Estados Unidos como potência marítima. Nesse
período o Brasil ascende a Reino e Império,
tornando-se um importante mercado para as
porcelanas chinesas.
189
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
INTRODUÇÃO
190
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
191
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
192
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
porém efetivamente, governar a China até sua morte. Cixi era aman-
te de porcelanas e envolveu-se diretamente na produção, ordenando a
execução de suas próprias peças, conhecidas como “Dayazhai”, datadas
de 1862–74, e cuja particularidade é o uso da flor de glicínia. A constan-
te ligação de Cixi na produção em Jingdezhen trouxe não só melhoria
na qualidade das peças, senão que também novas e coloridas estampas,
muitas em simbiose com padrões vistos em sedas e têxteis.
O TRANSPORTE DE PORCELANAS
DE JINGDEZHEN ATÉ CANTÃO
O SISTEMA DE CANTÃO
193
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 1
194
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
195
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
196
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
197
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 2
198
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
O MERCADO NORTE-AMERICANO
199
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
China, sendo qualquer cidadão livre para negociar com quem quisesse.
Calcula-se que tenham sido transportadas umas quarenta milhões
de peças em aproximadamente cinco mil viagens. A grande maioria das
peças eram utilitárias e de baixo preço, do tipo azul e branco, compondo
serviços de mesa, chá e café. As encomendas personalizadas e de qua-
lidade superior seguiram a tendência geral do século XIX de dar prefe-
rência a peças pseudo-armoriadas, com monogramas ou simplesmente
portadoras de iniciais de organizações ou pessoas proeminentes16. Esta
tendência se deu também porque após a guerra da independência, evi-
tara-se utilizar a heráldica britânica.17
O mercado americano destacou-se pela originalidade de alguns mo-
tivos característicos que decoraram as suas encomends, como os Hong
Bowls, com pinturas das feitorias estrangeiras em Cantão, de fins do sé-
culo XVIII, início XIX; pratos com “retratos” de seus navios, e com a
águia e a bandeira dos Estados Unidos. Enquanto à forma, seguiram-se
utilizando as do mercado inglês, com a diferença que os norte-america-
nos deram mais liberdade ao ceramista chinês.
O período áureo da importação de louça chinesa para os Estados
Unidos durou de 1790 até 1840, quando começa-se a produzir domesti-
camente.18 A partir da costa leste, duas rotas marítimas eram utilizadas
até Cantão: uma pelo atlântico passando pelo Cabo da Boa Esperança
e Sumatra, e a outra bordeando o continente sul-americano, passando
pela costa brasileira, o estreito de Magalhães e Lima. Da Califórnia tam-
bém partiram navios pelo Pacífico passando pelo Havaí.
A partir de 1840, o comércio com a China experimenta grandes
mudanças:a navegação começa a ser feita em “Clippers”, um tipo de na-
vio mais rápido, e também mais caro, cuja viagem poderia durar uns
80 dias. As viagens comerciais, que antes eram feitas a partir de vários
portos, passa a concentrar-se ao porto de Nova Iorque. Ocorre também
uma concentração de mercadores, com apenas seis grandes companhias
controlando o comércio. Ademais, passa-se a transportar menos tipos
de commodities em cada viagem, preferindo-se transportar maior quan-
tidade de um produto por viagem.19
200
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
O MERCADO BRASILEIRO
201
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 3
202
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 MADSEN, Andrew D. e WHITE, Carolyn L. – Chinese Export Porcelain. California, 2011, pág. 121.
2 GARNER, Sir Harry – Oriental Blue and White. Nova Iorque, 1970, pág. 76.
3 GERNET, Jacques – A History of Chinese Civilization. Cambridge University Press, 1999, pág. 535.
4 WRIGHT, Conrad Edick – New York and the China Trade. Nova Iorque, 1984, pág. 46.
5 BEURDELEY, Michel, RAINDRE, Guy – Qing Porcelain, Famille Verte, Famille Rose. Nova Iorque, 1986, pág. 182.
6 KERR, Rose – Chinese Ceramics, Porcelain of the Qing Dynasty 1644–1911. Londres, 1986, pág. 124.
7 KERR, Rose – Chinese Ceramics, Porcelain of the Qing Dynasty 1644–1911. Londres, 1986, pág.127.
8 MADSEN, Andrew D. e WHITE, Carolyn L. – Chinese Export Porcelains. California, 2011, pág. 37.
9 NADLER, Daniel – “China to Order, Focusing on the XIX c. and Surveying Polychrome Export Porcelain Produced
During the Qing Dynasty (1644–1911). Nova Iorque, 2001, pág. 99.
10 SERRÃO, José Vicente – Macau no século XIX: um território, dois impérios. Academia Edu. pág. 21
11 WRIGHT, Conrad Edick – New York and the China Trade. The New York Historical Society, 1984, pág. 36.
12 SERRÃO, José Vicente – Macau no século XIX: um território, dois impérios. Academia Edu, pág. 23–5
13 RIBEIRO LISBOA, Henrique Carlos – A China e os Chins, Recordações de Viagem. Rio de Janeiro, 2016, pág. 101.
14 BEURDELEY, Michel, RAINDRE, Guy – Qing Porcelain, Famille Verte, Famille Rose. Nova Iorque, 1986,pág
15 MADSEN, Andrew D. e WHITE, Carolyn L. – Chinese Export Porcelains. California, 2011, pág.119.
16 NADLER, Daniel – China to Order, Focusing on the XIX c. and Surveying Polychrome Export Porcelain Produced
During the Qing Dynasty (1644–1911). Nova Iorque, 2001, pag. 136.
17 NADLER, Daniel – China to Order, Focusing on the XIX c. and Surveying Polychrome Export Porcelain Produced
During the Qing Dynasty (1644–1911). Nova Iorque, 2001, pag. 103
18 MADSEN, Andrew D. e WHITE, Carolyn L. – Chinese Export Porcelains. California, 2011, pág. 121.
19 WRIGHT, Conrad Edick – New York and the China Trade. The New York Historical Society, 1984, pág. 48–49.
20 SANTOS, Luís Gonçalves dos – Memórias para servir à história do reino do Brasil. 1825, Vol’, pág. 350
21 CALDEIRA, Jorge – História do Brasil. Companhia das Letras, 1999, pág. 125 e 129.
22 BRANCANTE, Eldino da Fonseca – O Brasil e a Louça da Índia. São Paulo, 1950, pág. 184–5.
23 TEIXEIRA LEITE, José Roberto – As Companhias das Índias e a porcelana chinesa de encomenda. São Paulo, 1986,
pág. 166–186.
203
AS REFERÊNCIAS DO
COLECIONISMO OITOCENTISTA
NA COLEÇÃO DE EVA KLABIN:
UMA RELEITURA DA HISTÓRIA
DA ARTE?
Resumo Palavras-chave
Na Casa Museu Eva Klabin a coleção de obras e História da Arte; coleção; Casa Museu Eva
objetos de artes decorativas dividem o mesmo Klabin; museu-casa
espaço, criando uma narrativa alegórica onde
impera a heterocronia, abrangendo um arco
temporal que parte da antiguidade clássica até a
retratística inglesa do século XVIII. O modelo
indicado para a coleção é o colecionismo do
século XIX. Mas o que explicaria o interesse de
Eva Klabin em incorporar as artes decorativas
à narrativa expográfica da história da arte? As
referências de sua biblioteca sugerem indícios
que nos induzem a questionar o modelo de
historiografia que a tradição da História da Arte
elegeu, apontando para artérias pouco visitadas
que desarticulam os paradigmas conhecidos.
205
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
206
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 1 – Sala Renascença. Casa Museu Eva Klabin. Rio de Janeiro. Fotografia de Mário Grisolli.
207
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
OS COLECIONADORES NA BIBLIOTECA
DE EVA KLABIN
208
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 2 – Mansão Spitzer. Sala Renascença. 1890, Paris. Fotografia Bonnaffé. Collection Spitzer.
209
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Podemos dizer que Spitzer projetou a mansão para oferecer mais que
um simples acesso a uma galeria de arte. Dessa forma, o colecionador
também planejava oferecer uma progressiva experiência sensorial, um
itinerário indispensável para a compreensão dos espaços de um museu,
dispondo as peças como nas exposições de artes decorativas do perío-
do, através de uma sequência organizada por tipo, depois, por ordem
cronológica ou por escola artística15. As imagens no catálogo ilustram
muito bem as formas como as peças da coleção deveriam estar dispostas
nas galerias, onde impera as simetrias habilmente calculadas, como é o
caso da Sala Renascença.
Como acabamos de observar, havia um interesse entre os coleciona-
dores em afirmar um gosto pela arte do passado e reunir coleções que
criassem “uma enciclopédia resumida de todas as artes, em todos os
tempos e entre todos os povos”16. Émille Gaillard17 por sua vez, formou
uma coleção que também acolhia peças de artes decorativas, de acordo
com o catálogo18, que exibe peças colocadas a venda em sua mansão na
Praça de Malesherbes em Paris. Os ambientes da Mansão Gaillard abri-
gavam sua coleção de mobiliário da Idade Média e Renascença: lareiras,
tapeçarias, objetos decorativos e pinturas que se distribuíam entre os
salões e sala de jantar. Algumas peças como lareiras renascentistas da
região do vêneto (Fig. 3) e uma grande porta francesa do medievo estão
integradas à decoração dos ambientes. Também na coleção de Gaillard,
duas esculturas em terracota policromada da Renascença italiana do
século XV: “A Virgem e o menino Jesus” de Andrea della Robbia e um
medalhão exibindo as armas da Família Conti.
A marquesa Landolfo Carcano também residia em um palacete onde
se distribuiam as peças de sua coleção. Desse modo, uma característi-
ca comum ao colecionismo oitocentista consiste em morar com a cole-
ção. Um dos empreendedores mais conhecidos da passagem do século
XIX para o XX, Oscar Huldschinsky19 apresenta em catálogo20 de 1928
uma coleção que reune obras das escolas de pintura italiana, holandesa,
alemã e francesa, além de prataria alemã, mobiliário italiano, cerâmica
e tapeçaria. Destacamos a escultura Santa Madalena de Andrea della
Robia e quatro esculturas em bronze21 de Giovanni da Bologna, artistas
210
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 3 – Salão no Hotel Gaillard. 1904, Paris. Fotografia Chauvet. Collection Èmille Gaillard.
211
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
212
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
213
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
NOTAS
1 BENJAMIN, Walter – O colecionador. In: Passagens. Editora da UFMG, Belo Horizonte, 2006. p.239.
2 BENJAMIN, Walter – Desempacotando minha biblioteca. In: Rua de mão única. Obras Escolhidas. volume 2.
Editora Brasiliense, São Paulo, 1987.p.228.
3 LÉVY, Ruth. Trazendo o mundo para dentro de casa: a Casa Museu Eva Klabin no Rio de Janeiro. In: VI Colóquio
Internacional – A Casa Senhorial: anatomia dos interiores. Belém, junho, 2019.p.10.
4 MIGLIACCIO, Luciano ¬ A Coleção Eva Klabin. Kapa Editorial: Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro, 2007.
p.38. As tanagras são estatuetas de terracota que receberam essa denominação por terem sido encontradas pela
primeira vez em 1870, na cidade grega de Tanagra, famosa pela produção de terracotas em série, elaboradas a
partir de moldes.
5 DOCTORS, Márcio – O espelho e o relógio. In: Universos Sensíveis: as Coleções de Eva e Ema Klabin. Pinacoteca
do Estado, São Paulo – Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 2004.p.31.
6 A coleção de Richard Wallace (1818–1890) foi legada por sua viúva em 1897, concorrendo para a fundação do
museu em Hertford House em Londres que leva seu nome, a Wallace Collection. Parte de sua coleção de pinturas,
documentada em catálogo, reune a escola italiana de pintura: Lorenzo di Credi, Francesco Guardi e Canaletto
e a escola holandesa: Ruysdael, Rembrandt, Hobbema, Frans Hals e Pieter de Hooch.In: TEMPEL, A.G. – The
Wallace Collection. Goupil & Co.: London, 1902.
7 John W.Wilson (1815–1883), industrial do ramo têxtil e colecionador belga, legou parte de sua coleção e recursos
financeiros, permitindo a fundação do Museu da Cidade de Bruxelas.
8 Albert Figdor (1843–1927) banqueiro e colecionador de arte austríaco, citado por Walter Benjamin em O
Colecionador, recebeu apoio de Alois Riegl. Robert Lehman (1891–1969), banqueiro de ascendência judia, her-
dou a coleção de seu pai, Philip Lehman.
9 Adéle Cassin (1831–1921) tornou-se marquesa ao desposar Landolfo Carcano. Herdou uma rica coleção de pin-
turas da escola flamenga, holandesa (Rembrandt), italiana (Veronese), além dos pintores franceses do século XIX
como Delacroix, Courbet, Gustave Doré, Meissonier e esculturas de Rodin. Com seu falecimento a coleção foi
dispersa em leilão em 1912. In: DURAND-RUEL; PETIT, Georges – Collection de Madame la Marquise Landolfo
Carcano. Paris, 1912.
10 DOCTORS, Márcio – A Casa Museu de Eva Klabin como metáfora de sua existência. In: MIGLIACCIO, Luciano.
A Coleção Eva Klabin. Kapa Editorial: Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro, 2007.p.9.
11 Frèderic Spitzer (1815–1890) nasceu em Viena, estabelecendo-se em 1852 em Paris como marchand e colecio-
nador. Construiu uma mansão onde exibia suas peças em caixas de vidro, criando uma narrativa da história da
arte da Idade Média e Renascença. Estabeleceu uma rede de antiquários em cidades européias, sendo acusado de
fabricar e forjar artesanalmente peças do Renascimento. Disponível em:<https://www.doaks.org/resources/online-
-exhibits/before-the-blisses/collectors/the-spitzer-collection> (2020.02.20).
12 Bonnaffé, Edmond; Molinier Émile – La Collection Spitzer. Imprimerie de l’Art: Paris, 1893, 1–9.
13 GEORGEL, Chantal – O Colecionador e o Museu, ou como mudar a História da Arte? In: Museologia &
Interdisciplinaridade. Revista do programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade de
Brasília. vol.III, nº6, março/abril 2015, pp.277–286. p.282.
14 Hôtel particulier é uma residência privada urbana situada nas grandes cidades.
15 CORDERA, Paola – Forging the Renaissance: on the uses of glass pieces in Spitzer’s (in) famous collection. In:
Collecting through connections: Glass and stained-glass collectors and their networks in the 19th century. Revista
de História da Arte. Instituto de História da Arte, 2015, pp. 94–105.p.95. Disponível em:< https://www.academia.
edu/14925746/La_fabbrica_del_Rinascimento._Fr%C3%A9d%C3%A9ric_Spitzer_mercante_d_arte_e_collezio-
nista_nell_Europa_delle_nuove_Nazioni > (2020.01.13).
16 PELLETAN, 1870 apud GEORGEL, 2015, p.282. op.cit.
17 Émile Gaillard (1821–1902), banqueiro, fez construir um hôtel particulier onde exibia sua coleção formada prin-
cipalmente por obras do século XV e XVI: mobiliário, artes decorativas, tapeçarias e pinturas. Após sua morte,
grande parte da coleção foi dispersa em leilão em 1904. Disponível em:<https://www.citeco.fr/%C3%A9mile-gai-
llard-collectionneur> (2020.01.13).
18 MOLINIER, Émile – Collection Émile Gaillard Paris, 1904
19 Oscar Huldschinsky (1846–1931), industrial alemão, constituiu fortuna com a exploração de minas de carvão,
compondo uma grande coleção de arte com artistas como Botticelli, Tiepolo, Rembrandt. Destacando-se como
um dos grandes empreendedores da virada do século XIX para o XX, chegou a fazer doações de obras de Rodin
e Degas para a Nationalgalerie em Berlim.
20 CASSIRER, Paul; HELBING, Hugo – Die Sammlung Oscar Huldschinsky, Berlin, 1928.
21 As esculturas: O caçador, Mercúrio, Hércules e Nessus, Nessus e Dejanira.
22 Rodolphe Kann (1845–1905), alemão naturalizado francês, herdou parte da coleção do primo e apaixonou-se
por objetos decorativos do século XVIII. Reuniu uma das coleções mais prestigiadas do final do século XIX,
abrigando-as em seu palacete. Adquiriu fortuna com a extração de diamantes na África do Sul, realizando uma
série de doações de obras de sua coleção ao Museu de Artes Decorativas e Museu do Louvre. Sua coleção foi posta
a leilão em 1907.
214
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
23 MANNHEIM, Jules; RAHIR, Édouard – Catalogue de La Collection Rodolphe Kann, Charles Seldmayer editèur:
Paris,1907, 1–4.
24 Escola flamenga e holandesa: século XV e XVI, Adriaen Isenbrant, Hans Memling, Roger Van der Weyden;
Pieter Bruegel, Antoine van Dick; Frans Hals, Pieter de Hooch e Rembrandt (desenhos e pinturas); Escola
Italiana: Giotto, Giovani Bellini, Domenico Ghirlandaio, Canaletto, Tiepolo; Escola espanhola: Goya, El Greco e
Velasquez; Escola francesa: Fragonard, Hubert Robert e Antoine Watteau; Escola inglesa: Gainsborough.
25 Cornelius Hofstede de Groot (1863–1930), colecionador alemão e historiador de arte especialista em arte holan-
desa, elaborou a reatualização do catalogue raissoné de Rembrandt, elaborado por John Smith (incompleto com
seu falecimento).
26 DE GROOT, Cornelius Hofstede – Meisterwerke der Portratmalerei. Verlagsanstalt F. Bruckmann: Munchen,
1903. Obras Primas da Pintura de Retrato
27 RAMPLEY, Matthew – The Vienna School of Art History: Empire and the politics of scholarship, 1847–1918.
The Pennsylvania State University Press, Pennsylvania, 2013. p.17. Fundada em 1852, inicialmente sediada no
Institute for Austrian Historical Research na Universidade de Viena, que formou a base institucional para a intro-
dução do ensino da História da Arte. Em 1874 foi estabelecido o Instituto de História da Arte, tendo Rudolf von
Eitelberger (1817–1885), que havia feito parte do círculo de Joseph Daniel Böhm, como seu primeiro professor.
28 RAMPLEY, 2013, p.11–12. op.cit.
29 Alois Riegl (1858–1905) um dos historiadores de arte mais prolíficos da Escola de Viena no último quartel do
século XIX e início do XX. Estudos em torno das artes decorativas: Stilfragen (Questões de estilo: Fundamentos
para uma história do ornamento) de 1893 e Die spätrömische Kunstindustrie nach den Funden in Österreich, (A
indústria artística do Império Romano tardio segundo as descobertas no Império Austro-húngaro) de 1901/1923.
RAMPLEY, 2013, p.2.op.cit.
30 VIANA, Alice de Oliveira – Gottfried Semper e o estilo em arquitetura no Século XIX. In: Revista Interdisciplinar
Internacional de Artes Visuais. Vol.5, nº1, junho, 2018, pp.220–233.p.224. Disponível em:<http://periodicos.unes-
par.edu.br/index.php/sensorium/article/view/2172/1523>(2020.04.10). Gottfried Semper (1803–1879), arquiteto
e teórico alemão, em seu tratado Der Stil (1860–63) propõe investigar o Estilo, no singular, em contraposição
aos estilos, no plural, e ainda reconhece que a problematização deste conceito deveria abranger também as artes
decorativas, também chamadas artes aplicadas ou artes “menores”.
31 PAYNE, Alina – Beyond Kuntswollen: Alois Riegl and the Baroque. In: RIEGL, Alois. The Origins of Baroque Art
in Rome. Los Angeles – California: Getty Research Institute, 2010.p.4. Disponível em:< https://teses.usp.br/teses/
disponiveis/16/16133/tde-29062017–114151/es.php> (2020.04.06).
215
PINTURAS DE HISTÓRIA COMO
DISCURSO DIPLOMÁTICO:
UMA NARRATIVA VISUAL DA
HISTÓRIA DO BRASIL NO ITAMARATY
Resumo
A comunicação pretende analisar um caso de Cabral (1467/8–1520), a narrativa pictórica da
uso político de uma coleção de arte pertencente história do Brasil passava pela independência
ao Ministério das Relações Exteriores do política, com a heroicização do herdeiro
Brasil. As chancelarias, como sede de órgãos bragantino, instituidor da soberania nacional – e,
especificamente dedicados às relações ao mesmo tempo, dinástica –, e chegava à era
diplomáticas, constituem espaços de poder republicana, com a celebração da amizade com
privilegiados para ostentar as características a Argentina e a alegoria do reconhecimento
que se desejam expressar de uma identidade internacional do regime republicano e de seu
nacional. Durante sua gestão como ministro no ingresso na civilização. Como decoração da
Itamaraty – que, de 1902 a 1912, atravessou o chancelaria, a coleção de pinturas integrava
mandato de quatro presidentes da República –, o o discurso diplomático ao projetar valores
barão do Rio Branco (1845–1912) concebeu uma como antiguidade, continuidade institucional,
curadoria artística com as pinturas históricas civilidade, apego ao direito e pacifismo, que
Os descobridores (1899), de Belmiro de Almeida distinguiriam tanto a história como a política
(1858–1935), Grito do Ipiranga (1886) e Paz e externa brasileiras.
Concórdia (1902), de Pedro Américo (1843–
1905), e Visita do presidente Roca ao presidente
Campos Sales (1900), de Beniamino Parlagreco Palavras-chave
(1856–1902). Começando no “descobrimento” Arte no Brasil (séculos XIX e XX); Pintura de
com a representação anti-heroica dos dois história; História do Brasil; Palácio Itamaraty
degradados deixados em terra por Pedro Álvares (Rio de Janeiro); Coleções oficiais.
217
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
REPRESENTAÇÃO DO PODER:
A CHANCELARIA E O BARÃO
218
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
219
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
quatro pinturas de história referidas acima (AHI, lata 880/ maço 2/ pas-
ta 7). Podem-se ler nesse documento manuscrito os títulos das obras,
seus autores e as respectivas datas de confecção. O conteúdo de cada
legenda aparece inserido em modelos de plaquetas de identificação.
A partir desse documento pode-se inferir um exercício de curadoria
por parte de Rio Branco, que visava transmitir uma determinada ideia
da história do Brasil, da mesma forma que no caso da cronologia ins-
crita na pintura decorativa encomendada a Rodolfo Amoedo. A seguir,
desenvolve-se uma análise das quatro pinturas que integravam a narra-
tiva da história do Brasil concebida por Rio Branco.
220
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 1 – Belmiro de Almeida, Os descobridores, 1899, óleo sobre tela, 230 x 200 cm,
Museu Histórico e Diplomático (MHD), Rio de Janeiro.
221
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
222
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
223
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
224
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
225
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
226
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
227
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] RICUPERO, Rubens. Rio Branco: o Brasil no mundo. Rio de Janeiro: Contraponto/Petrobrás, 2000.
[2] CONDURU, Guilherme Frazão. O Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty: história e revitali-
zação. Brasília: FUNAG, 2013.
[3] CONDURU, Guilherme Frazão. Cronologia e história oficial: a galeria Amoedo do Itamaraty, em:
Estudos Históricos, v. 23, n. 46, jul.-dez. de 2010, p. 281–300.
[4] VIRGÍLIO, Eneida, São Paulo: Abril Cultural, 1983, tradução, textos introdutórios e notas de
Tassilo Orpheu Spalding.
[5] CHRISTO, Maraliz de C. V. Pintura, história e heróis no século XIX: Pedro Américo e Tiradentes
esquartejado. Tese de Doutoramento apresentada no Departamento de História do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP sob a orientação do prof. dr. Jorge Coli, 2005.
[6] WRIGHT, Marie R. The new Brazil: its resources and attractions – historical, descriptive, and
industrial. 2ª edição, Filadélfia: George Barrie & sons, 1907.
[7] PREUSS, Ori. Bridging the island: Brazilian´s views of Spanish America and themselves (1865–
1912). Madri: Iberoamericana, 2011.
228
A COLEÇÃO DE PINTURAS
DO PALÁCIO PIRATINI NO
COLECIONISMO ESTATAL
DO RIO GRANDE DO SUL
Resumo Palavras-chave
Este texto é dedicado ao relato e análise da Palácio Piratini; coleções estatais; encomendas
formação de uma coleção de obras de arte, públicas; arte no Rio Grande do Sul.
encomendadas pelo governo do estado do Rio
Grande do Sul, entre 1912 e 1926. Procuraremos
evidenciar o processo de encomendas e sua
administração, suas razões, sua dispersão,
principalmente nos anos 1950 e a situação
e localização atual das obras. O texto está
organizado em cinco partes, a saber: um
preâmbulo no qual apresentaremos o contexto
histórico; três partes, nas quais trataremos o
contexto histórico do período, as encomendas e
seus artistas e um breve histórico da dispersão
da coleção; finalizaremos com algumas
considerações de como essas obras repercutiram
e, possivelmente, ajudaram a constituir um
campo artístico local investindo na construção
de uma autoimagem para o Estado.
229
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
PREÂMBULO
O CONTEXTO
230
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
O uso de imagens ligadas ao exercício do poder indica haver razões para se fazer
uso delas sempre que a doutrinação está em questão. Imagens causam profunda
e duradoura impressão [...]. Em prédios públicos, amplas paredes vieram abrigar
uma ação didática sobre a consciência coletiva no plano simbólico, visando a des-
pertar o sentimento patriótico. Paredes e tetos de palácios de governo, assembleias,
tribunais, bibliotecas e teatros forneceram, nesse sentido, suportes privilegiados
para a projeção do discurso oficial numa linguagem visual captada imediatamente
pelos sentidos, acessível mesmo aos não alfabetizados.
231
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
[...] houve uma tentativa de apropriação da temática farroupilha para fins políticos
por parte do PRR, no tocante ao caráter republicano atribuído à Revolta. Esta hipó-
tese coloca-se, portanto, em três elementos de análise, a saber, o PRR, a construção
do Palácio Piratini – local para onde as imagens iriam e o Museu Júlio de Castilhos,
como um dos agentes para divulgação de ideias vinculadas a este grupo político
232
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Paisagista de algum valor, mas mascate como o diabo, o Sr. Parreiras deu um dia
para pintar quadros históricos, nus e outras coisas por fotografias. Nunca se viu
uma coisa assim, tão errada, tão estúpida e tão sem senso. As pernas se encaixam....
Oh! Meu Deus! Os quadros do Sr. Dair [Dakir] são os maiores contos do vigário
que se possam imaginar. Que perspectiva! Que grupamento!
233
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 1 – Antônio Parreiras (1860–1937); Proclamação da República de Piratini, 1914; Óleo sobre tela,
600 x 400cm; Regimento Bento Gonçalves da Brigada Militar (Porto Alegre). Fotografia não creditada,
disponível em: http://bombasfama.com.br/historia-farroupilha-proclamacao-da-republica-rio-grandense/
234
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
235
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
236
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 2 – Antônio Parreiras (1860–1937); Prisão de Tiradentes, 1914; Óleo sobre tela, 180 x
280cm; Museu Julio de Castilhos, Porto Alegre. Fotografia não creditada, disponivel em:
http://museujuliodecastilhos.blogspot.com/2012/03/conhecendo-o-acervo-prisao-de.html
237
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
238
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
A DISPERSÃO
239
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
240
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
241
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
EPÍLOGO
242
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
REFERÊNCIAS
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da república no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007.
CARVALHO, Ronald de. Estudos Brasileiros, 1ª Série. Rio de Janeiro: Edição do Annuario do Brasil,
1924. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/4370/1/003912_COMPLETO.pdf
CORONA, Fernando. Palácios do Governo do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CORAG, 1974.
Correio do Povo. Coluna “Há um século no Correio do Povo”, 05 de janeiro de 2012, p. 28.
Correio do Povo. Coluna “Há um século no Correio do Povo”, 11 de junho de 2012, p. 21.
Correio do Povo. Coluna “Há um século no Correio do Povo”, 14 de março 2019, p. 21.
Correio do Povo. Coluna “Há um século no Correio do Povo”, 20 de dezembro de 2011, p. 32.
CHRISTO, Maraliz de Castro Vieira. A Pintura de História no Brasil no Século XIX: Panorama
Introdutório. Arbor Ciência, Cultura e Pensamento, Vol 185, No 740 (2009). Disponível em: http://
arbor.revistas.csic.es/index.php/arbor/article/view/386 Acesso em 14 de junho de 2020.
GOMES, Paulo, “A Cultura e o ano de 1954: uma mirada retrospectiva”. In Memória do Museu
243
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
(organizado por Paulo Gomes e Vera Regina Luz Grecco). Porto Alegre: CORAG, 2005.
IPHAE. Web Site IPHAE. Disponível em: http://www.iphae.rs.gov.br/Main.php?do=BensTombadosDe
talhesAc&item=40812. Acesso em 14/06/2020.
LEVY, Carlos Roberto Maciel. Antônio Parreiras: pintor de paisagem, de gênero e história. Rio de
Janeiro: Pinakotheke, 1981.
MICELLI, Sérgio. Vanguardas em retrocesso. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
MURATORE, Eliane; POSSAMAI, Zita. Imagens & Artefatos: estudos sobre o acervo do Museu Júlio
de Castilhos. Porto Alegre: UFRGS, 2010. Disponível em: https://www.academia.edu/16130516/
Imagens_and_Artefatos_estudos_sobre_o_acervo_do_Museu_Julio_de_Castilhos
NASCIMENTO, Marlene Ourique do. Na pista das imagens: produção e circulação de pinturas históri-
cas no Rio Grande do Sul de 1914 a 1935. Porto Alegre: UFRGS, Faculdade de Educação, Programa de
Pós-Graduação em Educação, 2015 (Dissertação de mestrado). Disponível em: https://lume.ufrgs.br/
handle/10183/117818
NASCIMENTO, Marlene Ourique do. Nas tintas da história: a produção de pinturas históricas de
temática farroupilha na república velha gaúcha. Porto Alegre: PUCRS, Escola de Humanidades,
Programa de Pós-graduação em história, 2019. (Tese de doutorado). Disponível em: http://tede2.
pucrs.br/tede2/hanle/tede/8821
ROBE, Consuelo Vaz. Conservação de Pinturas em Ambientes Inadequados: Estudo da Pintura
“Alegoria do Sentido e Espírito da Revolução Farroupilha” de Hélios Seelinger. Pelotas: UFPel,
Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis, 2011. (Trabalho de Conclusão
de Curso). Disponível em: https://conservacaoerestauro.files.wordpress.com/2013/05/tcc-consuelo.pdf
SALGUEIRO, Valéria. “A arte de construir a nação: pintura de história e a Primeira República”. In
Estudos Históricos, Rio de Janeiro, nº 30, 2002. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.
php/reh/article/viewFile/2170/1309
SIMON, Círio. Helios Seelinger – O Rio Grande de pé pelo Brasil. Disponível em: http://profciriosimon.
blogspot.com/2019/09/289-rs-de-pe-pelo-brasil.html. Acesso em 14/06/2020.
NOTAS
1 Este artigo está vinculado à pesquisa nº 38643 (UFRGS) – Artistas, Historiadores da Arte e Críticos: uma pers-
pectiva da arte no Brasil a partir dos acervos artísticos e documentais (públicos e privados) (UFRGS), atualmente
em desenvolvimento, que integra o grupo de pesquisa de mesmo nome: CAPES nº 548038 (dgp.cnpq.br/dgp/
espelhogrupo/3547353698576447).
2 O histórico dessas encomendas foi objeto de estudo de Marlene Ourique do Nascimento em dois trabalhos aca-
dêmicos: na dissertação Na pista das imagens: produção e circulação de pinturas históricas no Rio Grande do Sul
de 1914 a 1935 (Porto Alegre, 2015) e na tese Nas tintas da história: a produção de pinturas históricas de temática
farroupilha na república velha gaúcha (Porto Alegre, 2019).
3 Não há, rigorosamente falando, pinturas de história na trajetória de Pedro Weingärtner. Exemplos próximos
disso foram as obras produzidos sob o efeito e testemunho pessoal da Revolução Federalista (1893). Um fator que
deve ser considerado, na hipótese de uma possível encomenda, foi o caso do Rodeio (1908), encomendado pelo
governo do Estado, que foi recebida com duras críticas.
4 Alguns exemplos: Carlos Roberto Maciel Levy (1981), Liandra Motta (2006), Valéria Salgueiro (2002), Lucia
Klück Stumpf (2012 e 2014) e Maria de Lourdes Eleutério (2013).
5 Carlos Roberto Maciel Levy (1981) lista, na página 145, as seguintes encomendas: Manaus – Palácio Rio
Negro; Belém – Palácio Lauro Sodré; São Luís – Palácio dos Leões; Natal – Palácio do Governo Estadual;
João Pessoa – Palácio da Redenção; Recife – Palácio do Campo das Princesas; Salvador – Palácio Rio Branco;
Cachoeiras (BA) – Prefeitura Municipal; Belo Horizonte – Palácio da Liberdade; Vitória – Palácio Anchieta;
Niterói – Prefeitura Municipal; Rio de Janeiro –
Palácio Guanabara, Tribunal Regional Eleitoral; São
Paulo – Prefeitura Municipal, Palácio Bandeirantes; Curitiba – Palácio Iguaçu; Porto Alegre – Palácio Piratini,
Museu Júlio de Castilhos.
6 Constam na lista: 1 friso de 2 x 26,50m; 1 quadro de 5,20 x 3,80m; 4 quadros alegóricos pequenos; 1 quadro de
6,30 x 3,20m.
7 Sobre essa obra, e sua trajetória, ver: SILVA, Ana Celina Figueira da; MINUZZO, David Kura; MURATORE,
244
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
245
AS PINTURAS DE RETRATOS
DA IRMANDADE DO SANTÍSSIMO
SACRAMENTO DA CANDELÁRIA:
DE ACERVO A COLEÇÃO
Resumo Palavras-chave
A partir do estudo dos acervos de pinturas de Pinturas de retratos; Irmandade do Santíssimo
retratos nas Ordens Terceiras e Irmandades Sacramento da Candelária; Museu da Igreja da
religiosas no Rio de Janeiro sobretudo o da Candelária; Vicente Mallio.
Irmandade do Santíssimo Sacramento da
Candelária, propomos apresentar as primeiras
iniciativas de instalação do Museu Sacro da
Candelária elaboradas na década de 70 pelos
museólogos Teresinha de Moraes Sarmento que
inventariou e organizou o acervo do Museu e por
Arnaldo Machado que auxiliou na manutenção
da instituição, cujo funcionamento vigorou de
1973 até 2006. Considerando a documentação do
Arquivo F. B. Marques Pinheiro da Irmandade,
nossa proposta consiste em apresentar uma
das pinturas de retratos do acervo da ISSSC
selecionada para constituir o acervo do Museu
da Candelária.
247
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
248
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
249
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
Fig. 2 – ISSSC. Arquivo F. B. Marques Pinheiro. Iconografia Álbum de fotografias de eventos da ISSSC
[1915–1931]. Armário 43. Prateleira C. Pacote 2829. Folha 39. Foto 2. Fonte: Foto da autora.
250
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Fig. 3 – Detalhe.
251
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
“As obras consistem na pintura geral do templo, lavagem dos mármores de sua
nave, reforma dos lambris, envernizamento dos móveis e partes de madeira, res-
tauração de quadros históricos de antigos provedores e benfeitores da Irmandade.
(…) A secretaria que foi retirada do interior da Igreja, servirá para a organização,
no próximo ano, do Museu da Candelária.” Cf. http://memoria.bn.br/DocReader/
DocReader.aspx?bib=030015_09&pesq=”Museu da Candelária”&pagfis=68860
252
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
a obra da fé cristã, no apreço às peças sagradas (grifo nosso) ali expostas. (…).
ISSSC. Arquivo F. B. Marques Pinheiro. Livro de Ata nº 25 da Mesa Administrativa.
Armário 101. Prateleira A. Documento 6. p.12.
253
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
“de nossa Irmã a Prof. Snra D. Terezinha de Morais Sarmento, museóloga de renome,
que ali soube provar com a sua competência e seu amor à Irmandade, apresentando
uma obra que ressalta aos nossos visitantes o respeito aos nossos antepassados ali
representados nos quadros expostos, pelo muito que fizeram pela Instituição, além
do carinho da Irmandade pela obra que lhe foi confiada.” Id. Id, p.12–13.
254
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
255
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
256
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
257
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
REFERÊNCIAS
CAVALCANTI, A, MALTA, M, PEREIRA, S G. (org). Coleções de Arte: Formação, Exibição,
Ensino.1ed. Rio de Janeiro: Rio Books, 2015.
IRMANDADE DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO DA CANDELÁRIA. Arquivo F. B. Marques
Pinheiro. Iconografia. Álbum de fotografias de eventos da ISSSC [1915–1931].
______. Relatório apresentado à Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária pelo Irmão
Provedor Antonio José Gomes Brandão em outubro de 1876 por occasião da posse da nova
Administração. Rio de Janeiro: Typ. De Pinheiro & C., 1876.
______. Relatório apresentado à Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária pelo Irmão
Provedor o Conselheiro Visconde de S. Salvador de Mattosinhos em 28 de outubro de 1877 por occa-
sião da posse da nova Administração. Rio de Janeiro: Typ.Vera-Cruz, 1877.
______. Relatório apresentado à Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária pelo Irmão
Provedor Antonio Joaquim de Carvalho Lima em 28 de julho de 1878 por occasião da posse da nova
Administração. Rio de Janeiro: Typ. De Pereira Braga & C., 1878.
______. Referente ao 2º Exercício 1882–1983. Apresentado pelo Provedor Lourenço Monteiro de
Queiroz. Rio de Janeiro, 1983.
LEVY, Carlos Roberto Maciel. Exposições Gerais da Academia Imperial e da Escola Nacional de Belas
Artes. Período Monárquico – Catálogos de Artistas e Obras entre 1840 e 1884. Rio de Janeiro: Edições
Pinakotheke, 1990.
MACHADO, Arnaldo. Candelária: aspectos históricos, arquitetônicos e artísticos. Rio de Janeiro:
Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, 2017.
NOTAS
1 Este artigo é um desdobramento da pesquisa para tese de doutoramento, a partir da documentação relacio-
nada à formação do Museu da Candelária. Cf. ROSA, Márcia Valéria Teixeira. O acervo de pinturas de retra-
tos da Irmandade de Santíssimo Sacramento da Candelária: relações e reações entre pintores e encomendante.
Programa de Pós Graduação em Artes Visuais/PPGAV/EBA/UFRJ.
2 No acervo da ISSSC, encontra-se o retrato da Esmoler Miguela Moreira de Avellar, cujo broche representa seu
esposo, Visconde de Avellar. Cf. ROSA, Márcia Valéria Teixeira. op.cit.
3 Atualmente a instituição é conhecida como Educandário Gonçalves de Araújo. Cf. ISSSC. Arquivo F. B. Marques
258
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
Pinheiro. Álbum de Fotografias de eventos da ISSSC [1915–1931]. Armário 043. Prateleira C. Pacote 2889. Folha
39, foto 2.
4 Em documentos da Secretaria encontram-se relatórios referentes à “Restauração de quadros do Museu da ISSSC
e das pinturas da Igreja da Candelária. 1972–1983”. Cf. Id. op.cit. Caixa 0016. Pacote 00111.
5 Id. id. Livro de Registro de Inaugurações, com assinaturas das pessoas presentes. 1935–1982. Armário 102.
Prateleira C. Caixa 411. p.4–5.
6 Teresinha Maria Lamego de Morais Sarmento foi admitida como Irmã em novembro de 1932, conforme Livro de
Termos de Admissão de Irmãos da ISSSC. Arquivo F. B. Marques Pinheiro. Armário 045. Prateleira A. Referência
03222, p.383.
7 Entre os presentes estava Ferreira Mendes, autor dos desenhos das medalhas que foram distribuídas às autorida-
des. Id. id. Desenho da Medalha Comemorativa dos 75º aniversário de inauguração da Igreja da Candelária, de
Joaquim José Ferreira Mendes. 1973. Mapoteca 001. Gaveta E. nº 00151. O artista recebeu o Diploma de Irmão
Benemérito em outubro de 1980. Cf. Id. id. Mapoteca 001. Gaveta A. nº 00010.
8 Cf. POMIAN, Krzysztof. Colecções. Enciclopédia Einaudi. Memória – História. Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, 1984, vol.1 Agradeço a generosidade do professor Cicero de Almeida e minha bolsis-
ta Julia Maria dos Santos pelas trocas de informações e diálogos sobre o campo da museologia e o da história da
arte.
9 Este material foi doado pela museóloga (1929–2012) para o Núcleo de Memória da Museologia no Brasil/
NUMMUS, da Escola de Museologia da UNIRIO, sob orientação do professor Dr. Ivan Coelho de Sá.
10 id. id. Museu da ISSSC: relação de tombamento dos objetos. Armário 102. Prateleira D. Documento 438.
11 Entre vários anúncios, destacamos a exposição de um retrato na Galeria Glace Élégante, na edição de junho
de 1877, p.4, mesmo ano da jovem mulher do acervo da ISSSC. Cf. memoria.bn.br/DocReader/DocReader.
aspx?bib=364568_06&pesq=Glace%20Elegante
12 LEVY, Carlos, 1990.
13 Cf. memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=364568_05&Pesq=”Vicente%20Mallio”&pagfis=15541
14 Cf. memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=364568_06&Pesq=”Vicente%20Mallio”&pagfis=18331.
Até o presente momento, a única referência deste senhor é o fato de ter sido Benfeitor na Venerável Ordem
Terceira do Senhor Bom Jesus do Calvário e Via-Sacra.
15 Em julho de 1892, o Jornal anunciou a exposição na Galeria Moncada do retrato do Senador Bias Fortes, seguido
de comentário elogioso: “(…) trabalho artístico feito pelo fallecido pintor Vicente Mallio, é magnífico”. Cf. me-
moria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=178691_02&pesq=”Vicente%20Mallio”&pagfis=5691
16 Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados/INBMI da Igreja de Nossa Senhora da Candelária, elaborado
pela 6ª Superintendência Regional do Rio de Janeiro. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/
IPHAN. Rio de Janeiro: 2001, volume 2 e 3.
259
A COLEÇÃO DE RETRATOS DOS
BENEMÉRITOS DA IRMANDADE
DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA
DO RIO DE JANEIRO/BRASIL:
UM ESTUDO DO ACERVO
Resumo Palavras-chave
O objetivo deste trabalho é investigar o conjunto Retratos de Beneméritos; Santa Casa de
de retratos dos Beneméritos abrigados na Santa Misericórdia do Rio de Janeiro; Elites; Brasil
Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro/Brasil.
Entendemos os retratos como documentos
que carregam valor histórico e que auxiliam
a identificar a composição da elite local. A
escolha dos retratados deve-se à importância
deste grupo no modelo de organização da
Irmandade desde sua fundação em Lisboa
no ano de 1498, posteriormente adotado em
todas as Misericórdias do Império. Os retratos
ficam geralmente em galerias especiais ou em
algumas de suas Repartições. Essas coleções
representam aspectos significativos da história
destas instituições e dos indivíduos que delas
fizeram parte.
261
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
262
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
263
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
264
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
265
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
266
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
267
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
268
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
BIBLIOGRAFIA
[1] LEVY, Hanna. A pintura colonial no Rio de Janeiro. Revista do SPHAN, 1:6, Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 1942. 251–269.
[2] CADORIN, Mônica de Almeida. O acervo do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia do Rio
de Janeiro: uma contribuição ao estudo do retrato. 2007. Disponível em http://www.arte.unb.br/anpap/
cadorin.htm. Acesso em 20 jan.2011.
[3] LEVY, Hanna. Retratos Coloniais. Revista do SPHAN, 9 Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional. 1945.251–290.
[4] MORAES, Maria Antonieta Lopes Vilão Vaes de. Pintura nos séculos XVIII e XIX na galeria de re-
tratos dos benfeitores da Santa Casa de Misericórdia do Porto. 2001 (Mestrado diss). Porto. Disponível
em https://www.rcaap.pt/detail.jsp?id=oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/18490. Acesso em 15 de
novembro de 2012.
[5] CHAVES, Larissa Patron. 2008. Honremos a Pátria Senhores! As Sociedades Portuguesas de
Beneficência: caridade, poder e formação de elites na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul
(1854–1910). (PHD diss. Unisinos, Rio Grande do Sul). Disponível em http://www.repositorio.jesuita.
org.br/handle/UNISINOS/2174. Acesso em 15 de novembro de 2012.
[6] WEST, Shearer. Portraiture. UK: Oxford University Press, (Oxford History of Art) 2004.
[7] SCHNEIDER, Norbert. Il ritratto nell’arte. Italia: Taschen, 2002.
[8] CASTELNUOVO, Enrico. Retrato e sociedade na arte italiana. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
[9] DEBRET, Jean Baptiste.Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, São Paulo.
Edusp, 1989.
[10] LEVY, Hanna. LEVY, Hanna. Retratos Coloniais. Revista do SPHAN, 9 Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional. 1945.
[11] FRANÇA, J. A. 1980. Perspectiva artística da história do século XIX português.Instituto de
Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/. Acesso em
dezembro de 2015 de web site de Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
269
COLEÇÃO GUITA E JOSÉ MINDLIN:
PAIXÃO E INTERESSE PELA
CULTURA DO PAPEL
Resumo Palavras-chave
A Coleção Guita e José Mindlin resulta de Gravura Moderna; Acervo Histórico;
um intercâmbio entre o artístico e o literário. Colecionsmo; Arte Brasileira.
Ambos fascinados por obras raras constituiram
um dos acervos de maior valor histórico da
America Latina. Doada sua parte brasileira à
USP, em 2005, transformou-se na Biblioteca
Brasiliana Guita e José Mindlin.O interesse do
casal pela cultura do papel desdobrou-se na
maior coleção de gravuras artísticas, no Brasil.
Livros ilustrados, álbuns de artistas e gravuras
participaram de inúmeras exposições, a partir
dos anos 1980. Quatro mostras comentadas
fizeram circular o olhar dos colecionadores,
voltado para a valorização histórica da produção
gráfica brasileira dos anos 1950 a 1970.
271
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
272
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
273
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
274
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
PIONEIROS E DISCÍPULOS
275
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
276
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
MATRIZES À VISTA!
277
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
CELEBRAÇÃO DO ACERVO
278
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
279
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
280
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOURDIEU, Pierre. Mercado dos bens simbólicos. São Paulo: Perspectiva. 1982, pp.99–178.
________. O mercado dos bens simbólicos In: As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário.
São Paulo: Companhia das Letras, 1996, pp. 162–1999.
CHATEAUBRIAND, Carlos Alberto. Coleção Gilberto Chateaubriand 1920 a 1950. Catálogo. Vol.1,
Rio de Janeiro:Francisco Alves, sd
GREENE, Jaime. Leo Burnett & Colecionadores. In: OS COLECIONADORES Guita e José Mindlin:
Matrizes e Gravuras. Leo Burnett e Centro Cultural FIESP/ Galeria do SESI. Catálogo, 1998, sp.
281
COLEÇÕES DE ARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX
GRILO, Rubem. Os múltiplos caminhos da Gravura. Catálogo Mostra Rio Gravura. Espaço Cultural
dos Correios, 2 de setembro a 3 de outubro de 1999.
IMPRESSÕES – panorama da xilogravura brasileira. Catálogo. Porto Alegre: Santander Cultural, 23/01
a 25/04 de 2004.
KLINTOWITS, Jacob. Inteligência e Sentimento In: OS COLECIONADORES Guita e José Mindlin:
Matrizes e Gravuras. Leo Burnett e Centro Cultural FIESP/ Galeria do SESI. Catálogo, 1998, sp.
MARTINS, Carlos. A gravura brasileira dos anos 1920 aos anos 1960 no acervo da Pinacoteca de São
Paulo. In: Gravura e Modernidade. Exposição no Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, novem-
bro de 2014/março de 2016. Estação Pinacoteca.
MATRIZES e Gravuras Brasileiras: Coleção Guita e José Mindlin (1993 : Lisboa, Portugal). In:
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. In http://
enciclopedia.itaucultural.org.br/evento225787/matrizes-e-gravuras-brasileiras-colecao-guita-e-jose-
-mindlin-1993-lisboa-portugal. (2020,16.03; 16h)
MINDLIN, José. A evolução do livros do Século XV ao Século XX In:A Cultura do Papel. Marcio
Doctors(org), Rio de Janeiro: Casa da Palavra: Fundação Eva Klabin Rapaport, 1999, pp.43–56.
NOTAS
1 Do grupo de fundadores da Associação, participavam também Luís Otávio Louro Gomes, Márcia Toledo, Marisa
Garcia de Souza e Thereza Brandão Teixeira, profissionais das duas áreas de atuação.
2 Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP (1960) e da Associação de Bibliófilos do
Brasil; Doutor Honoris Causa da Brown University; Secretário de Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São
Paulo (1975); Doutor Honoris Causa da Brown University.
3 MINDLIN, 1999:48
4 Bibliotecário, bibliógrafo, bibliófilo, historiador e pesquisador brasileiro. Professor, pioneiro da biblioteconomia
no país tendo ocupado o cargo de diretor da biblioteca da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova
Iorque. Desde 1987, o Conselho Regional de Biblioteconomia da 1ª Região, confere a Medalha Rubens Borba a
profissionais de destaque.https://pt.wikipedia.org/wiki/Rubens_Borba_de_Moraes, (2020.04.07;22h)
5 BOURDIEU, 1996:192–199.
6 BOURDIEU,1982: 99–178.
7 Curso de Desenho de Propaganda e de Artes Gráficas, duração de 6 meses, tempo integral.
8 Cursara pintura de 1947 a 1950 na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Neste último ano, buscou
orientação de Carlos Oswald, no aprendizado da gravura em metal, no Liceu de Artes e Oficios carioca.
9 Bonomi foi para a Europa, retornando ao Brasil em 1959, ano em que frequentou no MAM/Rio de Janeiro o
curso inaugural do artista franco-alemão Johnny Friedlaender.
10 Curso livre de Especialização em Gravura de talho-doce, Água-forte e Xilografia criado em 1951, funcionando no
edifício da Escola Nacional de Belas Artes. Teve programa elaborado por Raimundo Cela, primeiro professor con-
tratado. Com sua morte em 1954, Oswaldo Goeldi assumiu a orientação do ateliê até 1961, ano de seu falecimento.
11 BOURDIEU, 1982, p. 211–218.
12 Na Editora José Olympio, em 1943, começou a ilustrar as edições de Dostoiévski “O adolescente”, “O eterno
marido”, “Os irmãos Karamazov”, “O jogador” e “Os demônios”. Ilustrou ainda “Dois dedos” de Graciliano
Ramos, em 1945, e “Uma luz pequenina”, de Carlos Lacerda, em1948.https://oglobo.globo.com/cultura/artes-vi-
suais/austriaco-que-ilustrou-edicoes-brasileiras-de-dostoievski-ganha-mostra-em-sp-18955948(2018.30.05;13h)
13 Antonio Babinski, Carlos Scliar, Darel Valença, Janira da Motta e Silva, Edith Behring, Evandro Carlos
Jardim, Farnese de Andrade, Fayga Ostrower, Flávio de Carvalho, Guerda Drentani, Iberê Camargo, José
Roberto Aguilar, Lívio Abramo, Marcelo Grassmann, Márcio Périgo, Maria Bonomi, Mário Gruber, Mestre
Nosa, Milton Dacosta, Oswaldo Goeldi, Otávio Araújo, Raimundo de Oliveira, Regina Silveira, Renina Katz,
Rubem Grilo, Sergio Teles, Teresa Miranda, Trindade Leal, Vera Bocayuva Mindlin, Vera Chaves Barcellos,
Wesley Duke Lee.ZoraviaBettiol.http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento225787/matrizes-e-gravuras-
-brasileiras-colecao-guita-e-jose-mindlin-1993-lisboa-portugal. (2020.16.03;14h). Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978–85–7979–060–7.
14 GREENE, Jaime A. Leo Burnet & Os Colecionadores, In: Catálogo Os COLECIONADORES Guita e José Mindlin:
Matrizes e Gravuras, 1998.
15 Matrizes, linóleos, gravuras em madeira, gravuras em metal em diferentes técnicas (ponta seca, água-forte, água-
-tinta, verniz mole), serigrafia, litografia usadas separadamente ou em conjunto na mesma obra, processos de
colagem, de relevo e de fotografia.
16 KLINTOWITZ, 1998, sp.
282
COLEÇÕES REAIS E COLEÇÕES OFICIAIS
17 Mostra RIO GRAVURA. Descobrindo o Rio com o melhor da gravura. In: Folder programação geral. Prefeitura do
Rio/ Secretaria Municipal de Cultura/RIOARTE, 1999.
18 Juntam-se às duas coleções, exposições especiais de Lasar Segall, Anna Letycia, Lívio Abramo, Oswaldo Goeldi,
Marcelo Grassmann, Roberto Magalhães, Carlos Martins, José Guadalupe Posada e Máscaras Mexicanas.
19 GRILO, 1999:sp
20 Chateaubriand. sd/sp.
283
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 5
organização