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TRABALHOS DO MARINHEIRO
SEÇÃO A – VOLTAS
uma dobra y. Este seio, tal como está dado, vai servir para começar alguns nós,
conforme veremos adiante. O chicote 4 do cabo está falcaçado (art. 8.46).
Um cabo, passando em torno de um objeto qualquer em uma só volta de
circunferência, sem morder ou dar qualquer nó, dá uma volta singela. Dando duas
ou mais voltas de circunferência em torno do mesmo objeto, dá voltas redondas.
C a b o se co 100%
Volta de fi el 60%
Nó de escota 55%
Nó di rei to 45%
8.7. Volta de fiel singela (fig. 8-5) – São dois co- Fig. 8-4 – Cote
tes dados um contra o outro, de modo que os dois chico-
tes saiam por entre eles e em sentidos contrários. A figura 8-5 mostra, em três está-
gios sucessivos, como se dá uma volta de fiel singela, começando pelo chicote.
8.9. Volta singela e cotes (fig. 8-8) – Volta redonda e cotes (fig. 8-9) –
Um, dois ou mais cotes rematando uma volta singela ou uma volta redonda. Se for
dado apenas um cote, deve-se abotoar (art. 8.64) o chicote do cabo. A volta com
dois cotes não se desfaz como a anterior, mas também recorre, a menos que se
abotoe o chicote. Os dois cotes devem ser dados no mesmo sentido.
Servem para agüentar um cabo ao anete de um ancorote, à boça de uma
embarcação, ao arganéu de uma bóia etc. A volta redonda e dois cotes pode ser
usada para agüentar uma espia em um cabeço, mas deve-se então colocar um
pedaço de madeira separando os dois cotes, ou abotoar o chicote.
linha pontilhada. Passa-se então o gato por dentro dos dois seios a e b, conforme
mostra a figura em (II). O cabo porta melhor pelo chicote c.
d do merlim, com a sua ponta para a esquerda, antes de dobrar o chicote c, como
se vê naquela figura. O passador ficou, portanto, metido no seio y por baixo de b e
por cima de d. Segurando o passador com a mão direita, podemos agora fazer com
que a sua ponta vá buscar a parte a do merlim, a fim de trazê-la por cima do seio y,
passando-se, em seguida, a ponta do passador por baixo da parte d. A volta que
ficou feita é exatamente a que se vê na figura 8-16.
8.23. Volta falida (fig. 8-22) – É constituída por uma série de voltas alterna-
das dadas entre dois objetos quaisquer e é usada para diversos fins. Serve para
atracar dois cabos, dando um botão provisório; para unir duas peças quaisquer;
para amarrar um cabo alceado a um mastro; para fazer badernas, portuguesas e
peitos de morte; para dar volta a uma espia ou a um cabo de laborar qualquer em
torno de dois cabeços ou em cunhos de malaguetas.
8.24. Lais de guia (fig. 8-23) – É o rei dos nós; muito usado a bordo, pois é
dado com presteza e nunca recorre. Serve para formar uma alça ou um balso, que
pode ser de qualquer tamanho, mas não corre como um laço; nesta forma, serve
para fazer a alça temporária numa espia, ou para ligar duas espias que não devem
trabalhar em cabrestante (ver
aboçaduras, art. 8.45).
Para dar um lais de guia,
se o cabo for de diâmetro mode-
rado, segura-se a parte b na mão
direita, e a parte d do cabo na
mão esquerda, faz-se o seio x,
isto é, passa-se da figura 8-1 à
figura 8-23. Basta agora fazer o
chicote c seguir a linha pontilha-
da (fig. 8-23 I) para completar o
nó (fig. 8-23 II). Se o diâmetro
for grande, procede-se de modo
semelhante, mantendo, porém,
o cabo sobre o convés.
Um emprego muito útil do
lais de guia é na amarração tem-
porária de embarcações peque- Fig. 8-23 – Lais de guia
388 ARTE NAVAL
8.25. Balso singelo – Balso é o seio ou alça que resulta de um lais de guia.
Balso singelo é o resultado de um lais de guia dado no próprio cabo formando
apenas um seio (fig. 8-23 II).
8.28. Balso pelo seio (fig. 8-26) – Toma-se um cabo dobrado pelo seio e
começa-se como um lais de guia (fig. 8-26 I); seguindo então a seta, faz-se passar
o seio y por fora do seio z e aperta-se o nó assim realizado. É empregado onde for
necessária maior resistência que a de um balso singelo, ou onde não se possa
tomar o cabo pelo chicote; serve também para pendurar um homem.
Para fazer uma corrente começa-se por uma alça que pode ser construída
por uma meia-volta, como se vê em (I); faz-se então passar a parte a do cabo por
dentro do seio z, formando um novo seio z, que se colocará sobre uma parte seme-
lhante a do cabo, e assim sucessivamente.
8.32. Catau (fig. 8-29) – É uma dobra que se dá no seio de um cabo, princi-
palmente para esconder um ponto fraco, mas que também serve para encurtá-lo.
Para começar um catau, dobra-se o cabo, como se vê em (a); em seguida,
dão-se, com o seio do cabo, dois cotes (b); para maior segurança pode-se passar
um botão redondo esganado (c) ou meter duas taliscas de madeira (d); se o cabo é
de bitola tão grande que dificulta o nó, abotoa-se somente (e).
8.36. Nó de moringa (fig. 8-32) – Dobra-se o cabo pelo seio; coloca-se essa
dobra z sobre as partes a, b do cabo, formando dois seios, x e y (I). Faz-se passar o
seio y por dentro de x, como indica a seta, colocando-o sobre as partes a, b do cabo,
acima de z (II). Metendo-se agora dois dedos da mão direita em s, e depois por
baixo de b (entre a
e b ), puxa-se o
centro da parte z,
formando-se então
o nó que se vê em
(III). Serve onde
seja necessário co-
mo alça permanen-
te (por exemplo,
uma alça para lam-
baz) ou somente
para enfeite; antiga-
mente era utilizado
para pendurar as
moringas de asa a
bordo dos veleiros. Fig. 8-32 – Nó de moringa
392 ARTE NAVAL
8.45. Aboçaduras (fig. 8-41) – Servem para emendar duas espias com rapi-
dez e segurança; entretanto, são nós volumosos demais para serem usados quan-
do o cabo tiver de gurnir em um cabrestante ou em um retorno qualquer.
A aboçadura pode ser dada com dois laises de guia, passando um balso por
dentro do outro (a); ou dão-se cotes, que se agüentam por ficarem os chicotes
abotoados; estes botões devem ser esganados, para maior segurança (b); em (c),
demos dois cotes em cada espia; em (d), os cabos foram dobrados passando um
seio por dentro do outro, e, os cotes são agüentados por um botão em cruz e um
botão redondo; finalmente, temos uma aboçadura constituída somente por botões
em cruz (e).
394 ARTE NAVAL
8-42b IV). Dá-se, então, com estes chicotes, um nó direito, o qual deve ficar escon-
dido por baixo das voltas dadas, entre dois cordões do cabo, depois de se cortarem
as partes que ficam sobrando.
Quarto método – falcaça esganada pela cocha (fig. 8-42c). Com agulha e
repuxo. É um dos mais seguros modos de falcaçar. Passa-se a agulha sob um
cordão do cabo, enfiando o fio de vela até quase todo o comprimento (A). Dá-se o
número de voltas considerado suficiente em torno do cabo, sobre o chicote curto do
fio de vela, apertando bem estas voltas. Passa-se a agulha de um lado para outro
atravessando os cordões do cabo, até que o fio de vela esteja bem seguro; corta-se
o fio bem rente, de modo que o arremate não apareça (B).
Uma variação interessante deste método é mostrada em (C) e (D). Depois de
dado o número adequado de voltas redondas, o fio de vela é passado sob um cordão
do cabo e trazido novamente para o lado da primeira volta dada, por cima da falcaça
e ao longo de uma cocha do cabo. A seguir é costurado sob um outro cordão e
trazido novamente sobre a falcaça, repetindo-se esta operação três vezes num cabo
de três cordões. Finalmente costura-se o fio de vela sob os cordões do cabo e corta-
se bem rente a este remate.
Quinto método – falcaça esganada (fig. 8-42d) – Começa-se descochando
um pequeno comprimento do chicote do cabo. Passa-se o seio c do merlim em
volta de um cordão, metendo-se os dois chicotes a e b entre este e os outros dois
cordões (A). No caso da figura, trabalha-se com o chicote a, ficando o outro fixo.
Cocha-se novamente a parte desfeita do chicote do cabo e dá-se o número de voltas
adequado em torno do cabo, deixando folgado o seio c. A seguir passa-se este seio
c sobre o chicote do cordão 1 (B) e aperta-se bem por meio do chicote b que ficara
fixo, e que será agora esticado sobre as voltas dadas e ao longo do cordão 3.
Amarra-se bem o chicote a ao chicote b entre os cordões do cabo. Cortam-se estes
rentes à falcaça feita e corta-se também o que sobrar dos fios de vela (C).
8.48. Pinha singela (fig. 8-44) – Descocha-se o cabo de modo que os cor-
dões fiquem como se vê
em (I). Agüenta-se o
cabo com a mão esquer-
da e com a direita faz-se
o chicote a seguir a dire-
ção indicada, isto é, por
baixo do cordão b e por
entre b e c (II). Faz-se
o mesmo com o cordão
b, passando-se pela direi-
ta e por baixo de a e c,
deixando ficar o chicote
entre a e d (III). Final-
mente, dá-se uma volta
semelhante para a direi-
ta com o cordão c pas-
sando-o por fora de b e
a, metendo-o pelo seio e
do cordão a (IV). Ron-
dam-se e unem-se igual-
mente todos os cordões,
abotoa-se (art. 8.64) e cor-
ta-se. Fig. 8-44 – Pinha singela
TRABALHOS DO MARINHEIRO 399
A pinha singela pode servir para substituir uma falcaça, provisoriamente, quan-
do não se tem fio de vela ou merlim.
8.53. Pinha dobrada (fig. 8-46) – Dá-se uma pinha singela e sobre ela um
nó de porco (A). Dobra-se a pinha singela, metendo-se os cordões paralelamente
aos seus caminhos anteriores (B). Dobra-se da mesma forma o nó de porco, abrin-
do os cordões com um passador (C). Ronda-se bem e cortam-se os chicotes. Este
tipo é um dos mais usados.
para fazer malha de redes, aboçadura (fig. 8-41) ou uma encapeladura; para amarrar
dois gatos iguais ou um gato de tesoura (fig. 9-32 c); para amarrar um olhal a uma
peça fixa qualquer etc.
Tomar um botão chama-se abotoar. Os botões podem ser redondos, redon-
dos cobertos, redondos esganados, em cruz e cruzados.
8.65. Botão redondo (fig. 8-56) – É constituído por uma série de voltas
redondas e, de modo geral, pode ser feito por qualquer dos métodos indicados para
fazer uma falcaça. Quando, porém, há receio de que o botão possa abrir, como é o
caso de um botão para alça, procede-se do seguinte modo:
Faz-se uma pequena alça no merlim e enfia-se o outro chicote por esta alça
formando um laço que se coloca em torno das duas partes do cabo; aperta-se bem
o laço e dão-se as voltas redondas, sete em média; passa-se então o chicote do
merlim por dentro destas voltas dadas, fazendo-o sair do lado em que está o laço e
por dentro da alça dele (I). Unem-se bem as voltas, ronda-se o merlim (II), fixa-se
o chicote dele por um cote e corta-se.
Este botão pode ser usado onde não houver esforço grande sobre o cabo ou
onde este esforço seja exercido igualmente sobre as duas partes do cabo.
8.66. Botão redondo esganado (fig. 8-57) – Qualquer botão pode ser esga-
nado, para maior segurança. Depois de terminado o botão redondo (fig. 8-56) dão-
se, sobre o botão e entre as duas pernadas de cabo, duas ou três voltas redondas
terminando em volta de fiel, ou dá-se somente a volta de fiel. A volta de fiel pode ser
singela ou dobrada.
Um botão esganado é usado sempre que o esforço se exerça apenas sobre
uma das partes do cabo.
Dois ou três botões redondos esganados podem ser empregados para fazer
a alça em cabos trançados, nos quais não podem ser feitas costuras. Usa-se isto
em linhas de odômetro e de prumo; depois de feita a alça, bate-se com um macete
e percinta-se o cabo.
8.68. Botão falido (fig. 8-59) – Dado com volta falida. É o melhor método
para abotoar os cabos quando o esforço nas duas pernadas for desigual, como por
exemplo ao se agüentar a beta de uma talha que suporta peso enquanto se muda o
ponto de amarração do tirador; é também empregado em cabrilhas (art. 8.135).
Deve-se esticar bem o merlim antes de empregá-lo neste botão.
Começa-se com o botão redondo, fazendo uma pequena alça no merlim, que
se passa em torno dos dois cabos a abotoar. Dão-se em seguida as voltas falidas,
cujo número pode variar de cinco a dez. Remata-se como qualquer outro botão.
Pode-se cobrir o botão com voltas redondas (II); neste caso ele terá, depois de
pronto, a mesma aparência de um botão redondo. Pode-se também esganar o bo-
tão falido (III).
TRABALHOS DO MARINHEIRO 405
8.69. Portuguesa (fig. 8-60) – Para prender dois cabos, toma-se um merlim
com alça e passa-se o laço em torno deles, tal como no caso do artigo anterior; dá-
se em seguida uma volta falida completa e, depois,
outra volta redonda. Continua-se dando alternada-
mente uma volta falida e uma volta redonda, até um
número julgado suficiente (11 voltas, em média), como
se vê na figura. Esgana-se depois o merlim com vol-
tas redondas ou com volta de fiel.
Este trabalho, como o anterior, serve para
amarrar com segurança dois cabos ou duas vergôn-
teas paralelas ou cruzadas, por exemplo para fazer
uma cabrilha (art. 8.135). Apresenta maior seguran-
ça que os botões redondos, pois as voltas falidas
evitam que as partes do cabo recorram. Serve para a
ligação de cabos de aço ou de quaisquer outros ca-
bos onde apenas seja exercido esforço sobre uma
das pernadas. Fig. 8-60 – Portuguesa
406 ARTE NAVAL
8.70. Botão cruzado (fig. 8-61) – São diversas voltas redondas dadas em
duas direções perpendiculares para agüentar dois cabos cruzados.
8.71. Alça de botão redondo (fig. 8-62) – Usada onde uma alça permanen-
te for necessária, no seio de um cabo. Ela consta de um botão redondo aplicado
como mostrado na figura. Ela também é feita com uma volta de fiel, porém, neste
caso formam-se duas alças.
8.73. Barbela (fig. 8-63) – É uma espécie de botão que se toma nos gatos
para não desengatarem de onde estão passados, principalmente quando a carga
deve ser suportada por algum tempo. São dados com duas a quatro voltas redon-
das, as quais são esganadas por outras voltas perpendiculares. Remata-se com um
nó direito nos dois chicotes.
8.74. Peito de morte (fig. 8-64) – É o nome que tomam os botões falidos,
botões redondos ou portuguesas, esganados como numa barbela, quando empre-
gados para prender, por exemplo, um mastaréu ao que lhe fica em baixo ou dois
paus que se cruzam para formar uma cabrilha.
8.75. Arreatadura (fig. 8-65) – São voltas de cabo com que se arreatam os
mastros, vergas etc. Arreatar é atar duas ou mais peças de madeira ou de ferro,
com voltas de cabo; arreata-se um mastro, um mastaréu ou uma verga quando
trincados ou partidos. Esta amarração ocasionalmente toma uma pequena folga;
para anular a folga colocam-se taliscas de madeira.
8.76. Cosedura – É o nome que toma qualquer botão dado para apertar as
alças do poleame, as gargantas dos estais, as encapeladuras dos ovéns etc., com
mialhar, arrebém, linha ou merlim.
chuvas num aparelho fixo, percinta-se o cabo a começar do chicote que deve ficar
para baixo; se o cabo deve ficar com o seio para cima e os dois chicotes para baixo,
percinta-se a partir de cada um dos dois chicotes. Antes de percintar um cabo de
aço, passa-se uma camada de zarcão sobre ele, depois que foi engaiado. Ele deve
ser percintado com a tinta ainda fresca, ou então a superfície na percinta que vai
ficar junto ao cabo será também pintada. Percinta-se e engaia-se no sentido da
cocha do cabo.
c. Trincafiar – Amarrar as percintas com fios de vela ou linha de rami, dando
voltas de trincafios ou tomadouros.
d. Forrar – Consiste em cobrir com voltas redondas de merlim um cabo, que
pode ter sido anteriormente engaiado e percintado; cada volta deve ser bem ajusta-
da e rondada, de modo que o conjunto forme uma verdadeira cobertura para o cabo.
O macete de forrar é empregado para fazer as voltas, como é visto na figura 8-66.
Forra-se um cabo no sentido contrário ao da cocha.
Cobrir um cabo com coxim, ou com uma tira de lona, brim ou couro, que se
cose no sentido do comprimento do cabo, também se chama forrar.
e. Encapar ou emangueirar – Cobrir com lona e costurar com ponto de
bigorrilha chato (art.8.156b)
Antes de engaiar, percintar e forrar um cabo, devemos amarrá-lo em um lugar
safo e a determinada altura, ficando teso, de modo a se poder trabalhar livremente
nele em todo o comprimento. Se se deseja um trabalho bem acabado, o material
empregado deve ser bem amarrado nos pontos de partida e as voltas de lona e
merlim apertadas o mais possível em toda a extensão.
a1 b1
a2 b2
b1 a1
b3 b3 b2
b2 a3 a3 a2
a2
8.83. Costura em cabo naval de dupla trança (fig. 8-70a) – Esta costura
de mão é somente para cabo novo. Ela mantém aproximadamente 90% da resistên-
cia média do cabo. As ferramentas necessárias são um passador de aço, um
empurrador e uma fita adesiva (fig. 8-70b).
Passador de aço
Seção curta
do passador
Empurrador
Fita adesiva
X
Forme o laço do
tamanho desejado
R
Uma camada de fita adesiva
2 comprimentos do passador
(Até 13" de circunferência)
Uma camada de
rtura fita adesiva
Cobe
X
Marca 1
a
be rtur
Co
Marca no passador
X
Marca 3 Marca 2 Marca 1
5ª 5ª 5ª 5ª
R T
8 pernas simples
ou pares
ra
rtu
be
Co
ra
rtu
be
Co
Marca 3 Marca 2
T Marca 1
R Cobertura
Remova
Removaaafita
fitada
dacobertura
cobertura
Cobertura
T Marca 3
Cobertura
R
Chanfro da cobertura a Marca 2
cada 5º par de pernas
Remova as pernas
simples ou em pares
Co
ber
tur
a Coloque a alma na
R
cobertura no ponto T
1/2 comprimento
do passador Marca 3
X Marca 1
Marca 2
Extremidade da
cobertura
Passador e extremidade
da alma para fora no
ponto Z
Alise a cobertura
Puxe a extremidade da alma
para fora, até que a marca
em X fique exposta
ra
rtu
be
Marque a extremidade
co
da alma em X
Z R
Marca 3
T
Ponto Z Cruzamento
a 1/2 passador do ponto X
Cobertura chanfrada
Alise e a cobertura
chanfrada desaparecerá
Cortando e removendo
1/3
do passador
Alma
Cruzamento
Embutir até
a marca R
Cruzamento
Alma
ra Puxe
e rtu
C ob
Puxe
Tensão mecânica
ura
b ert
Co
1 2 3
B
8.87. Alça trincafiada (fig. 8-75) – Falcaça-se o cabo a uma distância sufi-
ciente para fazer a alça; descocham-se o cabo e os cordões. Arranja-se um cepo de
madeira de circunferência igual à que deve ter a alça; separam-se os fios de carreta
em duas metades; afastam-se os fios de carreta externos do cabo, e os outros
amarram-se, com nó direito, em torno do cepo e em pontos diferentes da circunfe-
rência. Sobre a peça de madeira podem ser colocados pedaços de fio de vela com
que se amarram os fios de carreta depois que tiverem sido dados os nós. Retira-se
o cepo de madeira, arrumam-
se os fios de carreta externos,
que não deram nó, em torno da
alça feita, para enchê-la bem.
Com um destes fios de carreta
ou com merlim, dão-se então
voltas trincafiadas em torno da
alça, que pode ser depois
percintada e forrada.
É utilizada para os chi-
cotes dos cabos-guias, para
terminar diversos trabalhos tais
como gaxetas e rabichos, e de
modo geral em qualquer alça
Fig. 8-75 – Alça trincafiada pequena onde não é adequada
uma costura de mão.
uns 30 centímetros e em seu lugar cocha-se o chicote b (II). Dá-se uma meia-volta
amarrando a e b, rematando como em uma costura de laborar. O cordão c, que
sobrou, é costurado como em costura de mão (III).
8.89. Unhão singelo (fig. 8-77) – Emenda de dois cabos pelos chicotes
formando uma espécie de pinha. Usado antigamente para emendar os ovéns, brandais,
estais etc, quando cortados por qualquer circunstância, enquanto não fossem subs-
tituídos; sendo aqueles cabos fixos, era necessário solecá-los para dar o nó.
Para a construção do unhão singelo,
descocham-se os dois cabos e falcaçam-se
os cordões e os cabos nos pontos em que
deve ser feito o nó. Dobram-se sobre si mes-
mo os cordões e os cabos nos pontos em
que deve ser feito o nó. Dobram-se sobre si
mesmo os cordões de um dos cabos; os chi-
cotes do outro cabo são então passados su-
cessivamente por dentro de dois seios adja-
centes assim formados, como se vê na figu-
ra. Rondam-se bem os cordões, abotoam-
se os mesmos e forra-se o cabo, de cada
lado do unhão feito. Se for julgado necessá-
rio, podem-se cortar alguns fios de carreta
de cada cordão, antes de abotoar estes so-
bre o cabo. Esta amarração encontra-se em
Fig. 8-77 – Unhão singelo desuso
8.94. Embotijo em leque (figs. 8-81a e 8-81b) – Pode ser de dois, três ou
mais cordões. Amarram-se dois (três ou mais) pedaços de merlim ao cabo e dão-se
dois (três ou mais) cotes sucessivos para a direita, um em cada merlim. Repete-se
a operação dando cotes sucessivos para a esquerda, começando pelo mesmo merlim.
Continua-se até completar o comprimento desejado, ficando os nós bem apertados
e uns embaixo dos outros. Na figura 8-81a vemos um embotijo em leque, de dois
cordões; na figura 8-81b, um de três cordões.
426 ARTE NAVAL
8.96. Embotijo de cotes, para dentro (fig. 8-83) – Excelente para fazer
uma defensa de embarcação miúda (art. 8.131). Coloca-se um número adequado de
merlim b junto ao cabo e no sentido longitudinal dele. Em seguida toma-se um outro
merlim a que deve ter 25 a 30 vezes o comprimento dos primeiros e que servirá de
madre. Esta madre, que pode servir para amarrar os outros merlins de encontro ao
cabo vai dando voltas redondas em torno do cabo; nela cada um dos merlins b vai
dando cotes que, no caso da figura, são feitos para dentro.
8.97. Embotijo de cotes, para fora (fig. 8-84) – Serve também para defensas
como no caso anterior, apresentando uma superfície mais lisa. É feito do mesmo
modo que o anterior, mas os cotes são dados de dentro para fora, como se vê na
figura.
TRABALHOS DO MARINHEIRO 427
8.98. Embotijo de defensa (fig. 8-85) – Muito usado para cobrir defensas
grandes, especialmente as de balão ou de formas irregulares, como as que se
usam na proa dos rebocadores (art. 8.131). É feito com um só cordão. Começa-se,
dando duas voltas redondas em torno do objeto (um cabo ou uma defensa), com um
dos chicotes do merlim. Com o outro chicote dão-se cotes sobre estas duas voltas
redondas, dependendo o número de cotes de se desejar um trabalho mais aberto,
em que se vê o objeto embotijado, ou mais fechado, nada se vendo do interior.
Seguem-se novos cotes, dados agora nos seios dos cotes anteriores, entre dois
destes. Prossegue-se assim até completar o trabalho. Quando a defensa é grande,
será necessário emendar, de vez em quando, novos pedaços ao merlim (ou cordão
de um cabo descochado) com que se trabalha; a emenda é feita pelos chicotes,
com costura de laborar, se o trabalho exigir boa aparência.
Quando a superfície da defensa não é cilíndrica, suprime-se um cote ou acres-
centa-se mais um, de vez em quando, conforme a área a cobrir for diminuindo ou
aumentando.
8.99. Embotijo de nós de porco (fig. 8-86) – É feito com qualquer número
de cordões, a partir de três. Amarram-se os cordões ao cabo e dão-se nós de porco
(art. 8.50) formando uma volta de nós de porco em torno do cabo. Repete-se o
trabalho apertando bem os nós de encontro ao cabo e junto aos nós da série ante-
rior. Prossegue-se assim até completar o tamanho desejado. Em vez de nó de
porco, pode-se fazer este embotijo de nós de pinha singela (art. 8.48). Obtêm-se
assim outras variedades de embotijo, a saber: para cima (nós de pinha), para baixo
(nós de porco), para cima e para baixo (alternadamente nós de pinha e nós de
porco), para a direita, e para a esquerda. Quando os nós são dados num mesmo
sentido, o embotijo formado toma o aspecto de uma espiral. Na figura vemos um
embotijo de nós de porco de três cordões, para baixo e para a esquerda.
428 ARTE NAVAL
8.118. Pinha de anel, de três cordões (fig. 8-101) – Para aprender esta
pinha de anel, como as que se seguem, vamos acompanhar as figuras em seus
diversos estágios, fazendo correr a pinha de cima para baixo, ao passar de um
estágio para o seguinte.
A figura 8-101 (A) parece-nos bem clara; em (B), o chicote livre do merlim
passou por cima de b e por baixo de a, saindo entre os dois; em (C) passa-se a para
a esquerda, por baixo de b; em (D) vamos passar o chicote do merlim da esquerda
para a direita, por baixo de uma e por cima da outra volta; em (E) o chicote livre vai
passar da direita para a esquerda, por baixo de uma e por cima da outra volta. Em
(F) vemos que o chicote livre do merlim deve sair junto e em sentido contrário ao
outro chicote que ficara fixo.
Temos então (F), uma pinha de anel singela de três cordões. Para fazer uma
pinha de anel de três cordões duplos, basta fazer com que um dos chicotes do
merlim percorra o mesmo caminho que o outro andou, junto a ele e em sentido
contrário. Para fazer uma pilha de anel de três cordões tríplices, faremos um dos
chicotes dar uma terceira volta, ainda no caminho do outro e em sentido oposto;
este trabalho é o que se vê em (G).
d. Tipos:
(1) defensa chata ou charuto – Empregada para navios e embarcações miú-
das, temporariamente, durante a atracação (fig. 8-111 A);
(2) defensa de balão – Usada em navios e embarcações miúdas, temporaria-
mente, durante a atracação (fig. 8-111 B);
(3) defensa cilíndrica vertical ou garrafa – Usada principalmente nos reboca-
dores e embarcações miúdas, temporariamente, na atracação (fig. 8-111 C);
(4) defensa cilíndrica horizontal – Semelhante à anterior, mas tem dois fiéis
para a amarração em posição horizontal; empregada nos rebocadores e embarca-
ções miúdas, permanentemente, fixas junto ao verdugo (fig. 8-111 D);
(5) defensa da roda ou meia-lua – Horizontal, de forma adequada para sua
fixação permanente ao bico de proa dos rebocadores e lanchas. Confeccionada
com cabos, revestida com ponto de embotijo (fig. 8-111 E);
(6) defensa circular – Fixa, feita com pneus usados, cheios de cabos ou outro
material leve e resistente, sendo presa com cordões de cabo por meio de ponto de
embotijo. Na parte oposta à alça, faz-se um furo para escoamento da água (fig. 8-
111 F); e
(7) defensa para cais – Podem ser flutuantes de madeira ou de cabos velhos,
feixes de lenha etc., ficando neste caso amarradas ao cais (fig. 8-112 e 8-113).
8.132. Pranchas
a. Para mastreação ou guindola (fig. 8-114)
– É uma tábua de pelo menos 20 cm de largura; o
comprimento usual é de 60 cm, pois a prancha deve
acomodar um só homem. São feitos quatro furos, dois
em cada extremidade da tábua; esta pode ser refor-
çada, na parte inferior, como se vê na figura, se bem
que isto não seja essencial.
Toma-se um cabo solteiro, de cerca de 4,30
metros de comprimento. Para aparelhar a prancha,
gurne-se um chicote num dos furos, deixando um pe-
queno comprimento de chicote por baixo da tábua.
Gurne-se o outro chicote no furo diretamente oposto
àquele, na outra extremidade da tábua, de cima para
baixo. Traz-se então o cabo para o lado do primeiro
furo, cruzando a tábua diagonalmente, pelo lado de
baixo, para vir gurnir no outro furo desta extremidade,
de baixo para cima. Ronda-se bem o cabo, depois do
que faz-se passar o chicote no último furo que resta,
de cima para baixo; os dois chicotes são, agora, li-
gados por costura redonda. Os seios da parte supe-
rior da prancha são ajustados para que fiquem no Fig. 8-114 – Prancha para
mesmo comprimento e abotoados de modo a formar mastreação ou guindola
TRABALHOS DO MARINHEIRO 441
uma só alça. O fiel da prancha será amarrado a esta alça, geralmente por um nó
de escota, singelo ou dobrado. Em (a), a amarração foi feita com nó de escota
singelo. A prancha, em vez de ter fiel, pode ser engatada a um teque, se tiver de
ser levada ao alto.
Esta prancha é muito empregada por marinheiros ou operários que traba-
lham em pintura ou reparos de mastros ou outros lugares elevados.
b. Para o costado (fig. 8-115) – Consiste em uma tábua com dois traves-
sões aparafusados próximo às extremidades dela. A finalidade desses travessões
é manter a prancha afastada da superfície em que está trabalhando. A prancha
pode ser para um ou dois homens, dependendo disto o seu comprimento; a largu-
ra é de 20 centímetros, pelo menos.
Para aparelhar a prancha, toma-se um cabo solteiro, no qual se dá uma
volta de tortor, como se vê em (A), a pequena distância do chicote. Coloca-se o nó
sob o travessão, ficando a parte a sobre o lado superior da prancha. Os seios b e
c são então colocados para cima do travessão, sobre as duas extremidades deste
(B).
Ronda-se a amarração feita e, com o próprio chicote do cabo, dá-se um lais
de guia no seio dele (C). Deve-se ter o cuidado de que as duas partes do cabo
estejam iguais em comprimento e, então, aperta-se bem o lais de guia; se não
fosse isso, a prancha iria cambar para o lado de uma das pernadas, ao ser içada
pelo cabo.
Dá-se um segundo nó igual a este na outra extremidade da prancha. Os
dois fiéis da prancha podem ser amarrados aos gatos de dois teques fixados ao
convés; os tiradores destes teques serão amarrados embaixo, no próprio fiel da
prancha. Isto elimina o inconveniente de ter de subir um homem, ou haver alguém
em cima somente para arriar a prancha – o que seria necessário se o cabo fosse
amarrado em cima, no convés.
seja demasiado, ou quando o espaço não permite aparelhar quatro plumas, usam-
se três, igualmente espaçadas, isto é, a 120°. Conforme o peso do pau e a carga a
içar, as plumas podem ser constituídas por talhas, teques ou simples cabos.
Amantilho – Cabo, teque ou talha, amarrado ao lais da lança e sobre o qual
se exerce o maior esforço da carga içada. Na lança improvisada o amantilho é
geralmente uma das plumas, a do lado oposto àquele para o qual a lança estiver
inclinada.
Braçadeira – Gola de ferro com olhais onde se amarram as plumas e o apa-
relho de içar, colocada no tope da lança. Só é usada quando for parte integrante da
lança.
Peias - Teques colocados horizontalmente no pé da lança a fim de evitar que
este resvale para um lado, apesar da soleira. São empregadas somente para as
cargas demasiado grandes, e, neste caso, usam-se três peias espaçadas de 120°.
Estropo – Para amarrar o aparelho de içar no tope da lança, se não houver
olhal apropriado para isto na braçadeira.
Aparelho de içar – Pode ser uma talha patente, ou uma talha comum com
uma patesca para servir de retorno ao cabo.
quatro pontos onde haja cabeços ou outras peças fortes da estrutura do casco, ou
olhais no convés, onde possam ser passadas as plumas; estes pontos devem ser
tais que a distância deles ao pé da lança seja tanto quanto possível igual a duas
vezes o comprimento da lança. Amarram-se as quatro plumas ao tope da lança.
Fixa-se no convés a soleira ou, se não for possível colocar esta, preparam-se três
peias. Coloca-se a lança ao longo da linha correspondente à pluma de vante, com o
pé próximo à soleira. Iça-se a lança tanto quanto possível com a mão. Agüenta-se a
pluma de ré com um teque, deixando a pluma de vante folgada, fora da ação. Vai-se
içando a lança com a pluma de ré servindo de amantilho, colhendo o brando das
plumas laterais. Quando a lança estiver na posição, tesam-se bem todas as plu-
mas. Para as lanças pesadas, e quando não houver mastro nas proximidades,
haverá necessidade de construir uma pequena cabrilha para içar a lança.
d. Cuidados durante a manobra:
(1) durante a manobra do peso, se a lança for movida para um lado, aumenta
a tensão da pluma do lado oposto, que se vai assim convertendo em amantilho. Se
as plumas não têm grande margem de segurança, não convém dar grandes movi-
mentos laterais com a carga suspensa. Havendo necessidade de deslocar lateral-
mente o peso, isto deve ser feito por partes, arriando a carga e reajustando a lança
cada vez que se girar de um pequeno ângulo, de modo que o amantilho não se
afaste muito do plano vertical que passa pela lança;
(2) a lança improvisada deve trabalhar o mais próximo possível da posição
vertical. O ângulo de inclinação máximo permitido é 30o em relação à vertical;
(3) quanto mais pesada a carga, maior deve ser o cuidado em aparelhar e
manobrar a lança; e
(4) se não for conhecida a capacidade de carga da lança, deve-se determinar
a carga de trabalho de cada uma de suas partes, dando à lança a carga de trabalho
da parte mais fraca.
Com um cabo solteiro, dá-se uma volta de fiel em torno de uma das vigas na
distância de cerca de um metro de seu tope. Junto a esta volta de fiel dão-se 10 a 15
voltas falidas, na direção dos topes, abotoando as duas vigas.
Pl
um
as
as
um
Pl
Esganam-se as voltas dadas com duas voltas redondas e sobre estas rema-
ta-se com voltas de fiel. Abrem-se os pés das vigas; esta abertura deve ser tal que
a distância entre os pés seja igual a 1/3 da distância, na viga, entre o pé e o ponto
de cruzamento.
Passa-se um estropo no ponto de cruzamento das vigas. Engata-se uma
talha neste estropo. Se esta talha for pesada abotoa-se o estropo e somente se iça
a talha depois que a cabrilha for levada ao alto.
Amarram-se as plumas, com volta de fiel, nos topes das vigas. É preferível
sempre usar duas plumas para facilitar a manobra de mover o peso para vante ou
para ré. A pluma de vante é amarrada à viga que ficar a ré, e a pluma de ré na que
estiver a vante.
Amarra-se uma barra horizontalmente, próximo aos pés dos paus, para servir
de peia não os deixando abrir.
Leva-se a cabrilha ao alto. Quanto mais próximo da vertical ela ficar, maior o
esforço de compressão sobre os paus, e menor o esforço de tração sobre as plu-
mas, aliviando estas.
448 ARTE NAVAL
Para mover de vante para ré um peso que esteja suspenso na cabrilha, soleca-
se a pluma de vante e tesa-se a pluma de ré, ou vice-versa.
Em alguns casos a pluma do lado para onde a cabrilha está inclinada pode
ser dispensada; nesses casos a cabrilha nunca é levada a uma posição próxima da
vertical.
d. Cuidados durante a manobra – Os mesmos do artigo anterior, idem d.
8.136. Cabrilha em tripé – É empregada para pesos grandes que devem ser
içados na direção vertical, ou aproximadamente vertical, isto é, o ponto de amarra-
ção do aparelho de içar não pode ser deslocado.
Para aparelhar o tripé marca-se, nas vigas, o lugar onde se deve fazer o
cruzamento, a um metro aproximadamente dos topes. Colocam-se duas vigas para-
lelamente sobre o convés, deixando entre si um intervalo pouco maior que o seu
diâmetro; elas devem descansar sobre um apoio qualquer próximo ao ponto de
cruzamento marcado.
Coloca-se a terceira viga entre aquelas, com o tope em sentido oposto e a
marca de cruzamento coincidindo com as das outras (fig. 8-120).
Com um cabo solteiro, dá-se uma volta de fiel numa das vigas externas,
próximo ao ponto marcado. Dão-se 10 a 15 voltas redondas em torno das três vigas.
Esganam-se estas duas outras voltas perpendiculares entre cada par de vigas, com
o mesmo cabo, rematando com uma volta de fiel na viga interna, junto às voltas, no
tope. Passa-se um estropo sobre a amarração, a fim de receber o aparelho de içar.
Iça-se o tripé afastando igual-
mente os pés, de modo que a
distância entre eles seja 1/3 da
distância dos pés ao ponto de
cruzamento. Fixam-se as solei-
Fig. 8-120 – Cabrilha em tripé ras no convés, junto do tripé.
8.144. Dar volta a um cabo num cunho (fig. 8-129) – Dá-se volta às adriças,
tiradores das talhas etc., num cunho por meio de voltas falidas como mostra a figura
TRABALHOS DO MARINHEIRO 451
8-129 (A). Note-se a diferença desta figura para a figura 8-129 (B). Neste caso, a
primeira volta que o cabo dá é passada por cima do cunho; deste modo o
esforço sobre o vivo do cabo tende a forçar este de encontro ao cunho, e também
exercido no cabo tende a afastá-lo do cunho, não permitindo que as voltas pos-
sam ficar mordidas. Na última volta dá-se um cote, como se vê em (A) e não
como está em (C).
Quando todo o cabo estiver aduchado, dobra-se a aducha com cuidado para
evitar que se soltem as voltas dadas e com o próprio cabo dão-se duas ou três
voltas redondas em torno da aducha.
Agora faz-se passar o seio do cabo por dentro da parte superior da aducha e
depois para cima, como mostra a figura 8-131; este seio pode ser também passado
num gato, numa malagueta ou num cunho; e
8.148. Badernas – Quando o peso for demasiado para que o tirador seja
agüentado a mão enquanto se dá volta nele, morde-se a talha. Isto é feito dando-se
voltas falidas entre duas pernadas da beta da talha; as voltas assim dadas chamam-
se badernas.
TRABALHOS DO MARINHEIRO 453
b
a
As malhas são feitas por meio de cote pela cocha ou botão cruzado, sendo o
cote pela cocha mais indicado. Os chicotes dos cabos que formam as malhas são
introduzidos na cocha da tralha pegando dois cordões, os quais ficam dentro das
alças feitas em cada chicote através de costura redonda.
8.152. Amarração de
alças a mastros, vergas etc.
(fig. 8-141) – Para amarrar uma
alça a um mastro, procede-se
como mostra a figura 8-141,
dando voltas falidas em torno do
mastro e de uma a outra parte
da alça; remata-se com uma
meia-volta perpendicular às vol-
tas falidas. Fig. 8-141 – Amarração de alças a um mastro
458 ARTE NAVAL
8.155. Lonas
a. Definições:
(1) Ourelas – Margens do pano, junto às arestas;
(2) Urdidura – Fiação no sentido do comprimento; e
(3) Trama – Fiação no sentido da largura.
b. Aplicação:
(1) para os toldos em geral, são preferidas as lonas com largura de 0,60 m; a
largura de 1 m será usada para serviços em que a resistência não tenha maior
importância, como nos pequenos toldos, capas etc.; a largura de 1,15 m é usada
para a confecção de macas; e
(2) a lona número 1 é a preferida para camisas de colisão; a lona número 3 é
usada para toldos dos navios de grande porte; a número 4 é a melhor para os toldos
dos contratorpedeiros e navios menores, sacos para transporte de material, capas
de embarcações e de armamento e capas em geral; a de número 7 para telas de
alvos, toldos de embarcações miúdas e sanefas em geral.
d. Ponto de peneira (fig. 8-146) – Usado para fazer bainhas e para coser os
panos com que se tapam os buracos da lona. Coloca-se a ourela por cima do outro
pano e cose-se como se vê na figura. Para tapar buracos, toma-se um pano um
pouco maior que o orifício, cose-se em torno deste e depois cosem-se os bordos do
pano na lona. Para obter melhor acabamento, dobram-se em bainhas os bordos do
pano e do orifício da lona. Pode-se dar 1 ponto por centímetro.
f. Ponto cruzado (fig. 8-148) – Também usado para serzir rasgões, com
melhor acabamento.
g. Ponto de palomba
(fig. 8-149) – Utilizado para
palombar, isto é, coser as tralhas
dos toldos e das velas; é feito com
fio de palomba. A palombadura
pode ser feita na ourela, antes da
costura. Há dois tipos: Fig. 8-149 – Ponto de palomba
Ponto pela cocha – A agulha é enfiada no pano e na cocha entre dois cordões
do cabo.
Ponto pelo redondo – Enfia-se a agulha no pano e dá-se uma volta com o fio
em torno do cabo; ao passar de um ponto para outro dá-se uma volta trincafiada.
A palombadura pode ser feita na ourela ou na aresta do pano, mas neste
último caso, dobra-se em bainha antes de coser
h. Ponto de cadeia (fig. 8-150) – Usado para marcar, fazer letras ou núme-
ros, e assemelha-se à volta chamada corrente, passada no pano de modo inverso.
i. Ponto de sapateiro ou ponto de fenda (fig. 8-151) – Empregado para
coser couros. Como se vê na figura, são usadas duas agulhas, que apanham o
couro no mesmo furo, uma em sentido contrário à outra, sucessivamente.
Fig. 8-150 –
Ponto de cadeia Fig. 8-151 – Ponto de sapateiro ou ponto de fenda
REMANCHADOR
DEDAL
REPUXO
MESA
PASSADOR VAZADOR
OU REMANCHADOR
TORQUÊS
ESPICHA ABRE-ILHOSES
j. Repuxo – Tira de couro unida pelos extremos, com furo para o polegar,
devendo ser calçada pelos marinheiros na mão direita. Tem na palma o dedal. Serve
para forçar a agulha na lona ou através de um cabo, protegendo a mão de quem
trabalha.
l. Torquês (fig. 8-154) – Para cortar fios de aço.
464 ARTE NAVAL
SEÇÃO G – ESTROPOS
Há ainda outros tipos menos usados, como estropo trincafiado, estropo para
alcear poleame etc.
)
>
9,5 3/8 430 430 390 390 320 320 230 230
12,7 1/2 720 720 630 630 500 500 360 360
15,9 5/8 1.450 1.450 1.270 1.270 1.040 1.040 720 720
19,0 3/4 2.200 2.000 1.900 1.800 1.500 1.400 1.100 1.000
22,2 7/8 2.900 2.600 2.500 2.200 2.000 1.800 1.400 1.300
28,6 1 1/8 4.600 3.800 4.000 3.300 3.300 2.700 2.300 1.900
31,7 1 1/4 5.400 4.400 4.700 3.800 3.800 3.200 2.700 2.200
466 ARTE NAVAL
8.162. Estropo de anel (fig. 8-163) – Serve para alcear poleame, mas atual-
mente é pouco usado; pode ser de cabo de fibra ou de aço.
(1) de cabo de fibra – Descocha-se e corta-se num cabo qualquer um de seus
cordões em tamanho pouco maior que três vezes a circunferência do estropo dese-
jado. Dobra-se este cordão ao meio e forma-se, no tamanho escolhido, o estropo,
recompondo cuidadosamente o cabo de três cordões, fazendo cada chicote seguir
a cocha já estabelecida no cordão. Remata-se como uma costura de laborar, engaia-
se, percinta-se, trincafia-se e forra-se; e
(2) de cabo de aço – Usam-se dois cordões descochados cuidadosamente
de um cabo novo, mas conservando a posição relativa entre eles, por meio de bo-
tões e falcaças. Do mesmo
modo que anteriormente,
recompõe-se o cabo for-
mando o estropo. Cortam-
se os cordões e falcaças
dadas e remata-se como
uma costura de laborar, se-
parando os pontos de en- Fig. 8-163 – Estropo de anel, cabo de fibra
contro dos chicotes.
8.163. Estropo trincafiado (fig. 8-164) – Feito com fio de vela, fio de carre-
ta, mialhar ou merlim. Colocam-se dois pregos ou pinos a uma distância conveni-
ente um do outro, de acordo com o tamanho desejado para o estropo. Passa-se o
fio por fora desses pinos até ter a grossura julgada necessária, dão-se os botões
provisórios e retira-se o anel assim feito. Trincafia-se e forra-se, se isto for deseja-
do. Serve para alcear o poleame ou para estropos de pequeno tamanho, mas é
pouco usado atualmente.
TRABALHOS DO MARINHEIRO 467
8.164. Ângulo dos estropos – A figura 8-165 pretende representar uma carga
de 2.000 quilogramas exercida sobre um estropo de duas pernadas. O estropo é
apresentado sob diversos ângulos mostrando o aumento da carga no cabo à propor-
ção que aumenta o ângulo entre as pernadas. Observe-se que a carga com as pernadas
a 30° de ângulo sobre o horizontal é duas vezes maior, e, ao se aproximar de 0° o
ângulo, a carga torna-se quatro vezes maior, em cada pernada.
Na prática, nem sempre se pode evitar os ângulos pequenos das pernadas,
pois estas devem ficar bem justas sobre a carga a içar. Considera-se ótimo o empre-
go de um ângulo nunca menor de 45 graus. Quando isto não for possível, tem que se
levar em conta o rápido aumento da carga à proporção que esse ângulo se torna
menor, e verificar se o estropo empregado é o aconselhado para tal carga; a escolha
do estropo adequado deve levar em consideração o fator de segurança
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
. 2.000 Quilogramas
Calibre Elo OLHAL COMUM OLHAL EM FORMA DE PÊRA GATO COMUM GATO ESPECIAL
da de
corrente ligação A B C D E F G H J G H J
3/8 7/16 3/4 4 5/8 1 1/2 3 6 3 3/4 7/8 1 1/4 2 13/16 5/8 15/32
7/16 1/2 3/4 4 3/4 1 1/2 3 6 4 3/8 1 1 9/16 3 3/8 3/4 17/32
1/2 5/8 7/8 4 7/8 1 3/4 3 6 5 1/2 1 1/8 1 13/16 4 7/8 19/32
3/4 7/8 1 3/8 6 1 1/4 2 4 8 8 1/2 1 3/4 2 11/16 5 3/4 1 1/8 29/32
ARTE NAVAL
7/8 1 1 1/2 6 1 1/2 3 6 11 10 1/8 2 3 6 7/8 1 1/4 1 1/32
1 3/8 1 5/8 2 3/8 10 2 3/8 4 8 15 15 3/8 2 3/8 4 1/2 .... .... ....
^
TAB ELA 8-2
D IMEN SÕES EM POLEGAD AS D OS ESTR OPOS D E C OR R EN TE, D E D U AS PER N AD AS
TRABALHOS DO MARINHEIRO
5/8 3/4 1 3/8 6 1 1/4 2 4 8 6 1/2 1 1/4 2 1/8
473
474
TABELA 8-3
9,5 3/8 1,2 2,1 1,7 1,2 0,84 0,66 0,43 0,21
ARTE NAVAL
16 5/8 3,1 5,4 4,4 3,1 2,1 1,6 1,09 0,54