Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Quatro Décadas
!"#$#%&
#'(!##)
*+(,-
.*/
000
)%%1(%%*%()12'
3)%%1(%%*%(*,-
45,-%*%(*,-
.63(
!
!
"
)%%1(%%+%(%!*,-+
7"8+%*+(8*&
Apoio:
Produção: Realização:
MÁRCIO PANNUNZIO
Quatro Décadas
Enock Sacramento
Introdução 7
Eu e o Pannunzio
Depoimento de Maringelli 81
A fotografia 83
Cronologia 101
Bibliografia 119
Introdução
Quarenta anos depois, o destino fez com que fôssemos o curador de sua exposição
Márcio Pannunzio - Quatro décadas, que documenta seu percurso artístico até o presente
momento. Nesse período, ele construiu uma significativa carreira profissional com
destaque no âmbito da xilogravura. Como desenhista seguro e pintor experiente, ele
aproximou-se mais recentemente da fotografia, capturando uma miríade de cores da
vida em movimento em contraste com sua gravura e seu desenho geralmente realizados
em preto e branco.
Este livro não pretende ser um estudo abrangente sobre a vida e obra do artista, mas
sim um catálogo ampliado que documenta a mostra Márcio Pannunzio - Quatro Décadas,
realizada de 2 de fevereiro a 15 de abril de 2023 no Museu de Arte e Cultura de Caragua-
tatuba, pelo Governo do Estado de São Paulo por meio de sua Secretaria de Cultura e
Economia Criativa. Esperamos que ele aproxime a arte de Márcio Pannunzio do público e
seja uma fonte útil para estudos mais aprofundados sobre o artista no futuro.
7
8
Primeiros anos: 1958-1979
Seu pai, Dino Pannunzio, era empreiteiro de obras. Trabalhou na abertura de estradas até
1962, quando tornou-se proprietário de uma pedreira. Sua mãe, Maria Antônia Andrade
Pannunzio, conhecida como Marita, foi dona de casa, proprietária de uma boutique nos
anos 1970 e, após a morte do marido, diretora da empresa da família até sua venda,
anos depois. Márcio viveu em Casa Branca até os 4 anos de idade, quando se mudou com
a família para Sorocaba, cidade dos Pannunzios no Brasil.
Em Sorocaba, o jovem Márcio ingressou, aos 7 anos de idade, na Escola Estadual Antônio
Padilha, onde fez o curso primário, e aos 11 anos, na Escola Estadual Dr. Júlio Prestes de
Albuquerque (Estadão), onde cursou o ensino médio. No final desse período, Tana Adélia
Lopes, sua colega de classe na área de humanidades, começou a namorar com Márcio
com quem se casaria em maio de 1989, em uma cerimônia civil realizada no cartório de
Ilhabela.
Desde cedo, Márcio manifestou interesse pelas artes visuais, incentivado por alguns
familiares, incluindo sua avó materna, Maria Witecosky Andrade, cuja família deixou
a Polônia devido à perseguição religiosa emigrando para o Brasil. Maria foi a primeira
compradora de uma obra de Márcio. Segundo ele, “Maria gostava de plantas - tinha dedo
verde - e tinha uma relação muito bonita com a Branca, filha do primeiro casamento de
meu avô Antônio Andrade. Minha avó havia sido babá de Branca após a morte da primeira
esposa de meu avô. Eles se apaixonaram e se casaram. A diferença de idade entre eles
era muito grande; minha mãe nasceu quando meu avô tinha setenta e dois anos de idade
e foi o seu xodó a ponto de ele a ter tornado sua herdeira universal. O testamento foi
contestado pelos filhos do primeiro casamento e, na partilha, o menor quinhão ficou para
minha avó e minha mãe”.
9
Seu pai, Dino, também estimulou o desenvolvimento das habilidades artísticas de Márcio,
comprando publicações sobre história da arte para ele, incluindo a coleção de fascículos
“Gênios da Pintura”, editada pela Abril Cultural, por meio da qual Márcio tomou conhe-
cimento da vida e obra de grandes mestres da pintura universal. Márcio aproximou-se
da arte por meio do desenho, passando em seguida para a pintura. Durante o curso
primário, ele venceu um concurso de desenho na escola.
Márcio contou também com o apoio da mãe, Marita, que decorou toda a casa da família
com seus quadros, e de sua tia paterna, Adelina Pannunzio, solteira, que o tomou
como filho e foi sempre uma grande incentivadora dos seus sonhos. Adelina costumava
presenteá-lo com tintas e pincéis de qualidade, alguns adquiridos no exterior. Em troca,
Márcio obsequiava-a com suas obras artísticas.
Na infância, que foi vivida em Sorocaba, ele não teve professores específicos de desenho
ou pintura. Foi aprendendo sozinho, errando aqui e acertando ali, refletindo sobre o que
fazia, corrigindo e fazendo de novo.
Na adolescência, durante dois anos, ele viajava duas vezes por semana para São Paulo,
a fim de frequentar aulas na Escola Panamericana de Arte, inicialmente na unidade da
Avenida Angélica e, em seguida, na da Rua Conselheiro Brotero. No entanto, essa atividade
que, por um lado, era vista como uma aventura, acabou se tornando um aborrecimento
para ele com o passar do tempo. Ele confessa que não aprendeu muito mais lá do que
com a prática e os exercícios do dia a dia. Uma boa lembrança dessa experiência, no
entanto, é a de um professor que classificou sua obra como expressionista e o incentivou
a continuar nessa direção.
Além de ter facilidade para desenhar e pintar, Márcio sempre foi muito curioso. Afirma: “Eu
desmontava e remontava, além de construir meus próprios brinquedos. Com o passar do
tempo, foi crescendo esse gosto de entender o funcionamento das coisas e eu me tornei
uma espécie de faz-tudo. Com efeito, sei lidar com eletricidade, hidráulica, marcenaria
e pintura; tenho algum conhecimento de mecânica automotiva, consigo montar e
desmontar computador, essas operações do dia a dia a que boa parte das pessoas acaba,
por desconhecimento ou preguiça, recorrendo ao trabalho de especialistas. No final da
adolescência, trabalhei com obra de construção civil e aí aprendi como se constrói direito
e com segurança, e peguei gosto nisso. Eu não me formei arquiteto, mas as casas que eu
e a Tana construímos em nossa chácara, na ilha, foram feitas graças à minha experiência
de construtor durante dois anos em Sorocaba”.
Embora tivesse aptidão para se tornar artista, ele nunca tinha pensado seriamente em
seguir essa carreira. Márcio alimentava o desejo de se formar em um curso superior,
10
preferencialmente em Filosofia ou Ciências Sociais. Já a família, mais pragmática,
acreditava que melhor lhe conviria a profissão de arquiteto, justamente pelo fato de ter
facilidade em desenhar.
Atendendo aos desejos familiares, principalmente aos de seu pai que muito admira e
respeita e que havia falecido em 1976, Márcio mudou-se em 1978, aos 19 anos de idade,
para São Paulo, com o objetivo de ingressar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo (FAU/USP), considerada a melhor do Brasil.
No ano anterior, em São Paulo, Márcio Pannunzio reencontrou sua namorada de Sorocaba,
Tana Adélia Lopes, que veio para a Capital estudar Artes Plásticas na Fundação Armando
Álvares Penteado (FAAP), onde tinha aulas de gravura com Evandro Carlos Jardim. Tana,
nascida em Pedregulho, depois de residir em Ribeirão Preto, mudou-se com a família para
Sorocaba, onde conheceu Márcio no curso ginasial do Estadão, tornando-se namorados
no final do curso colegial. Segundo Tana, “Márcio era um aluno muito inteligente, porém
muito tímido. Era tido como esquisito porque era antissocial, tinha poucos amigos, não
se esforçava para ser popular. Sua inteligência e timidez me atraíram”.
Tana o presenteou então com um kit de linoleogravura adquirido na Topal, uma empresa
especializada em materiais artísticos que fez história em São Paulo. Segundo o artista:
“O kit era um pedaço de linóleo, que não era o linóleo verdadeiro, mas uma borracha
dessas de sapateiro, algumas goivas chinesas, um rolinho de borracha para entintar e
tinta tipográfica. Vinha tudo dentro de uma caixinha e acho, não me lembro bem, que
devia ter um manual mostrando como fazer”.
O presente foi responsável pela entrada do artista no terreno do gráfico gravado. “Passei a
gravar sem parar, incansavelmente. Comprava no Largo de Pinheiros, nas casas de artigos
para sapateiros, placas para gravar. Adquiria as goivas na Topal e elas eram as melhores que
11
eu conhecia. Eu gravava sem desenho prévio. O desenho surgia durante o ato de gravar.
A resistência da matéria talvez tenha sido o fator que me encantou. Essa resistência, para
ser vencida, demandava uma concentração muito grande no ato de gravar. Esse ato não
era uma ação fácil; demandava esforço; era doído; criava calo na mão. A concentração
exigida era tamanha que originava um estado mental de paralisação do mundo. Era como
se a existência, pelo tempo de gravar, ficasse suspensa. Era uma vivência próxima a um
estado de iluminação, quando a mente se aliena do mundo e vivencia o vazio. Um quase
nirvana que era algo que me encantou e persegui sentir durante um período da minha
adolescência regada a filosofia oriental, com a leitura infatigável dos escritos de Lobsang
Rampa”. A xilogravura passa a ser o seu leitmotiv na arte.
Márcio acredita que a sua maior contribuição para os seus colegas do quarteto da FAU “foi
a de lhes mostrar a beleza e a potência da gravura em relevo”. Segundo ele, “Cláudio,
Celso e Maringelli imediatamente sentiram o mesmo fascínio que eu senti e se puseram a
gravar. Maringelli continua atualmente um profícuo gravador, sendo também um desenhista
virtuoso e um pintor talentoso. Ele conserva esses dois fazeres paralelamente ao de
gravador, os robustecendo apesar de os manter à sombra, expondo preferencialmente,
suas gravuras. Cláudio prometia muito como artista. Tenho algumas xilos dele e são
magníficas. Porém, ele investiu na carreira de arquiteto, especializando-se em iluminação.
Não tenho mais contato com ele. A última vez que nos encontramos - e esse foi um belo
reencontro - foi na exposição que fiz com o Maringelli e o gravador porto-riquenho Martin
Garcia Riviera na primeira sede do ateliê Piratininga. Celso Shinzato sumiu. Largou a FAU e
voltou para Araraquara, sua cidade de origem. Lembro que era um japonês muito cordato
que se tornou cada vez mais falante e suas últimas falas eram delirantes. Acho que a vida
no Conjunto Residencial da USP (Crusp) deve ter impactado seus valores conservadores
e dado um nó na sua cabeça e ela saiu dos trilhos. Infelizmente, nunca mais tive notícias
dele e lastimo que ele não tenha insistido na carreira; tinha potencial para se tornar um
grande artista. Maringelli segue sendo meu amigo e foi parceiro de várias exposições
conjuntas, entre elas: na Mário de Andrade, a Interiores: linoleogravuras; no Atelier
Piratininga, a Traço, Trama e Corte; na Graphias, a Sulcos d’Alma, todas em São Paulo
e a Pannunzio & Maringeli Gravuras, na Galeria de Arte da Casa do Brasil, em Madrid, na
Espanha. Ainda temos o sonho de fazer uma exposição conjunta na Mário de Andrade
comemorando quatro décadas da Interiores: linoleogravuras”.
12
Década de 1980: a opção pela arte
Pannunzio iniciou os anos 1980 como aluno do segundo ano da FAU/USP, época em
que começou a questionar sua verdadeira vocação. Ele percebeu que as ciências exatas
não eram exatamente sua praia. Embora a arquitetura e o urbanismo agregassem
uma dimensão artística que o agradava, nenhum dos dois atendia completamente aos
seus anseios pessoais. Por outro lado, a área de humanas, especialmente a Filosofia, a
Sociologia e a Psicologia, o seduziam significativamente. Em 1981, ele se tornou aluno
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
(FFLCH/USP), frequentando dois cursos universitários ao mesmo tempo. No entanto, a
carga horária dos dois cursos, as coincidências de horário, as múltiplas tarefas escolares
e as viagens o deixaram sobrecarregado, abrindo espaço para novas dúvidas sobre sua
verdadeira vocação.
Enquanto lidava com esse conflito de ideias, interesses e motivações, Pannunzio descobriu
nas artes plásticas uma atividade descompromissada e prazerosa, que encontrava
paralelo em seu próprio pensamento. Nesse ano, ele enviou trabalhos de sua autoria
para concorrer ao 4º Salão Nacional de Artes Plásticas, que seria realizado no Museu
de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). A notícia de que suas obras haviam sido
aprovadas pelo júri do salão foi recebida como uma lufada de ar fresco num abafado fim
de manhã, e uma luz brilhou no fundo do túnel.
Nesse mesmo ano, ele concorreu e foi aceito para participar do 10º Salão de Arte
13
Contemporânea de Santo André e do 15º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba.
Essas participações reforçaram sua vontade de seguir a carreira artística.
No entanto, apesar de não ter se adaptado aos cursos superiores anteriormente iniciados
e abandonados, o ambiente da universidade ainda exercia sobre ele um certo fascínio.
Assim, fez mais uma tentativa de graduação ao matricular-se na Escola de Comunicação
e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde voltou a ser colega de curso de
Maringelli. Sua permanência nessa escola, no entanto, foi efêmera, durando pouco mais
de um ano.
Pannunzio então tomou consciência de que a arte seria seu destino, na expressão do russo
Vassily Kandinsky. Ele a aceitou como uma missão, um propósito sagrado, acreditando,
como afirmava Erich Fromm, que ela seria capaz de iluminá-lo, transformando-o naquilo
que ele era potencialmente.
Márcio e Tana Adélia Lopes Pannunzio residem ainda no mesmo local, que conserva
praticamente as mesmas características naturais do período quando para lá mudaram.
Atualmente, o terreno abriga seis casas, quatro das quais alugadas. A maior delas,
erigida num platô sob árvores gigantescas, centenários pés de cedro, é ocupada por eles.
Dela se descortina uma magnífica vista do Parque Estadual de Ilhabela.
Ao lado do imóvel, o casal sem filhos estaciona um Gurgel Carajás antigo que pertenceu
ao artista plástico paulistano Ayao Okamoto, atualmente cheio de equipamentos extras
como pequenos ventiladores, uma verdadeira parafernália também presente na casa
grande, que funciona como moradia e ateliê. O Gurgel lhes foi dado por Ayao em permuta
por hospedagem que nunca foi reclamada.
14
O desenho, a gravura e a pintura
Márcio Pannunzio começou a desenhar e pintar desde a infância, mas foi no final dos anos
1970 que sua arte começou a se consolidar como expressão autônoma e independente.
Nessa época, ele criou desenhos expressionistas com canetas esferográficas e hidrocores,
nos quais figuras humanas se relacionam no espaço cenográfico de uma sala.
Em 1980, ele concorreu e foi selecionado para participar do 4º Salão Nacional de Artes
Plásticas, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. No ano seguinte, trabalhos de
sua autoria foram apresentados no 10º Salão de Arte Contemporânea de Santo André,
na Região Metropolitana de São Paulo, do qual participamos como jurado de seleção e
premiação. Esses são os marcos iniciais de uma carreira artística que, após quarenta
anos, apresenta como resultado 37 exposições individuais, 5 delas no exterior; participa-
ções em numerosas exposições coletivas e em 181 salões, 123 dos quais fora do Brasil,
e a conquista de 23 prêmios nacionais e 12 internacionais.
Este livro apresenta as obras que participam da exposição Márcio Pannunzio - Quatro
décadas, que celebra 40 anos de atividades do desenhista, gravador, pintor e fotógrafo
em questão, além de algumas obras selecionadas pela curadoria para destacar aspectos
relevantes de sua trajetória artística.
A pintura A queda, realizada com tinta acrílica sobre papel de pequeno formato, é a
obra mais antiga apresentada nesse livro. Ela é figurativa e referenciada em um suposto
desastre aéreo, dominada por uma figura humana aflita em movimento entre edifícios
de uma cidade. No fundo negro, que substitui o azul do céu, um avião vermelho cai
prenunciando uma tragédia. Nas janelas dos edifícios, pessoas testemunham o acidente.
Na base direita da obra, seis perfis sisudos parecem estar ali como juízes, para investigar
causas, avaliar consequências e determinar punições. Nessa pintura, já se notam
elementos embrionários da obra que Márcio Pannunzio desenvolverá no futuro. Trata-se
de uma pintura figurativa, factual, carregada de informações e formalmente dinâmica.
Com o tempo, esses ingredientes, mutatis mutandis, são diversificados, depurados e
15
concentrados em sua obra plástica. A segunda obra, também de 1982, apresenta as
cabeças deformadas de um casal, constituídas por áreas de fortes cores chapadas e
contrastantes. Não se trata certamente de simples retratos, mas sim de uma representação
que coloca em evidência o interior dos personagens, seus sentimentos, em uma atmosfera
impregnada de subjetividade. Trata-se, portanto, de uma obra expressionista, assim
como a terceira pintura aqui reproduzida, Expectação, e essa característica expressiva se
mantém em toda a trajetória de Pannunzio, embora de formas diferentes.
Na década de 1980, o artista começa a produzir séries temáticas. Uma seleção de obras
do período integra a exposição e são aqui reproduzidas com o objetivo de explicitar a
formação de sua linguagem artística.
16
envolvem o homem como indivíduo e membro da sociedade, tais como morte, violência,
ciclos da vida, injustiça, poder, soberba, avareza, inveja, luxúria, gula, vaidade, preguiça
e outros. Dos pecados capitais, apenas a ira não recebe destaque em sua obra plástica,
talvez porque seja ela mais característica do agressor do que da vítima, e porque Márcio
vê o mundo sob a perspectiva do oprimido. Sua estratégia para combater esses males
é a ironia, a bizarrice, o grotesco e o sarcasmo. Por isso, sua obra pode incomodar,
especialmente aqueles que se beneficiam desses artifícios ou comportamentos ou que
não têm consciência deles. No entanto, seu grande tema, ao lado da morte, é o amor,
que é tão bem retratado na Série Ars Amandi.
Série de Autorretratos
Acreditamos que essa xilogravura é uma excelente ponto de partida para a análise da
obra complexa e instigante de Pannunzio.
17
Em sua fala de abertura da mostra em questão, após as palavras do curador que destacou
que ele é um artista que coloca sua arte a serviço da transformação do mundo, Márcio
disse que “esse trabalho, ser artista, muda o meu mundo. Foi uma forma que encontrei
de metabolizar a realidade, de sofrer menos e trabalhar minha indignação”. Ele afirmou
que, por isso, segue sendo um artista e é quase certo que continuará assim até o fim de
sua existência.
O segundo autorretrato exposto é o desenho Retrato do artista quando jovem (pág. 33,
acima), analisado por João Vergílio Gallerani Cuter, da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da USP, no texto principal do catálogo da exposição que Pannunzio
realizou na Caixa Cultural de São Paulo em 2012, intitulado A intimidade aprisionada. Por
sua clarividência, transcrevemos a seguir o referido texto.
18
massificação que trata a obra de Márcio Pannunzio, ora enfatizando um dos polos, ora o
outro”.
Para Márcio, “O artista que se retrata mergulha em profundidade em sua essência e, ao
fazê-lo, transcende a si próprio e colabora para construir um retrato que é o do ser humano,
vívido na sua complexidade. O autorretrato transpira paixões ancestrais e transpira a
agonia de existir. O expectador que se depara com o autorretrato de um artista, ao se
entregar a enxergá-lo, acaba por enxergar a si próprio pois toda obra de autorretrato,
muito mais que retratar o artista, retrata a sua humanidade, da qual todos comungamos;
ela é a maneira primeva da construção da nossa identidade única”. E prossegue: “Visitei
o tema no percurso da minha carreira e continuarei a visitá-lo enquanto viver. Assim,
há retratos feitos em desenho, pintura, gravura de Pannunzio cabeludo, jovem e cheio
de energia ao lado de Pannunzios que gradativamente envelhecem, se entristecem e se
revoltam com a vida e com o mundo. Essa sucessão de imagens constrói uma narrativa
linear do desenvolvimento da minha existência. Esse desenvolvimento não significa
progresso, mas o envelhecimento que não traz, necessariamente, sabedoria. No meu
caso pessoal, a par da inevitável, incontrolável degradação do corpo que entrava, perde
sua força, perde a beleza papagaiada por essa publicidade onipresente que valoriza
apenas a juventude, o que meus retratos atuais exibem é a perplexidade de existir,
a inconformidade de vivermos sem conseguir verdadeiramente entender a razão de
existirmos ao mesmo tempo em que a proximidade cada vez mais palpável da morte
nos grita que em breve tudo dentro desse nosso riquíssimo universo de lembranças e
sensações falecerá junto conosco num apagamento perpétuo”.
19
conhecê-la), às vezes acrescida do cumprimento mencionado anteriormente: Good
morning, darling. Ele explica: “Ela pode ser interpretada ao pé da letra: prazer em conhecê-
lo, prazer em conhecê-la, que se dirige diretamente ao expectador que, diligente, para em
frente ao quadrinho e faz seu olhar penetrá-lo no desejo de decifrá-lo. Nesse nosso mundo
contaminado, adoecido pela propagação retumbante, estúpida, massacrante da imagem,
as pessoas não enxergam mais. Caminham pelas ruas, caminham pelo mundo feito
zumbis de si mesmas passando pela vida sem vivê-la. Então se uma delas, gentilmente,
para e olha minha obra tão pequena, eu quero mais é felicitá-la, parabenizá-la por a ver;
quero cumprimentá-la e expressar meu prazer dentro da gravurinha de, por um breve
instante, a ter a encontrado e conhecido”.
Série Política
A Série Política inclui ainda trabalhos de enfoque mais genérico, intitulados A política é
a arte do possível, por meio dos quais o artista faz uma severa crítica aos políticos em
geral. Ele apresenta-os muito distantes do verdadeiro papel que deveriam desempenhar
em favor do bem comum, mas como seguidores do preceito de Maquiavel de que “Mais
20
importante do que ser é parecer ser”. Trata-se de versões nuas e cruas da percepção
que o artista tem da maioria deles. A exposição inclui duas gravuras dessa subsérie:
uma xilografia de topo e uma calcografia em cobre, buril e ponta seca, ambas muito
características da linguagem plástica desenvolvida pelo artista. Também se enquadram
aqui O triunfo da ignomínia, vários desenhos digitais reunidos em torno de uma figura
central e obras que apresentam, isoladamente, imagens desse conjunto pertencente à
subsérie Disparate.
A mostra exibe ainda a calcografia Desastres da Guerra, de 2021, que, mais uma vez,
remete a Goya, criador de uma série de 82 gravuras sobre o tema, referenciadas na
Guerra da Independência Espanhola (1808-1814), na qual o protagonismo fica com as
vítimas.
No poema, lê-se que “a morte não poupa pequenos nem grandes” e “não há ninguém
a quem ela não conquiste”. Nas ilustrações xilográficas, esqueletos dançam com reis,
nobres, clérigos, cavaleiros e camponeses. É impressionante notar como o mundo se
transforma, mas o homem permanece o mesmo em seus aspectos fundamentais. O texto
continua: “Você deve morrer como os outros. Você não pode fazer nada a respeito”. E, na
voz do médico: “Já não sei o que fazer: nenhuma erva ou raiz é boa”.
21
internos de cemitérios, igrejas, claustros e, mais recentemente, na mídia.
A atualidade do tema permanece, especialmente no Brasil, onde a pandemia do Covid-19
ceifou cerca de 700 mil vidas em parte devido a comportamentos erráticos de lideranças
políticas, de seus apoiadores e à ignorância de alguns.
A dança macabra, na forma e no conteúdo, tem a ver com quatro xilogravuras de Márcio
Pannunzio que participam da exposição. Elas foram produzidas no início da década de
1990 e estão reproduzidas às páginas 42 e 43. Com elas, o artista conquistou o 3º prêmio
em um dos mais importantes salões de xilogravura do mundo, o Xylon 12 - International
Triennial Exhibition of Artistic Relief Painting, realizado em 1994 no Gewerbemuseum
de Winterthur, na Suíça, com itinerância no mesmo ano em St. Louis (Alsácia), França;
Erfurt, Alemanha e Gênova, Itália; e, nos dois anos seguintes, novamente na Suíça
(Bulle, Museu Gruérien), na Bélgica, Canadá, Suécia e República Checa.
Nas obras de Pannunzio, os indivíduos morrem solitários, o que nos faz lembrar, novamente,
Unamuno quando ele afirma, em seu livro O sentimento trágico da vida, que “Nós homens
vivemos juntos, porém cada um morre sozinho e a morte é a suprema solidão”.
A série Tristes Trópicos, cujo nome foi inspirado em um dos mais importantes livros
de não ficção editados no mundo no século XX, de autoria de Claude-Lévi Strauss, foi
realizada utilizando a técnica da xilografia.
22
prático a Jardim, ouviu dele o conselho de trabalhar com a técnica da xilografia de topo.
A partir de 1986, com a criação do Horto Florestal na Zona Norte da cidade de São
Paulo, Márcio passou a visitá-lo com frequência e acabou se tornando amigo do chefe
da marcenaria, que lhe presenteou com dezenas de amostras de madeiras brasileiras.
No Horto, ele comprou muitos discos de guatambu, uma madeira de textura fina,
resistente, dura, mas de talhe macio que, depois de lixados e eventualmente recortados,
transformaram-se em matrizes de suas gravuras de topo. Márcio comprou tantos discos
que ainda tem atualmente um estoque considerável deles. Além dos discos, ele adquiriu
ainda mudas de guatambu e as plantou na chácara onde reside e trabalha, em Ilhabela.
A xilogravura é uma técnica de gravura artística que utiliza matrizes de madeira. Existem
dois tipos de xilogravura: a de topo e a de fio. Na xilogravura de topo, a madeira é cortada
transversalmente ao tronco, enquanto na de fio, o corte é feito longitudinalmente, o que
resulta em xilogravuras com formas mais arredondadas e fibras de madeira visíveis,
respectivamente. Embora Márcio tenha trabalhado com ambos os tipos, sua preferência
sempre foi pela xilografia de topo.
Foi na década de 1990 que o artista produziu algumas de suas xilogravuras mais
emblemáticas em seu ateliê na ilha, conhecidas como a Série Tristes Trópicos, que lhe
rendeu vários prêmios no Brasil e no exterior. Muitas dessas obras foram criadas durante
o mandato presidencial de Fernando Collor de Mello (1990-1992) e, de certa forma,
representam uma resposta às práticas corruptas do político, que foi eleito prometendo
acabar com a corrupção no Brasil, mas acabou envolvido em escândalo de corrupção
que resultou no seu impeachment. Embora a série seja motivada por questões nacionais,
ela aborda temas de interesse global, como a soberba, a avareza, a inveja, a luxúria,
a gula, a preguiça, bem como variantes modernas e contemporâneas desses pecados,
como a corrupção e o consumismo. Na série, Márcio faz uma crítica feroz, mas com certo
humor, ao comportamento de certas pessoas em circunstâncias grotescas que, às vezes,
chegam às raias do delírio e da alucinação. É o caso, por exemplo, de trabalos intitulados
... a ânsia de amar a ânsia ... ou A fome da fome, que apresentam uma intensidade forte
e incorporam elementos metalinguísticos.
Muitas das xilogravuras dessa série são obras maduras de criação artística, em que
forma e conteúdo estão em perfeito equilíbrio.
Márcio continuou criando xilos nos anos 2000, mas reduziu sua produção na década
seguinte. Explica: “Se hoje gravo menos é por respeito à minha saúde. Meu pescoço e
minhas articulações estalam e doem por causa do tempo em que as machuquei fazendo
gravura. Já não tenho o mesmo vigor e como pretendo continuar sendo artista, preciso
respeitar minhas limitações físicas e pegar um pouco mais leve”.
23
Série Ars Amandi
Ars amandi, Ars amatoria ou A arte de amar, remete imediatamente à obra clássica do
poeta romano Ovídio, escrito no liminar da era cristã, que trata da conquista amorosa tanto
por homens quanto mulheres. Esse livro inspirou, doze séculos mais tarde, a publicação
surpreendente de um outro – De amore – escrito por um clérigo conhecido como André,
o Capelão, no qual é defendida a tese de que o erotismo tem suas raízes na imaginação.
Esta teoria foi amplamente defendida por outros intelectuais, como Dante, Stendhal, La
Rochefoucauld além de pensadores mais contemporâneos, como o mexicano Octávio Paz
que afirmou ser a imaginação o agente que move tanto o ato erótico quanto o poético.
Roland Barthes em Fragmentos de um discurso amoroso (1977), aprofunda a abordagem
do tema ao escrever que “a linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra
o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas
palavras. Minha linguagem treme de desejo. A comoção vem de um duplo contato: de
um lado, toda uma atividade de discurso vem realçar discretamente, indiretamente, um
significado único, que é eu te desejo, e libera-o, alimenta-o, ramifica-o, fá-lo explodir (a
linguagem goza ao tocar a si mesma); de um lado, envolvo o outro em minhas palavras,
acaricio-o, roço-o, cultivo este roçar, nada poupo para fazer durar o comentário ao qual
submeto a relação”.
A série Ars Amandi, produzida por Márcio Pannunzio em desenhos, gravuras e pinturas
tem como elemento referencial um casal que remete a Adão e Eva no Paraíso, de acordo
com a iconografia clássica, mas também a ele próprio e sua mulher Tana. Com essas
obras, que incorporam inocência e humor, o artista pretende mostrar que a relação
amorosa entre seres humanos é extremamente subjetiva e pessoal e que Barthes está
certo quando afirma que os amantes podem dizer com segurança: “Só eu sinto o que eu
sinto, da forma como sinto”. E que o amor não está atrelado a um sistema estruturante,
pois “é fluxo contínuo que não se contém ou não se fecha em si mesmo”.
Para Márcio, “Ars Amandi é uma série antiga, da década de oitenta e seu dado interessante
é o de ser um contraponto a duas outras séries importantes: o triunfo da morte e tristes
trópicos. Essas duas tem uma carga negativa muito grande e são depressivas. O triunfo
na morte se inspirou nas xilos medievais da Ars Moriendi e Tristes trópicos registra a
realidade distópica duma república bananeira, a Bruzunganda de Lima Barreto. Um Brasil
que anda anda anda e não avança na superação da injustiça e da desigualdade.
Ars Amandi é leve, amorosa, com um desenho bizantino, chapado, construído na
intenção de simplificar a composição tornando-a facilmente inteligível. É um trabalho
de celebração do amor, do companheirismo a serviço de construir uma conjunção de
almas que transforme a experiência de viver numa história feliz. Os casais estão sempre
nus num local ao ar livre com poucos elementos constitutivos; em geral, uma árvore e
24
vegetação rasteira. É assim porque o foco é sempre o abraço que é um abraço terno,
carinhoso, amoroso. Esse encontro não tem erotismo. A sexualidade passa longe dessas
figuras singelas, sem qualquer consciência de que a sua nudez possa ser vista como
pecaminosa”. E finaliza: “Em alguns desses quadros, o homem toca o seio ou aperta
o mamilo da mulher. Essa atitude simboliza a maternidade rememorando uma pintura
famosa exposta no Louvre, o Retrato presumido de Gabrielle d’Estrées e sua irmã, a
Duquesa de Villars, de autor desconhecido, de 1594. Esses quadros, pois, além de
comemorarem a comunhão do casal, festejam a concepção de um novo ser, fruto da
sua união. O cenário, embora figurativamente pobre, remete a ideia dum Éden livre
do pecado, onde o amor e a felicidade tinham lugar. Dentro da minha obra carregada
de mágoa e revolta, esses trabalhos marcaram diferença pois acreditam e registram a
possibilidade duma vida bem-aventurada, fruto do respeito e do amor ao outro”.
25
Década de 1980
26
Mulher pelada 1, acrílica sobre papel, 68,5 x 49 cm, 1985
Mulher pelada 2, acrílica sobre papel, 69 x 49 cm, 1985
O casal, acrílica sobre cartão, 32,5 x 40,5 cm, 1982
27
Sede de amar 1, acrílica sobre papel, 38 x 29 cm, 1985
Sede de amar 2, acrílica sobre papel, 38,5 x 29 cm, 1985
Sede de amar 3, acrílica sobre papel, 94 x 69 cm, 1985
Intriga, acrílica sobre papel, 44 x 25 cm, 1985
28
A fonte da juventude, acrílica sobre tela, 45 x 27 cm, 1988
29
Sede de amar, desenho a lápis, 22 x 32 cm, 1987
O futuro a Deus pertence, calcogravura em cobre, buril e
ponta seca, p.e., 8,6 x 6,9 cm, 1988
30
O sonho, aquarela, 14 x 20 cm, 1989
Litígio, aquarela, 19,5 x 18,5 cm, 1989
31
Série Autorretratos
32
Retrato do artista quando jovem, desenho a nanquim, impressão digital, 25 x 40 cm,
déc. 1980
Retrato do artista quando jovem, linoleogravura, 42 x 63 cm, 2005
33
A idade da razão, xilogravura de topo, 19 x 17 cm, déc. 2000
34
A idade da razão, gravura em acrílico, buril e
ponta seca, 37,5 x 24,5 cm, déc. 2010
35
Série Política
36
A consagração da mediocridade, técnica mista sobre papel, 96,5 x 126,5 cm, 2019
O sonho da razão produz monstros, técnica mista sobre papel, 72 x 103,5 cm, 2019
37
A política é a arte do possível, calcogravura em cobre, buril e ponta seca, 18 x 32 cm, déc. 2010
A política é a arte do possível, xilogravura de topo, 11,5 x 9,5 cm, déc. 1990
38
O triunfo da ignomínia, desenho digital, 40 x 63 cm, 2019
Disparate trágico, desenho digital 18 x 28 cm, 2019
39
Odio Insania, desenho digital, 30 x 46, 2023
Desastres da guerra, calcogravura em cobre, buril e ponta seca, 26 x 36 cm, 2021
40
Disparate trágico, calcogravura em cobre, buril e ponta seca, 23,5 x 33 cm, 2022
Disparate trágico, acrílica sobre papel, 34,6 x 44 cm, 2022
41
Série O triunfo da morte
O triunfo da morte,
xilogravura de topo,
9,9 x 13,3 cm,
déc. 1990
O triunfo da morte,
xilogravura de topo,
9,6 x 12,4 cm,
déc. 1990
42
O triunfo da morte,
xilogravura de topo,
10,1 x 13,3 cm,
déc. 1990
O triunfo da morte,
xilogravura de topo,
10,5 x 13,3 cm,
déc. 1990
43
44
O triunfo da morte, desenho a lápis, O triunfo da morte, desenho a
42 x 64 cm, 1991 nanquim, 29 x 19 cm, 1991
45
46
O triunfo da morte, desenho a lápis, O triunfo da morte, desenho a lápis,
44 x 62 cm, 2010 44 x 62 cm, 2010
47
Série Tristes trópicos
48
Tristes trópicos, xilogravura de topo, 11 x 9,4 cm, déc. 1990
49
Tristes trópicos, xilogravura de topo, 10 x 9,5 cm, déc. 1990
50
Tristes trópicos, xilogravura de topo, 8,2 x 9,3 cm, déc. 1990
51
Tristes trópicos, xilogravura de topo,
11 x 9,5 cm, déc. 1990
A fome da fome,
xilogravura de topo,
11,2 x 9,5 cm, déc. 1990
52
Tristes trópicos,
xilogravura de topo,
10,5 x 10,2 cm, déc. 1990
Tristes trópicos,
xilogravura de topo,
9,7 x 10,7 cm,
déc. 1990
53
Tristes trópicos, xilogravura de topo, 11,1 x 9,5 cm, déc. 1990
54
Tristes trópicos, xilogravura de topo, 8,1 x 9,3 cm, déc. 1990
55
... a ânsia de amar a ânsia..., xilogravura de topo, 10,7 x 9,4 cm, déc. 2000
... a ânsia de amar a ânsia..., xilogravura de topo, 10,9 x 9,5 cm, déc. 2000
... a ânsia de amar a ânsia..., xilogravura de topo, 10,8 x 9,6 cm, déc. 2000
Tristes trópicos, xilograura de topo, 11,2 x 9,5 cm, déc. 1990
56
Vocês todos realmente amam mesmo muito isso tudo, calcogravura em cobre, buril e
ponta seca, 20,5 x 15,5 cm, déc. 2010
57
Série Ars amandi
58
Ars amandi, acrílica sobre tela, 40 x 31 cm, 1988
59
Ars amandi, xilogravura de fio, 61 x 56 cm, 1989
60
Sede de amar, linoleogravura, 63,5 x 44 cm, 1997
61
Amor, sublime amor, desenho a nanquim, 42 x 29 cm, déc. 1980
62
Sede de amar, desenho a nanquim, 28 x 15,5 cm, 1991
63
Ars amandi, xilogravura de topo, 13,5 x 9,7 cm, déc. 1990
Ars amandi, xilogravura de topo, 13,4 x 9,7 cm, déc. 1990
Ars amandi, xilogravura de topo, 13,4 x 9,7 cm, déc. 1990
Ars amandi, xilogravura de topo, 13,4 x 9,7 cm, déc. 1990
64
Ars amandi, desenho a nanquim, medidas diversas, 1991
65
O beijo, desenho digital, 19 x 33 cm, déc. 2010,
66
Ars amandi, xilogravura de topo, 9,1 x 13,2 cm, déc. 2012,
67
Lovers, monotipia, 23,5 x 17 cm, 2010
68
Encontro na Porte de Ouro, linoleogravura, 47,5 x 63 cm, déc. 1990
69
Outros
70
Ensandecimento, guache,
23,5 x 35,5 cm, déc. 1980
71
Eva no Jardim de Édem, xilogravura de topo, 18,7 x 10,7 cm, déc. 2000
72
A equilibrista, xilogravura de topo, 9,8 x 8,1 cm, déc. 1980
73
Mulher pelada, acrílica sobre papel, 34 x 49 cm, déc. 1980
Mulheres peladas, acrílica sobre papel, 34 x 50 cm, déc. 1980
74
A fonte da juventude, desenho a nanquim, 9,8 x 19 cm, 1991
75
A rua, aquarela, 22,5 x 32 cm, déc. 1980
A rua, aquarela, 22,5 x 32 cm, déc. 1980
76
O medo, aquarela, 30 x 24 cm, déc. 1980
Página seguinte: A rua, aquarela, 21,1 x 32,7 cm, déc. 1990
77
78
79
80
Eu e o Pannunzio
Francisco Maringelli
Com ferramentas emprestadas pelo Márcio, comecei a gravar em linóleo. Íamos juntos à
Rua do Gasômetro comprar mantas de neolite ou de micro duro e nos abastecíamos de
papel japonês na Loja Aerobrás. Paralelamente à linoleogravura, começamos a trabalhar
com xilografia, experimentando vários tipos de madeira, fazendo estampas em preto
e branco e a cores. A partir de 1980, passamos a trocar experiências com os colegas
Cláudio Arasaki e com o Celso Shinzato, que já tinha uma formação acadêmica. Tanto o
Pannunzio como o Shinzato, todavia, abandonaram o curso de arquitetura. Eu o Cláudio
fomos até o fim.
O trabalho concreto deste quarteto resultou num jornal no formato tabloide, não me
lembro se era um original do Shopping News, que reproduzíamos em xerox, mantendo
os textos originais e substituindo as ilustrações por gravuras nossas. Era nossa intenção
parodiar os textos com outras imagens, em flagrante contraste com seus conteúdos.
A partir de 1980, passamos a enviar nossas obras para vários salões de arte que, na épo-
ca, representavam praticamente o único meio de um artista jovem aparecer, de ser lan-
çado. Entre eles, foi importante para nós o Salão de Arte Contemporânea de Santo André.
81
Em 1983, oferecemos um projeto à Biblioteca Mário de Andrade que nos acolheu e fi-
zemos então a exposição Interiores: linoleogravuras, uma mostra conjunta no saguão
da mesma biblioteca com estampas montadas em painéis de acrílico com apresentação
de linoleogravuras (matrizes de micro duro) de aproximadamente 60 x 40 cm, cuja en-
tintagem, com pequenos rolos de 5 cm de largura, demandava um tempo superior ao
dispendido na impressão das mesmas com colher de madeira em papel japonês. Ficamos
felizes de expor num espaço público.
Depois, demos um outro passo no sentido de expormos juntos e isto ocorreu no Paço das
Artes à época repartindo o espaço expositivo com o Museu da Imagem e do Som (MIS)
e nesta exposição - Incisões - gravuras em relevo - contamos também com o grande
amigo Tarcísio Sapienza, grande desenhista e gravador. No Paço das Artes, expusemos
xilogravuras, linoleogravuras, sem muita ênfase no emprego das cores e, como fazíamos
em todas as exposições, seguindo uma estratégia dos artistas alemães do grupo “A Pon-
te”, desenhamos o convite e o cartaz da mostra, impressos numa gráfica lambe lambe da
Vila Madalena e em seguida colados em pontos de ônibus e outros locais.
Nunca mais fizemos um projeto de exposição em conjunto. O Márcio não pôde participar
do projeto Gravura na Ponta da Faca, ocorrido na Biblioteca Mário de Andrade, em 2016,
quando lá expus juntamente com Cláudio Caropreso. A biblioteca era então dirigida por
Luiz Armando Bagolin, que nos reuniu no Espaço Extensão Universitária de São Carlos na
última exposição que fizemos juntos.
Desde que conheci o Márcio, em 1978, estivemos muito próximos um do outro até 1989,
quando ele e a Tana se mudaram para Ilhabela. A partir de então, passamos a nos co-
municar por telefone e cartas, sempre acompanhadas de estampas originais, e a nos
encontrar pessoalmente em suas esporádicas vindas a São Paulo.
Penso que, a partir de 1989, o Pannunzio tenha se concentrado, embora não exclusiva-
mente, na xilo de topo. Cheguei a testar essa técnica de gravura na FAU, com Renina
Katz, mas senti que ela não era a mais adequada para a minha expressão. Porém, o Már-
cio, nos pequenos formatos do topo, descortinou uma rica e expressiva fatura gráfica.
Creio que caminhei no sentido oposto em relação a ele, pois tentei e investi nas escalas
maiores que me levaram a fazer alguns murais lambe-lambe. As primeiras xilos em gran-
de escala, realizei em 1994, quando fui contemplado com a Bolsa Vitae para realizar o
projeto Grandes Formatos na Gravura em Relevo - Xilogravuras e linoleogravuras.
Penso também que temos mantido um interesse constante pela pintura, que não foi
plenamente realizada ainda pois, teria que se equiparar à intensidade obtida através da
gravura em relevo.
82
A fotografia
Márcio Pannunzio foi atraído pela fotografia desde a infância e seu interesse pelas ima-
gens fotográficas cresceu com o tempo. Durante sua trajetória artística, que já dura mais
de quatro décadas, dedicou-se com afinco ao gráfico gravado, sobretudo à xilografia de
topo. Nesse período trabalhou, em paralelo, com o desenho e a pintura, modalidades
artísticas que nunca abandonou, e também com a fotografia, esta, no início, de maneira
eventual e agora de forma intensa.
1. Por que você se tornou um fotógrafo? Quando isto aconteceu? Por que aconteceu?
Desde criança me encantava com a fotografia. Tive aquelas máquinas populares da Ko-
dak, da década de 70, final da década de 60, as instamatic, que usavam filme de cartu-
cho. Mas fotografava pouco, apenas em ocasiões festivas e viagens.
Herdei a Rolleiflex do meu pai e fiz muitas fotos com ela. Porém, quando nos mudamos
para ilha, ficou complicado trabalhar com filme 120; as casas de fotografia de São Se-
bastião só trabalhavam com filme 135.
Para contornar esse problema, comprei numa ida a São Paulo uma Zenit 122 à presta-
ção, no crediário, nas Casas Bahia. Em 2002, quando ganhei a Bolsa Vitae, numa nova
ida à capital, comprei usada uma Asahi Pentax Spotmatic F com a lente Super-Takumar
50 mm foco 1:1.4 original e mais uma lente Takumar 150 mm foco 1:4. Com essa câ-
mera fiz muita foto. O ruim era que eram reveladas em máquina com ajuste malfeito
que fazia as fotos saírem ou esverdeadas ou azuladas. Para contornar essa situação que
transformava o ato de fotografar numa decepção, passei a fotografar usando filme cromo
e aí foi uma revolução; as fotos ganharam vida, ganharam cor. Comprei muito cromo
vencido ou próximo ao vencimento por ser em conta e passei a fotografar mais. Nessa
época, a fotografia digital começava a se firmar, mas por causa do seu alto custo, con-
tinuaria distante para mim. A revelação era barateada porque eu não imprimia as fotos,
optando por gravá-las em cd.
Por conta das individuais que demandavam registro fotográfico, individuais do ProAC e
da Caixa, enfim entrei, timidamente, na era digital da fotografia.
83
Comecei devagar, com câmeras de recursos limitados. A primeira foi uma Canon Power-
shot 550, depois uma Kodak Pixpro Az252, encerrando a fase de câmeras bridge com
uma Panasonic FZ 100. Em 2012, por ocasião duma individual na Caixa Sé, comprei mi-
nha primeira câmera parruda e tida por profissional, uma Kodak DCS Pro SLR/n. Comprei
usada e com defeito no sensor, só percebido depois. A história dessa aquisição rendeu
novela. Precisei enviá-la para consertar nos estates porque por aqui, ninguém conserta.
Era uma máquina antiga, fora do mercado, considerado pelo povo do centro de São Pau-
lo especializado no comércio de fotografia, obsoleta. Ela foi, voltou, pifou novamente e
novamente foi pros estates pra consertar na garantia. Retornou finalmente em ordem e
com ela comecei a fotografar com maior ímpeto.
Depois de atender essa demanda de fotografar minhas exposições, não só para respei-
tar exigência dos patrocinadores, mas também para me abastecer dum material que
permitisse melhor mostrar meu trabalho na apresentação de novos projetos, a minha
fotografia encontrou seu melhor espaço. Caiu na rua e então, tornei-me um fotógrafo de
rua, fotografando pessoas.
Existem artistas plásticos que usam fotografia no seu trabalho. Infelizmente, a maior
parte deles a usa de maneira abrutalhada, tosca, sem se dar conta das particularidades
da linguagem fotográfica.
Eu me considero não um artista plástico que fotografa, mas um fotógrafo que é também
artista plástico.
Li muito sobre “olhar fotográfico” e a princípio, achava essa expressão, esse termo, uma
excentricidade. Quando, porém, mergulhei na fotografia, realmente percebi que esse
olhar existe e é ele que abastece, fortalece a paixão de fotografar. Porque fotografar é
um ato de paixão; paixão pelo mundo, paixão pelas pessoas. A gente redescobre o mun-
do quando começa a fotografá-lo. Aprende o valor da composição, da iluminação, da cor.
Aprende a combiná-los de forma a criar o conjunto mais harmonioso, mais expressivo.
2. Quantas máquinas fotográficas você tem? Uma delas tem sua preferência? O que o
leva a sair com uma ou com outra?
84
dava valor para elas porque todo mundo queria lente eletrônica, que facilitasse a foca-
gem. Então, elas eram baratas.
Os corpos de câmera que tenho também foram comprados todos usados, exceção feita à
Canon Powershot 550 e à Kodak Pixpro Az252 que foram compradas novas. Todos esses
corpos eram antigos, deixados no limbo por esses fotógrafos que vivem num obsessiva
corrida por exibirem o equipamento da hora, o equipamento do último anúncio.
Eu não chego a ter uma preferência por um equipamento específico, mas tenho essa
preferência quando se trata de um tema específico.
Na fotografia de rua aprendi a ser discreto e não dá para sair apontando câmera parruda
pra cara das pessoas. Então eu uso câmeras cropadas, sensor APS-C, menor que o full
frame que corresponde ao tamanho de um negativo de filme 135. Uso as Sonys e Sam-
sungs, velhas, consideradas por alguns até como amadoras. Uso sempre lentes de gran-
de abertura e para acoplá-las aos corpos, uso adaptadores. O foco é sempre feito à moda
antiga, na mão firme e olho atilado. Coisa que a maioria dos fotógrafos modernos não
faz, não sabe fazer. As lentes são aquelas compradas depois dum trabalho de paciente
garimpagem e são as mais apropriadas para fotografarem pessoas na rua.
Além dessas lentes, eu trabalho com lentes de projetor que adapto para fotografar con-
seguindo resultados que me agradam e esses resultados, no julgamento de fotógrafos
caretas, são é defeitos de distorção de lente, aberração cromática, flares que fazem toda
a diferença, contribuindo para criar a foto que eu gosto.
Quando fotografo eventos, como shows, o equipamento já muda porque preciso de len-
tes teleobjetivas, 120 mm, 150 mm, 180 mm e corpos de câmera mais parrudos como
os da Nikon e Kodak. O mesmo acontece em fotografia de esportes e nessas vezes, uso
também objetivas mais longas, de 300 mm e 500 mm.
Para a fotografia de rua, levo uma mochila bem pequena, discreta, em geral com dois
corpos de câmera diferentes, cropadas e umas quatro objetivas: uma 50 mm de pro-
jetor, outra 90 mm também de projetor, uma de 25 mm e uma de 10 mm. Essas duas
últimas são lentes chinesas, compradas baratinho no AliExpress. Fotógrafo fresco torce
o olho, mas elas entregam um resultado que me agrada.
85
Gosto bastante das Kodaks que tenho, uma DCS Pro SLR/n e outra DCS Pro 14n e que
são sobreviventes, com quase duas décadas de vida. Tem muitas limitações, precisam
de muita luz, são lerdas, e as fotos que fazem tem ruído forte e aberração cromática.
Mas é justamente por entregarem um resultado fora do convencional, amaldiçoado por
fotógrafos conservadores, que eu gosto delas. A Nikon é mais rápida, higiênica, mas tem
um recurso fantástico que as kodaks e as outras câmeras que tenho não têm: dupla ou
tripla exposição que gera imagens especiais.
Ressalto que esse equipamento todo é muito antigo e consegui comprar por ser barato
quando comprei. As Kodaks são de 2004, 2005; a Nikon de 2008; as sonys, samsungs,
de 2015. As lentes então, chego a ter lente de câmera de lambe lambe, de quase cem
anos. As clássicas são das décadas de 50, 60, 70. Lentes de projetor compro na Rússia,
Ucrânia. Quando as comprei também valiam bem pouco. Hoje, tem gente que percebeu
seu potencial e elas passaram a ser mais cobiçadas.
Penso que o bom fotógrafo deveria estar apto a fotografar tudo e assim, eu busquei sem-
pre estar em condições de fotografar gente, comida, arquitetura, show, esporte...
Acho importante conseguir desenvolver a capacidade de registrar situações diferentes
porque as necessidades que a técnica impõe fazem a gente crescer, conhecendo mais,
se capacitando melhor e, inclusive, usando, criativamente, estratégias comuns para um
tipo de fotografia, noutro.
Gosto de fotografar comida porque é preciso muita sensibilidade em relação à luz, à com-
posição. Na pintura seria uma ação análoga a de pintar natureza morta.
Gosto de fotografar shows e fotografei muitos quando eles aconteciam com regularidade
aqui na ilha e eram abertos ao público. A fotografia precisava reproduzir a eletricidade
daqueles momentos. Hoje, já não teria a paciência que tive de ficar disputando lugar,
com muito barulho, calor, confusão.
Fotografei muito esporte na ilha também e me agrada perceber que essas fotos podiam
ter a virtude de transmitirem o esforço dos atletas, sua garra, sua sanha de competir.
Mas assim como o caso dos shows, acho que minha paciência não é mais tanta.
Nas manifestações contra o bolsonarismo estive sempre presente e na ilha fui único fo-
tógrafo melhor equipado a registrá-las. Fazia isso como um dever; fazia isso com grande
prazer, alimentando a fé de que dias melhores viriam, como de fato, acredito, virão e já
estão vindo depois da derrota do pior presidente da história da república.
Eu acredito na máxima que bom fotógrafo tem de fotografar o tempo inteiro e por isso
eu ando sempre com câmera na mão.
86
possibilidade de, como Alice, atravessar um espelho e descobrir outro tipo de mundo com
o auxílio da câmera”. Palavras do fotógrafo britânico Tony Ray-Jones que imortalizou o
ócio inglês no livro “A Day Off - An English Journal” e influenciou uma legião de novos
fotógrafos, como Martin Parr a buscarem o outro lado do espelho.
Vai constatar que meu forte é a foto de rua, aquela que flagra as pessoas no cotidiano e
nos revela o mundo.
Essa modalidade de foto, a de rua, eu pretendo exercitar sempre.
Embora haja na ilha quem advogue a favor dum turismo elitizado, as praias ou pelo
menos, a maior parte delas no arquipélago, são democráticas, acolhendo pacificamente
gente das mais diversas situações sociais, culturais, religiosas, políticas numa convivên-
cia sem conflito aparente.
Minha fotografia dessas pessoas na praia vibra numa extensa amplitude, desde cenas
minimalistas até cenas gongóricas, cheias de pessoas numa confusão de corpos e postu-
ras. Essas fotos se esmeram em ir além do registro dum momento de lazer; elas objeti-
vam adentrar o lado de lá do espelho ao qual se refere o fotógrafo inglês, nos contando
o que não vemos porque está oculto atrás da superfície da cena.
Toda imagem precisa contar uma história, desnudar um pouco o mundo. Isso qualquer
boa foto tem o poder de fazer e acredito que nos mais diversos campos da fotografia.
A fotografia de rua, todavia, me parece mais contundente por nos falar do nosso mundo.
Como artista, sempre busquei uma postura de engajamento, de contestação e levei isso
também para a fotografia. Ainda que muitas das minhas fotos possam marcar pela bele-
za, pelo colorido, sempre busco na essência delas impregnar um estímulo à reflexão do
observador.
O Goulart falava que a arte existe porque a vida não basta. De certa maneira, acredito
que arte existe porque a experiência de viver ainda que nos extasie, excite, maravilhe,
nos aterroriza demais além de qualquer medida e precisamos, por uma questão até de
sanidade, conseguir melhor metabolizá-la. Assim, a arte não seria uma experiência para
transcender o mundo, mas uma experiência para auxiliar a nos ancorar nele, a compre-
endê-lo e a transformá-lo.
5. O que, na sua opinião, caracteriza a sua fotografia? Como você constrói suas imagens?
87
Minha fotografia se caracteriza pelo foco seletivo e forte cromatismo. Minha fotografia
tem uma feição pictórica. O mundo que busco criar na minha fotografia é um mundo ple-
no de cor e movimento e não é um mundo focado. Meu foco destaca áreas específicas da
composição para criar equilíbrio e, em algumas situações, desequilíbrio; o resto é visão
periférica, embaçada. O trabalho de burilar a captura feita pela câmera & lente acontece
no momento da edição da imagem.
Na época da fotografia analógica, por não saber revelar, delegava essa tarefa aos outros;
reveladores ou máquinas de revelação. O resultado quase sempre foi frustrante.
Com a fotografia digital tive oportunidade de trabalhar minhas fotos, ajustando sua luz,
sua cor, recortando-as de maneira a conseguir o resultado que mais me agradasse.
Assim, minha fotografia busca se diferenciar na captura da imagem, a partir da escolha
dum equipamento singular e no seu tratamento diferenciado final.
Abuso do foco seletivo; faço composições cortando pés e cabeças; muitas vezes desres-
peito linha de horizonte; não me prendo a cânones. E até por isso tive dificuldade em ter
meu trabalho aceito em bancos de imagem e no fotojornalismo.
Felizmente tive boa aceitação no iStock by Getty Images, banco de imagens onde carre-
guei mais de seis mil fotos e na agência de fotojornalismo Foto Arena, mais de dezesseis
mil fotos. Outra característica da minha fotografia é o fato de fotografar pessoas. Mes-
mo quando fotografo ruas vazias, ou casas, prédios sem gente, os cenários respiram a
presença das pessoas ausentes. Minha fotografia retrata conflito, retrata desigualdade
cultural, social, num esforço de desnudar o lado perverso, o lado sofrido da vida. A cida-
de que minhas fotos exibem é uma cidade de prédios velhos, embolorados, decadentes.
Cidade pixada; cidade mal-amada. Nas praias as pessoas se misturam num lazer que
persegue mais a embriaguez alcoólica do que o relaxamento contemplativo.
Fotos minhas são bastante coloridas e o foco seletivo, ao criar áreas de atração diferen-
tes, faz o olhar passear pela imagem; passeio esse igualmente orientado pela compo-
sição que demarca linhas de aproximação e fuga. Em geral, essa experiência é gostosa
porque, à primeira vista, a foto, por ser rebuscada, um tanto barroca, parece bonita.
Contudo, a mensagem que ela passa em plano de fundo pode ser desconcertante e mes-
mo, amargurada.
Existiu e ainda existe, à margem dos holofotes da mídia conservadora a soldo dos pode-
rosos, arte militante, a serviço de propagar uma mensagem subversiva, com pretensão
de revolucionar o mundo. Existe igualmente uma escola de fotografia que milita não no
esforço de embelezar, decorar ordinariamente lares e comércios, mas de, ao desnudar a
iniquidade que nos oprime e nos desumaniza, abraçar a esperança frágil e imprecisa, de
mitigar o sofrimento humano, despertando consciências adormecidas para a urgência de
realizar a inclusão dos desvalidos, dos marginalizados.
Fotografo com cor porque a profusão de cores na fotografia cria encantamento. A foto-
grafia em p&b tem, é claro, seu encanto, mas ele é melancólico, introspectivo. Às vezes
recorro ao recurso de transformar a foto em p&b quando desejo que ela respire alguma
solenidade, que ela se torne um pouco carrancuda. Vai bem em alguns retratos e em
cenas de rua que exigem um olhar mais focado, que não se perca pela algazarra da cor.
88
Porque a cor faz festa, faz bagunça e barulho e dependendo da imagem, muita festa. O
que não significa que essa festa seja sempre alegre; uma cena de rua que estampe mi-
séria humana pode vibrar de tanta cor, mas será sempre uma cena triste e quem a olhar,
se compadece, se entristece com aquilo que a foto mostra.
Há uma lenda entre fotógrafos e apreciadores da fotografia de que foto boa é em p&b.
Considero esse juízo, lenda e por isso o nomeio como lenda. Por causa dele, muito fo-
tógrafo transforma tudo o que fotografa em p&b e tem até fábrica de câmera que lança
modelo que só fotografa em p&b.
Mas o mundo em que vivemos é colorido. Suprimir a cor do mundo pode, por vezes, se
isso for bem-feito, dar bom resultado em fotografia. Porém, essa prática, levada ao pa-
roxismo, furta o mundo da sua grandiosidade, o apequena. Então, é preciso reverenciar
a cor, festejá-la, até porque nos a vemos o tempo inteiro.
Lembro duma frase do Goeldi, questionando a arte abstrata do seu tempo que, como
modismo implacável, jogava no ostracismo os artistas figurativos. Goeldi dizia que seus
sonhos eram figurativos. Nossos sonhos, além de figurativos, têm cor e espelham nossas
vidas despertos que têm, também, cor e muita.
Apesar da minha fotografia buscar simular o mundo como a gente o vive, isso não sig-
nifica que ela seja fiel a uma ideia de realidade. Não, a fotografia é criação; não registra
o mundo “como ele é”, nos entrega um reflexo pálido do mundo e esse reflexo é ilusão;
não é tangível, não é real até porque já passou, não existe mais, acabou.
Eu crio meu registro como um pintor pinta um quadro, escolhendo suas cores e suas
formas. A diferença é que encontro as formas vivas no mundo; é só preciso escolher,
separar, enquadrar um diminuto pedaço delas que vai contar uma história que morreu.
O mundo é completamente alucinado e caótico. Por isso a fotografia que captura um seu
momento insignificante por minúsculo, precisa compô-lo, organizá-lo para que o olhar
89
consiga o enxergar. Da mesma maneira que um desenhista alicerça seu desenho, um
fotógrafo inspirado precisa alicerçar a composição na sua fotografia e para fazer isso,
usa como instrumento a luz, o foco, a cor. As formas que flutuam em desordem care-
cem de serem colocadas numa ordem. O fotógrafo é um demiurgo de grãos de mundo,
grãos de vida passada. O poder extraordinário de ser um demiurgo, ainda que de força
tão pequena, tão ridícula, é talvez, a motivação maior para mergulharmos no exercício
de fotografar.
8. Quais as aberturas de lente que mais utiliza? Utiliza o instantâneo? Quando? Por quê?
Uso aberturas grandes, 1.4 ou 1.2. Isso em fotografia de rua cria desfoques, “boken”
muito fortes. Tive muita dificuldade em entrar na fotojornalismo porque, quando fiz
meus esforços iniciais, havia na área a normativa de que foto jornalística tinha que ter
foco em quase toda a cena; fotojornalista trabalhava com foco fechado. Tinha até uma
agência famosa que se chamava f11, uma seleção de abertura de diafragma bastante
apertado, que deixava passar pouca luz.
Como uso aberturas grandes, a luz invade o sensor da câmera feito enchente, nevasca,
furacão e essa explosão fica impregnada na foto. Hoje existe muito fotojornalista abu-
sando de foco seletivo e assim meu trabalho acabou ficando palatável e encontrei meu
lugar; consegui colocar minhas fotos no mundo. Se bem que esse mundo em que elas
orbitam é um mundo ilusório; meus sites e o banco de dados da agência de fotojornalis-
mo que comercializa fotos minhas podem sumir, desaparecer nalguma hora.
E como existe foto em demasia no mundo, minha fotografia está perdida e muito, muitís-
simo pouco dela, chega a ver vista e muito menos ainda, apreciada. Porque as pessoas,
por causa de tanta imersão na virtualidade, embotaram o olhar. Perderam a capacidade
de ver, no meio dessa confusão pantagruélica de cores e sons que esses aparatos de tela
que as cercam onipresentes lhes bombardeiam publicitariamente o tempo inteiro, aque-
las imagens que são relevantes, sérias, bem-feitas enfim, pelo trabalho que não busca o
efeito fácil, o estilo efêmero da moda.
Eu não tenho recursos pra fazer isso. Por isso preciso sair na rua e olhar ao redor.
O ato de fazer selfie ou fotografar compulsivamente com celular não pode, a priori, ser
90
elencado como prática fotográfica. É ação narcisista, demente. As pessoas ensandece-
ram em busca de ter reconhecimento, lugar de fala num mundo tão enorme e ininteligí-
vel. Iludem-se acreditando que brilham em redes sociais; iludem-se achando que nesses
espaços que sequer verdadeiramente existem, possam ser alguém já que no mundo real,
não se sentem personagem.
Quando fotografamos com alma, com seriedade, fazendo valer nosso olhar fotográfico,
conseguimos enxergar o que nos rodeia. Perceber a luz que envolve e colore as coisas;
perceber as relações que se estabelecem entre elas; perceber com fascínio, que em con-
junto elas organizam a realidade tão cambiante e nos contam uma história.
Há um artificio vulgarizado de cineasta e de fotógrafos de buscar enquadrar o mundo
criando os limites duma tela juntando as mãos que fazem L. Ele exemplifica a ideia de
que é preciso escolher quando se olha verdadeiramente ao redor o melhor dos quadros
e esse quadro é sempre um instantâneo. Se demorar, ele muda, vira outro e perde sua
beleza, sua singularidade.
O bom fotógrafo aprende a fazer isso com rapidez; a escolher entre infinitos quadros,
aquele que acha mais atraente. Aprender a escolher só se aprende exercitando e forta-
lecendo essa capacidade que a necessidade de fotografar bem demanda. Se não, se faz
aquilo que, obsessivamente fazem os alienados do mundo, foto horrorosa. De gente com
chifre, de gente borrada com luz de padaria ou luz de shopping, autorretrato com fundo
de azulejo de banheiro; tudo numa indigência de embrulhar estômago e dar dó. Dó de
perceber que essas pessoas estão passando pela vida sem viver e pelo mundo sem o ver.
Não obstante, pode-se afiançar que a imagem que ela produz emulou um instante fugidio
do real.
Desenho, pintura, gravura constroem mundos artificiais; não há como competirem com
a fidelidade da técnica fotográfica ao seu objeto de apreensão.
Existem muitos pontos de contato entre esses diferentes fazeres e no meu caso particu-
lar, me aproveito da vivência de artista plástico que pintou, gravou e desenhou durante
tantas décadas e continua a fazê-lo para aproveitá-la na fotografia.
Por isso minhas fotos têm composição inspirada em meus desenhos e gravuras; sua
perspectiva, seu enquadramento, são ambos tributários da experiência de artista plásti-
co.
O caráter pictórico da minha fotografia acontece a partir da minha pintura; ela é a sua
mestra.
E os mundos imaginários que edifico na gravura, desenho e pintura, têm também como
uma das mais expressivas fontes de inspiração, minha fotografia, pois que as bases de
91
seus mundos repousam nos alicerces do mundo que minha fotografia flagra.
Minha fotografia, irmã da minha pintura, causa efeito parecido porque a cor é demasiada
e é saturada. Além disso, ao trabalhar com foco seletivo, essa cor se aquarela e mais se
aproxima da minha pincelada.
A experiência de olhar uma pintura e uma fotografia minha é semelhante. Não há ne-
cessidade de grande concentração; o olhar pode passear à toa pelo primeiro plano para,
sem afobação, ir devagar penetrando nas outras camadas.
Já a fotografia e a pintura por solares, ainda que desnudem situações existenciais tristes,
injustas, não causam esse impacto melancólico de imediato; é preciso ir abaixo da sua
epiderme para então ouvir sua fala inconformada com clareza.
10. O que você recomendaria a um artista que está iniciando sua carreira?
Nunca ensinei arte. Minha experiência como professor ou mestre à maneira de Carelli*,
por exemplo, é zero.
Então, para responder essa sua pergunta, vou me valer do conselho que me deu um pro-
fessor que admiro. Foi no segundo ano do colegial; era um professor de filosofia, matéria
que eu gostava bastante na época. Na minha primeira sabatina tive um desempenho
que lhe agradou muito e, no cabeçalho da prova avaliada e devolvida, ele deixou-me um
recado escrito que nunca mais esqueci: antevejo para você um futuro brilhante; preca-
venha-se contra o orgulho e prossiga.
Futuro brilhante não tive porque, como artista, não brilhei e não brilho. Estou à margem
do mercado de arte e sou ignorado pela mídia da área. Não sei como será o tempo incer-
to que me resta. Como Machado disse pela boca de Brás Cubas, não tive filhos, “não vou
transmitir a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”. Mas vou deixar minha obra
de artista, a produção quase inteira de uma vida que acumulei, empilhei, engavetei ocu-
pando grande espaço e não mansão de novo rico para decorar parede combinando com
sofá. É quase certo que essa obra morra junto comigo e nesse destino vou me igualar a
incontáveis artistas do mundo inteiro que falecem a cada minuto.
Se por um lado o prognóstico do meu admirado professor não se realizou, é verdade que
eu tentei, sufocando minha vaidade, não ter, não ser, orgulhoso.
O conselho que posso passar aos jovens artistas será esse que recebi do meu querido
92
professor Aluísio Vieira que, coincidentemente, foi artista plástico, um renomado pintor
sacro:
Esse conselho não vale só para jovem artista, mas para qualquer pessoa. A egolatria que
hoje contamina o tecido adoecido da sociedade de massa e consumo em que nos afoga-
mos e abarrota a internet com bilhões de selfies é o maior inimigo de uma vida decente.
É preciso ser humilde; estar sempre disponível para ver e ouvir e aprender enquanto
estivermos vivos. É preciso ter em mente que de nada vale alimentar a soberba posto
que mesmo aqueles que brilham hoje, amanhã poderão não brilhar mais devorados pela
voragem da história.
*Nota do autor: Antonio Carelli (Mumbuca/Capivari, SP, 1926 - Caraguatatuba, SP, 2021) foi pintor, dese-
nhista, ceramista, mosaicista e professor. Estudou pintura com Takaoka. Em 1948, juntamente com Geral-
do de Barros e outros, criou o Grupo 15 (Jacaré). Em 1950, mudou-se para a França, radicando-se em Pa-
ris, onde permaneceu por 10 anos. Na capital francesa, frequentou o ateliê de pintura de André Lhote, em
Montparnasse e os cursos livres de desenho da Académie Julian e da Académie de la Grande Chaumière.
Em 1952, ingressou no Curso de Mosaico de Ravena, dirigido por Gino Severini, em Paris. No ano seguin-
te, estagiou em Ravena, na Itália. Participou da equipe chefiada por Lino Melano que realizou os murais
do Hospital Franco-Americano, em Saint-Lô, a partir de maquetes de Fernand Léger. Em 1956, integrou
a equipe que realizou o mural do Edifício do Gaz de France, em Alfortville, também a partir de maquete
de Fernand Léger. Em 1957, montou ateliê no bairro de Puteaux, no subúrbio de Paris. Conheceu o pintor
Simon Segal, da Escola de Paris, e recriou em mosaico várias de suas obras, as quais foram expostas, em
1959, no Museu Bourdelle, em Paris. Por esses trabalhos, Carelli foi considerado um dos renovadores da
arte do mosaico na França. De volta ao Brasil, dedicou-se à sua carreira de artista plástico e também à de
professor universitário. Em 1986, transferiu-se para Caraguatatuba, onde desenvolveu profícuo trabalho
nessas vertentes. A exposição Márcio Pannunzio - Quatro Décadas, realizada no Museu de Arte e Cultura
de Caraguatatuba, ocupou três espaços expositivos do museu, entre eles a Sala Antônio Carelli, a maior
de todas. Márcio Pannunzio fotografou a última exposição de Carelli em São Sebastião e noticiou seu fa-
lecimento em 2021 na sua coluna de opinião no Nova Imprensa: https://novaimprensa.com/2021/02/
foto-em-foco-carelli-morreu.html
93
Congada de Ilhabela na festa de São Benedito, fotografia, 2018
94
Um dia de prazer, fotografia, 2019
95
96
Página anterior:
Farofada, fotografia, 2020 e Deitado em berço esplêndido, fotografia, 2019
Esta página:,
Ensandecimento, fotografia, 2016 e O grito, fotografia, 2020
97
Abaixo:
Agônica, fotografia, 2022 e Estou com fome feliz, fotografia, 2019
À direita:
Fora Bozo, fotografia, 2021 e Inferno, fotografia, 2022
98
99
Dino Pannunzio, pai de Maria Antonia Andrade Márcio Pannuncio e Luizeta,
Márcio, aos 22 anos de idade. Pannunzio, mãe, aos 18 anos. em Casa Branca, SP, 1959.
Adelina Pannunzio com Márcio nos braços, Maria Witecosky Andrade, Maria Antonia Andrade
Pannunzio (Marita) e, em frente, Nora Maria Andrade Pannunzio Barbero Schimmelpfeng e
Luiz Fernando Andrade Pannunzio.
100
À direita, Dino Pannunzio, com Márcio nos braços, acompanhado
dos dois outros filhos mais velhos, Luiz e Nora. Ao centro, Márcio
e sua irmã caçula Renata Maria Pannunzio, no Guarujá e, à direita,
Márcio no dia da primeira comunhão.
Cronologia
1958 1981
Márcio Pannunzio nasce em Casa Branca, Paralelamente, é admitido na Faculdade
SP, filho de Dino Pannunzio e de Maria de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Antônia Andrade Pannunzio. Desde muito (FFLCH) da USP, interrompendo o curso
cedo, manifesta interesse pela arte, também em 1982. Volta então para
sobretudo pelo desenho, incentivado Sorocaba, onde permanece até 1985,
por Maria Witecosky Andrade, sua avó trabalhando com a sua família.
materna e Adelina Pannunzio, sua tia. Participa, pela primeira vez, de um salão
de arte: o 4º Salão Nacional de Artes
1962
Plásticas, no Museu de Arte Moderna do
Muda-se para Sorocaba, SP, cidade natal
Rio de Janeiro, RJ.
dos Pannunzios no Brasil.
1982
1965-1976
10º Salão de Arte Contemporânea de
Faz o curso primário na Escola Estadual
Antônio Padilha e o curso secundário Santo André, Paço Municipal, Santo
na Escola Estadual Dr. Júlio Prestes André, SP.
de Albuquerque, em Sorocaba, ambas 4ª Mostra Nova, Centro de Artes
públicas. Durante o curso primário, vence Shopping News, São Paulo, SP.
concurso de desenho na escola. 9º Salão de Arte Jovem, Centro Cultural
Brasil Estados Unidos, Santos, SP.
1978 15º Salão de Arte Contemporânea de
Com 19 anos de idade, muda-se para São Piracicaba, Casa das Artes Plásticas
Paulo, SP. Miguel Arcanjo Benício de Assumpção
Dutra, Piracicaba, SP.
1979 II Salão de Artes Visuais de Rio Claro,
Ingressa na Faculdade de Arquitetura Centro Cultural Roberto Palmari, Rio
e Urbanismo da Universidade da Claro, SP.
Universidade de São Paulo (FAU/USP) V Salão Jovem de Arte Contemporânea,
abandonando-a em 1982. Centro Cívico, Santo André, SP.
101
Márcio e Tana em Sorocaba, Márcio, Maringelli e Tana na Biblioteca
namorados, 1976. Mário de Andrade, em São Paulo, 1983.
102
À esquerda, autorretrato em frente ao espelho;
acima, Márcio gravando; à direita, cartaz Incisões
Lino-xilogravuras, criado por Francisco Maringelli.
XII Salão de Arte Jovem “Primeira Mão”, 7ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba,
Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, Museu da Gravura Cidade de Curitiba,
Santos, SP. Curitiba, PR.
38º Salão de Artes Plásticas de 39º Salão de Artes Plásticas de
Pernambuco, Galeria Metropolitana de Pernambuco, Galeria Metropolitana de
Arte Aloísio Magalhães, Recife, PE. Arte Aloísio Magalhães, Recife, PE.
2º Salão Nacional de Artes Plásticas de 43º Salão Paranaense, Museu de Arte
Goiânia, Shopping Flamboyant, Goiânia, Contemporânea do Paraná, Curitiba, PR.
GO. XIII Salão de Arte Jovem Primeira Mão,
18º Salão de Arte Contemporânea de Centro Cultural Brasil - Estados Unidos,
Piracicaba, Casa das Artes Plásticas, Santos, SP.
Piracicaba, SP, Prêmio Aquisição. 1ª Bienal Artoeste de Artes Plásticas em
2th Cabo Frio International Print Presidente Prudente, Palácio da Cultura,
Biennial, Sala de Exposição Cândido Presidente Prudente, SP.
Portinari - Universidade do Estado do Rio
de Janeiro - UERJ, Rio de Janeiro, RJ; 1987
Escola Superior de Desenho Industrial Incisões: gravuras em relevo, em
- ESDI, Rio de Janeiro, RJ; Museu de conjunto com Francisco José Maringelli e
Arte Contemporânea de Campinas, Tarcísio Tatit Sapienza no Paço das Arte,
Campinas, SP; IBILSE - Universidade São Paulo, SP.
Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 1ª Coletiva de Novos - Pintura - Gravura -
SP; Instituto de Artes do Planalto, Desenho - Fotos, Espaço Cultural Casper
São Bernardo do Campo, SP; Casa da Líbero, São Paulo, SP.
Gravura/Fundação Cultural de Curitiba, 15º Salão de Arte Contemporânea Santo
Curitiba, PR; Museu de Arte de Joinville, André, Salão de Exposições, Centro
Joinville, SC; Universidade Federal de Cívico, Santo André, SP.
Santa Maria, Santa Maria, RS; Museu da 1ª Bienal Internacional de Gravura,
Gravura Brasileira, Bagé, RS, Museu de Museu de Arte Contemporânea de
Arte de Alegrete, Alegrete, RS. Campinas José Pancetti, Campinas, SP.
XX Salão de Arte Contemporânea de
1986 Piracicaba, Hall do Teatro Municipal,
Gravuras, em conjunto com Gil D’Silva, Piracicaba, SP. Menção Honrosa.
Casa da Gravura, Fundação Cultural de Salão de Arte Contemporânea de
Curitiba, Curitiba, PR. Pernambuco - Edição 1987, Galeria
14º Salão de Arte Contemporânea de Metropolitana de Arte Aloísio Magalhães,
Santo André, Paço Municipal, Santo Recife, PE.
André, SP. 44º Salão Paranaense, Museu de Arte
103
8ª Bienal de San
Juan del Grabado
Latinoamericano y
del Caribe, 1988.
Em 1989, casa-se
com Tana e muda-
se para Ilhabela,
instalando-se no
morro do Espinho,
no bairro da
Cocaia. À direita, a
residência e ateliê
atual do artista.
104
Com a série Com sua
O triunfo da participação
morte, Márcio na IX Bienal
Pannunzio Iberoamericana
conquistou de Arte, no
o 3º Prêmio México, Márcio
Xilon numa consolida
das mostras presença em
de xilogravura certames da
mais América Latina,
importantes 1994.
do mundo,
1994.
105
Nos anos 1990 e na primera
década do novo milênio,
Márcio Pannunzio intensificou
sua participação em mostras
internacionais. Aqui estão
algumas dessas exposições:
11th Norwegian Print Trienale,
Noruega; Premio Internazionale
Biella per l’Inisione, Itália;
Xylon 13, Suiça e outros países;
9th and 10th International
Exhibition Small Graphic Form,
Polônia. Em paralelo, continuou
participando ativamente do
movimento artístico nacional.
1995 1996
106
1996 1997 1999
Taller Galeria Fort, Cadaqués, Catalunha, MIG-98, Baumann Servei Jove, Terrassa,
Espanha. Espanha.
XII Premio Internacional de Gravado 15ª Bienal de Ibiza – IBIZGRAFIC’98,
Maximo Ramos, Centro Cultural Municipal Museu d`Art Contemporani d`Eivissa,
de Ferrol, Ferrol, Espanha. Ibiza, Espanha.
The Fifth International Art Triennale
Majdanek, “The Summer Gallery” of the 1999
Majdanek State Museum, Lublin, Polônia. Mostra Rio Gravura. São Paulo gravura
hoje, Palácio Gustavo Capanema, Rio de
1998 Janeiro, RJ.
Traço, trama e corte, em conjunto com The 4th Kochi International Exhibition of
Francisco José Maringelli e Martín Garcia Prints, Ino-cho Paper Museum, Kochi,
Rivera, Galeria do Atelier Piratininga, São Japão.
Paulo, São Paulo. 3rd KIWA Exhibition, Kyoto International
Pannunzio & Maringelli, Galeria de Arte da Community House, Kyoto, Japão.
Casa do Brasil, Universidade Complutense Biennale Internationale d’Estampe
de Madrid, Madrid, Espanha. Contemporaine de Trois-Rivières Première
6º Salão de Artes Cidade de Itajaí, Casa Édition, Trois-Rivières, Maison de la
da Cultura Dide Bandão, Itajaí, SC. Culture de Trois-Rivières and Galerie
54º Salão Paranaense, Museu de Arte d`Art du Park de Trois-Rivières, Trois-
Contemporânea, Curitiba, PR. Rivières, Canadá. Menção Honrosa
2º Salão SESC de Gravura, SESC Banque Nationale du Canadá.
Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Menção 12th German International Exhibition
Honrosa. of Graphic Art, Stastsaal, Frenchen,
Mapa Cultural Paulista 98, Memorial da Alemanha.
América Latina, São Paulo SP. The International Festival of Graphic Arts
3rd Egyptian International Print Triennale, Cluj-Napoca 1999, National Museum of
National Centre of Fine Arts - Giza, Cairo, Art Cluj-Napoca, Cluj - Napoca, Romênia.
Egito. 11º Encuentro de Mini Expressión – Arte
12ª Bienal de San Juan del Grabado por Computadora y Grabado, Galeria
Latinoamericano y del Caribe, Arsenal de de Arte Universitaria, Universidad de
la Marina, San Juan, Porto Rico. Panamá, Panamá.
3th International Miniprint Triennial, Tama Intimate Impressions: Art from
Art University, Tokio, Japão. Pan America, Manitoba Printmakers
18ª Mini Print Internacional de Cadaqués, Association, Winnipeg, Canada.
Taller Galeria Fort, Barcelona, Espanha. 10th International Print Biennial Varna’99,
Muestra Internacional de Minigrabado Art Gallery, Varna, Bulgária.
107
1999 1999 2000
Small Graphic Forms, Galeria Willa, Lodz, The Postcompetition Show, District
Polônia. Museum in Jelenia Góra, Jelenia Góra,
12ª Mostra de Gravura Cidade de Polônia.
Curitiba, Museu da Gravura Cidade de VI International Art Triennale Majdanek
Curitiba, Curitiba, Paraná. 2000, Summer Gallery of the Majdanek
2000 State Museum, Lublin, Polônia.
Márcio Pannunzio Xilografías, exposição Intergrafia – 2000, World Awards
individual, Museo Provincial de Dibujo y Winners Gallery, Municipal Art Gallery in
Grabado Guaman Poma, Concepción del Czestochowa, Katowice and Czestochowa,
Uruguay, Entre Rios, Argentina. Polônia.
12ª Mostra da Gravura de Curitiba / 3th International Triennial of Graphic Arts
Mostra Brasil, Museu da Gravura Cidade Bitola, The Art Gallery, Bitola, Macedônia.
de Curitiba, PR.
3rd International Biennial Racibórz 2001
2000 Poland, Galeria Zyhdi, Racibórz, Márcio Pannunzio Xilografías, exposição
Polônia. Menção Honrosa Gazeta Lokalna individual, Museo Nacional del Grabado,
Raciborska. Buenos Aires, Argentina.
The 4th British International Miniature Márcio Pannunzio Xilografías, exposição
Print Exhibition, Bankside Gallery, Home individual, Museo Municipal de Artes
of the Royal Watercolour Society and the Visuales Sor Josefa Diaz y Clucellas,
Royal Society of Painter - Printmakers, Santa Fé, Argentina.
Londres, Inglaterra. 26º Salão de Arte de Ribeirão Preto
Primer Salón de Arte Postal, Fondación Nacional - Contemporâneo, Casa da
Jose Antonio Anzóategui & MR Arte Cultura, Ribeirão Preto, SP. Prêmio
Contemporâneo, Fondación Jose Antonio Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.
Anzoátegui & MR Arte Contemporâneo, I Bienal Nacional de Gravura Olho Latino,
Pamplona, Colômbia. SESC, Piracicaba, SP e Espaço Cultural do
The 5th Sapporo International Print Instituto Agronômico, Campinas, SP.
Biennale Exhibition, Hokkaido Modern Art VII Salão Unama de Pequenos Formatos,
Museum, Sapporo, Hokkaido, Japão. Galeria da Universidade do Amazonas,
10th Gielniak Graphic Art Competition, Belém, PA. Prêmio Aquisição.
Karkonoskie Museum, Jelenia Góra, 1ª Bienal de Gravura de Santo André,
Polônia. Salão de Exposições do Paço e no saguão
The 1st Cheju International Prints Art do Teatro Municipal, Santo André, SP.
Festival, Cheju City Student’s Center and 33º Salão de Arte Contemporânea
Seogwipo City Kidang Museum, Cheju, Piracicaba 2001, Engenho Central,
Coréia do Sul. Armazém 14a, Piracicaba, SP. Prêmio
108
2001 2001 2001 2001
109
Pannunzio, Maringelli e Tana, São Paulo, 2005.
2002 2003
110
2003 2004
Opera House, The Museum of Fine Arts in de Praia Grande, Galeria Nilton Zanotti,
Alexandria, Cairo e Alexandria, Egito. Palácio das Artes, Praia Grande, SP.
The International Festival of Graphic Primeiro Prêmio.
Arts, National Art Museum, Cluj-Napoca, 29º Salão de Arte de Ribeirão Preto,
Romênia. Museu de Arte de Ribeirão Preto Manuel-
Biennale de l’Estampe de Saint-Maur, Gismondi, Ribeirão Preto, SP.
Musée de Saint-Maur, Saint-Maur, França. Salão de Arte Contemporânea, Residência
6ª Triennale Mondiale d’Estampes Petit Olivo Gomes, São José dos Campos, SP.
Format 2003 de la Ville de Chamalières, XIII Encontro de Artes Visuais de Atibaia,
Chamalières, França. Centro de Convenções e Eventos Victor
Premi Acqui – VI Biennale Internazionale Brecheret, Atibaia, SP.
per l’Incisione, Museo della Biennale Para ver de(s)perto, Galeria da Faculdade
Internazionale per l’Incisione, Acqui de Artes Visuais da UFG, Goiânia, GO.
Terme, Itália. 11º Salão da Bahia, Museu de Arte
Concurs Internacional de Gravat, Premi Moderna, Salvador, BA.
El Caliu 2003, Institut de Cultura de la Impressões: panorama da xilogravura
Ciutat d’Olot, Olot, Província de Girona, brasileira, Santander Cultural, Porto
Espanha. Alegre, RS.
11th Gielniak Graphic Art Competition, VII Bienal do Recôncavo, Centro Cultural
Muzeum Karkonoskiego, Jelenia Góra, Dannemann, São Félix, BA. Menção
Polônia. Honrosa.
International Mini-Print and Bookplate III Bienal Argentina de Gráfica
Exhibition European Cities, National Latinoamericana / 1ª Iberoamericana
Museum of Art, Cluj-Napoca, Romênia. Xylon Argentina, Museo Nacional del
Fourth International Triennial of Graphic Grabado, Buenos Aires, Argentina.
Art Bitola, Institute, Museum and Gallery, Menção Honrosa.
Bitola, Macedônia. Concurs Internacional de Gravat, Premi
Second International Biennial of Mini El Caliu, Institut de Cultura de la Ciutat
Prints, Museum of Tetovo, Tetovo, d’Olot, Olot, Província de Girona, Olot,
Macedônia. Província de Girona, Espanha.
5ª Bienal Nacional del Grabado en Relieve 5th International Miniprint Finland, The
– 1ª Iberoamericana XYLON Argentina, Lahti Art Museum, Lahti, Finlândia.
Museo Nacional del Grabado, Buenos 6th Bharat Bhavan International Biennial
Aires, Argentina. of Print Art, Roopankar Museum of Fine
Arts, Bharat Bhavan, India.
2004 4th International Triennial of Graphic
16º Salão de Artes Plásticas Nacional Arts, Praga, República Checa.
111
2004 2005 2005
5th British International Miniature Print 17º Salão de Artes Plásticas, Palácio das
Exhibition, Gracefield Arts Centre, Artes, Praia Grande, SP.
Dumfries, Inglaterra. 4º Concurso de Artes Visuais de Jataí -
7th International Art Triennale, Office GO, Museu de Arte Contemporânea, Jataí,
of the Marshall of Lublin, Volvodeship, GO. 3º Prêmio.
Lublin, Polônia. 3ª Muestra Internacional de Miniprint
International Mini Print de Saravejo 2004, de Rosario, Argentina. Prêmio Especial
Saravejo, Bósnia-Herzegovina. Latinoamericano.
67th Annual Exhibition of th Society of La Jeune Gravure Brésilienne, Galérie
Wood Engravers, Bankside Gallery, Home Michele Broutta, Île-de-France, Paris,
of the Royal Watercolour Society and the França.
Royal Society of Painter - Printmakers, 1st International Small Size Engraving
Londres, Inglaterra. Salon Inter-Grabado, Fundación Lolita
International mini Print Salon Graphium Rubial, Minas, Uruguai. Grande Prêmio
2004, Art Museum Timisoara, Timisoara, Internacional.
Romênia. Concurs Internacional de Gravat,
VII International Art Triennale Majdanek Premi El Caliu, Institut de Cultura de la
2004, Majdanek State Museum, Lublin, Ciudtat d’Olot, Olot, Província de Girona,
Polônia. Espanha.
IV Triennial Havirov, Havirov, República
2005 Checa.
O grotesco em miniatura Márcio V International Mini-Print Biennial Cluj-
Pannunzio, exposição individual, Casarão Napoca, National Art Museum Cluj-
34, Fundação Cultural de João Pessoa, Napoca, Cluj-Napoca, Romênia.
João Pessoa, PB. 68th Annual Exhibition of the Society of
10º Salão de Artes de Itajaí, Centro de Wood Engravers, Bankside Gallery, Home
Eventos do Itajaí Shopping, Itajaí, SC. of the Royal Watercolour Society and the
Menção Especial do Juri. Royal Society of Painter - Printmakers,
7ª Bienal do Recôncavo, Centro Cultural Londres, Inglaterra.
Dannemann, São Félix, BA. Menção Premio Acqui: VII Biennale Internazionale
Honrosa. per l’Incicione, Acqui Terme, Alessandria,
11º Salão Unama de Pequenos Formatos, Itália.
Galeria da Universidade do Amazonas, XI International Biennale of Small
Belém, PA. Graphics and Exlibris, Muzeum Miasta
XIV Encontro de Artes Plásticas de Ostrowa Wielkopolskiego, Ostrów
Atibaia, Centro de Convenções e Eventos Wielkopolski, Polônia. Menção Honrosa.
Victor Brecheret, Atibaia, SP. 12th International Triennial of Small
112
2005 2006
Graphic Forms, City Art Gallery, Lódz, of Print Art, ROOPANKAR Museum of Fine
Polônia. Arts, Bharat Bhavan, India.
XIIème Biennale Internationale de la 69th Annual Exhibition of the Society of
Gravure et des Nouvelles Images de Wood Engravers, Bankside Gallery, Home
Sarcelles – Val de France, Espace Champ of the Royal Watercolour Society and the
de Foire, Sarcelles, França. Royal Society of Painter - Printmakers,
18º Premio de Grabado Máximo Ramos, Londres, Inglaterra.
Centro Torrente Ballester, Ferrol, 12th International Biennial Print and
Espanha. Drawing Exhibition, National Taiwan
Third International Biennial of Mini Prints, Museum of Fine Arts, Taichung, Taiwan.
Museum of Tetovo, Tetovo, Macedônia. 6th British International Miniature Print
11th International Biennial of Small Exhibition, Gracefield Arts Centre,
Graphics and Ex Libris – Ostrow Dumfries, Inglaterra.
Wielkopolski, Ostrow Wielkopolski, 5th Egyptian International Print Triennale,
Polônia. The Palace of Arts in Gezira, Centre of
Arts in Gezira, Art Gallery of the Cairo
2006 Opera House, The Museum of Fine Arts in
15º Encontro de Artes Plásticas de Alexandria, Cairo e Alexandria, Egito.
Atibaia, SP. Prêmio Aquisição. International Small Engraving Salon
8ª Bienal do Recôncavo, Centro Cultural Carbunari 2006, Florean Museum,
Dannemann, São Félix, BA, Menção Maramures, Romênia.
Honrosa. Trienal Iberoamericana de Grabado
Salão de Artes Visuais Vinhedo 2006, em Pequeño Formato, Museo de Artes
Centro de Exposições do Espaço Cultural Plásticas Eduardo Sívori, Buenos Aires,
de Vinhedo, Vinhedo, SP. Menção Especial Argentina.
do Juri.
5º Salão Artes Visuais de Jataí - GO, 2007
Museu de Arte Contemporânea, Jataí, GO. 4ª Bienal de Gravura de Santo André,
3º Salão Oficial de Arte de Sala de Exposições do Paço Municipal,
Caraguatatuba, Saguão do Teatro Mário Santo André, SP. Prêmio Vila de
Covas, Caraguatatuba, SP. Terceiro Paranapiacaba.
Prêmio. 3ª Bienal Nacional de Gravura Olho
The Fourth International Biennial Latino, Museu Olho Latino, Atibaia,
Miniature Print Exhibition (BIMPE IV), SP. Prêmio Atelier de Gravura Glatt &
Federation Gallery, Dundarave Print Imagos.
Workshop Gallery, Vancouver, Canadá. Autorretrato: reconstrução de artista,
7th Bharat Bhavan International Biennial Espaço Cultural Pés no Chão, Ilhabela, SP.
113
2006 2008
114
2010 2011 2011
115
2012 2012 2014
116
2019 2020
Ilhabela, Ilhabela, SP. Prêmio Waldemar Abramo, Casa da Cultura Luís Antonio
Belisário. Martinez Corrêa e Shopping Jaraguá
Araraquara Araraquara, SP.
2016 Artes Menores em Tempo Indigente,
4ª Bienal de Gravura Lívio Abramo, Teatro exposição individual no Museu de Arte e
Municipal Prefeito Clodoaldo Medina, Cultura de Caraguatatuba, Caraguatatuba,
Araraquara, SP. SP.
39º Salão de Artes Plásticas Waldemar Artes Menores em Tempo Indigente,
Belisário, Fundação de Arte e Cultura exposição individual na Galeria de Arte
de Ilhabela, SP. Medalha de Prata na Fernanda Perracini Milani, Jundiaí, SP.
categoria gravura. Artes Menores em Tempo Indigente,
exposição individual na Fundação Arte e
2017 Cultura de Ilhabela, Ilhabela, SP.
40° Salão de Artes Plásticas Waldemar
Belisário, Fundação de Arte e Cultura de 2020
Ilhabela, Ilhabela, SP. Medalha de Ouro e Entre Acervos, Galeria de Artes Antonio
Medalha de Prata na categoria desenho e Sibasoliy, Anápolis, GO.
Medalha de Prata na categoria gravura.
2021
2018 43º Salão de Artes Plásticas Waldemar
Graphias Quinze Anos, Graphias Casa da Belisário, Centro Cultural da Vila, Ilhabela,
Gravura, São Paulo, SP. SP. Medalha de Prata na categoria desenho.
41º Salão de Artes Plásticas Waldemar
Belisário, Fundação de Arte e Cultura de 2022
Ilhabela, Ilhabela, SP. Prêmio Aquisição. 44º Salão de Artes Plásticas Waldemar
Belisário, Centro Cultural da Vila, Ilhabela,
2019 SP. Medalha de Prata na categoria
Congada em Tela: fotografias de Márcio desenho.
Pannunzio, exposição individual na Márcio Pannunzio & Zé Paulo, Centro
Fundação Arte e Cultura de Ilhabela, SP. Cultural da Vila, Ilhabela, SP.
42º Salão de Artes Plásticas Waldemar
Belisário, Fundação de Arte e Cultura de 2023
Ilhabela, Ilhabela, SP. Medalha de Ouro na Márcio Pannunzio - Quatro Décadas,
categoria desenho. Programa de Ação Cultural do Governo
Museu Florestal, uma inspiração, Museu do Estado de São Paulo, Museu de Arte e
Florestal “Octávio Vecchi”, São Paulo, SP. Cultura de Caraguatatuba, Caraguatatuba,
5ª Bienal Internacional da Gravura Lívio SP.
117
Aspectos da exposição
118
Bibliografia
LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes trópicos. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1ª ed.,
1996.
120