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Apoio:
Angela Maria dos Santos
IDENTIDADE E CULTURA AFRO-BRASILEIRA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
8
RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO
NA SOCIEDADE BRASILEIRA
S237i
	 Santos, Ângela Maria dos.
		 Identidade e Cultura Afro-Brasileira./Ângela
Maria dos Santos. Cuiabá: EdUFMT, 2011.
ISBN 978-85-8018-077-0
	 Volume/Módulo 8 (Relações Raciais e Educa-
ção na Sociedade Brasileira)
	 1. Cultura Afro-brasileira. 2. Música Brasileira.
	 3. Intelectuais Afro-brasileiros. I. Título.
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Ministério da Educação
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Reitora
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Apoio:
Sumário
Cultura afro-brasileira
Introdução .................................................................................... 5
1. As contribuições negras para a música brasileira....................... 8
Pe José Maurício Nunes Garcia....................................................... 9
Pixinguinha .............................................................................. 10
2. Os intelectuais afro-brasileiros................................................ 11
Manuel Raimundo Querino......................................................... 11
Luiz Gama ................................................................................ 13
Juliano Moreira.......................................................................... 14
André Rebouças ........................................................................ 21
Theodoro Sampaio..................................................................... 22
Antonieta de Barros................................................................... 24
Milton Santos ............................................................................ 25
Carolina Maria de Jesus............................................................... 27
Verena Leite de Brito.................................................................. 29
Maria Dimpina Lobo Duarte......................................................... 31
3. A arte afro-brasileira............................................................... 32
Nominata sobre alguns artistas e intelectuais negros..................... 37
Referências bibliográficas........................................................... 53
5
Introdução
Na etapa anterior, recuperamos
as contribuições africanas no pro-
cesso de formação da cultura afro-
-brasileira. Essa contribuição, como
vimos, deu-se nas mais variadas
áreas, tais como técnica, artística,
religiosa, culinária e também por
uma concepção de mundo diferente
da ocidental. Os africanos que para
aqui foram trazidos nos legaram um
rico patrimônio imaterial, que são as
formas de expressão, os saberes, os
modos de fazer, as celebrações, as
festas e danças populares, as lendas,
as músicas, os costumes e outras tra-
dições que embasaram a formação
da cultura afro-brasileira
O patrimônio imaterial não pode
ser tocado a não ser quando mani-
festado materialmente por meio das
festas, dos rituais, das imagens etc. A
cultura é parte de nossa existência e,
ainda que não tenhamos consciên-
cia, certos hábitos ou costumes têm
sua origem no continente africano
e, muitas vezes, são sentidos com o
coração.
Para saber mais
Patrimônioculturalimaterial,oqueé?
“A Unesco define como Patrimô-
nio Cultural Imaterial “as práticas,
representações, expressões, conhe-
cimentos e técnicas - junto com os
instrumentos, objetos, artefatos e
lugaresculturaisquelhessão associa-
dos - que as comunidades, os grupos
e, em alguns casos, os indivíduos
reconhecemcomoparteintegrantede
seupatrimôniocultural.OPatrimônio
Imaterialétransmitidodegeraçãoem
geração e constantemente recriado
pelas comunidades e grupos em fun-
ção de seu ambiente, de sua interação
com a natureza e de sua história, ge-
rando um sentimento de identidade
e continuidade, contribuindo assim
para promover o respeito à diversida-
de cultural e à criatividade humana”
(IPHAN.http://portal.iphan.gov.br/
portal/montarPaginaSecao.do?id=
10852&retorno= paginaIphan)
Para saber mais você também pode
acessar os seguintes sites:
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Patrim%C3%B4nio_cultural_imaterial
http://www.overmundo.com.br/overblog/
jongo-patrimonio-imaterial
Cultura afro-brasileira
6
Dessa maneira, ficamos sabendo
que diversos foram os grupos afri-
canos traficados para o Brasil. Estes
negociaram entre si e com outros
grupos sociais e criaram aqui uma
cultura afro-brasileira, cujos elemen-
tosculturaisfazempartedaformação
nacional e estão presentes em nosso
jeito de ser brasileiro. Por isso, é im-
portante que conheçamos o conceito
de patrimônio imaterial, pois, por
meio desse conhecimento, podemos
reconhecer a contribuição afro-
-brasileira em seus aspectos intangí-
veis, como são, por exemplo, nosso
bom humor, nossa capacidade de
nos solidarizarmos, nosso “jeitinho”
ao enfrentarmos situações difíceis e
tantos outros sentimentos, modos de
ser e fazer presentes em nós.
Como afirmou o historiador Joel
Rufino dos Santos:
Gilberto Freire escreveu em algum
lugar que o brasileiro é negro nas suas
expressões sinceras. Para demarcar o
patrimônio afro-brasileiro, bastaria,
portanto, excluir o que em nós é pose
ou imitação. (...) Não se é negro só
quando se ri, se ama, se xinga, se fala
com Deus – nas expressões sinceras
– mas em qualquer situação desde
que não se possa ser senão brasilei-
ro. Brasileiros no exterior costumam
confessar que só então descobriram
não ser brancos (1997, p. 5).
Esse mesmo autor afirmava que a
grande contribuição do negro à cul-
tura brasileira ou era folclorizada ou
era reduzida ao passado, à história “o
negro deu o vatapá, o índio trouxe o
gosto pelas lendas, - sempre as for-
mas verbais pretéritas” (SANTOS,
1988, prefácio).
A proposta neste módulo é apre-
sentar algumas das contribuições
dos intelectuais negros brasileiros,
em especial as do campo científico.
Não são todas, pois não caberiam
no espaço do módulo. Ao final do
texto, trazemos uma nominata que
apresenta a contribuição de artistas
e intelectuais negros para a história
do Brasil retirada do livro A mão afro-
-brasileira – significado da contribui-
ção artística e histórica, organizado
por Emanoel Araujo, que breve-
mente será enviado às bibliotecas
de todos os polos, onde estão sendo
realizados o curso de especializa-
ção “Relações raciais na sociedade
brasileira”. É um livro importante
porque faz um levantamento sobre a
contribuição negra na construção da
sociedade nacional. Por meio dessa
publicação, os professores poderão
ter um contato mais extenso com a
7
extraordinária produção artística e
intelectual do negro brasileiro.
As abordagens até aqui e as que
se seguem sobre a importância das
contribuições negras para a cultura
brasileira buscam desconstruir estig-
mas e ideias equivocadas construídas
em torno da elaboração cultural
do negro. As contribuições negras
devem ser compreendidas como
elementos civilizatórios dada à inser-
ção dos valores e de conhecimentos
introduzidos e elaborados no Brasil
para a formação nacional. E, por
serem de cunho civilizatório, essas
contribuições ultrapassam a dimen-
são cultural e marcam uma identi-
dade, o que resulta em um produto
aprimorado, produzido a partir das
diferentes relações, do qual as cul-
turas negras brasileiras representam
o núcleo pesado (SANTOS, 1997).
Ao dizer civilização, queremos signi-
ficarencontroprolongadodeculturas
distintas gerando produtos novos e
sofisticados - como foi o caso, por
exemplo, do Egito faraônico, do Re-
nascimento ou Revolução America-
na; e, ao dizer culturas, nomeamos os
campos-de-força em que se conden-
sam as representações e os sentidos
(SANTOS, 1997, p. 8).
O fato de hoje sabermos pouco
sobre os negros brasileiros e suas
produções na história do país de-
corre da política de branqueamento
que produziu uma negação e silen-
ciamento sobre o negro, sua história
e suas elaborações culturais. Isso
desdobrou numa forte perda das ca-
racterísticas culturais negras, a ponto
de personagens negros importantes
na nossa história terem tido suas
imagens branqueadas.
Segundo Guimarães (2011), a
ideia de embranquecimento passa pelo
processo de aculturação. Em nosso
país, dentro das ciências sociais
essa ideia teve vários sentidos. Um
primeiro referiu-se ao resultado de
uma política de imigração europeia
que tinha por objetivo substituir
as populações africanas na década
anterior e pós-abolição.
Concomitantemente, outra ver-
tente, embasada em teorias eugenis-
tas e racistas, do final do século XIX
e começo do século XX, apostou
na ideia de mestiçagem biológica e
na taxa maior mortalidade da raça
negra, deduzidas por variados fa-
tores. Nessa perspectiva, existia um
8
prognóstico de que a absorção das
características fenotípicas negras se
daria em pouco mais de um século.
A última vertente de uso da teoria
do “embranquecimento” emba-
sou no discurso antropológico de
maior vigor na década de 1950, que
investiu na perda de características
culturais por parte dos negros, como
as formas africanas de se vestir, falar
e de gesticular; nas práticas de lazer
e expressões religiosas, como as
capoeiras, os maculelês, as conga-
das, os candomblés e outros. Esses
elementos estariam inevitavelmente
fadados a desaparecer ou a serem
folclorizados, Tratava-se de uma
prática que colaborava com as ideias
ainda existentes de minimizar e de
inferiorizar a produção e os elemen-
tos africanos e afro-brasileiros na
cultura do país.
Moura (2010) em seus estudos
sobre personalidades importantes
na nossa história, observa que elas
tiveram suas origens negras escamo-
teadas, omitidas e fortemente nega-
das por seus descendentes ou por
uma historiografia, algo facilmente
explicável, num país onde o bran-
queamento é ideologia de cooptação.
Sabe-se que os afro-brasileiros
conseguiram, mesmo com os danos
das ideias racistas, protagonizar a
construção de uma cultura brasi-
leira nas mais variadas áreas. Esse
é o maior legado dos negros para
a nossa sociedade, pois quase tudo
que gostamos de comer, de fazer
em nossa prática de lazer, na forma
como nos relacionamos, como ve-
mos as coisas e produzimos conhe-
cimento, tudo isso possui uma forte
elaboração negra.
Portanto, trazer presente esses
personagens, ainda que não seja pos-
sível abordar todos e todas é, como
apresentado por Araujo (2004, p.
247), por ocasião da exposição Ne-
gras Memórias – memórias de negros:
O que queremos, ao resgatar negras
memórias de nossa história e essas
outras tantas memórias de negros
que esta exposição nos traz? Que-
remos resgatar entre os negros uma
certa auto-estima e uma imagem que
nos sirva de padrão de orgulho por
nossos heróis, que pretendemos nos
sejam devolvidos em carne e osso,
em sangue e espírito, como pesso-
as reais que puderam até alçar-se à
condição de mito, mas não mais co-
mo lendas perdidas numa nebulosa
história. Precisamos ter orgulho dos
feitos de nossos homens e mulheres
que, a despeito do estigma herdado
da escravidão, marcaram seu lugar na
nossa história, como cientistas, enge-
nheiros, poetas, escritores, doutores,
escultores, pintores, historiadores.
1. As contribuições negras
para a música brasileira
Embora neste módulo esteja cita-
do somente dois grandes nomes de
compositores afro-brasileiros, deve-
-se observar que na música brasileira
também a herança negra se fará pre-
9
sente de forma inequívoca, seja na
inserção de instrumentos musicais,
seja no refinamento de elaboração
das letras ou no ritmo empregado
aos diversos estilos produzidos no
Brasil. Araújo demonstra que é mui-
to antiga essa participação na música
criada e tocada no Brasil.
CurtLange,historiadoremusicólogo,
nos fala do orgulho que experimenta-
vam negros e mulatos de Ouro Preto
quando eram chamados pelas ordens
religiosas brancas para tocar em suas
cerimônias e celebrações festivas: eles
eram os únicos da cidade! É essencial
que se reconheça essa contribuição
negra à nossa música, que foi o laço
que permeou nossa civilização desde
o lundu até a bossa nova, desde a mú-
sica colonial sagrada ou profana até a
criação da música popular brasileira,
do registro pioneiro do Pelo Telefone
até Pixinguinha e aqueles Batutas que
deramformaeritmoàmúsicapopular
do Brasil, conferindo-lhe a cara negra
do samba (ARAUJO 2004, p. 249).
Pe José Maurício Nunes Garcia
A personagem histórica de Padre
José Maurício Nunes Garcia é um
dos nomes que se apresenta para
costurarmos a nossa história através
da memória negra no Brasil.
Negro mestiço, filho de escra-
va - Vitória Maria da Cruz - com
um português - Apolinário Nunes
Garcia - nasceu no Rio de Janeiro
em 1767. Órfão ainda na infância,
foi cuidado por uma tia materna.
Devido sua inclinação para a música,
foi conduzido para os estudos nessa
área e, por ser autoditada, logo se
destacou nos estudos. Além disso,
estudou Latim, Teologia e Filosofia,
o que, em 1792 o habilitou para ser
ordenado padre.
Ainda adolescente, começa a
compor e passou a viver de seu reco-
nhecido talento como professor de
música e também tocava em festas
particulares, além de cantar nas mis-
sas, tornou-se, assim, um importante
músico no período colonial, chegou
a ser o Mestre da Capela Real, nome-
ado por D. João VI que, ao chegar ao
Brasil, reconhece e se encanta com
a produção musical e com o talento
de orador de José Maurício.
10
Em sua produção musical registra-
-se grande número de obras orques-
trais. Mesmo não tendo saído do
Brasil, foi o precursor da música eru-
dita no país. Tal foi sua genialidade
que sua obra chegou a ser conhecida
na Europa. Dom João VI, quando
de seu retorno a Portugal, convidou
o músico para ir com a sua família,
convite que fora negado por ele.
Assim, o Pe. José Maurício Nunes
Garcia é inscrito na história do país
como o primeiro importante nome
da música brasileira de estilo clássico.
Pixinguinha
Outro importante nome, mais re-
cente na história da música popular
brasileira, é o de Alfredo da Rocha
Viana Filho. Nasceu em 1897, no
Rio de Janeiro, local onde desen-
volveu seu veio artístico musical,
tornando-se compositor, flautista,
saxofonista, arranjador, maestro
e instrumentista. Desenvolveu no
Brasil o gênero musical Choro, mais
conhecido como Chorinho, tido
como baluarte da música brasileira.
A origem do Choro se dá no Brasil
Império, na conformação da música
popular urbana brasileira, em quefor-
masmusicaisedançaseuropeiaseram
vigentes,comovalsasepolcas,asquais
estavamsofrendoinfluênciaslocais.O
legadodePixinguinhafoiaperfeiçoara
elaboraçãodoestilomusicalpormeio
da inserção do ritmo de matriz africa-
na aos elementos europeus presentes
na música consumida no país.
Saiba mais
“[...] no desempenho das obriga-
ções de mestre de capela, dirigia a
escola de música de Santa Cruz, an-
teriormente fundada pelos jesuítas,
donde depois se formou o moderno
conservatório brasileiro. Compunha
também diversas obras sacras para
se executarem na catedral.
As obras deste compositor citadas
comoasprincipais,são:umasinfonia
fúnebre,executadanassuasexéquias;
uma missa de requiem; uma missa
solene; Te-Deum e matinas que com-
pusera para a festa de Santa Cecília;
outra missa, escrita para a festa da
degolação de S. João Baptista; os 12
Divertimentosjámencionados,euma
abertura, Tempestade, escrita para
umelogiodramáticoqueserepresen-
tou no teatro de S. João. O número
das suas composições é calculado
em mais de duzentas.[...]”(Dicionário
Histórico de Portugal Corográfico.Vol. III, p.
692-693. Trad.: Manuel Amaral. Edição elec-
trónica: 2000-2010. http://www.arqnet.pt/
dicionario/garciajosemauricio.html. Acesso
em: 27 fev. 2011).
11
Segundo Peters (2006, p. 144), foi a
partir da década de 1910 que o termo
choro passou a designar um gênero
musical. Essa consolidação se deu
graças a Pixinguinha que misturou
elementos afro-brasileiros e sua ex-
periência como músico a esse estilo.
Foi naquele período que Pixinguinha
começou a compor seus primeiros
choros e criou um grupo musical
com seu nome e anos mais tarde,
denominaram-se de Os oito batutas.
Muitas das composições de Pixin-
guinha se tornaram célebres como:
Carinhoso, Yaô, Os oito batutas, Rosa,
Sambafúnebre,Páginadedor,Vouvivendo.
A importância de Pixinguinha
para a música brasileira é incontestá-
vel. Hoje, no Rio de Janeiro, o “Dia
do Chorinho” foi instituído na data
de aniversário do músico, 23 de abril,
em reconhecimento a sua contribui-
ção para a música brasileira e para o
chorinho carioca.
2. Os intelectuais
afro-brasileiros
Aqui, continuamos apresentan-
do mais nomes importantes para
a memória afro-brasileira. Não se
pode deixar de mencionar que na
longa tradição do pensamento social
brasileiro negro estão envolvidas
denúncias das variadas formas de
preconceitos e discriminação contra
osnegros,como,também,atravésdas
suas atividades culturais. No pensar e
produzir conhecimentos na socieda-
de brasileira propôs-se mudanças de
ideias, estéticas e comportamentos.
Manuel Raimundo Querino
Esse ilustre intelectual é um expo-
ente nas discussões e escritos sobre
a cultura negra no Brasil. Nasceu em
1851, na Bahia. Órfão, foi criado por
uma família que investiu na sua for-
mação, quando se deparou com seu
talento nato para as artes. Dessa for-
ma, estudou artes plásticas e ampliou
seu extenso currículo tornando-se
arquiteto, atividade desenvolvida a
partir de suas atividades artísticas e
como professor de desenho.
Paralelaasuaatividadeprofissional,
militava na área sindical e, em 1874,
12
cria a Liga Operária da Bahia. A sua
intensa militância pelos direitos e or-
ganização de trabalhadores, leva-o a
ser nomeado a vereador e depois ser
reeleito pelo Partido Operário.
Para Guimarães (2011, p. 8), mes-
mo com o processo de branquea-
mento, os negros buscaram formas
de integração à sociedade brasileira.
A abordagem sobre a cultura afri-
cana começou com os pensadores
negros brasileiros e nesse grupo se
insere Manoel Querino. Esses pen-
sadores negros foram os primeiros
a utilizar o termo etnização, ou seja, a
valorizar a identidade/cultura negra.
Eles eram leigos e antropólogos
autodidatas, normalmente denomi-
nados de folcloristas ou jornalistas,
ao invés de intelectuais. Isso por
causa das dificuldades que enfren-
taram para negociar a inserção e o
reconhecimento como intelectuais
num espaço de establishment branco.
De grande desenvoltura intelec-
tual, Manoel Querino insere-se no
Instituto Histórico e Geográfico da
Bahia, onde regularmente escrevia
seus pensamentos sobre a cultura
negra e/ou africana no jornal A Pro-
víncia. Segundo Guimarães (2011, p.
8), esse era o lugar que os pensado-
res negros podiam falar com autori-
dade, pois os institutos históricos e
os congressos afro-brasileiros eram
os seus espaços de consagração.
Só recentemente é recuperada a
memória sobre a profundidade das
contribuições de Querino e a sua im-
portância como pensador negro. Foi
ele precursor em matéria de falar e es-
crever sobre a cultura afro-brasileira.
No livro O colono preto (1918), Ma-
nuel Raimundo Querino dá mostras
de sua grande capacidade intelectual.
Rompendo com a historiografia
tradicional do período, cria a tese do
negro e de sua cultura como fator da
civilização brasileira. Assim, utiliza-
-se de vários argumentos e autores
renomados para provar sua ideia: ele
trata o africano como “colonizador”
e não simplesmente como elemento
passivo ou como mão de obra escra-
va,massimcomocriadorepromotor
de cultura (GUIMARÃES, 2011).
Manuel Querino morreu em 1923,
deixando, através de seus livros e
outros escritos, um legado sobre a
cultura africana no Brasil e as pro-
duções de cunho civilizatórios dos
africanos e de seus descendentes.
Para conhecer mais sobre as ideias
deste autor, acesse sua obra
O colono preto como fator de
civilização através do site
http://www.afroasia.ufba.br/
pdf/afroasia_n13_p143.pdf
13
Luiz Gama
Luiz Gonzaga Pinto da Gama,
nascido livre na Bahia, no ano de
1830, filho da africana liberta Luiza
Mahin, uma militante na Revolta
dos Malês e tendo como pai um
português. Já na infância, sem sua
mãe presente devido ao seu envol-
vimento com a luta abolicionista,
viu-se escravizado ao ser vendido
pelo seu pai para saldar dívidas.
Nessa condição, viveu no Rio de
Janeiro, permanecendo depois em
São Paulo. Autoditada, aprendeu a
ler na adolescência somente acom-
panhando os filhos dos senhores
de escravos, momento em que teve
contato, ainda que indiretamente,
com o mundo das letras. Mesmo
passando por várias situações ad-
versas, torna-se advogado rábula e
consegue reverter sua condição de
escravo, comprovando que havia
nascido livre e, portanto, não pode-
ria ser vendido e escravizado.
Começa a trabalhar como advo-
gado pela defesa dos negros e se
torna um ferrenho abolicionista.
Como poeta, publicou livros, dentre
eles, Trovas burlescas de Getulino, com
vários poemas que denunciavam os
maus tratos contra negros, condena-
va a escravidão, a igreja católica e a
politica nacional. Morreu em 1882,
sem ter visto a abolição acontecer.
Seu enterro foi um acontecimento
que parou a cidade de São Paulo
e foi seguido por um cortejo com
grande presença da população negra
e de brancos abolicionistas.
A seguir, estão biografias desta-
cadas porque retiradas de fontes
diversas com o intuito de contribuir
com informações sobre as persona-
lidades negras importantes na for-
mação cultural brasileira, conforme
objetivo deste módulo.
Primeira edição do livro: Trovas burlescas de Getulino
14
Juliano Moreira
O Professor Juliano Moreira, nasceu a
seis de janeiro de 1872 na Freguesia da
Sé, hoje o centro antigo da cidade do
Salvador, na Bahia. Seu pai, o português
Manoel do Carmo Moreira Junior era
inspetor de iluminação pública. Seu
trabalho era verificar se os trabalhadores
acendiam os lampiões de ferro pelas
ruas e calçadas da cidade. Galdina Jo-
aquim do Amaral, sua mãe trabalhava
como doméstica na casa do Barão de
Itapuã, Adriano Gordilho, renomado
médico baiano. São escassos em seus
limitados biógrafos os dados relativos à
sua infância e meninice.
Desde o seu nascimento foi criado e
conviveu sempre com a família do Barão
de Itapuã, que se tornou seu padrinho.
Fez seus estudos iniciais no Colégio
Pedro II e depois se transferiu para o
Liceu Provincial na cidade do Salvador
na Bahia. Em 1886 manifestando extra-
ordinária precocidade se matriculava
na Faculdade de Medicina da Bahia,
berço do ensino médico no Brasil. Ain-
da cursando o quinto ano, em 1890, foi
interno da Clínica Dermatológica e Sifi-
liográfica. Conclui seu curso e logo após
sua formatura (1891), apresenta a tese
“Sífilis Maligna Precoce” tornando-se
depois referência mundial no campo da
sifiligrafia. Passa a clinicar, num curto
espaço de tempo junto a Santa da Casa
da Misericórdia sendo médico-adjunto
do Hospital Santa Isabel.
 Após realizar concurso, em 15 de setem-
bro de 1894, é nomeado preparador de
anatomia médico-cirurgica, Mas neste
período, sem remuneração, torna-se
assistente da cátedra de Clínica Psiqui-
átrica e de Doenças Nervosas iniciando-
-se a partir daí o seu aprendizado sobre
as doenças mentais. Esta fase em todos
os intervalos de suas atividades diárias
aprimorava seus conhecimentos de
outros idiomas tornando-se um domi-
nador na comunicação oral e escrita do
francês, inglês, italiano e o alemão. Sem-
pre conhecido desde estudante como
trabalhador metódico, adepto das ações
em equipe, sempre querendo saber de
tudo, com detalhes, comentando e dis-
cutindo. Seu destaque no meio acadê-
mico, na província baiana, o faz liderar
a mobilização de professores e colegas
fazendo surgir a Sociedade de Medicina
e Cirurgia e, a de Medicina Legal.
Em meados de 1895 descreve o botão
endêmico, afirmando sua existência no
Brasil. Como bolsista e limitados recur-
sos financeiros em curta viagem a Euro-
pa frequenta cursos de doenças mentais
dos professores Hitzig, Jolly, Flechsig,
Kraf-Ebing. Os de clínicas médicas de
Leyden e Nothnagel; os de anatomia
patológica de Virchow e participa de
15
reuniões e assiste palestras de Raymond,
Dejerine, Gille de la tourette, Brissaud,
Garnier, Maurice Fournier, Magnan na
França. Consegue tempo para visitar os
manicômios e clinicas psiquiátrica pelos
paises onde passava. Neste mesmo ano é
o primeiro cientista a descrever a Hidroa
Vaciniforme, publicado posteriormente
no Britsh Journal of Dermatology. Na
clínicadoprofessorPachecoMendes,em
Salvador, realiza o primeiro exame mi-
croscópico no Brasil dos casos de Mice-
toma,assimcomooscasosdeGoundum.
Desde 1886, com a persistência do
médico João Carlos Teixeira Brandão,
as Faculdades de Medicina da Bahia e
Rio de Janeiro criam o concurso para
professor da 12ª seção que compreendia
as doenças nervosas e mental sendo seu
primeiro catedrático Augusto Freire
Maia Bittencourt que logo depois veio
a falecer deixando a cadeira sem titular
durante alguns anos. Atualizado com
o ensino prático e teórico da disciplina
inscreve-se no concurso para preenchi-
mento da vaga deixada por Maia Bitten-
court. Ao final de abril de 1896, mesmo
enfrentando uma banca examinadora
em sua maioria de declarados escra-
vocratas, pode concluir sob calorosos
aplausos a apresentação de sua tese oral
“Disquinesias Arsenicais”. Logo após
na leitura escrita desenvolveu o texto
sobre “Meopatias Progressivas”. Todas
as provas foram acompanhadas com a
presença maciça dos estudantes e ou-
tras pessoas que lotaram o salão nobre
da faculdade durante a prova prática, de
didática e finalmente a defesa de tese.
A presença atuante justificava-se, pois
temiam que houvesse algum ato que
impossibilitasse o jovem médico Juliano
Moreira vencer aquele concurso. Afinal,
a escola tinha fama de racista, a banca
era conhecida como escravocrata. Fa-
zia poucos anos atrás que a Lei Áurea
tinha sido assinada e a primeira Carta
do Brasil republicano promulgada em
14 de fevereiro de 1891.
Transcorria o final da manhã de nove de
maio e no Terreiro de Jesus fervilhava
desde cedo à frente dos portões da Fa-
culdade de Medicina um enorme grupo
de estudantes de medicina. Aquele dia
estava marcado para finalmente ser
divulgado o resultado do concurso para
professor. Aberto os portões, os futuros
médicos viram afixados no mural o
resultado do exame, em que o jovem
Juliano tinha recebido quinze notas
máximas; era dele a vaga existente.
Nem mesmo os escravocratas puderam
deixar de reconhecer os seus méritos.
Com apenas vinte e três anos ele supera-
va concorrentes poderosos e se tornava
o mais novo professor da Faculdade de
Medicina da Bahia. A comemoração do
mérito sobre o preconceito fez naquele
dia o Pelourinho viver momentos de
intensa alegria e comemorações.
Semanas depois em dezesseis de junho
é nomeado Professor. Em seu discurso
de posse dizia: “Há quem se arrecei de
que a pigmentação seja nuvem capaz
de marear o brilho dessa faculdade.
Subir sem outro borgão que não seja a
abnegação ao trabalho, eis o que há de
mais escabroso. Tentei subir assim, e se
méritos tenho em minha vida este é um
(...) Só o vício, a subserviência e a igno-
rância tisnam a pasta humana quando
a ela se misturam“. Tempos, ainda às
vezes presentes.
O Mestre Juliano na sociedade daqueles
dias era profundamente minoritário
com suas ideias. Havia uma dominante
consensualidade que a degeneração do
brasileiro era atribuída à mestiçagem de
16
seu povo. Ideias evolucionistas naquele
século afirmavam que a raça negra e os
fatores climáticos dos trópicos eram os
verdadeiros causadores das doenças,
incluindo-se as doenças mentais. A psi-
quiatria estabelecia uma direta relação
entreasdoençasmentaisearaça.Juliano
afirmava que deviam deixar os ridículos
preconceitos de cores e castas e realizar
um “trabalho de higienização mental
dos povos”. Os verdadeiros inimigos das
degeneraçõesnervosasseriamaignorân-
cia, o alcoolismo, a sífilis, as verminoses,
as condições sanitárias e educacionais.
Seus conflitos teóricos com o colega na
Escola de Medicina da Bahia, médico le-
gista, Nina Rodrigues foram marcantes.
Nina Rodrigues contribuiu profunda-
mente para o entendimento da miscige-
nação da sociedade brasileira. Mas man-
teve-seamarradoasideiasevolucionistas
dominante. Era ele o propagador das
ideias dominantes nos meios científicos
nacionais e internacionais. A mistura de
raças era prejudicial a formação de um
país. Considerava a negritude um traço
deinferioridadeequeamestiçagemseria
a principal causa da loucura.
Desde a conclusão de seu curso Juliano
Moreira busca provar que a questão
racial não determinava as doenças.
Sempre mostrando e defendendo seus
pensamentos de forma cortês e educada
utilizava a ciência para defender as mi-
norias excluídas. A sua origem mestiça
jamais lhe deu a sensação de inferiorida-
de, nem de reações paranóicas.
[...]
Mantinha frequência diária nas depen-
dências do Asylo São João de Deus onde
realizava aulas práticas e até o anoitecer
em uma das salas do Solar da Boa Vista
ou nas várias enfermarias existentes
discutindo sobre questões médicas com
colegas e alunos e sempre colaborando
com as revistas nacionais e estrangeiras
especializadas. Viaja pelas províncias do
norte proferindo palestras e clinicando.
Em 1900 participa do Congresso Médico
Internacional em Paris. Ano seguinte,
mesmo ausente, é eleito Presidente de
Honra do IV Congresso Internacional
de Assistência aos Alienados em Berlim.
Representa a medicina brasileira no
Congresso Médico de Lisboa.
Ao final de 1902, precisamente, em 10 de
novembro, licencia-se na Faculdade e
viaja para ao Rio de Janeiro para partici-
par do ato de embalsamento do cadáver
do Professor Manuel Vitorino, médico
baiano renomado e Vice Presidente da
República (1894-1898) de quem sempre
se declarou um admirador e discípulo.
[...]
Em 25 de março de 1903 Juliano Morei-
ra, pouco depois de comemorar seus
trinta anos de idade, toma posse no
cargo de Diretor do Hospital Nacional
de Alienados na capital federal. Muda a
história da Saúde Mental no Brasil.
O decênio inicial daquele século sinali-
za um acelerado processo de moderni-
zação do Estado nacional. Ações de sa-
neamento e urbanização e, intervenções
na saúde pública foram marcantes. O
projeto de desenvolvimento da psiquia-
tria nacional insere-se neste momento
criando o clima para que Juliano Mo-
reira ocupasse seu espaço de liderança.
Desiste da sala destinada à direção do
hospital no segundo andar do majestoso
prédio. Faz de uma simples sala, no tér-
reo, seu gabinete que ficava à esquerda
da entrada principal do prédio, sempre
de portas abertas, o que lhe conferia
o seu acesso. Sentado a grande mesa,
atendia a todos que o procuravam. Sem
agendaouhoramarcada.Compaciência
17
e seu tranquilo sorriso sentavam-se ao
seu lado os colegas médicos, pacientes,
amigos, alunos, jornalistas e políticos.
[...]
Até então a psiquiatria brasileira se man-
tivera subsidiária exclusiva da escola
francesa, apenas copiando, sem conside-
rar as diversidades culturais existentes.
Com Juliano Moreira, a Psiquiatria se
ampliou, universalizando-se, e procu-
rando ganhar uma forma nacional.
Determinado e com tenacidade vai bus-
cando recursos do governo. Mobiliza
muitos profissionais capacitados. Co-
meça a promover reformas materiais e
éticas. Retira as grades das janelas das
enfermarias e abole os coletes e cami-
sas de força. Recupera e constrói pavi-
lhões. Cria o Pavilhão Seabra um amplo
prédio com equipamentos trazidos da
Europa para fazer funcionar oficinas de
ferreiro, bombeiro, mecânica elétrica,
carpintaria, marcenaria, tipografia e
encardenação, sapataria, colchoaria,
vassouraria e pintura. Atividades que
contribuíam para recuperação dos
assistidos e alguma renda particular.
O grande salão no pavimento superior
passa a ter diariamente alguém dedi-
lhando o piano levando as sonatas e
sinfonias invadirem os corredores e
chegarem aos ouvidos dos pacientes.
Torna o hospital um grande centro
cultural reunindo professores, cientis-
tas e trabalhadores. Implanta oficinas
artísticas antecipando-se as terapias
ocupacionais desenvolvidas depois
pela magnífica psiquiatra alagoana
Nise da Silveira. À vontade e a deter-
minação com seu trabalho o faz mudar-
-se do bairro de São Cristóvão para ir
morar numa casa dentro do hospital.
Após desencadear as ações de trans-
formação interna toma a iniciativa
de enviar ao Ministro J.J. Seabra uma
exposição de motivos solicitando as ne-
cessárias reformas não somente dentro
da Instituição, mas que se estendia a
assistência aos alienados no país. Em
22 de dezembro de 1903 com o Decreto
nº. 1132 o Presidente Rodrigues Alves
sanciona a resolução do Congresso
Nacional e aprova a Lei Federal da As-
sistência a Alienados. Logo depois em
1º de fevereiro de 1904 é decretado o Re-
gulamento da Assistência a Alienados
no Distrito Federal.
[...]
Em 1907 na cidade de Milão no Con-
gresso de Assistência a Alienados é
eleito Presidente Honorário e indicado
pela maioria dos congressistas para ser
o orador na sessão de encerramento.
Passa a fazer parte do Instituto Inter-
nacional para o Estudo da Etiologia e
Profilaxia das Doenças Mentais.
Segue logo depois para Amsterdã onde
participa de outro Congresso Interna-
cional. Mesmo ausente ao Congresso
Neuropsiquiátrico de Viena (1908) é
lembrado para compor o Comitê organi-
zador do futuro Congresso. Representa
noanoseguinteoBrasilnoComitêInter-
nacionalcontraaEpilepsianaquelacida-
de. Logo depois na Inglaterra participa
da Assembléia Geral da Royal-Medical
Psychological Association de Londres,
presidida por Bevar Lewis onde foi eleito
um dos quinze membros corresponden-
tes no mundo. Segue logo depois para
Budapesteecomo membroorganizador,
realiza o Congresso Internacional de
Medicina para tratar da influência da
arteriosclerose na produção de doenças
nervosas e mentais. Em Amsterdã torna-
-se membro do Comitê Internacional de
redação da FoliaNeurológica,órgão para
estudos de biologia do sistema nervoso
18
com textos publicados na Alemanha.
A Revista Psychiatrische, Neurolo-
gische Wochenschrift (nº. 27 de 03 de
outubro de 1910) publica a galeria dos
proeminentes psiquiatras em todo o
mundo. Das Américas. Somente Juliano
Moreira. O seu relacionamento parti-
cular com Rivadávia Correia, nomeado
Ministro do Interior e Justiça pelo Mal.
Hermes da Fonseca favorece a realiza-
ção do projeto de criação da Colônia
de Mulheres em Engenho de Dentro,
bairro suburbano no Rio de Janeiro.
Mobiliza junto com Austregésilo, Gus-
tavo Riedel, Mário Pinheiro, Ernani
Lopes e outros médicos a criação dos
Arquivos Brasileiros de Medicina que
anos depois passou a se denominar de
Arquivos Brasileiros de Neuriatria e Psi-
quiatria, órgão da sociedade Brasileira
de Neurologia, Psiquiatria e Medicina
Legal. Até 1911 é um período onde
realiza uma série de viagens à Europa
dando-lhe a oportunidade de frequentar
diversos cursos de especialização em
doenças mentais junto a renomados
cientistas – Emil Kraepelin, Mangnan,
Kraffit-Ebing, Flechsing entre outros.
Mas, ao lado destas viagens de estudos
já é obrigado a procurar com frequências
especialistas e clínicas para consultas so-
bre sua doença. Acentuando-se as crises
obtém uma nova licença e viaja para a
Europa em busca de melhor tratamento
e posteriormente interna-se num sana-
tório na cidade do Cairo onde conhece
Augusta Peick, enfermeira alemã, de
Hamburgo, com quem se casa. Desde
1913 passa a representar o Brasil no Co-
mitêInternacionaldaLigaInternacional
contra a Epilepsia. Naquele período foi
realizado o Congresso Jubilar da Société
de Médecine Mentale da Bélgica, em
que foi aclamado juntamente com Du-
pré, Lepine (franceses) e Mott (inglês)
membroshonoráriosdaquelaSociedade.
Em 1918 foi designado como membro
organizador do Congresso Internacional
de Medicina, realizado em Budapeste
para tratar da questão das doenças
mentais e nervosas produzidas pela ar-
teriosclerose. Participou da conferência
Internacional para o estudo da Lepra na
Noruega, recebendo do sábio leprólogo
Hansenaincumbênciadetratardaques-
tão das doenças mentais nos leprosos,
sendo posteriormente publicado seus
estudos no Zeitschrift fur Psychiatrie
na Alemanha. Mobiliza apoio governa-
mental e implanta, em 1921, o primeiro
Manicômio Judiciário no continente
americano.Já em 1922 foi eleito membro
correspondente da Liga de Higiene
Mental de Paris e do Comitê Interna-
cional de Redação da folia neurológica,
importante órgão de Amsterdã para
estudos de biologia do sistema nervoso.
O Prof.Juliano Moreira presidiu os
Congressos Brasileiros de Psiquiatria,
Neurologia e Medicina Legal de 1906
a 1922. Foi Presidente de Honra da
Academia Brasileira de Ciências e da
Academia Nacional de Medicina. Junto
ao Ministério da Justiça foi membro
do Conselho Penitenciário do Distrito
Federal; do Conselho Nacional de Me-
nores e do Conselho dos Patrimônios.
Membro na direção do Conselho do
Monte Médico que era uma associação
previdenciária que reunia médicos,
farmacêuticos e dentistas na capital
federal. Reconhecido pelo seu caráter,
aliado ao fruto de seu incansável tra-
balho e espírito associativista foi eleito
membro de diversas organizações, tais
como: -Antropologische Gesellschaft de
Munich; -Société de Médicine de Paris;
-Société de Pathologie Exotique; -Soci-
19
éte Clinique de France; -Medico-Legal
Society de Nova York; -Sociedade de
Neurologia de Buenos Aires; -Socie-
dade de Psychiatria de Buenos Aires;
-Société Clinique de Medicine Menta-
le; -Société Medico-Psychologique de
Paris; -Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro; -Academia de Letras da
Bahia; -Instituto Brasileiro de Ciências;
-Liga de Defesa Nacional; -Liga de Hi-
giene Mental; -American Academic of
Political and Social Science.
Pela sua condição étnica, por sua nacio-
nalidade, por sua formação médica, ini-
ciada na Bahia e continuada nos grandes
centros europeus, teve sempre grande
interesse pelos aspectos culturais da psi-
quiatria, chamada na época de patologia
comparadaeatualmentedetranscultural.
Interessado e assíduo nos espetáculos
das companhias líricas apreciavam os
filmes de desenhos e era frequentador
dos espetáculos teatrais e circense sen-
do conhecido como grande admirador
do famoso palhaço Benjamin Oliveira.
Combatia o uso dos termos pejorativos
de “maluco” e “doido”. Repetia sempre
que as maiorias dos doentes mentais
estavam fora dos hospitais e sanatórios
especializados.“-Aifora”.(Passos,1975).
Mantendo sua postura de combate aos
preconceitos e discriminação torna-se
um defensor combativo da imigração
sino-japonesa que para muitos naqueles
primeiros decênios do século conside-
ravam um verdadeiro “perigo amarelo”.
Sua posição rapidamente é reconhecida.
Universidadesjaponesasoconvidampara
visitaro paíseapronunciarconferências.
Em julho de 1928 em companhia de sua
esposa Augusta Moreira começa uma
longa viagem visitando Tóquio, Kioto,
Sendai, Hokaído, Osaka, Funoko. Em
solenidadenoanfiteatrodoDiárioNishi-
-Nishi recebe a insígnia da “Ordem do
TesouroSagrado“entreguepeloImpera-
dor do Japão e destinada aos “consagra-
dosdaciênciamundial”.Encerrandosua
longa permanência naquele país segue
para a Europa, onde se torna membro
honorário da Sociedade de Neurologia
e Psiquiatria de Berlim, da Sociedade
Médica de Munich e da Cruz Vermelha
Alemã. Em Hamburgo é eleito membro
daSociedadedeNeurologiaePsiquiatria
onde lhe é conferido pela Universidade
local a Medalha de Ouro, a mais alta
honrariaprestadaaprofessorestrangeiro.
Após cinco meses ausente, volta ao tra-
balho na direção do hospital que em sua
ausência foi dirigido por Domingos Nio-
bey.Preside,em1929,noRiodeJaneiro,a
ConferênciaInternacionaldePsiquiatria.
[...]
O novo governo chega como resultado
de um golpe de Estado que criava a ex-
pectativa de modernização do país e da
administração pública.
Novembro de 1930 o novo presidente –
Getúlio Vargas – dissolve o Congresso
Nacional, as câmaras e as assembléias
estaduais. Nomeia interventores nos
estados, mantém seus compromissos
com a as oligarquias dissidentes. Em
oito de dezembro de 1930 é destituído
da direção do hospital e aposentado.
[...]
Após descer as escadas do palácio de
seus sonhos – o Hospital Nacional de
Alienados – foi morar num hotel em
Santa Teresa. Mantinha suas visitas a
alguns de seus pacientes particulares
no Sanatório Botafogo ou as sessões
da Sociedade Brasileira de Neurologia,
Psiquiatria e Medicina. A sessão de 19
de outubro de 1931 foi à última sessão
a que compareceu. Retornou em 17 de
20
novembro de 1932 para assistir a sessão
solene de comemoração da Sociedade
que fundara ainda jovem.
Recolhendo-se a sua vida interior sem
motivação para estudar e ler. Enfim, o
tuberculoso crônico poupava-se ao má-
ximo para sobreviver, sob a vigilância
germânica de Dona Augusta sua inse-
parável companheira. Viaja para Belo
Horizonte em busca de melhoramentos
para o seu estado de saúde. A doença foi
avançando, Miguel Couto, seu médico,
decide encaminhá-lo para a Serra de
Petrópolis. Hospeda-se na residência
de Hermelindo Lopes Rodrigues um
dos seus maiores discípulos.
No dia 2 de maio de 1933 precisamente
às cinco horas e quarenta minutos dei-
xava o nosso convívio num sanatório em
Correias no interior do Rio de Janeiro.
Ao lado de Dona Augusta Moreira assis-
tiu ao seu último alento os seus colegas
e discípulos Lopes Rodrigues e Gustavo
Riedel. [...] No dia quatro às dez horas
em grande cortejo atravessa as ruas de
Botafogo em direção ao cemitério São
João Batista. Naquela manhã cinzenta
de maio, quem passasse próximo ao
cemitério não saberia que se extinguira
um grande espírito. Um homem que
dedicara toda sua vida ao seu país, aos
seus semelhantes e aos excluídos, espe-
cialmente aos doentes mentais. Deixava
muito mais do que uma lembrança.
Construíra uma obra imorredoura.
“O Brasil (...) não pode avaliar o que
perde com o desaparecimento, ontem
do sábio Juliano Moreira. Grande entre
os maiores psiquiatras do país, com um
renome e uma fama, que ultrapassaram
as fronteiras brasileiras para fulgurar nos
centros científicos mais adiantados do
mundo. Juliano Moreira devotou à ciên-
cia toda a sua vida e toda a sua dedicação
(...) mais tarde, teremos então ideia de
quanto perdemos com a sua morte”.
(Jornal do Brasil. 3 de maio de 1933).
Juliano Moreira não foi nacionalista,
nem teve freguesia intelectual. Ouviu os
sons de todos os sinos. Aqui, Silva Lima
tropicalista. Ali, Nina Rodrigues, médi-
co legista. Estendeu as mãos a Teixeira
Brandão e a Franco da Rocha. Propagou
Kraepelin, sem esquecer Pierre Marie,
nem Toulouse, Clouston e Morselli. Leu
a todos, aprendeu de todos. A todos
consagrou, com a citação, a aplicação e
a correção. Essa universalidade de espí-
rito dispôs à razão para a tolerância do
conhecimento, como a benignidade do
coração pára a tolerância das relações
sociais. Disciplinava pelo exemplo. Dis-
tinguia-se sem afetação e sem humilhar
o seu semelhante. Não considerava a
vaidade defeito, mas a manifestação de
um desvio mental, em proveito de aspi-
rações frustradas (Passos, 1975). Grande
homem de ação e de ciência dispensa
louvor dos adjetivos. Basta-lhe a escola
que criou e manteve os discípulos que
suscitou e promoveu. Médico da razão
doente foi mestre da razão sadia, grande
mestre da razão, o grande Juliano Mo-
reira. (Piccinini, 2005).
Um Brasileiro que teve tudo para ser
mais um anônimo excluído. Nordestino,
pobre, tuberculoso. Todas as condições
desfavoráveis no percurso de sua vida.
Mas com determinação, tenacidade, in-
teligência, carisma e fundamentalmente
ético,transformousuahistória.OMestre
baiano Juliano Moreira. O magnífico
sonhador da cura da alienação mental.
Um mito nacional. Um Sábio Brasileiro.
(Acessado em: http://www.geledes.org.br/medicina/
julianomoreira21/07/2009.html. As informações sobre
essa personagem foram retiradas desse site e transcritas
tal qual publicadas)
21
André Rebouças
André Pinto Rebouças nasceu em plena
Sabinada, a insurreição baiana contra o
governo regencial. Seu pai era Antônio
Pereira Rebouças, um mulato autodi-
data que obteve o direito de advogar,
representou a Bahia na Câmara dos
Deputados em diversas legislaturas e
foi conselheiro do Império. Sua mãe,
Carolina Pinto Rebouças, era filha do
comerciante André Pinto da Silveira.
[...]
Em 1857 foram promovidos ao cargo
de segundo tenente do Corpo de En-
genheiros e complementaram seus
estudos na Escola de Aplicação da Praia
Vermelha. André bacharelou-se em Ci-
ências Físicas e Matemáticas em 1859 e
obteve o grau de engenheiro militar no
ano seguinte.
Os dois irmãos foram pela primeira vez
à Europa, em viagem de estudos, entre
fevereiro de 1861 e novembro de 1862.
Na volta, partiram como comissionados
do Estado brasileiro para trabalhar na
vistoria e no aperfeiçoamento de portos
e fortificações litorâneas.
Na guerra do Paraguai, André serviu
como engenheiro militar, nela perma-
necendo entre maio de 1865 e julho de
1886, quando retornou ao Rio de Janei-
ro, por motivos de saúde. Passou então
a desenvolver projetos com seu irmão
Antônio, na tentativa de estruturação de
companhias privadas com a captação de
recursos junto a particulares e a bancos,
visando a modernização do país.
As obras que André realizou como
engenheiro estavam ligadas ao abas-
tecimento de água na cidade do Rio
de Janeiro, às docas dom Pedro 2o
e
à construção das docas da Alfândega
(onde permaneceu de 1866 até a sua
demissão, em 1871).
Paralelamente, André dava aulas, pro-
curava apoio financeiro para Carlos
Gomes retornar à Itália, debatia com
ministros e políticos por diversas leis.
Foi secretário do Instituto Politécnico e
redator geral de sua revista. Atuou como
membro do Clube de Engenharia e
muitas vezes foi designado para receber
estrangeiros, por falar inglês e francês.
Participou da Associação Brasileira de
Aclimação e defendeu a adaptação de
produtos agrícolas não produzidos no
Brasil, e o melhor preparo e acondi-
cionamento dos produzidos aqui, para
concorrerem no mercado internacional.
Foi responsável ainda pela seção de
Máquinas e Aparelhos na Sociedade
Auxiliadora da Indústria Nacional.
Na década de 1880, André Rebouças
se engajou na campanha abolicionista
22
e ajudou a criar a Sociedade Brasileira
Contra a Escravidão, ao lado de Joa-
quim Nabuco, José do Patrocínio e ou-
tros. Participou também da Confedera-
ção Abolicionista e redigiu os estatutos
da Associação Central Emancipadora.
Participou da Sociedade Central de
Imigração, juntamente com o Visconde
de Taunay.
Entre setembro de 1882 e fevereiro de
1883, Rebouças permaneceu na Europa,
retornando ao Brasil para dar continui-
dade à campanha. Mas o movimento
militar de 15 de novembro de 1889 levou
André Rebouças a embarcar, juntamen-
te com a família imperial, com destino
à Europa.
Por dois anos, ele permaneceu exilado
em Lisboa, como correspondente do
“The Times” de Londres. Transferiu-
-se, então, para Cannes, na França, até
a morte de D. Pedro 2o
. (...)
(As informações sobre essa personagem foram retiradas
desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado em:
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u684.
jhtm. ).
Theodoro Sampaio
Teodoro Sampaio nasceu em 1855 na
cidade de Santo Amaro, Bahia. Era filho
de uma escrava do engenho Canabrava
e, supostamente, do sacerdote Manoel
Fernandes Sampaio, que o alforriou no
batismo. Há quem registre, no entanto,
queseupaieraosenhordeengenhoFran-
cisco Antônio da Costa Pinto. O próprio
Teodoro, porém, jamais revelou publica-
menteaverdadeiraidentidadedeseupai.
Aos dois anos de idade foi entregue a
uma senhora da sociedade, D. Inês Le-
opoldina, que o criou até os nove anos.
Aos 10, foi levado para o Rio de Janeiro
pelo padre (Manoel?) e internado no
colégio São Salvador, onde mais tarde
se tornou professor de Matemática,
Filosofia, História, Geografia e Latim.
Logo depois de formado na Escola
Politécnica, em 1877, voltou à Bahia e
negociou a alforria de sua mãe e de seus
dois irmãos, que ainda eram escravos.
Um dos maiores engenheiros do país,
além de geógrafo e historiador, Teodo-
ro foi o primeiro a mapear a região da
Chapada Diamantina. Suas anotações
ajudaram Euclides da Cunha a escrever
Os Sertões. Foi também um dos homens
públicos de maior importância nos de-
bates e projetos urbanísticos do país, no
final do século XIX e início do XX. Hoje,
municípios em São Paulo e na Bahia
carregam seu nome, além de escolas,
23
túnel, ruas e travessas de cinco bairros
da cidade de Salvador e ruas de cidades
comoFeiradeSantana,Curitiba,Londri-
na, Rio de Janeiro e Santos, entre outras.
Em1879,foicriadaaComissãoHidráuli-
ca do Império, para melhorar os portos e
a navegação dos grandes rios do interior
brasileiro. Teodoro Sampaio fez parte da
equipe, como engenheiro de 2ª Classe,
mas seu nome não apareceu no Diário
Oficial junto dos demais integrantes, por
ser o único negro. Somente após interfe-
rência do Senador Viriato de Medeiros é
que ele foi incluído no Diário. Em 1881,
foi nomeado engenheiro de 1ª Classe.
Na Comissão, participou de uma ex-
pedição pelo Rio São Francisco e suas
anotações serviram de base para seus
livros O Rio São Francisco e A Chapada
Diamantina, de 1905. Em 1883 integrou
a Comissão de Melhoramentos do Rio
São Francisco, como 1º Engenheiro-
-Ajudante. Lá colaborou nas obras de
barragem e desobstrução dos trechos
encachoeirados do rio.
Em 1886, Teodoro integrou a Comissão
Geográfica e Geológica de São Paulo,
como 1º Engenheiro e Chefe de To-
pografia. No governo de Prudente de
Morais (1890), assumiu a chefia dos
Serviços de Água e Esgoto da cidade
de São Paulo. A partir da década de
1890, Teodoro ganhou reconhecimen-
to intelectual cada vez maior, devido,
entre outros fatores, à sua participação
na comissão que organizou a Escola
Politécnica de São Paulo.
Em 1901, lançou o livro O Tupy na Geografia
Nacional, obra reconhecida como referên-
cia fundamental no estudo do Tupy e de
sua influência na formação cultural do
país.Eem1904,mudou-separaSalvador,
onde se dedicou à execução do Serviço
de Água e Esgoto da cidade, entre outras
obras. Em 1913, foi eleito orador oficial e
membro da comissão de publicação da
Revista do Instituto Histórico Geográfico da Bahia,
na qual teve uma grande produção. De
1922 até 1936, foi Presidente do Instituto
Histórico e Geográfico da Bahia e, em
1927, foi eleito Deputado Federal.
A vida profissional de Teodoro Sampaio
pode ser dividida em duas grandes fa-
ses. A primeira foi desenvolvida sobre-
tudo em São Paulo, entre 1873 e 1903, e a
segunda se deu principalmente em Sal-
vador, de 1905 a 1935. Nos últimos anos
de sua vida, dedicou-se ao livro História
da Fundação da Cidade da Bahia, obra publi-
cada postumamente em 1949. Teodoro
morreu antes de completar o último
capítulo, em 15 de outubro de 1937, no
Rio de Janeiro, onde residia.
(As informações sobre essa personagem foram
retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas.
Acessado em: http://www.futura.org.br/acorcultura/
main.asp?View={EC5CAD8E-DA92-4DAA-A22
1-194D8C975D13}&Team=&params=itemID={F7
26370E-CA79-4D86-AD0B-0A8D1B64A754}%3B
&UIPartUID={3FF15327-3210-469B-A8B4-
5DD603C2FB93})
Esta é a primeira edição do livro O Tupi na Geographia
Nacional, de Teodoro Sampaio, publicada em 1901.
24
Antonieta de Barros
Nasceu em 11 de julho de 1901, em Flo-
rianópolis (SC). Era filha de Catarina
e Rodolfo de Barros. Órfã de pai, foi
criada pela mãe. Depois dos estudos
primários, ingressou na Escola Normal
Catarinense.
Antonieta teve que romper muitas
barreiras para conquistar espaço que,
em seu tempo, eram inusitados para
as mulheres, e mais ainda para uma
mulher negra. Nos anos 20, deu início
às atividades de jornalista, criando e
dirigindo em Florianópolis o jornal A
Semana, mantido até 1927. Três anos
depois, passou a dirigir o periódico Vida
Ilhoa, na mesma cidade.
Como educadora, fundou, logo após ter
se diplomado no magistério, o Curso
Antonieta de Barros, que dirigiu até a
sua morte. Lecionou, ainda, em Floria-
nópolis, no Colégio Coração de Jesus,
na Escola Normal Catarinense e no
Colégio Dias Velho, do qual foi diretora
no período de 1937 a 1945.
Na década de 30, manteve intercâmbio
coma Federação Brasileira pelo Pro-
gresso Feminino (FBPF) como revela a
correspondência entre ela e Bertha Lutz,
hoje preservada no Arquivo Nacional.
Na primeira eleição em que as mulhe-
res brasileiras puderam votar e serem
votadas, filiou-se ao Partido Liberal
Catarinense e elegeu-se deputada esta-
dual (1934-37). Tornou-se, desse modo,
a primeira mulher negra a assumir um
mandato popular no Brasil. Foi tam-
bém a primeira mulher a participar do
Legislativo Estadual de Santa Catarina.
Depois da redemocratização do país
com a queda do Estado Novo, concor-
reu a deputada estadual nas eleições de
1945, obtendo a primeira suplência pela
legenda do Partido Social Democrático
(PSD). Assumiu a vaga na Assembléia
Legislativa em 1947 e cumpriu seu man-
dato até 1951.
Usando o pseudônimo literário de Ma-
ria da Ilha, escreveu o livro Farrapos de
Ideias. Faleceu em Florianópolis no dia
28 de março de 1952.
(As informações sobre essa personagem foram retiradas
desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado em:
http://www.tvbrasil.org.br/consciencianegra/txt_bio_
antonieta-barros.asp)
25
Milton Santos
[...]
Discutir a obra de um intelectual com as
qualidades de Milton Santos exige um
esforço coletivo e abrangente. Coletivo
dado à diversidade de disciplinas que
fazem uso de suas ideias. Abrangente
graças aos diversos aspectos que ela
abordou, durante uma carreira que al-
cançou mais de 50 anos.
[...]
Nascido em Brotas de Macaúbas, no
interior da Bahia, em 03 de maio de
1926, esse brasileiro ganho o mundo por
razões alheias a sua vontade. Porém,
soube manter seus olhos nos arranjos
sociais contemporâneos para construir
uma teoria original que serve à interpre-
tação do mundo que parte da geografia,
do território, envolvendo os habitantes
dos lugares.
Embora tivesse concluído o curso de Di-
reito em 1948, Milton Santos ministrava
aulas de Geografia no ensino médio na
Bahia. Daí seu interesse pela disciplina
que o lançou ao mundo das ideias e da
reflexão política.
Em 1958 obteve seu título de doutor em
Geografia, na Universidade de Stras-
bourg (França), passando a ensinar na
Universidade Católica de Salvador e, de-
pois, na Universidade Federal da Bahia,
na década de 1960. Sua habilidade com
as palavras e seu texto vigoroso rendeu-
-lhe a participação em jornais, como A
Tarde, em Salvador na década de 1960
e, na de 1990, na Folha de S.Paulo, em
São Paulo.
Homem de ação política aceitou o
convite para participar de governos no
início da década de 1960 que culminou
com sua prisão em 1964, por ocasião do
golpe de estado implementado pelos
militares ao Brasil. Foram 03 meses
difíceis. Ao sair da prisão carregava
consigo uma decisão: era preciso partir.
O geógrafo ganhava o mundo.
O começo de sua carreira internacional
forçada ocorreu na França, onde traba-
lhou em diversas universidades, como
as de Toulouse (1964-1967), de Bourde-
aux (1967-19680) e de Paris (1968-1971).
Durante esses anos realizou estudos
sobre a geografia urbana dos países
pobres e produziu vários livros como
Dix essais sur les villes des pays-sous-
-dévelopés (1970), Lês Villes du Tiers
Monde (1971) e L’espace partagé (1975),
26
traduzido como O espaço dividido: os
dois circuitos da economia urbana, em
1978. Este último marca a expressão de
uma de suas ideias originais: a existên-
cia de dois circuitos da economia. O
primeiro constituído pelas empresas,
pelos bancos e firmas de seguros, ao
qual chamava de rico. O segundo ex-
pressado pela economia informal, por
meio do comércio ambulante e dos
demais circuitos pobres da economia.
Da França partiu para vários países,
vivendo de maneira itinerante e como
professor convidado. Atuou em centros
universitários, da América do Norte
(Canadá, University of Toronto -1972-
1973); Estados Unidos (Cambridge,
Massachusetts Institute of Technology
– 1971-1972, e Nova York, Columbia
University– 1976-1977), da América
Latina (Peru, Universidad Politécnica
de Lima – 1973; Venezuela, Universidad
Central de Caracas – 1975-1976) e da
África (Tanzânia, University of Dar-es-
-Salaam – 1974-1976).
Seu retorno ao Brasil decorreu de um
acontecimento especial ao geógrafo
baiano: a gravidez de sua segunda
esposa, Marie Hélene Santos. Milton
queria que seu segundo filho, Rafael
dos Santos, nascesse baiano, como
seu primogênito, o economista Milton
Santos Filho, que faleceu poucos anos
antes que o pai.
Em 1978 estava de volta à vida uni-
versitária brasileira. Mas trazia na
bagagem uma obra que marcou, so-
bretudo os geógrafos marxistas do
país: “Por uma Geografia Nova”, que
foi traduzida para vários idiomas em
diversos países. Neste trabalho, Mil-
ton Santos preconiza uma geogra-
fia voltada para as questões sociais.
Entre 1978 e 1982 trabalhou como pro-
fessor visitante na Faculdade de Arqui-
tetura da Universidade de São Paulo –
USP. Atuou também como professor na
Universidade Federal do Rio de Janeiro
–UFRJ, onde permaneceu até 1983.
Em 1983 ingressa em uma nova insti-
tuição de ensino e pesquisa: O Depar-
tamento de Geografia da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da USP, onde organizou congressos,
ministrou aulas na graduação e na pós-
-graduação, pesquisou, produziu livros
e formou alunos.
A produção intensa desenvolvida no
Departamento de Geografia da USP re-
sultou na indicação para receber o prê-
mio Vautrin Lud, que é considerado o
Prêmio Nobel no âmbito da Geografia.
Em 1994 Milton Santos foi o primeiro
intelectual de um país pobre e o primei-
ro que não tinha o inglês como língua
pátria, agraciado com tal distinção.
O prêmio internacional promoveu um
redescobrimento de Milton Santos no
Brasil. Passou a ser requisitado por
órgãos de imprensa para entrevistas e
depoimentos. Mas mantinha seu senso
críticoaisso,afirmandoque“umintelec-
tual não pode falar todos os dias. É pre-
ciso tempo para amadurecer as ideias“.
Depois de 1994 sua vida foi marcada
pelo reconhecimento de sua produção
como geógrafo e intelectual crítico.
Recebeu entre outras premiações, o de
Mérito Tecnológico (Sindicato de En-
genheiros do Estado de São Paulo, em
1995), Personalidade do Ano (Instituto
de Arquitetos do Brasil, Departamento
do rio de Janeiro, em 1997), 11ª. Medalha
27
Chico Mendes de Resistência (Grupo
Tortura Nunca Mais, em 1999), O Bra-
sileiro do Século (Isto é, 1999), Multicul-
tural 2000 Estadão (O estado de S.Paulo,
em 2000). Fora do país, recebeu, entre
outros prêmios, a Medalha de Mérito
(Universidad de La Habana – Cuba,
em 1994) e o prêmio UNESCO, catego-
ria Ciência (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura, em 2000).
Ampliou também sua série de honrarias
universitárias como os títulos de Doutor
Honoris Causa em Universidades como
a Université de Toulouse (1980), Univer-
sidad de Buenos Aires (1992), Univer-
sidad Complutense de Madrid (1994),
Universidade de Barcelona (1996), entre
tantas outras, incluindo mais de uma
dezena no Brasil, onde ainda recebeu
o título de Professor Emérito da Fa-
culdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Pau-
lo, em 1997.
Após o diagnóstico de um câncer em
1994, ao contrário de esmorecer, intensi-
ficou o seu trabalho de intelectual, para
perplexidade dos que o acompanhavam
de perto, até a data de seu falecimento
em 24 de junho de 2001.
(As informações sobre essa personagem foram retiradas
desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado
em: http://miltonsantos.wordpress.com/biografia-de-
milton-santos/)
Sobre Carolina Maria de Jesus, Ve-
rena Leite de Brito e Maria Dimpina
Lobo Duarte, elaborei pesquisas e, a
seguir, apresento as autoras, relevan-
do suas importantes contribuições
para a cultura afro-brasileira.
Carolina Maria de Jesus
O interesse despertado por Caro-
lina de Jesus está relacionado a sua
história de vida e à consagração dos
seus escritos, principalmente com o
livro Quarto de Despejo (1960), tradu-
zido em 13 idiomas. Outro aspecto
importante é sua contribuição para
explicar a realidade social em que vi-
viam a população pobre e os negros.
Natural de Sacramento, Minas
Gerais, onde nasceu em 1914 e onde
viveu sua infância e adolescência.
Migra com sua mãe para São Paulo
e vai viver na favela Canindé, nas
proximidades do Rio Tietê. Mãe de
três filhos, João José, Vera Eunice e
José Carlos, vivencia um contexto de
adversidade marcado pelo precon-
ceito racial e social.
A trajetória de Carolina se con-
funde com seus escritos, em que
denunciava as dificuldades e a se-
28
gregação racial representada pela
periferia. Estudou até seus 08 anos
- os primeiros anos da fase primária
de alfabetização - depois passou a
desenvolver por conta própria sua
aprendizagem.
A alfabetização da população ne-
gra foi um tema obsessivo na vida
de Carolina. Para ela, os critérios de
alfabetização formal cumpriam a
função de mudar a vida das pessoas.
Para Meihy (2004, p. 47, grifos do
autor):
O inventário da vida de Carolina até
a chegada a São Paulo deixa entrever
alguns aspectos fundamentais para
o seu futuro. O primeiro livro lido
foi Escrava Isaura e a Vida de Santa
Tereza.Oprimeirolivrocompradofoi
Primavera,deCassimirodeAbreu(...).
A consciência de que sabia ler e, mais
do que isso, do que podia escrever
garantiu-lhe o ingresso em um novo
mundoquecomprometiaarigidezdo
destino dos negros não alfabetizados.
Carolina foi descoberta pelo re-
pórter Audálio Dantas que, por oca-
sião de um trabalho de reportagem
sobre a favela de Canindé, tomou
conhecimento deseus escritos, nos
quais ela registrava os problemas da
favela e as dificuldades que viven-
ciava. Maravilhado com os escritos
da autora, põe-se a auxiliá-la, orga-
nizando e fazendo a apresentação
de sua produção a um editor, que
publicou seu primeiro livro.
Daí para ser conhecida no mundo
foi rápido. Seus livros deram suporte
a uma extensa leitura e análise sobre
a realidade nas favelas, até então
pouco conhecida naquele período,
e até hoje contribuem para pensar a
realidade racial brasileira.
A autora concebeu sua vida como
obra, registrando diariamente suas
experiências com a miséria e discri-
minação racial. Por meio de diários,
expressava seu estilo e a narrativa
nas suas obras: Quarto de despejo
(1960); Casa de alvenaria (1961); Pro-
vérbios (1963); Pedaços da fome (1963)
e Diário de Bitita (1986-memória pós-
tuma) eram marcados pela denúncia
dos problemas sociais e raciais.
Sobre o livro Quarto de despejo,
Meihy (2004) faz a seguinte obser-
vação: “irrompeu como um cometa
radiante riscando o céu tisnado de
figuras populares como a escritora”
(p.20, grifos do autor).
‘Quarto de Despejo’ inspirou diver-
sas expressões artísticas como a letra
do samba ‘Quarto de Despejo’ de B.
Lobo; como o texto em debate no
livro ‘Eu te arrespondo Carolina’ de
Herculano Neves; como a adaptação
teatral de Edy Lima; como o filme
realizada pela Televisão Alemã, uti-
lizando a própria Carolina de Jesus
como protagonista do filme ‘Des-
pertar de um sonho’ (ainda inédito
no Brasil); e, finalmente, a adaptação
para a série ‘Caso Verdade’ da Rede
Globo de Televisão em 19831
.
1	 Trecho retirado do site:: http://esperanca-garcia.blogs-
pot.com/2010/07/biografia-carolina-maria-de-jesus.
html
29
De empregada doméstica e cata-
dora de papel à escritora, graças ao
seu gosto pela leitura, Carolina em
seus próprios escritos deixou trans-
parecer seu apego e a importância
que dava aos livros. Por ocasião
de sua mudança para São Paulo:
“encaixotava os meus livros, a única
coisa que realmente eu venerava”
(MEIHY, 2004, p. 47).
Pesquisas recentes busca organizar
sua biografia para trazer ao presente
a memória de Carolina. Dois textos
assinados por ela, ainda que pouco,
pode auxiliar nesse processo. Um de-
les é intitulado de Minha vida e outro
o Sócrates africano, referindo-se ao seu
avô. Conjuntamente, esses textos in-
formam um pouco sobre suas visões
de mundo e de sua família.
Carolina morreu aos 62 anos, em
1977, deixando expostos em seus
escritos a realidade de desigualdade
social e racial inconteste, que ela
sempre denunciou de forma inci-
siva, causando desagrados à elite
política da época, o que lhe custou
um silenciamento até hoje sobre si
e seus escritos.
Verena Leite de Brito
Verena de Leite Brito desponta na
memórianegramato-grossensecomo
mulher de grande liderança e pela sua
contribuiçãonaeducação.Nasceuem
Vila Bela da Santíssima Trindade, pri-
meira capital de Mato Grosso, numa
importantefamílialocal.FilhadeNilo
Leite Ribeiro, que lhe deu o nome de
uma flor de grande beleza que aflora
na estação primaveril.
Em meio as poucas possibilidades
e dificuldades de acesso a uma carrei-
ra intelectual, Verena construiu uma
trajetória marcada pela preocupação
com a educação das crianças, com a
saúde e os problemas sociais viven-
ciado por todos na região onde viveu.
De forte compromisso religioso,
vivenciou a Teologia da Libertação,
na igreja católica. Era benzedeira e
fazia parte da Irmandade de São Be-
nedito, onde contribui para manter
a tradição cultural negra, peculiar
da cidade de Vila Bela da Santíssima
Trindade, devida a forte presença
negra. Com rezadeira e benzedeira,
30
gozava de grande prestigio e au-
toridade na comunidade. “Verena
assumiu a missão de coordenar,
além da catequese das crianças, as
práticas religiosas da comunidade:
organizar a festa de São Benedito,
do Divino e das Três Pessoas [...].
Confortava quem estava no fim da
vida, dando-lhe extrema-unção”.
(GONÇALVES, 2000, p. 56).
Com o mesmo afinco como pro-
fessora, Verena assumiu a posição de
rezadeira, desenvolvendo serviços
comunitários. Amplia as atividades
de rezadeira com a de mestre e zela-
dora. O papel de zelador, comumen-
te assumido pelos homens, era de
hospedar o bispo e padres, ficavam
responsáveis pelos casamentos e
escrituração dos registros religiosos.
Todas essas atividades passaram a
ser desenvolvida por Verena, con-
forme Gonçalves (2000).
Como possuía grande preocupa-
ção social, buscava sempre colaborar
com as pessoas mais necessitadas,
aliou a sua prática social a função
de enfermeira, assim, dedicava-
-se com competência ao exercício
da profissão. Segundo Gonçalves
(2000), nessa área Verena, realizava
atividades de primeiros socorros,
vacinação e aplicações de injeções,
a partir dos devidos diagnósticos e
prescrição médica. Como agente de
saúde aliava os conhecimentos da
medicina popular, respeitando os
conhecimentos e cultura local.
Mas foi na educação seu maior
legado. Desde muito cedo se preocu-
pou se com a instrução da população
local. Sua dedicação em colaborar
com a educação das crianças era tan-
ta que chegou a transformar sua casa
em sala de aula, para que as crianças
sem acesso à formação escolar, por-
que viviam na zona rural da região,
pudessem estudar. Devido a sua
formação e competência, no inicio
dos anos de 1940, já lecionava numa
escola local, em todos os períodos,
chegando a ser diretora.
Possuidora de uma visão peda-
gógica avançada, rompe com a ideia
tradicional de educação, abolindo o
uso de palmatória nas suas aulas e a
separação entre meninos e meninas
em sala de aula. Defendia a impor-
tância da relação professor ealuno no
processo educativo e a ampla partici-
pação dos pais no acompanhamento
da vida escolar dos filhos. Aliado a
isso, investia na prática de ensino que
tornasseo processo deaprendizagem
mais prazerosa, incluía a música, o te-
atro e o desenho como instrumentos
no processo de aprendizagem.
Para sua época, Verena traduzia
um novo pensamento pedagógico
no que refere ao processo de apren-
dizagem e ensino. Ela morreu em
1977 e faz parte da memória negra,
especialmente a vilabelense, tida
como uma importante mulher na
história da educação local. Um ano
depois da sua morte foi homenage-
ada pela comunidade que registrou o
nome do estabelecimento de ensino
onde trabalhou como Escola Esta-
dual Verena Leite de Brito.
31
Maria Dimpina Lobo Duarte
A primeira funcionária pública do
estado de Mato Grosso. Assim, Ma-
ria Dimpina Lobo Duarte se insere
na história mato-grossense. Nasceu
em Cuiabá no ano de 1891. Rompe
as barreiras machista, torna-se uma
importante militante dos direitos da
mulher e encabeça a luta em Mato
Grossopelodireitoaovotofeminino.
Desde muito cedo, dedica-se
aos estudos. Foi à primeira aluna a
ingressar no Liceu Cuiabano, pois,
até o seu ingresso, na Instituição
só estudava homens. Formada em
Ciências e Letras, ainda muito jovem
ingressa no magistério, dedicando-se
a essa profissão. Mais tarde fundou
um Colégio Particular, o Colégio
São Luiz.
Juntamente com um grupo de
mulheres, em 1916, fundou o Grê-
mio Literário Júlia Lopes, e a revista
A violeta, e nela exerceu a função de
diretora e redatora. Essa Revista cir-
culou no Estado por mais ou menos
40 anos.
Veja abaixo um trecho de um dos
seus artigos, publicado na revista
A violeta:
Já vão bem longe os tempos em que
se cogitava de educar a mulher ape-
nas para o lar. Instruída era aquela
que completava o curso primário
findo o qual, ou em o próprio lar ou
fora dele, aprendia a confeccionar
roupas, a fazer os serviços de copa,
cozinha, enfim, todos os que dizem
respeito ao interior da casa, cujo go-
verno lhe era destinado ou por força
de casamento, ou, se ficasse solteira,
como administrado domestica em
casa dos pais ou parentes com quem
fosse obrigada a residir.
Desapareceu completamente essa
nora educativa e, de um momento
para outro, viemos deparar com um
outro sistema que forma a mulher
moderna, a que concorre com o
homem para os cargos públicos,
a que enfrenta os concursos das
repartições, a que, enfim, cursando
escolas superiores, conquista altas
colocações na sociedade, o que, no
entanto, a prática já demonstrou,
não dirime as funções que lhe são
atinentes de esposa e mãe porque o
coração dita leis às quais o cérebro se
suborna (DIMPINA, Maria. “Educa-
ção doméstica”. A violeta. 5 jan. e fev.
de 1946, p. 327, 328).
32
De um brilhantismo intelectual
invejável, participa do concurso na-
cional para trabalhar nos Correios e
Telégrafos, passando em primeiro
lugar. Da mesma forma, conseguiu
o primeiro lugar num concurso lite-
rário de âmbito nacional, promovido
pelo Jornal do Comércio do Rio de
Janeiro.
Após se casar com um militar,
começa a acompanhar seu marido
nas transferências de cidades. Fren-
te a essa situação, depara-se com
problemas em assegurar sua vaga
no serviço público. Começa a en-
campar mais uma luta, a de garantir
que as mulheres de militares não
perdessem seus concursos em de-
corrência de terem de acompanhar
os maridos militares transferidos.
Para tanto, utiliza-se de seu poder
de escrita e argumentação, solicita
junto ao presidente Getúlio Vargas,
que fosse assegurado os concursos
públicos das mulheres nesses casos.
Suas argumentações foram aceitas
pelo então presidente da república
e abriu, mais tarde, precedentes
para regularização de situações se-
melhantes em outras categorias de
servidores públicos.
Assim, Maria Dimpina, se ins-
creveu na história de Mato Grosso,
através da luta pelos direitos femi-
ninos. Morre em 1966 em Cuiabá.
Atualmente, nessa mesma cidade,
existe uma escola municipal, que
leva o seu nome em homenagem e
reconhecimento à importância da
sua história tão pouco conhecida no
Estado e no Brasil.
3. A arte afro-brasileira
Também são muitas e de grande
valor as produções dos afro-brasi-
leiros nas artes plásticas. Por falta
de espaço, apresentaremos apenas
algumas imagens das produções
desses artistas. Essa amostra, ainda
que mínima, possibilita pensarmos
na qualidade das obras de arte elabo-
rada pelos negros brasileiros.
Pode-se dizer que o valor do signi-
ficado das contribuições dos negros
nas artes do Brasil é a expressão de
um sentimento profundo e a afir-
mação de um povo, cuja obra que
está exposta a julgamento de todos
(ARAUJO,2010).
Raimundo da Costa e Silva. Nossa Senhora do Carmo.
Seculo XVIII. Óleo sobre tela. Igreja da Ordem Terceira do
Carmo, Rio de Janeiro, RJ.
33
Antonio Rafael Pinto Bandeira. Habitação na raiz da Serra da Estrela, 1897. Óleo sobre tela 28 x45,5 cm. Iphan, RJ.
Maria Auxiliadora da Silva. A colheita de cactos, 1978. Óleo sobre papelão, 57x68 cm. Coleção Particular.
34
Estevão Roberto da Silva, Natureza morta, 1884. Óleo sobre tela. Coleção particular.
Otavio Araújo (São Paulo). A tentação de Santo Antonio,1987. Óleo sobre tela, 73x 54 cm. Coleção particular.
35
Antonio Bandeira (Fortaleza,CE – Paris, França 1967) Arvores negras em bonina, 1951. Oleo sobre tela, 56 x 47 cm.
Coleção particular.
36
Gervane de Paula (Cuiabá MT, 1962) – Tela, Bichos, 1987. Acrilica s/tela. 150 x 150 cm. Coleção particular.
Yedamara (Salvador-BA, 1940) – Barcos. Óleo sobre tela. Coleção particular.
37
Nominata sobre alguns
artistas e intelectuais negros
Aqui, segue uma nominata encon-
trada no livro A mão afro-brasileira, que
traz referências importantes sobre in-
telectuais e artistas negros brasileiros
na formação cultural do país.
Observamos que no livro A mão
afro-brasileira somente estão inclusas
a relação de nomes das personali-
dades negras que já morreram. Elas
estão relacionadas em categorias
como: arquitetura; engenharia; ci-
ências sociais; cinema; diplomacia;
educação; esporte; filologia; filoso-
fia; folclore; fotografia; geografia;
indústria; invenções; jornalismo;
literatura; magistério; magistratura,
procuradoria, promotoria e advo-
cacia; militares; movimento de liber-
tação; música; política; psiquiatria;
religião e teatro.
Abaixo, segue parte da relação
dessas categorias, bem como a dos
nomes originalmente inclusos.
Arquitetura
Arquiteto
RODRIGUES, António, Fernandes
Mariana, MG, séc. XVIII –...2
gravador
ativo em Lisboa
Engenharia
Engenheiros
SAMPAIO, Teodoro Fernandes. - Bom
Jardim, município de Santo Amaro, BA,
1855 – Rio de Janeiro, RJ, 1937, geógrafo,
cartógrafo, urbanista, arquiteto, historiador,
2	 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.
Helio Oliveira (Salvador, 1929). Iaô. Xilogravura.
Coleção particular
38
sociólogo, literato, tupinólogo e político.
Um dos organizadores da Escola Politéc-
nica de São Paulo.
SILVA, Alfredo Índio do Brasil:...3
RS, 1853
– entre Santo Antonio e Manaus, AM, 1883,
engenheiro da Comissão de Estudos da
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Ciências Sociais
Sociólogo
RAMOS. Alberto Guerreiro.: Santo Amaro
da Purificação, BA, ? – Los Angeles, Es-
tados Unidos, 1982, sociólogo e político
brasileiro. Figura de grande relevo da ciência
social no Brasil. Foi deputado federal pelo
Rio de Janeiro e membro da delegação do
Brasil junto à ONU. É autor de dez livros.
Professor visitante da Universidade Federal
de Santa Catarina, professor da Ebap (Es-
cola Brasileira de Administração Pública) e
da Fundação Getulio Vargas. Pronunciou
conferências em Pequim, Belgrado e na
academia de Ciências da extinta União So-
viética. EM 1955, foi conferencista visitante
da Universidade de Paris. Nos anos de 1972
e 1973 foi visiting fellow da Yale University
e professor-visitante da Wesleyan Universi-
ty. Deixou o país em 1966, radicando-se nos
Estados Unidos, onde passou a ensinar na
Universidade do Sul da Califórnia.
Diplomacia
ALVES, Manuel.:Embaixador de D. João
VI e D. Pedro I, tomou parte ativa na Sa-
binada, em 1837. Cavalheiro da Ordem de
Cristo. Recolhido às gáles do Arsenal da
Marinha, ali morreu.
CRUZ, Antonio Gonçalves, o Cabugá: Re-
cife, PE, 1970 – Chuquisaca, Bolívia, 1833,
3	 desconhecida a cidade de nascimento.
participou da Revolução de 1813. Após a
Independência, foi nomeado cônsul-geral
do Império do Brasil junto ao governo
americano, para tratar do reconhecimento
do novo Estado. Não chegou a tomar
posse, pois nunca lhe veio às mãos a carta
de nomeação. Encarregado de negócios e
cônsul-geral na Bolívia em 1831.
Educação
ABREU, Luciana de: Porto Alegre, RS, 1847
-...4
, professora primária, conferencista e
abolicionista. Seus biógrafos a consideram
a primeira mulher a discursar em público
defendendo os direitos de seu sexo.
BARROS, Antonieta de: Florianópolis, SC,
1901 -1952, jornalista, escritora, primeira
mulher eleita à Assembléia Legislativa de
Santa Catarina (1935).
Esporte
Boxe
BARBOSA, JR., Romeu. Pugilista, despe-
diu-se dos ringues em 1963.
Capoeira
BIMBA, Mestre. Falecido em Salvador, BA.
PASTINHA, Mestre. Falecido em Salva-
dor, BA.
Futebol
Jogadores
FAUSTO, o “Maravilha Negra”. Falecido
em Palmira, MG, 1939.
FRIEDENREICH, Artur, “El Tigre”. São
Paulo, 1892 – Idem, 1969, também ator
de cinema.
GARRINCHA. Pau Grande, RJ, 1933 – Rio
Janeiro, RJ, 1983, campeão Mundial.
4	 desconhecida a cidade de falecimento.
39
Técnicos
GLORIA, Otto. Rio de Janeiro, RJ, 1919
– Idem, 1986
Filologia
MURICI, João da Veiga. Salvador, BA,
1806-1890, autor de compêndios de gra-
mática, lecionou francês, latim, português,
grego e filosofia. Compositor, flautista e
violonista.
NASCENTES, Antenor. Rio de Janeiro, RJ,
1886-1972, autor de vários compêndios de
gramática, professor e advogado.
Filosofia
MENEZES, Tobias Barreto de. Campos
do Rio Real, SE, 1839 – Recife, PE, 1889,
poeta, fundador da Escola Condoreira,
lente da Faculdade de Direito do Recife,
dedicou-se à critica filosófica, religiosa,
política e jurídica.
Indústria
REIS, João Manso Pereira dos...5
MG, 1750
– Angra dos Reis, RJ, 1820, de alcunha, “O
QUÍMICO”. Sua indústria de porcelana
funcionou na ilha do Governador, RJ, mas
não foi adiante por falta de capitais e mão
de obra especializada. Aperfeiçou-se em
trabalhos de charão.
Invenções
LUCAS, Padre Dr. José Joaquim. Vigário
do bairro de Inhaúma, Rio de Janeiro,
na década de 1930, inventou máquina de
escrever música.
SOUSA, Julio César Ribeiro de. São José do
Acará, PA, 1843 – Belém, PA, 1887, jorna-
lista e poeta satírico. Inventou um aeróstato
a que deu o nome de Balão Planado. Em
5	 Desconhecida a cidade de nascimento.
1881 apresentou ao Instituto Politécnico
do Brasil sua “Memória sobre a navegação
aérea”. Em Paris, fez construir os aeróstatos
Vitória, Santa Maria de Belém e Cruzeiro,
com os quais realizou experimentos na
capital francesa e no Rio de Janeiro.
Jornalismo
Rio Grande do Sul.
CASTRO, Apulcro de. Redator de O Cor-
sário, assassinado no Rio de Janeiro, em 25
de outubro de 1883.
MAGALHÃES NETO, José Vieira Cou-
to de. São Paulo, SP, 1910-1937, poeta e
orador.
NASCIMENTO, Deocleciano. Fundou em
São Paulo, em 1915, o jornal O Menelick,
primeiro órgão da imprensa do país.
ROCHA, Justiniano José da. Rio de Janeiro,
RJ, 1812 – Idem, 1862, bacharel em Direito,
deputado à Assembléia Nacional, professor
do Colégio D. Pedro II e da Escola Central.
Fundou sete jornais no Rio de Janeiro.
ROSA, Francisco Otaviano de Almeida. Rio
de Janeiro, RJ, 1825 – Idem, 1889, poeta,
deputado, senador, enviado extraordinário
e ministro plenipotenciário ao Rio da Prata,
onde negociou o Tratado da Tríplice Alian-
ça. Colaborou na redação da Lei Do Ventre
Livre (1871). Diretor do Diário Oficial e de
várias publicações. Cognominado “A Pena
de Ouro” da imprensa brasileira.
VEIGA, Evaristo Ferreira da. Rio de Janei-
ro, RJ, 1799 -1837, livreiro, tradutor, poeta,
membro do Instituto Histórico da França
e da Arcádia Romana. Dirigiu o Jornal Flu-
minense e foi o mais importante jornalista
de sua época.
40
Literatura
Cantadores
CEGO ADERALDO. Crato, CE, 1878 –
Fortaleza, CE, 1967.
ASSIS, Manuel Tomás de. Alagoas Nova,
PB, 1899 -...6
Por mais de 55 anos imprimiu
e vendeu seus folhetos de cordel.
BARBOSA, Chica (Chica Barroso). Patos,
PB, fins do séc. XIX -...7
, PB, 1916.
CALUETE, Francisco Romano. Teixeira,
PB, 1840-1891.
CATINGUEIRA, Inácio da. Catingueira,
PB, 1845-1881, ex-escravo, célebre por
seus desafios.
QUEIMADAS, Fabião das. Santa Cruz,
RN, 1848-1928, escravo que, com dinheiro
que ganhava em cantorias, comprou sua
alforria, a de sua mãe e a de uma sobrinha,
com quem casou.
RIO PRETO. Cangaceiro, terror da ribeira
do Rio do Peixe, PB, no século passado.
SANTO AMARO, Cuíca de. Salvador,
BA,...8
, faleceu em 1965. Intitulava-se “Po-
eta Proletário”, “Repórter-poeta” e “Ele, o
Tal”. Ator de cinema.
Conto, crônica, ensaio, romance e
teatro
ALMEIDA, Joaquim Garcia Pires de. Rio
de Janeiro, RJ, 1844-1873, dramaturgo e
poeta.
ANDRADE, Mário de. São Paulo, SP,
1893-1945, Crítico literário, musica e de
artes, contista, romancista, folclorista, mu-
sicólogo. Foi um dos chefes do Movimento
Modernista. Fundou o Departamento de
6	 desconhecida a data de falecimento.
7	 desconhecida a data de nascimento.
8	 desconhecida a data de nascimento.
Cultura da Prefeitura de São Paulo e foi um
dos fundadores do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional.
ASSIS, Machado de. Rio de Janeiro, RJ,
1839 -1908. Romancista, poeta, cronista,
jornalista, critico literário e teatral, dra-
maturgo, tradutor, primeiro presidente da
Academia Brasileira de Letras.
BARRETO, Lima. Rio de Janeiro, RJ, 1839
- 1922. Comediógrafo e um dos maiores
romancistas de sua geração.
CARNEIRO, Edson de Sousa. Salvador,
BA, 1912 – Rio de Janeiro, RJ, 1972, ad-
vogado, etnólogo, folclorista, autor de im-
portantes estudos sobre as religiões negras.
COLAÇO, Felipe Néri....9
, PE, 1813 -..,10
Bacharel em Direito.
DEIRÓ, Eunápio. Santo Amaro da Purifi-
cação, BA, 1829 -1910, orador, jornalista,
historiador, literato, deputado à Assembléia
Provincial e Geral.
FERRAZ, Geraldo. Campos Novos, SP,
1905 – São Paulo, SP, 1979, crítico de arte
e romancista.
FUSCO, Rosário. São Gonçalo, município
de Rio Branco, MG, 1910 – Cataguases,
MG, 1977, dramaturgo, romancista.
GARCIA, Antonio José Nunes. Rio de
Janeiro, RJ,...11
tipógrafo, dramaturgo, poeta
e ourives
GÓES, Fernando...12
1915 – São Paulo, SP,
1979, ensaísta, organizou antologias do
conto brasileiro.
PATROCINIO FILHO, José do. Rio de
Janeiro, RJ, 1885 – Paris, França, 1929, cro-
9	 desconhecida a cidade de nascimento.
10	desconhecida a data de falecimento.
11	desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.
12	desconhecida a cidade de nascimento.
41
nista, empresário teatral, escreveu revistas
musicadas. Roteirista de cinema, um dos
primeiros produtores de cinema do Brasil.
PEREIRA, Nunes. São Luis, MA, 1893
– Rio de Janeiro, RJ, 1985, etnólogo e
folclorista
REIS, Maria Firmina dos. São Luís, MA,
1825-1917, professora de primeiras letras.
Seu romance Ursula passa por ser o primeiro
livro abolicionista escrito por uma mulher
entre nós.
ROCHA, Lindolfo Jacinto. Grão Mogol,
MG, 1862 – Salvador, BA, 1911, magistrado,
jurista, poeta e romancista.
SOUSA, Antonio Gonçalves Teixeira e.
Cabo Frio, RJ, 1812 – Rio de Janeiro, 1861,
poeta, dramaturgo. Publicou, em 1843, O
Filho do pescador, considerado o primeiro
romance brasileiro de certo valor literário.
Oratória parlamentar e sacra
VIEIRA, Padre Antonio. Lisboa, Portugal,
1608 – Salvador, BA, 1697, celebrizou-se
por seus sermões e foi ardente defensor da
liberdade dos índios.
VIEIRA. Cardoso...,13
PA. Rio de Janeiro,
RJ, 1883, jornalista, filólogo.
Poesia
ALVARENGA, Manuel Inácio da Silva. São
João Del Rei, MG, 1749 – Rio de Janeiro,
RJ, 1814, capitão-mor das Milícias dos
Homens Pardos, advogado, professor régio
de Retórica e Poética, músico (rabequista).
Participou da Inconfidência Mineira.
ALVES, Antonio de Castro. Fazenda Ca-
beceiras, Curralinho, BA, 1847, - Salvador,
BA, 1871, cognominado “O poeta da
Abolição”. Foi o maior representante da
13	desconhecidas a cidade e data de nascimento.
Escola Condoreira e um dos maiores vultos
do romantismo brasileiro.
ALVES, Guilherme de Castro. Fazenda
Cabeceiras, Curralinho, BA, 1852 -1877
BARBOSA, Padre Domingos Caldas. Rio
de Janeiro, RJ, c. 1739 – Lisboa, Portugal,
1800, o Lereno Selunitinio, dramaturgo,
capelão da Casa de Suplicação de Lisboa,
recebido na Arcádia Romana. Guitarrista e
violinista, acompanhava-se em modinhas
de sua autoria.
BILAC, Olavo. Rio de Janeiro, RJ, 1865
-1918, jornalista, um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras, abolicionista,
republicano, poeta parnasiano.
CAMPOS, Astério Barbosa de. Amargosa,
BA, 1880 -...14
, poeta simbolista.
CASTRO, Galdino de. Salvador, BA, 1882
-...15
, poeta, simbolista, médico.
COSTA, Cyro....16
, 1879 -1937, historiador.
CRESPO, Antonio Cândido Gonçalves.
Rio de Janeiro, RJ, 1846 – Lisboa, Portugal,
1883, poeta parnasiano, viveu quase a vida
toda em Portugal.
DIAS, Antônio Gonçalves. Caxias, MA,
1823 -1864, poeta romântico, dramaturgo,
jornalista, professor, formado em Direito,
em Coimbra. Primeiro catedrático de histó-
ria do Brasil no Colégio Dom Pedro II, na
Corte. Morreu em um naufrágio.
DIAS, Teófilo Odorico de Mesquita. Caxias,
MA, 1857 – São Paulo, SP, 1889, advogado
e jornalista
FONTES, Hermes. Buquim, SE, 1888 –
Rio de Janeiro, RJ, 1930, jornalista e letrista.
14	desconhecida a data de falecimento
15	desconhecida a data de falecimento.
16	desconhecida a cidade de nascimento e falecimento.
42
GAMA, José Basílio da. Vila de São José
(atual Tiradentes), MG, 1741 – Lisboa,
Portugal, 1795, cursou aulas de Direito
em Coimbra e entrou aos 23 anos para a
Arcádia Romana. Um dos fundadores da
Academia Literária, no Brasil (1780).
LIMA, Jorge de. União dos Palmares, AL,
1895 – Rio de Janeiro, RJ, 1953, médico,
vereador, deputado estadual, professor
da Universidade do Distrito Federal e da
Universidade do Brasil.
MANGABEIRA, Francisco Cavalcanti.
Salvador, BA, 1879 – Gurupi, MA, 1904,
médico.
MEIRELES FILHO, Saturnino Soares
de. Rio de Janeiro, RJ, 1878 – Idem, 1906,
poeta simbolista.
RABELO, Laurindo José da Silva. Rio de
Janeiro, RJ, 1826 – Idem, 1864, médico
militar, dramaturgo, poeta satírico e lírico.
REGO, João de Deus, PA,...17
Publicou Pri-
meiras Rimas, seu livro de estréia, em 1888.
RICARDO, Cassiano: São José dos Cam-
pos, SP, 1895 – São Paulo, SP, 1974, poeta
modernista, ensaísta
ROSA, Laura: Caxias, MA,...18
MA. Foi a
primeira mulher a entrar para a Academia
Maranhense de Letras, na década de 1930.
SALDANHA, José da Natividade:...19
, PE,
1795, Colômbia, 1830, bacharel em Direito
por Coimbra, professor de Humanidades
em Bogotá, na Colômbia, condenado à
morte por sua participação na Revolução
de 1824. Fugiu para os Estados Unidos e
de lá passou para a França, a Inglaterra, a
Venezuela e a Colômbia.
17	desconhecidasacidade,datadenascimentoefalecimento.
18	desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.
19	desconhecidas a cidade de nascimento e data de fale-
cimento.
SOUSA, Henrique Castriciano de. Macaí-
ba, RN, 1874 – Natal, RN, 1947, primeiro
presidente da Academia Rio-Grandense
de Letras.
SOUSA, João da Cruz e. Nossa Senhora do
Desterro (atual Florianópolis), SC, 1861 –
Sítio, MG, 1898, poeta simbolista e jornalista
engajou-se na campanha pela abolição.
TITARA, Major Ladislau dos Santos. Capu-
ame, BA, 1801 – Rio de Janeiro, RJ, 1861,
participou das guerras de independência,
na Bahia. Compositor.
TRINDADE, Solano. Recife, PE, 1908 –
Rio de Janeiro, RJ, 1974, folclorista, funda-
dor do Teatro Popular Brasileiro. Em 1936
fundou a Frente Negra Pernambucana e o
Cento de Cultura Afro-Brasileiro.
Editores
BRITO, Francisco de Paula. Rio de Janeiro,
RJ, 1809 -1861, tipógrafo, editor, jornalista,
tradutor, dramaturgo, litógrafo e poeta. Edi-
tou cinco jornais, entre eles, O Homem de
Cor (1833), título alterado mais tarde para
O Mulato ou O Homem de Cor, primeiro
jornal brasileiro dedicado à luta contra os
preconceitos de raça.
Magistério
Idiomas
A L A K I J A , P o r f í r i o M a x w e l l
Assumpção:...20
, Nigéria, – Salvador, BA.
Professor de Inglês, na capital Baiana, nas
primeiras décadas do século XX, e colabo-
rador de Nina Rodrigues.
CARMO, José Santana do.:...21
, BA, – São
Paulo, SP. Professor de japonês da Aliança
Cultura Brasil- Japão, São Paulo.
20	desconhecidas a cidade e data de nascimento, data
falecimento.
21	desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.
43
Ensino universitário
CARVALHO, Cônego Ribamar.: MA,...22
,
– São Luís, MA. Foi reitor da Universidade
Federal do Maranhão.
CRUZ, Alcides de Freitas: Porto Alegre, RS,
1878 -...23
, Magistrado, deputado estadual,
professor da Faculdade Livre de Direito de
Porto Alegre.
MENEZES, Francisco da Conceição:
BA,...24
Salvador, BA, ?, Educador, profes-
sor da Universidade Federal da Bahia
MENEZES, Inácio de: BA....25
Salvador,
BA, professor da Universidade Federal de
São Carlos, SP.
OLIVEIRA, Eduardo de Oliveira e....26
,
1923 – São Paulo, SP, 1980, historiador,
professor da Universidade Federal de São
Carlos, SP.
ROCHA, Albano da Franca. BA,...27
, – Sal-
vador, BA, engenheiro, professor da Escola
de Engenharia da Bahia.
Magistratura, procuradoria,
promotoria e advocacia
Magistratura
ANTÍGONO, Leandro Paulo. Foi juiz de
Direito no estado do Amazonas.
BENJAMIM,PerilodeAssis,BA,...28
,BA,de-
sembargador do Tribunal de Justiça da Bahia
FARIA, Júlio César de. Caetité, BA, 1873-
22	desconhecidas as cidades, datas de nascimento e faleci-
mento.
23	desconhecida a data de falecimento.
24	desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.
25	desconhecidas a cidade de nascimento, as datas de
nascimento e falecimento.
26	desconhecida a cidade de nascimento.
27	desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci-
mento.
28	desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci-
mento.
São Paulo, SP,...29
, desembargador, presi-
dente do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo.
LACERDA, Anselmo Pereira de. Foi Juiz
de Direito no Estado do Amazonas.
G O M E S , C l e ó b u l o C a r d o s o,
BA,...30
,desembargador do Tribunal de
Justiça do Estado da Bahia.
LIMA, Herotides da Silva. São Paulo, SP,...31
desembargador do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo
SANTOS, José Cuba dos.: SP,...32
, juiz de
Direito em várias comarcas do Estado de
São Paulo
SARAIVA, Canuto José. Areias, SP, 1854
– Rio de Janeiro, RJ, 1919, ministro do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
e ministro do Supremo Tribunal Federal
SENA, Jardelino, BA, 1865 -...33
, RS, desem-
bargador do Supremo Tribunal de Justiça
do Rio Grande do Sul.
Promotoria
AURÉLIO JÚNIOR. Porto Alegre, RS,
1874 -...34
, promotor público, juiz de Di-
reito, jornalista.
MONTE, Valentim. Penedo, Al, 1865 -...35
,
promotor público, juiz de Direito em Porto
Alegre. Advocacia.
MORAIS, Antonio Evaristo de. Rio de
Janeiro, RJ, 1871- 1939, professor, histo-
riador, sociólogo e jornalista, presidente
da Sociedade Brasileira de Criminologia.
29	desconhecida a data de falecimento.
30	desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.
31	desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.
32	desconhecidas as data de nascimento e falecimento.
33	desconhecidas a cidade de nascimento, a cidade e data
de falecimento.
34	Desconhecida a data de falecimento.
35	Desconhecida a data de falecimento.
44
PRADO, Armando da Silva. São Paulo,
SP...36
advogado no foro de São Paulo.
REBOUÇAS, Conselheiro Antonio Pereira.
Maragojipe, BA, 1787 – Rio de Janeiro, RJ,
1880, Advogado provisionado; conselheiro
geral, na Província da Bahia, do Conselho
do Imperador; historiador, jurista, memo-
rialista; defendeu a extinção da escravidão.
Medicina
AQUINO, João Tomás de. Clinicou em São
Paulo na década de 1940.
CASTRO, Tito Lívio de. 1864-1890...37
,
escritor, vice-diretor do Asilo Nacional de
Alienados, RJ.
CONCEIÇÃO, Olga, BA...38
, Salvador, BA.
COUTINHO, José Lino.... 39
BA, 1784 – Sal-
vador, BA, 1836, formado em medicina por
Coimbra. Fazia parte do Conselho do Impe-
rador, médico honorário da Imperial Câma-
ra. Professor da Faculdade de Medicina da
Bahia. Escreveu sobre medicina e filosofia.
Participou das guerras da independência na
Bahia. Em Falmouth, Inglaterra, redigiu o
manifesto de 1822. Foi ministro do Império,
após abdicação de Dom Pedro I.
DIAS, Soares. Vassouras, RJ, 1864 – Rio
de Janeiro, RJ...40
, médico homeopata,
formado pela Escola Hahnemanniana do
Rio de Janeiro.
FONSECA, Luis Anselmo da. Santo Ama-
ro da Purificação, BA...41
, 1853 - 1929, lente
de física médica da Faculdade de Medicina
da Bahia. Autor de livros sobre medicina,
historiador.
36	desconhecidas as data de nascimento e falecimento.
37	desconhecidas as cidades de nascimento e falecimento.
38	desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci-
mento.
39	desconhecida a cidade de nascimento.
40	desconhecida a data de falecimento.
41	desconhecidas a cidade de nascimento e falecimento.
JR., José Maurício Nunes. Rio de Janeiro,
RJ, 1808 -...42
, médico-cirurgião, estudou
música com o pai, o padre José Maurício
Nunes Garcia, e pintura com Debret.
Publicou obras de medicina e Mauricianas,
coleção de músicas.
HOMEM, Barão de Torres – João Vicente
Torres Homem. Rio de Janeiro, RJ, 1837-
idem, 1887, médico da Imperial Câmara,
professor da Faculdade de Medicina do Rio
de Janeiro, autor de memórias e tratados.
MEIRELES, Joaquim Cândido Soares de.
Sabará, MG, 1797 – Rio de Janeiro, RJ,
1868, doutor em medicina pela Faculdade
de Medicina de Paris (1827). Do Conselho
do Imperador; médico do Imperial Câmara.
Fundador da Imperial Academia de Medi-
cina, no Rio de Janeiro, instalada em 24 de
abril de 1831. Deputado Provincial. Fundou
com Evaristo Ferreira da Veiga a Sociedade
Defensora da Liberdade e da Independên-
cia Nacional. Publicou pareceres, discursos
e dissertações médicas.
MEIRELES, Saturnino Soares de. Rio de Ja-
neiro, RJ, 1828 - 1909, doutor pela Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro. Do Conselho
do Imperador. Professor da cadeira de física
da Escola de Marinha. Aderindo à medicina
homeopática, fundou o primeiro Instituto
Hahnemanniano do Brasil.
MELO, Domingos Alves de....43
,BA, 1851 –
Salvador, BA, 1897, professor da Faculdade
de Medicina da Bahia.
MELO, José Alves de....44
, BA, 1847 – Salva-
dor, BA, 1901, lente de Física da Faculdade
de Medicina da Bahia.
42	desconhecida a data de falecimento.
43	desconhecida a cidade de nascimento.
44	desconhecida a cidade de falecimento.
45
MIRANDA, Ernesto Álvaro Pereira de.
Santo Amaro da Purificação, BA, 1849
-...45
, diretor em 1905, do Hospital de Porto
Alegre, RS.
MUTAMBA, Rufino José. BA -...46
, médico
do corpo de saúde do Exército, morreu
durante a campanha do Paraguai
MOURA, Caetano Lopes de: BA...47
,
1780 – Paris, França, 1860, diplomado em
medicina por Coimbra. Cirurgião–mor da
legião Portuguesa durante a invasão da
península. Serviu a Armanda francesa e foi
médico particular de Napoleão Bonaparte.
Traduziu do alemão, inglês e francês obras
sobre história, ciência e literatura.
PEREIRA, Antonio Pacífico,..48
,BA, 1846 -
1922, professor da Faculdade de Medicina da
Bahia, onde iniciou o ensino de Histologia.
Fundador da Gazeta Médica da Bahia.
SILVA, Cons. Domingos Carlos da: Pro-
fessor da Faculdade de Medicina da Bahia
candidato a deputado geral por sua provín-
cia em 1884.
Militares
COELHO, Brigadeiro Jerônimo Francisco:
Laguna, SC, 1806 – Nova Friburgo, RJ,
1860. Do conselho do Imperador e Guarda-
-Roupa da Casa Imperial. Brigadeiro do
Exército. Deputado, ministro da Guerra,
foi presidente da Província do Pará.
DIAS, Henrique:...49
, PE, final do séc. XVI
ou início do séc. XVI ou início do séc. XVII,
1682, cognominado “Boca Negra”, foi cabo
e governador dos crioulos, negros e mulatos
45	desconhecidas a data de falecimento.
46	desconhecidas a cidade, data de nascimento e faleci-
mento.
47	desconhecida a cidade de nascimento.
48	desconhecida a cidade de nascimento.
49	desconhecida a cidade de nascimento e falecimento.
do Brasil.Mestre de campo, destacou-se na
Batalha de Barra Grande, em Porto Calvo,
contra os holandeses (1637) e na de Gua-
rarapes (1647).
DIAS, Marcílio: Rio Grande, RS, 1838. Ma-
rinheiro, distinguiu-se no assalto a Paiçandu,
durante a Campanha Cisplatina (1864).
Morreu na Batalha de Riachuelo, durante a
Guerra do Paraguai, em 1865
SILVA, Manuel Gonçalves da: Tenen-
te – coronel da Legião dos Henriques,
notabilizou-se na Guerra da Independência,
na Bahia (1823). Governou sua província
como presidente, após o assassinato do pre-
sidente Felisberto Gomes Caldeira Brant.
Movimentos de libertação
Quilombos
AMBRÓSIO: Chefia durante muitos anos
o Quilombo de Ambrósio, situado na
Comarca do Rio das Mortes, em Rio das
Mortes, em Minas Gerais, e que controlava,
em meados do século XVIII, os caminhos
que levavam às capitanias de Goiás e do
Mato Grosso.
ARANHA, Felipa Maria: Líder feminina,
chefiou no séc. XIX o Quilombo de Alco-
baça, no Pará
QUARITERÉ, Teresa do: Nascida talvez
no Brasil, era originária de Angola.
Controlou durante duas décadas, no século
XVII, o Quilombo do Quariterê, nas proxi-
midades da fronteira de Mato Grosso com
a atual Bolívia.
ZUMBI: Palmares, PB, 1655 – Serra dos
Dois Irmãos, PE, 20/11/1695, líder da
resistência negra, da qual se tornou símbolo.
Mandou fortificar o alto da Serra da Barriga,
na região onde se situava o Quilombo de
Palmares, entre o rio São Francisco e o cabo
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Cultura afrobrasileira2

  • 1. Apoio: Angela Maria dos Santos IDENTIDADE E CULTURA AFRO-BRASILEIRA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO 8 RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA
  • 2. S237i Santos, Ângela Maria dos. Identidade e Cultura Afro-Brasileira./Ângela Maria dos Santos. Cuiabá: EdUFMT, 2011. ISBN 978-85-8018-077-0 Volume/Módulo 8 (Relações Raciais e Educa- ção na Sociedade Brasileira) 1. Cultura Afro-brasileira. 2. Música Brasileira. 3. Intelectuais Afro-brasileiros. I. Título. CDU 316.482.5 Ministério da Educação Universidade Federal de Mato Grosso Reitora Maria Lúcia Cavalli Neder Vice-Reitor Francisco José Dutra Souto Pró-Reitora Administrativa Valéria Calmon Cerisara Pró-Reitora de Planejamento Elisabeth Aparecida Furtado de Mendonça Pró-Reitora de Ensino de Graduação Myrian Thereza de Moura Serra Pró-Reitora de Ensino de Pós-Graduação Leny Caselli Anzai Pró-Reitor de Pesquisa Adnauer Tarquínio Daltro Pró-Reitor de Vivência Acadêmica e Social Luís Fabrício Cirillo de Carvalho Secretaria de Tecnologias da Informação e da Comunicação aplicadas à Educação Alexandre Martins dos Anjos Coordenação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) na UFMT Carlos Rinaldi Editora da Universidade Marinaldo Divino Ribeiro (Presidente) Conselho Editorial: Maria Lúcia R. Müller - UFMT Darci Secchi - UFMT Candida Soares da Costa - UFMT Pio Penna Filho - UNB Moema de Poli Teixeira - ENCE/IBGE Revisão Maristela Abadia Guimarães Capa, Projeto Gráfico e editoração: Candida Bitencourt Haesbaert © NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO (NEPRE) Instituto de Educação, sala 62, Av. Fernando Corrêa da Costa s/n, Coxipó Cuiabá/mt – cep 78060-900 – Fone: (65) 3615-8447 Apoio:
  • 3. Sumário Cultura afro-brasileira Introdução .................................................................................... 5 1. As contribuições negras para a música brasileira....................... 8 Pe José Maurício Nunes Garcia....................................................... 9 Pixinguinha .............................................................................. 10 2. Os intelectuais afro-brasileiros................................................ 11 Manuel Raimundo Querino......................................................... 11 Luiz Gama ................................................................................ 13 Juliano Moreira.......................................................................... 14 André Rebouças ........................................................................ 21 Theodoro Sampaio..................................................................... 22 Antonieta de Barros................................................................... 24 Milton Santos ............................................................................ 25 Carolina Maria de Jesus............................................................... 27 Verena Leite de Brito.................................................................. 29 Maria Dimpina Lobo Duarte......................................................... 31 3. A arte afro-brasileira............................................................... 32 Nominata sobre alguns artistas e intelectuais negros..................... 37 Referências bibliográficas........................................................... 53
  • 4.
  • 5. 5 Introdução Na etapa anterior, recuperamos as contribuições africanas no pro- cesso de formação da cultura afro- -brasileira. Essa contribuição, como vimos, deu-se nas mais variadas áreas, tais como técnica, artística, religiosa, culinária e também por uma concepção de mundo diferente da ocidental. Os africanos que para aqui foram trazidos nos legaram um rico patrimônio imaterial, que são as formas de expressão, os saberes, os modos de fazer, as celebrações, as festas e danças populares, as lendas, as músicas, os costumes e outras tra- dições que embasaram a formação da cultura afro-brasileira O patrimônio imaterial não pode ser tocado a não ser quando mani- festado materialmente por meio das festas, dos rituais, das imagens etc. A cultura é parte de nossa existência e, ainda que não tenhamos consciên- cia, certos hábitos ou costumes têm sua origem no continente africano e, muitas vezes, são sentidos com o coração. Para saber mais Patrimônioculturalimaterial,oqueé? “A Unesco define como Patrimô- nio Cultural Imaterial “as práticas, representações, expressões, conhe- cimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugaresculturaisquelhessão associa- dos - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecemcomoparteintegrantede seupatrimôniocultural.OPatrimônio Imaterialétransmitidodegeraçãoem geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em fun- ção de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, ge- rando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversida- de cultural e à criatividade humana” (IPHAN.http://portal.iphan.gov.br/ portal/montarPaginaSecao.do?id= 10852&retorno= paginaIphan) Para saber mais você também pode acessar os seguintes sites: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Patrim%C3%B4nio_cultural_imaterial http://www.overmundo.com.br/overblog/ jongo-patrimonio-imaterial Cultura afro-brasileira
  • 6. 6 Dessa maneira, ficamos sabendo que diversos foram os grupos afri- canos traficados para o Brasil. Estes negociaram entre si e com outros grupos sociais e criaram aqui uma cultura afro-brasileira, cujos elemen- tosculturaisfazempartedaformação nacional e estão presentes em nosso jeito de ser brasileiro. Por isso, é im- portante que conheçamos o conceito de patrimônio imaterial, pois, por meio desse conhecimento, podemos reconhecer a contribuição afro- -brasileira em seus aspectos intangí- veis, como são, por exemplo, nosso bom humor, nossa capacidade de nos solidarizarmos, nosso “jeitinho” ao enfrentarmos situações difíceis e tantos outros sentimentos, modos de ser e fazer presentes em nós. Como afirmou o historiador Joel Rufino dos Santos: Gilberto Freire escreveu em algum lugar que o brasileiro é negro nas suas expressões sinceras. Para demarcar o patrimônio afro-brasileiro, bastaria, portanto, excluir o que em nós é pose ou imitação. (...) Não se é negro só quando se ri, se ama, se xinga, se fala com Deus – nas expressões sinceras – mas em qualquer situação desde que não se possa ser senão brasilei- ro. Brasileiros no exterior costumam confessar que só então descobriram não ser brancos (1997, p. 5). Esse mesmo autor afirmava que a grande contribuição do negro à cul- tura brasileira ou era folclorizada ou era reduzida ao passado, à história “o negro deu o vatapá, o índio trouxe o gosto pelas lendas, - sempre as for- mas verbais pretéritas” (SANTOS, 1988, prefácio). A proposta neste módulo é apre- sentar algumas das contribuições dos intelectuais negros brasileiros, em especial as do campo científico. Não são todas, pois não caberiam no espaço do módulo. Ao final do texto, trazemos uma nominata que apresenta a contribuição de artistas e intelectuais negros para a história do Brasil retirada do livro A mão afro- -brasileira – significado da contribui- ção artística e histórica, organizado por Emanoel Araujo, que breve- mente será enviado às bibliotecas de todos os polos, onde estão sendo realizados o curso de especializa- ção “Relações raciais na sociedade brasileira”. É um livro importante porque faz um levantamento sobre a contribuição negra na construção da sociedade nacional. Por meio dessa publicação, os professores poderão ter um contato mais extenso com a
  • 7. 7 extraordinária produção artística e intelectual do negro brasileiro. As abordagens até aqui e as que se seguem sobre a importância das contribuições negras para a cultura brasileira buscam desconstruir estig- mas e ideias equivocadas construídas em torno da elaboração cultural do negro. As contribuições negras devem ser compreendidas como elementos civilizatórios dada à inser- ção dos valores e de conhecimentos introduzidos e elaborados no Brasil para a formação nacional. E, por serem de cunho civilizatório, essas contribuições ultrapassam a dimen- são cultural e marcam uma identi- dade, o que resulta em um produto aprimorado, produzido a partir das diferentes relações, do qual as cul- turas negras brasileiras representam o núcleo pesado (SANTOS, 1997). Ao dizer civilização, queremos signi- ficarencontroprolongadodeculturas distintas gerando produtos novos e sofisticados - como foi o caso, por exemplo, do Egito faraônico, do Re- nascimento ou Revolução America- na; e, ao dizer culturas, nomeamos os campos-de-força em que se conden- sam as representações e os sentidos (SANTOS, 1997, p. 8). O fato de hoje sabermos pouco sobre os negros brasileiros e suas produções na história do país de- corre da política de branqueamento que produziu uma negação e silen- ciamento sobre o negro, sua história e suas elaborações culturais. Isso desdobrou numa forte perda das ca- racterísticas culturais negras, a ponto de personagens negros importantes na nossa história terem tido suas imagens branqueadas. Segundo Guimarães (2011), a ideia de embranquecimento passa pelo processo de aculturação. Em nosso país, dentro das ciências sociais essa ideia teve vários sentidos. Um primeiro referiu-se ao resultado de uma política de imigração europeia que tinha por objetivo substituir as populações africanas na década anterior e pós-abolição. Concomitantemente, outra ver- tente, embasada em teorias eugenis- tas e racistas, do final do século XIX e começo do século XX, apostou na ideia de mestiçagem biológica e na taxa maior mortalidade da raça negra, deduzidas por variados fa- tores. Nessa perspectiva, existia um
  • 8. 8 prognóstico de que a absorção das características fenotípicas negras se daria em pouco mais de um século. A última vertente de uso da teoria do “embranquecimento” emba- sou no discurso antropológico de maior vigor na década de 1950, que investiu na perda de características culturais por parte dos negros, como as formas africanas de se vestir, falar e de gesticular; nas práticas de lazer e expressões religiosas, como as capoeiras, os maculelês, as conga- das, os candomblés e outros. Esses elementos estariam inevitavelmente fadados a desaparecer ou a serem folclorizados, Tratava-se de uma prática que colaborava com as ideias ainda existentes de minimizar e de inferiorizar a produção e os elemen- tos africanos e afro-brasileiros na cultura do país. Moura (2010) em seus estudos sobre personalidades importantes na nossa história, observa que elas tiveram suas origens negras escamo- teadas, omitidas e fortemente nega- das por seus descendentes ou por uma historiografia, algo facilmente explicável, num país onde o bran- queamento é ideologia de cooptação. Sabe-se que os afro-brasileiros conseguiram, mesmo com os danos das ideias racistas, protagonizar a construção de uma cultura brasi- leira nas mais variadas áreas. Esse é o maior legado dos negros para a nossa sociedade, pois quase tudo que gostamos de comer, de fazer em nossa prática de lazer, na forma como nos relacionamos, como ve- mos as coisas e produzimos conhe- cimento, tudo isso possui uma forte elaboração negra. Portanto, trazer presente esses personagens, ainda que não seja pos- sível abordar todos e todas é, como apresentado por Araujo (2004, p. 247), por ocasião da exposição Ne- gras Memórias – memórias de negros: O que queremos, ao resgatar negras memórias de nossa história e essas outras tantas memórias de negros que esta exposição nos traz? Que- remos resgatar entre os negros uma certa auto-estima e uma imagem que nos sirva de padrão de orgulho por nossos heróis, que pretendemos nos sejam devolvidos em carne e osso, em sangue e espírito, como pesso- as reais que puderam até alçar-se à condição de mito, mas não mais co- mo lendas perdidas numa nebulosa história. Precisamos ter orgulho dos feitos de nossos homens e mulheres que, a despeito do estigma herdado da escravidão, marcaram seu lugar na nossa história, como cientistas, enge- nheiros, poetas, escritores, doutores, escultores, pintores, historiadores. 1. As contribuições negras para a música brasileira Embora neste módulo esteja cita- do somente dois grandes nomes de compositores afro-brasileiros, deve- -se observar que na música brasileira também a herança negra se fará pre-
  • 9. 9 sente de forma inequívoca, seja na inserção de instrumentos musicais, seja no refinamento de elaboração das letras ou no ritmo empregado aos diversos estilos produzidos no Brasil. Araújo demonstra que é mui- to antiga essa participação na música criada e tocada no Brasil. CurtLange,historiadoremusicólogo, nos fala do orgulho que experimenta- vam negros e mulatos de Ouro Preto quando eram chamados pelas ordens religiosas brancas para tocar em suas cerimônias e celebrações festivas: eles eram os únicos da cidade! É essencial que se reconheça essa contribuição negra à nossa música, que foi o laço que permeou nossa civilização desde o lundu até a bossa nova, desde a mú- sica colonial sagrada ou profana até a criação da música popular brasileira, do registro pioneiro do Pelo Telefone até Pixinguinha e aqueles Batutas que deramformaeritmoàmúsicapopular do Brasil, conferindo-lhe a cara negra do samba (ARAUJO 2004, p. 249). Pe José Maurício Nunes Garcia A personagem histórica de Padre José Maurício Nunes Garcia é um dos nomes que se apresenta para costurarmos a nossa história através da memória negra no Brasil. Negro mestiço, filho de escra- va - Vitória Maria da Cruz - com um português - Apolinário Nunes Garcia - nasceu no Rio de Janeiro em 1767. Órfão ainda na infância, foi cuidado por uma tia materna. Devido sua inclinação para a música, foi conduzido para os estudos nessa área e, por ser autoditada, logo se destacou nos estudos. Além disso, estudou Latim, Teologia e Filosofia, o que, em 1792 o habilitou para ser ordenado padre. Ainda adolescente, começa a compor e passou a viver de seu reco- nhecido talento como professor de música e também tocava em festas particulares, além de cantar nas mis- sas, tornou-se, assim, um importante músico no período colonial, chegou a ser o Mestre da Capela Real, nome- ado por D. João VI que, ao chegar ao Brasil, reconhece e se encanta com a produção musical e com o talento de orador de José Maurício.
  • 10. 10 Em sua produção musical registra- -se grande número de obras orques- trais. Mesmo não tendo saído do Brasil, foi o precursor da música eru- dita no país. Tal foi sua genialidade que sua obra chegou a ser conhecida na Europa. Dom João VI, quando de seu retorno a Portugal, convidou o músico para ir com a sua família, convite que fora negado por ele. Assim, o Pe. José Maurício Nunes Garcia é inscrito na história do país como o primeiro importante nome da música brasileira de estilo clássico. Pixinguinha Outro importante nome, mais re- cente na história da música popular brasileira, é o de Alfredo da Rocha Viana Filho. Nasceu em 1897, no Rio de Janeiro, local onde desen- volveu seu veio artístico musical, tornando-se compositor, flautista, saxofonista, arranjador, maestro e instrumentista. Desenvolveu no Brasil o gênero musical Choro, mais conhecido como Chorinho, tido como baluarte da música brasileira. A origem do Choro se dá no Brasil Império, na conformação da música popular urbana brasileira, em quefor- masmusicaisedançaseuropeiaseram vigentes,comovalsasepolcas,asquais estavamsofrendoinfluênciaslocais.O legadodePixinguinhafoiaperfeiçoara elaboraçãodoestilomusicalpormeio da inserção do ritmo de matriz africa- na aos elementos europeus presentes na música consumida no país. Saiba mais “[...] no desempenho das obriga- ções de mestre de capela, dirigia a escola de música de Santa Cruz, an- teriormente fundada pelos jesuítas, donde depois se formou o moderno conservatório brasileiro. Compunha também diversas obras sacras para se executarem na catedral. As obras deste compositor citadas comoasprincipais,são:umasinfonia fúnebre,executadanassuasexéquias; uma missa de requiem; uma missa solene; Te-Deum e matinas que com- pusera para a festa de Santa Cecília; outra missa, escrita para a festa da degolação de S. João Baptista; os 12 Divertimentosjámencionados,euma abertura, Tempestade, escrita para umelogiodramáticoqueserepresen- tou no teatro de S. João. O número das suas composições é calculado em mais de duzentas.[...]”(Dicionário Histórico de Portugal Corográfico.Vol. III, p. 692-693. Trad.: Manuel Amaral. Edição elec- trónica: 2000-2010. http://www.arqnet.pt/ dicionario/garciajosemauricio.html. Acesso em: 27 fev. 2011).
  • 11. 11 Segundo Peters (2006, p. 144), foi a partir da década de 1910 que o termo choro passou a designar um gênero musical. Essa consolidação se deu graças a Pixinguinha que misturou elementos afro-brasileiros e sua ex- periência como músico a esse estilo. Foi naquele período que Pixinguinha começou a compor seus primeiros choros e criou um grupo musical com seu nome e anos mais tarde, denominaram-se de Os oito batutas. Muitas das composições de Pixin- guinha se tornaram célebres como: Carinhoso, Yaô, Os oito batutas, Rosa, Sambafúnebre,Páginadedor,Vouvivendo. A importância de Pixinguinha para a música brasileira é incontestá- vel. Hoje, no Rio de Janeiro, o “Dia do Chorinho” foi instituído na data de aniversário do músico, 23 de abril, em reconhecimento a sua contribui- ção para a música brasileira e para o chorinho carioca. 2. Os intelectuais afro-brasileiros Aqui, continuamos apresentan- do mais nomes importantes para a memória afro-brasileira. Não se pode deixar de mencionar que na longa tradição do pensamento social brasileiro negro estão envolvidas denúncias das variadas formas de preconceitos e discriminação contra osnegros,como,também,atravésdas suas atividades culturais. No pensar e produzir conhecimentos na socieda- de brasileira propôs-se mudanças de ideias, estéticas e comportamentos. Manuel Raimundo Querino Esse ilustre intelectual é um expo- ente nas discussões e escritos sobre a cultura negra no Brasil. Nasceu em 1851, na Bahia. Órfão, foi criado por uma família que investiu na sua for- mação, quando se deparou com seu talento nato para as artes. Dessa for- ma, estudou artes plásticas e ampliou seu extenso currículo tornando-se arquiteto, atividade desenvolvida a partir de suas atividades artísticas e como professor de desenho. Paralelaasuaatividadeprofissional, militava na área sindical e, em 1874,
  • 12. 12 cria a Liga Operária da Bahia. A sua intensa militância pelos direitos e or- ganização de trabalhadores, leva-o a ser nomeado a vereador e depois ser reeleito pelo Partido Operário. Para Guimarães (2011, p. 8), mes- mo com o processo de branquea- mento, os negros buscaram formas de integração à sociedade brasileira. A abordagem sobre a cultura afri- cana começou com os pensadores negros brasileiros e nesse grupo se insere Manoel Querino. Esses pen- sadores negros foram os primeiros a utilizar o termo etnização, ou seja, a valorizar a identidade/cultura negra. Eles eram leigos e antropólogos autodidatas, normalmente denomi- nados de folcloristas ou jornalistas, ao invés de intelectuais. Isso por causa das dificuldades que enfren- taram para negociar a inserção e o reconhecimento como intelectuais num espaço de establishment branco. De grande desenvoltura intelec- tual, Manoel Querino insere-se no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, onde regularmente escrevia seus pensamentos sobre a cultura negra e/ou africana no jornal A Pro- víncia. Segundo Guimarães (2011, p. 8), esse era o lugar que os pensado- res negros podiam falar com autori- dade, pois os institutos históricos e os congressos afro-brasileiros eram os seus espaços de consagração. Só recentemente é recuperada a memória sobre a profundidade das contribuições de Querino e a sua im- portância como pensador negro. Foi ele precursor em matéria de falar e es- crever sobre a cultura afro-brasileira. No livro O colono preto (1918), Ma- nuel Raimundo Querino dá mostras de sua grande capacidade intelectual. Rompendo com a historiografia tradicional do período, cria a tese do negro e de sua cultura como fator da civilização brasileira. Assim, utiliza- -se de vários argumentos e autores renomados para provar sua ideia: ele trata o africano como “colonizador” e não simplesmente como elemento passivo ou como mão de obra escra- va,massimcomocriadorepromotor de cultura (GUIMARÃES, 2011). Manuel Querino morreu em 1923, deixando, através de seus livros e outros escritos, um legado sobre a cultura africana no Brasil e as pro- duções de cunho civilizatórios dos africanos e de seus descendentes. Para conhecer mais sobre as ideias deste autor, acesse sua obra O colono preto como fator de civilização através do site http://www.afroasia.ufba.br/ pdf/afroasia_n13_p143.pdf
  • 13. 13 Luiz Gama Luiz Gonzaga Pinto da Gama, nascido livre na Bahia, no ano de 1830, filho da africana liberta Luiza Mahin, uma militante na Revolta dos Malês e tendo como pai um português. Já na infância, sem sua mãe presente devido ao seu envol- vimento com a luta abolicionista, viu-se escravizado ao ser vendido pelo seu pai para saldar dívidas. Nessa condição, viveu no Rio de Janeiro, permanecendo depois em São Paulo. Autoditada, aprendeu a ler na adolescência somente acom- panhando os filhos dos senhores de escravos, momento em que teve contato, ainda que indiretamente, com o mundo das letras. Mesmo passando por várias situações ad- versas, torna-se advogado rábula e consegue reverter sua condição de escravo, comprovando que havia nascido livre e, portanto, não pode- ria ser vendido e escravizado. Começa a trabalhar como advo- gado pela defesa dos negros e se torna um ferrenho abolicionista. Como poeta, publicou livros, dentre eles, Trovas burlescas de Getulino, com vários poemas que denunciavam os maus tratos contra negros, condena- va a escravidão, a igreja católica e a politica nacional. Morreu em 1882, sem ter visto a abolição acontecer. Seu enterro foi um acontecimento que parou a cidade de São Paulo e foi seguido por um cortejo com grande presença da população negra e de brancos abolicionistas. A seguir, estão biografias desta- cadas porque retiradas de fontes diversas com o intuito de contribuir com informações sobre as persona- lidades negras importantes na for- mação cultural brasileira, conforme objetivo deste módulo. Primeira edição do livro: Trovas burlescas de Getulino
  • 14. 14 Juliano Moreira O Professor Juliano Moreira, nasceu a seis de janeiro de 1872 na Freguesia da Sé, hoje o centro antigo da cidade do Salvador, na Bahia. Seu pai, o português Manoel do Carmo Moreira Junior era inspetor de iluminação pública. Seu trabalho era verificar se os trabalhadores acendiam os lampiões de ferro pelas ruas e calçadas da cidade. Galdina Jo- aquim do Amaral, sua mãe trabalhava como doméstica na casa do Barão de Itapuã, Adriano Gordilho, renomado médico baiano. São escassos em seus limitados biógrafos os dados relativos à sua infância e meninice. Desde o seu nascimento foi criado e conviveu sempre com a família do Barão de Itapuã, que se tornou seu padrinho. Fez seus estudos iniciais no Colégio Pedro II e depois se transferiu para o Liceu Provincial na cidade do Salvador na Bahia. Em 1886 manifestando extra- ordinária precocidade se matriculava na Faculdade de Medicina da Bahia, berço do ensino médico no Brasil. Ain- da cursando o quinto ano, em 1890, foi interno da Clínica Dermatológica e Sifi- liográfica. Conclui seu curso e logo após sua formatura (1891), apresenta a tese “Sífilis Maligna Precoce” tornando-se depois referência mundial no campo da sifiligrafia. Passa a clinicar, num curto espaço de tempo junto a Santa da Casa da Misericórdia sendo médico-adjunto do Hospital Santa Isabel.  Após realizar concurso, em 15 de setem- bro de 1894, é nomeado preparador de anatomia médico-cirurgica, Mas neste período, sem remuneração, torna-se assistente da cátedra de Clínica Psiqui- átrica e de Doenças Nervosas iniciando- -se a partir daí o seu aprendizado sobre as doenças mentais. Esta fase em todos os intervalos de suas atividades diárias aprimorava seus conhecimentos de outros idiomas tornando-se um domi- nador na comunicação oral e escrita do francês, inglês, italiano e o alemão. Sem- pre conhecido desde estudante como trabalhador metódico, adepto das ações em equipe, sempre querendo saber de tudo, com detalhes, comentando e dis- cutindo. Seu destaque no meio acadê- mico, na província baiana, o faz liderar a mobilização de professores e colegas fazendo surgir a Sociedade de Medicina e Cirurgia e, a de Medicina Legal. Em meados de 1895 descreve o botão endêmico, afirmando sua existência no Brasil. Como bolsista e limitados recur- sos financeiros em curta viagem a Euro- pa frequenta cursos de doenças mentais dos professores Hitzig, Jolly, Flechsig, Kraf-Ebing. Os de clínicas médicas de Leyden e Nothnagel; os de anatomia patológica de Virchow e participa de
  • 15. 15 reuniões e assiste palestras de Raymond, Dejerine, Gille de la tourette, Brissaud, Garnier, Maurice Fournier, Magnan na França. Consegue tempo para visitar os manicômios e clinicas psiquiátrica pelos paises onde passava. Neste mesmo ano é o primeiro cientista a descrever a Hidroa Vaciniforme, publicado posteriormente no Britsh Journal of Dermatology. Na clínicadoprofessorPachecoMendes,em Salvador, realiza o primeiro exame mi- croscópico no Brasil dos casos de Mice- toma,assimcomooscasosdeGoundum. Desde 1886, com a persistência do médico João Carlos Teixeira Brandão, as Faculdades de Medicina da Bahia e Rio de Janeiro criam o concurso para professor da 12ª seção que compreendia as doenças nervosas e mental sendo seu primeiro catedrático Augusto Freire Maia Bittencourt que logo depois veio a falecer deixando a cadeira sem titular durante alguns anos. Atualizado com o ensino prático e teórico da disciplina inscreve-se no concurso para preenchi- mento da vaga deixada por Maia Bitten- court. Ao final de abril de 1896, mesmo enfrentando uma banca examinadora em sua maioria de declarados escra- vocratas, pode concluir sob calorosos aplausos a apresentação de sua tese oral “Disquinesias Arsenicais”. Logo após na leitura escrita desenvolveu o texto sobre “Meopatias Progressivas”. Todas as provas foram acompanhadas com a presença maciça dos estudantes e ou- tras pessoas que lotaram o salão nobre da faculdade durante a prova prática, de didática e finalmente a defesa de tese. A presença atuante justificava-se, pois temiam que houvesse algum ato que impossibilitasse o jovem médico Juliano Moreira vencer aquele concurso. Afinal, a escola tinha fama de racista, a banca era conhecida como escravocrata. Fa- zia poucos anos atrás que a Lei Áurea tinha sido assinada e a primeira Carta do Brasil republicano promulgada em 14 de fevereiro de 1891. Transcorria o final da manhã de nove de maio e no Terreiro de Jesus fervilhava desde cedo à frente dos portões da Fa- culdade de Medicina um enorme grupo de estudantes de medicina. Aquele dia estava marcado para finalmente ser divulgado o resultado do concurso para professor. Aberto os portões, os futuros médicos viram afixados no mural o resultado do exame, em que o jovem Juliano tinha recebido quinze notas máximas; era dele a vaga existente. Nem mesmo os escravocratas puderam deixar de reconhecer os seus méritos. Com apenas vinte e três anos ele supera- va concorrentes poderosos e se tornava o mais novo professor da Faculdade de Medicina da Bahia. A comemoração do mérito sobre o preconceito fez naquele dia o Pelourinho viver momentos de intensa alegria e comemorações. Semanas depois em dezesseis de junho é nomeado Professor. Em seu discurso de posse dizia: “Há quem se arrecei de que a pigmentação seja nuvem capaz de marear o brilho dessa faculdade. Subir sem outro borgão que não seja a abnegação ao trabalho, eis o que há de mais escabroso. Tentei subir assim, e se méritos tenho em minha vida este é um (...) Só o vício, a subserviência e a igno- rância tisnam a pasta humana quando a ela se misturam“. Tempos, ainda às vezes presentes. O Mestre Juliano na sociedade daqueles dias era profundamente minoritário com suas ideias. Havia uma dominante consensualidade que a degeneração do brasileiro era atribuída à mestiçagem de
  • 16. 16 seu povo. Ideias evolucionistas naquele século afirmavam que a raça negra e os fatores climáticos dos trópicos eram os verdadeiros causadores das doenças, incluindo-se as doenças mentais. A psi- quiatria estabelecia uma direta relação entreasdoençasmentaisearaça.Juliano afirmava que deviam deixar os ridículos preconceitos de cores e castas e realizar um “trabalho de higienização mental dos povos”. Os verdadeiros inimigos das degeneraçõesnervosasseriamaignorân- cia, o alcoolismo, a sífilis, as verminoses, as condições sanitárias e educacionais. Seus conflitos teóricos com o colega na Escola de Medicina da Bahia, médico le- gista, Nina Rodrigues foram marcantes. Nina Rodrigues contribuiu profunda- mente para o entendimento da miscige- nação da sociedade brasileira. Mas man- teve-seamarradoasideiasevolucionistas dominante. Era ele o propagador das ideias dominantes nos meios científicos nacionais e internacionais. A mistura de raças era prejudicial a formação de um país. Considerava a negritude um traço deinferioridadeequeamestiçagemseria a principal causa da loucura. Desde a conclusão de seu curso Juliano Moreira busca provar que a questão racial não determinava as doenças. Sempre mostrando e defendendo seus pensamentos de forma cortês e educada utilizava a ciência para defender as mi- norias excluídas. A sua origem mestiça jamais lhe deu a sensação de inferiorida- de, nem de reações paranóicas. [...] Mantinha frequência diária nas depen- dências do Asylo São João de Deus onde realizava aulas práticas e até o anoitecer em uma das salas do Solar da Boa Vista ou nas várias enfermarias existentes discutindo sobre questões médicas com colegas e alunos e sempre colaborando com as revistas nacionais e estrangeiras especializadas. Viaja pelas províncias do norte proferindo palestras e clinicando. Em 1900 participa do Congresso Médico Internacional em Paris. Ano seguinte, mesmo ausente, é eleito Presidente de Honra do IV Congresso Internacional de Assistência aos Alienados em Berlim. Representa a medicina brasileira no Congresso Médico de Lisboa. Ao final de 1902, precisamente, em 10 de novembro, licencia-se na Faculdade e viaja para ao Rio de Janeiro para partici- par do ato de embalsamento do cadáver do Professor Manuel Vitorino, médico baiano renomado e Vice Presidente da República (1894-1898) de quem sempre se declarou um admirador e discípulo. [...] Em 25 de março de 1903 Juliano Morei- ra, pouco depois de comemorar seus trinta anos de idade, toma posse no cargo de Diretor do Hospital Nacional de Alienados na capital federal. Muda a história da Saúde Mental no Brasil. O decênio inicial daquele século sinali- za um acelerado processo de moderni- zação do Estado nacional. Ações de sa- neamento e urbanização e, intervenções na saúde pública foram marcantes. O projeto de desenvolvimento da psiquia- tria nacional insere-se neste momento criando o clima para que Juliano Mo- reira ocupasse seu espaço de liderança. Desiste da sala destinada à direção do hospital no segundo andar do majestoso prédio. Faz de uma simples sala, no tér- reo, seu gabinete que ficava à esquerda da entrada principal do prédio, sempre de portas abertas, o que lhe conferia o seu acesso. Sentado a grande mesa, atendia a todos que o procuravam. Sem agendaouhoramarcada.Compaciência
  • 17. 17 e seu tranquilo sorriso sentavam-se ao seu lado os colegas médicos, pacientes, amigos, alunos, jornalistas e políticos. [...] Até então a psiquiatria brasileira se man- tivera subsidiária exclusiva da escola francesa, apenas copiando, sem conside- rar as diversidades culturais existentes. Com Juliano Moreira, a Psiquiatria se ampliou, universalizando-se, e procu- rando ganhar uma forma nacional. Determinado e com tenacidade vai bus- cando recursos do governo. Mobiliza muitos profissionais capacitados. Co- meça a promover reformas materiais e éticas. Retira as grades das janelas das enfermarias e abole os coletes e cami- sas de força. Recupera e constrói pavi- lhões. Cria o Pavilhão Seabra um amplo prédio com equipamentos trazidos da Europa para fazer funcionar oficinas de ferreiro, bombeiro, mecânica elétrica, carpintaria, marcenaria, tipografia e encardenação, sapataria, colchoaria, vassouraria e pintura. Atividades que contribuíam para recuperação dos assistidos e alguma renda particular. O grande salão no pavimento superior passa a ter diariamente alguém dedi- lhando o piano levando as sonatas e sinfonias invadirem os corredores e chegarem aos ouvidos dos pacientes. Torna o hospital um grande centro cultural reunindo professores, cientis- tas e trabalhadores. Implanta oficinas artísticas antecipando-se as terapias ocupacionais desenvolvidas depois pela magnífica psiquiatra alagoana Nise da Silveira. À vontade e a deter- minação com seu trabalho o faz mudar- -se do bairro de São Cristóvão para ir morar numa casa dentro do hospital. Após desencadear as ações de trans- formação interna toma a iniciativa de enviar ao Ministro J.J. Seabra uma exposição de motivos solicitando as ne- cessárias reformas não somente dentro da Instituição, mas que se estendia a assistência aos alienados no país. Em 22 de dezembro de 1903 com o Decreto nº. 1132 o Presidente Rodrigues Alves sanciona a resolução do Congresso Nacional e aprova a Lei Federal da As- sistência a Alienados. Logo depois em 1º de fevereiro de 1904 é decretado o Re- gulamento da Assistência a Alienados no Distrito Federal. [...] Em 1907 na cidade de Milão no Con- gresso de Assistência a Alienados é eleito Presidente Honorário e indicado pela maioria dos congressistas para ser o orador na sessão de encerramento. Passa a fazer parte do Instituto Inter- nacional para o Estudo da Etiologia e Profilaxia das Doenças Mentais. Segue logo depois para Amsterdã onde participa de outro Congresso Interna- cional. Mesmo ausente ao Congresso Neuropsiquiátrico de Viena (1908) é lembrado para compor o Comitê organi- zador do futuro Congresso. Representa noanoseguinteoBrasilnoComitêInter- nacionalcontraaEpilepsianaquelacida- de. Logo depois na Inglaterra participa da Assembléia Geral da Royal-Medical Psychological Association de Londres, presidida por Bevar Lewis onde foi eleito um dos quinze membros corresponden- tes no mundo. Segue logo depois para Budapesteecomo membroorganizador, realiza o Congresso Internacional de Medicina para tratar da influência da arteriosclerose na produção de doenças nervosas e mentais. Em Amsterdã torna- -se membro do Comitê Internacional de redação da FoliaNeurológica,órgão para estudos de biologia do sistema nervoso
  • 18. 18 com textos publicados na Alemanha. A Revista Psychiatrische, Neurolo- gische Wochenschrift (nº. 27 de 03 de outubro de 1910) publica a galeria dos proeminentes psiquiatras em todo o mundo. Das Américas. Somente Juliano Moreira. O seu relacionamento parti- cular com Rivadávia Correia, nomeado Ministro do Interior e Justiça pelo Mal. Hermes da Fonseca favorece a realiza- ção do projeto de criação da Colônia de Mulheres em Engenho de Dentro, bairro suburbano no Rio de Janeiro. Mobiliza junto com Austregésilo, Gus- tavo Riedel, Mário Pinheiro, Ernani Lopes e outros médicos a criação dos Arquivos Brasileiros de Medicina que anos depois passou a se denominar de Arquivos Brasileiros de Neuriatria e Psi- quiatria, órgão da sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal. Até 1911 é um período onde realiza uma série de viagens à Europa dando-lhe a oportunidade de frequentar diversos cursos de especialização em doenças mentais junto a renomados cientistas – Emil Kraepelin, Mangnan, Kraffit-Ebing, Flechsing entre outros. Mas, ao lado destas viagens de estudos já é obrigado a procurar com frequências especialistas e clínicas para consultas so- bre sua doença. Acentuando-se as crises obtém uma nova licença e viaja para a Europa em busca de melhor tratamento e posteriormente interna-se num sana- tório na cidade do Cairo onde conhece Augusta Peick, enfermeira alemã, de Hamburgo, com quem se casa. Desde 1913 passa a representar o Brasil no Co- mitêInternacionaldaLigaInternacional contra a Epilepsia. Naquele período foi realizado o Congresso Jubilar da Société de Médecine Mentale da Bélgica, em que foi aclamado juntamente com Du- pré, Lepine (franceses) e Mott (inglês) membroshonoráriosdaquelaSociedade. Em 1918 foi designado como membro organizador do Congresso Internacional de Medicina, realizado em Budapeste para tratar da questão das doenças mentais e nervosas produzidas pela ar- teriosclerose. Participou da conferência Internacional para o estudo da Lepra na Noruega, recebendo do sábio leprólogo Hansenaincumbênciadetratardaques- tão das doenças mentais nos leprosos, sendo posteriormente publicado seus estudos no Zeitschrift fur Psychiatrie na Alemanha. Mobiliza apoio governa- mental e implanta, em 1921, o primeiro Manicômio Judiciário no continente americano.Já em 1922 foi eleito membro correspondente da Liga de Higiene Mental de Paris e do Comitê Interna- cional de Redação da folia neurológica, importante órgão de Amsterdã para estudos de biologia do sistema nervoso. O Prof.Juliano Moreira presidiu os Congressos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal de 1906 a 1922. Foi Presidente de Honra da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Medicina. Junto ao Ministério da Justiça foi membro do Conselho Penitenciário do Distrito Federal; do Conselho Nacional de Me- nores e do Conselho dos Patrimônios. Membro na direção do Conselho do Monte Médico que era uma associação previdenciária que reunia médicos, farmacêuticos e dentistas na capital federal. Reconhecido pelo seu caráter, aliado ao fruto de seu incansável tra- balho e espírito associativista foi eleito membro de diversas organizações, tais como: -Antropologische Gesellschaft de Munich; -Société de Médicine de Paris; -Société de Pathologie Exotique; -Soci-
  • 19. 19 éte Clinique de France; -Medico-Legal Society de Nova York; -Sociedade de Neurologia de Buenos Aires; -Socie- dade de Psychiatria de Buenos Aires; -Société Clinique de Medicine Menta- le; -Société Medico-Psychologique de Paris; -Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; -Academia de Letras da Bahia; -Instituto Brasileiro de Ciências; -Liga de Defesa Nacional; -Liga de Hi- giene Mental; -American Academic of Political and Social Science. Pela sua condição étnica, por sua nacio- nalidade, por sua formação médica, ini- ciada na Bahia e continuada nos grandes centros europeus, teve sempre grande interesse pelos aspectos culturais da psi- quiatria, chamada na época de patologia comparadaeatualmentedetranscultural. Interessado e assíduo nos espetáculos das companhias líricas apreciavam os filmes de desenhos e era frequentador dos espetáculos teatrais e circense sen- do conhecido como grande admirador do famoso palhaço Benjamin Oliveira. Combatia o uso dos termos pejorativos de “maluco” e “doido”. Repetia sempre que as maiorias dos doentes mentais estavam fora dos hospitais e sanatórios especializados.“-Aifora”.(Passos,1975). Mantendo sua postura de combate aos preconceitos e discriminação torna-se um defensor combativo da imigração sino-japonesa que para muitos naqueles primeiros decênios do século conside- ravam um verdadeiro “perigo amarelo”. Sua posição rapidamente é reconhecida. Universidadesjaponesasoconvidampara visitaro paíseapronunciarconferências. Em julho de 1928 em companhia de sua esposa Augusta Moreira começa uma longa viagem visitando Tóquio, Kioto, Sendai, Hokaído, Osaka, Funoko. Em solenidadenoanfiteatrodoDiárioNishi- -Nishi recebe a insígnia da “Ordem do TesouroSagrado“entreguepeloImpera- dor do Japão e destinada aos “consagra- dosdaciênciamundial”.Encerrandosua longa permanência naquele país segue para a Europa, onde se torna membro honorário da Sociedade de Neurologia e Psiquiatria de Berlim, da Sociedade Médica de Munich e da Cruz Vermelha Alemã. Em Hamburgo é eleito membro daSociedadedeNeurologiaePsiquiatria onde lhe é conferido pela Universidade local a Medalha de Ouro, a mais alta honrariaprestadaaprofessorestrangeiro. Após cinco meses ausente, volta ao tra- balho na direção do hospital que em sua ausência foi dirigido por Domingos Nio- bey.Preside,em1929,noRiodeJaneiro,a ConferênciaInternacionaldePsiquiatria. [...] O novo governo chega como resultado de um golpe de Estado que criava a ex- pectativa de modernização do país e da administração pública. Novembro de 1930 o novo presidente – Getúlio Vargas – dissolve o Congresso Nacional, as câmaras e as assembléias estaduais. Nomeia interventores nos estados, mantém seus compromissos com a as oligarquias dissidentes. Em oito de dezembro de 1930 é destituído da direção do hospital e aposentado. [...] Após descer as escadas do palácio de seus sonhos – o Hospital Nacional de Alienados – foi morar num hotel em Santa Teresa. Mantinha suas visitas a alguns de seus pacientes particulares no Sanatório Botafogo ou as sessões da Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina. A sessão de 19 de outubro de 1931 foi à última sessão a que compareceu. Retornou em 17 de
  • 20. 20 novembro de 1932 para assistir a sessão solene de comemoração da Sociedade que fundara ainda jovem. Recolhendo-se a sua vida interior sem motivação para estudar e ler. Enfim, o tuberculoso crônico poupava-se ao má- ximo para sobreviver, sob a vigilância germânica de Dona Augusta sua inse- parável companheira. Viaja para Belo Horizonte em busca de melhoramentos para o seu estado de saúde. A doença foi avançando, Miguel Couto, seu médico, decide encaminhá-lo para a Serra de Petrópolis. Hospeda-se na residência de Hermelindo Lopes Rodrigues um dos seus maiores discípulos. No dia 2 de maio de 1933 precisamente às cinco horas e quarenta minutos dei- xava o nosso convívio num sanatório em Correias no interior do Rio de Janeiro. Ao lado de Dona Augusta Moreira assis- tiu ao seu último alento os seus colegas e discípulos Lopes Rodrigues e Gustavo Riedel. [...] No dia quatro às dez horas em grande cortejo atravessa as ruas de Botafogo em direção ao cemitério São João Batista. Naquela manhã cinzenta de maio, quem passasse próximo ao cemitério não saberia que se extinguira um grande espírito. Um homem que dedicara toda sua vida ao seu país, aos seus semelhantes e aos excluídos, espe- cialmente aos doentes mentais. Deixava muito mais do que uma lembrança. Construíra uma obra imorredoura. “O Brasil (...) não pode avaliar o que perde com o desaparecimento, ontem do sábio Juliano Moreira. Grande entre os maiores psiquiatras do país, com um renome e uma fama, que ultrapassaram as fronteiras brasileiras para fulgurar nos centros científicos mais adiantados do mundo. Juliano Moreira devotou à ciên- cia toda a sua vida e toda a sua dedicação (...) mais tarde, teremos então ideia de quanto perdemos com a sua morte”. (Jornal do Brasil. 3 de maio de 1933). Juliano Moreira não foi nacionalista, nem teve freguesia intelectual. Ouviu os sons de todos os sinos. Aqui, Silva Lima tropicalista. Ali, Nina Rodrigues, médi- co legista. Estendeu as mãos a Teixeira Brandão e a Franco da Rocha. Propagou Kraepelin, sem esquecer Pierre Marie, nem Toulouse, Clouston e Morselli. Leu a todos, aprendeu de todos. A todos consagrou, com a citação, a aplicação e a correção. Essa universalidade de espí- rito dispôs à razão para a tolerância do conhecimento, como a benignidade do coração pára a tolerância das relações sociais. Disciplinava pelo exemplo. Dis- tinguia-se sem afetação e sem humilhar o seu semelhante. Não considerava a vaidade defeito, mas a manifestação de um desvio mental, em proveito de aspi- rações frustradas (Passos, 1975). Grande homem de ação e de ciência dispensa louvor dos adjetivos. Basta-lhe a escola que criou e manteve os discípulos que suscitou e promoveu. Médico da razão doente foi mestre da razão sadia, grande mestre da razão, o grande Juliano Mo- reira. (Piccinini, 2005). Um Brasileiro que teve tudo para ser mais um anônimo excluído. Nordestino, pobre, tuberculoso. Todas as condições desfavoráveis no percurso de sua vida. Mas com determinação, tenacidade, in- teligência, carisma e fundamentalmente ético,transformousuahistória.OMestre baiano Juliano Moreira. O magnífico sonhador da cura da alienação mental. Um mito nacional. Um Sábio Brasileiro. (Acessado em: http://www.geledes.org.br/medicina/ julianomoreira21/07/2009.html. As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas)
  • 21. 21 André Rebouças André Pinto Rebouças nasceu em plena Sabinada, a insurreição baiana contra o governo regencial. Seu pai era Antônio Pereira Rebouças, um mulato autodi- data que obteve o direito de advogar, representou a Bahia na Câmara dos Deputados em diversas legislaturas e foi conselheiro do Império. Sua mãe, Carolina Pinto Rebouças, era filha do comerciante André Pinto da Silveira. [...] Em 1857 foram promovidos ao cargo de segundo tenente do Corpo de En- genheiros e complementaram seus estudos na Escola de Aplicação da Praia Vermelha. André bacharelou-se em Ci- ências Físicas e Matemáticas em 1859 e obteve o grau de engenheiro militar no ano seguinte. Os dois irmãos foram pela primeira vez à Europa, em viagem de estudos, entre fevereiro de 1861 e novembro de 1862. Na volta, partiram como comissionados do Estado brasileiro para trabalhar na vistoria e no aperfeiçoamento de portos e fortificações litorâneas. Na guerra do Paraguai, André serviu como engenheiro militar, nela perma- necendo entre maio de 1865 e julho de 1886, quando retornou ao Rio de Janei- ro, por motivos de saúde. Passou então a desenvolver projetos com seu irmão Antônio, na tentativa de estruturação de companhias privadas com a captação de recursos junto a particulares e a bancos, visando a modernização do país. As obras que André realizou como engenheiro estavam ligadas ao abas- tecimento de água na cidade do Rio de Janeiro, às docas dom Pedro 2o e à construção das docas da Alfândega (onde permaneceu de 1866 até a sua demissão, em 1871). Paralelamente, André dava aulas, pro- curava apoio financeiro para Carlos Gomes retornar à Itália, debatia com ministros e políticos por diversas leis. Foi secretário do Instituto Politécnico e redator geral de sua revista. Atuou como membro do Clube de Engenharia e muitas vezes foi designado para receber estrangeiros, por falar inglês e francês. Participou da Associação Brasileira de Aclimação e defendeu a adaptação de produtos agrícolas não produzidos no Brasil, e o melhor preparo e acondi- cionamento dos produzidos aqui, para concorrerem no mercado internacional. Foi responsável ainda pela seção de Máquinas e Aparelhos na Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional. Na década de 1880, André Rebouças se engajou na campanha abolicionista
  • 22. 22 e ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, ao lado de Joa- quim Nabuco, José do Patrocínio e ou- tros. Participou também da Confedera- ção Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora. Participou da Sociedade Central de Imigração, juntamente com o Visconde de Taunay. Entre setembro de 1882 e fevereiro de 1883, Rebouças permaneceu na Europa, retornando ao Brasil para dar continui- dade à campanha. Mas o movimento militar de 15 de novembro de 1889 levou André Rebouças a embarcar, juntamen- te com a família imperial, com destino à Europa. Por dois anos, ele permaneceu exilado em Lisboa, como correspondente do “The Times” de Londres. Transferiu- -se, então, para Cannes, na França, até a morte de D. Pedro 2o . (...) (As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado em: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u684. jhtm. ). Theodoro Sampaio Teodoro Sampaio nasceu em 1855 na cidade de Santo Amaro, Bahia. Era filho de uma escrava do engenho Canabrava e, supostamente, do sacerdote Manoel Fernandes Sampaio, que o alforriou no batismo. Há quem registre, no entanto, queseupaieraosenhordeengenhoFran- cisco Antônio da Costa Pinto. O próprio Teodoro, porém, jamais revelou publica- menteaverdadeiraidentidadedeseupai. Aos dois anos de idade foi entregue a uma senhora da sociedade, D. Inês Le- opoldina, que o criou até os nove anos. Aos 10, foi levado para o Rio de Janeiro pelo padre (Manoel?) e internado no colégio São Salvador, onde mais tarde se tornou professor de Matemática, Filosofia, História, Geografia e Latim. Logo depois de formado na Escola Politécnica, em 1877, voltou à Bahia e negociou a alforria de sua mãe e de seus dois irmãos, que ainda eram escravos. Um dos maiores engenheiros do país, além de geógrafo e historiador, Teodo- ro foi o primeiro a mapear a região da Chapada Diamantina. Suas anotações ajudaram Euclides da Cunha a escrever Os Sertões. Foi também um dos homens públicos de maior importância nos de- bates e projetos urbanísticos do país, no final do século XIX e início do XX. Hoje, municípios em São Paulo e na Bahia carregam seu nome, além de escolas,
  • 23. 23 túnel, ruas e travessas de cinco bairros da cidade de Salvador e ruas de cidades comoFeiradeSantana,Curitiba,Londri- na, Rio de Janeiro e Santos, entre outras. Em1879,foicriadaaComissãoHidráuli- ca do Império, para melhorar os portos e a navegação dos grandes rios do interior brasileiro. Teodoro Sampaio fez parte da equipe, como engenheiro de 2ª Classe, mas seu nome não apareceu no Diário Oficial junto dos demais integrantes, por ser o único negro. Somente após interfe- rência do Senador Viriato de Medeiros é que ele foi incluído no Diário. Em 1881, foi nomeado engenheiro de 1ª Classe. Na Comissão, participou de uma ex- pedição pelo Rio São Francisco e suas anotações serviram de base para seus livros O Rio São Francisco e A Chapada Diamantina, de 1905. Em 1883 integrou a Comissão de Melhoramentos do Rio São Francisco, como 1º Engenheiro- -Ajudante. Lá colaborou nas obras de barragem e desobstrução dos trechos encachoeirados do rio. Em 1886, Teodoro integrou a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, como 1º Engenheiro e Chefe de To- pografia. No governo de Prudente de Morais (1890), assumiu a chefia dos Serviços de Água e Esgoto da cidade de São Paulo. A partir da década de 1890, Teodoro ganhou reconhecimen- to intelectual cada vez maior, devido, entre outros fatores, à sua participação na comissão que organizou a Escola Politécnica de São Paulo. Em 1901, lançou o livro O Tupy na Geografia Nacional, obra reconhecida como referên- cia fundamental no estudo do Tupy e de sua influência na formação cultural do país.Eem1904,mudou-separaSalvador, onde se dedicou à execução do Serviço de Água e Esgoto da cidade, entre outras obras. Em 1913, foi eleito orador oficial e membro da comissão de publicação da Revista do Instituto Histórico Geográfico da Bahia, na qual teve uma grande produção. De 1922 até 1936, foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia e, em 1927, foi eleito Deputado Federal. A vida profissional de Teodoro Sampaio pode ser dividida em duas grandes fa- ses. A primeira foi desenvolvida sobre- tudo em São Paulo, entre 1873 e 1903, e a segunda se deu principalmente em Sal- vador, de 1905 a 1935. Nos últimos anos de sua vida, dedicou-se ao livro História da Fundação da Cidade da Bahia, obra publi- cada postumamente em 1949. Teodoro morreu antes de completar o último capítulo, em 15 de outubro de 1937, no Rio de Janeiro, onde residia. (As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado em: http://www.futura.org.br/acorcultura/ main.asp?View={EC5CAD8E-DA92-4DAA-A22 1-194D8C975D13}&Team=&params=itemID={F7 26370E-CA79-4D86-AD0B-0A8D1B64A754}%3B &UIPartUID={3FF15327-3210-469B-A8B4- 5DD603C2FB93}) Esta é a primeira edição do livro O Tupi na Geographia Nacional, de Teodoro Sampaio, publicada em 1901.
  • 24. 24 Antonieta de Barros Nasceu em 11 de julho de 1901, em Flo- rianópolis (SC). Era filha de Catarina e Rodolfo de Barros. Órfã de pai, foi criada pela mãe. Depois dos estudos primários, ingressou na Escola Normal Catarinense. Antonieta teve que romper muitas barreiras para conquistar espaço que, em seu tempo, eram inusitados para as mulheres, e mais ainda para uma mulher negra. Nos anos 20, deu início às atividades de jornalista, criando e dirigindo em Florianópolis o jornal A Semana, mantido até 1927. Três anos depois, passou a dirigir o periódico Vida Ilhoa, na mesma cidade. Como educadora, fundou, logo após ter se diplomado no magistério, o Curso Antonieta de Barros, que dirigiu até a sua morte. Lecionou, ainda, em Floria- nópolis, no Colégio Coração de Jesus, na Escola Normal Catarinense e no Colégio Dias Velho, do qual foi diretora no período de 1937 a 1945. Na década de 30, manteve intercâmbio coma Federação Brasileira pelo Pro- gresso Feminino (FBPF) como revela a correspondência entre ela e Bertha Lutz, hoje preservada no Arquivo Nacional. Na primeira eleição em que as mulhe- res brasileiras puderam votar e serem votadas, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense e elegeu-se deputada esta- dual (1934-37). Tornou-se, desse modo, a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil. Foi tam- bém a primeira mulher a participar do Legislativo Estadual de Santa Catarina. Depois da redemocratização do país com a queda do Estado Novo, concor- reu a deputada estadual nas eleições de 1945, obtendo a primeira suplência pela legenda do Partido Social Democrático (PSD). Assumiu a vaga na Assembléia Legislativa em 1947 e cumpriu seu man- dato até 1951. Usando o pseudônimo literário de Ma- ria da Ilha, escreveu o livro Farrapos de Ideias. Faleceu em Florianópolis no dia 28 de março de 1952. (As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado em: http://www.tvbrasil.org.br/consciencianegra/txt_bio_ antonieta-barros.asp)
  • 25. 25 Milton Santos [...] Discutir a obra de um intelectual com as qualidades de Milton Santos exige um esforço coletivo e abrangente. Coletivo dado à diversidade de disciplinas que fazem uso de suas ideias. Abrangente graças aos diversos aspectos que ela abordou, durante uma carreira que al- cançou mais de 50 anos. [...] Nascido em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, em 03 de maio de 1926, esse brasileiro ganho o mundo por razões alheias a sua vontade. Porém, soube manter seus olhos nos arranjos sociais contemporâneos para construir uma teoria original que serve à interpre- tação do mundo que parte da geografia, do território, envolvendo os habitantes dos lugares. Embora tivesse concluído o curso de Di- reito em 1948, Milton Santos ministrava aulas de Geografia no ensino médio na Bahia. Daí seu interesse pela disciplina que o lançou ao mundo das ideias e da reflexão política. Em 1958 obteve seu título de doutor em Geografia, na Universidade de Stras- bourg (França), passando a ensinar na Universidade Católica de Salvador e, de- pois, na Universidade Federal da Bahia, na década de 1960. Sua habilidade com as palavras e seu texto vigoroso rendeu- -lhe a participação em jornais, como A Tarde, em Salvador na década de 1960 e, na de 1990, na Folha de S.Paulo, em São Paulo. Homem de ação política aceitou o convite para participar de governos no início da década de 1960 que culminou com sua prisão em 1964, por ocasião do golpe de estado implementado pelos militares ao Brasil. Foram 03 meses difíceis. Ao sair da prisão carregava consigo uma decisão: era preciso partir. O geógrafo ganhava o mundo. O começo de sua carreira internacional forçada ocorreu na França, onde traba- lhou em diversas universidades, como as de Toulouse (1964-1967), de Bourde- aux (1967-19680) e de Paris (1968-1971). Durante esses anos realizou estudos sobre a geografia urbana dos países pobres e produziu vários livros como Dix essais sur les villes des pays-sous- -dévelopés (1970), Lês Villes du Tiers Monde (1971) e L’espace partagé (1975),
  • 26. 26 traduzido como O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana, em 1978. Este último marca a expressão de uma de suas ideias originais: a existên- cia de dois circuitos da economia. O primeiro constituído pelas empresas, pelos bancos e firmas de seguros, ao qual chamava de rico. O segundo ex- pressado pela economia informal, por meio do comércio ambulante e dos demais circuitos pobres da economia. Da França partiu para vários países, vivendo de maneira itinerante e como professor convidado. Atuou em centros universitários, da América do Norte (Canadá, University of Toronto -1972- 1973); Estados Unidos (Cambridge, Massachusetts Institute of Technology – 1971-1972, e Nova York, Columbia University– 1976-1977), da América Latina (Peru, Universidad Politécnica de Lima – 1973; Venezuela, Universidad Central de Caracas – 1975-1976) e da África (Tanzânia, University of Dar-es- -Salaam – 1974-1976). Seu retorno ao Brasil decorreu de um acontecimento especial ao geógrafo baiano: a gravidez de sua segunda esposa, Marie Hélene Santos. Milton queria que seu segundo filho, Rafael dos Santos, nascesse baiano, como seu primogênito, o economista Milton Santos Filho, que faleceu poucos anos antes que o pai. Em 1978 estava de volta à vida uni- versitária brasileira. Mas trazia na bagagem uma obra que marcou, so- bretudo os geógrafos marxistas do país: “Por uma Geografia Nova”, que foi traduzida para vários idiomas em diversos países. Neste trabalho, Mil- ton Santos preconiza uma geogra- fia voltada para as questões sociais. Entre 1978 e 1982 trabalhou como pro- fessor visitante na Faculdade de Arqui- tetura da Universidade de São Paulo – USP. Atuou também como professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro –UFRJ, onde permaneceu até 1983. Em 1983 ingressa em uma nova insti- tuição de ensino e pesquisa: O Depar- tamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde organizou congressos, ministrou aulas na graduação e na pós- -graduação, pesquisou, produziu livros e formou alunos. A produção intensa desenvolvida no Departamento de Geografia da USP re- sultou na indicação para receber o prê- mio Vautrin Lud, que é considerado o Prêmio Nobel no âmbito da Geografia. Em 1994 Milton Santos foi o primeiro intelectual de um país pobre e o primei- ro que não tinha o inglês como língua pátria, agraciado com tal distinção. O prêmio internacional promoveu um redescobrimento de Milton Santos no Brasil. Passou a ser requisitado por órgãos de imprensa para entrevistas e depoimentos. Mas mantinha seu senso críticoaisso,afirmandoque“umintelec- tual não pode falar todos os dias. É pre- ciso tempo para amadurecer as ideias“. Depois de 1994 sua vida foi marcada pelo reconhecimento de sua produção como geógrafo e intelectual crítico. Recebeu entre outras premiações, o de Mérito Tecnológico (Sindicato de En- genheiros do Estado de São Paulo, em 1995), Personalidade do Ano (Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do rio de Janeiro, em 1997), 11ª. Medalha
  • 27. 27 Chico Mendes de Resistência (Grupo Tortura Nunca Mais, em 1999), O Bra- sileiro do Século (Isto é, 1999), Multicul- tural 2000 Estadão (O estado de S.Paulo, em 2000). Fora do país, recebeu, entre outros prêmios, a Medalha de Mérito (Universidad de La Habana – Cuba, em 1994) e o prêmio UNESCO, catego- ria Ciência (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 2000). Ampliou também sua série de honrarias universitárias como os títulos de Doutor Honoris Causa em Universidades como a Université de Toulouse (1980), Univer- sidad de Buenos Aires (1992), Univer- sidad Complutense de Madrid (1994), Universidade de Barcelona (1996), entre tantas outras, incluindo mais de uma dezena no Brasil, onde ainda recebeu o título de Professor Emérito da Fa- culdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Pau- lo, em 1997. Após o diagnóstico de um câncer em 1994, ao contrário de esmorecer, intensi- ficou o seu trabalho de intelectual, para perplexidade dos que o acompanhavam de perto, até a data de seu falecimento em 24 de junho de 2001. (As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado em: http://miltonsantos.wordpress.com/biografia-de- milton-santos/) Sobre Carolina Maria de Jesus, Ve- rena Leite de Brito e Maria Dimpina Lobo Duarte, elaborei pesquisas e, a seguir, apresento as autoras, relevan- do suas importantes contribuições para a cultura afro-brasileira. Carolina Maria de Jesus O interesse despertado por Caro- lina de Jesus está relacionado a sua história de vida e à consagração dos seus escritos, principalmente com o livro Quarto de Despejo (1960), tradu- zido em 13 idiomas. Outro aspecto importante é sua contribuição para explicar a realidade social em que vi- viam a população pobre e os negros. Natural de Sacramento, Minas Gerais, onde nasceu em 1914 e onde viveu sua infância e adolescência. Migra com sua mãe para São Paulo e vai viver na favela Canindé, nas proximidades do Rio Tietê. Mãe de três filhos, João José, Vera Eunice e José Carlos, vivencia um contexto de adversidade marcado pelo precon- ceito racial e social. A trajetória de Carolina se con- funde com seus escritos, em que denunciava as dificuldades e a se-
  • 28. 28 gregação racial representada pela periferia. Estudou até seus 08 anos - os primeiros anos da fase primária de alfabetização - depois passou a desenvolver por conta própria sua aprendizagem. A alfabetização da população ne- gra foi um tema obsessivo na vida de Carolina. Para ela, os critérios de alfabetização formal cumpriam a função de mudar a vida das pessoas. Para Meihy (2004, p. 47, grifos do autor): O inventário da vida de Carolina até a chegada a São Paulo deixa entrever alguns aspectos fundamentais para o seu futuro. O primeiro livro lido foi Escrava Isaura e a Vida de Santa Tereza.Oprimeirolivrocompradofoi Primavera,deCassimirodeAbreu(...). A consciência de que sabia ler e, mais do que isso, do que podia escrever garantiu-lhe o ingresso em um novo mundoquecomprometiaarigidezdo destino dos negros não alfabetizados. Carolina foi descoberta pelo re- pórter Audálio Dantas que, por oca- sião de um trabalho de reportagem sobre a favela de Canindé, tomou conhecimento deseus escritos, nos quais ela registrava os problemas da favela e as dificuldades que viven- ciava. Maravilhado com os escritos da autora, põe-se a auxiliá-la, orga- nizando e fazendo a apresentação de sua produção a um editor, que publicou seu primeiro livro. Daí para ser conhecida no mundo foi rápido. Seus livros deram suporte a uma extensa leitura e análise sobre a realidade nas favelas, até então pouco conhecida naquele período, e até hoje contribuem para pensar a realidade racial brasileira. A autora concebeu sua vida como obra, registrando diariamente suas experiências com a miséria e discri- minação racial. Por meio de diários, expressava seu estilo e a narrativa nas suas obras: Quarto de despejo (1960); Casa de alvenaria (1961); Pro- vérbios (1963); Pedaços da fome (1963) e Diário de Bitita (1986-memória pós- tuma) eram marcados pela denúncia dos problemas sociais e raciais. Sobre o livro Quarto de despejo, Meihy (2004) faz a seguinte obser- vação: “irrompeu como um cometa radiante riscando o céu tisnado de figuras populares como a escritora” (p.20, grifos do autor). ‘Quarto de Despejo’ inspirou diver- sas expressões artísticas como a letra do samba ‘Quarto de Despejo’ de B. Lobo; como o texto em debate no livro ‘Eu te arrespondo Carolina’ de Herculano Neves; como a adaptação teatral de Edy Lima; como o filme realizada pela Televisão Alemã, uti- lizando a própria Carolina de Jesus como protagonista do filme ‘Des- pertar de um sonho’ (ainda inédito no Brasil); e, finalmente, a adaptação para a série ‘Caso Verdade’ da Rede Globo de Televisão em 19831 . 1 Trecho retirado do site:: http://esperanca-garcia.blogs- pot.com/2010/07/biografia-carolina-maria-de-jesus. html
  • 29. 29 De empregada doméstica e cata- dora de papel à escritora, graças ao seu gosto pela leitura, Carolina em seus próprios escritos deixou trans- parecer seu apego e a importância que dava aos livros. Por ocasião de sua mudança para São Paulo: “encaixotava os meus livros, a única coisa que realmente eu venerava” (MEIHY, 2004, p. 47). Pesquisas recentes busca organizar sua biografia para trazer ao presente a memória de Carolina. Dois textos assinados por ela, ainda que pouco, pode auxiliar nesse processo. Um de- les é intitulado de Minha vida e outro o Sócrates africano, referindo-se ao seu avô. Conjuntamente, esses textos in- formam um pouco sobre suas visões de mundo e de sua família. Carolina morreu aos 62 anos, em 1977, deixando expostos em seus escritos a realidade de desigualdade social e racial inconteste, que ela sempre denunciou de forma inci- siva, causando desagrados à elite política da época, o que lhe custou um silenciamento até hoje sobre si e seus escritos. Verena Leite de Brito Verena de Leite Brito desponta na memórianegramato-grossensecomo mulher de grande liderança e pela sua contribuiçãonaeducação.Nasceuem Vila Bela da Santíssima Trindade, pri- meira capital de Mato Grosso, numa importantefamílialocal.FilhadeNilo Leite Ribeiro, que lhe deu o nome de uma flor de grande beleza que aflora na estação primaveril. Em meio as poucas possibilidades e dificuldades de acesso a uma carrei- ra intelectual, Verena construiu uma trajetória marcada pela preocupação com a educação das crianças, com a saúde e os problemas sociais viven- ciado por todos na região onde viveu. De forte compromisso religioso, vivenciou a Teologia da Libertação, na igreja católica. Era benzedeira e fazia parte da Irmandade de São Be- nedito, onde contribui para manter a tradição cultural negra, peculiar da cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, devida a forte presença negra. Com rezadeira e benzedeira,
  • 30. 30 gozava de grande prestigio e au- toridade na comunidade. “Verena assumiu a missão de coordenar, além da catequese das crianças, as práticas religiosas da comunidade: organizar a festa de São Benedito, do Divino e das Três Pessoas [...]. Confortava quem estava no fim da vida, dando-lhe extrema-unção”. (GONÇALVES, 2000, p. 56). Com o mesmo afinco como pro- fessora, Verena assumiu a posição de rezadeira, desenvolvendo serviços comunitários. Amplia as atividades de rezadeira com a de mestre e zela- dora. O papel de zelador, comumen- te assumido pelos homens, era de hospedar o bispo e padres, ficavam responsáveis pelos casamentos e escrituração dos registros religiosos. Todas essas atividades passaram a ser desenvolvida por Verena, con- forme Gonçalves (2000). Como possuía grande preocupa- ção social, buscava sempre colaborar com as pessoas mais necessitadas, aliou a sua prática social a função de enfermeira, assim, dedicava- -se com competência ao exercício da profissão. Segundo Gonçalves (2000), nessa área Verena, realizava atividades de primeiros socorros, vacinação e aplicações de injeções, a partir dos devidos diagnósticos e prescrição médica. Como agente de saúde aliava os conhecimentos da medicina popular, respeitando os conhecimentos e cultura local. Mas foi na educação seu maior legado. Desde muito cedo se preocu- pou se com a instrução da população local. Sua dedicação em colaborar com a educação das crianças era tan- ta que chegou a transformar sua casa em sala de aula, para que as crianças sem acesso à formação escolar, por- que viviam na zona rural da região, pudessem estudar. Devido a sua formação e competência, no inicio dos anos de 1940, já lecionava numa escola local, em todos os períodos, chegando a ser diretora. Possuidora de uma visão peda- gógica avançada, rompe com a ideia tradicional de educação, abolindo o uso de palmatória nas suas aulas e a separação entre meninos e meninas em sala de aula. Defendia a impor- tância da relação professor ealuno no processo educativo e a ampla partici- pação dos pais no acompanhamento da vida escolar dos filhos. Aliado a isso, investia na prática de ensino que tornasseo processo deaprendizagem mais prazerosa, incluía a música, o te- atro e o desenho como instrumentos no processo de aprendizagem. Para sua época, Verena traduzia um novo pensamento pedagógico no que refere ao processo de apren- dizagem e ensino. Ela morreu em 1977 e faz parte da memória negra, especialmente a vilabelense, tida como uma importante mulher na história da educação local. Um ano depois da sua morte foi homenage- ada pela comunidade que registrou o nome do estabelecimento de ensino onde trabalhou como Escola Esta- dual Verena Leite de Brito.
  • 31. 31 Maria Dimpina Lobo Duarte A primeira funcionária pública do estado de Mato Grosso. Assim, Ma- ria Dimpina Lobo Duarte se insere na história mato-grossense. Nasceu em Cuiabá no ano de 1891. Rompe as barreiras machista, torna-se uma importante militante dos direitos da mulher e encabeça a luta em Mato Grossopelodireitoaovotofeminino. Desde muito cedo, dedica-se aos estudos. Foi à primeira aluna a ingressar no Liceu Cuiabano, pois, até o seu ingresso, na Instituição só estudava homens. Formada em Ciências e Letras, ainda muito jovem ingressa no magistério, dedicando-se a essa profissão. Mais tarde fundou um Colégio Particular, o Colégio São Luiz. Juntamente com um grupo de mulheres, em 1916, fundou o Grê- mio Literário Júlia Lopes, e a revista A violeta, e nela exerceu a função de diretora e redatora. Essa Revista cir- culou no Estado por mais ou menos 40 anos. Veja abaixo um trecho de um dos seus artigos, publicado na revista A violeta: Já vão bem longe os tempos em que se cogitava de educar a mulher ape- nas para o lar. Instruída era aquela que completava o curso primário findo o qual, ou em o próprio lar ou fora dele, aprendia a confeccionar roupas, a fazer os serviços de copa, cozinha, enfim, todos os que dizem respeito ao interior da casa, cujo go- verno lhe era destinado ou por força de casamento, ou, se ficasse solteira, como administrado domestica em casa dos pais ou parentes com quem fosse obrigada a residir. Desapareceu completamente essa nora educativa e, de um momento para outro, viemos deparar com um outro sistema que forma a mulher moderna, a que concorre com o homem para os cargos públicos, a que enfrenta os concursos das repartições, a que, enfim, cursando escolas superiores, conquista altas colocações na sociedade, o que, no entanto, a prática já demonstrou, não dirime as funções que lhe são atinentes de esposa e mãe porque o coração dita leis às quais o cérebro se suborna (DIMPINA, Maria. “Educa- ção doméstica”. A violeta. 5 jan. e fev. de 1946, p. 327, 328).
  • 32. 32 De um brilhantismo intelectual invejável, participa do concurso na- cional para trabalhar nos Correios e Telégrafos, passando em primeiro lugar. Da mesma forma, conseguiu o primeiro lugar num concurso lite- rário de âmbito nacional, promovido pelo Jornal do Comércio do Rio de Janeiro. Após se casar com um militar, começa a acompanhar seu marido nas transferências de cidades. Fren- te a essa situação, depara-se com problemas em assegurar sua vaga no serviço público. Começa a en- campar mais uma luta, a de garantir que as mulheres de militares não perdessem seus concursos em de- corrência de terem de acompanhar os maridos militares transferidos. Para tanto, utiliza-se de seu poder de escrita e argumentação, solicita junto ao presidente Getúlio Vargas, que fosse assegurado os concursos públicos das mulheres nesses casos. Suas argumentações foram aceitas pelo então presidente da república e abriu, mais tarde, precedentes para regularização de situações se- melhantes em outras categorias de servidores públicos. Assim, Maria Dimpina, se ins- creveu na história de Mato Grosso, através da luta pelos direitos femi- ninos. Morre em 1966 em Cuiabá. Atualmente, nessa mesma cidade, existe uma escola municipal, que leva o seu nome em homenagem e reconhecimento à importância da sua história tão pouco conhecida no Estado e no Brasil. 3. A arte afro-brasileira Também são muitas e de grande valor as produções dos afro-brasi- leiros nas artes plásticas. Por falta de espaço, apresentaremos apenas algumas imagens das produções desses artistas. Essa amostra, ainda que mínima, possibilita pensarmos na qualidade das obras de arte elabo- rada pelos negros brasileiros. Pode-se dizer que o valor do signi- ficado das contribuições dos negros nas artes do Brasil é a expressão de um sentimento profundo e a afir- mação de um povo, cuja obra que está exposta a julgamento de todos (ARAUJO,2010). Raimundo da Costa e Silva. Nossa Senhora do Carmo. Seculo XVIII. Óleo sobre tela. Igreja da Ordem Terceira do Carmo, Rio de Janeiro, RJ.
  • 33. 33 Antonio Rafael Pinto Bandeira. Habitação na raiz da Serra da Estrela, 1897. Óleo sobre tela 28 x45,5 cm. Iphan, RJ. Maria Auxiliadora da Silva. A colheita de cactos, 1978. Óleo sobre papelão, 57x68 cm. Coleção Particular.
  • 34. 34 Estevão Roberto da Silva, Natureza morta, 1884. Óleo sobre tela. Coleção particular. Otavio Araújo (São Paulo). A tentação de Santo Antonio,1987. Óleo sobre tela, 73x 54 cm. Coleção particular.
  • 35. 35 Antonio Bandeira (Fortaleza,CE – Paris, França 1967) Arvores negras em bonina, 1951. Oleo sobre tela, 56 x 47 cm. Coleção particular.
  • 36. 36 Gervane de Paula (Cuiabá MT, 1962) – Tela, Bichos, 1987. Acrilica s/tela. 150 x 150 cm. Coleção particular. Yedamara (Salvador-BA, 1940) – Barcos. Óleo sobre tela. Coleção particular.
  • 37. 37 Nominata sobre alguns artistas e intelectuais negros Aqui, segue uma nominata encon- trada no livro A mão afro-brasileira, que traz referências importantes sobre in- telectuais e artistas negros brasileiros na formação cultural do país. Observamos que no livro A mão afro-brasileira somente estão inclusas a relação de nomes das personali- dades negras que já morreram. Elas estão relacionadas em categorias como: arquitetura; engenharia; ci- ências sociais; cinema; diplomacia; educação; esporte; filologia; filoso- fia; folclore; fotografia; geografia; indústria; invenções; jornalismo; literatura; magistério; magistratura, procuradoria, promotoria e advo- cacia; militares; movimento de liber- tação; música; política; psiquiatria; religião e teatro. Abaixo, segue parte da relação dessas categorias, bem como a dos nomes originalmente inclusos. Arquitetura Arquiteto RODRIGUES, António, Fernandes Mariana, MG, séc. XVIII –...2 gravador ativo em Lisboa Engenharia Engenheiros SAMPAIO, Teodoro Fernandes. - Bom Jardim, município de Santo Amaro, BA, 1855 – Rio de Janeiro, RJ, 1937, geógrafo, cartógrafo, urbanista, arquiteto, historiador, 2 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento. Helio Oliveira (Salvador, 1929). Iaô. Xilogravura. Coleção particular
  • 38. 38 sociólogo, literato, tupinólogo e político. Um dos organizadores da Escola Politéc- nica de São Paulo. SILVA, Alfredo Índio do Brasil:...3 RS, 1853 – entre Santo Antonio e Manaus, AM, 1883, engenheiro da Comissão de Estudos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Ciências Sociais Sociólogo RAMOS. Alberto Guerreiro.: Santo Amaro da Purificação, BA, ? – Los Angeles, Es- tados Unidos, 1982, sociólogo e político brasileiro. Figura de grande relevo da ciência social no Brasil. Foi deputado federal pelo Rio de Janeiro e membro da delegação do Brasil junto à ONU. É autor de dez livros. Professor visitante da Universidade Federal de Santa Catarina, professor da Ebap (Es- cola Brasileira de Administração Pública) e da Fundação Getulio Vargas. Pronunciou conferências em Pequim, Belgrado e na academia de Ciências da extinta União So- viética. EM 1955, foi conferencista visitante da Universidade de Paris. Nos anos de 1972 e 1973 foi visiting fellow da Yale University e professor-visitante da Wesleyan Universi- ty. Deixou o país em 1966, radicando-se nos Estados Unidos, onde passou a ensinar na Universidade do Sul da Califórnia. Diplomacia ALVES, Manuel.:Embaixador de D. João VI e D. Pedro I, tomou parte ativa na Sa- binada, em 1837. Cavalheiro da Ordem de Cristo. Recolhido às gáles do Arsenal da Marinha, ali morreu. CRUZ, Antonio Gonçalves, o Cabugá: Re- cife, PE, 1970 – Chuquisaca, Bolívia, 1833, 3 desconhecida a cidade de nascimento. participou da Revolução de 1813. Após a Independência, foi nomeado cônsul-geral do Império do Brasil junto ao governo americano, para tratar do reconhecimento do novo Estado. Não chegou a tomar posse, pois nunca lhe veio às mãos a carta de nomeação. Encarregado de negócios e cônsul-geral na Bolívia em 1831. Educação ABREU, Luciana de: Porto Alegre, RS, 1847 -...4 , professora primária, conferencista e abolicionista. Seus biógrafos a consideram a primeira mulher a discursar em público defendendo os direitos de seu sexo. BARROS, Antonieta de: Florianópolis, SC, 1901 -1952, jornalista, escritora, primeira mulher eleita à Assembléia Legislativa de Santa Catarina (1935). Esporte Boxe BARBOSA, JR., Romeu. Pugilista, despe- diu-se dos ringues em 1963. Capoeira BIMBA, Mestre. Falecido em Salvador, BA. PASTINHA, Mestre. Falecido em Salva- dor, BA. Futebol Jogadores FAUSTO, o “Maravilha Negra”. Falecido em Palmira, MG, 1939. FRIEDENREICH, Artur, “El Tigre”. São Paulo, 1892 – Idem, 1969, também ator de cinema. GARRINCHA. Pau Grande, RJ, 1933 – Rio Janeiro, RJ, 1983, campeão Mundial. 4 desconhecida a cidade de falecimento.
  • 39. 39 Técnicos GLORIA, Otto. Rio de Janeiro, RJ, 1919 – Idem, 1986 Filologia MURICI, João da Veiga. Salvador, BA, 1806-1890, autor de compêndios de gra- mática, lecionou francês, latim, português, grego e filosofia. Compositor, flautista e violonista. NASCENTES, Antenor. Rio de Janeiro, RJ, 1886-1972, autor de vários compêndios de gramática, professor e advogado. Filosofia MENEZES, Tobias Barreto de. Campos do Rio Real, SE, 1839 – Recife, PE, 1889, poeta, fundador da Escola Condoreira, lente da Faculdade de Direito do Recife, dedicou-se à critica filosófica, religiosa, política e jurídica. Indústria REIS, João Manso Pereira dos...5 MG, 1750 – Angra dos Reis, RJ, 1820, de alcunha, “O QUÍMICO”. Sua indústria de porcelana funcionou na ilha do Governador, RJ, mas não foi adiante por falta de capitais e mão de obra especializada. Aperfeiçou-se em trabalhos de charão. Invenções LUCAS, Padre Dr. José Joaquim. Vigário do bairro de Inhaúma, Rio de Janeiro, na década de 1930, inventou máquina de escrever música. SOUSA, Julio César Ribeiro de. São José do Acará, PA, 1843 – Belém, PA, 1887, jorna- lista e poeta satírico. Inventou um aeróstato a que deu o nome de Balão Planado. Em 5 Desconhecida a cidade de nascimento. 1881 apresentou ao Instituto Politécnico do Brasil sua “Memória sobre a navegação aérea”. Em Paris, fez construir os aeróstatos Vitória, Santa Maria de Belém e Cruzeiro, com os quais realizou experimentos na capital francesa e no Rio de Janeiro. Jornalismo Rio Grande do Sul. CASTRO, Apulcro de. Redator de O Cor- sário, assassinado no Rio de Janeiro, em 25 de outubro de 1883. MAGALHÃES NETO, José Vieira Cou- to de. São Paulo, SP, 1910-1937, poeta e orador. NASCIMENTO, Deocleciano. Fundou em São Paulo, em 1915, o jornal O Menelick, primeiro órgão da imprensa do país. ROCHA, Justiniano José da. Rio de Janeiro, RJ, 1812 – Idem, 1862, bacharel em Direito, deputado à Assembléia Nacional, professor do Colégio D. Pedro II e da Escola Central. Fundou sete jornais no Rio de Janeiro. ROSA, Francisco Otaviano de Almeida. Rio de Janeiro, RJ, 1825 – Idem, 1889, poeta, deputado, senador, enviado extraordinário e ministro plenipotenciário ao Rio da Prata, onde negociou o Tratado da Tríplice Alian- ça. Colaborou na redação da Lei Do Ventre Livre (1871). Diretor do Diário Oficial e de várias publicações. Cognominado “A Pena de Ouro” da imprensa brasileira. VEIGA, Evaristo Ferreira da. Rio de Janei- ro, RJ, 1799 -1837, livreiro, tradutor, poeta, membro do Instituto Histórico da França e da Arcádia Romana. Dirigiu o Jornal Flu- minense e foi o mais importante jornalista de sua época.
  • 40. 40 Literatura Cantadores CEGO ADERALDO. Crato, CE, 1878 – Fortaleza, CE, 1967. ASSIS, Manuel Tomás de. Alagoas Nova, PB, 1899 -...6 Por mais de 55 anos imprimiu e vendeu seus folhetos de cordel. BARBOSA, Chica (Chica Barroso). Patos, PB, fins do séc. XIX -...7 , PB, 1916. CALUETE, Francisco Romano. Teixeira, PB, 1840-1891. CATINGUEIRA, Inácio da. Catingueira, PB, 1845-1881, ex-escravo, célebre por seus desafios. QUEIMADAS, Fabião das. Santa Cruz, RN, 1848-1928, escravo que, com dinheiro que ganhava em cantorias, comprou sua alforria, a de sua mãe e a de uma sobrinha, com quem casou. RIO PRETO. Cangaceiro, terror da ribeira do Rio do Peixe, PB, no século passado. SANTO AMARO, Cuíca de. Salvador, BA,...8 , faleceu em 1965. Intitulava-se “Po- eta Proletário”, “Repórter-poeta” e “Ele, o Tal”. Ator de cinema. Conto, crônica, ensaio, romance e teatro ALMEIDA, Joaquim Garcia Pires de. Rio de Janeiro, RJ, 1844-1873, dramaturgo e poeta. ANDRADE, Mário de. São Paulo, SP, 1893-1945, Crítico literário, musica e de artes, contista, romancista, folclorista, mu- sicólogo. Foi um dos chefes do Movimento Modernista. Fundou o Departamento de 6 desconhecida a data de falecimento. 7 desconhecida a data de nascimento. 8 desconhecida a data de nascimento. Cultura da Prefeitura de São Paulo e foi um dos fundadores do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. ASSIS, Machado de. Rio de Janeiro, RJ, 1839 -1908. Romancista, poeta, cronista, jornalista, critico literário e teatral, dra- maturgo, tradutor, primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. BARRETO, Lima. Rio de Janeiro, RJ, 1839 - 1922. Comediógrafo e um dos maiores romancistas de sua geração. CARNEIRO, Edson de Sousa. Salvador, BA, 1912 – Rio de Janeiro, RJ, 1972, ad- vogado, etnólogo, folclorista, autor de im- portantes estudos sobre as religiões negras. COLAÇO, Felipe Néri....9 , PE, 1813 -..,10 Bacharel em Direito. DEIRÓ, Eunápio. Santo Amaro da Purifi- cação, BA, 1829 -1910, orador, jornalista, historiador, literato, deputado à Assembléia Provincial e Geral. FERRAZ, Geraldo. Campos Novos, SP, 1905 – São Paulo, SP, 1979, crítico de arte e romancista. FUSCO, Rosário. São Gonçalo, município de Rio Branco, MG, 1910 – Cataguases, MG, 1977, dramaturgo, romancista. GARCIA, Antonio José Nunes. Rio de Janeiro, RJ,...11 tipógrafo, dramaturgo, poeta e ourives GÓES, Fernando...12 1915 – São Paulo, SP, 1979, ensaísta, organizou antologias do conto brasileiro. PATROCINIO FILHO, José do. Rio de Janeiro, RJ, 1885 – Paris, França, 1929, cro- 9 desconhecida a cidade de nascimento. 10 desconhecida a data de falecimento. 11 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento. 12 desconhecida a cidade de nascimento.
  • 41. 41 nista, empresário teatral, escreveu revistas musicadas. Roteirista de cinema, um dos primeiros produtores de cinema do Brasil. PEREIRA, Nunes. São Luis, MA, 1893 – Rio de Janeiro, RJ, 1985, etnólogo e folclorista REIS, Maria Firmina dos. São Luís, MA, 1825-1917, professora de primeiras letras. Seu romance Ursula passa por ser o primeiro livro abolicionista escrito por uma mulher entre nós. ROCHA, Lindolfo Jacinto. Grão Mogol, MG, 1862 – Salvador, BA, 1911, magistrado, jurista, poeta e romancista. SOUSA, Antonio Gonçalves Teixeira e. Cabo Frio, RJ, 1812 – Rio de Janeiro, 1861, poeta, dramaturgo. Publicou, em 1843, O Filho do pescador, considerado o primeiro romance brasileiro de certo valor literário. Oratória parlamentar e sacra VIEIRA, Padre Antonio. Lisboa, Portugal, 1608 – Salvador, BA, 1697, celebrizou-se por seus sermões e foi ardente defensor da liberdade dos índios. VIEIRA. Cardoso...,13 PA. Rio de Janeiro, RJ, 1883, jornalista, filólogo. Poesia ALVARENGA, Manuel Inácio da Silva. São João Del Rei, MG, 1749 – Rio de Janeiro, RJ, 1814, capitão-mor das Milícias dos Homens Pardos, advogado, professor régio de Retórica e Poética, músico (rabequista). Participou da Inconfidência Mineira. ALVES, Antonio de Castro. Fazenda Ca- beceiras, Curralinho, BA, 1847, - Salvador, BA, 1871, cognominado “O poeta da Abolição”. Foi o maior representante da 13 desconhecidas a cidade e data de nascimento. Escola Condoreira e um dos maiores vultos do romantismo brasileiro. ALVES, Guilherme de Castro. Fazenda Cabeceiras, Curralinho, BA, 1852 -1877 BARBOSA, Padre Domingos Caldas. Rio de Janeiro, RJ, c. 1739 – Lisboa, Portugal, 1800, o Lereno Selunitinio, dramaturgo, capelão da Casa de Suplicação de Lisboa, recebido na Arcádia Romana. Guitarrista e violinista, acompanhava-se em modinhas de sua autoria. BILAC, Olavo. Rio de Janeiro, RJ, 1865 -1918, jornalista, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, abolicionista, republicano, poeta parnasiano. CAMPOS, Astério Barbosa de. Amargosa, BA, 1880 -...14 , poeta simbolista. CASTRO, Galdino de. Salvador, BA, 1882 -...15 , poeta, simbolista, médico. COSTA, Cyro....16 , 1879 -1937, historiador. CRESPO, Antonio Cândido Gonçalves. Rio de Janeiro, RJ, 1846 – Lisboa, Portugal, 1883, poeta parnasiano, viveu quase a vida toda em Portugal. DIAS, Antônio Gonçalves. Caxias, MA, 1823 -1864, poeta romântico, dramaturgo, jornalista, professor, formado em Direito, em Coimbra. Primeiro catedrático de histó- ria do Brasil no Colégio Dom Pedro II, na Corte. Morreu em um naufrágio. DIAS, Teófilo Odorico de Mesquita. Caxias, MA, 1857 – São Paulo, SP, 1889, advogado e jornalista FONTES, Hermes. Buquim, SE, 1888 – Rio de Janeiro, RJ, 1930, jornalista e letrista. 14 desconhecida a data de falecimento 15 desconhecida a data de falecimento. 16 desconhecida a cidade de nascimento e falecimento.
  • 42. 42 GAMA, José Basílio da. Vila de São José (atual Tiradentes), MG, 1741 – Lisboa, Portugal, 1795, cursou aulas de Direito em Coimbra e entrou aos 23 anos para a Arcádia Romana. Um dos fundadores da Academia Literária, no Brasil (1780). LIMA, Jorge de. União dos Palmares, AL, 1895 – Rio de Janeiro, RJ, 1953, médico, vereador, deputado estadual, professor da Universidade do Distrito Federal e da Universidade do Brasil. MANGABEIRA, Francisco Cavalcanti. Salvador, BA, 1879 – Gurupi, MA, 1904, médico. MEIRELES FILHO, Saturnino Soares de. Rio de Janeiro, RJ, 1878 – Idem, 1906, poeta simbolista. RABELO, Laurindo José da Silva. Rio de Janeiro, RJ, 1826 – Idem, 1864, médico militar, dramaturgo, poeta satírico e lírico. REGO, João de Deus, PA,...17 Publicou Pri- meiras Rimas, seu livro de estréia, em 1888. RICARDO, Cassiano: São José dos Cam- pos, SP, 1895 – São Paulo, SP, 1974, poeta modernista, ensaísta ROSA, Laura: Caxias, MA,...18 MA. Foi a primeira mulher a entrar para a Academia Maranhense de Letras, na década de 1930. SALDANHA, José da Natividade:...19 , PE, 1795, Colômbia, 1830, bacharel em Direito por Coimbra, professor de Humanidades em Bogotá, na Colômbia, condenado à morte por sua participação na Revolução de 1824. Fugiu para os Estados Unidos e de lá passou para a França, a Inglaterra, a Venezuela e a Colômbia. 17 desconhecidasacidade,datadenascimentoefalecimento. 18 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento. 19 desconhecidas a cidade de nascimento e data de fale- cimento. SOUSA, Henrique Castriciano de. Macaí- ba, RN, 1874 – Natal, RN, 1947, primeiro presidente da Academia Rio-Grandense de Letras. SOUSA, João da Cruz e. Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), SC, 1861 – Sítio, MG, 1898, poeta simbolista e jornalista engajou-se na campanha pela abolição. TITARA, Major Ladislau dos Santos. Capu- ame, BA, 1801 – Rio de Janeiro, RJ, 1861, participou das guerras de independência, na Bahia. Compositor. TRINDADE, Solano. Recife, PE, 1908 – Rio de Janeiro, RJ, 1974, folclorista, funda- dor do Teatro Popular Brasileiro. Em 1936 fundou a Frente Negra Pernambucana e o Cento de Cultura Afro-Brasileiro. Editores BRITO, Francisco de Paula. Rio de Janeiro, RJ, 1809 -1861, tipógrafo, editor, jornalista, tradutor, dramaturgo, litógrafo e poeta. Edi- tou cinco jornais, entre eles, O Homem de Cor (1833), título alterado mais tarde para O Mulato ou O Homem de Cor, primeiro jornal brasileiro dedicado à luta contra os preconceitos de raça. Magistério Idiomas A L A K I J A , P o r f í r i o M a x w e l l Assumpção:...20 , Nigéria, – Salvador, BA. Professor de Inglês, na capital Baiana, nas primeiras décadas do século XX, e colabo- rador de Nina Rodrigues. CARMO, José Santana do.:...21 , BA, – São Paulo, SP. Professor de japonês da Aliança Cultura Brasil- Japão, São Paulo. 20 desconhecidas a cidade e data de nascimento, data falecimento. 21 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.
  • 43. 43 Ensino universitário CARVALHO, Cônego Ribamar.: MA,...22 , – São Luís, MA. Foi reitor da Universidade Federal do Maranhão. CRUZ, Alcides de Freitas: Porto Alegre, RS, 1878 -...23 , Magistrado, deputado estadual, professor da Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre. MENEZES, Francisco da Conceição: BA,...24 Salvador, BA, ?, Educador, profes- sor da Universidade Federal da Bahia MENEZES, Inácio de: BA....25 Salvador, BA, professor da Universidade Federal de São Carlos, SP. OLIVEIRA, Eduardo de Oliveira e....26 , 1923 – São Paulo, SP, 1980, historiador, professor da Universidade Federal de São Carlos, SP. ROCHA, Albano da Franca. BA,...27 , – Sal- vador, BA, engenheiro, professor da Escola de Engenharia da Bahia. Magistratura, procuradoria, promotoria e advocacia Magistratura ANTÍGONO, Leandro Paulo. Foi juiz de Direito no estado do Amazonas. BENJAMIM,PerilodeAssis,BA,...28 ,BA,de- sembargador do Tribunal de Justiça da Bahia FARIA, Júlio César de. Caetité, BA, 1873- 22 desconhecidas as cidades, datas de nascimento e faleci- mento. 23 desconhecida a data de falecimento. 24 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento. 25 desconhecidas a cidade de nascimento, as datas de nascimento e falecimento. 26 desconhecida a cidade de nascimento. 27 desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci- mento. 28 desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci- mento. São Paulo, SP,...29 , desembargador, presi- dente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. LACERDA, Anselmo Pereira de. Foi Juiz de Direito no Estado do Amazonas. G O M E S , C l e ó b u l o C a r d o s o, BA,...30 ,desembargador do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. LIMA, Herotides da Silva. São Paulo, SP,...31 desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo SANTOS, José Cuba dos.: SP,...32 , juiz de Direito em várias comarcas do Estado de São Paulo SARAIVA, Canuto José. Areias, SP, 1854 – Rio de Janeiro, RJ, 1919, ministro do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e ministro do Supremo Tribunal Federal SENA, Jardelino, BA, 1865 -...33 , RS, desem- bargador do Supremo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Promotoria AURÉLIO JÚNIOR. Porto Alegre, RS, 1874 -...34 , promotor público, juiz de Di- reito, jornalista. MONTE, Valentim. Penedo, Al, 1865 -...35 , promotor público, juiz de Direito em Porto Alegre. Advocacia. MORAIS, Antonio Evaristo de. Rio de Janeiro, RJ, 1871- 1939, professor, histo- riador, sociólogo e jornalista, presidente da Sociedade Brasileira de Criminologia. 29 desconhecida a data de falecimento. 30 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento. 31 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento. 32 desconhecidas as data de nascimento e falecimento. 33 desconhecidas a cidade de nascimento, a cidade e data de falecimento. 34 Desconhecida a data de falecimento. 35 Desconhecida a data de falecimento.
  • 44. 44 PRADO, Armando da Silva. São Paulo, SP...36 advogado no foro de São Paulo. REBOUÇAS, Conselheiro Antonio Pereira. Maragojipe, BA, 1787 – Rio de Janeiro, RJ, 1880, Advogado provisionado; conselheiro geral, na Província da Bahia, do Conselho do Imperador; historiador, jurista, memo- rialista; defendeu a extinção da escravidão. Medicina AQUINO, João Tomás de. Clinicou em São Paulo na década de 1940. CASTRO, Tito Lívio de. 1864-1890...37 , escritor, vice-diretor do Asilo Nacional de Alienados, RJ. CONCEIÇÃO, Olga, BA...38 , Salvador, BA. COUTINHO, José Lino.... 39 BA, 1784 – Sal- vador, BA, 1836, formado em medicina por Coimbra. Fazia parte do Conselho do Impe- rador, médico honorário da Imperial Câma- ra. Professor da Faculdade de Medicina da Bahia. Escreveu sobre medicina e filosofia. Participou das guerras da independência na Bahia. Em Falmouth, Inglaterra, redigiu o manifesto de 1822. Foi ministro do Império, após abdicação de Dom Pedro I. DIAS, Soares. Vassouras, RJ, 1864 – Rio de Janeiro, RJ...40 , médico homeopata, formado pela Escola Hahnemanniana do Rio de Janeiro. FONSECA, Luis Anselmo da. Santo Ama- ro da Purificação, BA...41 , 1853 - 1929, lente de física médica da Faculdade de Medicina da Bahia. Autor de livros sobre medicina, historiador. 36 desconhecidas as data de nascimento e falecimento. 37 desconhecidas as cidades de nascimento e falecimento. 38 desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci- mento. 39 desconhecida a cidade de nascimento. 40 desconhecida a data de falecimento. 41 desconhecidas a cidade de nascimento e falecimento. JR., José Maurício Nunes. Rio de Janeiro, RJ, 1808 -...42 , médico-cirurgião, estudou música com o pai, o padre José Maurício Nunes Garcia, e pintura com Debret. Publicou obras de medicina e Mauricianas, coleção de músicas. HOMEM, Barão de Torres – João Vicente Torres Homem. Rio de Janeiro, RJ, 1837- idem, 1887, médico da Imperial Câmara, professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, autor de memórias e tratados. MEIRELES, Joaquim Cândido Soares de. Sabará, MG, 1797 – Rio de Janeiro, RJ, 1868, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina de Paris (1827). Do Conselho do Imperador; médico do Imperial Câmara. Fundador da Imperial Academia de Medi- cina, no Rio de Janeiro, instalada em 24 de abril de 1831. Deputado Provincial. Fundou com Evaristo Ferreira da Veiga a Sociedade Defensora da Liberdade e da Independên- cia Nacional. Publicou pareceres, discursos e dissertações médicas. MEIRELES, Saturnino Soares de. Rio de Ja- neiro, RJ, 1828 - 1909, doutor pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Do Conselho do Imperador. Professor da cadeira de física da Escola de Marinha. Aderindo à medicina homeopática, fundou o primeiro Instituto Hahnemanniano do Brasil. MELO, Domingos Alves de....43 ,BA, 1851 – Salvador, BA, 1897, professor da Faculdade de Medicina da Bahia. MELO, José Alves de....44 , BA, 1847 – Salva- dor, BA, 1901, lente de Física da Faculdade de Medicina da Bahia. 42 desconhecida a data de falecimento. 43 desconhecida a cidade de nascimento. 44 desconhecida a cidade de falecimento.
  • 45. 45 MIRANDA, Ernesto Álvaro Pereira de. Santo Amaro da Purificação, BA, 1849 -...45 , diretor em 1905, do Hospital de Porto Alegre, RS. MUTAMBA, Rufino José. BA -...46 , médico do corpo de saúde do Exército, morreu durante a campanha do Paraguai MOURA, Caetano Lopes de: BA...47 , 1780 – Paris, França, 1860, diplomado em medicina por Coimbra. Cirurgião–mor da legião Portuguesa durante a invasão da península. Serviu a Armanda francesa e foi médico particular de Napoleão Bonaparte. Traduziu do alemão, inglês e francês obras sobre história, ciência e literatura. PEREIRA, Antonio Pacífico,..48 ,BA, 1846 - 1922, professor da Faculdade de Medicina da Bahia, onde iniciou o ensino de Histologia. Fundador da Gazeta Médica da Bahia. SILVA, Cons. Domingos Carlos da: Pro- fessor da Faculdade de Medicina da Bahia candidato a deputado geral por sua provín- cia em 1884. Militares COELHO, Brigadeiro Jerônimo Francisco: Laguna, SC, 1806 – Nova Friburgo, RJ, 1860. Do conselho do Imperador e Guarda- -Roupa da Casa Imperial. Brigadeiro do Exército. Deputado, ministro da Guerra, foi presidente da Província do Pará. DIAS, Henrique:...49 , PE, final do séc. XVI ou início do séc. XVI ou início do séc. XVII, 1682, cognominado “Boca Negra”, foi cabo e governador dos crioulos, negros e mulatos 45 desconhecidas a data de falecimento. 46 desconhecidas a cidade, data de nascimento e faleci- mento. 47 desconhecida a cidade de nascimento. 48 desconhecida a cidade de nascimento. 49 desconhecida a cidade de nascimento e falecimento. do Brasil.Mestre de campo, destacou-se na Batalha de Barra Grande, em Porto Calvo, contra os holandeses (1637) e na de Gua- rarapes (1647). DIAS, Marcílio: Rio Grande, RS, 1838. Ma- rinheiro, distinguiu-se no assalto a Paiçandu, durante a Campanha Cisplatina (1864). Morreu na Batalha de Riachuelo, durante a Guerra do Paraguai, em 1865 SILVA, Manuel Gonçalves da: Tenen- te – coronel da Legião dos Henriques, notabilizou-se na Guerra da Independência, na Bahia (1823). Governou sua província como presidente, após o assassinato do pre- sidente Felisberto Gomes Caldeira Brant. Movimentos de libertação Quilombos AMBRÓSIO: Chefia durante muitos anos o Quilombo de Ambrósio, situado na Comarca do Rio das Mortes, em Rio das Mortes, em Minas Gerais, e que controlava, em meados do século XVIII, os caminhos que levavam às capitanias de Goiás e do Mato Grosso. ARANHA, Felipa Maria: Líder feminina, chefiou no séc. XIX o Quilombo de Alco- baça, no Pará QUARITERÉ, Teresa do: Nascida talvez no Brasil, era originária de Angola. Controlou durante duas décadas, no século XVII, o Quilombo do Quariterê, nas proxi- midades da fronteira de Mato Grosso com a atual Bolívia. ZUMBI: Palmares, PB, 1655 – Serra dos Dois Irmãos, PE, 20/11/1695, líder da resistência negra, da qual se tornou símbolo. Mandou fortificar o alto da Serra da Barriga, na região onde se situava o Quilombo de Palmares, entre o rio São Francisco e o cabo