O documento apresenta os conceitos básicos de farmacologia, dividindo-a em suas principais divisões e abordando termos-chave. É apresentada a definição de farmacologia e seus principais períodos históricos, assim como conceitos como remédio, medicamento, fármaco, droga, dose e janela terapêutica. As divisões da farmacologia incluem farmacocinética, farmacodinâmica, farmacognosia e outras.
3. FARMACOLOGIA
Phármakon: grego = fármaco, droga
lógos = estudo
“A ciência que estuda as interações entre
os compostos químicos com o organismo
vivo ou sistema biológico, resultando em
um efeito maléfico (tóxico) ou benéfico
(medicamento).’’
FARMACOLOGIA
4. Tempo Empírico
Não havia método:
Dissecação e combinações.
1600 aC: Papiros Egípcios.
1550 aC: Papiro de Ébers:
700 fórmulas,
Complexas preparações;
Compostos do reino mineral, vegetal, animal.
Doenças de pele, ginecológicas, sequelas de
aborto, anemias.
Ervas medicinais, sangue de lagarto, fezes
animais, leite de grávidas, livro velho fervido..
5. Tempo Empírico
Tratamento de feridas com carne
crua e suturas.
Mel para evitar infecções.
Ópio usado para aliviar a dor.
Alho e cebola usados
regularmente, acreditavam
aliviar sintomas de asma.
Politeísmo: crença na origem espiritual das
doenças, tratamentos apenas paliativos.
Inquisição – proibição do uso do corpo humano.
6. Tempo Empírico
Grécia:
Discórides (90-20 aC): 1ª Farmacopeia - 600
plantas/1000 medicamentos.
Mitrídates IV (132- 63aC): Toxicologia e
Imunoterapia (veneno pequenas doses).
Hipócrates (medicina), Sócrates (Cicuta).
Galeno (130-200dC): Pai da Farmácia - cura
dependia da associação de muitos
medicamentos, as doenças atingiam sempre
mais de um órgão ao mesmo tempo. ’’Contrário
se cura pelo contrário”.
Contribuições indianas e chinesas.
7. Avicena (1037) uso da cânfora, álcool, noz vômica
e erva cidreira – Cânones – medicina árabe.
Paracelso (1500) se opôs a Avicena e Galeno,
defendeu o uso de poucos ingredientes. “A dose
faz o veneno”.
Sertürner (1803) isolou a substância responsável
pela ação hipno-analgésica do ópio (látex da
papoula), à qual deu o nome de morfina. Foi o
primeiro de uma longa série de princípios ativos
isolados a partir de vegetais.
Tempo Empírico
FARMACOLOGIA
8. François Magendie (1830) introduziu o conceito
de investigação sistemática da ação das drogas:
derivados dos alcaloides: morfina, codeína,
estrictina e quinina.
Samuel Hahnemann (1835) alemão criador da
homeopatia – semelhante cura semelhante.
Farmacologia como Ciência (1850) – Rudolph
Buchheim- 1º. laboratório de farmacologia
experimental, classificação dos medicamentos por
analogia e farmacodinâmica.
Tempo Científico
FARMACOLOGIA
9. Tempo Científico
Oswald Schmeiderberg (1900) combinou Farmacologia
com Fisiologia, criou o centro de pesquisa, difusão e
sistematização da farmacologia experimental.
Claude Bernard (1870) – Mecanismo de ação de
drogas – Estricnina e Curare, usado pelos indígenas da
Amazônia (envenenar flechas).
Louis Pasteur- doenças infecciosas, preparou vacinas
– novos fármacos: imunidade artificial.
Hoffman (1877) – sintetizou Ác. Salicílico.
Langley (1905) – conceito de receptor como molécula
endógena.
FARMACOLOGIA
10. Tempo Científico
Paul Erlich (1908) – ideia de usar “balas
mágicas” seletivas contra microorganismos,
descobriu Salvarsan (1910) contra Sífilis e
Neosalvarsan (1912).
Fleming (1929) – descobre penicilina- o 1º.
Antibiótico natural. Chain (1940) – purifica.
Domagk (1985) – Sulfamida – Prontosil -
bactérias gram positivas
Woods (1940) – mecanismo de ação das
sulfamidas.
FARMACOLOGIA
11. Tempo Científico
Waksman (1952) – descobriu a estreptomicina –
tuberculose.
Henry e Dale (1936) – terminações nervosas
parasimpáticas liberam acetilcolina.
James Black (1988)- Bloqueadores beta 1, Propanolol e
Cimetidina.
Arvid Carlsson (2000)- Dopamina –movimentos,
Parkinson.
Paul Greengard (2000)- mecanismo de ação da
Dopamina
Lefkowitz e Kobika (2012)- receptores acoplados à
proteína G e b-adrenérgicos.
FARMACOLOGIA
12. Remédio – Todo e qualquer procedimento que
promova saúde, podendo haver ou não o uso de
substâncias químicas.
Tudo aquilo que cura, alivia ou evita uma
enfermidade.
Ex: atividade física; viagens; lazer; alimentação
regrada; massagens; repouso, etc.
Conceitos básicos
FARMACOLOGIA
13. Medicamento- Produto que contem 1 ou mais
princípios ativos para tratar ou prevenir um
determinado problema de saúde, visando obter
efeitos benéficos, destinadas a curar, diminuir
prevenir e/ou diagnosticar as enfermidades.
Ex: Tylenol= Paracetamol + excipientes (tratar)
Ex: Tantin = Gestodeno + Etilinoestradiol
(prevenir)
Conceitos
FARMACOLOGIA
14. Fármaco- ou princípio ativo. Substância química
de estrutura química definida utilizados no
diagnóstico, tratamento e profilaxia de doenças,
que produzem um efeito no organismo vivo.
Ex: Ampicilina – antibiótico impede a síntese da
parede bacteriana (peptídeoglicano)
Ex: Fenitoína – anticonvulsivante – impede
potenciais de ação desordenados.
Conceitos
FARMACOLOGIA
15. Droga- Qualquer substância química conhecida
ou não, não componente alimentício e da dieta,
que possa agir sobre um organismo vivo,
produzindo alterações (maléficas ou benéficas).
Ex: LSD – Dietilamina do Ácido Lisérgico
Efeito alucinógeno = não tem fim terapêutico
Morfinas – podem ser utilizadas com fins ilícitos
Cogumelo - Psilocybe mexicana não se conhece
efeitos terapêuticos portanto são usados com
fins ilícitos.
Conceitos
FARMACOLOGIA
16. Dose:
Quantidade do medicamento necessária para
promover alterações no organismo.
Dosagem:
Inclui a dose, a frequência de administração e
a duração do tratamento.
Posologia:
É o estudo das dosagens do medicamento com
fins terapêuticos.
Conceitos
FARMACOLOGIA
17. Dose: quantidade de fármaco capaz de provocar
alterações no organismo, pode ser eficaz (DE), letal
(DL), ataque ou de manutenção.
• DE é dose capaz de produzir o efeito terapêutico
desejado, podendo ser classificada em mínima eficaz
(DME) e máxima tolerada (DMT).
• DL é a dose capaz de causar mortalidade.
Em ambos os casos (DE e DL) a eficácia pode ser
determinada em porcentagem:
• DE50 é a dose eficaz em 50% dos tecidos ou
pacientes.
• DL50 é a dose letal para 50% da população estudada
(animais)
Conceitos
FARMACOLOGIA
19. Índice terapêutico: relação entre a DL50 e a
DE50, pode ser um indicativo da segurança do
fármaco.
Janela terapêutica: faixa entre a dose mínima
eficaz e máxima eficaz. É a extensão de tempo
em que a concentração do fármaco exerce o
efeito desejado desde o pico até não exercer
mais o efeito.
Conceitos
FARMACOLOGIA
20. Janela terapêutica
FARMACOLOGIA
O fármaco está causando efeito farmacológico pois ultrapassou CME
Concentração Mínima
Efetiva (CME)
Concentração Máxima
Tolerada (CMT),
25. • Meia Vida Biológica (t 1/2): É o tempo que o
fármaco precisa para sua concentração
diminuir 50% na corrente sanguínea.
exemplo:
• Da substância A é administrado 100 mg: t 1/2 =
10 h, então em 10 horas terá 50 mg na
corrente sanguínea. Em mais 10 horas terá na
corrente sanguínea 25 mg e assim por diante.
Conceitos
FARMACOLOGIA
26. Eficácia: máxima resposta que o medicamento
é capaz de produzir.
Dependência: física e psicológica.
Tolerância: necessita aumentar dose para obter
efeito, pode acompanhar dependência.
Conceitos
FARMACOLOGIA
27. Fórmulas magistrais:
São preparações elaboradas nas farmácias de
manipulação, seguindo uma prescrição médica,
que especifica os componentes, as quantidades
e a forma farmacêutica.
Especialidades farmacêuticas:
São os produtos industriais, de composição
uniforme e registrada junto ao ministério da
saúde.
Conceitos
FARMACOLOGIA
28. mecanismos de
ação
caminho percorrido
preparo, purificação
e conservação.
obtenção
identificação e
isolamento dos
princípios ativos estimular ou deprimir o
sistema imune
Viabiliza o uso clínico
Divisões da Farmacologia
FARMACOLOGIA
29. Farmacocinética:
Estuda o caminho percorrido pelo fármaco no
organismo animal.
São as etapas que a droga sofre desde a
administração até a eliminação: ADME
Absorção
Distribuição
Metabolismo
Eliminação
Divisões da Farmacologia
FARMACOLOGIA
30. Farmacodinâmica:
Estuda os mecanismos de ação fármacos no
organismo para promover um efeito. (Como age)
Ex: AAS – inibe Ciclo Oxigenase 1 e 2.
Bloqueio de COX diminui a resposta inflamatória.
Divisões da Farmacologia
FARMACOLOGIA
31. Farmacognosia:
Obtenção, identificação e isolamento dos
princípios ativos passíveis de uso terapêutico.
Imunofarmacologia:
Ação terapêutica de algumas substâncias
(vacinas, medicamentos) que podem estimular ou
deprimir o sistema imune.
Farmacotécnica:
Preparo, purificação e conservação dos
medicamentos.
Divisões da Farmacologia
FARMACOLOGIA
32. Farmacologia Clínica: Ciência e prática do uso
racional de medicamentos
- Testes pré-clínicos: animais de laboratório:
- Toxicidade aguda, subaguda e crônica; efeitos
tóxicos, carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos.
- Testes clínicos: em humanos – supervisão
médica – ética:
- Fase 1: peq. Nº indivíduos saudáveis
- Fase 2: nº seleto pacientes doentes
- Fase 3: testes extensivos
- Comercialização
- Farmacovigilância (efeitos colaterais, tolerância)
Divisões da Farmacologia
FARMACOLOGIA
33. Farmacoterapêutica:
Uso de medicamentos e outros meios para
para o tratamento das enfermidades, bem como
para a prevenção, tratamento e diagnóstico das
doenças (cirurgias, radioterapia).
Terapêutica:
“É a ciência e arte de tratar o doente, aliviar seu
sofrimento, quando possível curá-lo e sempre
confortá-lo”.
Divisões da Farmacologia
FARMACOLOGIA
34. I-Tratamento específico- Diagnóstico específico
II-Tratamento de suporte
• Medicação sintomática, alimentação, repouso,
controle do ambiente e outras medidas.
III- Placeboterapia
• Palavra de origem latina (“agradar”). Em
farmacoterapia, refere-se à ação do
medicamento que não é decorrente de sua ação
famacológica.
Terapêutica
FARMACOLOGIA
35. Deve ser:
Planejada, segura e conveniente, prover uma
boa cooperação do paciente;
Personalizada – variação entre indivíduos
Sensata e racional – disponibilidade dos
medicamentos – plano realista;
Fatores que determinam a escolha:
Idade e sexo;
Características físicas: altura, massa corporal;
Dieta e estado nutricional;
Fatores genéticos, respostas anteriores, efeitos
indesejáveis, fertilidade, gravidez,
amamentação, cooperação do paciente.
Terapêutica
FARMACOLOGIA
36. • Substância química inerte, usadas em testes
clínicos como substitutos inócuos ou para
controlar problemas clínicos específicos.
Uso clínico:
• Controla os ensaios clínicos, destacando os
efeitos verdadeiros das drogas.
• O placebo pode ser utilizado como
instrumento psicológico no controle de
sintomas de origem emocional
• Como medida provisória antes de se
estabelecer um diagnóstico preciso.
FARMACOLOGIA
Placebo
37. • Cada paciente é um caso diferente.
• Idade, fatores genéticos, estados fisiológicos,
patologias e interações medicamentosas,
• Reações idiossincrásicas (diferenças
genéticas e/ou imunológicas).
• Na farmacologia humana, ainda devemos
considerar os componentes psíquicos e
culturais do paciente (influência dos
medicamentos e placebo)
FARMACOLOGIA
Variação biológica
38. 38
Relação Risco-Beneficio
• Demonstra a racionalidade de utilizar ou
não determinada droga em um paciente.
• Risco (efeitos adversos, custo,
inconveniência da administração)
X
• Benefício (Redução da morbidade,
melhora da qualidade de vida, eficácia,
facilidade da administração)
FARMACOLOGIA
39. 1. Identificar alvos de drogas
2. Identificar as vias pelas quais as drogas são
modificadas no organismo
3. Drogas como ferramenta para estudar
determinada função biológica normal ou anormal.
Pesquisa em Farmacologia
FARMACOLOGIA
40. 40
• Os métodos usados pela farmacologia
não são próprios, mas tomados de
empréstimos a outras ciências.
• Ela depende, em particular, da fisiologia
para a pesquisa das modificações
morfológicas e funcionais determinadas
pelas substâncias tóxicas e
medicamentosas nos organismos animais
ou vegetais.
Pesquisa em Farmacologia
FARMACOLOGIA
41. 41
• Apóia-se também na patologia, para o estudo
da ação daquelas substâncias em
organismos doentes.
• Os conhecimentos de botânica e zoologia
servem de muito ao farmacologista, visto que
numerosos medicamentos são elaborados
por animais ou vegetais (alcalóides,
glicosídeos, hormônios, antibióticos, etc).
Pesquisa em Farmacologia
FARMACOLOGIA
42. 42
• Vale-se igualmente da química analítica para
conhecer os meios de extrair tais
medicamentos em estado quimicamente
puro.
• A química orgânica e a fisiologia
combinadas, permitem pesquisar as
transformações experimentadas por essas
substâncias e os agrupamentos moleculares
responsáveis pelo seu modo de atuar.
Pesquisa em Farmacologia
FARMACOLOGIA
43. 43
• No estudo dos mecanismos de ação das
drogas, verificou-se que determinadas
respostas dependem de fatores
hereditários.
• Da cooperação, nesse campo, com os
geneticistas originou-se a
farmacogenética, preciosa colaboradora
da farmacodinâmica.
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FARMACOLOGIA
44. 44
• A intervenção dos fenômenos genéticos é
importante no que toca as idiossincrasias,
ou seja, as reações peculiares de um
indivíduo a determinados medicamentos.
Pesquisa em Farmacologia
FARMACOLOGIA
45. 45
• As pesquisas relativas aos
fenômenos de resistência a
medicamentos são relevantes no
tratamento de doenças infecciosas e
neoplásicas por meio de antibióticos
e agentes quimioterápicos.
Pesquisa em Farmacologia
FARMACOLOGIA
46. 46
• Os métodos biofísicos têm sido úteis
à farmacologia para apreciar fatos
farmacológicos de ordem geral, com
os referentes à absorção, distribuição
e eliminação dos medicamentos.
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FARMACOLOGIA
48. 48
Nomenclatura
• Uma única droga pode possuir uma
variedade de nomes e pertencer a várias
classificações.
• Na maioria das vezes o nome químico do
composto não é utilizado, por ser muito
grande ou de difícil memorização e
pronuncia.
FARMACOLOGIA
49. 49
Nomenclatura
• A nomenclatura mundialmente
recomendado é a genérica.
• No Brasil utiliza-se a Denominação
Comum Brasileira (DCB).
• Internacionalmente utiliza-se a
Denominação Comum Internacional
(DCI)
FARMACOLOGIA
50. 50
Nomenclatura
• Ao longo dos anos a indústria
farmacêutica procurou vincular a droga a
um nome comercial, com fins meramente
comerciais (p. ex. Diclofenaco sódico
Voltaren®)
FARMACOLOGIA
51. 51
Sistema de classificação
• A União Internacional de Farmacologia
(IUPHAR) e a Organização Mundial de Saúde
(WHO), aconselham a classificação das drogas
da seguinte forma:
• Classe Farmacoterapêutica (o quê)
• Classe Farmacológica (como)
• Mecanismo Molecular
• Natureza Química
• Nome Genérico
• Fonte
FARMACOLOGIA
52. 52
Classificação
• Exemplo - Atropina:
• Classe Farmacoterapêutica: Espasmolítico
• Classe Farmacológica: Antagonista
Muscarinico
• Mecanismo Molecular: Antagonista
competitivo nos receptores M1, M2
• Natureza Química: Alcalóide atropínico
• Nome Genérico: Atropina
• Fonte: Vegetal da família das Solanaceae
FARMACOLOGIA
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AÇÃO DOS MEDICAMENTOS
• Local de atuação produz efeito
•
• REAÇÕES QUÍMICAS :
moléculas dos fármacos com
moléculas das células
efeito
FARMACOLOGIA
55. 55
• LOCAL
age no ponto de aplicação.
ex: pomadas
• SISTÊMICA
age longe do ponto de aplicação
ex: dipirona
AÇÃO DOS MEDICAMENTOS
FARMACOLOGIA
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• DIRETA
- age diretamente nos mecanismos fisiológicos do
usuário. Ex: antihipertensivos.
• INDIRETA
- age em algum elemento que está interferindo no
funcionamento normal do hospedeiro. ex:
antibióticos
• PARADOXAL
- oposta ao mecanismo de ação – ex: BZD em
crianças ou idosos (estimula); metifenidato em
crianças com TDH (inibe).
AÇÃO DOS MEDICAMENTOS
FARMACOLOGIA
58. 58
• PRINCIPAL:
- de acordo com a indicação ou ação desejada.
• COLATERAL OU SECUNDÁRIOS:
- diferentes do efeito desejado, ocorrem junto
com a adm das drogas associados à doses
normais.
• TÓXICOS:
- são dose-dependentes.
EFEITO DOS MEDICAMENTOS
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