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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

               UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

                  INSTITUTO DE ARTES

            DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS




               FABRÍCIO DIAS DOS SANTOS




O DESENHO COMO FORMA DE MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA NA
        PENITENCIÁRIA EVARISTO DE MORAES.




                   Sena Madureira - AC

                         2012
FABRÍCIO DIAS DOS SANTOS




O DESENHO COMO FORMA DE MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA NA
        PENITENCIÁRIA EVARISTO DE MORAES.




                          Trabalho de Conclusão de Curso de
                          Licenciatura em Artes Visuais, do Instituto
                          de Artes da Universidade de Brasília.
                          Orientadora:   Profª   Elisandra   Gewehr
                          Cardoso
                          Co-Orientadora: Profª Patrícia Colmenero
                          Moreira de Alcântara




                 Sena Madureira - AC

                        2012
DEDICATÓRIA

      Dedico este trabalho a todos os professores, pois ensinar é gratificante, mas
exige muito trabalho e paciência nessa profissão que não é valorizada pelos
governantes.

      Dedico esse trabalho a todos os professores do curso de Artes Visuais, que
contribuíram para a minha formação intelectual.

      Dedico esse trabalho a todos os reeduncandos, à assistência social, aos
agentes penitenciários e à direção da unidade penitenciária Evaristo de Moraes em
Sena Madureira.
AGRADECIMENTOS

         Agradeço primeiro a Deus por ter-me dado vida e saúde durante a realização do
curso.

         Agradeço em especial a minha tutora Profª Patrícia Colmenero Moreira de Alcântara,
e também a minha supervisora Profª Elisandra Gewehr Cardoso, por terem me colocado no
trilho do conhecimento certo do meu assunto.

         Agradeço ao governo do estado do Acre por acreditar no projeto de expansão da
Universidade Aberta do Brasil.

         Agradeço à Universidade de Brasília, por ter demonstrado interesse nesse projeto
piloto de ensino a distância, visto que o Acre é o único estado da região Norte que foi
contemplado com esse projeto.

         Agradeço a minha família, nas pessoas do meu pai José Gomes dos Santos, da
minha mãe Maria Dias dos Santos e das minhas irmãs Francisca Dias dos Santos, Fabiana
Dias dos Santos e meu querido irmão Frankirley Dias dos Santos, por terem me dado força
durante os cinco anos de curso.

         Agradeço em especial à minha esposa Laelia Ribeiro da Silva, que me deu força e
me suportou durante minhas crises de stress durante o curso.

         Agradeço aos meus colegas de curso que me ajudaram a vencer obstáculos em
diversas disciplinas.

         Agradeço à direção do presídio Evaristo de Moraes na pessoa da diretora
Sebastiana Almeida de Souza, e aos meus colegas de trabalho por terem me dado o apoio
e motivação.

         Agradeço em especial a todos os reeducandos que participaram do projeto,
respondendo perguntas e executando a prática de desenho. Pois eles são peças-chave do
trabalho.
SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 6
   1.2 Justificativa ............................................................................................. 7
2 BREVE HISTÓRICO SOBRE O DESENHO. ................................................ 8
   2.1 O desenho no Renascimento. ................................................................ 9
   2.2 O desenho no Brasil. ........................................................................... 10
   2.3 O ensino do desenho no Brasil. ............................................................ 10
   2.4 Desenho Moderno e Contemporâneo................................................... 14
   2.5 Suporte e materiais em desenho. ......................................................... 15
   2.6 Definição de desenho. .......................................................................... 16
   2.7 Arte-educação. ..................................................................................... 17
   2.8 As minhas principais dificuldades encontradas durante a pesquisa ..... 18
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................ 19
   3.1 O desenho como forma de expressão. ................................................. 19
   3.2 Concurso de desenhos como forma de conscientização...................... 21
   3.3 Prática de desenho desenvolvido com os reeducandos. ...................... 23
   3.4 Será que nossos desenhos são carregados de signos criminosos? Qual
   contexto social ele é produzido? Será que há algo além do valor estético. 29
   3.5 Análise das oficinas. ............................................................................. 30
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 35
6




1 INTRODUÇÃO


        Desde os primórdios das civilizações, o desenho constitui um signo presente
na história da humanidade. Na sociedade primitiva, os homens já rabiscavam na
parede das cavernas cenas do cotidiano, os animais que abatiam, e cenas de
danças e rituais. Na sociedade egípcia, as pinturas e os hieróglifos representavam
um registro da vida do morto, e o tamanho do desenho representava a classe social
à qual pertencia, etc. Logo, percebe-se que a maioria das culturas registradas no
decorrer da história humana, sempre manifestaram o desenho em certo momento de
seu desenvolvimento intelectual, artístico e cientifico.

        Portanto, como o desenho possui valor significativo considerado no decorrer
da história das sociedades, surge o interesse em investigá-lo na unidade
Penitenciária Evaristo de Moraes, pois o presídio é formado por um grupo de
indivíduos de várias classes e grupos sociais que têm que conviver juntos, sob as
normas legais (leis que devem ser cumpridas), e não legais, impostas por eles aos
indivíduos do próprio grupo. Estas últimas são chamadas de “lei da cadeia”, que
mais se parece o código de Hamurab “olho por olho” e “dente por dente”.

        Então este trabalho tem como objetivo investigar o desenho como forma de
expressão artística manifestada na unidade penitenciária Evaristo de Moraes em
Sena Madureira pelos presos que se encontram reclusos neste estabelecimento. E
também realizar uma oficina de desenho.                       Essas manifestações de desenhos
analisadas podem ocorrer espontaneamente, como aqueles elaborados nas paredes
do presídio, ou podem ser instigadas pela instituição, como acontece com o
concurso de desenho.

        O público que pretendo trabalhar são os presos do regime fechado, incluindo
os portariados, que são os que trabalham dentro da unidade, pois com os presos
provisórios se torna difícil realizar os trabalhos práticos, pois eles saem
constantemente, além de novos entrarem diariamente, por haver um grande fluxo
nesse bloco1.


1
  Bloco: também chamado de pavilhão ou ala, é o local onde abriga as celas, no bloco onde realizei o trabalho
tem sete celas com dois ou três presos. Porém só fizemos os trabalhos em seis celas.
7




       A abordagem do tema se torna acessível, pois eles gostam de desenhar. Já
aceitar participar ativamente e voluntariamente de um trabalho de agente
penitenciário é um desafio, mas foi aceito por todos do bloco.     Os documentos
referentes à unidade são fácies de adquirir, por ser meu ambiente de trabalho. O
referencial teórico é parte mais complexa do trabalho e exigiu uma ampla pesquisa
bibliográfica que alicerço nas autoras Edith Derdyk e Roberto Alcarria do
Nascimento.


1.2 Justificativa

       Desde que comecei o curso de artes visuais, surgiu o interesse pelo desenho
como forma de manifestação humana. E a disciplina de ateliê de artes visuais 1, que
abordou o tema do desenho, quebrou o preconceito que eu mesmo tinha sobre
minha produção. Pois, como a maioria das pessoas, eu evitava desenhar por achar
meu desenho feio. Mas textos de Ernest Fischer e Edith Derdyk me mostraram que
desenhar desperta a criatividade e a capacidade viso-motora. Estes autores
enfatizaram também que todos nós somos capazes de desenhar, haja vista que a
criatividade é própria da condição humana. Então, eu passei a olhar com outros
olhos para o desenho, procurando compreender o que está por trás de traços toscos
e tortos.

       Na unidade prisional Evaristo de Moraes, onde trabalho os presos gostam
muito de desenhar na parede das celas e do corredor. Logo surgiu o interesse de
analisar e mostrar tais desenhos para a sociedade. Pois os seus desenhos
rabiscados nas paredes nos dizem muito sobre suas vidas, no cárcere e fora dela.

        O trabalho é importante para o conhecimento, pois vai acrescentar e trazer
novas discussões sobre o tema do desenho nos presídios do país. Pois através de
pesquisas, percebi que esse tema já foi alvo de discussões em monografias de
acadêmicos de outros estados. No entanto, aqui no Acre, não foi encontrada
nenhuma que trate deste tema. Outro ponto importante, é que o estudo trará
resultados que podem ser comparados com outros.
8




2 BREVE HISTÓRICO SOBRE O DESENHO.


      O desenho mostra-se como uma das formas mais antigas de manifestação do
homem no decorrer da história. E isso é evidenciado através dos rabiscos nas
paredes das cavernas, onde o homem primitivo representava o seu modo de vida,
cenas de caçada, etc. Nesses desenhos, chamados de pinturas rupestres, o homem
primitivo conseguia se expressar, e se comunicar com os outros, desenvolvendo
uma linguagem não verbal, onde eles compartilhavam experiências do seu cotidiano.
Segundo Hauser (2003 apud FRAGOSO, 2010p. 47):

                    É nos últimos estágios do período paleolítico (paleolítico superior),
                    iniciado há cerca de trinta e cinco mil anos atrás, que encontramos
                    as primeiras produções visuais conhecidas (...). E tais produções
                    eram feitas por homens que se abrigavam em cavernas ou sob
                    rochas salientes que se tornaram com o tempo, as primeiras
                    habitações temporárias dos primeiros humanos nômades,
                    empenhados na caça, e na colheita esporádica de frutos.

      Um ponto importante a se destacar nos desenhos das pinturas rupestres é o
caráter mágico atribuído a eles, ou seja, em alguns povos acreditava-se que o que
se fazia no desenho representado acontecia no plano real.

                    A esse respeito é importante ressaltar que em diferentes lugares
                    feiticeiros, bruxos e pajés, recorrem, ainda hoje à magia como prática
                    ritualista nas dinâmicas sociais do grupo, tornando-a importante
                    elemento constitutivo na formação cultural e comportamental do
                    individuo.

      No culto voodoo, por exemplo, ainda usam-se bonecos e imagens em
substituição ao ser real. E nele acredita-se, que o que se faz na imagem
representada acontece no ser real, como é mostrado em muitas cenas do cinema
americano, por exemplo. Segundo Gombrich (1999 apud FRAGOSO, 2010, p.47).

                    A produção do paleolítico estava fortemente conectada aos rituais
                    mágicos, onde a imagem tinha um papel principal na concretização
                    do desejo de dominação por parte do homem sobre a natureza. E a
                    pintura e o desenho fazia parte do aparato técnico dessa magia;
                    eram a ‘ a armadilha’ onde a caça tinha que cair, ou melhor, eram a
                    armadilha com o animal já capturado – pois o desenho era, ao
                    mesmo tempo a representação e a coisa representada. O caçador e
                    o pintor do período paleolítico pensava estar na posse da própria
                    coisa na pintura, pensava ter adquirido poder sobre o objeto por meio
                    do retrato do objeto. Acreditava-se que o animal verdadeiro
                    realmente sofria a morte do animal retratado na pintura.
9




      Nas sociedades clássicas como a egípcia, mesopotâmica, grega e romana, o
desenho desempenhou importante papel ao retratar a história desses povos. Para
os egípcios, o desenho representava algo sagrado, e era colocado nas tumbas e
templos dos faraós, assim como das famílias nobres, contando a história da vida do
falecido e preparando- o para a reencarnação. Já o povo grego e romano gostava de
representar, por meio dos desenhos, sua mitologia, contando a vida dos deuses. A
sociedade mesopotâmica utilizou- se do desenho para fazer representações
primitivas da terra, dando origem aos primeiros mapas de que se tem conhecimento.
Logo, percebemos que o desenho, assim como a escrita, é uma forma de expressão
e comunicação que transmite conhecimentos às futuras gerações.


2.1 O desenho no Renascimento.

      O renascimento foi um período de grandes mudanças para o homem em
todos os campos do saber, seja econômico, político e social. Tal período assinala o
fim da idade média e o início da idade moderna, a idade média era conhecida como
idade das trevas, pois o homem produzia pouquíssimo conhecimento científico,
tecnológico e artístico. Nessa época, o homem passava o dia trabalhando na lavoura
do senhor feudal, e o resto do tempo em busca da salvação eterna, prometida pela
igreja. E esse movimento chamado renascimento quebra essa situação social, e
resgata a cultura clássica e antiga, colocando o homem como centro das atenções
no que chamamos de humanismo e naturalismo. Ou seja, o homem passa a olhar
para si mesmo, e para a natureza em busca do racionalismo. Segundo Artigas (1975
apud DERDYK, 1989, p.30):

                    No renascimento o desenho ganha cidadania, e se de um lado é
                    risco, traçado, mediação para expressão de um plano a realizar,
                    linguagem de uma técnica construtiva, de outro lado é desígnio,
                    intenção, propósito, projeto humano no sentido de proposta de
                    espírito. Um espírito que cria objetos novos e os introduz na vida
                    real.

      Tal pensamento nos remete a entender que o desenho no renascimento
ganha maior realismo nas cenas retratadas, ou seja, o homem busca criar desenhos
que passam a ser apreciados e comprados pelo público, o que requer capricho
maior na representação da realidade, tornando o desenho retratado quase real aos
olhos de quem vê.
10




2.2 O desenho no Brasil.

         É interessante refletirmos sobre a palavra desenho na história do Brasil, onde
podemos encontrar as primeiras manifestações sobre esse termo, e em qual
contexto ele foi produzido. Conforme Artigas (1975 apud DERDYK, 1989, p.32):

                       Em nossa língua, a palavra aparece no fim do século XVI. Dom João
                       III, em carta régia dirigida aos patriotas brasileiros que lutavam contra
                       a invasão holandesa no Recife, assim se exprime, segundo
                       Varnhagen: Para que haja forças bastante no mar com que impedir
                       os desenhos do inimigo, tenho resoluto etc. portanto desenho-
                       desígnio: intenção, planos do inimigo.Um século mais tarde o padre
                       Bluteau registra no seu vocabulário português e latino dezenhar:
                       dezenhar no pensamento, forma huma ideia, ideiar. ‘ formam in
                       animo designare’.

         Posteriormente, o desenho ganhou importância na colônia brasileira,
principalmente quando a corte portuguesa veio para o Brasil em 1808,
acompanhada de muitos artistas, que passaram a retratar a natureza, e depois o
povo (índios) de nosso país.


2.3 O ensino do desenho no Brasil.

         Durante a formação do Brasil colônia, tivemos um ensino prático, realizado
pelos padres jesuítas voltado para atender os interesses da população. Ou seja,
ensinavam noções de marcenaria e ferragem aos índios, que eram catequizados,
tais técnicas eram usadas no dia –a- dia das missões. Também ensinava- se o
português e o espanhol através da fala e da escrita. Conforme Nascimento (1994,
p.27):

                       O monopólio jesuítico permaneceu alheio ao desenvolvimento
                       cultural europeu e o desenho, que aí já começava surgir como um
                       instrumento da técnica, não foi cogitado no ensino colonial brasileiro.
                       A expulsão dos jesuítas em 1759, na Reforma Pombalina,
                       desmantelou o ensino existente que, apesar das suas limitações, era
                       bem organizado. Em substituição ao que havia foram criadas aulas
                       régias, constituídas de unidades isoladas e instaladas para uma
                       determinada disciplina. A Reforma objetivava, por um lado,
                       compatibilizar o ensino com as novas ideias circulantes na Europa-
                       voltadas para uma educação científica - e, por outro, acabar com o
                       monopólio jesuítico na educação.

         O que se observa nesse estudo sobre o ensino do desenho no Brasil, é que,
praticamente do descobrimento até por volta de 1800, ele foi pouco ensinado e
11




desenvolvido pela educação formal vigente. Contudo, com a reforma promovida pelo
Marquês de Pombal, e a vinda da família real ao Brasil em 1808, o desenho começa
a ganhar importância na formação educacional do estado. Segundo Nascimento
(1994, p. 27):

                     O ensino regular do desenho só começou a ocorrer a partir de 1800,
                     quando da criação do Seminário de Olinda, fundado por Azeredo
                     Coutinho, que o incluiu em seu currículo. Não se pode descartar que
                     esse fato foi um reflexo da reforma articulada por Pombal e de
                     influências a partir de mudanças ocorridas na Europa, principalmente
                     na França. Isto é um marco histórico para o ensino do desenho no
                     Brasil, pois, pela primeira vez, passa a fazer parte de um currículo
                     escolar e a ser ministrado com regularidade.

      O ensino brasileiro praticado durante o período da família real também foi
para atender as necessidades do estado, ou seja, o que se pretendia era formar
bons servos (empregados) para atender ao interesse da corte. Com isso, vieram
para o Brasil muitos estrangeiros, principalmente franceses, para ensinar técnicas e
ciências com fins utilitários e ornamentais, onde se enquadrava o desenho.
Conforme Nascimento (1994, p.28):

                     Como o esforço era nas profissões técnicas e científicas, o desenho
                     surge nesse período como instrumento para fins utilitários e são
                     criados cursos específicos como Desenho e Figura na Bahia (1812),
                     Desenho Técnico também na Bahia (1817), e Desenho e História em
                     Vila Rica (1817).

      No final do século XIX, o Brasil ainda era um país latifundiário e monocultor
de culturas como cana de açúcar e café. Porém nessa mesma época, a Europa e os
Estados Unidos viviam o auge da industrialização. E o desenho praticado e ensinado
nesses países refletia o desenvolvimento industrial através dessa técnica, ou seja,
desenhos industriais dos produtos e dos modos de produção (máquinas e fabricas).

                     Enquanto isso no Brasil o desenho continuava. Oscilando entre o
                     racionalismo defendido pelos positivistas e o academismo oriundo do
                     neo-clássico trazido pela Missão Francesa, o ensino do desenho
                     entrou no século 20 girando em torno do geométrico - traçado de
                     figuras geométricas com auxílio de instrumentos - e da cópia de
                     ornatos - desenho de observação de modelos de gesso. Este ensino,
                     de certa forma, estava de acordo com as exigências da sociedade da
                     época, para a qual, segundo Romanelli, o importante era formar a
                     inteligência do regime e preencher os quadros da política e da
                     administração pública, sem nenhuma preocupação com a formação
                     técnica. Continuou o imobilismo ainda com a ajuda do desenho.
                     Conforme (Nascimento, 1994 p. 29).
12




      Como estudamos em livros de história, o período imperial (1822 a 1889) foi
curto, e muito conturbado na história do Brasil, porém mesmo com muitas confusões
e revoltas populares por autonomia política, o ensino de desenho se desenvolveu
através do colégio dom Pedro II. (Segundo nascimento 1994 p. 28).

                     Em 1837, foi criado o Colégio de Pedro II, destinado a servir de
                     modelo aos demais estabelecimentos de ensino secundário do país.
                     Pelos decretos que se seguiram ao de sua fundação, que
                     regulamentaram o funcionamento da escola, deduz-se que o ensino
                     do desenho se restringiu ao Desenho Linear (construção de figuras
                     geométricas) e ao Desenho Figurado (cópias) com ênfase apenas
                     para a intelectualidade, desvinculando-se totalmente dos aspectos
                     prático ou sensível.

      Com a queda da monarquia brasileira e a instalação da república, o nosso
país começa a traçar novos rumos à educação brasileira. O contexto social brasileiro
começa a mudar, dando início a seu processo de industrialização por meio da
substituição de bens de consumo, ou seja, começaram a produzir aqui objetos
utilizados na lavoura do café, dando início a industrialização de base. Segundo
(Nascimento 1994 p.31)

                     Rui Barbosa nas duas últimas décadas desse século foi quem
                     procurou apontar novos rumos ao desenho, ressaltando seus valores
                     na educação, no desenvolvimento da percepção e do espírito de
                     disciplina. Mas, bastante preocupado com a industrialização do país,
                     atribuiu-lhe uma função quase que exclusivamente utilitarista, pois o
                     maior objetivo era a formação dos trabalhadores da indústria
                     nacional.

      Conforme Nascimento 1994, “Nas décadas 30 e 60 o ensino do desenho
continuou praticamente restrito às modalidades do natural e geométrico”. Logo faz-
se necessário entender o conceito de: desenho natural e geométrico, que o autor
discorre. Pois somente compreendendo esses termos poderemos ter noção do
ensino aprendizagem do desenho naquela época citada.

Segundo (Nascimento 1994 pag.18).

                     Embora a classificação do desenho, até hoje, tenha sido motivo de
                     controvérsias, de uma forma geral passou-se a considerar como
                     Desenho do Natural, o desenho de observação feito à mão livre, o
                     estudo da luz e sombra e a perspectiva. O Desenho Geométrico,
                     abrangendo as construções geométricas planas, e destinado a
                     resolver os problemas do plano bidimensional, através dos
                     instrumentos. O Desenho Convencional, envolvendo a geometria
                     descritiva, as diferentes ramificações do desenho técnico e os
                     desenhos esquemáticos. E finalmente o Desenho Decorativo, com o
13




                     estudo dos elementos e das regras da composição visual despeito de
                     uma interrelação necessária e até mesmo inerente entre essas
                     modalidades, as denominadas "do natural" e "decorativo", pela sua
                     própria natureza, passaram a enfatizar o desenho como arte,
                     enquanto as chamadas "geométrico" e "convencional" passaram a
                     veicular o desenho como técnica.

                     O Desenho do Natural, segundo BANDEIRA (1960), teve suas raízes
                     no final da Idade Média e início do Renascimento, consequência do
                     "culto ao antigo" e das correntes do naturalismo. O ensino do
                     desenho passou a girar em torno do desenho da figura humana
                     considerado a base de toda aprendizagem do grafismo.

      Outro autor que trabalha o tema: ensino do desenho é, Maria F. de Resende e
Fusati 2001, que nos diz que o desenho ensinado no país nos anos 30 e 70
abordava basicamente as seguintes modalidades.

                     Desenho natural (observação, representação e copias de objetos).
                     Desenho decorativo (faixas, ornatos, redes, gregas, estudos de
                     letras, barras decorativas e, painéis). Desenho geométrico
                     (morfologia geométrica e estudo de construções geométricas e
                     Desenhos pedagógicos nas escolas normais (esquemas de
                     construções de desenhos para ilustrar aulas).

      E atualmente, que tipo de desenho é ensinado e praticado nas escolas
brasileiras pelas crianças? Na nossa cidade, durante o estágio supervisionado, o
professor trabalhou com as seguintes técnicas de desenho:

      Desenho de memorização: o objeto desenhado não está diante do
observador, mas desenha-se com base na lembrança que se tinha dele; Desenho de
observação: o objeto está diante da pessoa, e representa-se conforme o vê;
Desenho criativo: faz-se o desenho de acordo com a imaginação e criatividade do
desenhista. Este desenho pode ser livre ou dirigido.

      Desenho livre: quando se faz a partir da sua própria imaginação e
criatividade; Desenho dirigido: quando o desenho é livre, mas o tema foi proposto
pelo professor. Tal desenho ocorre como consequência do que ela vivenciou ou viu
ao longo da sua vida.

      Na minha concepção, a principal diferença entre os desenhos ensinados hoje,
e aqueles do passado, é a busca da espontaneidade e da criatividade, ou seja, o
educador tenta a todo instante despertar sensações e sentimentos no desenhista,
seja, ele criança, jovem ou adulto. Nos desenhos mencionados no passado ao longo
desse estudo, o desenhista era oprimido através de modelos prontos, que tinham
14




que ser seguidos em busca da perfeição. Conforme (Maria F. de Resende e Fusati
2001, p.29):

                    Do ponto de vista metodológico, a aula de desenho na escola
                    tradicional é encaminhada através de exercícios, com reproduções
                    de modelos propostos pelo professor, que seriam fixados pela
                    repetição, buscando sempre o seu aprimoramento e destreza
                    motora.

      Portanto atualmente conforme PCN 2001 “o ensino do desenho busca
despertar a espontaneidade, a imaginação, a criação e auto expressão do aluno,
valorizando o que é construído por eles”. Nesse tipo de ensino não há espaço para
repressão ao talento do desenhista. Pois tudo que é produzido é interpretado de
forma positiva, haja vista que cada garatuja explica um estágio de avanço do
processo de ensino aprendizagem das crianças. E no caso dos jovens e adultos,
como devemos proceder a respeito da sua produção de desenho? A meu entender,
também devemos valorizar o que é produzido por eles. Pois essa valorização do seu
trabalho em desenho, se reflete no seu empenho na busca do seu melhor traço, etc.
e da melhor maneira de se expressar através do desenho.


2.4 Desenho Moderno e Contemporâneo.

      Antes de falarmos de desenho moderno, e de desenho contemporâneo, é
necessário entendermos, o que vem a ser idade moderna, e idade contemporânea.
A maioria dos historiadores admite como idade moderna no ocidente, o período que
vai da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos 1453 até a revolução
francesa 1789. Contudo esse período é discutível por alguns estudiosos desse
assunto, que atribuem outras datas e fatos marcantes. O interessante é observamos
que esse período é fruto de grandes transformações sociais e políticas, resultados
da transição do feudalismo para o capitalismo, que se refletiu na arte. A idade
moderna também engloba o renascimento cultural que ocorreu na Europa. Dentre os
principais   movimentos   da   arte   moderna   temos:    impressionismo   e   pós-
impressionismo, fauvismo, cubismo, expressionismo e futurismo, que pouco nos fala
sobre o desenho. A idade contemporânea inicia-se com o fim da idade moderna,
portanto a partir da revolução francesa 1789, o que é aceito pela maioria dos
historiadores. Nesse período temos a revolução industrial que ocorre em meados do
século XVIII na Inglaterra, e se espalhou pela europa. Com isso, temos a influência
15




da industrialização nos dois períodos analisados, que passaram a tratar o desenho
como linguagem técnica, que permitia ensinar o trabalhador através da arte, ou seja,
o desenho deixa de ser somente artistico        e passar a ensinar o trabalhador, a
técnica de produção dos objetos e das máquinas.conforme Nascimento (1994 p.
14).

                     O início da industrialização trouxe também maiores preocupações
                     com a educação do trabalhador, consequência da mecanização da
                     indústria que alterou o panorama sócio-econômico. Em 1766, Jean
                     Jacques Bachelier, professor da Academia Real de Pintura,
                     considerado pioneiro da educação técnica moderna, fundou na
                     França a primeira escola gratuita de Desenho e Matemática aplicada
                     às indústrias. Segundo GAMA (1987), o desenho nessa época passa
                     a ser considerado elemento fundamental para o desenvolvimento da
                     técnica. "Difunde-se nessa época a idéia de que o desenho é a base
                     de todos os trabalhos mecânicos, e que os trabalhadores
                     competentes devam ser excelentes na arte do desenho" (p. 133). A
                     partir de então, o desenho deixa de ser enfatizado como linguagem
                     para a arte - instrumento didático ou de ostentação - para ser
                     enaltecido como linguagem da técnica.

                     Se antes o desenho buscava uma representação mais naturalística
                     privilegiando, de certa forma, o chamado "Desenho do natural" e a
                     arte de um modo geral, o Renascimento Científico e a Revolução
                     Industrial impuseram ao mundo novas formas de representação. O
                     Desenho Geométrico aparece como uma possibilidade de
                     transcrever, de modo prático, as formas idealizadas e criadas para
                     representar a nova visão de mundo, buscando muito mais as
                     relações quantitativas do que as qualitativas, próprias do desenho
                     naturalístico. O desenho, como representação simbólica de relações
                     quantitativas, pode servir de instrumento para o desenvolvimento da
                     máquina e da técnica. O surgimento da "Geometria descritiva”, base
                     para todo o desenho técnico, era só uma questão de tempo, o que
                     viria a ocorrer no final do século XVIII.

2.5 Suporte e materiais em desenho.

       Quando falamos em desenho, sempre imaginamos rabiscos de lápis em
papel. Porém, isso não ocorreu sempre desta forma, basta pensarmos em tempos
em que não existia papel, e nem lápis e canetas esferográficas. Então, nos vem a
seguinte pergunta: onde o homem desenhava, e quais materiais ele usava para
compor seu desenho? No período paleolítico, dos homens primitivos usavam como
suporte as paredes das cavernas, ou seja, as pedras. E a tinta era o seu próprio
sangue. Depois, com o advento do uso do fogo, eles passaram a usar fuligem
misturada com gorduras animais para fazer as tintas. O primeiro lápis ou pincel,
16




provavelmente foram os próprios dedos do homem primitivo, usado para desenhar
nas cavernas. Segundo Castro, Gatti e Oliveira (2007 p.13):

                      Desde a pré história, passando pela invenção da escrita, é
                      necessário analisar e estudar a evolução dos materiais que serviram
                      de suporte e de instrumento para execução destas informações. Na
                      historia da evolução da escrita vemos a utilização de vários
                      instrumentos como, por exemplo: lascas de pedras galhos de
                      arvores, ossos, carvão, varetas de metal e penas de aves. O
                      aparecimento do grafite se deu no século XVII d.c, mais a concepção
                      de lápis com revestimento de madeira, apareceu somente no século
                      XX.

         Ainda segundo as autoras, que nos falam de suporte e materiais artísticos,
que foram sendo desenvolvidos ao longo da história humana, temos a pele como
suporte artístico, ou seja, os índios foram os primeiros a utilizar a pele como meio de
expressão e comunicação. Vale lembrar que esse modo de expressão foi bem aceito
pelo homem branco, que passou a usar tais técnicas dando origens às tatuagens
que muitas pessoas utilizam atualmente. Conforme Castro Gatti, e Oliveira (2007,
p.13).

                      As pinturas indígenas e as tatuagens, quando ainda não havia a
                      escrita, tinha a pele do corpo como suporte físico de registro. Essas
                      pinturas tinham por finalidade a distinção entre os seres humanos e o
                      mundo animal”. Tais suportes e materiais foram fundamentais para o
                      desenvolvimento do homem, da escrita e da arte, pois permitiram a
                      ele repassar o conhecimento às futuras gerações. Agora, as técnicas
                      aprendidas não eram mais esquecidas. (...) devemos também
                      considerar as inscrições feitas na areia e na terra, com fins mágicos
                      e religiosos, podendo ser estes realmente os primeiros suportes,
                      mesmo que ainda não pudéssemos considerar a escrita
                      propriamente dita. O carvão usado para a técnica de desenho e
                      pintura é certamente um dos materiais mais antigos, sua historia
                      remonta aos homens das cavernas. Com o domínio do uso do fogo,
                      nossos ancestrais descobriram o carvão e os ossos carbonizados,
                      que foram provavelmente também os primeiros lápis conhecidos na
                      pré historia.

2.6 Definição de desenho.

         Ao fazer esse estudo sobre o desenho percebi a importância dele como
linguagem, meio de expressão e comunicação no decorrer da história humana. O
desenho representa ideias, tem significado dentro de um grupo, transmite
conhecimento às gerações futuras e é carregado de significado, embora muitas
vezes não seja compreendido pelo observador. E assim como a palavra arte, o
17




desenho se torna algo complexo de ser definido. O dicionário Aulete digital 2012
apresenta as seguintes definições:

                       Desenho: 1. Representação de coisas ou pessoas por meio de traços
                       feitos a lápis, tinta etc., ger. sobre papel: o desenho de uma árvore;
                       2. Arte técnica dessa representação (curso de desenho); 3. Obra de
                       arte realizado por meio dessa técnica: um desenho de Goeldi;4.
                       Feitio, configuração, contorno: O desenho dos lábios; 5. Projeto,
                       planta, traçado: O desenho de um edifício; 6. Linha, estilo, design
                       (desenho arrojado); 7. Fig. Elaboração, concepção, formulação: o
                       desenho de uma estratégia; 8. Fig. Plano, desígnio, propósito.

       A partir dessas definições, faz-se necessário entender o verbo desenhar, que
exprime a ação de fazer o desenho em todos esses suportes já mencionados: pedra,
papel, terra, areia, papiro etc.

                       Desenhar: 1. Fazer desenho (de) [td. : Portinari desenhou os azulejos
                       deste painel.] [int. : Toda criança gosta de desenhar.]; 2. Conceber o
                       projeto de (arquitetura, moda etc.) [td. : Meu tio desenha móveis para
                       uma fábrica.];3. Tornar-se visível; APARECER; DELINEAR-SE [int. :
                       Uma tempestade desenhava-se no céu.];4. Fig. Fazer a descrição de
                       (algo ou alguém), apontando suas características principais [td. :
                       Esse historiador desenhou como ninguém o contexto político da
                       Proclamação da República.]; 5. Fig. Tornar (-se) levemente
                       perceptível [td. : Os conflitos desenhavam o estado de ânimo dos
                       familiares.] [int. : No rosto do humorista desenhou -se um sorriso
                       irônico.] (Aulete digital 2012).

       O dicionário nos traz o significado de tais palavras, e basicamente descreve
desenho como resultado do ato de desenhar, ou seja, contornar, delinear dar relevo
etc, em vários tipos de suportes como: papel, pedra, areia, tecido e outros. No
entanto, nós arte-educadores sabemos que essas palavras (desenho e desenhar)
vão muito além desses meros conceitos e significados. Pois quando desenhamos
mostramos através do desenho nossos sentimentos, transcrevemos nossas
emoções, desejos e esperanças etc. o desenho comunica, expressa, dar desígnio,
transmite códigos e conhecimentos. Por isso é tão difícil de defini-lo. Cabendo a nós,
portanto encontrar a melhor definição de desenho para o que pretendemos alcançar,
dentro das suas inúmeras definições.


2.7 Arte-educação.

       Para alguns estudiosos, a arte-educação se refere ao ensino artístico
realizado por professores qualificados em arte, ou seja, que entendam do fazer
artístico, pessoas formadas em alguma linguagem artística como teatro, música,
18




artes visuais etc, que são os chamados arte-educadores. Embora haja entendimento
de que pessoas, que não são formadas em arte, mas entendam do processo
criativo, possam lecionar essa disciplina. Logo, há esse ponto de discussão sobre
essa questão, ou seja, somente pessoas formadas entendem e sabem lecionar
artes. Alguns estudiosos afirmam que sim, outros, que não.

       Ana Mae Barboza nos fala sobre o assunto em entrevista, quando é
perguntada sobre o que é arte-educação.

                      Para mim, Arte/Educação é todo e qualquer trabalho consciente para
                      desenvolver a relação de públicos (criança, comunidades, terceira
                      idade etc.) com a arte. Ensino de arte tem compromisso com
                      continuidade e currículo, quer seja educação formal ou informal. Arte
                      Educação foi o termo usado por meus mestres. Eu acrescentei o
                      hífen, Arte-Educação, no momento em que arte era recusada pelos
                      educadores, nos anos de sua introdução obrigatória no currículo
                      escolar, em torno de 1973-1974, para dar idéia de diálogo e mútuo
                      pertencimento entre as duas áreas. ( informação verbal)

       Um ponto importante sobre arte-educação proposta por Ana Mae Barboza é a
metodologia triangular, onde as pessoas aprendem e adquirem conhecimento em
arte através do fazer artístico, do ver e da leitura da obra.


2.8 As minhas principais dificuldades encontradas durante a pesquisa

       Dentre as principais dificuldades encontradas, estão a falta de material
didático no município, tanto na biblioteca do pólo como na biblioteca estadual, e
também dificuldade em encontrar livros específicos que falassem somente do
desenho, ou seja, o resultado do trabalho é fruto de várias pesquisas em materiais
que mais se aproximam do meu modo de pensar.

       Outro ponto que dificulta o trabalho é encontrar fontes confiáveis na internet.
Pois, como sabemos, a internet tem muitos trabalhos plagiados, há também muitos
textos que, apesar de bons, não tem o nome do autor, número da página e o ano,
dados importantíssimos na hora da citação.
19




3 RESULTADOS E DISCUSSÕES


        Quando comecei a trabalhar na unidade penitenciária Evaristo de Moraes, em
Sena Madureira, percebi que existia uma grande variedade de cultura visual. Muitos
desenhos espalhados na parede das celas e dos corredores, que sempre me
chamaram a atenção. Então, surgiu a vontade de investigá-los, para que eu pudesse
entender um pouco de toda aquela produção visual. E esta pesquisa me permitiu tal
análise.


3.1 O desenho como forma de expressão.

        Antes da reforma na unidade penitenciária Evaristo de Moraes, tinha-se uma
grande quantidade de desenhos nas paredes das celas e dos corredores. E como o
presídio estava bastante velho, no sentido da pintura e das suas estruturas físicas,
ficava impossível que os agentes penitenciários cobrassem dos reeducandos que
não cometessem tais infrações.

        Os desenhos2, em sua maioria, eram tribais3 (figura 1 e 2) e tinham nomes de
presos, algumas frases bíblicas e muita apologia às drogas como nos desenhos das
folhas de maconha (figuras 3 e 4). No entanto, houve a reforma do presídio e as
paredes ficaram todas pintadas, tudo ficou novo, e era bem fácil identificar a
presença de desenhos e rabiscos de palavrões nas paredes, que foram sendo
reduzidos através da proibição e punição dos mesmos.




2
  Todos os desenhos deste trabalho foram feitos pelos reeducandos do presídio Evaristo de Moraes. E, em
todas as fotos, as pessoas estão com o rosto borrado no gimp para preservar sua imagem.
3
  Tribais são desenhos de tatuagens com vários significados e que ficar bem em várias partes do corpo como
costas, ombros, peito e outras. E também servem para decorar casas.Segundo pesquisa na internet disponíveis
em < http://boanoticia.com/tatuagem-desenhos-tribais-para-tatuagem.html>.acesso em:12.maio.2010 e
<http://www.adesivoweb.com.br/adesivos-decorativos/adesivo-tribal.html>. acesso em 12 de maio de 2010.
Nas paredes das celas do corretivo e da cela de triagem, temos alguns desses desenhos tribais, mas durante a
pesquisa constatei que a maioria dos presos não sabe o significado dos mesmos, e faz somente pela beleza.
20




Figura 1desenho coração em estilo tribal4               Figura 2 dragão em estilo tribal

        Atualmente, no presídio Evaristo de Moraes, temos desenhos nas paredes
nas celas de corretivo5 e de triagem. No corretivo, o preso já se encontra de sanção
disciplinar, e não pode mais levar punição, por isso, quando ele consegue algum
objeto como lápis, caneta, ou pincel, ele desenha de tudo. E, como vimos, esses
desenhos reflete um mundo de crimes, drogas e violência.

        Na cela de triagem6, ele também fica em observação num período de dez
dias, sem receber visita, para depois ser encaminhado ao bloco do provisório, que
pode ser o I ou II, dependendo de qual facção ele pertence na cidade. Então, essa
cela é na verdade um corretivo para as pessoas que estão chegando ao sistema
penitenciário. Logo, lá também as pessoas desenham, quando surge uma
oportunidade. Porém, em nenhuma cela é permitido o desenho nas paredes e, para
resolver esse problema, só através da conscientização, pois não há meios legais de
punir quem já está cumprindo sanção.




4
  Desenhos feitos na cela de corretivo em estilo tribal, na figura 1 temos um coração e na figura 2 um dragão.
5
  Cela de corretivo: é o local onde o preso cumpre uma sanção disciplinar. Quando ele esta lá não pode
receber visita de familiares e nem tomar banho de sol.
6
  Cela de triagem: é o local onde ficam as pessoas que estão sendo preso pela primeira vez. Lá eles
permanecem por dez dias, depois são transferidos para o bloco do provisório.
21




Figura 3 folha da maconha7                         Figura 4 revolver 38


3.2 Concurso de desenhos como forma de conscientização.

        A assistência social criou em 2011, um projeto de desenho para conscientizar
os reeducandos sobre o assunto, que foi executado apenas uma vez. Eles foram
convidados a participar de um concurso de desenho, que premiaria com sacolões e
outros brindes os melhores desenhos. Tais prêmios seriam distribuídos aos seus
familiares.

        Foram distribuídos materiais simples de desenho como: cartolina, lápis de cor,
pincéis, giz de cera etc, para que eles começassem seus desenhos. Dos 22 presos
do bloco dos portariados, 5 resolveram participar do projeto de desenho, os outros
disseram que não sabiam desenhar e também não foram estimulados a participar do
processo. Tais desenhos foram confeccionados nas celas pelos reeducandos que
participaram do projeto. Como não tinha mesa, eles pegaram pedaços de papelão e
usavam como base, numa espécie de prancheta. Para julgar os trabalhos, foi feita
uma banca, para a qual foi convidado um acadêmico de artes visuais, uma
assistente social, e outra pessoa do conselho da comunidade.




7
 Os desenhos da figura 3 e 4 foram desenhados na parede da cela de corretivo, por presos que estão
cumprindo sanção disciplinar. Tais desenhos nos faz lembrar-se de drogas e violência.
22




Figura 5 Figura desenho animado8.                Figura 6 duende.

        Num domingo, dia de visita, foi realizado o evento onde os reeducandos
exporiam seus trabalhos, e falariam sobre o processo de criação deles. Como esse
dia é muito valorizado pelo reeducando, alguns não queriam mostrar suas obras,
pois desejavam ficar na cela com suas companheiras. Então, a assistente social
disse que tal evento seria rápido, e todos foram participar.

        Cada reeducando mostrou seu desenho, falou um pouco sobre o processo de
criação dele, e o seu sentimento ao executar esse trabalho. As famílias dos três
primeiros ganharam os prêmios, e houve insatisfação sobre o resultado de
julgamento da banca examinadora dos desenhos, que julgou não somente a questão
da beleza, mas também o lado expressivo do desenho. Logo, alguns reeducandos
ficaram insatisfeitos com o resultado do projeto, pois acharam que o desenho mais
bonito não havia vencido o concurso. Por isso, na minha prática, eu tive que
explanar sobre o desenho ao longo da história humana, e sobre a questão do belo.
Portanto, é necessário mostrar a teoria para embasar nosso resultado e não
confundir o reeducando. Mostrando que o lado expressivo do desenho é tão
importante quanto sua aparência. Portanto, os juízes analisaram não só a melhor
cópia de desenhos de observação, em que se evidenciam habilidades motoras, mas
sim o trabalho que tinha maior significado social e criativo, onde os desenhistas se
expressaram com o desenho.



8
 Os desenhos das figuras 5 e 6 são do concurso de desenho, ocorrido na penitenciária Evaristo de Moraes em
Sena Madureira no ano de 2011.
23




Figura 7 A guerra9                                 Figura 8 arvore da sabedoria10


3.3 Prática de desenho desenvolvido com os reeducandos.

        Quando iniciei este estudo sobre o desenho na penitenciária Evaristo de
Moraes, não pensava em pôr em prática as técnicas do desenho, mas sim somente
observar tais desenhos elaborados pelos presos. Contudo, isso tornou-se
necessário, pois percebi que, apesar de haver hábeis desenhistas no local, outros
pouco conheciam desse assunto.

        Então pedi licença à administração, e ao coordenador de segurança para
colocar em prática alguns exercícios sobre desenho no bloco. Depois, com a
concordância dos gestores do presídio, conversei com os presos sobre o projeto e
tive aceitação de quase todos. Essa participação só não foi maior porque alguns
trabalham, e não teriam tempo de fazer os desenhos. Dos quartoze reeducandos do
bloco, nove participaram do projeto.

        No primeiro dia tivemos uma conversa, e eu fiz uma abordagem geral do
desenho na história humana. Também incentivei aqueles que julgavam não saber
desenhar.


9
  Figura 7 é o desenho campeão do concurso de desenho, onde o reeducando explica o surgimento da guerra e
da violência, que começou segundo ele com a morte de cristo.
Figura 8 é o desenho da arvore da sabedoria, cada galho representa uma virtude que juntas formam a
sabedoria tais como: amor, paz, paciência etc.
10
   As fotos estão com os rostos borrados no gimp para preservar a imagem dos presos.
24




       Os desenhos das figuras 8 a 21 foram produzidas pelos reeducandos durante
a aula prática. Os exercícios de desenhos que foram ministrados foram:

Desenho 1 – exercícios com linhas: preencher folhas de papel A4 com linhas
horizontais e verticais bem definidas. Começando sobre um ponto e terminando em
outros. Com o objetivo de desenvolver coordenação motora, velocidade e exatidão.




Figura 9 primeiro exercício de desenho     Figura 10 primeiro exercício de desenho

Desenho 2 - exercício com círculos: composições de círculos, iniciando num ponto e
terminando no mesmo, nunca deixando que os mesmos se cruzassem. Iniciou–se
com círculos de 4 centímetros. Com o objetivo de desenvolver noção de
profundidade, e sensação de volume, formando composições intrigantes.




Figra11 segundo exercício     Figura 12segundo exercício   Fgura13 segundo exercício
25




Desenho 3 - exercício com quadrados: inicie e termine seu quadrado no mesmo
ponto, começando por quadrados de 4 centímetros. Com o objetivo de desenvolver
noção de profundidade e sensação de volume.




Figura 14 terceiro exercício   Figura 15 terceiro exercício   Figura 16 terceiro exercício.

Desenho 4 - exercício de observação: com objetivo de procurar despertar a
capacidade de observação e a organização do pensamento visual. Para a execução
desses trabalhos eu forneci fotocópias de imagens dos exercícios e o material:
caneta, lápis e papel A4 e A3.




Figura 17 quarto exercício     Figura18 quarto exercício      Figura 19 quarto exercício
26




Desenho 5 - desenho livre. Onde ficou a cargo do reeducando o desenho e o tema
do mesmo. Objetivo: buscar despertar a criatividade e a imaginação do desenhista.
O material fornecido foi papel A3, lápis, caneta e borracha.




Figura 20 quinto exercício            Figura 21 quinto exercício       Figura 22 quinto exercício11




A execução do projeto se deu da seguinte forma:

1ª parte: palestra inicial sobre a abordagem geral do desenho e explicações dos
exercícios na escola do presídio, com duração de 60 minutos.

2ª parte: elaboração dos desenhos na própria cela sob minha orientação e
supervisão, e teve duração de 2 horas durante 3 dias, totalizando 6 horas.

3ª parte: exposição dos trabalhos, que se deu na escola, com duração de 60
minutos.

        Os trabalhos não foram totalmente realizados na escola, porque temos aulas
durante praticamente o dia todo. Isso porque, em virtude das frequentes brigas
entre presos de facções diferentes, que ocorreram na escola do presídio, foi tomada
a seguinte medida de segurança: presos do bloco sentenciado I não podem estudar
junto com os do sentenciado II, com isso aumentaram as turmas que antes eram
duas e passaram a ser de quatro por período. De manhã, temos aulas das 7às 9

11
  Da figura 9 a 22 temos os exercícios das técnicas de desenho que passei aos reeducandos. Tais técnicas
pretendem desenvolver a percepção, a criatividade, a imaginação e coordenação motora. Também pretende
dar noções de profundidade e volume.
27




horas, com os presos do bloco sentenciado I e, das 9h15min às 11 horas, com os
presos do bloco sentenciado II. À tarde, temos aulas de 2 as 4 horas, com os presos
do bloco sentenciado I e, das 4h15 min as 6 horas, com os presos do bloco
sentenciado II. E temos os presos do seguro12, que não estudam com os desses
dois blocos anteriores. A turma de aula dos portariados13 também tem que ser
separada das demais. Com isso, temos aulas de manhã, tarde e noite, com turmas
bem pequenas com 3 ou 4 alunos.

        No bloco14 dos portariados, onde realizei as aulas de desenho, tem presos
que estudam e outros que não, por isso optei pela realização dos trabalhos de
desenhos na cela. Outro fator que contribuiu para isso foi o fator de que a professora
que está trabalhando com o EJA (Educação de jovens e adultos) está lecionando
uma disciplina que não é a de artes, o que causaria uma perda significativa do
conteúdo abordado por ela, haja vista que ela esta trabalhando, neste módulo, a
disciplina de geografia. No presídio, as aulas são modulares, onde tem-se uma
disciplina por vez, e o modulo de artes foi dado no semestre passado.

        Mesmo com todos esses obstáculos e dificuldades, fiquei muito satisfeito com
o resultado dos trabalhos, pois percebi que eles assimilaram o conteúdo proposto,
melhoraram a coordenação motora, e aprenderam noções de espaço, profundidade,
organização e pensamento visual, além da criatividade e imaginação, e isso foi
conseguido com o esforço de todos. Então passamos duas horas confeccionando e
dialogando sobre o processo de criação dos desenhos. Com isso o tempo corria,
pois eu ficava na frente de uma cela, e logo era chamado pela outra para explicar, o
que eu queria com tais exercícios, mostrando como era para ser feito e deixando
que a criatividade aflorasse.

        A palestra foi a aula inicial, onde eu falei sobre o projeto de desenho que
estava propondo aos reeducandos que era: realizar uma prática de desenho que
tinha feito na universidade. Então eles me perguntaram se seria igual ao do

12
   Seguro é o bloco onde se encontram as pessoas presas por violência sexual, assassinos de crianças,
agressores de mulheres e os alcaguetas. Tais crimes não são tolerados pelos outros presos, e para preservar a
vida dos mesmos eles ficam nesse bloco separados dos demais.
13
   Portariados são presos que trabalham dentro das instalações do presídio e trabalhos no interior da cela
fazendo as tarrafas. No nosso presídio existe um bloco para eles e alguns sentenciados de bom
comportamento, com atualmente 14 reeducandos distribuídos em sete celas.
14
   Bloco, também chamado de pavilhão, é o local onde abriga as celas, no bloco onde realizei o trabalho tem
sete celas com dois ou três presos. Porém só fizemos os trabalhos em 6 celas.
28




concurso de desenho. E a resposta foi que a diferença é que eu estaria orientando
as atividades. Também expliquei que os objetivos eram outros, pois no concurso o
objetivo era escolher o melhor desenho, e no nosso caso era desenvolver a
criatividade deles. Depois, fiz um breve histórico do desenho nas sociedades, com o
objetivo de mostrar a importância do desenho para as pessoas ao longo dos
séculos. Basicamente, o que explanei a eles foi o conteúdo estudado por mim para
montar o referencial teórico deste trabalho, que me ajudou a ensinar a história e a
grandeza do desenho como forma de expressão.




           Figura 23 palestra ministrada aos alunos.

      Os alunos se envolveram ao máximo nas tarefas, pois a todo momento eles
me chamavam para tirar dúvidas com relação às técnicas. A meu entender parecia
que eles estavam disputando o melhor desenho, apesar de eu sempre colocar para
eles que esta não era a questão. Pois queria mostrar a eles que o desenho é um
grande resgate dos nossos sentimentos e emoções, haja vista que, quando estamos
desenhando, resgatamos a criança que existe dentro de nós.

      Outro ponto interessante a destacar é que alguns deles são bastante
caprichosos nos contornos dos desenhos, e isso ficou evidenciado, quando mostrei
os trabalhos dos alunos aos meus colegas de trabalhos do presídio e aos de curso e
todos ficaram muito surpresos. Também posso destacar que eles gostam de cores,
pois eu não forneci lápis de cor, e eles apareceram com tais materiais fazendo a
atividade. Então eu disse a eles que não podiam ter esse material na cela. E eles me
disseram que não estavam desenhando nas paredes, logo continuamos as
atividades, por isso alguns desenhos são somente em grafite e outros têm cores.
29




        A exposição foi o momento em que mostramos os desenhos e discutimos
sobre eles. Todos falaram que gostaram da atividade proposta, que aprenderam
noções básicas de desenho como traços finos, grossos, largos bem como
intensidade dos mesmos no papel. Também disseram que aprenderam noções de
profundidade e volume, e que a atividade mostrou que todos eles eram capazes de
desenhar. Alguns disseram que quebram barreiras nesse sentido, falando que não
participaram do concurso de desenho por medo de virarem motivo de chacota, entre
os presos no presídio. E, essa atividade, mostrou que eles têm sentimentos e
sensibilidade que devem ser expostos no papel. Também me parabenizaram pela
iniciativa de fazer a parte prática, e de expor essa manifestação artística, que ocorre
dentro do presídio para a universidade, haja vista que as pessoas não conhecem a
realidade da vida de um preso.




             Figura 24 alunos mostrando desenhos e falando sobre os mesmos15.

        Outros disseram que o trabalho mostra que dentro do presídio tem muita
coisa ruim como violência e espancamento entre eles, mas que também tem coisas
boas como: arte, respeito e solidariedade entre ambos, como foi demonstrado no
compartilhamento dos materiais durante a oficina.

        3.4 Será que nossos desenhos são carregados de signos criminosos?
Qual contexto social ele é produzido? Será que há algo além do valor estético.



15
  A figura 24 foi tirada no dia da exposição dos trabalhos, onde eles falaram da construção dos desenhos e do
conhecimento adquirido durante o projeto.
30




      Dialoguei, e entrevistei os reeducandos sobre os desenhos deles na parede
do presídio para entender se são carregados de signos. E a resposta da pesquisa é
que tais desenhos não refletem nenhum código criminoso que os identifiquem dentro
do grupo social da penitenciária como, por exemplo, uma gangue, ou o tipo de crime
que ele cometeu como ocorre em outros presídios. Ou seja, apesar de existir
facções dentro do presídio, tais desenhos não discutem essa divisão nas suas
produções visuais. Os presos das duas facções que existem no presídio Evaristo de
Moraes, basicamente, desenham os mesmos desenhos, que são em sua maioria de
apologia às drogas, à violência, a seu modo de vida. Alguns também demonstram
desenhos de esperança, fé e o amor ao futebol, com símbolos de times.

      No que tange ao contexto social, percebemos que os desenhos refletem a
vida no cárcere, e não a um grupo social específico, que o identifique dentro de
algum grupo, ou seja, há homogeneidade nos desenhos para os temas discutidos no
parágrafo anterior.

      A hipótese de que o desenho poderia ser carregado de signos criminosos,
que identificava um individuo no grupo social na penitenciária Evaristo de Moraes
estava errada. Tais desenhos não refletem nenhum grupo criminoso específico
como, por exemplo, assassinos, ladrões, traficantes etc.

      Os desenhos praticados pelos reeducandos, de modo geral, mostram sua
maneira de viver e sua vida no cárcere, porém é de se destacar que eles dão muita
importância para o valor estético das suas obras. Eles capricham na confecção de
seus desenhos, como demonstrado no concurso de desenho promovido em 2011, e
na prática de desenho realizado neste projeto. Pois, a todo o momento, eles me
perguntavam se o desenho estava bonito, ou se estava legal. Portanto, eu sempre
explicava a eles, que nosso objetivo não era fazer desenhos perfeitos como copias
dos originais, mas sim desenvolver nossos talentos através da prática, mostrando
que somos capazes de aprender técnicas artísticas que nos ajudam a despertar a
nossa criatividade e a nossa imaginação.


3.5 Análise das oficinas.

      Os trabalhos foram muito proveitosos, pois percebi que alguns alunos, que se
diziam não saber desenhar, realizaram desenhos bem expressivos, o que mostra
31




que ele estão se abrindo para esse mundo, onde o mesmo se expressa através da
arte de desenhar. Onde tudo que vemos e pensamos pode ser transcrito num
desenho, bastando somente pensar, sonhar e desenhar.

        Também percebi que a maioria fez avanços significativos na coordenação
motora e nas noções viso-espaciais, ou seja, das proporções que os desenhos
devem ganhar entre um objeto real e o retratado. Eles também aprenderam noções
de profundidade e volume. Tais desenhos, depois de prontos, ganharam um aspecto
bem interessante, pois cada um, apesar de produzir a mesma técnica, fizeram
desenhos bem diferentes um do outro.

        Outro ponto a destacar, é que eles também perceberam que cada desenho
depende muito do ponto de vista do observador, pois se olhamos objetos de frente
vemos somente um lado dele. E, dependendo da posição do observador, podemos
desenhar dois ou três lados do desenho.

        Os desenhos resgataram neles a criatividade, as emoções e seus
sentimentos, o que foi demonstrado através da diversidade das suas obras. Muitos
desenharam fatos vividos ao longo de suas vidas, outros desenharam animais de
sua juventude etc. Isso foi reflexo da dinâmica do trabalho, onde eu sempre buscava
despertar no grupo de reeducandos, a sua auto-expressão.




             Figura 25 desenho da floresta16.

        Durante os trabalhos, sempre mantive a conduta de respeitar o aluno, e
também o de respeitar a sua obra (desenho) valorizando o que era produzido por

16
  Na figura 25, temos o trabalho do aluno conhecido por professor. Neste desenho ele faz um resgate da sua
vida no seringal do rio Iaco.
32




ele. E, certamente, minha conduta fez com que os alunos confiassem em mim para
abrir seus sentimentos através do desenho. Este trabalho transmitiu desejos,
sensações e esperanças a essas pessoas, que mesmo estando privadas do direito
de liberdade, preservam todos os outros como: o direito ao esporte, ao lazer e a
arte, que são elementos que irão proporcionar a resocialização e a inserção do
reeducando na sociedade. O trabalho também serviu de estímulo e esperança por
uma vida melhor, proporcionando ao reeducando o esquecimento temporário do
cárcere, e se sentindo útil dentro da sociedade.
33




4 CONSIDERAÇÕES FINAIS


      Este trabalho de conclusão de curso, foi baseado nas teorias que
aprendemos no curso de artes visuais ao longo desses cinco anos. O presente
estudo baseou-se em três focos fundamentais para a formação do conhecimento
que são: a observação, a pesquisa e a prática.

      A observação consistiu em observar tudo o que era produzido de desenho na
penitenciária Evaristo de Morais. Os desenhos que analisei e procurei entender
foram: os do concurso de desenho realizado em 2011 pela assistência social e os
que são feito pelos reeducandos nas paredes do presídio. Tais desenhos mostram a
realidade do preso, onde se tem desenhos de apologia às drogas e à violência, e
sinais de fé e esperança.

      A pesquisa resultou da observação descrita acima, e também da leitura de
diversos autores e textos sobre o desenho, tanto os estudados durante o curso de
artes visuais, quanto novos, que encontrei durante a pesquisa como o de
Nascimento 1994, que faz uma abordagem muito detalhada sobre o desenho. Tais
autores foram muito importantes para o embasamento teórico deste trabalho, pois
me permitiu conhecer o desenho desde manifestação religiosa ao ensino técnico do
desenho.

      A prática de desenho foi um fator importantíssimo para o resultado do
trabalho de conclusão de curso, porque me aproximou do universo educacional.
Onde o professor tem que superar desafios constantes como a falta de materiais e
locais inadequados a aula de artes. Contudo, apesar de todas essas dificuldades,
fiquei satisfeito com o resultado do trabalho, pois conseguir ensinar através da arte,
conhecimento artístico com as técnicas de desenhos que despertaram a criatividade
e a imaginação dos reeducandos, e também noções de trabalho em equipe,
solidariedade e cidadania.

      O resultado foi muito bom, pois os alunos que participaram do projeto se
dedicaram muito ao trabalho, tanto na aula inicial, quanto na execução, e
posteriormente na exposição dos desenhos. Todos fizeram questionamentos,
principalmente relacionados à história do desenho, tiraram dúvidas quando estavam
34




realizando os exercícios práticos e, fizeram considerações no final do projeto,
durante a exposição. Logo eu acredito que todos nós saímos ganhando com o
projeto prático de desenho, pois aprendemos uns com os outros. Eu ensinei
algumas técnicas que foram se transformando e se aperfeiçoando por eles, haja
vista que em nenhum momento eu deixei o aluno preso àquela técnica. Portanto
mesmo nos exercícios, percebemos que temos muitos resultados diferentes na
aplicação da mesma técnica, onde cada um busca sua criatividade e imaginação no
sentido de mostrar sua sensibilidade como desenhista. Neste sentido, um aluno fez
um desenho bem expressivo onde o mesmo resgata a memória da sua antiga casa
num seringal do alto rio Iaco.

      A direção, após ver os desenhos, me propôs que eu continuasse com o
projeto, mas diante das dificuldades deste trabalho de conclusão de curso, pedi que
deixássemos um novo projeto de desenho mais para frente.
35




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AULETE, Dicionário digital 2012.

DERDYK, Edith, Formas de Pensar o desenho-Desenvolvimento do Grafismo
Infantil. São Paulo Editora Scipione: 1989.

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação
Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

FRAGOSO, Maria Luiza, Licenciatura em artes visuais: 2º semestre, organizadora
Thérese Hofmann Gatti-Brasília: UAB, Unb 2010.

FUSSARI, Maria F. de Resende e, FERRAZ, Maria Heloisa C.de. T; Arte na
Educação Escolar- São Paulo: Cortez, 2001(coleção magistério 2º grau. Série
Formação geral).

GATTI, Thérese Hofmann, Castro Rosana de, Oliveira, Daniela de; Materiais em
artes – Manual para Manufatura e Prática. Brasília-DF 2007.

NASCIMENTO, Roberto Alcarria do; O Ensino do Desenho na Educação Brasileira -
Apogeu e decadência de uma disciplina escolar, Marilia UNESP 1994.

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O desenho como forma de expressão artística na Penitenciária Evaristo de Moraes

  • 1. UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS FABRÍCIO DIAS DOS SANTOS O DESENHO COMO FORMA DE MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA NA PENITENCIÁRIA EVARISTO DE MORAES. Sena Madureira - AC 2012
  • 2. FABRÍCIO DIAS DOS SANTOS O DESENHO COMO FORMA DE MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA NA PENITENCIÁRIA EVARISTO DE MORAES. Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Artes Visuais, do Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Orientadora: Profª Elisandra Gewehr Cardoso Co-Orientadora: Profª Patrícia Colmenero Moreira de Alcântara Sena Madureira - AC 2012
  • 3. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos os professores, pois ensinar é gratificante, mas exige muito trabalho e paciência nessa profissão que não é valorizada pelos governantes. Dedico esse trabalho a todos os professores do curso de Artes Visuais, que contribuíram para a minha formação intelectual. Dedico esse trabalho a todos os reeduncandos, à assistência social, aos agentes penitenciários e à direção da unidade penitenciária Evaristo de Moraes em Sena Madureira.
  • 4. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiro a Deus por ter-me dado vida e saúde durante a realização do curso. Agradeço em especial a minha tutora Profª Patrícia Colmenero Moreira de Alcântara, e também a minha supervisora Profª Elisandra Gewehr Cardoso, por terem me colocado no trilho do conhecimento certo do meu assunto. Agradeço ao governo do estado do Acre por acreditar no projeto de expansão da Universidade Aberta do Brasil. Agradeço à Universidade de Brasília, por ter demonstrado interesse nesse projeto piloto de ensino a distância, visto que o Acre é o único estado da região Norte que foi contemplado com esse projeto. Agradeço a minha família, nas pessoas do meu pai José Gomes dos Santos, da minha mãe Maria Dias dos Santos e das minhas irmãs Francisca Dias dos Santos, Fabiana Dias dos Santos e meu querido irmão Frankirley Dias dos Santos, por terem me dado força durante os cinco anos de curso. Agradeço em especial à minha esposa Laelia Ribeiro da Silva, que me deu força e me suportou durante minhas crises de stress durante o curso. Agradeço aos meus colegas de curso que me ajudaram a vencer obstáculos em diversas disciplinas. Agradeço à direção do presídio Evaristo de Moraes na pessoa da diretora Sebastiana Almeida de Souza, e aos meus colegas de trabalho por terem me dado o apoio e motivação. Agradeço em especial a todos os reeducandos que participaram do projeto, respondendo perguntas e executando a prática de desenho. Pois eles são peças-chave do trabalho.
  • 5. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 6 1.2 Justificativa ............................................................................................. 7 2 BREVE HISTÓRICO SOBRE O DESENHO. ................................................ 8 2.1 O desenho no Renascimento. ................................................................ 9 2.2 O desenho no Brasil. ........................................................................... 10 2.3 O ensino do desenho no Brasil. ............................................................ 10 2.4 Desenho Moderno e Contemporâneo................................................... 14 2.5 Suporte e materiais em desenho. ......................................................... 15 2.6 Definição de desenho. .......................................................................... 16 2.7 Arte-educação. ..................................................................................... 17 2.8 As minhas principais dificuldades encontradas durante a pesquisa ..... 18 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................ 19 3.1 O desenho como forma de expressão. ................................................. 19 3.2 Concurso de desenhos como forma de conscientização...................... 21 3.3 Prática de desenho desenvolvido com os reeducandos. ...................... 23 3.4 Será que nossos desenhos são carregados de signos criminosos? Qual contexto social ele é produzido? Será que há algo além do valor estético. 29 3.5 Análise das oficinas. ............................................................................. 30 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 35
  • 6. 6 1 INTRODUÇÃO Desde os primórdios das civilizações, o desenho constitui um signo presente na história da humanidade. Na sociedade primitiva, os homens já rabiscavam na parede das cavernas cenas do cotidiano, os animais que abatiam, e cenas de danças e rituais. Na sociedade egípcia, as pinturas e os hieróglifos representavam um registro da vida do morto, e o tamanho do desenho representava a classe social à qual pertencia, etc. Logo, percebe-se que a maioria das culturas registradas no decorrer da história humana, sempre manifestaram o desenho em certo momento de seu desenvolvimento intelectual, artístico e cientifico. Portanto, como o desenho possui valor significativo considerado no decorrer da história das sociedades, surge o interesse em investigá-lo na unidade Penitenciária Evaristo de Moraes, pois o presídio é formado por um grupo de indivíduos de várias classes e grupos sociais que têm que conviver juntos, sob as normas legais (leis que devem ser cumpridas), e não legais, impostas por eles aos indivíduos do próprio grupo. Estas últimas são chamadas de “lei da cadeia”, que mais se parece o código de Hamurab “olho por olho” e “dente por dente”. Então este trabalho tem como objetivo investigar o desenho como forma de expressão artística manifestada na unidade penitenciária Evaristo de Moraes em Sena Madureira pelos presos que se encontram reclusos neste estabelecimento. E também realizar uma oficina de desenho. Essas manifestações de desenhos analisadas podem ocorrer espontaneamente, como aqueles elaborados nas paredes do presídio, ou podem ser instigadas pela instituição, como acontece com o concurso de desenho. O público que pretendo trabalhar são os presos do regime fechado, incluindo os portariados, que são os que trabalham dentro da unidade, pois com os presos provisórios se torna difícil realizar os trabalhos práticos, pois eles saem constantemente, além de novos entrarem diariamente, por haver um grande fluxo nesse bloco1. 1 Bloco: também chamado de pavilhão ou ala, é o local onde abriga as celas, no bloco onde realizei o trabalho tem sete celas com dois ou três presos. Porém só fizemos os trabalhos em seis celas.
  • 7. 7 A abordagem do tema se torna acessível, pois eles gostam de desenhar. Já aceitar participar ativamente e voluntariamente de um trabalho de agente penitenciário é um desafio, mas foi aceito por todos do bloco. Os documentos referentes à unidade são fácies de adquirir, por ser meu ambiente de trabalho. O referencial teórico é parte mais complexa do trabalho e exigiu uma ampla pesquisa bibliográfica que alicerço nas autoras Edith Derdyk e Roberto Alcarria do Nascimento. 1.2 Justificativa Desde que comecei o curso de artes visuais, surgiu o interesse pelo desenho como forma de manifestação humana. E a disciplina de ateliê de artes visuais 1, que abordou o tema do desenho, quebrou o preconceito que eu mesmo tinha sobre minha produção. Pois, como a maioria das pessoas, eu evitava desenhar por achar meu desenho feio. Mas textos de Ernest Fischer e Edith Derdyk me mostraram que desenhar desperta a criatividade e a capacidade viso-motora. Estes autores enfatizaram também que todos nós somos capazes de desenhar, haja vista que a criatividade é própria da condição humana. Então, eu passei a olhar com outros olhos para o desenho, procurando compreender o que está por trás de traços toscos e tortos. Na unidade prisional Evaristo de Moraes, onde trabalho os presos gostam muito de desenhar na parede das celas e do corredor. Logo surgiu o interesse de analisar e mostrar tais desenhos para a sociedade. Pois os seus desenhos rabiscados nas paredes nos dizem muito sobre suas vidas, no cárcere e fora dela. O trabalho é importante para o conhecimento, pois vai acrescentar e trazer novas discussões sobre o tema do desenho nos presídios do país. Pois através de pesquisas, percebi que esse tema já foi alvo de discussões em monografias de acadêmicos de outros estados. No entanto, aqui no Acre, não foi encontrada nenhuma que trate deste tema. Outro ponto importante, é que o estudo trará resultados que podem ser comparados com outros.
  • 8. 8 2 BREVE HISTÓRICO SOBRE O DESENHO. O desenho mostra-se como uma das formas mais antigas de manifestação do homem no decorrer da história. E isso é evidenciado através dos rabiscos nas paredes das cavernas, onde o homem primitivo representava o seu modo de vida, cenas de caçada, etc. Nesses desenhos, chamados de pinturas rupestres, o homem primitivo conseguia se expressar, e se comunicar com os outros, desenvolvendo uma linguagem não verbal, onde eles compartilhavam experiências do seu cotidiano. Segundo Hauser (2003 apud FRAGOSO, 2010p. 47): É nos últimos estágios do período paleolítico (paleolítico superior), iniciado há cerca de trinta e cinco mil anos atrás, que encontramos as primeiras produções visuais conhecidas (...). E tais produções eram feitas por homens que se abrigavam em cavernas ou sob rochas salientes que se tornaram com o tempo, as primeiras habitações temporárias dos primeiros humanos nômades, empenhados na caça, e na colheita esporádica de frutos. Um ponto importante a se destacar nos desenhos das pinturas rupestres é o caráter mágico atribuído a eles, ou seja, em alguns povos acreditava-se que o que se fazia no desenho representado acontecia no plano real. A esse respeito é importante ressaltar que em diferentes lugares feiticeiros, bruxos e pajés, recorrem, ainda hoje à magia como prática ritualista nas dinâmicas sociais do grupo, tornando-a importante elemento constitutivo na formação cultural e comportamental do individuo. No culto voodoo, por exemplo, ainda usam-se bonecos e imagens em substituição ao ser real. E nele acredita-se, que o que se faz na imagem representada acontece no ser real, como é mostrado em muitas cenas do cinema americano, por exemplo. Segundo Gombrich (1999 apud FRAGOSO, 2010, p.47). A produção do paleolítico estava fortemente conectada aos rituais mágicos, onde a imagem tinha um papel principal na concretização do desejo de dominação por parte do homem sobre a natureza. E a pintura e o desenho fazia parte do aparato técnico dessa magia; eram a ‘ a armadilha’ onde a caça tinha que cair, ou melhor, eram a armadilha com o animal já capturado – pois o desenho era, ao mesmo tempo a representação e a coisa representada. O caçador e o pintor do período paleolítico pensava estar na posse da própria coisa na pintura, pensava ter adquirido poder sobre o objeto por meio do retrato do objeto. Acreditava-se que o animal verdadeiro realmente sofria a morte do animal retratado na pintura.
  • 9. 9 Nas sociedades clássicas como a egípcia, mesopotâmica, grega e romana, o desenho desempenhou importante papel ao retratar a história desses povos. Para os egípcios, o desenho representava algo sagrado, e era colocado nas tumbas e templos dos faraós, assim como das famílias nobres, contando a história da vida do falecido e preparando- o para a reencarnação. Já o povo grego e romano gostava de representar, por meio dos desenhos, sua mitologia, contando a vida dos deuses. A sociedade mesopotâmica utilizou- se do desenho para fazer representações primitivas da terra, dando origem aos primeiros mapas de que se tem conhecimento. Logo, percebemos que o desenho, assim como a escrita, é uma forma de expressão e comunicação que transmite conhecimentos às futuras gerações. 2.1 O desenho no Renascimento. O renascimento foi um período de grandes mudanças para o homem em todos os campos do saber, seja econômico, político e social. Tal período assinala o fim da idade média e o início da idade moderna, a idade média era conhecida como idade das trevas, pois o homem produzia pouquíssimo conhecimento científico, tecnológico e artístico. Nessa época, o homem passava o dia trabalhando na lavoura do senhor feudal, e o resto do tempo em busca da salvação eterna, prometida pela igreja. E esse movimento chamado renascimento quebra essa situação social, e resgata a cultura clássica e antiga, colocando o homem como centro das atenções no que chamamos de humanismo e naturalismo. Ou seja, o homem passa a olhar para si mesmo, e para a natureza em busca do racionalismo. Segundo Artigas (1975 apud DERDYK, 1989, p.30): No renascimento o desenho ganha cidadania, e se de um lado é risco, traçado, mediação para expressão de um plano a realizar, linguagem de uma técnica construtiva, de outro lado é desígnio, intenção, propósito, projeto humano no sentido de proposta de espírito. Um espírito que cria objetos novos e os introduz na vida real. Tal pensamento nos remete a entender que o desenho no renascimento ganha maior realismo nas cenas retratadas, ou seja, o homem busca criar desenhos que passam a ser apreciados e comprados pelo público, o que requer capricho maior na representação da realidade, tornando o desenho retratado quase real aos olhos de quem vê.
  • 10. 10 2.2 O desenho no Brasil. É interessante refletirmos sobre a palavra desenho na história do Brasil, onde podemos encontrar as primeiras manifestações sobre esse termo, e em qual contexto ele foi produzido. Conforme Artigas (1975 apud DERDYK, 1989, p.32): Em nossa língua, a palavra aparece no fim do século XVI. Dom João III, em carta régia dirigida aos patriotas brasileiros que lutavam contra a invasão holandesa no Recife, assim se exprime, segundo Varnhagen: Para que haja forças bastante no mar com que impedir os desenhos do inimigo, tenho resoluto etc. portanto desenho- desígnio: intenção, planos do inimigo.Um século mais tarde o padre Bluteau registra no seu vocabulário português e latino dezenhar: dezenhar no pensamento, forma huma ideia, ideiar. ‘ formam in animo designare’. Posteriormente, o desenho ganhou importância na colônia brasileira, principalmente quando a corte portuguesa veio para o Brasil em 1808, acompanhada de muitos artistas, que passaram a retratar a natureza, e depois o povo (índios) de nosso país. 2.3 O ensino do desenho no Brasil. Durante a formação do Brasil colônia, tivemos um ensino prático, realizado pelos padres jesuítas voltado para atender os interesses da população. Ou seja, ensinavam noções de marcenaria e ferragem aos índios, que eram catequizados, tais técnicas eram usadas no dia –a- dia das missões. Também ensinava- se o português e o espanhol através da fala e da escrita. Conforme Nascimento (1994, p.27): O monopólio jesuítico permaneceu alheio ao desenvolvimento cultural europeu e o desenho, que aí já começava surgir como um instrumento da técnica, não foi cogitado no ensino colonial brasileiro. A expulsão dos jesuítas em 1759, na Reforma Pombalina, desmantelou o ensino existente que, apesar das suas limitações, era bem organizado. Em substituição ao que havia foram criadas aulas régias, constituídas de unidades isoladas e instaladas para uma determinada disciplina. A Reforma objetivava, por um lado, compatibilizar o ensino com as novas ideias circulantes na Europa- voltadas para uma educação científica - e, por outro, acabar com o monopólio jesuítico na educação. O que se observa nesse estudo sobre o ensino do desenho no Brasil, é que, praticamente do descobrimento até por volta de 1800, ele foi pouco ensinado e
  • 11. 11 desenvolvido pela educação formal vigente. Contudo, com a reforma promovida pelo Marquês de Pombal, e a vinda da família real ao Brasil em 1808, o desenho começa a ganhar importância na formação educacional do estado. Segundo Nascimento (1994, p. 27): O ensino regular do desenho só começou a ocorrer a partir de 1800, quando da criação do Seminário de Olinda, fundado por Azeredo Coutinho, que o incluiu em seu currículo. Não se pode descartar que esse fato foi um reflexo da reforma articulada por Pombal e de influências a partir de mudanças ocorridas na Europa, principalmente na França. Isto é um marco histórico para o ensino do desenho no Brasil, pois, pela primeira vez, passa a fazer parte de um currículo escolar e a ser ministrado com regularidade. O ensino brasileiro praticado durante o período da família real também foi para atender as necessidades do estado, ou seja, o que se pretendia era formar bons servos (empregados) para atender ao interesse da corte. Com isso, vieram para o Brasil muitos estrangeiros, principalmente franceses, para ensinar técnicas e ciências com fins utilitários e ornamentais, onde se enquadrava o desenho. Conforme Nascimento (1994, p.28): Como o esforço era nas profissões técnicas e científicas, o desenho surge nesse período como instrumento para fins utilitários e são criados cursos específicos como Desenho e Figura na Bahia (1812), Desenho Técnico também na Bahia (1817), e Desenho e História em Vila Rica (1817). No final do século XIX, o Brasil ainda era um país latifundiário e monocultor de culturas como cana de açúcar e café. Porém nessa mesma época, a Europa e os Estados Unidos viviam o auge da industrialização. E o desenho praticado e ensinado nesses países refletia o desenvolvimento industrial através dessa técnica, ou seja, desenhos industriais dos produtos e dos modos de produção (máquinas e fabricas). Enquanto isso no Brasil o desenho continuava. Oscilando entre o racionalismo defendido pelos positivistas e o academismo oriundo do neo-clássico trazido pela Missão Francesa, o ensino do desenho entrou no século 20 girando em torno do geométrico - traçado de figuras geométricas com auxílio de instrumentos - e da cópia de ornatos - desenho de observação de modelos de gesso. Este ensino, de certa forma, estava de acordo com as exigências da sociedade da época, para a qual, segundo Romanelli, o importante era formar a inteligência do regime e preencher os quadros da política e da administração pública, sem nenhuma preocupação com a formação técnica. Continuou o imobilismo ainda com a ajuda do desenho. Conforme (Nascimento, 1994 p. 29).
  • 12. 12 Como estudamos em livros de história, o período imperial (1822 a 1889) foi curto, e muito conturbado na história do Brasil, porém mesmo com muitas confusões e revoltas populares por autonomia política, o ensino de desenho se desenvolveu através do colégio dom Pedro II. (Segundo nascimento 1994 p. 28). Em 1837, foi criado o Colégio de Pedro II, destinado a servir de modelo aos demais estabelecimentos de ensino secundário do país. Pelos decretos que se seguiram ao de sua fundação, que regulamentaram o funcionamento da escola, deduz-se que o ensino do desenho se restringiu ao Desenho Linear (construção de figuras geométricas) e ao Desenho Figurado (cópias) com ênfase apenas para a intelectualidade, desvinculando-se totalmente dos aspectos prático ou sensível. Com a queda da monarquia brasileira e a instalação da república, o nosso país começa a traçar novos rumos à educação brasileira. O contexto social brasileiro começa a mudar, dando início a seu processo de industrialização por meio da substituição de bens de consumo, ou seja, começaram a produzir aqui objetos utilizados na lavoura do café, dando início a industrialização de base. Segundo (Nascimento 1994 p.31) Rui Barbosa nas duas últimas décadas desse século foi quem procurou apontar novos rumos ao desenho, ressaltando seus valores na educação, no desenvolvimento da percepção e do espírito de disciplina. Mas, bastante preocupado com a industrialização do país, atribuiu-lhe uma função quase que exclusivamente utilitarista, pois o maior objetivo era a formação dos trabalhadores da indústria nacional. Conforme Nascimento 1994, “Nas décadas 30 e 60 o ensino do desenho continuou praticamente restrito às modalidades do natural e geométrico”. Logo faz- se necessário entender o conceito de: desenho natural e geométrico, que o autor discorre. Pois somente compreendendo esses termos poderemos ter noção do ensino aprendizagem do desenho naquela época citada. Segundo (Nascimento 1994 pag.18). Embora a classificação do desenho, até hoje, tenha sido motivo de controvérsias, de uma forma geral passou-se a considerar como Desenho do Natural, o desenho de observação feito à mão livre, o estudo da luz e sombra e a perspectiva. O Desenho Geométrico, abrangendo as construções geométricas planas, e destinado a resolver os problemas do plano bidimensional, através dos instrumentos. O Desenho Convencional, envolvendo a geometria descritiva, as diferentes ramificações do desenho técnico e os desenhos esquemáticos. E finalmente o Desenho Decorativo, com o
  • 13. 13 estudo dos elementos e das regras da composição visual despeito de uma interrelação necessária e até mesmo inerente entre essas modalidades, as denominadas "do natural" e "decorativo", pela sua própria natureza, passaram a enfatizar o desenho como arte, enquanto as chamadas "geométrico" e "convencional" passaram a veicular o desenho como técnica. O Desenho do Natural, segundo BANDEIRA (1960), teve suas raízes no final da Idade Média e início do Renascimento, consequência do "culto ao antigo" e das correntes do naturalismo. O ensino do desenho passou a girar em torno do desenho da figura humana considerado a base de toda aprendizagem do grafismo. Outro autor que trabalha o tema: ensino do desenho é, Maria F. de Resende e Fusati 2001, que nos diz que o desenho ensinado no país nos anos 30 e 70 abordava basicamente as seguintes modalidades. Desenho natural (observação, representação e copias de objetos). Desenho decorativo (faixas, ornatos, redes, gregas, estudos de letras, barras decorativas e, painéis). Desenho geométrico (morfologia geométrica e estudo de construções geométricas e Desenhos pedagógicos nas escolas normais (esquemas de construções de desenhos para ilustrar aulas). E atualmente, que tipo de desenho é ensinado e praticado nas escolas brasileiras pelas crianças? Na nossa cidade, durante o estágio supervisionado, o professor trabalhou com as seguintes técnicas de desenho: Desenho de memorização: o objeto desenhado não está diante do observador, mas desenha-se com base na lembrança que se tinha dele; Desenho de observação: o objeto está diante da pessoa, e representa-se conforme o vê; Desenho criativo: faz-se o desenho de acordo com a imaginação e criatividade do desenhista. Este desenho pode ser livre ou dirigido. Desenho livre: quando se faz a partir da sua própria imaginação e criatividade; Desenho dirigido: quando o desenho é livre, mas o tema foi proposto pelo professor. Tal desenho ocorre como consequência do que ela vivenciou ou viu ao longo da sua vida. Na minha concepção, a principal diferença entre os desenhos ensinados hoje, e aqueles do passado, é a busca da espontaneidade e da criatividade, ou seja, o educador tenta a todo instante despertar sensações e sentimentos no desenhista, seja, ele criança, jovem ou adulto. Nos desenhos mencionados no passado ao longo desse estudo, o desenhista era oprimido através de modelos prontos, que tinham
  • 14. 14 que ser seguidos em busca da perfeição. Conforme (Maria F. de Resende e Fusati 2001, p.29): Do ponto de vista metodológico, a aula de desenho na escola tradicional é encaminhada através de exercícios, com reproduções de modelos propostos pelo professor, que seriam fixados pela repetição, buscando sempre o seu aprimoramento e destreza motora. Portanto atualmente conforme PCN 2001 “o ensino do desenho busca despertar a espontaneidade, a imaginação, a criação e auto expressão do aluno, valorizando o que é construído por eles”. Nesse tipo de ensino não há espaço para repressão ao talento do desenhista. Pois tudo que é produzido é interpretado de forma positiva, haja vista que cada garatuja explica um estágio de avanço do processo de ensino aprendizagem das crianças. E no caso dos jovens e adultos, como devemos proceder a respeito da sua produção de desenho? A meu entender, também devemos valorizar o que é produzido por eles. Pois essa valorização do seu trabalho em desenho, se reflete no seu empenho na busca do seu melhor traço, etc. e da melhor maneira de se expressar através do desenho. 2.4 Desenho Moderno e Contemporâneo. Antes de falarmos de desenho moderno, e de desenho contemporâneo, é necessário entendermos, o que vem a ser idade moderna, e idade contemporânea. A maioria dos historiadores admite como idade moderna no ocidente, o período que vai da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos 1453 até a revolução francesa 1789. Contudo esse período é discutível por alguns estudiosos desse assunto, que atribuem outras datas e fatos marcantes. O interessante é observamos que esse período é fruto de grandes transformações sociais e políticas, resultados da transição do feudalismo para o capitalismo, que se refletiu na arte. A idade moderna também engloba o renascimento cultural que ocorreu na Europa. Dentre os principais movimentos da arte moderna temos: impressionismo e pós- impressionismo, fauvismo, cubismo, expressionismo e futurismo, que pouco nos fala sobre o desenho. A idade contemporânea inicia-se com o fim da idade moderna, portanto a partir da revolução francesa 1789, o que é aceito pela maioria dos historiadores. Nesse período temos a revolução industrial que ocorre em meados do século XVIII na Inglaterra, e se espalhou pela europa. Com isso, temos a influência
  • 15. 15 da industrialização nos dois períodos analisados, que passaram a tratar o desenho como linguagem técnica, que permitia ensinar o trabalhador através da arte, ou seja, o desenho deixa de ser somente artistico e passar a ensinar o trabalhador, a técnica de produção dos objetos e das máquinas.conforme Nascimento (1994 p. 14). O início da industrialização trouxe também maiores preocupações com a educação do trabalhador, consequência da mecanização da indústria que alterou o panorama sócio-econômico. Em 1766, Jean Jacques Bachelier, professor da Academia Real de Pintura, considerado pioneiro da educação técnica moderna, fundou na França a primeira escola gratuita de Desenho e Matemática aplicada às indústrias. Segundo GAMA (1987), o desenho nessa época passa a ser considerado elemento fundamental para o desenvolvimento da técnica. "Difunde-se nessa época a idéia de que o desenho é a base de todos os trabalhos mecânicos, e que os trabalhadores competentes devam ser excelentes na arte do desenho" (p. 133). A partir de então, o desenho deixa de ser enfatizado como linguagem para a arte - instrumento didático ou de ostentação - para ser enaltecido como linguagem da técnica. Se antes o desenho buscava uma representação mais naturalística privilegiando, de certa forma, o chamado "Desenho do natural" e a arte de um modo geral, o Renascimento Científico e a Revolução Industrial impuseram ao mundo novas formas de representação. O Desenho Geométrico aparece como uma possibilidade de transcrever, de modo prático, as formas idealizadas e criadas para representar a nova visão de mundo, buscando muito mais as relações quantitativas do que as qualitativas, próprias do desenho naturalístico. O desenho, como representação simbólica de relações quantitativas, pode servir de instrumento para o desenvolvimento da máquina e da técnica. O surgimento da "Geometria descritiva”, base para todo o desenho técnico, era só uma questão de tempo, o que viria a ocorrer no final do século XVIII. 2.5 Suporte e materiais em desenho. Quando falamos em desenho, sempre imaginamos rabiscos de lápis em papel. Porém, isso não ocorreu sempre desta forma, basta pensarmos em tempos em que não existia papel, e nem lápis e canetas esferográficas. Então, nos vem a seguinte pergunta: onde o homem desenhava, e quais materiais ele usava para compor seu desenho? No período paleolítico, dos homens primitivos usavam como suporte as paredes das cavernas, ou seja, as pedras. E a tinta era o seu próprio sangue. Depois, com o advento do uso do fogo, eles passaram a usar fuligem misturada com gorduras animais para fazer as tintas. O primeiro lápis ou pincel,
  • 16. 16 provavelmente foram os próprios dedos do homem primitivo, usado para desenhar nas cavernas. Segundo Castro, Gatti e Oliveira (2007 p.13): Desde a pré história, passando pela invenção da escrita, é necessário analisar e estudar a evolução dos materiais que serviram de suporte e de instrumento para execução destas informações. Na historia da evolução da escrita vemos a utilização de vários instrumentos como, por exemplo: lascas de pedras galhos de arvores, ossos, carvão, varetas de metal e penas de aves. O aparecimento do grafite se deu no século XVII d.c, mais a concepção de lápis com revestimento de madeira, apareceu somente no século XX. Ainda segundo as autoras, que nos falam de suporte e materiais artísticos, que foram sendo desenvolvidos ao longo da história humana, temos a pele como suporte artístico, ou seja, os índios foram os primeiros a utilizar a pele como meio de expressão e comunicação. Vale lembrar que esse modo de expressão foi bem aceito pelo homem branco, que passou a usar tais técnicas dando origens às tatuagens que muitas pessoas utilizam atualmente. Conforme Castro Gatti, e Oliveira (2007, p.13). As pinturas indígenas e as tatuagens, quando ainda não havia a escrita, tinha a pele do corpo como suporte físico de registro. Essas pinturas tinham por finalidade a distinção entre os seres humanos e o mundo animal”. Tais suportes e materiais foram fundamentais para o desenvolvimento do homem, da escrita e da arte, pois permitiram a ele repassar o conhecimento às futuras gerações. Agora, as técnicas aprendidas não eram mais esquecidas. (...) devemos também considerar as inscrições feitas na areia e na terra, com fins mágicos e religiosos, podendo ser estes realmente os primeiros suportes, mesmo que ainda não pudéssemos considerar a escrita propriamente dita. O carvão usado para a técnica de desenho e pintura é certamente um dos materiais mais antigos, sua historia remonta aos homens das cavernas. Com o domínio do uso do fogo, nossos ancestrais descobriram o carvão e os ossos carbonizados, que foram provavelmente também os primeiros lápis conhecidos na pré historia. 2.6 Definição de desenho. Ao fazer esse estudo sobre o desenho percebi a importância dele como linguagem, meio de expressão e comunicação no decorrer da história humana. O desenho representa ideias, tem significado dentro de um grupo, transmite conhecimento às gerações futuras e é carregado de significado, embora muitas vezes não seja compreendido pelo observador. E assim como a palavra arte, o
  • 17. 17 desenho se torna algo complexo de ser definido. O dicionário Aulete digital 2012 apresenta as seguintes definições: Desenho: 1. Representação de coisas ou pessoas por meio de traços feitos a lápis, tinta etc., ger. sobre papel: o desenho de uma árvore; 2. Arte técnica dessa representação (curso de desenho); 3. Obra de arte realizado por meio dessa técnica: um desenho de Goeldi;4. Feitio, configuração, contorno: O desenho dos lábios; 5. Projeto, planta, traçado: O desenho de um edifício; 6. Linha, estilo, design (desenho arrojado); 7. Fig. Elaboração, concepção, formulação: o desenho de uma estratégia; 8. Fig. Plano, desígnio, propósito. A partir dessas definições, faz-se necessário entender o verbo desenhar, que exprime a ação de fazer o desenho em todos esses suportes já mencionados: pedra, papel, terra, areia, papiro etc. Desenhar: 1. Fazer desenho (de) [td. : Portinari desenhou os azulejos deste painel.] [int. : Toda criança gosta de desenhar.]; 2. Conceber o projeto de (arquitetura, moda etc.) [td. : Meu tio desenha móveis para uma fábrica.];3. Tornar-se visível; APARECER; DELINEAR-SE [int. : Uma tempestade desenhava-se no céu.];4. Fig. Fazer a descrição de (algo ou alguém), apontando suas características principais [td. : Esse historiador desenhou como ninguém o contexto político da Proclamação da República.]; 5. Fig. Tornar (-se) levemente perceptível [td. : Os conflitos desenhavam o estado de ânimo dos familiares.] [int. : No rosto do humorista desenhou -se um sorriso irônico.] (Aulete digital 2012). O dicionário nos traz o significado de tais palavras, e basicamente descreve desenho como resultado do ato de desenhar, ou seja, contornar, delinear dar relevo etc, em vários tipos de suportes como: papel, pedra, areia, tecido e outros. No entanto, nós arte-educadores sabemos que essas palavras (desenho e desenhar) vão muito além desses meros conceitos e significados. Pois quando desenhamos mostramos através do desenho nossos sentimentos, transcrevemos nossas emoções, desejos e esperanças etc. o desenho comunica, expressa, dar desígnio, transmite códigos e conhecimentos. Por isso é tão difícil de defini-lo. Cabendo a nós, portanto encontrar a melhor definição de desenho para o que pretendemos alcançar, dentro das suas inúmeras definições. 2.7 Arte-educação. Para alguns estudiosos, a arte-educação se refere ao ensino artístico realizado por professores qualificados em arte, ou seja, que entendam do fazer artístico, pessoas formadas em alguma linguagem artística como teatro, música,
  • 18. 18 artes visuais etc, que são os chamados arte-educadores. Embora haja entendimento de que pessoas, que não são formadas em arte, mas entendam do processo criativo, possam lecionar essa disciplina. Logo, há esse ponto de discussão sobre essa questão, ou seja, somente pessoas formadas entendem e sabem lecionar artes. Alguns estudiosos afirmam que sim, outros, que não. Ana Mae Barboza nos fala sobre o assunto em entrevista, quando é perguntada sobre o que é arte-educação. Para mim, Arte/Educação é todo e qualquer trabalho consciente para desenvolver a relação de públicos (criança, comunidades, terceira idade etc.) com a arte. Ensino de arte tem compromisso com continuidade e currículo, quer seja educação formal ou informal. Arte Educação foi o termo usado por meus mestres. Eu acrescentei o hífen, Arte-Educação, no momento em que arte era recusada pelos educadores, nos anos de sua introdução obrigatória no currículo escolar, em torno de 1973-1974, para dar idéia de diálogo e mútuo pertencimento entre as duas áreas. ( informação verbal) Um ponto importante sobre arte-educação proposta por Ana Mae Barboza é a metodologia triangular, onde as pessoas aprendem e adquirem conhecimento em arte através do fazer artístico, do ver e da leitura da obra. 2.8 As minhas principais dificuldades encontradas durante a pesquisa Dentre as principais dificuldades encontradas, estão a falta de material didático no município, tanto na biblioteca do pólo como na biblioteca estadual, e também dificuldade em encontrar livros específicos que falassem somente do desenho, ou seja, o resultado do trabalho é fruto de várias pesquisas em materiais que mais se aproximam do meu modo de pensar. Outro ponto que dificulta o trabalho é encontrar fontes confiáveis na internet. Pois, como sabemos, a internet tem muitos trabalhos plagiados, há também muitos textos que, apesar de bons, não tem o nome do autor, número da página e o ano, dados importantíssimos na hora da citação.
  • 19. 19 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Quando comecei a trabalhar na unidade penitenciária Evaristo de Moraes, em Sena Madureira, percebi que existia uma grande variedade de cultura visual. Muitos desenhos espalhados na parede das celas e dos corredores, que sempre me chamaram a atenção. Então, surgiu a vontade de investigá-los, para que eu pudesse entender um pouco de toda aquela produção visual. E esta pesquisa me permitiu tal análise. 3.1 O desenho como forma de expressão. Antes da reforma na unidade penitenciária Evaristo de Moraes, tinha-se uma grande quantidade de desenhos nas paredes das celas e dos corredores. E como o presídio estava bastante velho, no sentido da pintura e das suas estruturas físicas, ficava impossível que os agentes penitenciários cobrassem dos reeducandos que não cometessem tais infrações. Os desenhos2, em sua maioria, eram tribais3 (figura 1 e 2) e tinham nomes de presos, algumas frases bíblicas e muita apologia às drogas como nos desenhos das folhas de maconha (figuras 3 e 4). No entanto, houve a reforma do presídio e as paredes ficaram todas pintadas, tudo ficou novo, e era bem fácil identificar a presença de desenhos e rabiscos de palavrões nas paredes, que foram sendo reduzidos através da proibição e punição dos mesmos. 2 Todos os desenhos deste trabalho foram feitos pelos reeducandos do presídio Evaristo de Moraes. E, em todas as fotos, as pessoas estão com o rosto borrado no gimp para preservar sua imagem. 3 Tribais são desenhos de tatuagens com vários significados e que ficar bem em várias partes do corpo como costas, ombros, peito e outras. E também servem para decorar casas.Segundo pesquisa na internet disponíveis em < http://boanoticia.com/tatuagem-desenhos-tribais-para-tatuagem.html>.acesso em:12.maio.2010 e <http://www.adesivoweb.com.br/adesivos-decorativos/adesivo-tribal.html>. acesso em 12 de maio de 2010. Nas paredes das celas do corretivo e da cela de triagem, temos alguns desses desenhos tribais, mas durante a pesquisa constatei que a maioria dos presos não sabe o significado dos mesmos, e faz somente pela beleza.
  • 20. 20 Figura 1desenho coração em estilo tribal4 Figura 2 dragão em estilo tribal Atualmente, no presídio Evaristo de Moraes, temos desenhos nas paredes nas celas de corretivo5 e de triagem. No corretivo, o preso já se encontra de sanção disciplinar, e não pode mais levar punição, por isso, quando ele consegue algum objeto como lápis, caneta, ou pincel, ele desenha de tudo. E, como vimos, esses desenhos reflete um mundo de crimes, drogas e violência. Na cela de triagem6, ele também fica em observação num período de dez dias, sem receber visita, para depois ser encaminhado ao bloco do provisório, que pode ser o I ou II, dependendo de qual facção ele pertence na cidade. Então, essa cela é na verdade um corretivo para as pessoas que estão chegando ao sistema penitenciário. Logo, lá também as pessoas desenham, quando surge uma oportunidade. Porém, em nenhuma cela é permitido o desenho nas paredes e, para resolver esse problema, só através da conscientização, pois não há meios legais de punir quem já está cumprindo sanção. 4 Desenhos feitos na cela de corretivo em estilo tribal, na figura 1 temos um coração e na figura 2 um dragão. 5 Cela de corretivo: é o local onde o preso cumpre uma sanção disciplinar. Quando ele esta lá não pode receber visita de familiares e nem tomar banho de sol. 6 Cela de triagem: é o local onde ficam as pessoas que estão sendo preso pela primeira vez. Lá eles permanecem por dez dias, depois são transferidos para o bloco do provisório.
  • 21. 21 Figura 3 folha da maconha7 Figura 4 revolver 38 3.2 Concurso de desenhos como forma de conscientização. A assistência social criou em 2011, um projeto de desenho para conscientizar os reeducandos sobre o assunto, que foi executado apenas uma vez. Eles foram convidados a participar de um concurso de desenho, que premiaria com sacolões e outros brindes os melhores desenhos. Tais prêmios seriam distribuídos aos seus familiares. Foram distribuídos materiais simples de desenho como: cartolina, lápis de cor, pincéis, giz de cera etc, para que eles começassem seus desenhos. Dos 22 presos do bloco dos portariados, 5 resolveram participar do projeto de desenho, os outros disseram que não sabiam desenhar e também não foram estimulados a participar do processo. Tais desenhos foram confeccionados nas celas pelos reeducandos que participaram do projeto. Como não tinha mesa, eles pegaram pedaços de papelão e usavam como base, numa espécie de prancheta. Para julgar os trabalhos, foi feita uma banca, para a qual foi convidado um acadêmico de artes visuais, uma assistente social, e outra pessoa do conselho da comunidade. 7 Os desenhos da figura 3 e 4 foram desenhados na parede da cela de corretivo, por presos que estão cumprindo sanção disciplinar. Tais desenhos nos faz lembrar-se de drogas e violência.
  • 22. 22 Figura 5 Figura desenho animado8. Figura 6 duende. Num domingo, dia de visita, foi realizado o evento onde os reeducandos exporiam seus trabalhos, e falariam sobre o processo de criação deles. Como esse dia é muito valorizado pelo reeducando, alguns não queriam mostrar suas obras, pois desejavam ficar na cela com suas companheiras. Então, a assistente social disse que tal evento seria rápido, e todos foram participar. Cada reeducando mostrou seu desenho, falou um pouco sobre o processo de criação dele, e o seu sentimento ao executar esse trabalho. As famílias dos três primeiros ganharam os prêmios, e houve insatisfação sobre o resultado de julgamento da banca examinadora dos desenhos, que julgou não somente a questão da beleza, mas também o lado expressivo do desenho. Logo, alguns reeducandos ficaram insatisfeitos com o resultado do projeto, pois acharam que o desenho mais bonito não havia vencido o concurso. Por isso, na minha prática, eu tive que explanar sobre o desenho ao longo da história humana, e sobre a questão do belo. Portanto, é necessário mostrar a teoria para embasar nosso resultado e não confundir o reeducando. Mostrando que o lado expressivo do desenho é tão importante quanto sua aparência. Portanto, os juízes analisaram não só a melhor cópia de desenhos de observação, em que se evidenciam habilidades motoras, mas sim o trabalho que tinha maior significado social e criativo, onde os desenhistas se expressaram com o desenho. 8 Os desenhos das figuras 5 e 6 são do concurso de desenho, ocorrido na penitenciária Evaristo de Moraes em Sena Madureira no ano de 2011.
  • 23. 23 Figura 7 A guerra9 Figura 8 arvore da sabedoria10 3.3 Prática de desenho desenvolvido com os reeducandos. Quando iniciei este estudo sobre o desenho na penitenciária Evaristo de Moraes, não pensava em pôr em prática as técnicas do desenho, mas sim somente observar tais desenhos elaborados pelos presos. Contudo, isso tornou-se necessário, pois percebi que, apesar de haver hábeis desenhistas no local, outros pouco conheciam desse assunto. Então pedi licença à administração, e ao coordenador de segurança para colocar em prática alguns exercícios sobre desenho no bloco. Depois, com a concordância dos gestores do presídio, conversei com os presos sobre o projeto e tive aceitação de quase todos. Essa participação só não foi maior porque alguns trabalham, e não teriam tempo de fazer os desenhos. Dos quartoze reeducandos do bloco, nove participaram do projeto. No primeiro dia tivemos uma conversa, e eu fiz uma abordagem geral do desenho na história humana. Também incentivei aqueles que julgavam não saber desenhar. 9 Figura 7 é o desenho campeão do concurso de desenho, onde o reeducando explica o surgimento da guerra e da violência, que começou segundo ele com a morte de cristo. Figura 8 é o desenho da arvore da sabedoria, cada galho representa uma virtude que juntas formam a sabedoria tais como: amor, paz, paciência etc. 10 As fotos estão com os rostos borrados no gimp para preservar a imagem dos presos.
  • 24. 24 Os desenhos das figuras 8 a 21 foram produzidas pelos reeducandos durante a aula prática. Os exercícios de desenhos que foram ministrados foram: Desenho 1 – exercícios com linhas: preencher folhas de papel A4 com linhas horizontais e verticais bem definidas. Começando sobre um ponto e terminando em outros. Com o objetivo de desenvolver coordenação motora, velocidade e exatidão. Figura 9 primeiro exercício de desenho Figura 10 primeiro exercício de desenho Desenho 2 - exercício com círculos: composições de círculos, iniciando num ponto e terminando no mesmo, nunca deixando que os mesmos se cruzassem. Iniciou–se com círculos de 4 centímetros. Com o objetivo de desenvolver noção de profundidade, e sensação de volume, formando composições intrigantes. Figra11 segundo exercício Figura 12segundo exercício Fgura13 segundo exercício
  • 25. 25 Desenho 3 - exercício com quadrados: inicie e termine seu quadrado no mesmo ponto, começando por quadrados de 4 centímetros. Com o objetivo de desenvolver noção de profundidade e sensação de volume. Figura 14 terceiro exercício Figura 15 terceiro exercício Figura 16 terceiro exercício. Desenho 4 - exercício de observação: com objetivo de procurar despertar a capacidade de observação e a organização do pensamento visual. Para a execução desses trabalhos eu forneci fotocópias de imagens dos exercícios e o material: caneta, lápis e papel A4 e A3. Figura 17 quarto exercício Figura18 quarto exercício Figura 19 quarto exercício
  • 26. 26 Desenho 5 - desenho livre. Onde ficou a cargo do reeducando o desenho e o tema do mesmo. Objetivo: buscar despertar a criatividade e a imaginação do desenhista. O material fornecido foi papel A3, lápis, caneta e borracha. Figura 20 quinto exercício Figura 21 quinto exercício Figura 22 quinto exercício11 A execução do projeto se deu da seguinte forma: 1ª parte: palestra inicial sobre a abordagem geral do desenho e explicações dos exercícios na escola do presídio, com duração de 60 minutos. 2ª parte: elaboração dos desenhos na própria cela sob minha orientação e supervisão, e teve duração de 2 horas durante 3 dias, totalizando 6 horas. 3ª parte: exposição dos trabalhos, que se deu na escola, com duração de 60 minutos. Os trabalhos não foram totalmente realizados na escola, porque temos aulas durante praticamente o dia todo. Isso porque, em virtude das frequentes brigas entre presos de facções diferentes, que ocorreram na escola do presídio, foi tomada a seguinte medida de segurança: presos do bloco sentenciado I não podem estudar junto com os do sentenciado II, com isso aumentaram as turmas que antes eram duas e passaram a ser de quatro por período. De manhã, temos aulas das 7às 9 11 Da figura 9 a 22 temos os exercícios das técnicas de desenho que passei aos reeducandos. Tais técnicas pretendem desenvolver a percepção, a criatividade, a imaginação e coordenação motora. Também pretende dar noções de profundidade e volume.
  • 27. 27 horas, com os presos do bloco sentenciado I e, das 9h15min às 11 horas, com os presos do bloco sentenciado II. À tarde, temos aulas de 2 as 4 horas, com os presos do bloco sentenciado I e, das 4h15 min as 6 horas, com os presos do bloco sentenciado II. E temos os presos do seguro12, que não estudam com os desses dois blocos anteriores. A turma de aula dos portariados13 também tem que ser separada das demais. Com isso, temos aulas de manhã, tarde e noite, com turmas bem pequenas com 3 ou 4 alunos. No bloco14 dos portariados, onde realizei as aulas de desenho, tem presos que estudam e outros que não, por isso optei pela realização dos trabalhos de desenhos na cela. Outro fator que contribuiu para isso foi o fator de que a professora que está trabalhando com o EJA (Educação de jovens e adultos) está lecionando uma disciplina que não é a de artes, o que causaria uma perda significativa do conteúdo abordado por ela, haja vista que ela esta trabalhando, neste módulo, a disciplina de geografia. No presídio, as aulas são modulares, onde tem-se uma disciplina por vez, e o modulo de artes foi dado no semestre passado. Mesmo com todos esses obstáculos e dificuldades, fiquei muito satisfeito com o resultado dos trabalhos, pois percebi que eles assimilaram o conteúdo proposto, melhoraram a coordenação motora, e aprenderam noções de espaço, profundidade, organização e pensamento visual, além da criatividade e imaginação, e isso foi conseguido com o esforço de todos. Então passamos duas horas confeccionando e dialogando sobre o processo de criação dos desenhos. Com isso o tempo corria, pois eu ficava na frente de uma cela, e logo era chamado pela outra para explicar, o que eu queria com tais exercícios, mostrando como era para ser feito e deixando que a criatividade aflorasse. A palestra foi a aula inicial, onde eu falei sobre o projeto de desenho que estava propondo aos reeducandos que era: realizar uma prática de desenho que tinha feito na universidade. Então eles me perguntaram se seria igual ao do 12 Seguro é o bloco onde se encontram as pessoas presas por violência sexual, assassinos de crianças, agressores de mulheres e os alcaguetas. Tais crimes não são tolerados pelos outros presos, e para preservar a vida dos mesmos eles ficam nesse bloco separados dos demais. 13 Portariados são presos que trabalham dentro das instalações do presídio e trabalhos no interior da cela fazendo as tarrafas. No nosso presídio existe um bloco para eles e alguns sentenciados de bom comportamento, com atualmente 14 reeducandos distribuídos em sete celas. 14 Bloco, também chamado de pavilhão, é o local onde abriga as celas, no bloco onde realizei o trabalho tem sete celas com dois ou três presos. Porém só fizemos os trabalhos em 6 celas.
  • 28. 28 concurso de desenho. E a resposta foi que a diferença é que eu estaria orientando as atividades. Também expliquei que os objetivos eram outros, pois no concurso o objetivo era escolher o melhor desenho, e no nosso caso era desenvolver a criatividade deles. Depois, fiz um breve histórico do desenho nas sociedades, com o objetivo de mostrar a importância do desenho para as pessoas ao longo dos séculos. Basicamente, o que explanei a eles foi o conteúdo estudado por mim para montar o referencial teórico deste trabalho, que me ajudou a ensinar a história e a grandeza do desenho como forma de expressão. Figura 23 palestra ministrada aos alunos. Os alunos se envolveram ao máximo nas tarefas, pois a todo momento eles me chamavam para tirar dúvidas com relação às técnicas. A meu entender parecia que eles estavam disputando o melhor desenho, apesar de eu sempre colocar para eles que esta não era a questão. Pois queria mostrar a eles que o desenho é um grande resgate dos nossos sentimentos e emoções, haja vista que, quando estamos desenhando, resgatamos a criança que existe dentro de nós. Outro ponto interessante a destacar é que alguns deles são bastante caprichosos nos contornos dos desenhos, e isso ficou evidenciado, quando mostrei os trabalhos dos alunos aos meus colegas de trabalhos do presídio e aos de curso e todos ficaram muito surpresos. Também posso destacar que eles gostam de cores, pois eu não forneci lápis de cor, e eles apareceram com tais materiais fazendo a atividade. Então eu disse a eles que não podiam ter esse material na cela. E eles me disseram que não estavam desenhando nas paredes, logo continuamos as atividades, por isso alguns desenhos são somente em grafite e outros têm cores.
  • 29. 29 A exposição foi o momento em que mostramos os desenhos e discutimos sobre eles. Todos falaram que gostaram da atividade proposta, que aprenderam noções básicas de desenho como traços finos, grossos, largos bem como intensidade dos mesmos no papel. Também disseram que aprenderam noções de profundidade e volume, e que a atividade mostrou que todos eles eram capazes de desenhar. Alguns disseram que quebram barreiras nesse sentido, falando que não participaram do concurso de desenho por medo de virarem motivo de chacota, entre os presos no presídio. E, essa atividade, mostrou que eles têm sentimentos e sensibilidade que devem ser expostos no papel. Também me parabenizaram pela iniciativa de fazer a parte prática, e de expor essa manifestação artística, que ocorre dentro do presídio para a universidade, haja vista que as pessoas não conhecem a realidade da vida de um preso. Figura 24 alunos mostrando desenhos e falando sobre os mesmos15. Outros disseram que o trabalho mostra que dentro do presídio tem muita coisa ruim como violência e espancamento entre eles, mas que também tem coisas boas como: arte, respeito e solidariedade entre ambos, como foi demonstrado no compartilhamento dos materiais durante a oficina. 3.4 Será que nossos desenhos são carregados de signos criminosos? Qual contexto social ele é produzido? Será que há algo além do valor estético. 15 A figura 24 foi tirada no dia da exposição dos trabalhos, onde eles falaram da construção dos desenhos e do conhecimento adquirido durante o projeto.
  • 30. 30 Dialoguei, e entrevistei os reeducandos sobre os desenhos deles na parede do presídio para entender se são carregados de signos. E a resposta da pesquisa é que tais desenhos não refletem nenhum código criminoso que os identifiquem dentro do grupo social da penitenciária como, por exemplo, uma gangue, ou o tipo de crime que ele cometeu como ocorre em outros presídios. Ou seja, apesar de existir facções dentro do presídio, tais desenhos não discutem essa divisão nas suas produções visuais. Os presos das duas facções que existem no presídio Evaristo de Moraes, basicamente, desenham os mesmos desenhos, que são em sua maioria de apologia às drogas, à violência, a seu modo de vida. Alguns também demonstram desenhos de esperança, fé e o amor ao futebol, com símbolos de times. No que tange ao contexto social, percebemos que os desenhos refletem a vida no cárcere, e não a um grupo social específico, que o identifique dentro de algum grupo, ou seja, há homogeneidade nos desenhos para os temas discutidos no parágrafo anterior. A hipótese de que o desenho poderia ser carregado de signos criminosos, que identificava um individuo no grupo social na penitenciária Evaristo de Moraes estava errada. Tais desenhos não refletem nenhum grupo criminoso específico como, por exemplo, assassinos, ladrões, traficantes etc. Os desenhos praticados pelos reeducandos, de modo geral, mostram sua maneira de viver e sua vida no cárcere, porém é de se destacar que eles dão muita importância para o valor estético das suas obras. Eles capricham na confecção de seus desenhos, como demonstrado no concurso de desenho promovido em 2011, e na prática de desenho realizado neste projeto. Pois, a todo o momento, eles me perguntavam se o desenho estava bonito, ou se estava legal. Portanto, eu sempre explicava a eles, que nosso objetivo não era fazer desenhos perfeitos como copias dos originais, mas sim desenvolver nossos talentos através da prática, mostrando que somos capazes de aprender técnicas artísticas que nos ajudam a despertar a nossa criatividade e a nossa imaginação. 3.5 Análise das oficinas. Os trabalhos foram muito proveitosos, pois percebi que alguns alunos, que se diziam não saber desenhar, realizaram desenhos bem expressivos, o que mostra
  • 31. 31 que ele estão se abrindo para esse mundo, onde o mesmo se expressa através da arte de desenhar. Onde tudo que vemos e pensamos pode ser transcrito num desenho, bastando somente pensar, sonhar e desenhar. Também percebi que a maioria fez avanços significativos na coordenação motora e nas noções viso-espaciais, ou seja, das proporções que os desenhos devem ganhar entre um objeto real e o retratado. Eles também aprenderam noções de profundidade e volume. Tais desenhos, depois de prontos, ganharam um aspecto bem interessante, pois cada um, apesar de produzir a mesma técnica, fizeram desenhos bem diferentes um do outro. Outro ponto a destacar, é que eles também perceberam que cada desenho depende muito do ponto de vista do observador, pois se olhamos objetos de frente vemos somente um lado dele. E, dependendo da posição do observador, podemos desenhar dois ou três lados do desenho. Os desenhos resgataram neles a criatividade, as emoções e seus sentimentos, o que foi demonstrado através da diversidade das suas obras. Muitos desenharam fatos vividos ao longo de suas vidas, outros desenharam animais de sua juventude etc. Isso foi reflexo da dinâmica do trabalho, onde eu sempre buscava despertar no grupo de reeducandos, a sua auto-expressão. Figura 25 desenho da floresta16. Durante os trabalhos, sempre mantive a conduta de respeitar o aluno, e também o de respeitar a sua obra (desenho) valorizando o que era produzido por 16 Na figura 25, temos o trabalho do aluno conhecido por professor. Neste desenho ele faz um resgate da sua vida no seringal do rio Iaco.
  • 32. 32 ele. E, certamente, minha conduta fez com que os alunos confiassem em mim para abrir seus sentimentos através do desenho. Este trabalho transmitiu desejos, sensações e esperanças a essas pessoas, que mesmo estando privadas do direito de liberdade, preservam todos os outros como: o direito ao esporte, ao lazer e a arte, que são elementos que irão proporcionar a resocialização e a inserção do reeducando na sociedade. O trabalho também serviu de estímulo e esperança por uma vida melhor, proporcionando ao reeducando o esquecimento temporário do cárcere, e se sentindo útil dentro da sociedade.
  • 33. 33 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho de conclusão de curso, foi baseado nas teorias que aprendemos no curso de artes visuais ao longo desses cinco anos. O presente estudo baseou-se em três focos fundamentais para a formação do conhecimento que são: a observação, a pesquisa e a prática. A observação consistiu em observar tudo o que era produzido de desenho na penitenciária Evaristo de Morais. Os desenhos que analisei e procurei entender foram: os do concurso de desenho realizado em 2011 pela assistência social e os que são feito pelos reeducandos nas paredes do presídio. Tais desenhos mostram a realidade do preso, onde se tem desenhos de apologia às drogas e à violência, e sinais de fé e esperança. A pesquisa resultou da observação descrita acima, e também da leitura de diversos autores e textos sobre o desenho, tanto os estudados durante o curso de artes visuais, quanto novos, que encontrei durante a pesquisa como o de Nascimento 1994, que faz uma abordagem muito detalhada sobre o desenho. Tais autores foram muito importantes para o embasamento teórico deste trabalho, pois me permitiu conhecer o desenho desde manifestação religiosa ao ensino técnico do desenho. A prática de desenho foi um fator importantíssimo para o resultado do trabalho de conclusão de curso, porque me aproximou do universo educacional. Onde o professor tem que superar desafios constantes como a falta de materiais e locais inadequados a aula de artes. Contudo, apesar de todas essas dificuldades, fiquei satisfeito com o resultado do trabalho, pois conseguir ensinar através da arte, conhecimento artístico com as técnicas de desenhos que despertaram a criatividade e a imaginação dos reeducandos, e também noções de trabalho em equipe, solidariedade e cidadania. O resultado foi muito bom, pois os alunos que participaram do projeto se dedicaram muito ao trabalho, tanto na aula inicial, quanto na execução, e posteriormente na exposição dos desenhos. Todos fizeram questionamentos, principalmente relacionados à história do desenho, tiraram dúvidas quando estavam
  • 34. 34 realizando os exercícios práticos e, fizeram considerações no final do projeto, durante a exposição. Logo eu acredito que todos nós saímos ganhando com o projeto prático de desenho, pois aprendemos uns com os outros. Eu ensinei algumas técnicas que foram se transformando e se aperfeiçoando por eles, haja vista que em nenhum momento eu deixei o aluno preso àquela técnica. Portanto mesmo nos exercícios, percebemos que temos muitos resultados diferentes na aplicação da mesma técnica, onde cada um busca sua criatividade e imaginação no sentido de mostrar sua sensibilidade como desenhista. Neste sentido, um aluno fez um desenho bem expressivo onde o mesmo resgata a memória da sua antiga casa num seringal do alto rio Iaco. A direção, após ver os desenhos, me propôs que eu continuasse com o projeto, mas diante das dificuldades deste trabalho de conclusão de curso, pedi que deixássemos um novo projeto de desenho mais para frente.
  • 35. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AULETE, Dicionário digital 2012. DERDYK, Edith, Formas de Pensar o desenho-Desenvolvimento do Grafismo Infantil. São Paulo Editora Scipione: 1989. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. FRAGOSO, Maria Luiza, Licenciatura em artes visuais: 2º semestre, organizadora Thérese Hofmann Gatti-Brasília: UAB, Unb 2010. FUSSARI, Maria F. de Resende e, FERRAZ, Maria Heloisa C.de. T; Arte na Educação Escolar- São Paulo: Cortez, 2001(coleção magistério 2º grau. Série Formação geral). GATTI, Thérese Hofmann, Castro Rosana de, Oliveira, Daniela de; Materiais em artes – Manual para Manufatura e Prática. Brasília-DF 2007. NASCIMENTO, Roberto Alcarria do; O Ensino do Desenho na Educação Brasileira - Apogeu e decadência de uma disciplina escolar, Marilia UNESP 1994.