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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
ISAIAS FARIAS DE BRITO
A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI NA
FORMAÇÃO DO ARTISTA NO PAISAGISMO AMAZÔNICO.
MACAPÁ-AP
2020
ISAIAS FARIAS DE BRITO
A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI NA
FORMAÇÃO DO ARTISTA NO PAISAGISMO AMAZÔNICO.
Trabalho de Conclusão de curso apresentado a
Universidade Federal do Amapá, como
requisito parcial para obtenção do título de
Licenciado em Artes Visuais, sob orientação da
artista e professora mestre: Claudete
Nascimento Machado.
MACAPÁ-AP
2020
A minha amada mãe Eliana Farias, que sempre
teve o sonho em ter um de seus filhos com
formação de professor. E a meu amado pai Isaac
Tomaz de Brito, que em vida sempre me
aconselhou a nunca desistir de estudar.
À memória da professora Maria de Fátima
Garcia dos Santos.
AGRADECIMENTOS
À Deus causa primária de todas as coisas, inteligência e amor supremo, luz das nossas
vidas, que nos presenteou com a existência cheia de desafios e aprendizados, objetivando a
nossa evolução intelectual e moral;
À artista e professora mestre Claudete Nascimento Machado, que gentilmente aceitou a
orientação deste trabalho;
Aos professores do colegiado de Artes Visuais, que fizeram parte da minha formação
acadêmica, contribuindo para a finalização desta etapa em minha vida;
Aos artistas, professores e demais funcionários da escola de Arte Candido Portinari(hoje
Centro de Educação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari), os que estão na
instituição e os que passaram por ela, que ajudaram na construção desta pesquisa;
E a todos os meus amigos que contribuíram direta e indiretamente na elaboração deste
trabalho.
RESUMO
O estudo tem como objetivo analisar a contribuição da Escola de Arte Cândido Portinari na
formação do artista amapaense no paisagismo amazônico e na minha formação em artes
plásticas. Destacando as técnicas empregadas no processo do fazer e aprender artístico, no
período de 2002 a 2018. O tema apresenta importante relevância para a sociedade
amapaense, pois, a criação da instituição é um acontecimento importante na história local,
que proporcionou a possibilidade de reunir obras e artistas que já existiam e estavam
surgindo naquela época, contribuindo e influenciando a cultura artística do estado. Por essa
escola passaram importantes docentes artistas, que muito contribuíram com transmissão de
conhecimentos empíricos, artísticos e técnicos a seus alunos, que hoje buscam formar
novos artistas e representar a arte do estado.
Palavras-chave: Escola de Arte Cândido Portinari. Ensino Artístico. Paisagismo
Amazônico. Arte Amapaense.
ABSTRACT
The study aims to analyze the contribution of the Cândido Portinari School of Art in
the formation of Amapaense artist in the Amazonian landscape and in my training in
fine arts. Highlighting the techniques used in the process of making and learning
artistic, from 2002 to 2018. The theme has important relevance for the society of
Amapa, because the creation of the institution is an important event in local history,
which provided the possibility of bringing together works and artists that already
existed and were emerging at that time, contributing and influencing the state's
artistic culture. This school passed by important teaching teachers, who greatly
contributed to the transmission of empirical, artistic and technical knowledge to their
students, who today seek to train new artists and represent the art of the state.
Keywords: Cândido Portinari Art School. Artistic teaching.Amazonian
landscaping.Amapaense art.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Antiga E. Industrial de Macapá .......................................................... 15
Figura 2 - E. E. Antônio C. Pontes...................................................................... 15
Figura 3 - R. Peixe pintando............................................................................... 16
Figura 4- Prédio original da Escola..................................................................... 17
Figura 5- Primeira reforma do prédio fixo da escola. .......................................... 20
Figura 6- Atual reforma da escola....................................................................... 20
Figura 7- Primeira sede provisória/ Alugada....................................................... 21
Figura 8- Segunda sede provisória/ Alugada....................................................... 21
Figura 9 - Autor da pesquisa exercendo.............................................................. 26
Figura 10- Mostra Pedagógica/Abertura, 2005.................................................... 27
Figura 11- Autor da pesquisa como aluno no curso de pintura I.......................... 27
Figura 12 - Aluno Isaias Brito ............................................................................ 27
Figura 13- Aluno no curso de pintura II.............................................................. 29
Figura 14- Obra: Pirarucu. Artista Isaias Brito, 2012. ......................................... 29
Figura 15- Onça Pintada (escultura). Artista Isaias Brito, 2014........................... 30
Figura 16- Artista Isaias Brito pintado tela. ........................................................ 30
Figura 17- Urna funerária indígena..................................................................... 32
Figura 18 - Prof. de pintura Josué em atividade nas escolas................................ 33
Figura 19- Aula de escultura: Professor Grimualdo ............................................ 33
Figura 20 - Aula de escultura: Professor Trokkal................................................ 34
Figura 21 - Profª. Judite Lima finalizando trabalho com aluna............................ 34
Figura 22- Obra do artista Ralfe Braga ............................................................... 36
Figura 23- Ralfe Braga em estádio Mané Garrincha, no DF, 2013. ..................... 36
Figura 24- Decorando estádio Mané Garrincha, 2013. ........................................ 37
Figura 25- Exposição de caricatura em cartaz..................................................... 37
Figura 26- Exposição de Cartonagem em cartaz ................................................. 38
Figura 27- Vernissage local em cartaz ................................................................ 38
Figura 28- Exposição internacional em cartaz..................................................... 39
Figura 29- Exposição em Paris/cartaz................................................................. 40
Figura 30- Exposição em Portugal/cartaz............................................................ 40
Figura 31- Exposição no Rio de Janeiro/cartaz ................................................... 41
Figura 32- Exposição em Macapá. SESC/AP/cartaz ........................................... 41
Figura 33- Artista Abimael em exposição........................................................... 42
Figura 34-Pássaros da Amazônia........................................................................ 43
Figura 35- Obra Mãe Velha................................................................................ 43
Figura 36-Lembrança XVIII- Os defumadores de lata ........................................ 44
Figura 37- Série Des-Amores (VI)...................................................................... 44
Figura 38- Série Lolis (IV) ................................................................................. 45
Figura 39- Exposição Demarcações.................................................................... 47
Figura 40- Convite de exposição ........................................................................ 47
Figura 41- Obras em exposição .......................................................................... 48
Figura 42- Cartaz de apresentação da exposição "Fragmentos da Amazônia"...... 49
Figura 43- Convite da exposição " Identidade Imazônida".................................. 50
Figura 44- Grupo Imazônia e representantes do colegiado de Artes Visuais.........50
Figura 45 - Equilíbrio natural ............................................................................. 52
Figura 46- Bela face........................................................................................... 53
Figura 47- Homenagem ao Divino Espírito santo ............................................... 53
Figura 48- Alimento........................................................................................... 54
Figura 49- Elementos amazônicos no espaço sideral........................................... 54
Figura 50- Cabocla Herondina............................................................................ 55
Figura 51- Retrato de R. Peixe............................................................................ 55
Figura 52- Paisagem de Mário de Souza............................................................. 56
Figura 53 - Padroeiro de Macapá........................................................................ 56
Figura 54- Estudo de figura (in)humana ............................................................. 57
Figura 55- Fotografia do artista comercializando obras....................................... 57
Figura 56- Identidade indígena........................................................................... 58
Figura 57- Raiz .................................................................................................. 58
Figura 58- Reconstrução e Ampliação do Mercado Central de Macapá, em 1946 59
Figura 59- Paisagem de R. Peixe ........................................................................ 63
Figura 60- Paisagem de Ivam Amanajás............................................................. 63
Figura 61- Revoada no Bailique ......................................................................... 64
Figura 62- Paisagem de J. Sales.......................................................................... 65
Figura 63- Paisagem de Josué Rodrigues (Jorron)............................................... 65
Figura 64- Paisagem de Judite Lima................................................................... 66
Figura 65- Paisagem de José Bonifácio .............................................................. 66
Figura 66- Paisagem de Célio Sousa – Meus guarás, 2010.................................. 67
Figura 67- Paisagem de Luiz Porto – Riacho, 2012............................................. 67
Figura 68 - Paisagem de Dekko. Revoadas de Guarás......................................... 68
LISTA DE SIGLAS
CEPAV – CP Centro de Educação Profissional em Artes Visuais – Cândido Portinari
EACP Escola de Arte Cândido Portinari
ENEMExame Nacional do Ensino Médio
FUNDECAP FundaçãoEstadual de Cultura do Estado do Amapá
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SEED Secretaria de Estado da Educação do Amapá
SEINF Secretaria de Estado de Infraestrutura
UNIFAP Universidade Federal do Amapá
UFPA Universidade Federal do Pará
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
2 - CRIAÇÃO DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI...............................14
2.1- A ESCOLAARTE CÂNDIDO PORTINARI EM SEU PRÉDIO .............................. 17
2.2- A ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA SAI DA ÁREA DA CULTURA (FUNDECAP)
E VAI PARA A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO – SEED............................................. 18
2.3- A ESCOLA É AFETADA NO CONTEXTO CULTURAL E EDUCACIONAL.......19
2.4 - A ESCOLA DE ARTE É TRANSFORMADA EM CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL EM ARTES VISUAIS. ........................................................................ 22
3 - A FORMAÇÃO DO ARTISTA AMAPAENSE ENGRESSO DA ESCOLA DE
ARTE CÂNDIDO PORTINARI ................................................................................... 23
4 - MEU INGRESSO NA ESCOLA COMO FUNCIONÁRIO DA LIMPEZA E
MINHA FORMAÇÃO DE ARTISTA PLÁSTICO...................................................... 25
5 - FORMAÇÃO DE OUTROS ARTISTAS AMAPAENSES..................................... 35
6 - INFLUÊNCIAS DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI PARA A
PINTURA DO PAISAGISMO AMAZÔNICO ............................................................ 59
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 69
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 72
12
1 - INTRODUÇÃO
A pesquisa tem como objetivo estudar as contribuições da escola de arte Cândido
Portinari para o cenário artístico amapaense e, ao mesmo tempo, dar enfoque ao meu
processo artístico, ou seja, minha formação artística como egresso da escola e, portanto,
apresentar a história de minha formação artística como forma de falar da importância da
Escola de Arte Cândido Portinari para a sociedade amapaense, falando de minhas vivências
com as artes plásticas, observando que, antes de ingressar na Escola de Arte Cândido
Portinari eu não havia tido nenhum conhecimento ou mesmo, a menor aproximação com as
artes plásticas ou visuais. O primeiro contato que eu tive com a arte foi quando fui trabalhar
na escola como auxiliar de serviços gerais. A partir daí, todas as referências, processos
educativos em arte e vivências artísticas que tive foram através da referida escola, que
contribuiu inclusive, para minha entrada na universidade para cursar licenciatura em artes
visuais.
Levando-se em consideração que a Escola de Arte Cândido Portinari é a única
escola gratuita voltada para o ensino técnico de arte no estado. E, levando-se em
consideração que a escola foi construída para aglutinar artistas autodidatas1
do Amapá, nos
anos 70, do século passado e também, contribuir com a formação de outros artistas. Este é
um dos principais motivos para analisar suas contribuições para a formação do artista
amapaense. Assim sendo, para iniciar os estudos sobre a escola é importante mencionar sua
localização, que atualmente, com prédio provisório está localizada na cidade de Macapá, na
Avenida Cônego Domingos Maltês nº 1976, no bairro Buritizal, desde o ano de 2014. Haja
vista que o prédio fixo onde funcionava a escola está passando por reformas desde o ano de
2009, situado na Avenida Cândido Mendes s/n, onde a escola atende a um público alvo que
a princípio, antes das mudanças ocorridas no projeto político pedagógico visava atender à
sociedade em geral, adulta e crianças que almejam conhecimentos de artes plásticas
oferecidos nos cursos. Como o meu caso, que tive o privilégio de receber ensinamentos
técnicos oferecidos na escola, como: desenho, pintura e escultura. Ou seja, as aulas de arte
me propiciaram técnicas formativas variadas da arte, como: xilogravura, pirogravura e
outras.
Meu objetivo com esta pesquisa é apresentar contribuições à História da Arte
amapaense e à educação, tendo como público-alvo professores, alunos de artes visuais,
1
Autodidata é um adjetivo e substantivo de dois gêneros, utilizado para designar uma pessoa que tem
a capacidade de aprender algo por conta própria, sem o auxílio de um professor ou mentor.
www.significados.com.br/autodidata/.
13
artistas e a sociedade em geral que venham a se interessar pela História da Escola de Arte
Cândido Portinari e também, pela História das Artes Plásticas amapaense. Pretendo
contribuir com artistas, professores, alunos, pesquisadores e à sociedade em geral,
interessados sobre a influência da Escola de Arte Cândido Portinari na formação do artista
amapaense que trabalha com o paisagismo amazônico. Primeiramente, através deste estudo
é necessário enfatizar questões de pouco incentivo à arte e seu estudo, como também,
questões administrativas e governamentais, que corroboraram para as mudanças de locais
de funcionamento da escola nos últimos anos, afetando de alguma forma o processo
pedagógico e administrativo da escola, desde sua saída em 2009, do prédio próprio com
necessidades de reforma, indo para o prédio na av. Acelino de Leão nº 926, no bairro do
trem, zona sul de Macapá até 2014 (G1. 2014). Por inadimplência do governo do estado, a
escola corria o risco de ser despejada, sendo necessário algumas ações administrativas para
encontrar outro prédio que tivesse um custo mais acessível para o governo manter a escola.
Encontrado o prédio mais acessível financeiramente, para manter a escola, a mesma
continua funcionando até os dias de hoje num prédio provisório.
Partindo do objetivo geral desta pesquisa, que é entender qual a contribuição da
Escola de Arte Candido Portinari na formação do artista no paisagismo amazônico
amapaense, esta pesquisa foi estruturada de acordo com os seguintes objetivos específicos,
os quais. Podemos citar:
- Observar como se deu a idealização e a necessidade de construção da escola;
- Perceber a contribuição da referida escola técnica na formação do artista
amapaense, em cujo estudo de caso, eu, autor da pesquisa, ex-aluno da escola de Arte
Cândido Portinari e atual funcionário da mesma estou inserido no processo. Haja vista que,
como já mencionei, sou artista amapaense que tive minha primeira formação como artista
na escola pesquisada.
- Citaras contribuições da escola na formação do artista amapaense;
- Identificar a influência da escola na arte amapaense enquanto paisagismo
amazônico.
Assim sendo, foi utilizada a metodologia de estudo de caso com coleta de dados
bibliográficos em jornais, folders, relatórios de pesquisa, além de entrevistas e relatos de
minhas vivências pessoais. No primeiro momento foram usadas fontes secundárias como:
jornais, artigos pesquisados e entrevistas postadas na internet e, no segundo momento
foram utilizadas fontes primárias que são pesquisas diretas com pessoas entrevistadas e,
relatos de minhas próprias vivências. Nesta linha de investigação foram interrogadas
14
pessoas como: diretores e ex-diretores, professores e ex-professores, alunos e ex-alunos,
artistas e funcionários em geral, atualmente ligados ou desligados da escola em estudo.
Todas as informações foram registradas em questionários e anotações, bem como,
documentos adquiridos junto aos departamentos da escola e, todo o material coletado foi
analisado e agrupado de forma sistemática.
No processo da sistematização dos dados trabalhamos as análises comparativas
dos dados e também, as análises críticas. Assim, a análise dos dados foi realizada tanto no
processo da sistematização e relatório das pesquisas coletadas, quanto no final do processo
de estudo. Na conclusão do trabalho, apresento uma contribuição da pesquisa para o
desenvolvimento do ensino de Artes Visuais no Estado do Amapá, apontando que, estudos
como este são necessários para a compreensão da arte amapaense.
2 - CRIAÇÃO DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI
A Escola de Artes Cândido Portinari teve o início de sua história na cidade de
Macapá em 1963, tendo como idealizador o artista plástico Raimundo Braga de Almeida,
mais conhecido pelo seu nome artístico de R. Peixe, que tinha interesse em repassar para os
jovens um pouco de seu conhecimento das artes plásticas na qual dominava a área da
pintura e, observando alguns jovens estudantes com possibilidades artísticas, que na época
se chamava de dom e/ou sensibilidade para as artes, fez com que Raimundo Braga de
Almeida, R. Peixe decidisse lutar com o sistema governamental e administrativo do Extinto
Território Federal do Amapá para criar o curso gratuito de pintura no Ginásio de Macapá,
que depois passou a ser chamada de Escola Industrial de Macapá, seguidamente Escola
Integrada de Macapá, e hoje é conhecida como Escola Estadual Antônio Cordeiro Pontes.
(Carla Marinho – Artes Visuais, 2019)2
.
2
Informações coletadas no documento de biografia da escola, na Coordenação Pedagógica. Site de acesso das
informações a cima: http://carlamarinhoartes.blogspot.com/2013/11/descaso-com-o-centro-de-educacao.html.
15
Figura 1 - Antiga E. Industrial de Macapá
Fonte: Selesnafes.com3
Figura 2 - E. E. Antônio C. Pontes
Fonte: Selesnafes.com4
Com muita dificuldade R. Peixe organizou a escola através do planejamento e
organização do ambiente, ajudando assim, na administração do curso e na aquisição de
materiais fundamentais para o início dos trabalhos, como: cavaletes, pincéis, cadeiras e
outros. Nesse período teve como importante apoiadora a professora de língua portuguesa
Elza Brandão. Isso pode ser mais bem esclarecido no seguinte relato:
O comandante Lisboa Freire, governador do território na época,
observando o interesse que o jovem professor e artista tinha com a cultura,
através da secretaria de educação Maria Elza de Melo, determina a criação
da e Escola de arte; mediante autorização do governador; Raimundo Peixe
elabora um projeto propondo o nome PABLO PICASSO para a escola de
arte, vetado pelo governo, que tempos depois optou-se pelo nome
3
Site:https://selesnafes.com/2018/03/tradicionais-escolas-da-av-fab-estao-fechadas-para-reforma/.
4
Site:https://selesnafes.com/2018/03/tradicionais-escolas-da-av-fab-estao-fechadas-para-reforma/.
16
CÂNDIDO PORTINARI, aprovado por unanimidade. (CEPAV -
Cândido Portinari, CORDENAÇÃO PEDAGOGICA, 2019).
“Como o Amapá não tinha um artista de referência para ser homenageado com o
nome da escola” (discurso de pessoas entrevistadas e também, discurso presente nos
documentos sobre a escola). Então, foi sugerido por R. Peixe o nome do artista Pablo
Picasso, porém, logo a sugestão foi vetada, até hoje não se sabe ao certo o motivo dessa
decisão, mas, segundo relatos de pessoas da época, o primeiro argumento foi o do nome
“Picasso”, que devido à falta de conhecimento por parte da população em não saber quem
era o artista, e porque, também, as pessoas consideravam o nome Picasso pejorativo,
embasado a um preconceito. O segundo argumento está ligado ao fato de que Picasso não
era artista brasileiro, e as autoridades preferiam o nome de um artista nacional. Então, o
nome do artista Cândido Portinari foi sugerido e logo aceito.
Em 24 de julho de 1973, a escola é inaugurada, às 10h00min h, através do
decreto nº 021/73-GAB, com a presença das seguintes pessoas
relacionadas: prof. José Figueiredo de Souza (Savino), prof. Geraldo
Magela, profª. Elza Brandão, profª. Nina (escultora), Fontenele Ribeiro,
profª. Irenilda Almeida de Mira e o jornalista Wilson Pontes de Sena,
funcionando provisoriamente nas dependências do grupo escolar Barão do
Rio Branco, sendo o seu primeiro diretor RAIMUNDO BRAGA DE
ALMEIDA (R. Peixe), em reconhecimento aos seus esforços e dedicação
em prol da arte (CEPAV - Cândido Portinari. BIOGRAFIA DA
ESCOLA, Coordenação Pedagógica,2019).
Figura 3 - R. Peixe (idealizador da escola) pintando.
Fonte: arteamazon.com/20175
5
Site: https://arteamazon.com/blog/2017/06/04/r-peixe-uma-vida-dedicada-a-arte-de-pintar/.
17
É importante salientar que a escola não possuindo prédio próprio funcionava em
lugares reduzidos e em constantes mudanças de lugares, como: uma das salas da Escola
Barão do Rio Branco, na antiga Olaria Territorial. Em uma casa da Avenida FAB esquina
com a Rua Leopoldo Machado, no Departamento de Ação Complementar, no cine
Territorial e na casa do senhor Heitor Picanço, atual FUNDECAP.
2.1 - A ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI EM SEU PRÉDIO PRÓPRIO:
Somente em 1983, atendendo aspirações de professores e alunos a escola ganhou
local próprio capaz de atender a demanda educacional, no prédio localizado na Rua
Cândido Mendes esquina com Raimundo Álvares da Costa s/n, no bairro central. (Tribuna
Amapaense, 2014). Ou seja, prédio original construído para fins de abrigar a escola com
endereço fixo, o qual se encontra em reforma.
Figura 4- Prédio original da Escola
Fonte: Centro Portinari – wordpress.com6
No referido prédio, quando a escola surgiu, de acordo com o projeto político
pedagógico da época, eram ministrados cursos livres de pintura, escultura e desenho
artístico; oficinas de iniciação artística e oficinas livres de pintura em telas oferecidos à
comunidade. E concomitantemente com os cursos práticos tinham aulas de História da
6
Site: https://centroportinari.wordpress.com/sobre/.
18
Arte, onde os alunos recebiam orientação inicial para compreender a História da Arte, com
objetivo de levar ao aluno conteúdos contextualizados sobre o fazer artístico,
familiarizando o aluno com obras de artistas de renome internacional, nacional, sobre a
estética e períodos históricos, artísticos e estilos de época e suas características.
As condições para ingressar na escola para fazer os cursos livres de desenho,
pintura e escultura eram exigidos no ato da inscrição. Ou seja, por ordem de chegada
requerendo os seguintes documentos do aluno: comprovante de idade de no mínimo 12
anos, o comprovante de escolaridade de estar cursando no mínimo a 6ª série, 1 (uma)
fotografia 3x4 e 1 (um) classificador com elástico para guardar os referidos documentos.
Na oportunidade foram criadas as oficinas de Iniciação Artística, que tinham o objetivo de
atender crianças com idade entre 09 a 12 anos de idade e visava uma educação artística e
estética. O ingresso dessas crianças na escola era de forma direta sem pré-requisito escolar
e por ordem de chegada até preencherem as vagas, bastava no ato da matrícula apresentar: 1
(uma) fotografia 3x4, um classificador com elástico e a xérox da certidão de nascimento.
As oficinas livres, de: pintura em tela, escultura e desenho anatômico tinham a
estrutura e funcionamento para atender adolescentes e adultos, com carga horária de 60
horas aulas semestrais.
2.2- A ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA SAI DA ÁREA DA CULTURA (FUNDECAP)
E VAI PARA A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO – SEED:
Segundo o relato de Cristina Barbosa Desde sua criação a Escola de Arte Cândido
Portinari esteve vinculada à Fundação Estadual de Cultura do Amapá. E, vale ressaltar que
este vínculo durou até o ano de 2000, quando do DECRETO nº 1874 de 08 de junho de
2000, da então Governadora Maria Dalva de Souza Figueiredo, quando remanejou a escola
para a administração da Secretaria de Educação e Cultura.
Ainda segundo Cristina Barbosa de Mendonça, ex-diretora da escola no período
citado, a instituição anteriormente pertencia a um órgão vinculado ao segmento cultural,
oferecendo cursos livres e básicos de artes plásticas. Os alunos passavam no mínimo seis
anos frequentando a escola, e quando terminavam recebiam somente uma “declaração”
comprovando seus estudos, documento que não lhes dava quase ou nenhuma validade no
mercado profissional.
Por esse motivo a administração da escola começou a articular maneiras de como
mudar essa realidade, procurando junto à secretaria de educação as devidas soluções,
porém, a SEED argumentava que o governo não tinha um programa de educação
19
profissional, que faz parte do Governo Federal. Então, para solucionar a questão, o governo
do estado teve que criar um setor dentro da SEED para administrar esse programa de
educação.
Os profissionais da escola, entre: administração, setor técnico e professores
tiveram que adequar todas as matrizes curriculares da escola de acordo com matrizes de
cursos profissionalizantes em artes visuais reconhecidos pelo MEC. Depois de realizado
esse processo, tiveram que submetê-lo ao conselho de educação para ser avaliado, e,
posteriormente, aprovado. A partir desse momento se iniciou um novo ciclo na escola
Cândido Portinari. Agora, como Centro de Educação Profissional.
2.3- AESCOLA É AFETADA NO CONTEXTO CULTURAL E EDUCACIONAL DO
ESTADO:
A falta de investimento e as constantes mudanças do espaço físico de
funcionamento da escola prejudicaram o desenvolvimento da mesma, dizem os professores,
ex-professores, alunos e ex-alunos. Pois, apesar da Escola Cândido Portinari fazer parte da
estrutura administrativa e cultural do estado, nos últimos anos passou por muitos problemas
para continuar funcionando. Um dos problemas mais sérios foi à falta de apoio
governamental, pois, a falta de uma clareza na política cultural do estado, fez com que a
escola começasse a ser administrada pela secretaria de educação. No entanto, a falta de
clareza sobre o funcionamento da escola na estrutura administrativa da educação do estado,
resultou em cortes de recursos para a escola e, sem recursos destinados à educação em arte,
a escola encontrou uma série de dificuldades para funcionamento enquanto escola de arte.
Passou a funcionar com recursos vindos da secretaria de educação e cultura. Porém, com
muitas limitações. A falta de investimento passou a ser constante, principalmente, para os
serviços de manutenção que o prédio precisava, como: reparos hidráulicos; elétricos;
climatização; limpeza do terreno; jardinagem; recursos para a merenda escolar e materiais
de apoio para os alunos e professores.
As más condições do prédio foram se agravando a cada dia e foi ficando cada vez
mais difícil exercer qualquer função a nível escolar, assim relatam os professores e artistas
que trabalhavam e os que ainda trabalham na escola. Agravamento que proporcionou sua
interdição. Pois, em 2011 a escola foi interditada pela Defesa Civil(G1, 2013)7
.
7
- https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2018/12/03/com-cinco-anos-em-obra-novo-prazo-para-entrega-de-
escola-de-artes-do-ap-e-para-janeiro-de-2019.ghtml
20
Apresentava problemas de infiltração de água em sua estrutura, principalmente, em seu
telhado, que começou a comprometer o sistema elétrico e hidráulico, causando perdas de
documentos e obras de artes, de artistas e alunos. Tendo que mudar para prédios
alternativos, que ocorreram duas vezes seguidas.
A escola entrou em reforma no ano de 2009, alguns anos depois, a obra parou e
permaneceu inacabada. Somente no ano de 2013 os trabalhos foram retomados. Os anos
foram se passando e a reforma do prédio original ainda não foi concluída. Um dos últimos
prazos para a entrega do prédio fixo da escola de arte do Amapá foi para janeiro de 2019,
segundo a SEINF. Hoje, as obras da Escola Cândido Portinari estão com noventa por cento
concluídas. (G1. Amapá, 24 de jun.2019)8
, mas, sem prazo para ser concluída.
Figura 5- Primeira reforma do prédio fixo da escola
Foto: Cássio Albuquerque/Arquivo G1
K
Figura 6- Atual reforma da escola
Foto: Fabiana Figueiredo/G1
8
- Op Cit.
21
Com a interdição da escola, as atividades foram transferidas para o prédio
localizado na Av. Acelino de Leão nº 926, no bairro do trem. Cujo prédio, apesar de possuir
boa estrutura, não era local projetado para funcionar uma escola de artes, pois, seus
alojamentos eram adaptados para atividades voltadas a funções de escritório, salas
comerciais e/ou clínicas médicas. Além disso, no prédio também funcionava uma escola de
dança - Agesandro Rêgo - que funcionava no andar superior e tinha sua secretaria e
recepção em uma das salas primeiras do andar térreo.
Figura 7- Primeira sede provisória/ Alugada
Foto: Dyepeson Martins G1
Figura 8- Segunda sede provisória/ Alugada
Foto: Cassio Albuquerque/Arquivo G1
22
Hoje a escola funciona no prédio, na Avenida Cônego Domingos Maltês nº 1976,
no bairro Buritizal, desde o ano de 2014. Com estrutura administrativa mantida pelo
Governo do Estado do Amapá, como: corpo docente composto por profissionais
concursados em áreas específicas que atendem às necessidades da escola, muitos com nível
superior completo ou em fase de conclusão, além de coordenadores pedagógicos e
funcionários de apoio.
O prédio da escola funciona provisoriamente no espaço de acordo com a figura
(08), um espaço adaptado de um prédio de três (03) andares sem pátio, sem cobertura ou
espaço para serem realizadas atividades externas. As salas não são amplas, porém
climatizadas. De acordo com professores e alguns alunos são salas convencionais para a
educação de ensino regular e não apropriadas para o ensino de artes que a escola se propõe,
necessitando de salas mais próximas de “laboratórios artísticos”. Mas, possui bastante
cadeira e mesas. No entanto, as salas não comportam muito desse material, motivo este que
não permite que a instituição aumente o número de vagas ao público. Os espaços também
não são adequados, por exemplo, no primeiro pavimento possui refeitório e a cozinha que é
pequena, com uma janela por onde é distribuída a merenda. Também não possui auditório.
No primeiro andar possui espaço para biblioteca com computadores, 2 salas de aulas, sala
do setor pedagógico, sala da secretaria, sala da administração do MEDIOTEC (programa do
Governo Federal), pequeno depósito e 2 banheiros. No segundo andar do prédio, encontra-
se o laboratório de informática. No terceiro andar se encontra a maior sala, que já foi usada
como galeria de exposições, sala multiuso e hoje, funciona como sala para palestras e
oficinas, e às vezes, é usada para reuniões gerais dos funcionários da Instituição. Nesse
andar também está localizada a diretoria, local onde funciona também, o centro de controle
de vigilância da escola, que por sua vez está interligada com a central da empresa que
monitora a vigilância.
2.4- A ESCOLA DE ARTE É TRANSFORMADA EM CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL EM ARTES VISUAIS.
A escola passou por várias mudanças já citadas, e de acordo com o entendimento
dos profissionais atuantes como professores e corpo técnico ela precisou se adaptar de
escola de arte para Centro de Educação Profissional em Artes Visuais. Primeiro, com a
23
necessidade de professores que pudessem atender às exigências do sistema curricular de
educação do Estado do Amapá, de acordo com a lei nº. 1.189, de 22 de fevereiro de 2008.
Publicada no Diário Oficial do Estado nº. 4197, de 26/02/2008, do Deputado Roberto Góes.
“Transforma a Escola de Artes Cândido Portinari em (CEPAV – Cândido Portinari), em
Centro de Educação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari.” Por esse motivo a
escola teria que ter professores com grau de instrução superior. Então, a escola teve que
fazer modificações no quadro de docentes, que foi uma grande mudança na proposta
original da escola que era de ensinar “técnicas de desenho e de pintura artística” enquanto
concepção formadora em arte. Vale ressaltar que a maioria dos professores com o domínio
dessas técnicas eram professores que não tinham formação superior e que pertenciam ao
contrato administrativo do Caixa Escolar. Eram pessoas que só tinham quando muito, a
educação básica, mas, eram artistas reconhecidos no estado e detentores de conhecimento
técnico, mas, empírico em desenho e pintura. Assim, esses professores sem formação
superior foram todos demitidos.
Atualmente a escola é um Centro de Educação Profissional, que oferece cursos
técnicos na área de Artes Visuais, também está vinculada ao programa de Ensino Federal –
MEDIOTEC. Esses fatores levaram a escola a modificar a idade mínima para o ingresso de
alunos a partir dos 14 anos. Segundo o atual diretor - José Edivan Nunes Boiba, a escola
também oferece cursos denominados de cursos FIC (Formação Inicial e Continuada). E
para atender a demanda em relação a alunos abaixo da faixa de idade citada a SEED
autorizou que a escola admitisse alunos com idade mínima de 10 anos para cursarem
oficinas nas áreas de desenho, pintura e escultura.
3 - A FORMAÇÃO DO ARTISTA AMAPAENSE EGRESSO DA ESCOLA DE
ARTE CÂNDIDO PORTINARI:
Muitos alunos e ex-alunos da escola, das turmas de desenho e pintura da estrutura
da escola no passado, hoje, são artistas com certo reconhecimento no estado. Há também,
ex-alunos de desenho e pintura da referida estrutura administrativa da escola no passado,
que não conseguiram reconhecimento de seus fazeres artísticos. No entanto, há outros ex-
alunos que conseguiram fazer uma trajetória artística, com trabalhos de arte de rua; outros
ingressaram no ensino superior de artes visuais, a fim de serem professores de arte no
ensino regular fundamental e médio. Existem outros, que hoje, depois de cursarem o ensino
superior na UNIFAP e/ou outros cursos superiores, são concursados fazendo parte do
24
quadro de docentes de arte do estado. Alguns ex-alunos voltaram para a escola já como
professores do Centro de Ensino Profissionalizante em Artes Visuais. E, praticamente todos
esses professores tiveram sua formação na graduação do ensino de Licenciatura em Artes
Visuais da Universidade Federal do Amapá - UNIFAP, dentre os quais citamos o professor
Doutorando - Ronne Franklin Carvalho Dias, Professora Mestre - Carla Marinho Brito,
professora – Antoniele Laine, graduada em Artes Visuais, professora Mestre – Maria Pinho
Gemaque, professora – Cibele Tenório, além de outros. Os que não conseguiram ou não
quiseram cursar o ensino superior seguiram seus sonhos de artistas fazendo “carreira solo”
ou, participando de grupos de artistas que resolveram se unir para tentar conquistar seus
espaços no cenário da arte, ou ao menos tentar sobreviver dela.
Com a demissão dos artistas autodidatas a escola teve que admitir arte educadores
para substituí-los. Ou seja, recebeu professores de arte das escolas de ensino fundamental e
médio, como já citado, muitos egressos do curso de licenciatura em artes visuais da
UNIFAP, no estado do Amapá, os quais passaram a desempenhar funções de professores de
arte no atual Centro de Formação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari. Tais
professores, com poucas exceções, na sua maioria tinham conhecimento da parte teórica da
arte. Porém, poucas ou quase nenhuma habilidade prática de arte que satisfizesse a proposta
pedagógica e do ensino aprendizagem da Escola de Arte.
Eram pessoas preparadas para serem professores de “educação artística”. A maior
parte de suas habilidades eram mais direcionadas para pôr os novos alunos e principalmente
crianças em contato com experimentações de arte que a escola oferecia, que eram
denominadas de iniciação artística, fato que levou a escola por algum tempo, a oferecer
várias oficinas nessa área, para tentar manter certo quantitativo de alunos. Com a saída dos
artistas, muitas pessoas perderam o interesse pela escola, porque a qualidade do ensino
prático de arte caiu bastante.
Então, como já citado, a escola teve que ir se adaptando a sua nova realidade e
desafio. Foram entrando e saindo professores, até que começaram a chegar alguns
professores ex-alunos da própria escola que tinham adquirido formação acadêmica e sido
aprovados em concurso público, professores formados em cursos superior da UNIFAP,
como já citado, a licenciatura em artes visuais da UNIFAP, UFPA e outras faculdades do
país, que começaram a dar melhor suporte à demanda da clientela artística da escola.
Uma das formas que a escola encontrou para amenizar seus problemas de docentes
e qualidade de ensino proposto pela instituição foi à seguinte, quando da demissão dos
artistas sem formação superior, a escola também tinha alguns poucos professores artistas
25
com formação acadêmica pelo Curso de Artes Visuais da UNIFAP. Então, a direção da
escola resolveu promover cursos internos de arte para os seus funcionários docentes e todos
os professores que tinham pouca ou nenhuma habilidade com as disciplinas propostas pela
escola, para que pudessem participar do curso para melhorar sua atuação na Escola (Centro
de Educação Profissional). Assim sendo, obteve resultados satisfatórios para se manter
como Centro de Formação Profissional em Artes Visuais.
4 - MEU INGRESSO NA ESCOLA COMO FUNCIONÁRIO DA LIMPEZA E
MINHA FORMAÇÃO DE ARTISTA PLÁSTICO:
No início do mês de setembro de 2002 ocorreu meu primeiro contato com a arte e
com a Escola de Artes Cândido Portinari. Eu cheguei à escola para trabalhar como auxiliar
de serviços gerais fazendo parte do quadro de servidores do Caixa Escolar. Esta oferta de
trabalho chegou através de intervenção da professora Maria Jane Serrão, que auxiliava a
diretora Ana Maria Leite Lobato. Tive a aceitação do meu contrato como funcionário do
caixa escolar e fui apresentado na primeira reunião geral da escola como novo funcionário.
A exigência básica para o trabalho era a de limpeza interna e externa da escola e
os serviços de limpeza das salas de aula que eram os mais exigidos. Também havia serviços
como: reparos de eletricidade, hidráulica, carpintaria e pintor industrial. Essas habilidades
sempre colocavam meu trabalho em contato direto com os professores e demais
funcionários, pois, sempre era requisitado para verificar o mau funcionamento dos
ventiladores das salas de modelagem em argila, cerâmica e de pinturas, que eram salas que
não poderiam funcionar com ar condicionado, tinham que funcionar com as janelas abertas
por causa do excesso de pó de argila e outros produtos, como também, o cheiro forte de
solvente para tinta a óleo nas salas de pinturas. Além da habilidade elétrica, era requisitado
por causa do meu conhecimento em carpintaria, quando da necessidade na recuperação de
suporte de esculturas, suportes para telas, cavaletes, pranchetas, cadeiras e mesas de
desenho. Também, como a escola não dispunha de funcionários para trabalhar no terceiro
turno, ficava sob minha responsabilidade servir o lanche para os alunos da noite. Assim foi
o início do trabalho na escola no final do segundo semestre de 2002.
26
Figura 9 - Autor da pesquisa exercendo
atividades de limpeza na escola
Fonte: Isaias Brito/Acervo pessoal
O desejo de me tornar artista surgiu rapidamente, ao mesmo tempo em que eu
estava na escola executando minhas tarefas de funcionário, também, ansiava em ser aluno.
Neste momento a escola estava em período de férias, então, já estava em mente que no
próximo semestre iria começar a estudar. Aproveitei para me matricular no primeiro
semestre de 2003 no curso de desenho. Não queria mais ser mero coadjuvante no sentido de
observar as aulas dos professores nos intervalos do meu trabalho, no qual aprendia a partir
da observação dos ensinamentos dados aos alunos. Agora eu queria de fato ser aluno da
escola, poder participar das aulas e eventos artísticos.
A escolha de me matricular na turma de desenho I, que era a base para os outros
cursos artísticos que a escola oferecia se deu principalmente, pelos acontecimentos dos
últimos meses do ano anterior, onde senti um impacto muito grande com o mundo da arte,
quando da participação do processo dos preparativos para mostra pedagógica do semestre,
que me trouxe novas perspectivas de aprendizado e um novo olhar para as atividades da
instituição.
Figura
Figura 11- Autor da pesquisa como aluno no curso de pintura I
Figura
Figura 10- Mostra Pedagógica/Abertura, 2005
Fonte: Amadeu Lobato
utor da pesquisa como aluno no curso de pintura I
Fonte: Amadeu Lobato
Figura 12–Atividade de Pintura do aluno Isaias Brito
Fonte: Amadeu Lobato
27
28
O projeto pedagógico ao qual a Escola de Arte está inserida tem como função
principal educar e colaborar na formação de alunos mais críticos e ativos sobre o estudar e
fazer arte no cenário amapaense. Nesta perspectiva minhas vivências na escola como
funcionário, como aluno, e, como alguém que “fazia de tudo um pouco” tinha acesso a
todas as salas que estavam em produção artística com os alunos. Tudo isso me fazia sentir
maravilhado com o processo de fazer e aprender as atividades artísticas que a escola
oferecia. Tudo era novo para mim e me sentia bem em experimentar esse novo mundo que
se apresentava na minha vida.
Observava os professores preocupados e empenhados para que a produção de seus
alunos tivesse o melhor aproveitamento possível, pois, existia um clima de “competição
salutar”, tudo naquela escola parecia inspirar e impulsionar a prática de arte ali ensinada.
Com o passar do tempo essa Instituição passou a fazer parte da minha vida, não apenas
como fonte de renda, mas também, como projeto de vida.
Minha imaginação já estava bastante aguçada, no entanto, eu me perguntava sobre
o campo teórico da arte, sua história etc. Queria compreender teoricamente, qual a origem
de toda a ação artística e para onde ela me levaria? Porém, essas problematizações
precisaram ficar um pouco em segundo plano, pois, no momento estava mais preocupado
em fazer “a mágica de construir uma obra de arte”, queria aprender as técnicas com os
professores.
No curso de desenho passei por vários professores artistas como: Sílvia Marília,
Manoel Francisco Pessoa de Matos (DEKKO), Ronne Franklin Carvalho Dias, Jackson
Amaral, José Bonifácio Guimarães do Nascimento (BONI). Foram professores que
contribuíram com minha base artística em 2D e 3D dentro da proposta regionalista,
paisagística e de natureza morta9
, com metodologia “acadêmica” que era e ainda é o forte
do ensino atual Centro de Formação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari.
No curso de pintura que começou depois da conclusão do segundo nível de
desenho, tive excelentes professores artistas como: Estevão da Silva, Ivan Amanajás (já
citado) e Josué Rodrigues. Os quais me ajudaram a entender alguns estilos de pintura a óleo
e acrílica, como: paisagismo, natureza morta, surrealismo, realismo e abstracionismo como
estilos de época. Além de outros professores fizeram parte da minha formação formal -
curricular - de artista em uma escola de arte.
9
Natureza morta é o gênero de pintura em que se representam coisas ou seres inanimados.
29
Figura 13- Aluno no curso de pintura II
Fonte: Amadeu Lobato
Posso dizer que só depois de ter concluído os cursos de desenho (quatro anos) e
pintura (dois anos), é que aqueles questionamentos sobre o que a arte poderia me
proporcionar se tornaram mais latentes. Começava a não mais somente querer saber fazer
trabalhos artísticos, mas, queria entender sobre o ofício que começava dominar.
Figura 14- Obra: Pirarucu. Artista Isaias Brito, 2012
Fonte: Isaias Brito/arquivo pessoal
30
Figura 15- Onça Pintada (escultura). Artista Isaias Brito, 2014.
Fonte: Isaias Brito/arquivo pessoal
Depois de aprender a desenhar e pintar e compor trabalhos de arte, percebi que
precisava contextualizar o meu fazer artístico com o meio social em que vivo, com minha
realidade. Muitos questionamentos vinham à tona sobre a arte. Percebi que não adiantava
somente fazer trabalhos artísticos ou participar de exposições em eventos na escola e fora
dela, como: expositor, coordenador ou simples colaborador. Percebi que faltava me
posicionar na sociedade como artista.
Figura 16- Artista Isaias Brito pintado tela
Fonte: Isaias Brito/arquivo pessoal
31
Em busca de respostas, aconselhado por amigos Arte Educadores, comecei a fazer
por alguns anos o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, para concorrer a uma vaga
no curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, conseguindo o
ingresso no ano de 2015. Foi onde comecei a encontrar as respostas que procurava.
Estudando em um curso de licenciatura em artes visuais comecei a entender que, o que eu
fazia na Portinari estava inserido em um processo de mistura de técnicas, de materiais, de
conhecimentos sobre as práticas artísticas. Porém, percebi que eu precisava compreender o
processo artístico dentro do social e historicamente, como chegamos até onde chegamos no
campo da arte. Enfim, um processo de instauração de um trabalho de arte enquanto
atividade reconhecida no social. E Sandra Rey me ajudou a compreender isso:
Ao contrário do que se possa imaginar, a instauração da obra pressupõe,
em muitos casos, operações técnicas e teóricas bastante complexas,
abrindo margem considerável a cruzamentos e hibridismos tanto de
conhecimentos quanto de procedimentos, tecnologias, matérias, materiais
e objetos, algumas vezes, inusitados. (REY, Sandra. 2013).
No entanto, tentar entender Arte ou defini-la é algo demasiadamente amplo, mas
podemos dizer que além de muitas outras definições de arte, concordamos com Viana
quando ele diz que “arte é uma expressão figurativa da realidade” (2013). E nessa forma
figurativa se manifesta sua essência, sendo um trabalho de arte produzido pelo homem
ficcionalmente, na qual, os seres humanos criam uma realidade fictícia intencional e
conscientemente.
Ainda de acordo com Viana (2013) entendi como um dos conceitos de Arte aceito,
o qual considera a arte como uma produção humana bem antiga, pensando alguns que sua
existência data da chamada “pré-história”, outros observam nesse momento seu esboço.
Mas, a esfera artística, a compreensão da arte como “obra de arte”, nasce com o
desenvolvimento da sociedade moderna e tem sua consolidação com a emergência das
sociedades de classes. E sem dúvida é importante entender e esclarecer esses conceitos para
tentar saber quando surgiu a arte, pois, é justamente devido à imprecisão conceitual ou
determinados construtos10
que se pode pensar que a arte é algo que sempre existiu.
Alguns professores me orientaram a ter paciência e perseverança. Eles diziam que
para aprender arte é preciso teoria e prática. Para isso precisa de tempo. Observei nas várias
turmas, em suas etapas, que através do trabalho paciente conseguiram atingir melhorias ao
10
Os construtos são falsos conceitos e, por conseguinte, unidades de um discurso ideológico (Viana, 2007).
32
passar dos anos, principalmente nas produções artísticas. Observei também, a importância
da arte no aprendizado influenciando no ensino escolar, o que é esclarecido por Ana Mae
Barbosa:
“(...) a arte além de incentivar a criatividade, facilita o processo de
aprendizagem e prepara melhor os alunos para enfrentar o mundo".
Conhecendo a arte de outras culturas, o aluno poderá compreender a
relatividade dos valores que estão enraizados nos seus modos de
pensar e agir, que pode criar um campo de sentido para a
valorização do que lhe é próprio e favorecer abertura à riqueza e à
diversidade da imaginação humana.” (Portal Educação, 2012)11
.
Figura 17- Urna funerária indígena.
Artista Isaias Brito, 2014.
Fonte: Isaias Brito/arquivo pessoal
11
Site:https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/a-eficacia-da-arte-no-ensino-
aprendizagem/21118.
4.1 - A ESCOLA SERVIA DE ATELIÊ
SEMPRE FAVORECEU MINHA APRENDIZAGEM EM ARTE:
Muitos artistas utilizavam os
artísticos. Assim, artistas professores da escola
cada semestre continuavam frequentando a escola para produção particular, até mesmo por
causa da infraestrutura que a escola oferecia. Essas experiências foram enriquecedoras para
minha formação artística, pois, o aprendizado já começava
propriamente dita, porque,
Assim, podia fazer perguntas livres em relação à obra a ser trabalhada. Alguns deles
pensavam que estas informações não teriam utilida
observação já era suficiente
algo parecido.
Figura 18 - Prof. de pintura Josué em atividade nas escolas
Figura 19
A ESCOLA SERVIA DE ATELIÊ PARA MUITOS ARTISTAS
SEMPRE FAVORECEU MINHA APRENDIZAGEM EM ARTE:
Muitos artistas utilizavam os ateliês da escola para realizar seus experimentos
professores da escola mesmo no período de re
continuavam frequentando a escola para produção particular, até mesmo por
que a escola oferecia. Essas experiências foram enriquecedoras para
pois, o aprendizado já começava antes mesmo do início das aulas
eu estava sempre em contato direto com um artista em produção
podia fazer perguntas livres em relação à obra a ser trabalhada. Alguns deles
pensavam que estas informações não teriam utilidade para mim, por outro lado
observação já era suficiente. Em casa experimentava as técnicas vivenciadas para tentar
Prof. de pintura Josué em atividade nas escolas
Fonte: Amadeu Lobato
19- Aula de escultura: Professor Grimualdo
Fonte: Amadeu Lobato
33
PARA MUITOS ARTISTAS - O QUE
realizar seus experimentos
mesmo no período de recesso no final de
continuavam frequentando a escola para produção particular, até mesmo por
que a escola oferecia. Essas experiências foram enriquecedoras para
antes mesmo do início das aulas
contato direto com um artista em produção.
podia fazer perguntas livres em relação à obra a ser trabalhada. Alguns deles
de para mim, por outro lado, a
ivenciadas para tentar
Figura
Considero também como parte de minha trajetória artística o aprendizado que
adquiri na área informal, estudando com os artistas fora do horário de aula, assim, eu tinha
acesso a outros nomes reconhecidos na arte amapaense, como:
(Irê Peixe), Judite Lima, J. Sales, Carla Marinho, Piedade Miranda, Rosiani Olivia,
Raimundo Hosana de Oliveira (TROKKAL) e Grimualdo Barbosa. Esses dois últimos,
reconhecidos principalmen
argila.
Figura
Figura 20 - Aula de escultura: Professor Trokkal
Fonte: Amadeu Lobato
Considero também como parte de minha trajetória artística o aprendizado que
adquiri na área informal, estudando com os artistas fora do horário de aula, assim, eu tinha
acesso a outros nomes reconhecidos na arte amapaense, como: Irenilda de Souza A
(Irê Peixe), Judite Lima, J. Sales, Carla Marinho, Piedade Miranda, Rosiani Olivia,
Raimundo Hosana de Oliveira (TROKKAL) e Grimualdo Barbosa. Esses dois últimos,
reconhecidos principalmente, na escultura amapaense com cerâmica e
Figura 21 - Profª. Judite Lima finalizando trabalho com aluna
Fonte: CEPAV – Cândido Portinari
34
Considero também como parte de minha trajetória artística o aprendizado que
adquiri na área informal, estudando com os artistas fora do horário de aula, assim, eu tinha
Irenilda de Souza Almeida
(Irê Peixe), Judite Lima, J. Sales, Carla Marinho, Piedade Miranda, Rosiani Olivia,
Raimundo Hosana de Oliveira (TROKKAL) e Grimualdo Barbosa. Esses dois últimos,
cerâmica e modelagem em
Profª. Judite Lima finalizando trabalho com aluna
35
5. FORMAÇÃO DE OUTROS ARTISTAS AMAPAENSES
Durante minha atuação na escola, tanto como auxiliar de serviços gerais quanto
como aluno, pude observar muitos alunos com grandes habilidades, pessoas de diferentes
classes sociais e étnicas. Pude presenciar o trabalho de pessoas que hoje infelizmente estão
no anonimato do cenário artístico. Por algum motivo não levaram à frente os trabalhos de
arte. Alguns pararam seus estudos na escola de arte por falta de apoio e também, pela
necessidade de trabalhar para sobreviver; alguns procuraram investir seu tempo em estudos
de outras áreas que lhes oferecessem melhores perspectivas de futuro profissionais, tendo
que deixar de lado seus sonhos artísticos.
Mas também, convivi com aqueles que deram continuidade a seus estudos e que de
alguma forma estão atuando no cenário artístico, seja local, nacional e até internacional.
Aqui irei citar alguns artistas e alguns de seus trabalhos bem como suas relações com a
Escola de Arte Cândido Portinari.
O primeiro é o artista Ralfe Braga, segundo o próprio artista, ele passou pela
Portinari no ano de 1977, foi aluno das primeiras turmas de pintura, tendo como professor o
fundador R. Peixe e o Sr. Homobono. (Ralfe Braga, 2019).
Ralfe nasceu em 1959 e migrou para Brasília durante a adolescência. É
formado em Educação Artística com Licenciatura em Artes Plásticas pela
Faculdade de Artes de Brasília e atualmente cursa pós-graduação em artes
visuais, cultura e criação pela Faculdade SENAC. Atuou durante vinte
anos no campo publicitário, mas nunca abandonou o lado artístico.
Começou a produzir os primeiros quadros em tela, utilizando cores fortes
e vibrantes em suas obras, que eram inspiradas pelo artista amapaense R.
Peixe. (POR GLOBOESPORTE.COM, MACAPÁ-AP, 2013) 12
.
Além de pintor, ilustrador, designer gráfico e diretor de arte, Ralfe é
popularmente chamado de colorista, por utilizar o tom das terras de ares
úmidos e quentes, com a exuberância da floresta amazônica que está
expressa em seus meninos, canoas, pipas e animais reproduzidos nas telas.
É nesse cenário que o artista recria imagens que remetem a sua infância e
seu sentimento pelo Amapá.(POR GLOBOESPORTE.COM, MACAPÁ-AP,
2013) 13
.
12
Site: http://globoesporte.globo.com/ap/noticia/2013/08/obras-de-artista-amapaense-ilustram-estadio-mane-
garrincha-no-df.html. Acesso em: 14. Jul 2019.
13
Op. cit.
36
Figura 22- Obra do artista Ralfe Braga
Fonte: Ralfe Braga/Arquivo Pessoal
Para ressaltar a importância do artista, gostaria de mencionar que as obras do
mesmo foram escolhidas para ilustrar o estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal.
Trabalho esse inspirado na região amazônica, que iniciou no estádio 'Mané Garrincha' e se
estendeu nos principais pontos de Brasília. (GLOBOESPORTE.COM, 2013).
Figura 23- Ralfe Braga em estádio Mané Garrincha, no DF, 2013
Fonte: Ralfe Braga/arquivo pessoal
37
Figura 24- Decorando estádio Mané Garrincha, 2013
Fonte: Ralfe Braga/arquivo pessoal
Mencionamos também, o artista Jamesson Márcio Pinheiro de Carvalho,
conhecido como J. Marcio. Matriculou-se na EACP no ano de 1999, é artista com técnicas
e linguagens variadas como: desenhista, pintor e escultor, além de professor de Artes
Visuais. Possui um acervo eclético de obras de arte e participou de várias exposições, a
destacar:
1. Exposições na área de desenho de cartonagem e caricaturas:
Figura 25- Exposição de caricatura em cartaz
Fonte: Blogderocha.com.br14
14
Site: https://www.google.com/search?q=exposição+de+caricatura+cartaz+macapa.
38
Figura 26- Exposição de Cartonagem em cartaz
Fonte: Carlamarinhoartes.blogspot.com15
2. Exposições na área de pintura (pintura com fumaça, 2019):
Figura 27- Vernissage local em cartaz
Fonte: sescamapa.com.br16
15
Site: http://carlamarinhoartes.blogspot.com/2017/04/exposicao-cartunistas-amapa.html.
16
Site: https://www.google.com/search?q=exposição+tisnas+reminiscentes.
39
3. Exposição coletiva internacional em 2019, Barcelona – Espanha:
Figura 28- Exposição internacional em cartaz
Fonte: ednacarlastradioto.com17
Outro artista formado pela escola é Jeriel de Souza. Nome reconhecido no grupo
de artistas amapaenses na pintura e no desenho. É também gravurista e ilustrador, e atua
como professor de Artes Visuais. Jeriel de Sousa ingressou em 1994 no Curso Livre de
Desenho e Pintura da Escola de Artes Cândido Portinari, e concluiu em 1996. Desde então
exerce atividades de artes plásticas. Suas obras têm como temas inspirados na fauna, flora,
cultura amapaense e a vida do caboclo, porque, segundo ele, o artista é a essência do seu
cotidiano e a força da sua cultura.
Em 2009 Jeriel ingressou no curso de licenciatura em artes visuais da UNIFAP
graduou-se em 2012. Passando a desenvolver novos estudos e experimentações em suas
produções artísticas. Dedicado em produzir suas obras passou a fazer diversos
experimentos em sua pintura e técnica de composição de cores, levando em conta o clima e
paisagens da Amazônia, pois, segundo o artista diz: “um bom artista necessita está presente
em seu tempo e espaço”. (JERIEL, 2019)18
. O artista possui um portfólio com trabalhos
variados, como por exemplo:
17
Site: https://ednacarlastradioto.com/2019/07/18/agenda-barcelona-exposicao-coletiva-de-23-de-julho-a-06-
de-agosto/.
18
Biografia atualizada de Jeriel de Sousa. Informação prestada pelo artista.
40
1 - Como convidado para realizar exposição em Paris e em Portugal:
Figura 29- Exposição em Paris/cartaz
Fonte: Jeriel de Sousa/arquivo pessoal
Figura 30- Exposição em Portugal/cartaz
Fonte: Jeriel de Sousa/arquivo pessoal
41
2 - Como convidado para realizar exposição no Rio de Janeiro:
Figura 31- Exposição no Rio de Janeiro/cartaz
Fonte: Jeriel de Sousa/arquivo pessoal
- Além de estar sempre participando de exposições no estado do Amapá, como
podemos observar a imagem (fig. 39), uma exposição realizada no SESC Macapá, ano de
2014 e também, no ano de 2018:
Figura 32- Exposição em Macapá. SESC/AP/cartaz
Fonte: Jeriel de Sousa/arquivo pessoal
42
Outro artista plástico como fruto da Escola Cândido Portinari citamos Abmael
Silva Pantoja. Artista amapaense que procura sobreviver da venda de suas pinturas em telas
em espaços cedidos pela casa do artesão e espaços alternativos como: shoppings, feiras e
em eventos na cidade de Macapá. O artista diz que “a feira é uma vitrine para o trabalho
dos artesãos que sobrevivem de fazer arte”. Segundo comentários da mídia Amapá, “ele se
sustenta a anos com o que recebe das pinturas que produz.” (G1. AP, 2013)19
. E, falando
das feiras no estado o artista diz: “(...) acho muito importante para mim, como artista
participar desse tipo de espaço e divulgar meu trabalho para pessoas de todos os lugares e
de todos os gostos. Essa é a oportunidade de ter minha arte reconhecida e poder fazer
negócios". Em outras palavras, de vender seus trabalhos de arte. (Gabriel Dias, G1 AP -
Entrevista realizada em 13/12/2013 na Feira de Natal que ocorreu em frente à casa do
artesão na cidade de Macapá.)20
Figura 33- Artista Abimael em exposição
Foto: Gabriel Dias. G121
19
Site: http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2013/12/feira-de-natal-reune-90-artesaos-dos-16-municipios-do-
amapa.html.
20
Op. Cit.
21
Site: http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2013/12/feira-de-natal-reune-90-artesaos-dos-16-municipios-do-
amapa.html.
43
Figura 34-Pássaros da Amazônia
Fonte: Abmael/arquivo pessoal
Carla Marinho Brito – Estudou e concluiu os cursos livre de desenho e pintura no
período de 1993 a 1996, também estudou as oficinas pintura de 1997 a 1998. A artista
realizou e participou de exposições como:
1 - Exposição Madeiras Sobreviventes (2007):
Figura 35- Obra Mãe Velha22
Fonte: Carla Marinho/arquivo pessoal
22
Mãe Velha: Segundo a artista, “Mãe velha era o apelido carinhoso dado a bisavó da artista, Luzia Serra”.
44
2 - Exposição Cuias – Relicários de Lembranças (2015):
Figura 36-Lembrança XVIII- Os defumadores de lata
Fonte: Carla Marinho/arquivo pessoal
3 - Exposição Des Amour (2018).
Figura 37- Série Des-Amores (VI)
Fonte: Carla Marinho/arquivo pessoal
45
4 - Exposição Coletiva Entre-Linhas (2016):
Figura 38- Série Lolis (IV)
Fonte: Carla Marinho/arquivo pessoal
Artistas do Instituto de Poéticas Visuais da Amazônia–Imazônia
Muitos artistas formados pelo Centro de Educação Profissional em Artes Visuais-
Cândido Portinari como já foi mencionado, conseguiram dar continuidade às produções
artísticas, alguns com o destaque e reconhecimento no meio artístico. Preocupados com
essa situação, o autor desta pesquisa e o artista Ronne Franklim buscaram outros artistas a
fim de criar um grupo para lutar pelos interesses coletivos da arte e dos artistas amapaenses,
no campo das artes plásticas. Foi quando surgiu o Grupo de Poéticas Visuais da Amazônia,
atual IMAZÔNIA.
Em 16 de outubro de 2010, os artistas amapaenses Isaias Brito, Josué
Rodrigues, Ronne Dias, Roque Brandão e Adalto Pinheiro resolveram se
unir para formar um grupo organizado de poéticas visuais. O intuito dos
46
mesmos é aprodução artística em comum, ou seja, a ideia foi reunir forças
criativas, filosóficas e metodológicas para discutir, refletir e difundir arte.
Todos os artistas, egressos do Centro de Educação Profissional em Artes
Visuais Cândido Portinari, na condição de alunos, ex-alunos, professores
e ex-professores, que sentiram a necessidade de um trabalho
compartilhado e fortalecido em uma identidade coletiva como produtores
amazônicos. O grupo Imazônia volta-se ao desenvolvimento de linhas de
pesquisas com base na ecoarte, que utiliza materiais alternativos
(industrializados ou não) como sucatas e outros descartáveis com uma
preocupação ecológica e os seus aspectos sociais. Essa característica
resultou em destaque no meio artístico, pela sua não convencionalidade
estética, resultando em convites para exposições em importantes
instituições culturais e participações em eventos de abrangência estadual e
nacional. (@grupoimazônia, 2010) 23
.
A maioria dos artistas que estavam no grupo passou pela escola de arte Cândido
Portinari. Esse era um dos objetivos do grupo, reunir artistas locais cuja poética estivesse
em acordo com a poética desenvolvida na escola de arte do Amapá. Assim, criar um grupo
de arte local com intenção de trabalhar a Arte Amazônida. Portanto, todos do grupo se
inspiravam e se inspiram numa arte que se apresenta como arte amazônica. Resolvemos
priorizar uma fonte de pesquisa que tivesse a ver com a Amazônia. Dentro desse contexto
em ter uma linha de pesquisa em comum e que representasse o grupo, escolhemos a arte
ecológica24
. Assim, utilizamos dos conhecimentos artísticos para fazer experimentos,
realizar exposições no estado. Dentre as exposições citamos algumas:
A primeira experiência que o grupo teve foi com a exposição “Demarcações” na
galeria Antônio Munhoz em 2011 no SESC – Araxá, que correspondia a uma série de
instalações que tratava especialmente das habitações populares das áreas alagadas e
ribeirinhas da Amazônia. Demarcações em espaços irregulares e ocupações “desordenadas”
presentes nas paisagens urbanas.
23
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/about/?ref=page_internal.
24
Site: A expressão “Arte ecológica” (em inglês Eco-art, ou Environmental art) tem sido utilizada para
designar o trabalho de diversos artistas que, desde as décadas de 1960-70, mostram uma preocupação especial
com o crescente agravamento dos problemas ambientais e, consequentemente, sociais que afectam a
humanidade (Brookner 1992; Sanders, 1992; Kastner e Wallis, 2001). Em 1992, o ArtJournal (Vol.51, No.2)
dedicou mesmo um n.º especial ao assunto.(MENDES, Ana. 2012, p. 14).
47
Figura 39- Exposição Demarcações
Fonte: Coletivo Palafita
Outra exposição do grupo foi “Fragmentos da Amazônia”, realizada no ano de
2014, no SESC Araxá, na galeria Antônio Munhoz. Essa foi a que teve maior repercussão
na mídia local, tornando o grupo conhecido no cenário artístico estadual.
Figura 40- Convite de exposição
Fonte: Imazônia
48
Figura 41- Obras em exposição
Fonte: Fabiana Figueiredo.G1Ap.
Das exposições do grupo, foi a única que apresentou uma organização que se
aproximasse de uma exposição com proposta de “curadoria”. Fato este, que é muito raro de
ser encontrado em exposições de artes no Amapá. Uma vez que o estado não conta com
profissionais de curadoria e nem críticos de arte realizando ações em instituições artísticas e
culturais. Ou seja, como exemplo apresentamos o cartaz da exposição: “Fragmentos da
Amazônia”, a qual apresentou uma certa preocupação de curadoria. No entanto, de acordo
com o “Cartaz” da exposição (fig.42), não há assinatura do ou dos curadores responsáveis,
assinando o “texto de curadoria”. O que pode levar a perceber, uma certa falta de
profissionalismo na organização e execução desses projetos expositivos.
49
Figura 42- Cartaz de apresentação da exposição "Fragmentos da Amazônia"
Fonte: Imazônia
Mesmo não apresentando uma organização de curadoria, os artistas do Imazônia
tentavam se aproximar da crítica local, queriam saber a opinião de quem entendia sobre arte
a respeito de seus trabalhos. Foi então que surgiu a ideia de fazer a exposição “Identidade
Imazônida” e convidar algumas pessoas da área. Então, convidamos alguns mestres e
doutores de arte do colegiado do curso de Artes Visuais da UNIFAP, para apreciação dos
trabalhos de arte na vernissage que ocorreu no dia 29 de janeiro de 2016. A exposição
aconteceu nas dependências do CEPAV – Cândido Portinari.
50
Figura 43- Convite da exposição " Identidade Imazônida"
Fonte: Imazônia
Figura 44- Grupo Imazônia e representantes do colegiado de Artes Visuais da Unifap25
Fonte: Imazônia
25
Com o professor Dr. Joaquim Cesar da Veiga Netto e a professora Mestre Maria de Fátima Garcia.
51
O grupo deixou os mestres e doutores à vontade para se pronunciarem sobre a
exposição em geral. Toda e qualquer opinião estava sendo esperada para que
posteriormente os artistas pudessem debater a respeito. Abaixo cito o registro que o
professor Dr. Joaquin Netto fez:
Nesta quinta-feira (28/01/2016), na Escola Cândido Portinari/AP, o
coletivo de artistas visuais “Imazônia – Poéticas Visuais da Amazônia”
abriu ao público a mostra “IDENTIDADE IMAZÔNIDA “. A exposição
com aproximadamente quarenta obras de vários artistas, traz um
panorama com diferenças de posições, visões, antagonismos e
consequentemente diferentes identidades, mas que não se desintegram e
sim se articulam a partir de “zonas de afeto”.
Macapá, capital do Estado do Amapá – cidade situada no perímetro do
Rio Amazonas -, é o local onde esses artistas vivem e trabalham, cuja
distância de voo para os centros hegemônicos de cultura – região sul e
sudeste do Brasil -, é aproximadamente de cinco horas.
Num cenário natural, onde tudo é úmido, luminoso e quente, os habitantes
do lugar convivem diariamente com o “Rio Mar”. A influência indígena
subsiste na trama visual de Macapá: nos “olhos rasgados” da fisionomia
do povo, na culinária e nas frutas com “sabor selvagem”.
Nesse contexto, o afeto por alguns temas, torna-se motivação para esses
artistas e seus consumidores: o índio, o açaí, a ponte da periferia e a
memória da cidade, na primeira metade do século 20. Mas, identificar o
óbvio não é o suficiente para compreender a diversidade dessas obras.
O ribeirinho, a Fortaleza de São José, a “amassadeira de açaí”, o grafismo
indígena e tantos outros “insumos culturais”, são mais do que assuntos,
são arautos de uma visualidade que está antes no afeto, do que
propriamente no sentido poético desses elementos.
A maior parte da produção artística está na ala visual centrada na técnica e
no tema. Pinturas, desenhos, esculturas, pirogravuras e tantas outras
experiências que não chegam a atingir um campo interdisciplinar e
confirmam uma arte representacional.
A Exposição “IDENTIDADE IMAZÔNIDA” não reflete a produção
artística contemporânea dos grandes centros brasileiros – é uma arte
peculiar, cuja complexidade do contexto social é base dos modelos ou
formas simbólicas dessa produção artística.
Dessa maneira, é necessário compreender e não simplesmente identificar
a obviedade da diferença entre os trabalhos desses
artistas “imazonidas” com relação aos centros, pois nesse aspecto reside
um modo de recepção que pode ser a chave e o acesso às peculiaridades
da vasta produção artística brasileira
A Exposição “IDENTIDADE IMAZÔNIDA” estará aberta para visitação
no período de 29/01 a 12/02/2016, na Escola Cândido Portinari – Avenida
Cônego Domingos Maltez, 1976 – Santa Rita. (Por Joaquim
Netto.Historiador e Crítico de Arte).
Aqui citarei os nomes dos artistas e algumas de suas obras e exposições do grupo
Imazônia que estudaram na escola Cândido Portinari.
52
Adalto de Vilhena Pinheiro – estudou nos anos: 2006 - pintura moderna, 2007 -
pintura livre e 2008 pintura de retrato. Luiz Célio Silva de Sousa – estudou desenho no ano
de 1995, escultura e pintura em 1996. Luiz Cláudio Nascimento Santos – estudou o curso
de desenho I, II, III e IV, de 1997 a 1999. Também fez o curso de pintura I e II, de 2000 a
2002 e estudou pintura moderna em 2003. Marionaldo Lobato de Souza – estudou na
Escola de Arte Cândido Portinari no ano de 2006, fazendo no primeiro semestre deste ano
pintura de Paisagismo com o professor considerado pelos artistas do estado do Amapá
“mestre no paisagismo Amazônico”, Ivam Amanajás. No segundo semestre fez oficina de
pintura de retrato com o professor artista Josué Rodrigues do Nascimento (Jorron), quando
pintou o retrato de R. Peixe, e no ano de 2007 estudou na oficina de pintura livre com a
professora e artista Irê Peixe. Ronne Franklim Carvalho Dias– estudou desenho artístico
(cursos livres de desenho) no período de 1989 a 1995.Roque Nascimento Brandão –
estudou desenho I, II, III e IV, de 2004 a 2007. Também estudou pintura moderna e pintura
de retrato em 2008. Em 2009 estudou pintura I e em 2010, pintura de anatomia humana.
Willian Cruz de Lima – estudou em 2008 oficinas de caricatura e pintura em isopor, fez o
curso de desenho I, II, III, IV, de 2009 a 2012.
1) Adalto de Vilhena Pinheiro
Figura 45 - Equilíbrio natural
Fonte: Imazônia26
26
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
53
Figura 46- Bela face
Fonte: Imazônia27
2) Luiz Célio Silva de Sousa
Figura 47- Homenagem ao Divino Espírito santo
Fonte: Imazônia28
27
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
28
Op. Cit.
54
Figura 48- Alimento
Fonte: Imazônia29
3) Luiz Cláudio Nascimento Santos
Figura 49- Elementos amazônicos no espaço sideral
Fonte: Imazônia30
29
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal
30
Op. Cit.
55
Figura 50- Cabocla Herondina
Fonte: Imazônia31
4) Marionaldo Lobato de Souza
Figura 51- Retrato de R. Peixe
Fonte: Imazônia32
31
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
32
Op. Cit.
56
Figura 52- Paisagem de Mário de Souza
Fonte: Imazônia33
5) RonneFranklim Carvalho Dias
Figura 53 - Padroeiro de Macapá
Fonte: Ronne Dias/ acervo pessoal
33
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
57
Figura 54- Estudo de figura (in)humana34
Fonte: Ronne Dias/ acervo pessoal
6) Roque Nascimento Brandão
Figura 55- Fotografia do artista comercializando obras
Fonte: Imazônia35
34
Obra premiada no 8 salão de Arte do SESC – AP 2010. Prêmio Incentivo. Categoria desenho.
35
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
58
Figura 56- Identidade indígena
Fonte: Imazônia36
7) Willian Cruz de Lima
Figura 57- Raiz
Fonte: Imazônia37
36
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
37
Op. Cit.
59
Figura 58- Reconstrução e Ampliação do Mercado Central de Macapá, em 1946
Fonte: Imazônia38
6. INFLUÊNCIAS DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI PARA A
PINTURA DO PAISAGISMO AMAZÔNICO:
O registro das primeiras pinturas do estilo paisagístico remonta ao período
medieval. Importante ressaltar que as composições se baseavam em figuras extraídas de
temas religiosos e mitológicos, depois passou-se a utilizar efeitos expressivos e contrastes
claro-escuro. A partir do século XVIII, a observação da luz natural e os elementos
atmosféricos dão início às paisagens luminosas e brilhantes. (Enciclopédia Itaú Cultural,
2019).
Se a paisagem ocupa lugar secundário na hierarquia acadêmica até o
século XVIII, no século XIX ela se alça ao primeiro plano. Uma das
inovações na representação da natureza a partir de então diz respeito
à pintura ao ar livre, que se populariza com a invenção da bisnaga
descartável para tintas. O contato cada vez mais intenso com a paisagem
observada de perto - e o simultâneo desinteresse pelas paisagens
alegóricas e míticas - provoca uma renovação no gênero paisagístico. Os
nomes de John Constable (1776-1837) e Joseph Mallord William Turner
(1775-1851) são as primeiras referências para a compreensão do
desenvolvimento do gênero. Influenciado pelos paisagistas holandeses do
século XVII, Constable afasta-se das convenções pictóricas do paisagismo
ao representar na tela as mudanças de luz ao ar livre e o movimento das
nuvens no céu, em telas como A Represa e o Moinho de Flatford (1811).
38
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
60
Sua pintura capta as variações da natureza, recusando a ideia de um
espaço universal e imutável. As referências de Turner são outras - a
paisagem clássica de C. Lorrain e as perspectivas de Canaletto - mas em
suas telas observa-se interesse idêntico pelo espaço atmosférico e pelo
fenômeno da luz. Só que nos quadros de Turner a luz explode numa
espécie de turbilhão, inundando a tela (Mar em Tempestade, 1840). O
grupo de paisagistas franceses reunidos na Escola de Barbizon, sob a
liderança de Théodore Rousseau (1812-1867), por sua vez, explora ao
limite os aspectos mutáveis do mundo natural. (Enciclopédia Itaú
Cultural, 2019).
A paisagem é fruto da intervenção humana em um espaço que antes era apenas
natureza intocável (vales, montanhas, bosques, florestas, rios, lagos, etc.).
Etimologicamente, a paisagem implica o registro ou a representação da natureza, daí,
resulta a paisagem campestre e a paisagem urbana. A paisagem passa de gênero secundário
para gênero primário. Dentro desse contexto histórico o paisagismo chega ao Brasil, através
de pintores estrangeiros, que influenciaram os artistas locais com o novo estilo
estético/artístico. (SOUZA, RODRIGO H. B; SALGADO, IVONE, 2016).
Um marco inicial da pintura de paisagens no Brasil pode ser encontrado
nos pintores estrangeiros que chegaram ao país com Maurício de Nassau,
como Albert Eckhout (ca.1610-ca.1666) e sobretudo Frans Post (1612-
1680). A pintura de paisagens encontra forte enraizamento na arte
realizada a partir da Missão Artística Francesa, tendo sido explorada
por Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), Jean-Baptiste Debret (1768-
1848), Almeida Júnior (1850-1899), entre outros. Nesse contexto, a
pintura ao ar livre e o registro realístico da flora e da fauna nacionais
encontram expressão nas obras do pintor alemão Georg Grimm (1846-
1887) e, posteriormente, no grupo de artistas ligados a ele, como Antônio
Parreiras (1860-1937) e Castagneto (1851-1900). Alguns artistas
brasileiros são diretamente associados à pintura de paisagens, como Eliseu
Visconti (1866-1944), Benedito Calixto (1853-1927), Francisco Rebolo
(1902-1980) e José Pancetti (1902-1958). As paisagens de Minas
realizadas por Guignard (1896 - 1962) - com igrejas e festas de São João -
assim como aquelas realizadas por Tarsila do Amaral (1886 - 1973) -
sejam os desenhos de cidades mineiras, as paisagens do Rio de Janeiro,
das regiões interioranas do país ou as telas de São Paulo - ocupam lugar
destacado na tradição paisagística nacional.(Enciclopédia Itaú Cultural,
2019)39
.
No século XIX, a pintura de paisagem encontra seu maior destaque no
impressionismo40
, que possibilitava a observação da natureza a partir de impressões
39
Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo363/pintura-de-paisagem>. Acesso em: 05 de
Out. 2019. Verbete da Enciclopédia.
40
Impressionismo é um movimento artístico que surgiu na França no final do século XIX, durante o período
da Belle Époque(A “Belle Époque”, do francês “bela época”, foi um período de grande otimismo e paz.
61
pessoais e sensações visuais imediatas, a suspensão dos contornos e dos claros-escuros em
prol de pinceladas fragmentadas e justapostas e o aproveitamento da luminosidade e uso de
cores complementares, favorecidos pela pintura ao ar livre, são os traços principais da
renovação estilística empreendida por Claude Monet (1840-1926), Pierre-Auguste Renoir
(1841-1919), Camille Pissarro (1830-1903), entre muitos outros. (Enciclopédia Itaú
Cultural, 2019)41
.
Para falar do paisagismo amazônico no estado do Amapá, e, identificar e/ou apontar
as influências da Escola de Arte Cândido Portinari ao identificar o paisagismo amazônico
como uma característica marcadamente forte no contexto da arte amapaense, tanto nos
tempos passados quanto nos dias atuais, registramos aqui, uma citação do artista plástico,
Ronne Franklin Carvalho Dias falando exatamente sobre as marcas do paisagismo
amazônico na arte amapaense:
(...) ao escutar uma entrevista42
na rádio Difusora de Macapá com R.
Peixe (1931-2004, artista que marcou uma geração de pintores da segunda
metade do século XX no estado do Amapá), lhe foi perguntado quais os
mestres que o influenciaram na arte. Sua resposta foi surpreendente: o seu
principal mestre era a natureza. Para o artista, pintar a natureza era como
um desbravamento, ele aprendia algo novo. Paisagista e colorista, R.
Peixe falava com propriedade não tanto pela sua vasta experiência
pictórica, mas pela imersão na ambiência orgânica da Amazônia.
Cenários, modos e práticas culturais eram traduzidos em suas telas a partir
da sua vivência cotidiana, destacando-o como um dos principais
expoentes da visualidade amazônica. (DIAS, RonneFranklim.2017, p.
788).
Na região amazônica, convivendo com paisagens naturais diversas, a pintura do
paisagismo se apresenta como uma forma de representação e expressão artística
amplamente difundida e muito presente em todos os estados da região. É uma produção,
sobretudo popular que se encontra nas cidades, vilas e comunidades de toda Região norte
do país. Cujas pinturas, além de telas mencionadas nos trabalhos de alguns artistas
apresentados como ex-alunos da escola, também, o paisagismo amazônico se faz presente
em suportes variados como: paredes e muros, nas fachadas e na decoração de interiores dos
desfrutado pelas potências ocidentais, sobretudo as europeias, entre 1871 até 1914, quando eclode a Primeira
Guerra Mundial).
Site: https://www.significados.com.br/impressionismo/.
41
Site: https://www.todamateria.com.br/belle-epoque/.
42
Segundo Ronne Dias, “a entrevista ocorreu no final da década de 1990 por ocasião de uma viagem com
meus pais, ao terreno rural da família, localizado no Rio Carapanatuba, margem esquerda do Rio Amazonas, a
27Km da Capital Macapá-AP”. In: Acta2017-SeminárioCulturaVisual-Uruguay.
62
estabelecimentos comerciais e das casas residenciais dos moradores locais (BERND,
Mariana. 2011,p.101). É importante lembrar também, que o paisagismo na arte amapaense
e em toda a Amazônia não se faz presente apenas, nas artes plásticas e visuais, se faz
presente também na música, na literatura, na dança, na fotografia, etc.
E, para falar da Escola de Arte Cândido Portinari como influenciadora da
paisagem amazônica, delimitaremos o escopo das pinturas estudadas, a partir da definição
de pintura de paisagem como sendo representação pictórica dos elementos percebidos pelo
artista, e que compõem o ambiente no qual ele está inserido. Trata-se da projeção visual de
sua percepção e da apreciação estética dos elementos da natureza que o rodeia tanto no que
diz respeito à reprodução dos elementos naturais que ali encontra quanto ao modelo de
natureza idealizado que ajuda a construir (BERND, Mariana. 2011, p. 101).
Isto leva a pensar no grande idealizador da Escola Cândido Portinari, Raimundo
Braga de Almeida (R. Peixe), no legado que ele deixou para a história artística desse
estado, criando um local onde podiam se reunir artistas, por em prática conhecimentos
sobre artes plásticas e compartilhar conhecimentos a aprendizes amapaenses. Assim, a
escola nasceu, cresceu e se configurou enquanto espaço e lugar de referência de ensino de
arte para muitos artistas e para a sociedade amapaense. Pois, é a única escola técnica de
artes plásticas e atualmente em artes visuais, que existe até o momento no estado do
Amapá.
Além de R. Peixe, outros artistas que passaram pela escola também contribuíram
com o ideal de uma arte focada na pintura do paisagismo amazônico “amapaense”. Ou seja,
apartir de um ideal de Amazônia que está presente e é significado na sociedade local, como
podemos ressaltar: Augusto Ivam Amoras Amanajás, Estevão da Silva, Herivelto Brito
Maciel, João dos Santos Sales (J. Sales), Josué Rodrigues do Nascimento (Jorron), Judite
Santa de Lima, José Bonifácio Guimarães do Nascimento (Boni), Luis Célio Silva de
Sousa,Raimundo Luiz Porto Batista (que inclusivefoi um dos diretores da escola), Manoel
Francisco Pessoa de Matos (Dekko).
Todos esses artistas, com trabalhos reconhecidos no Amapá enquanto artistas
plásticos contribuíram com a escola enquanto corpo docente de artistas que formaram
outros artistas para o cenário da arte amapaense. Atualmente, dentre esses artistas citados,
permanecem no corpo docente da escola os professores: José Bonifácio e Luiz
Porto(CEPAV – Candido Portinari, documentos da Secretaria, 2019). E, seguidamente,
apresentamos algumas obras dos artistas citados com suas referências à pintura do
Paisagismo Amazônico.
63
Figura 59- Paisagem de R. Peixe
Fonte: selesnafes.com43
Figura 60- Paisagem de Ivan Amanajás
Fonte: derocha.com44
43
Site: https://selesnafes.com/2015/07/saindo-do-bau-exposicao-mostra-obras-ineditas-de-r-peixe/.
44
Site: http://eltonvaletavares.blogspot.com/2012/11/exposicao-ver-verde-de-ivam-amanajas.html.
64
Figura 61- Artista Estevão da Silva e sua obra
Fonte: Gioconda da Silva/arquivo pessoal
Figura 61- Revoada no Bailique
Fonte: Herivelto Maciel/acervo Pessoal
65
Figura 62- Paisagem de J. Sales
Fonte: casteloroger.blogspot.com45
Figura 63- Paisagem de Josué Rodrigues (Jorron)
Fonte: Imazônia46
45
Site:http://casteloroger.blogspot.com/search/label/Olhos%20na%20Hist%C3%B3ria?updated-max=2013-
07-06T07:55:00-07:00&max-results=20&start=9&by-date=false.
46
Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
66
Figura 64- Paisagem de Judite Lima
Fonte: CEPAV- Cândido do Portinari
Figura 65- Paisagem de José Bonifácio
Fonte: José Bonifácio/arquivo pessoal
67
Figura 66- Paisagem de Célio Sousa – Meus guarás, 2010
Fonte: Célio Sousa/arquivo pessoal
Figura 67- Paisagem de Luiz Porto – Riacho, 2012.
Fonte: Luiz Porto/acervo pessoal
68
Figura 68 - Paisagem de Dekko. Revoadas de Guarás
Fonte: amaplastamapa.blogspot.com47
Esses artistas fazem parte da história da pintura no Amapá, em cuja pintura, o
paisagismo apresenta peculiaridades locais. Cujos traços e técnicas foram repassados pelos
artistas professores da escola aos alunos, desde a criação da Escola de Arte Cândido
Portinari, com iniciativa de seu precursor, o artista R. Peixe, o Raimundo Braga de
Almeida. Assim sendo, a contribuição da escola de arte na pintura do paisagismo
amazônico está voltada para o olhar sobre o local de origem, o espaço cotidiano e a
reprodução de imagens e representações de Amazônia impressa pelas mídias no cenário
local, nacional e internacional. Imagens e representações da Amazônia a partir do El
dourado48
:
É uma lenda com origem espanhola que se iniciou mais ou menos nos
anos de 1530 com a história de um cacique ou sacerdote de povos
indígenas do continente da América do Sul que se cobriam com pó de
ouro e mergulhava em um lago dos Andes. Inicialmente um homem
dourado, índio dourado, ou rei dourado, depois, foi fantasiado como um
lugar, o reino ou cidade desse chefe lendário, riquíssimo em ouro. Diziam
que os artistas do lugar trabalhavam em peças de ouro. Sedentos por mais
ouro, os conquistadores fizeram o mito migrar para outros lugares da
América do Sul, inclusive, para a Amazônia. Cuja lenda se fundiu e/ou se
completou com a lenda das “Amazonas”, as mulheres guerreiras da cidade
encantada na região Amazônica - cidade rica em ouro, pedras preciosas e
recursos naturais, segundo a lenda.(Em busca do El Dorado, 18 jul. 2011)
i
47
Site: http://amaplastamapa.blogspot.com/2012/09/dekko.html.
48
El Dorado (do castelhano El Dorado, "O Dourado").
69
No paisagismo amazônico presente neste estudo sobre o paisagismo amazônico
amapaense, além de refletir o mito do eldorado também, expressa a Amazônia num
paisagismo de Amazônia como lugar fantástico e fantasmagórico, em cujos ideais exclui a
presença humana na região e/ou, coloca em posição de pouca importância. Ou mesmo, de
importância secundária.
Assim, para esse tipo de representação de natureza, e, portanto, espaço amazônico
expresso nas pinturas desses artistas observamos aqui os dizeres de Mariana Bernd, ao se
referir sobre o paisagismo amazônico ela diz que tanto a paisagem amazônica influencia na
vida social das pessoas. Como a paisagem ideia abstrata e imaginada, também, possui uma
carga significativa capaz de impactar o mundo físico do qual faz parte. A autora faz essa
referência quando diz:
“A construção do imaginário sobre a paisagem amazônica não se deve
apenas, a representação e distribuição das imagens que a representam
[através das pinturas de artistas e das reproduções imagéticas sobre a
região presentes nas diversas mídias dentro e fora da Amazônia - grifo do
autor]. Descrições verbais sobre a visão edênica da floresta e seus
elementos exóticos são encontrados nos relatos dos viajantes europeus que
visitaram a região amazônica desde a época da colonização”. (BERND,
Mariana, 2011).
Neste sentido, podemos dizer que o paisagismo amazônico presente nas artes
plásticas dos estados da região amazônica, representa, e é a representação de Amazônia em
todas as formas de representação imagética, discursiva, simbólica midiática e
autoreferenciada sobre a Amazônia principalmente, quando o todo exclui o particular.
Como se as imagens e representações de Amazônia fosse única para todos os lugares e
lugarejos, sem diversidades. E, no caso da arte amapaense essas representações do mito de
Amazônia, ou seja, o ideal de Amazônia construída no imaginário social e reproduzida
através da arte se faz bem presentes.
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O estudo traz uma reflexão sobre a importância da escola de arte Cândido Portinari
na formação de muitos artistas amapaenses, sejam eles nascidos aqui ou não. Expressa
70
também, o início da história da referida escola, quando começou com o interesse do artista
Raimundo Braga de Almeida em repassar para os jovens seus conhecimentos de artes
plásticas na área da pintura que o mesmo dominava, utilizando métodos de ensino que
consistiam em práticas de pintura direto nas telas.
O estudo também se propõe apresentar as minhas vivências iniciais no campo da
arte, relacionando minha trajetória artística com a trajetória da História da Escola de Arte
Cândido Portinari, na qual eu ingressei para trabalhar como auxiliar de serviços gerais me
tornei aluno da escola, fiz minha formação de artista plástico, comecei trabalhar como
artista plástico. Consecutivamente, a escola contribuiu para o meu ingresso no curso de
licenciatura em artes visuais da universidade federal do Amapá.
Hoje, ainda desempenho atividades de auxiliar no Centro de Educação
Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari, contratado pelo caixa escolar, e, ao
concluir o curso de licenciatura em Artes Visuais, tenho oportunidade de perceber o quanto
a escola objeto deste estudo foi importante não apenas para o estado do Amapá, mas,
também para a formação de muitos artistas plásticos como eu. Assim sendo, podemos dizer
que a origem e o desenvolvimento histórico da escola de arte para a sociedade amapaense
estão de acordo com o que Ana Mae Barbosa afirma: “Precisamos levar a arte que hoje está
circunscrita a um mundo socialmente limitado a se expandir, tornando-se patrimônio da
maioria e elevando o nível de qualidade de vida da população. (BARBOSA, 1991, p.6)”.
Outra questão importante deste estudo é apresentar a mudanças na estrutura da
Escola de Arte Cândido Portinari para Centro de Educação Profissional em Artes Visuais,
depois de mudanças físicas e administrativas e pedagógicas no ensino de arte enquanto
formação de artista, mesmo sabendo que, “as organizações continuam a priorizar os
interesses de uma sociedade capitalista, privilegiando algumas disciplinas (CURTIS, Rita
de Cássia. 2013, p.19 - 20)49
”.
Ainda assim, a escola vem tentando manter seu espaço e suas ações enquanto ensino
de arte seguindo as normas curriculares que lhes são impostas, procurando montar um
quadro de docentes em artes mais preparados, que detenham mais conhecimentos e
capacitação. Para que, como instituição de ensino artístico venha influenciar seus discentes
não apenas ao conhecimento artístico, mas, também na formação da cidadania. Haja vista
que o aluno é estimulado às práticas de sociabilidade e construção de valores éticos.
49
Site: http://nuted.ufrgs.br/oa/pi/html/arte_educativo.html.
71
Observando-se também, que as práticas de ensino artístico desenvolvidas pela escola
Cândido Portinari no Amapá estão de acordo com as considerações de Ana Mae Barbosa
que diz:
Como a matemática, a história e as ciências, a arte tem domínio, uma
linguagem e uma história. Constitui-se, portanto, num campo de estudos
específicos e não apenas em meia atividade [...] A arte-educação é
epistemologia da arte e, portanto, é a investigação dos modos como se
aprende arte na escola de 1° grau, 2° grau, na universidade e na
intimidade dos ateliers. Talvez seja necessário para vencer o preconceito,
sacrificarmos a própria expressão arte-educação que serviu para
identificar uma posição e vanguarda do ensino da arte contra o oficialismo
da educação artística dos anos setenta e oitenta. Eliminemos a designação
arte-educação e passemos a falar diretamente de ensino da arte e
aprendizagem da arte sem eufemismos, ensino que tem de ser
conceitualmente revisto na escola fundamental, nas universidades, nas
escolas profissionalizantes, nos museus, nos centros culturais a ser
previsto nos projetos de politécnica que se anunciam. (BARBOSA, 1991,
p.6 -7).
Posso afirmar que, o período em que convivi com os artistas professores e
também, no processo desta pesquisa, as experiências me possibilitaram um novo olhar,
mais crítico, a respeito das atividades artísticas desenvolvidas no estado. Levando-me a crer
que esta pesquisa por apresentar dados quantitativos e qualitativos será de considerável
importância para o ensino de arte amapaense.
72
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ana Mae. - A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo, SP: Perspectiva, 1991.
BARBOSA, Ana Mae. Arte/educação contemporânea. Consonâncias Internacionais. -
São Paulo: Cortez, 2005.
BERND, Mariana. Pintura de Paisagem Amazônica e a Construção do Imaginário
Popular da Cultura. [catálogo USP], São Paulo, 2011.
CEPAV – Cândido Portinari. Projeto Político e Pedagógico. Governo do Estado do
Amapá Secretaria de Estado da Educação, Macapá – AP, 2012.
CEPAV – Cândido Portinari. Histórico da escola de arte Cândido Portinari.
Coordenação Pedagógica, Macapá – AP, 2019.
CURTIS, Rita de Cássia. A importância da arte-educação na formação do cidadão.
Barretos. 2013, p.19 – 20.
Diário Oficial (Território Federal do Amapá). Nomeação de Raimundo Braga de
Almeida para o Cargo de diretor da escola de arte e pintura Cândido Portinari: Ano
VIII. Números 1.699 – Macapá, 5.ª e 6ª. - feiras 28/29 de jun. 1973.
Diário Oficial. Transforma a escola de artes Cândido Portinari em Centro de Ensino
Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari. Lei nº. 1189, de 22 de fev. 2008. DOE.
4197, 26 de fev. 2008. p. 32.
DIAS, Ronne Franklin. Perspectivas de um ensino de arte como crítica cultural em
busca da valorização de visualidades locais. In: Acta 2017 –SeminárioCulturaVisual –
Uruguay, p. 788 - 792.
Em busca do Eldorado. Disponível em:
<https://contosassombrosos.blogspot.com/2011/07/em-busca-do-eldorado.html>.Acesso
em: 15 ago. 2019.
GLOBO ESPORTE.COM. Obras de artista amapaense ilustram estádio Mané
Garrincha, no DF. MACAPÁ-AP, 2013. Atualizado em 12/08/2013 19h02. Disponível
em: <http://globoesporte.globo.com/ap/noticia/2013/08/obras-de-artista-amapaense-
ilustram-estadio-mane-garrincha-no-df.html>. Acesso em: 14. Jul 2019.
G1 AP. Com cinco anos em obra, novo prazo para entrega de escola de artes do AP é
para janeiro de 2019. Por Rita Torrinha, G1 AP — Macapá03/12/2018 09h13. Disponível
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G1 AP.Feira de Natal reúne 90 artesãos dos 16 municípios do Amapá. Por
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16-municipios-do-amapa.html. Acessado em: 25 jan. 2019.
IMAZÔNIA. Grupo de Poéticas Visuais da Amazônia -. Disponível em:
<https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/about/?ref=page_internal>. Acesso em: 27
jun. 2019.
JUSTINIANO,Célia Joaquim. A Eficácia da Arte no Ensino Aprendizagem. Portal da
Educação s/n. Disponível em:
<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/conteudo/a/21118. Acesso em: 20.
Jun. 2019>.
73
PINTURA de paisagem. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.
São Paulo: Itaú Cultural, 2019.Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo363/pintura-de-paisagem. Acesso em: 05 de
out.2019. Verbete da Enciclopédia.
REY, Sandra. Da prática à teoria: três instâncias metodológicas sobre a pesquisa
emartes visuais. Porto Arte. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais-
UFRGS, n.13, v.7, 1996.
REY, Sandra.Por uma abordagem metodológica da pesquisa em artes. 2013
Disponívelem:<http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/CENA/DOC/DOC000000000046610.PD
F>. Acesso em: 20 mai. 2018.
SALGADO, Ivone; SOUZA, Rodrigo; RETRATO E PAISAGEM: dos primórdios das
artes visuais à concepção das fotografias brasileiras na segunda metade do século
XIX, 4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO
E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016.
VIANA, Nildo. A Formação da Esfera Artística. Artigo 2013, p. 2. Disponível em:
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A importância da Escola de Arte Cândido Portinari na formação do artista no paisagismo amazônico

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS ISAIAS FARIAS DE BRITO A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI NA FORMAÇÃO DO ARTISTA NO PAISAGISMO AMAZÔNICO. MACAPÁ-AP 2020
  • 2. ISAIAS FARIAS DE BRITO A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI NA FORMAÇÃO DO ARTISTA NO PAISAGISMO AMAZÔNICO. Trabalho de Conclusão de curso apresentado a Universidade Federal do Amapá, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Artes Visuais, sob orientação da artista e professora mestre: Claudete Nascimento Machado. MACAPÁ-AP 2020
  • 3. A minha amada mãe Eliana Farias, que sempre teve o sonho em ter um de seus filhos com formação de professor. E a meu amado pai Isaac Tomaz de Brito, que em vida sempre me aconselhou a nunca desistir de estudar. À memória da professora Maria de Fátima Garcia dos Santos.
  • 4. AGRADECIMENTOS À Deus causa primária de todas as coisas, inteligência e amor supremo, luz das nossas vidas, que nos presenteou com a existência cheia de desafios e aprendizados, objetivando a nossa evolução intelectual e moral; À artista e professora mestre Claudete Nascimento Machado, que gentilmente aceitou a orientação deste trabalho; Aos professores do colegiado de Artes Visuais, que fizeram parte da minha formação acadêmica, contribuindo para a finalização desta etapa em minha vida; Aos artistas, professores e demais funcionários da escola de Arte Candido Portinari(hoje Centro de Educação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari), os que estão na instituição e os que passaram por ela, que ajudaram na construção desta pesquisa; E a todos os meus amigos que contribuíram direta e indiretamente na elaboração deste trabalho.
  • 5. RESUMO O estudo tem como objetivo analisar a contribuição da Escola de Arte Cândido Portinari na formação do artista amapaense no paisagismo amazônico e na minha formação em artes plásticas. Destacando as técnicas empregadas no processo do fazer e aprender artístico, no período de 2002 a 2018. O tema apresenta importante relevância para a sociedade amapaense, pois, a criação da instituição é um acontecimento importante na história local, que proporcionou a possibilidade de reunir obras e artistas que já existiam e estavam surgindo naquela época, contribuindo e influenciando a cultura artística do estado. Por essa escola passaram importantes docentes artistas, que muito contribuíram com transmissão de conhecimentos empíricos, artísticos e técnicos a seus alunos, que hoje buscam formar novos artistas e representar a arte do estado. Palavras-chave: Escola de Arte Cândido Portinari. Ensino Artístico. Paisagismo Amazônico. Arte Amapaense.
  • 6. ABSTRACT The study aims to analyze the contribution of the Cândido Portinari School of Art in the formation of Amapaense artist in the Amazonian landscape and in my training in fine arts. Highlighting the techniques used in the process of making and learning artistic, from 2002 to 2018. The theme has important relevance for the society of Amapa, because the creation of the institution is an important event in local history, which provided the possibility of bringing together works and artists that already existed and were emerging at that time, contributing and influencing the state's artistic culture. This school passed by important teaching teachers, who greatly contributed to the transmission of empirical, artistic and technical knowledge to their students, who today seek to train new artists and represent the art of the state. Keywords: Cândido Portinari Art School. Artistic teaching.Amazonian landscaping.Amapaense art.
  • 7. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Antiga E. Industrial de Macapá .......................................................... 15 Figura 2 - E. E. Antônio C. Pontes...................................................................... 15 Figura 3 - R. Peixe pintando............................................................................... 16 Figura 4- Prédio original da Escola..................................................................... 17 Figura 5- Primeira reforma do prédio fixo da escola. .......................................... 20 Figura 6- Atual reforma da escola....................................................................... 20 Figura 7- Primeira sede provisória/ Alugada....................................................... 21 Figura 8- Segunda sede provisória/ Alugada....................................................... 21 Figura 9 - Autor da pesquisa exercendo.............................................................. 26 Figura 10- Mostra Pedagógica/Abertura, 2005.................................................... 27 Figura 11- Autor da pesquisa como aluno no curso de pintura I.......................... 27 Figura 12 - Aluno Isaias Brito ............................................................................ 27 Figura 13- Aluno no curso de pintura II.............................................................. 29 Figura 14- Obra: Pirarucu. Artista Isaias Brito, 2012. ......................................... 29 Figura 15- Onça Pintada (escultura). Artista Isaias Brito, 2014........................... 30 Figura 16- Artista Isaias Brito pintado tela. ........................................................ 30 Figura 17- Urna funerária indígena..................................................................... 32 Figura 18 - Prof. de pintura Josué em atividade nas escolas................................ 33 Figura 19- Aula de escultura: Professor Grimualdo ............................................ 33 Figura 20 - Aula de escultura: Professor Trokkal................................................ 34 Figura 21 - Profª. Judite Lima finalizando trabalho com aluna............................ 34 Figura 22- Obra do artista Ralfe Braga ............................................................... 36 Figura 23- Ralfe Braga em estádio Mané Garrincha, no DF, 2013. ..................... 36 Figura 24- Decorando estádio Mané Garrincha, 2013. ........................................ 37 Figura 25- Exposição de caricatura em cartaz..................................................... 37 Figura 26- Exposição de Cartonagem em cartaz ................................................. 38 Figura 27- Vernissage local em cartaz ................................................................ 38 Figura 28- Exposição internacional em cartaz..................................................... 39 Figura 29- Exposição em Paris/cartaz................................................................. 40
  • 8. Figura 30- Exposição em Portugal/cartaz............................................................ 40 Figura 31- Exposição no Rio de Janeiro/cartaz ................................................... 41 Figura 32- Exposição em Macapá. SESC/AP/cartaz ........................................... 41 Figura 33- Artista Abimael em exposição........................................................... 42 Figura 34-Pássaros da Amazônia........................................................................ 43 Figura 35- Obra Mãe Velha................................................................................ 43 Figura 36-Lembrança XVIII- Os defumadores de lata ........................................ 44 Figura 37- Série Des-Amores (VI)...................................................................... 44 Figura 38- Série Lolis (IV) ................................................................................. 45 Figura 39- Exposição Demarcações.................................................................... 47 Figura 40- Convite de exposição ........................................................................ 47 Figura 41- Obras em exposição .......................................................................... 48 Figura 42- Cartaz de apresentação da exposição "Fragmentos da Amazônia"...... 49 Figura 43- Convite da exposição " Identidade Imazônida".................................. 50 Figura 44- Grupo Imazônia e representantes do colegiado de Artes Visuais.........50 Figura 45 - Equilíbrio natural ............................................................................. 52 Figura 46- Bela face........................................................................................... 53 Figura 47- Homenagem ao Divino Espírito santo ............................................... 53 Figura 48- Alimento........................................................................................... 54 Figura 49- Elementos amazônicos no espaço sideral........................................... 54 Figura 50- Cabocla Herondina............................................................................ 55 Figura 51- Retrato de R. Peixe............................................................................ 55 Figura 52- Paisagem de Mário de Souza............................................................. 56 Figura 53 - Padroeiro de Macapá........................................................................ 56 Figura 54- Estudo de figura (in)humana ............................................................. 57 Figura 55- Fotografia do artista comercializando obras....................................... 57 Figura 56- Identidade indígena........................................................................... 58 Figura 57- Raiz .................................................................................................. 58 Figura 58- Reconstrução e Ampliação do Mercado Central de Macapá, em 1946 59 Figura 59- Paisagem de R. Peixe ........................................................................ 63 Figura 60- Paisagem de Ivam Amanajás............................................................. 63 Figura 61- Revoada no Bailique ......................................................................... 64 Figura 62- Paisagem de J. Sales.......................................................................... 65 Figura 63- Paisagem de Josué Rodrigues (Jorron)............................................... 65
  • 9. Figura 64- Paisagem de Judite Lima................................................................... 66 Figura 65- Paisagem de José Bonifácio .............................................................. 66 Figura 66- Paisagem de Célio Sousa – Meus guarás, 2010.................................. 67 Figura 67- Paisagem de Luiz Porto – Riacho, 2012............................................. 67 Figura 68 - Paisagem de Dekko. Revoadas de Guarás......................................... 68
  • 10. LISTA DE SIGLAS CEPAV – CP Centro de Educação Profissional em Artes Visuais – Cândido Portinari EACP Escola de Arte Cândido Portinari ENEMExame Nacional do Ensino Médio FUNDECAP FundaçãoEstadual de Cultura do Estado do Amapá SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SEED Secretaria de Estado da Educação do Amapá SEINF Secretaria de Estado de Infraestrutura UNIFAP Universidade Federal do Amapá UFPA Universidade Federal do Pará
  • 11. SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12 2 - CRIAÇÃO DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI...............................14 2.1- A ESCOLAARTE CÂNDIDO PORTINARI EM SEU PRÉDIO .............................. 17 2.2- A ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA SAI DA ÁREA DA CULTURA (FUNDECAP) E VAI PARA A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO – SEED............................................. 18 2.3- A ESCOLA É AFETADA NO CONTEXTO CULTURAL E EDUCACIONAL.......19 2.4 - A ESCOLA DE ARTE É TRANSFORMADA EM CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM ARTES VISUAIS. ........................................................................ 22 3 - A FORMAÇÃO DO ARTISTA AMAPAENSE ENGRESSO DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI ................................................................................... 23 4 - MEU INGRESSO NA ESCOLA COMO FUNCIONÁRIO DA LIMPEZA E MINHA FORMAÇÃO DE ARTISTA PLÁSTICO...................................................... 25 5 - FORMAÇÃO DE OUTROS ARTISTAS AMAPAENSES..................................... 35 6 - INFLUÊNCIAS DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI PARA A PINTURA DO PAISAGISMO AMAZÔNICO ............................................................ 59 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 69 REFERÊNCIAS............................................................................................................. 72
  • 12. 12 1 - INTRODUÇÃO A pesquisa tem como objetivo estudar as contribuições da escola de arte Cândido Portinari para o cenário artístico amapaense e, ao mesmo tempo, dar enfoque ao meu processo artístico, ou seja, minha formação artística como egresso da escola e, portanto, apresentar a história de minha formação artística como forma de falar da importância da Escola de Arte Cândido Portinari para a sociedade amapaense, falando de minhas vivências com as artes plásticas, observando que, antes de ingressar na Escola de Arte Cândido Portinari eu não havia tido nenhum conhecimento ou mesmo, a menor aproximação com as artes plásticas ou visuais. O primeiro contato que eu tive com a arte foi quando fui trabalhar na escola como auxiliar de serviços gerais. A partir daí, todas as referências, processos educativos em arte e vivências artísticas que tive foram através da referida escola, que contribuiu inclusive, para minha entrada na universidade para cursar licenciatura em artes visuais. Levando-se em consideração que a Escola de Arte Cândido Portinari é a única escola gratuita voltada para o ensino técnico de arte no estado. E, levando-se em consideração que a escola foi construída para aglutinar artistas autodidatas1 do Amapá, nos anos 70, do século passado e também, contribuir com a formação de outros artistas. Este é um dos principais motivos para analisar suas contribuições para a formação do artista amapaense. Assim sendo, para iniciar os estudos sobre a escola é importante mencionar sua localização, que atualmente, com prédio provisório está localizada na cidade de Macapá, na Avenida Cônego Domingos Maltês nº 1976, no bairro Buritizal, desde o ano de 2014. Haja vista que o prédio fixo onde funcionava a escola está passando por reformas desde o ano de 2009, situado na Avenida Cândido Mendes s/n, onde a escola atende a um público alvo que a princípio, antes das mudanças ocorridas no projeto político pedagógico visava atender à sociedade em geral, adulta e crianças que almejam conhecimentos de artes plásticas oferecidos nos cursos. Como o meu caso, que tive o privilégio de receber ensinamentos técnicos oferecidos na escola, como: desenho, pintura e escultura. Ou seja, as aulas de arte me propiciaram técnicas formativas variadas da arte, como: xilogravura, pirogravura e outras. Meu objetivo com esta pesquisa é apresentar contribuições à História da Arte amapaense e à educação, tendo como público-alvo professores, alunos de artes visuais, 1 Autodidata é um adjetivo e substantivo de dois gêneros, utilizado para designar uma pessoa que tem a capacidade de aprender algo por conta própria, sem o auxílio de um professor ou mentor. www.significados.com.br/autodidata/.
  • 13. 13 artistas e a sociedade em geral que venham a se interessar pela História da Escola de Arte Cândido Portinari e também, pela História das Artes Plásticas amapaense. Pretendo contribuir com artistas, professores, alunos, pesquisadores e à sociedade em geral, interessados sobre a influência da Escola de Arte Cândido Portinari na formação do artista amapaense que trabalha com o paisagismo amazônico. Primeiramente, através deste estudo é necessário enfatizar questões de pouco incentivo à arte e seu estudo, como também, questões administrativas e governamentais, que corroboraram para as mudanças de locais de funcionamento da escola nos últimos anos, afetando de alguma forma o processo pedagógico e administrativo da escola, desde sua saída em 2009, do prédio próprio com necessidades de reforma, indo para o prédio na av. Acelino de Leão nº 926, no bairro do trem, zona sul de Macapá até 2014 (G1. 2014). Por inadimplência do governo do estado, a escola corria o risco de ser despejada, sendo necessário algumas ações administrativas para encontrar outro prédio que tivesse um custo mais acessível para o governo manter a escola. Encontrado o prédio mais acessível financeiramente, para manter a escola, a mesma continua funcionando até os dias de hoje num prédio provisório. Partindo do objetivo geral desta pesquisa, que é entender qual a contribuição da Escola de Arte Candido Portinari na formação do artista no paisagismo amazônico amapaense, esta pesquisa foi estruturada de acordo com os seguintes objetivos específicos, os quais. Podemos citar: - Observar como se deu a idealização e a necessidade de construção da escola; - Perceber a contribuição da referida escola técnica na formação do artista amapaense, em cujo estudo de caso, eu, autor da pesquisa, ex-aluno da escola de Arte Cândido Portinari e atual funcionário da mesma estou inserido no processo. Haja vista que, como já mencionei, sou artista amapaense que tive minha primeira formação como artista na escola pesquisada. - Citaras contribuições da escola na formação do artista amapaense; - Identificar a influência da escola na arte amapaense enquanto paisagismo amazônico. Assim sendo, foi utilizada a metodologia de estudo de caso com coleta de dados bibliográficos em jornais, folders, relatórios de pesquisa, além de entrevistas e relatos de minhas vivências pessoais. No primeiro momento foram usadas fontes secundárias como: jornais, artigos pesquisados e entrevistas postadas na internet e, no segundo momento foram utilizadas fontes primárias que são pesquisas diretas com pessoas entrevistadas e, relatos de minhas próprias vivências. Nesta linha de investigação foram interrogadas
  • 14. 14 pessoas como: diretores e ex-diretores, professores e ex-professores, alunos e ex-alunos, artistas e funcionários em geral, atualmente ligados ou desligados da escola em estudo. Todas as informações foram registradas em questionários e anotações, bem como, documentos adquiridos junto aos departamentos da escola e, todo o material coletado foi analisado e agrupado de forma sistemática. No processo da sistematização dos dados trabalhamos as análises comparativas dos dados e também, as análises críticas. Assim, a análise dos dados foi realizada tanto no processo da sistematização e relatório das pesquisas coletadas, quanto no final do processo de estudo. Na conclusão do trabalho, apresento uma contribuição da pesquisa para o desenvolvimento do ensino de Artes Visuais no Estado do Amapá, apontando que, estudos como este são necessários para a compreensão da arte amapaense. 2 - CRIAÇÃO DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI A Escola de Artes Cândido Portinari teve o início de sua história na cidade de Macapá em 1963, tendo como idealizador o artista plástico Raimundo Braga de Almeida, mais conhecido pelo seu nome artístico de R. Peixe, que tinha interesse em repassar para os jovens um pouco de seu conhecimento das artes plásticas na qual dominava a área da pintura e, observando alguns jovens estudantes com possibilidades artísticas, que na época se chamava de dom e/ou sensibilidade para as artes, fez com que Raimundo Braga de Almeida, R. Peixe decidisse lutar com o sistema governamental e administrativo do Extinto Território Federal do Amapá para criar o curso gratuito de pintura no Ginásio de Macapá, que depois passou a ser chamada de Escola Industrial de Macapá, seguidamente Escola Integrada de Macapá, e hoje é conhecida como Escola Estadual Antônio Cordeiro Pontes. (Carla Marinho – Artes Visuais, 2019)2 . 2 Informações coletadas no documento de biografia da escola, na Coordenação Pedagógica. Site de acesso das informações a cima: http://carlamarinhoartes.blogspot.com/2013/11/descaso-com-o-centro-de-educacao.html.
  • 15. 15 Figura 1 - Antiga E. Industrial de Macapá Fonte: Selesnafes.com3 Figura 2 - E. E. Antônio C. Pontes Fonte: Selesnafes.com4 Com muita dificuldade R. Peixe organizou a escola através do planejamento e organização do ambiente, ajudando assim, na administração do curso e na aquisição de materiais fundamentais para o início dos trabalhos, como: cavaletes, pincéis, cadeiras e outros. Nesse período teve como importante apoiadora a professora de língua portuguesa Elza Brandão. Isso pode ser mais bem esclarecido no seguinte relato: O comandante Lisboa Freire, governador do território na época, observando o interesse que o jovem professor e artista tinha com a cultura, através da secretaria de educação Maria Elza de Melo, determina a criação da e Escola de arte; mediante autorização do governador; Raimundo Peixe elabora um projeto propondo o nome PABLO PICASSO para a escola de arte, vetado pelo governo, que tempos depois optou-se pelo nome 3 Site:https://selesnafes.com/2018/03/tradicionais-escolas-da-av-fab-estao-fechadas-para-reforma/. 4 Site:https://selesnafes.com/2018/03/tradicionais-escolas-da-av-fab-estao-fechadas-para-reforma/.
  • 16. 16 CÂNDIDO PORTINARI, aprovado por unanimidade. (CEPAV - Cândido Portinari, CORDENAÇÃO PEDAGOGICA, 2019). “Como o Amapá não tinha um artista de referência para ser homenageado com o nome da escola” (discurso de pessoas entrevistadas e também, discurso presente nos documentos sobre a escola). Então, foi sugerido por R. Peixe o nome do artista Pablo Picasso, porém, logo a sugestão foi vetada, até hoje não se sabe ao certo o motivo dessa decisão, mas, segundo relatos de pessoas da época, o primeiro argumento foi o do nome “Picasso”, que devido à falta de conhecimento por parte da população em não saber quem era o artista, e porque, também, as pessoas consideravam o nome Picasso pejorativo, embasado a um preconceito. O segundo argumento está ligado ao fato de que Picasso não era artista brasileiro, e as autoridades preferiam o nome de um artista nacional. Então, o nome do artista Cândido Portinari foi sugerido e logo aceito. Em 24 de julho de 1973, a escola é inaugurada, às 10h00min h, através do decreto nº 021/73-GAB, com a presença das seguintes pessoas relacionadas: prof. José Figueiredo de Souza (Savino), prof. Geraldo Magela, profª. Elza Brandão, profª. Nina (escultora), Fontenele Ribeiro, profª. Irenilda Almeida de Mira e o jornalista Wilson Pontes de Sena, funcionando provisoriamente nas dependências do grupo escolar Barão do Rio Branco, sendo o seu primeiro diretor RAIMUNDO BRAGA DE ALMEIDA (R. Peixe), em reconhecimento aos seus esforços e dedicação em prol da arte (CEPAV - Cândido Portinari. BIOGRAFIA DA ESCOLA, Coordenação Pedagógica,2019). Figura 3 - R. Peixe (idealizador da escola) pintando. Fonte: arteamazon.com/20175 5 Site: https://arteamazon.com/blog/2017/06/04/r-peixe-uma-vida-dedicada-a-arte-de-pintar/.
  • 17. 17 É importante salientar que a escola não possuindo prédio próprio funcionava em lugares reduzidos e em constantes mudanças de lugares, como: uma das salas da Escola Barão do Rio Branco, na antiga Olaria Territorial. Em uma casa da Avenida FAB esquina com a Rua Leopoldo Machado, no Departamento de Ação Complementar, no cine Territorial e na casa do senhor Heitor Picanço, atual FUNDECAP. 2.1 - A ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI EM SEU PRÉDIO PRÓPRIO: Somente em 1983, atendendo aspirações de professores e alunos a escola ganhou local próprio capaz de atender a demanda educacional, no prédio localizado na Rua Cândido Mendes esquina com Raimundo Álvares da Costa s/n, no bairro central. (Tribuna Amapaense, 2014). Ou seja, prédio original construído para fins de abrigar a escola com endereço fixo, o qual se encontra em reforma. Figura 4- Prédio original da Escola Fonte: Centro Portinari – wordpress.com6 No referido prédio, quando a escola surgiu, de acordo com o projeto político pedagógico da época, eram ministrados cursos livres de pintura, escultura e desenho artístico; oficinas de iniciação artística e oficinas livres de pintura em telas oferecidos à comunidade. E concomitantemente com os cursos práticos tinham aulas de História da 6 Site: https://centroportinari.wordpress.com/sobre/.
  • 18. 18 Arte, onde os alunos recebiam orientação inicial para compreender a História da Arte, com objetivo de levar ao aluno conteúdos contextualizados sobre o fazer artístico, familiarizando o aluno com obras de artistas de renome internacional, nacional, sobre a estética e períodos históricos, artísticos e estilos de época e suas características. As condições para ingressar na escola para fazer os cursos livres de desenho, pintura e escultura eram exigidos no ato da inscrição. Ou seja, por ordem de chegada requerendo os seguintes documentos do aluno: comprovante de idade de no mínimo 12 anos, o comprovante de escolaridade de estar cursando no mínimo a 6ª série, 1 (uma) fotografia 3x4 e 1 (um) classificador com elástico para guardar os referidos documentos. Na oportunidade foram criadas as oficinas de Iniciação Artística, que tinham o objetivo de atender crianças com idade entre 09 a 12 anos de idade e visava uma educação artística e estética. O ingresso dessas crianças na escola era de forma direta sem pré-requisito escolar e por ordem de chegada até preencherem as vagas, bastava no ato da matrícula apresentar: 1 (uma) fotografia 3x4, um classificador com elástico e a xérox da certidão de nascimento. As oficinas livres, de: pintura em tela, escultura e desenho anatômico tinham a estrutura e funcionamento para atender adolescentes e adultos, com carga horária de 60 horas aulas semestrais. 2.2- A ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA SAI DA ÁREA DA CULTURA (FUNDECAP) E VAI PARA A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO – SEED: Segundo o relato de Cristina Barbosa Desde sua criação a Escola de Arte Cândido Portinari esteve vinculada à Fundação Estadual de Cultura do Amapá. E, vale ressaltar que este vínculo durou até o ano de 2000, quando do DECRETO nº 1874 de 08 de junho de 2000, da então Governadora Maria Dalva de Souza Figueiredo, quando remanejou a escola para a administração da Secretaria de Educação e Cultura. Ainda segundo Cristina Barbosa de Mendonça, ex-diretora da escola no período citado, a instituição anteriormente pertencia a um órgão vinculado ao segmento cultural, oferecendo cursos livres e básicos de artes plásticas. Os alunos passavam no mínimo seis anos frequentando a escola, e quando terminavam recebiam somente uma “declaração” comprovando seus estudos, documento que não lhes dava quase ou nenhuma validade no mercado profissional. Por esse motivo a administração da escola começou a articular maneiras de como mudar essa realidade, procurando junto à secretaria de educação as devidas soluções, porém, a SEED argumentava que o governo não tinha um programa de educação
  • 19. 19 profissional, que faz parte do Governo Federal. Então, para solucionar a questão, o governo do estado teve que criar um setor dentro da SEED para administrar esse programa de educação. Os profissionais da escola, entre: administração, setor técnico e professores tiveram que adequar todas as matrizes curriculares da escola de acordo com matrizes de cursos profissionalizantes em artes visuais reconhecidos pelo MEC. Depois de realizado esse processo, tiveram que submetê-lo ao conselho de educação para ser avaliado, e, posteriormente, aprovado. A partir desse momento se iniciou um novo ciclo na escola Cândido Portinari. Agora, como Centro de Educação Profissional. 2.3- AESCOLA É AFETADA NO CONTEXTO CULTURAL E EDUCACIONAL DO ESTADO: A falta de investimento e as constantes mudanças do espaço físico de funcionamento da escola prejudicaram o desenvolvimento da mesma, dizem os professores, ex-professores, alunos e ex-alunos. Pois, apesar da Escola Cândido Portinari fazer parte da estrutura administrativa e cultural do estado, nos últimos anos passou por muitos problemas para continuar funcionando. Um dos problemas mais sérios foi à falta de apoio governamental, pois, a falta de uma clareza na política cultural do estado, fez com que a escola começasse a ser administrada pela secretaria de educação. No entanto, a falta de clareza sobre o funcionamento da escola na estrutura administrativa da educação do estado, resultou em cortes de recursos para a escola e, sem recursos destinados à educação em arte, a escola encontrou uma série de dificuldades para funcionamento enquanto escola de arte. Passou a funcionar com recursos vindos da secretaria de educação e cultura. Porém, com muitas limitações. A falta de investimento passou a ser constante, principalmente, para os serviços de manutenção que o prédio precisava, como: reparos hidráulicos; elétricos; climatização; limpeza do terreno; jardinagem; recursos para a merenda escolar e materiais de apoio para os alunos e professores. As más condições do prédio foram se agravando a cada dia e foi ficando cada vez mais difícil exercer qualquer função a nível escolar, assim relatam os professores e artistas que trabalhavam e os que ainda trabalham na escola. Agravamento que proporcionou sua interdição. Pois, em 2011 a escola foi interditada pela Defesa Civil(G1, 2013)7 . 7 - https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2018/12/03/com-cinco-anos-em-obra-novo-prazo-para-entrega-de- escola-de-artes-do-ap-e-para-janeiro-de-2019.ghtml
  • 20. 20 Apresentava problemas de infiltração de água em sua estrutura, principalmente, em seu telhado, que começou a comprometer o sistema elétrico e hidráulico, causando perdas de documentos e obras de artes, de artistas e alunos. Tendo que mudar para prédios alternativos, que ocorreram duas vezes seguidas. A escola entrou em reforma no ano de 2009, alguns anos depois, a obra parou e permaneceu inacabada. Somente no ano de 2013 os trabalhos foram retomados. Os anos foram se passando e a reforma do prédio original ainda não foi concluída. Um dos últimos prazos para a entrega do prédio fixo da escola de arte do Amapá foi para janeiro de 2019, segundo a SEINF. Hoje, as obras da Escola Cândido Portinari estão com noventa por cento concluídas. (G1. Amapá, 24 de jun.2019)8 , mas, sem prazo para ser concluída. Figura 5- Primeira reforma do prédio fixo da escola Foto: Cássio Albuquerque/Arquivo G1 K Figura 6- Atual reforma da escola Foto: Fabiana Figueiredo/G1 8 - Op Cit.
  • 21. 21 Com a interdição da escola, as atividades foram transferidas para o prédio localizado na Av. Acelino de Leão nº 926, no bairro do trem. Cujo prédio, apesar de possuir boa estrutura, não era local projetado para funcionar uma escola de artes, pois, seus alojamentos eram adaptados para atividades voltadas a funções de escritório, salas comerciais e/ou clínicas médicas. Além disso, no prédio também funcionava uma escola de dança - Agesandro Rêgo - que funcionava no andar superior e tinha sua secretaria e recepção em uma das salas primeiras do andar térreo. Figura 7- Primeira sede provisória/ Alugada Foto: Dyepeson Martins G1 Figura 8- Segunda sede provisória/ Alugada Foto: Cassio Albuquerque/Arquivo G1
  • 22. 22 Hoje a escola funciona no prédio, na Avenida Cônego Domingos Maltês nº 1976, no bairro Buritizal, desde o ano de 2014. Com estrutura administrativa mantida pelo Governo do Estado do Amapá, como: corpo docente composto por profissionais concursados em áreas específicas que atendem às necessidades da escola, muitos com nível superior completo ou em fase de conclusão, além de coordenadores pedagógicos e funcionários de apoio. O prédio da escola funciona provisoriamente no espaço de acordo com a figura (08), um espaço adaptado de um prédio de três (03) andares sem pátio, sem cobertura ou espaço para serem realizadas atividades externas. As salas não são amplas, porém climatizadas. De acordo com professores e alguns alunos são salas convencionais para a educação de ensino regular e não apropriadas para o ensino de artes que a escola se propõe, necessitando de salas mais próximas de “laboratórios artísticos”. Mas, possui bastante cadeira e mesas. No entanto, as salas não comportam muito desse material, motivo este que não permite que a instituição aumente o número de vagas ao público. Os espaços também não são adequados, por exemplo, no primeiro pavimento possui refeitório e a cozinha que é pequena, com uma janela por onde é distribuída a merenda. Também não possui auditório. No primeiro andar possui espaço para biblioteca com computadores, 2 salas de aulas, sala do setor pedagógico, sala da secretaria, sala da administração do MEDIOTEC (programa do Governo Federal), pequeno depósito e 2 banheiros. No segundo andar do prédio, encontra- se o laboratório de informática. No terceiro andar se encontra a maior sala, que já foi usada como galeria de exposições, sala multiuso e hoje, funciona como sala para palestras e oficinas, e às vezes, é usada para reuniões gerais dos funcionários da Instituição. Nesse andar também está localizada a diretoria, local onde funciona também, o centro de controle de vigilância da escola, que por sua vez está interligada com a central da empresa que monitora a vigilância. 2.4- A ESCOLA DE ARTE É TRANSFORMADA EM CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM ARTES VISUAIS. A escola passou por várias mudanças já citadas, e de acordo com o entendimento dos profissionais atuantes como professores e corpo técnico ela precisou se adaptar de escola de arte para Centro de Educação Profissional em Artes Visuais. Primeiro, com a
  • 23. 23 necessidade de professores que pudessem atender às exigências do sistema curricular de educação do Estado do Amapá, de acordo com a lei nº. 1.189, de 22 de fevereiro de 2008. Publicada no Diário Oficial do Estado nº. 4197, de 26/02/2008, do Deputado Roberto Góes. “Transforma a Escola de Artes Cândido Portinari em (CEPAV – Cândido Portinari), em Centro de Educação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari.” Por esse motivo a escola teria que ter professores com grau de instrução superior. Então, a escola teve que fazer modificações no quadro de docentes, que foi uma grande mudança na proposta original da escola que era de ensinar “técnicas de desenho e de pintura artística” enquanto concepção formadora em arte. Vale ressaltar que a maioria dos professores com o domínio dessas técnicas eram professores que não tinham formação superior e que pertenciam ao contrato administrativo do Caixa Escolar. Eram pessoas que só tinham quando muito, a educação básica, mas, eram artistas reconhecidos no estado e detentores de conhecimento técnico, mas, empírico em desenho e pintura. Assim, esses professores sem formação superior foram todos demitidos. Atualmente a escola é um Centro de Educação Profissional, que oferece cursos técnicos na área de Artes Visuais, também está vinculada ao programa de Ensino Federal – MEDIOTEC. Esses fatores levaram a escola a modificar a idade mínima para o ingresso de alunos a partir dos 14 anos. Segundo o atual diretor - José Edivan Nunes Boiba, a escola também oferece cursos denominados de cursos FIC (Formação Inicial e Continuada). E para atender a demanda em relação a alunos abaixo da faixa de idade citada a SEED autorizou que a escola admitisse alunos com idade mínima de 10 anos para cursarem oficinas nas áreas de desenho, pintura e escultura. 3 - A FORMAÇÃO DO ARTISTA AMAPAENSE EGRESSO DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI: Muitos alunos e ex-alunos da escola, das turmas de desenho e pintura da estrutura da escola no passado, hoje, são artistas com certo reconhecimento no estado. Há também, ex-alunos de desenho e pintura da referida estrutura administrativa da escola no passado, que não conseguiram reconhecimento de seus fazeres artísticos. No entanto, há outros ex- alunos que conseguiram fazer uma trajetória artística, com trabalhos de arte de rua; outros ingressaram no ensino superior de artes visuais, a fim de serem professores de arte no ensino regular fundamental e médio. Existem outros, que hoje, depois de cursarem o ensino superior na UNIFAP e/ou outros cursos superiores, são concursados fazendo parte do
  • 24. 24 quadro de docentes de arte do estado. Alguns ex-alunos voltaram para a escola já como professores do Centro de Ensino Profissionalizante em Artes Visuais. E, praticamente todos esses professores tiveram sua formação na graduação do ensino de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal do Amapá - UNIFAP, dentre os quais citamos o professor Doutorando - Ronne Franklin Carvalho Dias, Professora Mestre - Carla Marinho Brito, professora – Antoniele Laine, graduada em Artes Visuais, professora Mestre – Maria Pinho Gemaque, professora – Cibele Tenório, além de outros. Os que não conseguiram ou não quiseram cursar o ensino superior seguiram seus sonhos de artistas fazendo “carreira solo” ou, participando de grupos de artistas que resolveram se unir para tentar conquistar seus espaços no cenário da arte, ou ao menos tentar sobreviver dela. Com a demissão dos artistas autodidatas a escola teve que admitir arte educadores para substituí-los. Ou seja, recebeu professores de arte das escolas de ensino fundamental e médio, como já citado, muitos egressos do curso de licenciatura em artes visuais da UNIFAP, no estado do Amapá, os quais passaram a desempenhar funções de professores de arte no atual Centro de Formação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari. Tais professores, com poucas exceções, na sua maioria tinham conhecimento da parte teórica da arte. Porém, poucas ou quase nenhuma habilidade prática de arte que satisfizesse a proposta pedagógica e do ensino aprendizagem da Escola de Arte. Eram pessoas preparadas para serem professores de “educação artística”. A maior parte de suas habilidades eram mais direcionadas para pôr os novos alunos e principalmente crianças em contato com experimentações de arte que a escola oferecia, que eram denominadas de iniciação artística, fato que levou a escola por algum tempo, a oferecer várias oficinas nessa área, para tentar manter certo quantitativo de alunos. Com a saída dos artistas, muitas pessoas perderam o interesse pela escola, porque a qualidade do ensino prático de arte caiu bastante. Então, como já citado, a escola teve que ir se adaptando a sua nova realidade e desafio. Foram entrando e saindo professores, até que começaram a chegar alguns professores ex-alunos da própria escola que tinham adquirido formação acadêmica e sido aprovados em concurso público, professores formados em cursos superior da UNIFAP, como já citado, a licenciatura em artes visuais da UNIFAP, UFPA e outras faculdades do país, que começaram a dar melhor suporte à demanda da clientela artística da escola. Uma das formas que a escola encontrou para amenizar seus problemas de docentes e qualidade de ensino proposto pela instituição foi à seguinte, quando da demissão dos artistas sem formação superior, a escola também tinha alguns poucos professores artistas
  • 25. 25 com formação acadêmica pelo Curso de Artes Visuais da UNIFAP. Então, a direção da escola resolveu promover cursos internos de arte para os seus funcionários docentes e todos os professores que tinham pouca ou nenhuma habilidade com as disciplinas propostas pela escola, para que pudessem participar do curso para melhorar sua atuação na Escola (Centro de Educação Profissional). Assim sendo, obteve resultados satisfatórios para se manter como Centro de Formação Profissional em Artes Visuais. 4 - MEU INGRESSO NA ESCOLA COMO FUNCIONÁRIO DA LIMPEZA E MINHA FORMAÇÃO DE ARTISTA PLÁSTICO: No início do mês de setembro de 2002 ocorreu meu primeiro contato com a arte e com a Escola de Artes Cândido Portinari. Eu cheguei à escola para trabalhar como auxiliar de serviços gerais fazendo parte do quadro de servidores do Caixa Escolar. Esta oferta de trabalho chegou através de intervenção da professora Maria Jane Serrão, que auxiliava a diretora Ana Maria Leite Lobato. Tive a aceitação do meu contrato como funcionário do caixa escolar e fui apresentado na primeira reunião geral da escola como novo funcionário. A exigência básica para o trabalho era a de limpeza interna e externa da escola e os serviços de limpeza das salas de aula que eram os mais exigidos. Também havia serviços como: reparos de eletricidade, hidráulica, carpintaria e pintor industrial. Essas habilidades sempre colocavam meu trabalho em contato direto com os professores e demais funcionários, pois, sempre era requisitado para verificar o mau funcionamento dos ventiladores das salas de modelagem em argila, cerâmica e de pinturas, que eram salas que não poderiam funcionar com ar condicionado, tinham que funcionar com as janelas abertas por causa do excesso de pó de argila e outros produtos, como também, o cheiro forte de solvente para tinta a óleo nas salas de pinturas. Além da habilidade elétrica, era requisitado por causa do meu conhecimento em carpintaria, quando da necessidade na recuperação de suporte de esculturas, suportes para telas, cavaletes, pranchetas, cadeiras e mesas de desenho. Também, como a escola não dispunha de funcionários para trabalhar no terceiro turno, ficava sob minha responsabilidade servir o lanche para os alunos da noite. Assim foi o início do trabalho na escola no final do segundo semestre de 2002.
  • 26. 26 Figura 9 - Autor da pesquisa exercendo atividades de limpeza na escola Fonte: Isaias Brito/Acervo pessoal O desejo de me tornar artista surgiu rapidamente, ao mesmo tempo em que eu estava na escola executando minhas tarefas de funcionário, também, ansiava em ser aluno. Neste momento a escola estava em período de férias, então, já estava em mente que no próximo semestre iria começar a estudar. Aproveitei para me matricular no primeiro semestre de 2003 no curso de desenho. Não queria mais ser mero coadjuvante no sentido de observar as aulas dos professores nos intervalos do meu trabalho, no qual aprendia a partir da observação dos ensinamentos dados aos alunos. Agora eu queria de fato ser aluno da escola, poder participar das aulas e eventos artísticos. A escolha de me matricular na turma de desenho I, que era a base para os outros cursos artísticos que a escola oferecia se deu principalmente, pelos acontecimentos dos últimos meses do ano anterior, onde senti um impacto muito grande com o mundo da arte, quando da participação do processo dos preparativos para mostra pedagógica do semestre, que me trouxe novas perspectivas de aprendizado e um novo olhar para as atividades da instituição.
  • 27. Figura Figura 11- Autor da pesquisa como aluno no curso de pintura I Figura Figura 10- Mostra Pedagógica/Abertura, 2005 Fonte: Amadeu Lobato utor da pesquisa como aluno no curso de pintura I Fonte: Amadeu Lobato Figura 12–Atividade de Pintura do aluno Isaias Brito Fonte: Amadeu Lobato 27
  • 28. 28 O projeto pedagógico ao qual a Escola de Arte está inserida tem como função principal educar e colaborar na formação de alunos mais críticos e ativos sobre o estudar e fazer arte no cenário amapaense. Nesta perspectiva minhas vivências na escola como funcionário, como aluno, e, como alguém que “fazia de tudo um pouco” tinha acesso a todas as salas que estavam em produção artística com os alunos. Tudo isso me fazia sentir maravilhado com o processo de fazer e aprender as atividades artísticas que a escola oferecia. Tudo era novo para mim e me sentia bem em experimentar esse novo mundo que se apresentava na minha vida. Observava os professores preocupados e empenhados para que a produção de seus alunos tivesse o melhor aproveitamento possível, pois, existia um clima de “competição salutar”, tudo naquela escola parecia inspirar e impulsionar a prática de arte ali ensinada. Com o passar do tempo essa Instituição passou a fazer parte da minha vida, não apenas como fonte de renda, mas também, como projeto de vida. Minha imaginação já estava bastante aguçada, no entanto, eu me perguntava sobre o campo teórico da arte, sua história etc. Queria compreender teoricamente, qual a origem de toda a ação artística e para onde ela me levaria? Porém, essas problematizações precisaram ficar um pouco em segundo plano, pois, no momento estava mais preocupado em fazer “a mágica de construir uma obra de arte”, queria aprender as técnicas com os professores. No curso de desenho passei por vários professores artistas como: Sílvia Marília, Manoel Francisco Pessoa de Matos (DEKKO), Ronne Franklin Carvalho Dias, Jackson Amaral, José Bonifácio Guimarães do Nascimento (BONI). Foram professores que contribuíram com minha base artística em 2D e 3D dentro da proposta regionalista, paisagística e de natureza morta9 , com metodologia “acadêmica” que era e ainda é o forte do ensino atual Centro de Formação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari. No curso de pintura que começou depois da conclusão do segundo nível de desenho, tive excelentes professores artistas como: Estevão da Silva, Ivan Amanajás (já citado) e Josué Rodrigues. Os quais me ajudaram a entender alguns estilos de pintura a óleo e acrílica, como: paisagismo, natureza morta, surrealismo, realismo e abstracionismo como estilos de época. Além de outros professores fizeram parte da minha formação formal - curricular - de artista em uma escola de arte. 9 Natureza morta é o gênero de pintura em que se representam coisas ou seres inanimados.
  • 29. 29 Figura 13- Aluno no curso de pintura II Fonte: Amadeu Lobato Posso dizer que só depois de ter concluído os cursos de desenho (quatro anos) e pintura (dois anos), é que aqueles questionamentos sobre o que a arte poderia me proporcionar se tornaram mais latentes. Começava a não mais somente querer saber fazer trabalhos artísticos, mas, queria entender sobre o ofício que começava dominar. Figura 14- Obra: Pirarucu. Artista Isaias Brito, 2012 Fonte: Isaias Brito/arquivo pessoal
  • 30. 30 Figura 15- Onça Pintada (escultura). Artista Isaias Brito, 2014. Fonte: Isaias Brito/arquivo pessoal Depois de aprender a desenhar e pintar e compor trabalhos de arte, percebi que precisava contextualizar o meu fazer artístico com o meio social em que vivo, com minha realidade. Muitos questionamentos vinham à tona sobre a arte. Percebi que não adiantava somente fazer trabalhos artísticos ou participar de exposições em eventos na escola e fora dela, como: expositor, coordenador ou simples colaborador. Percebi que faltava me posicionar na sociedade como artista. Figura 16- Artista Isaias Brito pintado tela Fonte: Isaias Brito/arquivo pessoal
  • 31. 31 Em busca de respostas, aconselhado por amigos Arte Educadores, comecei a fazer por alguns anos o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, para concorrer a uma vaga no curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, conseguindo o ingresso no ano de 2015. Foi onde comecei a encontrar as respostas que procurava. Estudando em um curso de licenciatura em artes visuais comecei a entender que, o que eu fazia na Portinari estava inserido em um processo de mistura de técnicas, de materiais, de conhecimentos sobre as práticas artísticas. Porém, percebi que eu precisava compreender o processo artístico dentro do social e historicamente, como chegamos até onde chegamos no campo da arte. Enfim, um processo de instauração de um trabalho de arte enquanto atividade reconhecida no social. E Sandra Rey me ajudou a compreender isso: Ao contrário do que se possa imaginar, a instauração da obra pressupõe, em muitos casos, operações técnicas e teóricas bastante complexas, abrindo margem considerável a cruzamentos e hibridismos tanto de conhecimentos quanto de procedimentos, tecnologias, matérias, materiais e objetos, algumas vezes, inusitados. (REY, Sandra. 2013). No entanto, tentar entender Arte ou defini-la é algo demasiadamente amplo, mas podemos dizer que além de muitas outras definições de arte, concordamos com Viana quando ele diz que “arte é uma expressão figurativa da realidade” (2013). E nessa forma figurativa se manifesta sua essência, sendo um trabalho de arte produzido pelo homem ficcionalmente, na qual, os seres humanos criam uma realidade fictícia intencional e conscientemente. Ainda de acordo com Viana (2013) entendi como um dos conceitos de Arte aceito, o qual considera a arte como uma produção humana bem antiga, pensando alguns que sua existência data da chamada “pré-história”, outros observam nesse momento seu esboço. Mas, a esfera artística, a compreensão da arte como “obra de arte”, nasce com o desenvolvimento da sociedade moderna e tem sua consolidação com a emergência das sociedades de classes. E sem dúvida é importante entender e esclarecer esses conceitos para tentar saber quando surgiu a arte, pois, é justamente devido à imprecisão conceitual ou determinados construtos10 que se pode pensar que a arte é algo que sempre existiu. Alguns professores me orientaram a ter paciência e perseverança. Eles diziam que para aprender arte é preciso teoria e prática. Para isso precisa de tempo. Observei nas várias turmas, em suas etapas, que através do trabalho paciente conseguiram atingir melhorias ao 10 Os construtos são falsos conceitos e, por conseguinte, unidades de um discurso ideológico (Viana, 2007).
  • 32. 32 passar dos anos, principalmente nas produções artísticas. Observei também, a importância da arte no aprendizado influenciando no ensino escolar, o que é esclarecido por Ana Mae Barbosa: “(...) a arte além de incentivar a criatividade, facilita o processo de aprendizagem e prepara melhor os alunos para enfrentar o mundo". Conhecendo a arte de outras culturas, o aluno poderá compreender a relatividade dos valores que estão enraizados nos seus modos de pensar e agir, que pode criar um campo de sentido para a valorização do que lhe é próprio e favorecer abertura à riqueza e à diversidade da imaginação humana.” (Portal Educação, 2012)11 . Figura 17- Urna funerária indígena. Artista Isaias Brito, 2014. Fonte: Isaias Brito/arquivo pessoal 11 Site:https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/a-eficacia-da-arte-no-ensino- aprendizagem/21118.
  • 33. 4.1 - A ESCOLA SERVIA DE ATELIÊ SEMPRE FAVORECEU MINHA APRENDIZAGEM EM ARTE: Muitos artistas utilizavam os artísticos. Assim, artistas professores da escola cada semestre continuavam frequentando a escola para produção particular, até mesmo por causa da infraestrutura que a escola oferecia. Essas experiências foram enriquecedoras para minha formação artística, pois, o aprendizado já começava propriamente dita, porque, Assim, podia fazer perguntas livres em relação à obra a ser trabalhada. Alguns deles pensavam que estas informações não teriam utilida observação já era suficiente algo parecido. Figura 18 - Prof. de pintura Josué em atividade nas escolas Figura 19 A ESCOLA SERVIA DE ATELIÊ PARA MUITOS ARTISTAS SEMPRE FAVORECEU MINHA APRENDIZAGEM EM ARTE: Muitos artistas utilizavam os ateliês da escola para realizar seus experimentos professores da escola mesmo no período de re continuavam frequentando a escola para produção particular, até mesmo por que a escola oferecia. Essas experiências foram enriquecedoras para pois, o aprendizado já começava antes mesmo do início das aulas eu estava sempre em contato direto com um artista em produção podia fazer perguntas livres em relação à obra a ser trabalhada. Alguns deles pensavam que estas informações não teriam utilidade para mim, por outro lado observação já era suficiente. Em casa experimentava as técnicas vivenciadas para tentar Prof. de pintura Josué em atividade nas escolas Fonte: Amadeu Lobato 19- Aula de escultura: Professor Grimualdo Fonte: Amadeu Lobato 33 PARA MUITOS ARTISTAS - O QUE realizar seus experimentos mesmo no período de recesso no final de continuavam frequentando a escola para produção particular, até mesmo por que a escola oferecia. Essas experiências foram enriquecedoras para antes mesmo do início das aulas contato direto com um artista em produção. podia fazer perguntas livres em relação à obra a ser trabalhada. Alguns deles de para mim, por outro lado, a ivenciadas para tentar
  • 34. Figura Considero também como parte de minha trajetória artística o aprendizado que adquiri na área informal, estudando com os artistas fora do horário de aula, assim, eu tinha acesso a outros nomes reconhecidos na arte amapaense, como: (Irê Peixe), Judite Lima, J. Sales, Carla Marinho, Piedade Miranda, Rosiani Olivia, Raimundo Hosana de Oliveira (TROKKAL) e Grimualdo Barbosa. Esses dois últimos, reconhecidos principalmen argila. Figura Figura 20 - Aula de escultura: Professor Trokkal Fonte: Amadeu Lobato Considero também como parte de minha trajetória artística o aprendizado que adquiri na área informal, estudando com os artistas fora do horário de aula, assim, eu tinha acesso a outros nomes reconhecidos na arte amapaense, como: Irenilda de Souza A (Irê Peixe), Judite Lima, J. Sales, Carla Marinho, Piedade Miranda, Rosiani Olivia, Raimundo Hosana de Oliveira (TROKKAL) e Grimualdo Barbosa. Esses dois últimos, reconhecidos principalmente, na escultura amapaense com cerâmica e Figura 21 - Profª. Judite Lima finalizando trabalho com aluna Fonte: CEPAV – Cândido Portinari 34 Considero também como parte de minha trajetória artística o aprendizado que adquiri na área informal, estudando com os artistas fora do horário de aula, assim, eu tinha Irenilda de Souza Almeida (Irê Peixe), Judite Lima, J. Sales, Carla Marinho, Piedade Miranda, Rosiani Olivia, Raimundo Hosana de Oliveira (TROKKAL) e Grimualdo Barbosa. Esses dois últimos, cerâmica e modelagem em Profª. Judite Lima finalizando trabalho com aluna
  • 35. 35 5. FORMAÇÃO DE OUTROS ARTISTAS AMAPAENSES Durante minha atuação na escola, tanto como auxiliar de serviços gerais quanto como aluno, pude observar muitos alunos com grandes habilidades, pessoas de diferentes classes sociais e étnicas. Pude presenciar o trabalho de pessoas que hoje infelizmente estão no anonimato do cenário artístico. Por algum motivo não levaram à frente os trabalhos de arte. Alguns pararam seus estudos na escola de arte por falta de apoio e também, pela necessidade de trabalhar para sobreviver; alguns procuraram investir seu tempo em estudos de outras áreas que lhes oferecessem melhores perspectivas de futuro profissionais, tendo que deixar de lado seus sonhos artísticos. Mas também, convivi com aqueles que deram continuidade a seus estudos e que de alguma forma estão atuando no cenário artístico, seja local, nacional e até internacional. Aqui irei citar alguns artistas e alguns de seus trabalhos bem como suas relações com a Escola de Arte Cândido Portinari. O primeiro é o artista Ralfe Braga, segundo o próprio artista, ele passou pela Portinari no ano de 1977, foi aluno das primeiras turmas de pintura, tendo como professor o fundador R. Peixe e o Sr. Homobono. (Ralfe Braga, 2019). Ralfe nasceu em 1959 e migrou para Brasília durante a adolescência. É formado em Educação Artística com Licenciatura em Artes Plásticas pela Faculdade de Artes de Brasília e atualmente cursa pós-graduação em artes visuais, cultura e criação pela Faculdade SENAC. Atuou durante vinte anos no campo publicitário, mas nunca abandonou o lado artístico. Começou a produzir os primeiros quadros em tela, utilizando cores fortes e vibrantes em suas obras, que eram inspiradas pelo artista amapaense R. Peixe. (POR GLOBOESPORTE.COM, MACAPÁ-AP, 2013) 12 . Além de pintor, ilustrador, designer gráfico e diretor de arte, Ralfe é popularmente chamado de colorista, por utilizar o tom das terras de ares úmidos e quentes, com a exuberância da floresta amazônica que está expressa em seus meninos, canoas, pipas e animais reproduzidos nas telas. É nesse cenário que o artista recria imagens que remetem a sua infância e seu sentimento pelo Amapá.(POR GLOBOESPORTE.COM, MACAPÁ-AP, 2013) 13 . 12 Site: http://globoesporte.globo.com/ap/noticia/2013/08/obras-de-artista-amapaense-ilustram-estadio-mane- garrincha-no-df.html. Acesso em: 14. Jul 2019. 13 Op. cit.
  • 36. 36 Figura 22- Obra do artista Ralfe Braga Fonte: Ralfe Braga/Arquivo Pessoal Para ressaltar a importância do artista, gostaria de mencionar que as obras do mesmo foram escolhidas para ilustrar o estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal. Trabalho esse inspirado na região amazônica, que iniciou no estádio 'Mané Garrincha' e se estendeu nos principais pontos de Brasília. (GLOBOESPORTE.COM, 2013). Figura 23- Ralfe Braga em estádio Mané Garrincha, no DF, 2013 Fonte: Ralfe Braga/arquivo pessoal
  • 37. 37 Figura 24- Decorando estádio Mané Garrincha, 2013 Fonte: Ralfe Braga/arquivo pessoal Mencionamos também, o artista Jamesson Márcio Pinheiro de Carvalho, conhecido como J. Marcio. Matriculou-se na EACP no ano de 1999, é artista com técnicas e linguagens variadas como: desenhista, pintor e escultor, além de professor de Artes Visuais. Possui um acervo eclético de obras de arte e participou de várias exposições, a destacar: 1. Exposições na área de desenho de cartonagem e caricaturas: Figura 25- Exposição de caricatura em cartaz Fonte: Blogderocha.com.br14 14 Site: https://www.google.com/search?q=exposição+de+caricatura+cartaz+macapa.
  • 38. 38 Figura 26- Exposição de Cartonagem em cartaz Fonte: Carlamarinhoartes.blogspot.com15 2. Exposições na área de pintura (pintura com fumaça, 2019): Figura 27- Vernissage local em cartaz Fonte: sescamapa.com.br16 15 Site: http://carlamarinhoartes.blogspot.com/2017/04/exposicao-cartunistas-amapa.html. 16 Site: https://www.google.com/search?q=exposição+tisnas+reminiscentes.
  • 39. 39 3. Exposição coletiva internacional em 2019, Barcelona – Espanha: Figura 28- Exposição internacional em cartaz Fonte: ednacarlastradioto.com17 Outro artista formado pela escola é Jeriel de Souza. Nome reconhecido no grupo de artistas amapaenses na pintura e no desenho. É também gravurista e ilustrador, e atua como professor de Artes Visuais. Jeriel de Sousa ingressou em 1994 no Curso Livre de Desenho e Pintura da Escola de Artes Cândido Portinari, e concluiu em 1996. Desde então exerce atividades de artes plásticas. Suas obras têm como temas inspirados na fauna, flora, cultura amapaense e a vida do caboclo, porque, segundo ele, o artista é a essência do seu cotidiano e a força da sua cultura. Em 2009 Jeriel ingressou no curso de licenciatura em artes visuais da UNIFAP graduou-se em 2012. Passando a desenvolver novos estudos e experimentações em suas produções artísticas. Dedicado em produzir suas obras passou a fazer diversos experimentos em sua pintura e técnica de composição de cores, levando em conta o clima e paisagens da Amazônia, pois, segundo o artista diz: “um bom artista necessita está presente em seu tempo e espaço”. (JERIEL, 2019)18 . O artista possui um portfólio com trabalhos variados, como por exemplo: 17 Site: https://ednacarlastradioto.com/2019/07/18/agenda-barcelona-exposicao-coletiva-de-23-de-julho-a-06- de-agosto/. 18 Biografia atualizada de Jeriel de Sousa. Informação prestada pelo artista.
  • 40. 40 1 - Como convidado para realizar exposição em Paris e em Portugal: Figura 29- Exposição em Paris/cartaz Fonte: Jeriel de Sousa/arquivo pessoal Figura 30- Exposição em Portugal/cartaz Fonte: Jeriel de Sousa/arquivo pessoal
  • 41. 41 2 - Como convidado para realizar exposição no Rio de Janeiro: Figura 31- Exposição no Rio de Janeiro/cartaz Fonte: Jeriel de Sousa/arquivo pessoal - Além de estar sempre participando de exposições no estado do Amapá, como podemos observar a imagem (fig. 39), uma exposição realizada no SESC Macapá, ano de 2014 e também, no ano de 2018: Figura 32- Exposição em Macapá. SESC/AP/cartaz Fonte: Jeriel de Sousa/arquivo pessoal
  • 42. 42 Outro artista plástico como fruto da Escola Cândido Portinari citamos Abmael Silva Pantoja. Artista amapaense que procura sobreviver da venda de suas pinturas em telas em espaços cedidos pela casa do artesão e espaços alternativos como: shoppings, feiras e em eventos na cidade de Macapá. O artista diz que “a feira é uma vitrine para o trabalho dos artesãos que sobrevivem de fazer arte”. Segundo comentários da mídia Amapá, “ele se sustenta a anos com o que recebe das pinturas que produz.” (G1. AP, 2013)19 . E, falando das feiras no estado o artista diz: “(...) acho muito importante para mim, como artista participar desse tipo de espaço e divulgar meu trabalho para pessoas de todos os lugares e de todos os gostos. Essa é a oportunidade de ter minha arte reconhecida e poder fazer negócios". Em outras palavras, de vender seus trabalhos de arte. (Gabriel Dias, G1 AP - Entrevista realizada em 13/12/2013 na Feira de Natal que ocorreu em frente à casa do artesão na cidade de Macapá.)20 Figura 33- Artista Abimael em exposição Foto: Gabriel Dias. G121 19 Site: http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2013/12/feira-de-natal-reune-90-artesaos-dos-16-municipios-do- amapa.html. 20 Op. Cit. 21 Site: http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2013/12/feira-de-natal-reune-90-artesaos-dos-16-municipios-do- amapa.html.
  • 43. 43 Figura 34-Pássaros da Amazônia Fonte: Abmael/arquivo pessoal Carla Marinho Brito – Estudou e concluiu os cursos livre de desenho e pintura no período de 1993 a 1996, também estudou as oficinas pintura de 1997 a 1998. A artista realizou e participou de exposições como: 1 - Exposição Madeiras Sobreviventes (2007): Figura 35- Obra Mãe Velha22 Fonte: Carla Marinho/arquivo pessoal 22 Mãe Velha: Segundo a artista, “Mãe velha era o apelido carinhoso dado a bisavó da artista, Luzia Serra”.
  • 44. 44 2 - Exposição Cuias – Relicários de Lembranças (2015): Figura 36-Lembrança XVIII- Os defumadores de lata Fonte: Carla Marinho/arquivo pessoal 3 - Exposição Des Amour (2018). Figura 37- Série Des-Amores (VI) Fonte: Carla Marinho/arquivo pessoal
  • 45. 45 4 - Exposição Coletiva Entre-Linhas (2016): Figura 38- Série Lolis (IV) Fonte: Carla Marinho/arquivo pessoal Artistas do Instituto de Poéticas Visuais da Amazônia–Imazônia Muitos artistas formados pelo Centro de Educação Profissional em Artes Visuais- Cândido Portinari como já foi mencionado, conseguiram dar continuidade às produções artísticas, alguns com o destaque e reconhecimento no meio artístico. Preocupados com essa situação, o autor desta pesquisa e o artista Ronne Franklim buscaram outros artistas a fim de criar um grupo para lutar pelos interesses coletivos da arte e dos artistas amapaenses, no campo das artes plásticas. Foi quando surgiu o Grupo de Poéticas Visuais da Amazônia, atual IMAZÔNIA. Em 16 de outubro de 2010, os artistas amapaenses Isaias Brito, Josué Rodrigues, Ronne Dias, Roque Brandão e Adalto Pinheiro resolveram se unir para formar um grupo organizado de poéticas visuais. O intuito dos
  • 46. 46 mesmos é aprodução artística em comum, ou seja, a ideia foi reunir forças criativas, filosóficas e metodológicas para discutir, refletir e difundir arte. Todos os artistas, egressos do Centro de Educação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari, na condição de alunos, ex-alunos, professores e ex-professores, que sentiram a necessidade de um trabalho compartilhado e fortalecido em uma identidade coletiva como produtores amazônicos. O grupo Imazônia volta-se ao desenvolvimento de linhas de pesquisas com base na ecoarte, que utiliza materiais alternativos (industrializados ou não) como sucatas e outros descartáveis com uma preocupação ecológica e os seus aspectos sociais. Essa característica resultou em destaque no meio artístico, pela sua não convencionalidade estética, resultando em convites para exposições em importantes instituições culturais e participações em eventos de abrangência estadual e nacional. (@grupoimazônia, 2010) 23 . A maioria dos artistas que estavam no grupo passou pela escola de arte Cândido Portinari. Esse era um dos objetivos do grupo, reunir artistas locais cuja poética estivesse em acordo com a poética desenvolvida na escola de arte do Amapá. Assim, criar um grupo de arte local com intenção de trabalhar a Arte Amazônida. Portanto, todos do grupo se inspiravam e se inspiram numa arte que se apresenta como arte amazônica. Resolvemos priorizar uma fonte de pesquisa que tivesse a ver com a Amazônia. Dentro desse contexto em ter uma linha de pesquisa em comum e que representasse o grupo, escolhemos a arte ecológica24 . Assim, utilizamos dos conhecimentos artísticos para fazer experimentos, realizar exposições no estado. Dentre as exposições citamos algumas: A primeira experiência que o grupo teve foi com a exposição “Demarcações” na galeria Antônio Munhoz em 2011 no SESC – Araxá, que correspondia a uma série de instalações que tratava especialmente das habitações populares das áreas alagadas e ribeirinhas da Amazônia. Demarcações em espaços irregulares e ocupações “desordenadas” presentes nas paisagens urbanas. 23 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/about/?ref=page_internal. 24 Site: A expressão “Arte ecológica” (em inglês Eco-art, ou Environmental art) tem sido utilizada para designar o trabalho de diversos artistas que, desde as décadas de 1960-70, mostram uma preocupação especial com o crescente agravamento dos problemas ambientais e, consequentemente, sociais que afectam a humanidade (Brookner 1992; Sanders, 1992; Kastner e Wallis, 2001). Em 1992, o ArtJournal (Vol.51, No.2) dedicou mesmo um n.º especial ao assunto.(MENDES, Ana. 2012, p. 14).
  • 47. 47 Figura 39- Exposição Demarcações Fonte: Coletivo Palafita Outra exposição do grupo foi “Fragmentos da Amazônia”, realizada no ano de 2014, no SESC Araxá, na galeria Antônio Munhoz. Essa foi a que teve maior repercussão na mídia local, tornando o grupo conhecido no cenário artístico estadual. Figura 40- Convite de exposição Fonte: Imazônia
  • 48. 48 Figura 41- Obras em exposição Fonte: Fabiana Figueiredo.G1Ap. Das exposições do grupo, foi a única que apresentou uma organização que se aproximasse de uma exposição com proposta de “curadoria”. Fato este, que é muito raro de ser encontrado em exposições de artes no Amapá. Uma vez que o estado não conta com profissionais de curadoria e nem críticos de arte realizando ações em instituições artísticas e culturais. Ou seja, como exemplo apresentamos o cartaz da exposição: “Fragmentos da Amazônia”, a qual apresentou uma certa preocupação de curadoria. No entanto, de acordo com o “Cartaz” da exposição (fig.42), não há assinatura do ou dos curadores responsáveis, assinando o “texto de curadoria”. O que pode levar a perceber, uma certa falta de profissionalismo na organização e execução desses projetos expositivos.
  • 49. 49 Figura 42- Cartaz de apresentação da exposição "Fragmentos da Amazônia" Fonte: Imazônia Mesmo não apresentando uma organização de curadoria, os artistas do Imazônia tentavam se aproximar da crítica local, queriam saber a opinião de quem entendia sobre arte a respeito de seus trabalhos. Foi então que surgiu a ideia de fazer a exposição “Identidade Imazônida” e convidar algumas pessoas da área. Então, convidamos alguns mestres e doutores de arte do colegiado do curso de Artes Visuais da UNIFAP, para apreciação dos trabalhos de arte na vernissage que ocorreu no dia 29 de janeiro de 2016. A exposição aconteceu nas dependências do CEPAV – Cândido Portinari.
  • 50. 50 Figura 43- Convite da exposição " Identidade Imazônida" Fonte: Imazônia Figura 44- Grupo Imazônia e representantes do colegiado de Artes Visuais da Unifap25 Fonte: Imazônia 25 Com o professor Dr. Joaquim Cesar da Veiga Netto e a professora Mestre Maria de Fátima Garcia.
  • 51. 51 O grupo deixou os mestres e doutores à vontade para se pronunciarem sobre a exposição em geral. Toda e qualquer opinião estava sendo esperada para que posteriormente os artistas pudessem debater a respeito. Abaixo cito o registro que o professor Dr. Joaquin Netto fez: Nesta quinta-feira (28/01/2016), na Escola Cândido Portinari/AP, o coletivo de artistas visuais “Imazônia – Poéticas Visuais da Amazônia” abriu ao público a mostra “IDENTIDADE IMAZÔNIDA “. A exposição com aproximadamente quarenta obras de vários artistas, traz um panorama com diferenças de posições, visões, antagonismos e consequentemente diferentes identidades, mas que não se desintegram e sim se articulam a partir de “zonas de afeto”. Macapá, capital do Estado do Amapá – cidade situada no perímetro do Rio Amazonas -, é o local onde esses artistas vivem e trabalham, cuja distância de voo para os centros hegemônicos de cultura – região sul e sudeste do Brasil -, é aproximadamente de cinco horas. Num cenário natural, onde tudo é úmido, luminoso e quente, os habitantes do lugar convivem diariamente com o “Rio Mar”. A influência indígena subsiste na trama visual de Macapá: nos “olhos rasgados” da fisionomia do povo, na culinária e nas frutas com “sabor selvagem”. Nesse contexto, o afeto por alguns temas, torna-se motivação para esses artistas e seus consumidores: o índio, o açaí, a ponte da periferia e a memória da cidade, na primeira metade do século 20. Mas, identificar o óbvio não é o suficiente para compreender a diversidade dessas obras. O ribeirinho, a Fortaleza de São José, a “amassadeira de açaí”, o grafismo indígena e tantos outros “insumos culturais”, são mais do que assuntos, são arautos de uma visualidade que está antes no afeto, do que propriamente no sentido poético desses elementos. A maior parte da produção artística está na ala visual centrada na técnica e no tema. Pinturas, desenhos, esculturas, pirogravuras e tantas outras experiências que não chegam a atingir um campo interdisciplinar e confirmam uma arte representacional. A Exposição “IDENTIDADE IMAZÔNIDA” não reflete a produção artística contemporânea dos grandes centros brasileiros – é uma arte peculiar, cuja complexidade do contexto social é base dos modelos ou formas simbólicas dessa produção artística. Dessa maneira, é necessário compreender e não simplesmente identificar a obviedade da diferença entre os trabalhos desses artistas “imazonidas” com relação aos centros, pois nesse aspecto reside um modo de recepção que pode ser a chave e o acesso às peculiaridades da vasta produção artística brasileira A Exposição “IDENTIDADE IMAZÔNIDA” estará aberta para visitação no período de 29/01 a 12/02/2016, na Escola Cândido Portinari – Avenida Cônego Domingos Maltez, 1976 – Santa Rita. (Por Joaquim Netto.Historiador e Crítico de Arte). Aqui citarei os nomes dos artistas e algumas de suas obras e exposições do grupo Imazônia que estudaram na escola Cândido Portinari.
  • 52. 52 Adalto de Vilhena Pinheiro – estudou nos anos: 2006 - pintura moderna, 2007 - pintura livre e 2008 pintura de retrato. Luiz Célio Silva de Sousa – estudou desenho no ano de 1995, escultura e pintura em 1996. Luiz Cláudio Nascimento Santos – estudou o curso de desenho I, II, III e IV, de 1997 a 1999. Também fez o curso de pintura I e II, de 2000 a 2002 e estudou pintura moderna em 2003. Marionaldo Lobato de Souza – estudou na Escola de Arte Cândido Portinari no ano de 2006, fazendo no primeiro semestre deste ano pintura de Paisagismo com o professor considerado pelos artistas do estado do Amapá “mestre no paisagismo Amazônico”, Ivam Amanajás. No segundo semestre fez oficina de pintura de retrato com o professor artista Josué Rodrigues do Nascimento (Jorron), quando pintou o retrato de R. Peixe, e no ano de 2007 estudou na oficina de pintura livre com a professora e artista Irê Peixe. Ronne Franklim Carvalho Dias– estudou desenho artístico (cursos livres de desenho) no período de 1989 a 1995.Roque Nascimento Brandão – estudou desenho I, II, III e IV, de 2004 a 2007. Também estudou pintura moderna e pintura de retrato em 2008. Em 2009 estudou pintura I e em 2010, pintura de anatomia humana. Willian Cruz de Lima – estudou em 2008 oficinas de caricatura e pintura em isopor, fez o curso de desenho I, II, III, IV, de 2009 a 2012. 1) Adalto de Vilhena Pinheiro Figura 45 - Equilíbrio natural Fonte: Imazônia26 26 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
  • 53. 53 Figura 46- Bela face Fonte: Imazônia27 2) Luiz Célio Silva de Sousa Figura 47- Homenagem ao Divino Espírito santo Fonte: Imazônia28 27 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal. 28 Op. Cit.
  • 54. 54 Figura 48- Alimento Fonte: Imazônia29 3) Luiz Cláudio Nascimento Santos Figura 49- Elementos amazônicos no espaço sideral Fonte: Imazônia30 29 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal 30 Op. Cit.
  • 55. 55 Figura 50- Cabocla Herondina Fonte: Imazônia31 4) Marionaldo Lobato de Souza Figura 51- Retrato de R. Peixe Fonte: Imazônia32 31 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal. 32 Op. Cit.
  • 56. 56 Figura 52- Paisagem de Mário de Souza Fonte: Imazônia33 5) RonneFranklim Carvalho Dias Figura 53 - Padroeiro de Macapá Fonte: Ronne Dias/ acervo pessoal 33 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
  • 57. 57 Figura 54- Estudo de figura (in)humana34 Fonte: Ronne Dias/ acervo pessoal 6) Roque Nascimento Brandão Figura 55- Fotografia do artista comercializando obras Fonte: Imazônia35 34 Obra premiada no 8 salão de Arte do SESC – AP 2010. Prêmio Incentivo. Categoria desenho. 35 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
  • 58. 58 Figura 56- Identidade indígena Fonte: Imazônia36 7) Willian Cruz de Lima Figura 57- Raiz Fonte: Imazônia37 36 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal. 37 Op. Cit.
  • 59. 59 Figura 58- Reconstrução e Ampliação do Mercado Central de Macapá, em 1946 Fonte: Imazônia38 6. INFLUÊNCIAS DA ESCOLA DE ARTE CÂNDIDO PORTINARI PARA A PINTURA DO PAISAGISMO AMAZÔNICO: O registro das primeiras pinturas do estilo paisagístico remonta ao período medieval. Importante ressaltar que as composições se baseavam em figuras extraídas de temas religiosos e mitológicos, depois passou-se a utilizar efeitos expressivos e contrastes claro-escuro. A partir do século XVIII, a observação da luz natural e os elementos atmosféricos dão início às paisagens luminosas e brilhantes. (Enciclopédia Itaú Cultural, 2019). Se a paisagem ocupa lugar secundário na hierarquia acadêmica até o século XVIII, no século XIX ela se alça ao primeiro plano. Uma das inovações na representação da natureza a partir de então diz respeito à pintura ao ar livre, que se populariza com a invenção da bisnaga descartável para tintas. O contato cada vez mais intenso com a paisagem observada de perto - e o simultâneo desinteresse pelas paisagens alegóricas e míticas - provoca uma renovação no gênero paisagístico. Os nomes de John Constable (1776-1837) e Joseph Mallord William Turner (1775-1851) são as primeiras referências para a compreensão do desenvolvimento do gênero. Influenciado pelos paisagistas holandeses do século XVII, Constable afasta-se das convenções pictóricas do paisagismo ao representar na tela as mudanças de luz ao ar livre e o movimento das nuvens no céu, em telas como A Represa e o Moinho de Flatford (1811). 38 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
  • 60. 60 Sua pintura capta as variações da natureza, recusando a ideia de um espaço universal e imutável. As referências de Turner são outras - a paisagem clássica de C. Lorrain e as perspectivas de Canaletto - mas em suas telas observa-se interesse idêntico pelo espaço atmosférico e pelo fenômeno da luz. Só que nos quadros de Turner a luz explode numa espécie de turbilhão, inundando a tela (Mar em Tempestade, 1840). O grupo de paisagistas franceses reunidos na Escola de Barbizon, sob a liderança de Théodore Rousseau (1812-1867), por sua vez, explora ao limite os aspectos mutáveis do mundo natural. (Enciclopédia Itaú Cultural, 2019). A paisagem é fruto da intervenção humana em um espaço que antes era apenas natureza intocável (vales, montanhas, bosques, florestas, rios, lagos, etc.). Etimologicamente, a paisagem implica o registro ou a representação da natureza, daí, resulta a paisagem campestre e a paisagem urbana. A paisagem passa de gênero secundário para gênero primário. Dentro desse contexto histórico o paisagismo chega ao Brasil, através de pintores estrangeiros, que influenciaram os artistas locais com o novo estilo estético/artístico. (SOUZA, RODRIGO H. B; SALGADO, IVONE, 2016). Um marco inicial da pintura de paisagens no Brasil pode ser encontrado nos pintores estrangeiros que chegaram ao país com Maurício de Nassau, como Albert Eckhout (ca.1610-ca.1666) e sobretudo Frans Post (1612- 1680). A pintura de paisagens encontra forte enraizamento na arte realizada a partir da Missão Artística Francesa, tendo sido explorada por Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), Jean-Baptiste Debret (1768- 1848), Almeida Júnior (1850-1899), entre outros. Nesse contexto, a pintura ao ar livre e o registro realístico da flora e da fauna nacionais encontram expressão nas obras do pintor alemão Georg Grimm (1846- 1887) e, posteriormente, no grupo de artistas ligados a ele, como Antônio Parreiras (1860-1937) e Castagneto (1851-1900). Alguns artistas brasileiros são diretamente associados à pintura de paisagens, como Eliseu Visconti (1866-1944), Benedito Calixto (1853-1927), Francisco Rebolo (1902-1980) e José Pancetti (1902-1958). As paisagens de Minas realizadas por Guignard (1896 - 1962) - com igrejas e festas de São João - assim como aquelas realizadas por Tarsila do Amaral (1886 - 1973) - sejam os desenhos de cidades mineiras, as paisagens do Rio de Janeiro, das regiões interioranas do país ou as telas de São Paulo - ocupam lugar destacado na tradição paisagística nacional.(Enciclopédia Itaú Cultural, 2019)39 . No século XIX, a pintura de paisagem encontra seu maior destaque no impressionismo40 , que possibilitava a observação da natureza a partir de impressões 39 Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo363/pintura-de-paisagem>. Acesso em: 05 de Out. 2019. Verbete da Enciclopédia. 40 Impressionismo é um movimento artístico que surgiu na França no final do século XIX, durante o período da Belle Époque(A “Belle Époque”, do francês “bela época”, foi um período de grande otimismo e paz.
  • 61. 61 pessoais e sensações visuais imediatas, a suspensão dos contornos e dos claros-escuros em prol de pinceladas fragmentadas e justapostas e o aproveitamento da luminosidade e uso de cores complementares, favorecidos pela pintura ao ar livre, são os traços principais da renovação estilística empreendida por Claude Monet (1840-1926), Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), Camille Pissarro (1830-1903), entre muitos outros. (Enciclopédia Itaú Cultural, 2019)41 . Para falar do paisagismo amazônico no estado do Amapá, e, identificar e/ou apontar as influências da Escola de Arte Cândido Portinari ao identificar o paisagismo amazônico como uma característica marcadamente forte no contexto da arte amapaense, tanto nos tempos passados quanto nos dias atuais, registramos aqui, uma citação do artista plástico, Ronne Franklin Carvalho Dias falando exatamente sobre as marcas do paisagismo amazônico na arte amapaense: (...) ao escutar uma entrevista42 na rádio Difusora de Macapá com R. Peixe (1931-2004, artista que marcou uma geração de pintores da segunda metade do século XX no estado do Amapá), lhe foi perguntado quais os mestres que o influenciaram na arte. Sua resposta foi surpreendente: o seu principal mestre era a natureza. Para o artista, pintar a natureza era como um desbravamento, ele aprendia algo novo. Paisagista e colorista, R. Peixe falava com propriedade não tanto pela sua vasta experiência pictórica, mas pela imersão na ambiência orgânica da Amazônia. Cenários, modos e práticas culturais eram traduzidos em suas telas a partir da sua vivência cotidiana, destacando-o como um dos principais expoentes da visualidade amazônica. (DIAS, RonneFranklim.2017, p. 788). Na região amazônica, convivendo com paisagens naturais diversas, a pintura do paisagismo se apresenta como uma forma de representação e expressão artística amplamente difundida e muito presente em todos os estados da região. É uma produção, sobretudo popular que se encontra nas cidades, vilas e comunidades de toda Região norte do país. Cujas pinturas, além de telas mencionadas nos trabalhos de alguns artistas apresentados como ex-alunos da escola, também, o paisagismo amazônico se faz presente em suportes variados como: paredes e muros, nas fachadas e na decoração de interiores dos desfrutado pelas potências ocidentais, sobretudo as europeias, entre 1871 até 1914, quando eclode a Primeira Guerra Mundial). Site: https://www.significados.com.br/impressionismo/. 41 Site: https://www.todamateria.com.br/belle-epoque/. 42 Segundo Ronne Dias, “a entrevista ocorreu no final da década de 1990 por ocasião de uma viagem com meus pais, ao terreno rural da família, localizado no Rio Carapanatuba, margem esquerda do Rio Amazonas, a 27Km da Capital Macapá-AP”. In: Acta2017-SeminárioCulturaVisual-Uruguay.
  • 62. 62 estabelecimentos comerciais e das casas residenciais dos moradores locais (BERND, Mariana. 2011,p.101). É importante lembrar também, que o paisagismo na arte amapaense e em toda a Amazônia não se faz presente apenas, nas artes plásticas e visuais, se faz presente também na música, na literatura, na dança, na fotografia, etc. E, para falar da Escola de Arte Cândido Portinari como influenciadora da paisagem amazônica, delimitaremos o escopo das pinturas estudadas, a partir da definição de pintura de paisagem como sendo representação pictórica dos elementos percebidos pelo artista, e que compõem o ambiente no qual ele está inserido. Trata-se da projeção visual de sua percepção e da apreciação estética dos elementos da natureza que o rodeia tanto no que diz respeito à reprodução dos elementos naturais que ali encontra quanto ao modelo de natureza idealizado que ajuda a construir (BERND, Mariana. 2011, p. 101). Isto leva a pensar no grande idealizador da Escola Cândido Portinari, Raimundo Braga de Almeida (R. Peixe), no legado que ele deixou para a história artística desse estado, criando um local onde podiam se reunir artistas, por em prática conhecimentos sobre artes plásticas e compartilhar conhecimentos a aprendizes amapaenses. Assim, a escola nasceu, cresceu e se configurou enquanto espaço e lugar de referência de ensino de arte para muitos artistas e para a sociedade amapaense. Pois, é a única escola técnica de artes plásticas e atualmente em artes visuais, que existe até o momento no estado do Amapá. Além de R. Peixe, outros artistas que passaram pela escola também contribuíram com o ideal de uma arte focada na pintura do paisagismo amazônico “amapaense”. Ou seja, apartir de um ideal de Amazônia que está presente e é significado na sociedade local, como podemos ressaltar: Augusto Ivam Amoras Amanajás, Estevão da Silva, Herivelto Brito Maciel, João dos Santos Sales (J. Sales), Josué Rodrigues do Nascimento (Jorron), Judite Santa de Lima, José Bonifácio Guimarães do Nascimento (Boni), Luis Célio Silva de Sousa,Raimundo Luiz Porto Batista (que inclusivefoi um dos diretores da escola), Manoel Francisco Pessoa de Matos (Dekko). Todos esses artistas, com trabalhos reconhecidos no Amapá enquanto artistas plásticos contribuíram com a escola enquanto corpo docente de artistas que formaram outros artistas para o cenário da arte amapaense. Atualmente, dentre esses artistas citados, permanecem no corpo docente da escola os professores: José Bonifácio e Luiz Porto(CEPAV – Candido Portinari, documentos da Secretaria, 2019). E, seguidamente, apresentamos algumas obras dos artistas citados com suas referências à pintura do Paisagismo Amazônico.
  • 63. 63 Figura 59- Paisagem de R. Peixe Fonte: selesnafes.com43 Figura 60- Paisagem de Ivan Amanajás Fonte: derocha.com44 43 Site: https://selesnafes.com/2015/07/saindo-do-bau-exposicao-mostra-obras-ineditas-de-r-peixe/. 44 Site: http://eltonvaletavares.blogspot.com/2012/11/exposicao-ver-verde-de-ivam-amanajas.html.
  • 64. 64 Figura 61- Artista Estevão da Silva e sua obra Fonte: Gioconda da Silva/arquivo pessoal Figura 61- Revoada no Bailique Fonte: Herivelto Maciel/acervo Pessoal
  • 65. 65 Figura 62- Paisagem de J. Sales Fonte: casteloroger.blogspot.com45 Figura 63- Paisagem de Josué Rodrigues (Jorron) Fonte: Imazônia46 45 Site:http://casteloroger.blogspot.com/search/label/Olhos%20na%20Hist%C3%B3ria?updated-max=2013- 07-06T07:55:00-07:00&max-results=20&start=9&by-date=false. 46 Site: https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/photos/?ref=page_internal.
  • 66. 66 Figura 64- Paisagem de Judite Lima Fonte: CEPAV- Cândido do Portinari Figura 65- Paisagem de José Bonifácio Fonte: José Bonifácio/arquivo pessoal
  • 67. 67 Figura 66- Paisagem de Célio Sousa – Meus guarás, 2010 Fonte: Célio Sousa/arquivo pessoal Figura 67- Paisagem de Luiz Porto – Riacho, 2012. Fonte: Luiz Porto/acervo pessoal
  • 68. 68 Figura 68 - Paisagem de Dekko. Revoadas de Guarás Fonte: amaplastamapa.blogspot.com47 Esses artistas fazem parte da história da pintura no Amapá, em cuja pintura, o paisagismo apresenta peculiaridades locais. Cujos traços e técnicas foram repassados pelos artistas professores da escola aos alunos, desde a criação da Escola de Arte Cândido Portinari, com iniciativa de seu precursor, o artista R. Peixe, o Raimundo Braga de Almeida. Assim sendo, a contribuição da escola de arte na pintura do paisagismo amazônico está voltada para o olhar sobre o local de origem, o espaço cotidiano e a reprodução de imagens e representações de Amazônia impressa pelas mídias no cenário local, nacional e internacional. Imagens e representações da Amazônia a partir do El dourado48 : É uma lenda com origem espanhola que se iniciou mais ou menos nos anos de 1530 com a história de um cacique ou sacerdote de povos indígenas do continente da América do Sul que se cobriam com pó de ouro e mergulhava em um lago dos Andes. Inicialmente um homem dourado, índio dourado, ou rei dourado, depois, foi fantasiado como um lugar, o reino ou cidade desse chefe lendário, riquíssimo em ouro. Diziam que os artistas do lugar trabalhavam em peças de ouro. Sedentos por mais ouro, os conquistadores fizeram o mito migrar para outros lugares da América do Sul, inclusive, para a Amazônia. Cuja lenda se fundiu e/ou se completou com a lenda das “Amazonas”, as mulheres guerreiras da cidade encantada na região Amazônica - cidade rica em ouro, pedras preciosas e recursos naturais, segundo a lenda.(Em busca do El Dorado, 18 jul. 2011) i 47 Site: http://amaplastamapa.blogspot.com/2012/09/dekko.html. 48 El Dorado (do castelhano El Dorado, "O Dourado").
  • 69. 69 No paisagismo amazônico presente neste estudo sobre o paisagismo amazônico amapaense, além de refletir o mito do eldorado também, expressa a Amazônia num paisagismo de Amazônia como lugar fantástico e fantasmagórico, em cujos ideais exclui a presença humana na região e/ou, coloca em posição de pouca importância. Ou mesmo, de importância secundária. Assim, para esse tipo de representação de natureza, e, portanto, espaço amazônico expresso nas pinturas desses artistas observamos aqui os dizeres de Mariana Bernd, ao se referir sobre o paisagismo amazônico ela diz que tanto a paisagem amazônica influencia na vida social das pessoas. Como a paisagem ideia abstrata e imaginada, também, possui uma carga significativa capaz de impactar o mundo físico do qual faz parte. A autora faz essa referência quando diz: “A construção do imaginário sobre a paisagem amazônica não se deve apenas, a representação e distribuição das imagens que a representam [através das pinturas de artistas e das reproduções imagéticas sobre a região presentes nas diversas mídias dentro e fora da Amazônia - grifo do autor]. Descrições verbais sobre a visão edênica da floresta e seus elementos exóticos são encontrados nos relatos dos viajantes europeus que visitaram a região amazônica desde a época da colonização”. (BERND, Mariana, 2011). Neste sentido, podemos dizer que o paisagismo amazônico presente nas artes plásticas dos estados da região amazônica, representa, e é a representação de Amazônia em todas as formas de representação imagética, discursiva, simbólica midiática e autoreferenciada sobre a Amazônia principalmente, quando o todo exclui o particular. Como se as imagens e representações de Amazônia fosse única para todos os lugares e lugarejos, sem diversidades. E, no caso da arte amapaense essas representações do mito de Amazônia, ou seja, o ideal de Amazônia construída no imaginário social e reproduzida através da arte se faz bem presentes. 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo traz uma reflexão sobre a importância da escola de arte Cândido Portinari na formação de muitos artistas amapaenses, sejam eles nascidos aqui ou não. Expressa
  • 70. 70 também, o início da história da referida escola, quando começou com o interesse do artista Raimundo Braga de Almeida em repassar para os jovens seus conhecimentos de artes plásticas na área da pintura que o mesmo dominava, utilizando métodos de ensino que consistiam em práticas de pintura direto nas telas. O estudo também se propõe apresentar as minhas vivências iniciais no campo da arte, relacionando minha trajetória artística com a trajetória da História da Escola de Arte Cândido Portinari, na qual eu ingressei para trabalhar como auxiliar de serviços gerais me tornei aluno da escola, fiz minha formação de artista plástico, comecei trabalhar como artista plástico. Consecutivamente, a escola contribuiu para o meu ingresso no curso de licenciatura em artes visuais da universidade federal do Amapá. Hoje, ainda desempenho atividades de auxiliar no Centro de Educação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari, contratado pelo caixa escolar, e, ao concluir o curso de licenciatura em Artes Visuais, tenho oportunidade de perceber o quanto a escola objeto deste estudo foi importante não apenas para o estado do Amapá, mas, também para a formação de muitos artistas plásticos como eu. Assim sendo, podemos dizer que a origem e o desenvolvimento histórico da escola de arte para a sociedade amapaense estão de acordo com o que Ana Mae Barbosa afirma: “Precisamos levar a arte que hoje está circunscrita a um mundo socialmente limitado a se expandir, tornando-se patrimônio da maioria e elevando o nível de qualidade de vida da população. (BARBOSA, 1991, p.6)”. Outra questão importante deste estudo é apresentar a mudanças na estrutura da Escola de Arte Cândido Portinari para Centro de Educação Profissional em Artes Visuais, depois de mudanças físicas e administrativas e pedagógicas no ensino de arte enquanto formação de artista, mesmo sabendo que, “as organizações continuam a priorizar os interesses de uma sociedade capitalista, privilegiando algumas disciplinas (CURTIS, Rita de Cássia. 2013, p.19 - 20)49 ”. Ainda assim, a escola vem tentando manter seu espaço e suas ações enquanto ensino de arte seguindo as normas curriculares que lhes são impostas, procurando montar um quadro de docentes em artes mais preparados, que detenham mais conhecimentos e capacitação. Para que, como instituição de ensino artístico venha influenciar seus discentes não apenas ao conhecimento artístico, mas, também na formação da cidadania. Haja vista que o aluno é estimulado às práticas de sociabilidade e construção de valores éticos. 49 Site: http://nuted.ufrgs.br/oa/pi/html/arte_educativo.html.
  • 71. 71 Observando-se também, que as práticas de ensino artístico desenvolvidas pela escola Cândido Portinari no Amapá estão de acordo com as considerações de Ana Mae Barbosa que diz: Como a matemática, a história e as ciências, a arte tem domínio, uma linguagem e uma história. Constitui-se, portanto, num campo de estudos específicos e não apenas em meia atividade [...] A arte-educação é epistemologia da arte e, portanto, é a investigação dos modos como se aprende arte na escola de 1° grau, 2° grau, na universidade e na intimidade dos ateliers. Talvez seja necessário para vencer o preconceito, sacrificarmos a própria expressão arte-educação que serviu para identificar uma posição e vanguarda do ensino da arte contra o oficialismo da educação artística dos anos setenta e oitenta. Eliminemos a designação arte-educação e passemos a falar diretamente de ensino da arte e aprendizagem da arte sem eufemismos, ensino que tem de ser conceitualmente revisto na escola fundamental, nas universidades, nas escolas profissionalizantes, nos museus, nos centros culturais a ser previsto nos projetos de politécnica que se anunciam. (BARBOSA, 1991, p.6 -7). Posso afirmar que, o período em que convivi com os artistas professores e também, no processo desta pesquisa, as experiências me possibilitaram um novo olhar, mais crítico, a respeito das atividades artísticas desenvolvidas no estado. Levando-me a crer que esta pesquisa por apresentar dados quantitativos e qualitativos será de considerável importância para o ensino de arte amapaense.
  • 72. 72 REFERÊNCIAS BARBOSA, Ana Mae. - A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo, SP: Perspectiva, 1991. BARBOSA, Ana Mae. Arte/educação contemporânea. Consonâncias Internacionais. - São Paulo: Cortez, 2005. BERND, Mariana. Pintura de Paisagem Amazônica e a Construção do Imaginário Popular da Cultura. [catálogo USP], São Paulo, 2011. CEPAV – Cândido Portinari. Projeto Político e Pedagógico. Governo do Estado do Amapá Secretaria de Estado da Educação, Macapá – AP, 2012. CEPAV – Cândido Portinari. Histórico da escola de arte Cândido Portinari. Coordenação Pedagógica, Macapá – AP, 2019. CURTIS, Rita de Cássia. A importância da arte-educação na formação do cidadão. Barretos. 2013, p.19 – 20. Diário Oficial (Território Federal do Amapá). Nomeação de Raimundo Braga de Almeida para o Cargo de diretor da escola de arte e pintura Cândido Portinari: Ano VIII. Números 1.699 – Macapá, 5.ª e 6ª. - feiras 28/29 de jun. 1973. Diário Oficial. Transforma a escola de artes Cândido Portinari em Centro de Ensino Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari. Lei nº. 1189, de 22 de fev. 2008. DOE. 4197, 26 de fev. 2008. p. 32. DIAS, Ronne Franklin. Perspectivas de um ensino de arte como crítica cultural em busca da valorização de visualidades locais. In: Acta 2017 –SeminárioCulturaVisual – Uruguay, p. 788 - 792. Em busca do Eldorado. Disponível em: <https://contosassombrosos.blogspot.com/2011/07/em-busca-do-eldorado.html>.Acesso em: 15 ago. 2019. GLOBO ESPORTE.COM. Obras de artista amapaense ilustram estádio Mané Garrincha, no DF. MACAPÁ-AP, 2013. Atualizado em 12/08/2013 19h02. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/ap/noticia/2013/08/obras-de-artista-amapaense- ilustram-estadio-mane-garrincha-no-df.html>. Acesso em: 14. Jul 2019. G1 AP. Com cinco anos em obra, novo prazo para entrega de escola de artes do AP é para janeiro de 2019. Por Rita Torrinha, G1 AP — Macapá03/12/2018 09h13. Disponível em: <https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2018/12/03/com-cinco-anos-em-obra-novo- prazo-para-entrega-de-escola-de-artes-do-ap-e-para-janeiro-de-2019.ghtml>. Acesso em: 22 mai. 2018. G1 AP.No AP, escola de artes muda de endereço pela 2ª vez em cinco anos. Por Cassio Albuquerque, G1 AP — Macapá. Atualizado em 26/07/2014 17h13. Disponível em: <http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2014/07/escola-de-artes-amapa-muda-de-endereco- pela-2-vez-em-cinco-anos.html>. Acesso em: 22 mai. 2018. G1 AP.Feira de Natal reúne 90 artesãos dos 16 municípios do Amapá. Por Gabriel Dias - Do G1 AP. Atualizado em 14/12/2013 12h23. Disponível em:<http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2013/12/feira-de-natal-reune-90-artesaos-dos- 16-municipios-do-amapa.html. Acessado em: 25 jan. 2019. IMAZÔNIA. Grupo de Poéticas Visuais da Amazônia -. Disponível em: <https://www.facebook.com/pg/grupoimazonia/about/?ref=page_internal>. Acesso em: 27 jun. 2019. JUSTINIANO,Célia Joaquim. A Eficácia da Arte no Ensino Aprendizagem. Portal da Educação s/n. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/conteudo/a/21118. Acesso em: 20. Jun. 2019>.
  • 73. 73 PINTURA de paisagem. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019.Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo363/pintura-de-paisagem. Acesso em: 05 de out.2019. Verbete da Enciclopédia. REY, Sandra. Da prática à teoria: três instâncias metodológicas sobre a pesquisa emartes visuais. Porto Arte. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais- UFRGS, n.13, v.7, 1996. REY, Sandra.Por uma abordagem metodológica da pesquisa em artes. 2013 Disponívelem:<http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/CENA/DOC/DOC000000000046610.PD F>. Acesso em: 20 mai. 2018. SALGADO, Ivone; SOUZA, Rodrigo; RETRATO E PAISAGEM: dos primórdios das artes visuais à concepção das fotografias brasileiras na segunda metade do século XIX, 4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016. VIANA, Nildo. A Formação da Esfera Artística. Artigo 2013, p. 2. Disponível em: <https://redelp.net › revistas › index.php › rsr › article › download>. Acesso em: 18 set. 2018.
  • 74. 74