SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
ZEFERINO DA COSTA, João (1840-1915). Nascido e falecido no Rio de Janeiro. Matriculou-
se em 1857 na Academia Imperial de Belas Artes, conquistando durante o curso diversas
premiações, inclusive, em 1868, o prêmio de viagem à Europa, com a composição Moisés
Recebendo as Tábuas da Lei.

A 19 de julho de 1868 estava em Roma, matriculando-se logo depois na classe de Cesare
Mariani na Academia de São Lucas; Mariani, antigo aluno de Minardi, gozava de boa reputação
como pintor de história e como decorador de igrejas, e foi quem certamente incutiu em Zeferino
o amor ao assunto sacro e às grandes decorações religiosas em que mais tarde se
notabilizaria.

Durante seu curso em Roma, Zeferino ganhou dois primeiros prêmios em pintura histórica e de
nu, o que lhe acarretou uma recompensa de 2 mil francos e, ao cabo dos cinco anos regulares
de pensão, mais três de prorrogação, dois para aperfeiçoamento e o último para percorrer os
museus europeus. Foi durante essa longa permanência na Itália que o artista brasileiro
produziu algumas de suas obras mais importantes, como A Caridade, O Óbulo da Viúva e A
Pompeana.

Retornando em 1877 ao Brasil, Zeferino foi imediatamente nomeado professor da Academia.
Seria professor praticamente até o fim da vida, mostrando-se de dedicação insuperável e
contribuindo para o aprimoramento de inúmeros artistas, entre os quais Batista da Costa, Oscar
Pereira da Silva, Henrique Bernardelli, Castagneto, Belmiro de Almeida, Firmino Monteiro e
Rodolfo Chambelland. Foi professor de Pintura Histórica em 1877 (substituindo Vitor Meireles),
regente da cadeira de Paisagem em 1878, após a morte de Agostinho José da Mota, vice-
diretor e professor de Modelo Vivo da já então Escola Nacional de Belas Artes, em 1890.
Segundo Alfredo Galvão, "esforçou-se, antes de Jorge Grimm e Antônio Parreiras, para que os
alunos de Paisagem fizessem os estudos ao ar livre".

Em 1879 Zeferino da Costa enviou 17 pinturas à Exposição de Belas Artes organizada pela
Academia, inclusive as que realizara na Itália e lhe tinham grangeado fama. Gonzaga Duque,
elogiando embora A Caridade e o Óbulo da Viúva, desancou sem piedade A Pompeana:

- O maior defeito que tem esta falsa pompeana Fritz & Mack é o de ocultar nos recessos do
corpo a reuma peçonhenta que aduba as flores do deboche. Este corpo é pérfido como a
deslumbrante aparência da urtiga das montanhas a que a população montezinha chama
arrebenta-cavalos. A incauta mocidade não tem a observação bastante fiel para reparar nos
postiços que entraram na conformação daquele corpo de coldcream; aquilo assim arranjado
como está não prova cuidados ortopédicos, foi conseguido há alguns anos a esta parte para o
gosto exclusivo dos colegiais que martirizam os respectivos buços, vaidosos de parecerem
homens e dos velhos estafados em uso de coleópteros afrodisíacos.

E conclui, indignado:

- É incompreensível este inglório trabalho, este de retratar cocottes esbodegadas, em um moço
de grande talento e de grandes aptidões de artista. Qual a causa de aparecer pompeana esta
ruim, esta ignóbil figura, lavada em óleo, emplastada de gorduras aromáticas, besuntada de
veloutine para disfarçar a alambazada estrutura de suas formas? Pompeana por quê?

Fosse pela severa critica de Gonzaga Duque ou por outro qualquer motivo, Zeferino, após
1879, nunca mais participou de exposições públicas, preferindo conservar-se em seu natural
retraimento até o fim da vida.

A grande oportunidade que se lhe apresentou como artista deu-se porém pouco depois,
quando, concluída afinal a construção da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, com a adição
da nova cúpula desenhada por Daniel Pedro Ferro Cardoso, pensou-se em decorá-la com
pinturas que evocassem o milagre ocorrido, séculos antes, a Antônio Martins de Palma e
Leonor Gonçalves. De início a idéia era confiar a decoração a pintores italianos; só por
sugestão de Pedro 11 foi a tarefa entregue a Zeferino da Costa:
- Os senhores devem mandar decorar a igreja por Zeferino da Costa, artista que acaba de
voltar da Itália, onde se especializou em pintura sacra.

Em seis imensos painéis fixou Zeferino a história do milagre: A Partida de Palma, A
Tempestade, A Chegada ao Rio de Janeiro, A Inauguração da Capela, O Lançamento da
Pedra Fundamental da Igreja e A Sagração Solene, estendendo-se o trabalho (no qual teve
a colaboração de diversos alunos, como Castagneto e Oscar Pereira da Silva) de 1880 a 1883.
Comentando tal obra, afirmou Araújo Viana:

- A composição em seu conjunto não tem rival no Rio de Janeiro quanto à magnitude dos
assuntos tratados com uma técnica admirável, quanto às reconstituições arqueológicas
constantes dos painéis das naves, quanto às dificuldades de perspectiva vencidas nas
concavidades ou curvaturas dos tetos, naturalmente por estudos prévios em cartões, onde
Zeferino da Costa seguiu à risca as lições dos mestres da pintura histórica.

Muitos anos mais tarde, em 1913, sendo necessária a restauração dos painéis, o artista foi
novamente incumbido da difícil missão, auxiliado, então, por Sebastião Vieira Fernandes e
Evêncio Nunes. Esse último, em depoimento de 1943, referindo-se a Sebastião que acabara de
falecer, esclarece:

- Ele e eu fizemos o fim do trabalho, pelo fato do ilustre mestre não poder mais pintar, por estar
com as mãos deformadas pelo reumatismo brutal que tanto mal lhe fez. Esses quadros são os
seis que ornam o primeiro corpo à entrada do templo. São esses seis quadros exclusivos de
Sebastião e meus, pois, nessa ocasião, o mestre estava passando mal. Essa verdade não tira
o valor de Zeferino. Nunca! São fatos de nossa vida.

Do ponto de vista artístico, e vista como um todo, a pintura de Zeferino da Costa parece-nos
fria e sem vibração. Como tantos pintores da época, Zeferino concedeu toda a prioridade à
forma, ao desenho, negligenciando a cor e a textura. O resultado é uma obra tecnicamente
correta, na boa tradição européia, mas a que falta emoção. Nas grandes decorações da
Candelária portou-se com a costumeira perícia, resolvendo grandes espaços com auxílio de um
desenho sólido e de discreta palheta; mas não foi propriamente dotado de sentimento para a
pintura religiosa. Mais válidas são as obras da mocidade – não tanto A Pompeana, de 1876, e
que se nos apresenta prosaica, beirando o kitsch e o mau gosto, porém O Óbulo da Viúva e
sobretudo A Caridade, que se nos impõem pela composição cuidadosa, pelos efeitos de claro-
escuro, pelo modelado das figuras e pela correção anatômica.

Aluno de Vítor Meireles, Zeferino herdaria algo do estilo do seu mestre, e até do seu
temperamento: sua emoção é dosada e sem transbordamentos, e tudo em sua produção tende
a sobriedade. Mesmo usando da cor com parcimônia, sabia utilizá-la, conhecendo como
poucos a ciência dos valores, aqui fazendo vibrar um acorde mais sonoro, ali realçando um
pormenor que de outro modo quedaria desapercebido. Nos estudos de traje e nas cabeças, de
que existem vários exemplos no Museu Nacional de Belas Artes, seu parentesco com o autor
de Moema torna-se mais evidente: Vitor Mireles e Zeferino da Costa pertencem a mesma
família.

No título do pequeno livro que escreveu, e que seria publicado dois anos após sua morte:
Mecanismos e proporções da figura humana, resume-se aparentemente o seu credo artístico:
ninguém, mais do que Zeferino, estudou tão fundamente a figura humana, a ponto de
transformá-la em referência única de toda a sua produção.

Ao lado do já citado Vítor Meireles e mais de Pedro Américo, Zeferino da Costa completa uma
tríade formidável de pintores brasileiros do Segundo Império: sobrevivendo a ambos, já entrado
o Séc. XX, Zeferino da Costa foi o ilustre remanescente de um tipo de sensibilidade que se
baseava na estrita obediência aos postulados acadêmicos, ao assunto nobre e ao predomínio
absoluto da forma.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Navarro da costa, mário
Navarro da costa, márioNavarro da costa, mário
Navarro da costa, máriodeniselugli2
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroMariaprofessora
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteirodeniselugli2
 
Figueiredo e melo, francisco aurélio de
Figueiredo e melo, francisco aurélio deFigueiredo e melo, francisco aurélio de
Figueiredo e melo, francisco aurélio dedeniselugli2
 
Palhaços e saltimbancos
Palhaços e saltimbancosPalhaços e saltimbancos
Palhaços e saltimbancosmabrigato
 
Apresentação plano de curso artes autonomia 2011
Apresentação plano de curso artes autonomia 2011Apresentação plano de curso artes autonomia 2011
Apresentação plano de curso artes autonomia 2011biabouch
 
Franco, gessiron, dito siron
Franco, gessiron, dito sironFranco, gessiron, dito siron
Franco, gessiron, dito sirondeniselugli2
 
Cavalleiro, henrique campos
Cavalleiro, henrique camposCavalleiro, henrique campos
Cavalleiro, henrique camposdeniselugli2
 
Trabalho pronto indesign cs3
Trabalho pronto indesign cs3Trabalho pronto indesign cs3
Trabalho pronto indesign cs3Deivison Candinho
 
Bandeira, antônio
Bandeira, antônioBandeira, antônio
Bandeira, antôniodeniselugli2
 

Mais procurados (20)

De fiori, ernesto
De fiori, ernestoDe fiori, ernesto
De fiori, ernesto
 
Bonadei, aldo
Bonadei, aldoBonadei, aldo
Bonadei, aldo
 
Navarro da costa, mário
Navarro da costa, márioNavarro da costa, mário
Navarro da costa, mário
 
Picasso
PicassoPicasso
Picasso
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiro
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiro
 
Figueiredo e melo, francisco aurélio de
Figueiredo e melo, francisco aurélio deFigueiredo e melo, francisco aurélio de
Figueiredo e melo, francisco aurélio de
 
Palhaços e saltimbancos
Palhaços e saltimbancosPalhaços e saltimbancos
Palhaços e saltimbancos
 
Graz, john
Graz, johnGraz, john
Graz, john
 
Apresentação plano de curso artes autonomia 2011
Apresentação plano de curso artes autonomia 2011Apresentação plano de curso artes autonomia 2011
Apresentação plano de curso artes autonomia 2011
 
Século XIX no brasil (II)
Século XIX no brasil (II)Século XIX no brasil (II)
Século XIX no brasil (II)
 
Franco, gessiron, dito siron
Franco, gessiron, dito sironFranco, gessiron, dito siron
Franco, gessiron, dito siron
 
Dias, antonio
Dias, antonioDias, antonio
Dias, antonio
 
Cavalleiro, henrique campos
Cavalleiro, henrique camposCavalleiro, henrique campos
Cavalleiro, henrique campos
 
Trabalho pronto indesign cs3
Trabalho pronto indesign cs3Trabalho pronto indesign cs3
Trabalho pronto indesign cs3
 
Bandeira, antônio
Bandeira, antônioBandeira, antônio
Bandeira, antônio
 
Século xix no brasil (i)
Século xix no brasil (i)Século xix no brasil (i)
Século xix no brasil (i)
 
Pablo Picasso
Pablo PicassoPablo Picasso
Pablo Picasso
 
Krajcberg, frans
Krajcberg, fransKrajcberg, frans
Krajcberg, frans
 
Iberê Camargo
Iberê CamargoIberê Camargo
Iberê Camargo
 

Destaque

Destaque (20)

Sintect vp 37
Sintect vp 37Sintect vp 37
Sintect vp 37
 
Rodrigues, glauco
Rodrigues, glaucoRodrigues, glauco
Rodrigues, glauco
 
Comunicação - Recensão Crítica
Comunicação - Recensão CríticaComunicação - Recensão Crítica
Comunicação - Recensão Crítica
 
Homlogação de diplomas estrangeiros
Homlogação de diplomas estrangeirosHomlogação de diplomas estrangeiros
Homlogação de diplomas estrangeiros
 
Avisos e conselhos
Avisos e conselhosAvisos e conselhos
Avisos e conselhos
 
3 m
3 m3 m
3 m
 
F3 apa
F3 apaF3 apa
F3 apa
 
Tic enseñar con redes sociales
Tic enseñar con redes socialesTic enseñar con redes sociales
Tic enseñar con redes sociales
 
Inquerito escola (frente)
Inquerito escola (frente)Inquerito escola (frente)
Inquerito escola (frente)
 
Calendarios2011 EJA - Ensino Médio
Calendarios2011 EJA - Ensino MédioCalendarios2011 EJA - Ensino Médio
Calendarios2011 EJA - Ensino Médio
 
Listados de grupos para trabajos practicos
Listados de grupos para trabajos practicosListados de grupos para trabajos practicos
Listados de grupos para trabajos practicos
 
Donald no país da matemágica
Donald no país da matemágicaDonald no país da matemágica
Donald no país da matemágica
 
Correio uacury 09 2010
Correio uacury 09 2010Correio uacury 09 2010
Correio uacury 09 2010
 
Homologação de diplomas
Homologação de diplomasHomologação de diplomas
Homologação de diplomas
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
Presentacion del proyecto
Presentacion del proyectoPresentacion del proyecto
Presentacion del proyecto
 
Guada m
Guada mGuada m
Guada m
 
Ce001 28
Ce001 28Ce001 28
Ce001 28
 
Orgaos da soberania
Orgaos da soberaniaOrgaos da soberania
Orgaos da soberania
 
Instrucciones Word
Instrucciones WordInstrucciones Word
Instrucciones Word
 

Semelhante a Zeferino da costa, joão

Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de limadeniselugli2
 
Timóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturTimóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturdeniselugli2
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesdeniselugli2
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedrodeniselugli2
 
Os Grandes Mestres da Pintura
Os Grandes Mestres da PinturaOs Grandes Mestres da Pintura
Os Grandes Mestres da PinturaHelder Martinho
 
Artistas e Músicos República 8ºC
Artistas e Músicos República 8ºCArtistas e Músicos República 8ºC
Artistas e Músicos República 8ºCMichele Pó
 
Superando o academicismo
Superando o academicismoSuperando o academicismo
Superando o academicismoRafael Santos
 
Renascimento
RenascimentoRenascimento
RenascimentoNatercia
 
Michelangelo merisi da_caravaggio clc 6
Michelangelo merisi da_caravaggio clc 6Michelangelo merisi da_caravaggio clc 6
Michelangelo merisi da_caravaggio clc 6A Marina Cunha
 
Século xix no brasil a modernização da arte
Século xix no brasil  a modernização da arteSéculo xix no brasil  a modernização da arte
Século xix no brasil a modernização da arteArtesElisa
 
Costa, waldemar da
Costa, waldemar daCosta, waldemar da
Costa, waldemar dadeniselugli2
 
Albuquerque, lucilio de
Albuquerque, lucilio deAlbuquerque, lucilio de
Albuquerque, lucilio dedeniselugli2
 
9o. ano os ismos da arte moderna- Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...
9o. ano  os ismos da arte moderna-  Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...9o. ano  os ismos da arte moderna-  Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...
9o. ano os ismos da arte moderna- Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...elisabhp
 

Semelhante a Zeferino da costa, joão (20)

Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de lima
 
Timóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturTimóteo da costa, artur
Timóteo da costa, artur
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristides
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedro
 
Os Grandes Mestres da Pintura
Os Grandes Mestres da PinturaOs Grandes Mestres da Pintura
Os Grandes Mestres da Pintura
 
Henrique Pousão
Henrique PousãoHenrique Pousão
Henrique Pousão
 
Dacosta, milton
Dacosta, miltonDacosta, milton
Dacosta, milton
 
Artistas e Músicos República 8ºC
Artistas e Músicos República 8ºCArtistas e Músicos República 8ºC
Artistas e Músicos República 8ºC
 
Quinhentismo
QuinhentismoQuinhentismo
Quinhentismo
 
Centro de ensino sâmela
Centro de ensino   sâmelaCentro de ensino   sâmela
Centro de ensino sâmela
 
Superando o academicismo
Superando o academicismoSuperando o academicismo
Superando o academicismo
 
Renascimento
RenascimentoRenascimento
Renascimento
 
Michelangelo merisi da_caravaggio clc 6
Michelangelo merisi da_caravaggio clc 6Michelangelo merisi da_caravaggio clc 6
Michelangelo merisi da_caravaggio clc 6
 
Século xix no brasil a modernização da arte
Século xix no brasil  a modernização da arteSéculo xix no brasil  a modernização da arte
Século xix no brasil a modernização da arte
 
BIO: Paul klee
BIO: Paul klee BIO: Paul klee
BIO: Paul klee
 
Semana de 22
Semana de 22Semana de 22
Semana de 22
 
Costa, waldemar da
Costa, waldemar daCosta, waldemar da
Costa, waldemar da
 
Albuquerque, lucilio de
Albuquerque, lucilio deAlbuquerque, lucilio de
Albuquerque, lucilio de
 
Arte
ArteArte
Arte
 
9o. ano os ismos da arte moderna- Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...
9o. ano  os ismos da arte moderna-  Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...9o. ano  os ismos da arte moderna-  Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...
9o. ano os ismos da arte moderna- Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...
 

Mais de deniselugli2

Mais de deniselugli2 (19)

Wega nery
Wega neryWega nery
Wega nery
 
Wakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuoWakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuo
 
Volpi, alfredo
Volpi, alfredoVolpi, alfredo
Volpi, alfredo
 
Viaro, guido
Viaro, guidoViaro, guido
Viaro, guido
 
Valentim, rubem
Valentim, rubemValentim, rubem
Valentim, rubem
 
Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.
 
Taunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoineTaunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoine
 
Tarsila do amaral
Tarsila do amaralTarsila do amaral
Tarsila do amaral
 
Sigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençaSigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proença
 
Serpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiraSerpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreira
 
Segall, lasar
Segall, lasarSegall, lasar
Segall, lasar
 
Scliar, carlos
Scliar, carlosScliar, carlos
Scliar, carlos
 
Schendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miraSchendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, mira
 
Samico, gilvan
Samico, gilvanSamico, gilvan
Samico, gilvan
 
Sacilotto, luís
Sacilotto, luísSacilotto, luís
Sacilotto, luís
 
Rugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritzRugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritz
 
Ramos, nuno
Ramos, nunoRamos, nuno
Ramos, nuno
 
Prazeres, heitor dos
Prazeres, heitor dosPrazeres, heitor dos
Prazeres, heitor dos
 
Portinari, cândido
Portinari, cândidoPortinari, cândido
Portinari, cândido
 

Último

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médiorosenilrucks
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfRavenaSales1
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfLuizaAbaAba
 
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para criançasJogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para criançasSocorro Machado
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAHELENO FAVACHO
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptssuser2b53fe
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxedelon1
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 

Último (20)

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
 
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para criançasJogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 

Zeferino da costa, joão

  • 1. ZEFERINO DA COSTA, João (1840-1915). Nascido e falecido no Rio de Janeiro. Matriculou- se em 1857 na Academia Imperial de Belas Artes, conquistando durante o curso diversas premiações, inclusive, em 1868, o prêmio de viagem à Europa, com a composição Moisés Recebendo as Tábuas da Lei. A 19 de julho de 1868 estava em Roma, matriculando-se logo depois na classe de Cesare Mariani na Academia de São Lucas; Mariani, antigo aluno de Minardi, gozava de boa reputação como pintor de história e como decorador de igrejas, e foi quem certamente incutiu em Zeferino o amor ao assunto sacro e às grandes decorações religiosas em que mais tarde se notabilizaria. Durante seu curso em Roma, Zeferino ganhou dois primeiros prêmios em pintura histórica e de nu, o que lhe acarretou uma recompensa de 2 mil francos e, ao cabo dos cinco anos regulares de pensão, mais três de prorrogação, dois para aperfeiçoamento e o último para percorrer os museus europeus. Foi durante essa longa permanência na Itália que o artista brasileiro produziu algumas de suas obras mais importantes, como A Caridade, O Óbulo da Viúva e A Pompeana. Retornando em 1877 ao Brasil, Zeferino foi imediatamente nomeado professor da Academia. Seria professor praticamente até o fim da vida, mostrando-se de dedicação insuperável e contribuindo para o aprimoramento de inúmeros artistas, entre os quais Batista da Costa, Oscar Pereira da Silva, Henrique Bernardelli, Castagneto, Belmiro de Almeida, Firmino Monteiro e Rodolfo Chambelland. Foi professor de Pintura Histórica em 1877 (substituindo Vitor Meireles), regente da cadeira de Paisagem em 1878, após a morte de Agostinho José da Mota, vice- diretor e professor de Modelo Vivo da já então Escola Nacional de Belas Artes, em 1890. Segundo Alfredo Galvão, "esforçou-se, antes de Jorge Grimm e Antônio Parreiras, para que os alunos de Paisagem fizessem os estudos ao ar livre". Em 1879 Zeferino da Costa enviou 17 pinturas à Exposição de Belas Artes organizada pela Academia, inclusive as que realizara na Itália e lhe tinham grangeado fama. Gonzaga Duque, elogiando embora A Caridade e o Óbulo da Viúva, desancou sem piedade A Pompeana: - O maior defeito que tem esta falsa pompeana Fritz & Mack é o de ocultar nos recessos do corpo a reuma peçonhenta que aduba as flores do deboche. Este corpo é pérfido como a deslumbrante aparência da urtiga das montanhas a que a população montezinha chama arrebenta-cavalos. A incauta mocidade não tem a observação bastante fiel para reparar nos postiços que entraram na conformação daquele corpo de coldcream; aquilo assim arranjado como está não prova cuidados ortopédicos, foi conseguido há alguns anos a esta parte para o gosto exclusivo dos colegiais que martirizam os respectivos buços, vaidosos de parecerem homens e dos velhos estafados em uso de coleópteros afrodisíacos. E conclui, indignado: - É incompreensível este inglório trabalho, este de retratar cocottes esbodegadas, em um moço de grande talento e de grandes aptidões de artista. Qual a causa de aparecer pompeana esta ruim, esta ignóbil figura, lavada em óleo, emplastada de gorduras aromáticas, besuntada de veloutine para disfarçar a alambazada estrutura de suas formas? Pompeana por quê? Fosse pela severa critica de Gonzaga Duque ou por outro qualquer motivo, Zeferino, após 1879, nunca mais participou de exposições públicas, preferindo conservar-se em seu natural retraimento até o fim da vida. A grande oportunidade que se lhe apresentou como artista deu-se porém pouco depois, quando, concluída afinal a construção da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, com a adição da nova cúpula desenhada por Daniel Pedro Ferro Cardoso, pensou-se em decorá-la com pinturas que evocassem o milagre ocorrido, séculos antes, a Antônio Martins de Palma e Leonor Gonçalves. De início a idéia era confiar a decoração a pintores italianos; só por sugestão de Pedro 11 foi a tarefa entregue a Zeferino da Costa:
  • 2. - Os senhores devem mandar decorar a igreja por Zeferino da Costa, artista que acaba de voltar da Itália, onde se especializou em pintura sacra. Em seis imensos painéis fixou Zeferino a história do milagre: A Partida de Palma, A Tempestade, A Chegada ao Rio de Janeiro, A Inauguração da Capela, O Lançamento da Pedra Fundamental da Igreja e A Sagração Solene, estendendo-se o trabalho (no qual teve a colaboração de diversos alunos, como Castagneto e Oscar Pereira da Silva) de 1880 a 1883. Comentando tal obra, afirmou Araújo Viana: - A composição em seu conjunto não tem rival no Rio de Janeiro quanto à magnitude dos assuntos tratados com uma técnica admirável, quanto às reconstituições arqueológicas constantes dos painéis das naves, quanto às dificuldades de perspectiva vencidas nas concavidades ou curvaturas dos tetos, naturalmente por estudos prévios em cartões, onde Zeferino da Costa seguiu à risca as lições dos mestres da pintura histórica. Muitos anos mais tarde, em 1913, sendo necessária a restauração dos painéis, o artista foi novamente incumbido da difícil missão, auxiliado, então, por Sebastião Vieira Fernandes e Evêncio Nunes. Esse último, em depoimento de 1943, referindo-se a Sebastião que acabara de falecer, esclarece: - Ele e eu fizemos o fim do trabalho, pelo fato do ilustre mestre não poder mais pintar, por estar com as mãos deformadas pelo reumatismo brutal que tanto mal lhe fez. Esses quadros são os seis que ornam o primeiro corpo à entrada do templo. São esses seis quadros exclusivos de Sebastião e meus, pois, nessa ocasião, o mestre estava passando mal. Essa verdade não tira o valor de Zeferino. Nunca! São fatos de nossa vida. Do ponto de vista artístico, e vista como um todo, a pintura de Zeferino da Costa parece-nos fria e sem vibração. Como tantos pintores da época, Zeferino concedeu toda a prioridade à forma, ao desenho, negligenciando a cor e a textura. O resultado é uma obra tecnicamente correta, na boa tradição européia, mas a que falta emoção. Nas grandes decorações da Candelária portou-se com a costumeira perícia, resolvendo grandes espaços com auxílio de um desenho sólido e de discreta palheta; mas não foi propriamente dotado de sentimento para a pintura religiosa. Mais válidas são as obras da mocidade – não tanto A Pompeana, de 1876, e que se nos apresenta prosaica, beirando o kitsch e o mau gosto, porém O Óbulo da Viúva e sobretudo A Caridade, que se nos impõem pela composição cuidadosa, pelos efeitos de claro- escuro, pelo modelado das figuras e pela correção anatômica. Aluno de Vítor Meireles, Zeferino herdaria algo do estilo do seu mestre, e até do seu temperamento: sua emoção é dosada e sem transbordamentos, e tudo em sua produção tende a sobriedade. Mesmo usando da cor com parcimônia, sabia utilizá-la, conhecendo como poucos a ciência dos valores, aqui fazendo vibrar um acorde mais sonoro, ali realçando um pormenor que de outro modo quedaria desapercebido. Nos estudos de traje e nas cabeças, de que existem vários exemplos no Museu Nacional de Belas Artes, seu parentesco com o autor de Moema torna-se mais evidente: Vitor Mireles e Zeferino da Costa pertencem a mesma família. No título do pequeno livro que escreveu, e que seria publicado dois anos após sua morte: Mecanismos e proporções da figura humana, resume-se aparentemente o seu credo artístico: ninguém, mais do que Zeferino, estudou tão fundamente a figura humana, a ponto de transformá-la em referência única de toda a sua produção. Ao lado do já citado Vítor Meireles e mais de Pedro Américo, Zeferino da Costa completa uma tríade formidável de pintores brasileiros do Segundo Império: sobrevivendo a ambos, já entrado o Séc. XX, Zeferino da Costa foi o ilustre remanescente de um tipo de sensibilidade que se baseava na estrita obediência aos postulados acadêmicos, ao assunto nobre e ao predomínio absoluto da forma.