2. O que é Intertextualidade?
“Intertexto” é a presença de vestígios, partes,
influências ou mesmo recortes de um texto A
em um texto B.
Existem várias formas de uso do intertexto: na
escrita, no cinema, na literatura, nas artes
plásticas etc.
A finalidade da intertextualidade é usar o texto
origem para fazer, recriar ou remodelar um outro
texto novo. Pode-se perceber também conexões
em textos diferentes, mas que nenhum
influenciou o outro, como nas matérias de jornal.
3. Tipos de Intertextualidade
Intertextualidade temática – quando trata sobre um
mesmo tema sob perspectivas diferentes. Podem
ser em gêneros ou discursos textuais diferentes:
Intertextualidade estilística – envolve questões de
estilos de discurso ou de texto.
Intertextualidade implícita – quando é percebida a
conexão entre textos, mas a fonte não é citada.
Intertextualidade explícita – quando é percebida a
conexão entre textos e a fonte é especificada
diretamente ao leitor.
5. Intertextualidade temática
A Galinha dos Ovos de Ouro
ESOPO
Um homem tinha uma galinha que botava ovos de ouro. Por
imaginar que dentro dela havia uma massa de ouro, ele a matou,
descobrindo a seguir que ela igual às demais galinhas. Assim, ele,
que esperava encontrar a riqueza em bloco, até do pequeno lucro se
privou.
[A fábula mostra] Que a gente deve dar-se por satisfeito com os bens
presentes e evitar o desejo insaciável.
6. Intertextualidade temática
A Galinha dos Ovos de Ouro
La Fontaine
A avareza tudo perde ao querer tudo ganhar
Como testemunho disso quero
Apenas o daquele cuja Galinha, conforme diz a Fábula,
Punha todos os dias um ovo de ouro.
Pensou ele que dentro do corpo ela tinha um tesouro.
Matou-a, abriu-a e a encontrou igual
Àquelas cujos ovos nada lhe traziam,
Tendo-se ele próprio privado do seu bem mais precioso.
Bonita lição para as pessoas avaras!
Nestes últimos tempos, quantas temos visto
Tornarem-se pobres da noite para o dia,
Por desejarem enriquecer muito depressa?
7. Intertextualidade temática
A Galinha dos Ovos de Ouro (recorte)
Moacyr Scliar
A galinha dos ovos de ouro tinha uma vocação
frustrada, uma paixão não correspondida – além da
penosa anomalia.
A vocação frustrada: queria ser cantora. (...)
Uma penosa anomalia: botava ovos de ouro. Sem
alegria; com desagrado, com dor, mesmo. Gestava
objetos duros e frios; eliminava-os em meio a
sofrimentos indescritíveis: um suplício que se repetia
a cada dia, de madrugada.
8. Intertextualidade Estilística
CHAPEUZINHO VERMELHO
(...)
E nem bem o lobo disse isso, deu um pulo da cama e engoliu a pobre
Chapeuzinho Vermelho. Quando o lobo satisfez a sua vontade, deitou-
se de novo na cama, adormeceu e começou a roncar muito alto. O
caçador passou perto da casa e pensou: “Como a velha está roncando
hoje! Preciso ver se não lhe falta alguma coisa”. Então ele entrou na
casa, e quando olhou para a cama, viu que o lobo dormia nela.
– É aqui que eu te encontro, velho malfeitor, – disse ele – há muito
tempo
que estou à tua procura.
Aí ele quis apontar a espingarda, mas lembrou-se de que o lobo podia
ter devorado a vovó, e que ela ainda poderia ser salva. Por isso, ele
não atirou, mas pegou uma tesoura e começou a abrir a barriga do
lobo adormecido. E quando deu algumas tesouradas, viu logo o
vermelho do chapeuzinho, (...)
9. Intertextualidade estilística
JORNAL NACIONAL
(William Bonner): „Boa noite. Uma menina chegou a ser
devorada por um lobo na noite de ontem…‟.
(Fátima Bernardes): „… mas a atuação de um caçador
evitou uma tragédia‟.
BRASIL URGENTE
(Datena): „… onde é que a gente vai parar, cadê as
autoridades? Cadê as autoridades? ! A menina ia para a
casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não
tem transporte público!
Não tem segurança! Onde estava o secretário de
segurança e os engenheiros da CET ? E foi devorada
viva….. Sim VIVA!!!
Um lobo, um lobo safado, calhorda. Põe na tela ESSE
ANIMAL!! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de
10. Intertextualidade estilística
REVISTA VEJA
Lula sabia das intenções do lobo.
REVISTA ISTO É
Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.
REVISTA CLÁUDIA
Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.
CLAUDIA Cozinha
A Vovó se foi. Mas deixou o seu livro de receitas!
REVISTA NOVA
Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama.
PLAYBOY
(Ensaio fotográfico com Chapeuzinho uma semana depois)
Veja o que só o lobo viu.
NOVA ESCOLA
Violência – caso Chapeuzinho Vermelho é um alerta para os pais e educadores.
FOLHA DE S. PAULO
Legenda da foto: ‘Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador‟.
Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos dos lobos e um imenso infográfico
mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.
COMUNIDADES DO ORKUT
Eu já tirei meninas da barriga de lobos
Eu já fui um lobo
12. Intertextualidade implícita
Canção do Exílio, de Gonçalves Dias
“Nosso céu tem mais estrelas
Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida mais amores.”
13. Intertextualidade implícita
Hino Nacional
“Do que a terra mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida, em teu seio, mais amores.”
15. Intertextualidade explícita
A fábula recorre a recursos que utilizam o imaginário, a
fantasia e o impossível para fundamentar a estória, mas
sempre interligando o mundo ficcional ao mundo real. Essa
dialética entre o real e o imaginário está imerso nas artes
de modo geral e na literatura se expressa de forma
imaginativamente visual, quase como uma pintura (porém
com um nível muito maior de abstração). Jacqueline Held
trata da seguinte forma a definição para o fantástico na
arte:
Que é, pois, o fantástico? Questão árdua, realidade multiforme... mas
qualquer pesquisa supõe algumas definições prévias, embora incompletas
e provisórias. Abramos um dicionário: o fantástico seria o “extraordinário, o
insensato, o incrível, o inimaginável”?... Paremos por um instante: o
inimaginável... Tratando-se do fantástico na literatura, pintura, na música...
enfim, na obra de arte, tal definição é, na realidade, contraditória, pois um
caráter inconstestável da obra fantástica é precisamente ter sido criada,
imaginada, pelo espírito do autor. A obra fantástica- bem como qualquer
outra – é, ao contrário, a obra imaginável. (HELD, 1980, p.23)