Histórias em Quadrinhos e Teorias do Imaginário se unem para criar conteúdo. Mas como elas funcionam? A apresentação mostra uma abordagem da linguagem das HQs e um sobrevoo sobre as teorias de estudo do Imaginário segundo Gilbert Durand. Esta apresentação foi mostrada em 3/10 na inauguração da Gibiteca da Univem (Marília - SP).
Histórias em Quadrinhos e o Mito: linguagem e Imaginário
1.
2. As HQs e o
Mito Linguagem e
Imaginário
Prof. André Carvalho
3. Histórias em Quadrinhos
Forma de narrativa híbrida que combina diálogos amplos e
enredos desenvolvidos, característicos da literatura escrita, com
o visual das artes gráficas: narrativas gráficas.
5. De narrativas gráficas a HQs
The Yellow Kid
Richard F. Outcault, 1896
Max und Moritz
Wilhelm Busch, 1865
Juca e Chico
Trad. Olavo Bilac
Angelo Agostini
Revista Ilustrada, 1870-80
6. Aplicações
- Cria expressão e fluxo narrativo.
- Fácil compreensão: contaminação
entre o narrativo e o visual.
- É bem simbólico: cria, transmite, se
apropria e interpreta o mito.
8. Histórias em Quadrinhos
Limitações de Representação
Expressão dos personagens
Textura sonora
Movimento
Fluxo do tempo
9. Expressão dos Personagens
Verbal
O Balão, suas
formas, cores,
tamanhos.
Recursos digitais
permitem inúmeras
possibilidades
Léxico:
Reproduz a
oralidade.
Busca o
coloquial.
Letras: cor e
tamanho; tipo de
fonte e símbolos
podem expressar
sotaques.
10. Expressão dos Personagens
Não Verbal
Processo de visualização da
metáfora:
Cores, símbolos gráficos (lâmpada
na cabeça, coraçãozinho, pingos,
etc.).
Gags faciais: a expressão
dos personagens
representada no próprio
desenho.
11. Textura sonora
onomatopeia
Onomaton (nome) + poiesis (criação)
A reprodução visual
de um som.
Mais do que sonoras,
levam o som à
visualidade.
16. Relação Redundante
O desenho
repetitivo do
próprio objeto
ou corpo em
movimento.
Movimento
atrelado à
noção de
TEMPO.
17. Fluxo do Tempo
Tempo, espaço e som se
combinam para a
percepção da realidade.
Espaço: medida objetiva;
Som: intensidade e posição;
Tempo: memória, ou a
lembrança da experiência
Quadrinhos
Desenhos estáticos
Síntese da realidade que
condensa a cena
Acordo sobre o que
não é desenhado.
ELÍPSE
18. Fluxo do Tempo
Elípse:
aquilo que o leitor
deve inferir entre
um quadrinho e
outro.
19. Fluxo do Tempo
Redução:
Toda informação
condensada em
um único
quadrinho
20. Fluxo do Tempo
Expansão:
movimentos acontecem em “câmera
lenta”, etapa por etapa.
21. Fluxo do Tempo
“Você tem apenas
um desenho:
o momento climático.
Este é o segredo da ação”
(Carl Barks, 1975)
22. Imaginário
Séc. XIX: “A louca da casa”
Fantasia, ilusão,
irracionalidade.
- Fuga (oposição ao real)
- Capacidade de criação:
poesia e artes.
A explosão do uso de imagens
no Séc. XX (fotografia, cinema,
publicidade, etc.) faz o termo
ser usado sem critérios.
Gilbert Durand (1960):
“As Estruturas Antropológicas do Imaginário”
23. Imaginário
Para que estudar o
Imaginário?
Equilibração antropológica
Lidar com a Angústia Existencial: a
Morte e o Tempo que passa.
Organizador do Real
24. Imaginário
Símbolos
extrínsecos à
consciência,
provenientes do
meio social,
objetivo.
Símbolos
intrínsecos à
consciência,
pulsionais,
subjetivos.
Trajeto
antropológico
25. Imaginário
O Conjunto das
imagens e relações de
imagens que constitui o
capital pensado do
homo sapiens.
Classificação das
imagens acontece pela
análise da gesticulação
cultural que empresta
sentido aos símbolos.
26. Gesticulação
cultural
Processo dinâmico que
empresta sentido aos símbolos.
Criação
Transmissão
Apropriação
Interpretação
A recorrência simbólica durante estes processos
permite a classificação em estruturas de sensibilidade.
27. A recorrência simbólica
durante estes processos
permite a classificação em
estruturas de sensibilidade. Estrutura Heroica:
Negação da
negatividade.
30. O Mito
Conjunto dinâmico
de símbolos que se
organiza em
narrativa:
sucessão de
imagens que conta
uma história.
31. Self-made man
Bobbie Carlyle
2000
O Mito do
self-made man
- Origem humilde;
- Sólida formação moral;
- Trabalho duro;
- Rompe as barreiras de
sua condição e ascende
socialmente;
- Alcança riqueza e
reconhecimento;
- Cria uma nova
identidade para si
mesmo.
32. O Mito do
self-made man
- Origem humilde;
- Sólida formação moral;
- Trabalho duro;
- Rompe as barreiras de
sua condição e ascende
socialmente;
- Alcança riqueza e
reconhecimento;
- Cria uma nova
identidade para si
mesmo.
33. O Mito do
self-made man
Self-made man: herói solar,
ascencional, que exibe a conquista.
Tio Patinhas: econômico,
seu símbolo espetacular é
um cofre. Uma cimo e um continente
juntos: microcosmo da
totalidade do cosmo
simbólico.
Tio Patinhas:
“Harmoniza num todo
coerente as contradições
mais flagrantes”.
34. Bibliografia selecionada
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo:
Editora Contexto, 2009.
RAMOS, Paulo. Faces do humor: Uma aproximação entre
piadas e tiras. Campinas: Zarabatana Books, 2011.
FERREIRA-SANTOS, Marcos; ALMEIDA, Rogério de.
Aproximações ao imaginário – Bússola de investigação
poética. São Paulo: Képos, 2012.
WUNENBURGER, Jean-Jacques. O imaginário. São Paulo:
Edições Loyola, 2007.
ANDRAE, Thomas. Carl Barks and the Disney Comic Book:
Unmasking the Mith of modernity. Jackson: The
University Press of Mississippi, 2006.
Notas do Editor
Recorrência simbólica: é o verbo, e não o substantivo, que deve ser observado. Não importa se colorido ou preto e branco, mas sim qual o gesto, o movimento representado, a função do símbolo. Desse gesto vem a reflexologia (postural, digestivo e rítmico).