Escola Estadual Doutor Álvaro Guião

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Escola Estadual Doutor Álvaro Guião
Escola Estadual Doutor Álvaro Guião
Vista da escadaria da antiga entrada principal.
Informação
Localização São Carlos
Tipo de instituição Ensino Fundamental, Ensino Médio
Abertura 4 de fevereiro de 1911 (Prédio anterior)
18 de novembro de 1916 (prédio atual)
Diretor(a) Rita de Cassia Baffa Gonçalves
Número de estudantes 1.800 alunos e 55 docentes

A Escola Estadual Doutor Álvaro Guião foi fundada em 1911, com o nome de Escola Normal Secundária de São Carlos, na cidade de São Carlos, interior de São Paulo. É patrimônio cultural estadual reconhecido pelo Condephaat em 1985[1] e consta da lista de bens de interesse histórico publicada em 2021 pela Fundação Pró-Memória de São Carlos (FPMSC).[2]

História[editar | editar código-fonte]

[3] A escola foi fundada pelo Decreto de Lei n° 1998 de 4 de fevereiro de 1911 com o nome de Escola Normal Secundária de São Carlos, instalada no prédio da então Escola Complementar Conde do Pinhal, que atualmente é a Escola Estadual de Primeiro Grau Eugênio Franco, na Rua José Botelho, e oferecia o curso de formação de professores, com duração de 4 anos.[4]

Um lugar repleto de simbologia onde germinou a vocação de São Carlos para a ciência e o conhecimento.[5] O doutor João Chrysostomo Bueno dos Reis Junior, advogado formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, foi o primeiro diretor da escola, além disso, o quadro inicial foi composto pelos seguintes docentes:[6]

  • João Augusto de Pereira Junior, Bacharel em Direito - Lente de Português, Latim e História da Língua;
  • Juvenal de Azevedo Penteado, professor e pensador - Lente de Francês e Inglês;
  • João Lourenço Rodrigues, professor - Lente de Aritmética e Álgebra;
  • Rafael Falco, artista conhecido nacionalmente na época - Professor de Caligrafia e Desenho;
  • Lucila Pompeo de Camargo - professora de Trabalhos Manuais (Seção Feminina);
  • Jorge Barbato - professor de Trabalhos Manuais (Seção Masculina).

No período de 13 a 25 de fevereiro, as inscrições para os exames de suficiência foram abertas, cento e quarenta e quatro candidatos foram inscritos, dos quais sessenta e dois foram aprovados. As matrículas foram realizadas entre 20 e 21 de março e as aulas tiveram início no dia 22, data que hoje é comemorada como aniversário da escola.[6][7]

Em 18 de setembro de 1913, devido à necessidade de um espaço maior e mais adequado para a escola, que se encontrava em instalações precárias, lançaram solenemente a pedra fundamental do edifício que é, ainda hoje, o endereço da Escola Secundária localizada na Rua Carlos Botelho, morada da antiga Capela de São Sebastião (pertencente à Mitra Diocesana).[7][8] O projeto e a construção ficaram a cargo do engenheiro doutor Raul Porto e do mestre de obras Torello Dinucci, e teve sua inauguração em 18 de novembro de 1916.[6][7][9]

Em 21 de abril de 1933, pelo Decreto n° 5884, a escola passou a integrar curso fundamental e profissionalizante, posteriormente curso ginasial. Em 19 de dezembro de 1939, pelo Decreto n° 10.811, foi renomeado para Doutor Álvaro Guião,[9] em homenagem ao então secretário da educação, falecido num acidente aéreo em Ponte Nova no mesmo mês.[6][7]

Em 12 de abril de 1942, pelo Decreto n° 4224, e com base na reforma do ensino secundário, passou a contar com dois ciclos de ensino: Curso Ginasial com duração de 4 anos; e Curso Ginasial com duração de 3 anos subdividido em Científico e Clássico. Em 7 de março de 1944, pelo Decreto Federal n° 14960, passou a se chamar Colégio Estadual e Escola Normal Dr. Álvaro Guião.[7]

A partir de 1949 passou a oferecer os Cursos colegial e ginasial no período noturno, e posteriormente, em 1952, o curso normal. Em 1952, graças ao Projeto de Lei n° 168, passou a oferecer também cursos de pós-graduação. No ano seguinte, passou a ser denominada Instituto de Educação pela Lei n° 2221.[6][7]

Em 1976, a partir da Lei n° 5692 de 11 de agosto de 1971, que transformou o curso normal em uma habilitação profissional, o instituto passou a ser Escola Estadual de Segundo Grau Doutor Álvaro Guião, oferecendo cursos de segundo grau e magistério.[7]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Vista parcial do pátio interno da escola

[10] O prédio foi projetado pelo arquiteto alemão Carlos Rosencrantz e construído pelo engenheiro Raul Porto e pelo mestre de obras Torello Dinucci. Com grande influência de art nouveau, "destacando-se os volumes curvos do centro e das extremidades da fachada principal",[11], o edifício atual da Escola Álvaro Guião, inaugurado em 1916, teve um rico acabamento, como, por exemplo, mármore italiano e mobiliário inglês e austríaco, madeiramento em pinho de riga e madeiras nobres nacionais, pisos do saguão e das galerias em cerâmica francesa, lustres de cristal de Baccarat, balaustrada e pilares do anfiteatro em ferro estrangeiro, e mobílias das salas de origem inglesa e austríaca.[8]

O prédio foi projetado em dois pavimentos:

  • Térreo, com acesso por uma escadaria de granito de 6 metros de largura, contando com o hall, diretoria, secretaria, biblioteca, anfiteatro e salas de aula repartidas em alas feminina e masculina;
  • Porão, contendo laboratórios, salas especiais para educação física, trabalhos manuais e pintura.

Após inúmeras reformas, o prédio foi tombado como patrimônio histórico e cultural do Estado de São Paulo pelo Decreto publicado em 7 de Novembro de 1985 no Diário Oficial.[6][7][9][12]

Se localiza na Poligonal Histórica, no trecho A, quadra 39, com fachada principal posicionada a Oeste. Encontra-se em ótimo estado de conservação e bem preservada (Condição de Preservação). Construída em 1913, em estilo Eclético para uso Educacional e Atividade Escolar.[13]

Ecletismo em São Carlos[editar | editar código-fonte]

O Ecletismo chegou à cidade de São Carlos por conta da riqueza advinda do período cafeeiro e pela construção da ferrovia, a partir de 1884. Foi um período de expansão urbana do município. Além disso, grande número de trabalhadores imigrantes traziam consigo conhecimento de métodos construtivos europeus, que foram sendo incorporados às práticas construtivas locais. Construções em estilo Eclético eram símbolo de status social.[14]

Bem de interesse histórico[editar | editar código-fonte]

Entre 2002 e 2003, a Fundação Pró-Memória de São Carlos (FPMSC), órgão da prefeitura, fez um primeiro levantamento (não-publicado) dos "imóveis de interesse histórico" (IDIH) da cidade de São Carlos, abrangendo cerca de 160 quarteirões, tendo sido analisados mais de 3 mil imóveis. Destes, 1.410 possuíam arquitetura original do final do século XIX. Entre estes, 150 conservavam suas características originais, 479 tinham alterações significativas, e 817 estavam bastante descaracterizados.[15] O nome das categorias das edificações constantes na lista alterou-se ao longo dos anos.

A edificação de que trata este verbete consta como "Edifício tombado" (categoria 1) no inventário de bens patrimoniais do município de São Carlos, publicado em 2021[16] pela Fundação Pró-Memória de São Carlos (FPMSC), órgão público municipal responsável por "preservar e difundir o patrimônio histórico e cultural do Município de São Carlos".[17] A referida designação de patrimônio foi publicada no Diário Oficial do Município de São Carlos nº 1722, de 09 de março de 2021, nas páginas 10 e 11.[18] De modo que consta da poligonal histórica delimitada pela referida Fundação, que "compreende a malha urbana de São Carlos da década de 40".[19] A poligonal é apresentada em mapa publicado em seu site, onde há a indicação de bens em processo de tombamento ou já tombados pelo Condephaat (órgão estadual), bens tombados na esfera municipal e imóveis protegidos pela municipalidade (FPMSC).[20][21]

Tombado por:[1][editar | editar código-fonte]

  • CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico Número do Processo: 24202/85
    • Resolução de Tombamento: Resolução 60, de 04/11/1985
    • Publicação do Diário Oficial: Poder Executivo, Seção I, 07/11/1985, p. 16
    • Livro do Tombo Histórico: Nº inscr. 244, p. 65 e 66, 22/01/1987
  • FPMSC – Fundação Pró-Memória de São Carlos / CONDEPHAASC – Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de São Carlos
    • Número do Processo: 116/2010
    • Tombamento Municipal ex-officio: Resolução n° 09, de 19 de setembro de 2012
    • Publicação do Diário Oficial: 21 de setembro de 2012

Curiosidades[editar | editar código-fonte]

  • Em 2017 o aluno Vitor Aguiar de Jesus participou do Concurso Educação nas Redes, organizado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo em parceria com o Google for Education. Com a página do Facebook "Guião Memes" o aluno foi o vencedor com mais de 50% dos votos na categoria Vida Escolar e Grêmio Estudantil.[22][23]
  • Em 2012, a escola foi votada como uma das sete maravilhas de São Carlos em um concurso online realizado pela prefeitura do município. A escola foi a terceira mais votada, com 11 mil votos.[24][25]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «São Carlos – Instituto de Educação Doutor Álvaro Guião | ipatrimônio». Consultado em 2 de novembro de 2022 
  2. Fundação Pró-Memória de São Carlos (2021). «Inventário de Bens Patrimoniais do Município de São Carlos» (PDF). Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022  |arquivourl= é mal formado: timestamp (ajuda)
  3. Massarão, Leila Maria. Edificações históricas do município de São Carlos. São Carlos: FPMSC, s.d. Disponível em: https://www.promemoria.saocarlos.sp.gov.br/acervo-files/historias-sc/edificacoes-historicas.pdf Acesso em: 02-11-2022.
  4. http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/revis/revis19/art03_19.pdf
  5. http://www.revistakappa.com.br/edicoes/saocarlos/edicao_132/files/revista%20kappa.pdf
  6. a b c d e f Pirolla 1988, p. 97.
  7. a b c d e f g h «Escola Estadual Álvaro Guião completa 100 anos nesta terça-feira (22)». Website oficial de São Carlos. 22 de março de 2011. Consultado em 20 de julho de 2017. Cópia arquivada em 20 de julho de 2017 
  8. a b NOSELLA, Paulo; BUFFA, Ester. Schola Matter:a antiga Escola Normal de São Carlos. São Carlos: EDUFSCar. 1996.
  9. a b c «Alunos enterram 'cápsula do tempo' em escola centenária de São Carlos». G1. 2 de dezembro de 2012. Consultado em 20 de julho de 2017. Cópia arquivada em 20 de julho de 2017 
  10. Fundação Pró-Memória de São Carlos. Percursos. volume 1. São Carlos: FPMSC, 2009. (Série de cartões postais)
  11. Corrêa, Maria Elisabeth Feirão; Neves, Helia Maria Vendramini; de Mello, Mirela Geiger. Arquitetura Escolar Paulista: 1890-1920. São Paulo: FDE. Diretoria De Obras e Serviços. 1991. P. 133-135
  12. «Escola Álvaro Guião em São Carlos, SP, mostra sua história em exposição». G1. 24 de fevereiro de 2012. Consultado em 20 de julho de 2017. Cópia arquivada em 20 de julho de 2017 
  13. Fundação Pró-Memória de São Carlos. Descrição Arquitetônica de Edifícios de valor histórico-cultural de São Carlos. São Carlos: FPMSC, 2022.
  14. Divisão de Pesquisa e Divulgação, Fundação Pró-Memória de São Carlos (2006). «RAMOS DE AZEVEDO, ECLETISMO E A POLIGONAL HISTÓRICA» (PDF). Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 27 de outubro de 2022 
  15. ZAMAI, 2008, p. 53.
  16. Fundação Pró-Memória de São Carlos (2021). «Inventário de Bens Patrimoniais do Município de São Carlos» (PDF). Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022  |arquivourl= é mal formado: timestamp (ajuda)
  17. Fundação Pró-Memória de São Carlos. «A Fundação». Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022  |arquivourl= é mal formado: timestamp (ajuda)
  18. Prefeitura Municipal de São Carlos (9 de março de 2021). «Diário Oficial de São Carlos, ano 13, n° 1722» (PDF). Prefeitura Municipal de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 27 de outubro de 2022 
  19. Divisão de Pesquisa e Divulgação, Fundação Pró-Memória de São Carlos (2006). «RAMOS DE AZEVEDO, ECLETISMO E A POLIGONAL HISTÓRICA» (PDF). Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 27 de outubro de 2022 
  20. Fundação Pró-Memória de São Carlos (2016). «Mapa poligonal 2016 imóveis protegidos» (PDF). Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 27 de outubro de 2022 
  21. Fundação Pró-Memória de São Carlos. «Notícias». promemoria.saocarlos.sp.gov.br. Consultado em 4 de dezembro de 2022 
  22. «Professor e dois alunos de São Carlos vencem premiação do Google para influenciadores digitais nas escolas». G1 
  23. «Aluno do Álvaro Guião vence concurso do Google». www.saocarlosagora.com.br. Consultado em 22 de agosto de 2018 
  24. «'As sete maravilhas de São Carlos' são eleitas com 124 mil votos». G1. 22 de junho de 2012. Consultado em 20 de julho de 2017. Cópia arquivada em 20 de julho de 2017 
  25. Fundação Pró-Memória de São Carlos. Percursos. volume 4. São Carlos: FPMSC, 2012. (Série de cartões postais)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Pirolla, Maria Christina Girão (2016). Memórias do Instituto: 1911-1976. [S.l.]: EDUFSCAR. ISBN 9788576004523