Por: Renato Drummond Tapioca Neto

Um casamento real é, sem dúvidas, um dos eventos mais aguardados por telespectadores de todo o mundo. Em 2011, estima-se que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas tenham assistido à cerimônia matrimonial do príncipe William com Kate Middleton. Sete anos depois, os olhares da multidão se voltaram para o segundo herdeiro da princesa Diana e do príncipe Charles, Harry, que desposou a atriz Meghan Markle. Desde o casamento da princesa Margaret, irmã da rainha Elizabeth II, com o conde de Snowdon, em 1960, que os casamentos reais costumam ser televisionados, transmitindo assim para as pessoas os detalhes de uma tradição popularizada pela rainha Vitória no século XIX, bem como suas adaptações ao longo das décadas. Na sexta-feira, dia 17 de julho, mais um membro da família real se uniu em matrimônio, mas, dessa vez, bem longe dos olhares do público e na presença apenas de um seleto grupo de convidados: a princesa Beatrice de York com o magnata italiano Edoardo Mapelli Rozzi.

Nascida em 8 de agosto de 1988, Beatrice de York é filha do príncipe Andrew com sua ex-esposa, Sarah Fegurson, e atualmente ocupa a nona posição na linha de sucessão da Coroa britânica. A maioria da pessoas geralmente se recorda dela pela notável semelhança com a sua ancestral, a rainha Vitória. Beatrice possui os mesmos olhos grandes e azuis da antiga monarca, os lábios pequenos e rosto redondo que foram tantas vezes retratados pelos hábeis pincéis de Franz Xaver Winterhalter. Inclusive, a princesa participou do filme “The Young Victoria” (2009), interpretando o papel de uma das damas de companhia da soberana, vivida pela atriz Emily Blunt. A despeito dessa pequena aparição no longa-metragem, Beatrice também pode ser vista ao lado de sua irmã, Eugenie, acompanhado a avó, Elizabeth II, em vários eventos oficiais. Em 26 de setembro do ano passado, ela anunciou oficialmente seu noivado com o italiano Edoardo Mapelli Rozzi, filho do conde Alessandro (Alex) Mapelli Mozzi. Acredita-se que os dois tenham iniciado um relacionamento em 2018. Seu casamento tinha sido agendado para o dia 29 de maio deste ano, mas, em decorrência da pandemia de COVID-19, a cerimônia precisou ser adiada.

O matrimônio aconteceu nessa sexta (dia 17/07), às 11 da manhã, na aconchegante Capela de Todos os Santos, localizada no parque de Windsor. Segundo comunicado oficial emitido pelo Palácio de Buckingham: “O casal decidiu realizar uma pequena cerimônia privada com seus pais e irmãos, após o adiamento do casamento em maio. Trabalhando de acordo com as diretrizes do governo, o serviço estava em conformidade com as circunstâncias únicas, permitindo que celebrassem o casamento com a família mais próxima”. Todas as precauções de distanciamento social foram tomadas pela equipe responsável pela organização do evento. No sábado, as fotos oficiais do matrimônio, tiradas pelo fotógrafo Benjamin Wheeler, foram divulgadas pelo Palácio de Buckingham, nas quais podemos ver os noivos radiantes, acompanhados pela rainha Elizabeth II e pelo príncipe Philip. Apesar de não aparecer nas imagens postadas, o pai da noiva, príncipe Andrew, também estava presente na cerimônia e levou sua filha pela mão até o altar da capela.

Um detalhe interessante, que não escapou aos olhares do público, foi o vestido e os adereços usados pela noiva durante a cerimônia. Eles pertenciam à sua avó, a rainha. Desenhado em 1960 pelo estilista Norman Hartnell (responsável pelo estilo de Elizabeth II no início do seu reinando), o traje foi readaptado para Beatrice por Angela Kelly e Stewart Parvin. A soberana o usou pela primeira vez durante um vista a Roma, em 1961. No ano seguinte, na première de “Lawrence da Arábia”, Elizabeth cumprimentou o elenco do filme usando o mesmo traje. Seis anos depois, durante a cerimônia oficial de abertura das sessões do Parlamento, a monarca pôs novamente o vestido de tafetá Peau De Soie, em tons de marfim e adornado com brilhantes. Na cabeça, Beatrice usava a mesma tiara que cingia a fronte da rainha durante seu casamento com o príncipe Philip, em 1947. Segundo informações emitidas pelo Palácio, a peça foi confeccionada pela joalheria Garrat no ano de 1919, a partir de um colar de diamantes que havia pertencido à rainha Vitória.

Desde então, a joia só foi usada por poucas mulheres. Projetada de acordo com um modelo original russo, a tiara Fringe possui 47 pináculos de diamantes e é cedida apenas a princesas que ocupam uma posição privilegiada na hierarquia da família real, como a princesa Anne, que a usou no seu casamento com Mark Philips, em 1973. Outros detalhes protocolares também foram seguidos por Beatrice, como o raminho de murta decorando o buquê, que incluía também jasmins e rosas. Tradição essa iniciada pela rainha Vitória, em 1840. A cerimônia foi oficiada pelo Reverendo Paul Wright, Subdiretor da Capela Real, e pelo Reverendo Martin Poll, Capelão Doméstico de Sua Majestade, a rainha. O culto incluiu a citação de dois dos poemas favoritos do casal de noivos, lidos por suas mães: o Soneto 116 de William Shakespeare, e “Eu carrego você em meu coração” de E.E. Cummings. Em seguida, foi lida a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 13, versículos 1-13. O anel da princesa Beatrice foi desenhado por Shaun Lane, enquanto o de Edoardo consistia numa pulseira de ouro vintage, criada por Josh Collins.

A linhagem de herdeiros de Elizabeth II e Philip.

O casal optou por uma cerimônia mais reservada, com a participação apenas da “família íntima”, de acordo com um comunicado divulgado ontem à tarde pelo Palácio de Buckingham. Os pais da noiva, o príncipe Andrew e a duquesa de York, bem como sua irmã, a princesa Eugenie, estavam presentes (depois da prisão de sua ex-amiga Ghislaine Maxwell, por delitos de tráfico sexual, o príncipe Andrew tem evitado aparições públicas). A partir de agora, Beatrice se torna madrasta para o filho de 2 anos de Edoardo, Christopher, conhecido como Wolfie (que também se acredita ter participado da cerimônia). A rainha, que já assistiu a seis de seus oito netos e netas se casarem, compartilhou sua alegria em uma conversa com o capitão Sir Tom Moore, que recebeu a investidura de Cavaleiro por Elizabeth II neste final de semana: ‘Minha neta se casou esta manhã, tanto Philip quanto eu conseguimos chegar lá – muito bom”.

Referências:

BBC, CNN e Daily Mail UK– Acesso em 19 de julho de 2020.

MARR, Andrew. A real Elizabeth: uma visão inteligente e intimista do papel de uma monarca em pleno século XXI. Tradução de Elisa Duarte Teixeira. São Paulo: Editora Europa, 2012.

TAPIOCA Neto, Renato Drummond. Da rainha Vitória a Meghan Markle: a tradição de casamentos na família real britânica!. 2020 – Acesso em 19 de julho de 2020.