Resenha de “O Bicho” de Manuel Bandeira

Vida de Manuel Bandeira

Resultado de imagem para manuel bandeiraManuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968) foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. Considera-se que Bandeira faça parte da geração de 1922 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Gilberto Freyre, Clarice Lispector e Joaquim Cardoso, entre outros, representa o melhor da produção literária do estado de Pernambuco.
Em 1935 foi nomeado inspetor federal do ensino. Em 1936 foi publicada a “Homenagem a Manuel Bandeira”, coletânea de estudos sobre sua obra, assinada por alguns dos maiores críticos da época, alcançando assim a consagração pública.De 1938 a 1943, foi professor de literatura no Colégio D. Pedro II. Em 1940 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Posteriormente, nomeado professor de Literaturas Hispano-Americanas na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, cargo do qual se aposentou, em 1956.
Manuel Bandeira faleceu no dia 13 de outubro de 1968, com hemorragia gástrica, aos 82 anos de idade, no Rio de Janeiro, e foi sepultado no túmulo 15 do mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.
O estilo de Bandeira é simples e direto, embora não compartilhe da dureza de poetas como João Cabral de Melo Neto, também pernambucano. Aliás, numa comparação entre as obras de Bandeira e João Cabral, vê-se que este, ao contrário daquele, visava a purgar de sua obra o lirismo. Bandeira foi um poeta lírico, embora tenha escrito “Estou farto do lirismo comedido / Do lirismo bem comportado”. A temática de sua poesia envolve o cotidiano e o universal, às vezes com uma abordagem de “poema-piada”, lidando com formas e inspiração que a tradição acadêmica considerava vulgares.

O bicho

Vi ontem um bichoImagem relacionada
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Conclusão

O poema retrata o cotidiano degradante do homem que atingiu o ápice da miséria. Encontra-se no extrema da sobrevivência tendo que recorrer ao lixo pra conseguir comida. Não se pode nem mais considerar como homem, no sentido pleno da palavra, tal a condição aviltante que atingiu. Desumanizado, perdeu qualquer senso de dignidade. Marginalizado, não encontra mais espaço num mundo que o ignora, o despreza, o violenta. Maltrapilho e maltratado, sem perspectiva, ele não vive, apenas passa pela vida, alienado das condiçoes mínimas que a injustiça social e a exploração econômica lhe impôs. Impedido de conviver com seus semelhantes, abandonado à sarjeta, entrega-se a um cotidiano que não tem tempo, tem sim momentos em procura satisfazer suas necessidades imediatas. Enquanto a morte não o alcança, se arrasta na indigência cruel e sem esperança, comendo o pão que o diabo amassou, Deus cuspiu e o homem, seu pretenso semelhante, lhe lança, não como esmola, nem como resto de comida, mas como detrito impróprio a sua alimentação saudável e regrada.

Resenha feita por Luiz Fernando e Vitor Pessanha – Turma 2001

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