• Sabrina Ongaratto
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Rafaela Carvalho tem 3 meninos e apenas uma menina (Foto: Reprodução Facebook)

Rafaela Carvalho tem 3 meninos e apenas uma menina (Foto: Reprodução Facebook)

Rafaela Carvalho, que mora nos Estados Unidos, escreve sobre maternidade, amor e tudo o que envolve esse universo. A mãe do pai é mais um de seus textos inspiradores. Ele nos faz entender um pouco as mazelas e as dificuldades de ser a sogra. À CRESCER, a escritora explica qual foi sua inspiração para o tema.

“Sou mãe de 3 meninos e uma único menina. Quando penso que um dia serei avó, lembro também do importante detalhe: serei mãe do pai. Todas nós, mulheres, sabemos que existe uma diferença grande na liberdade que damos a nossa própria mãe. Isso pode refletir diretamente na relação entre neto e avó. Escrevi esse texto como um lembrete para mim e para outras mães de meninos, que um dia será a nossa vez. E que talvez, olhando por essa perspectiva podemos ser mais empáticas e realmente nos colocarmos no lugar da sogra”, contou ela.

Como fica a relação com a sogra após o nascimento dos filhos?

Confira, então, “A mãe do pai”.

"A mãe da mãe tem as portas abertas.
Liberdade, intimidade, jeitinho.
É coadjuvante da novidade, doadora silenciosa do amor.
Cúmplice de uma nova mãe que merece e precisa da sua presença.
Mas e a mãe do pai?
Quão difícil é ser mãe do pai.
Achar a brecha, encontrar o lugar, se chegar.
A mãe do pai não tem que ajudar nas posições das mamadas, não tem que fazer compressas pré amamentação.
Para isso já existe a mãe da mãe.
É ela quem o coração de filha pede.
E assim, a mãe do pai fica ali, observando de perto mas de longe.
A mãe do pai não tem desculpas para visitas demasiadamente prolongadas.
Precisa ir na coragem, na boa cara de pau, na fé.
A mãe do pai não pode ligar 3x ao dia para saber como está o toquinho de gente que fez seu coração explodir mais uma vez.
Ser mãe do pai é presenciar o filho se descobrir na paternidade, e ao mesmo tempo ter relances do garotinho que ontem segurava sua mão, e agora segura um bebê.
Ser mãe do pai é querer beijar, abraçar, palpitar na vida de um bebê que é tão seu, mas nem tanto.
É o amor incondicional que não pode chegar arrombando, precisa ser manso, bater na porta.
Ser mãe do pai é ter que aprender a respeitar a ordem do tempo e principalmente das coisas.
É o amor resiliente, humilde, paciente.
Tenho a impressão que ser mãe do pai é o mais paciente dos amores.
É a união do amor com a espera.
Espera pelo momento, pela sua hora.
É falar, já que às vezes o amor fala demais, e se arrepender.
A verdade, que não se pode negar, é que a mesma frase dita pela mãe da mãe, é recebida de forma diferente quando dita pela mãe do pai.
Ser mãe do pai é enxergar em outra mulher não somente a esposa do filho, mas a guardiã e mãe do novo ser que é tão importante na sua vida.
Ser mãe do pai é um papel tão complexo que assusta.
E me traz uma ponta de tristeza, pois um dia será a minha vez.
E uma ponta de vergonha, já que lembro da minha sogra e da sua jornada como mãe de pai.
Pensando assim meu coração me pede mais paciência, compreensão, tolerância. Me pede para lembrar que quando o assunto é amor para os meus filhos, seja da mãe da mãe, ou da mãe do pai, nunca é demais.”

Autora: @a.maternidade - Rafaela Carvalho

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