• Redação Galileu
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 Cientistas criam embriões de quimeras entre macacos e humanos (Foto: Alexandra/Pixabay)

Empresa de biotecnologia de Elon Musk é acusada de submeter macacos a maus-tratos ilegais e “sofrimento extremo” enquanto testavam implantes cerebrais. (Foto: Alexandra/Pixabay)

A “Physicians Committee for Responsible Medicine”, uma organização americana, sem fins lucrativos, composta por mais de 17 mil médicos, está acusando  pesquisadores financiados pela Neuralink, empresa de biotecnologia de Elon Musk, de submeter macacos a maus-tratos ilegais e “sofrimento extremo” enquanto testavam implantes cerebrais. A pesquisa é realizada pela Universidade da Califórnia, em Davis, e segundo o comitê recebeu mais de US$ 1,4 milhão para realizar os experimentos.

Em 2021, a entidade de cientistas americana, que tem entre suas causas a busca por alternativas ao uso de animais em pesquisas, requisitou acesso aos registros públicos da pesquisa, o que os levou a mais de 600 páginas de documentos sobre o experimento. Arquivos descritos por eles como “perturbadores”.

A acusação

Segundo os pesquisadores do comitê médico, a equipe da Neuralink e da UC em Davis não forneceu cuidados veterinários adequados aos macacos que estavam moribundos, usou uma substância não aprovada, conhecida como “Bioglue”, que matou macacos destruindo partes de seus cérebros. Também não foi fornecido o tratamento psicológico que garantiria o bem-estar dos macacos designados para o experimento.

Em sua reclamação formal, o comitê aponta que os macacos usados ​​no experimento foram enjaulados sozinhos, tiveram peças de aço aparafusadas ​​em seus crânios, sofreram trauma facial, convulsões após implantes cerebrais e infecções recorrentes nos locais dos implantes. Segundo os pesquisadores, em alguns casos, como resultado da deterioração da saúde, a Neuralink e UC Davis sacrificaram os macacos antes mesmo dos animais serem usados ​​no experimento planejado.

Em 10 de fevereiro de 2022, a “Physicians Committee for Responsible Medicine” apresentou uma queixa ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Também foi apresentada uma segunda ação de registros públicos no Tribunal Superior do Condado de Yolo, na Califórnia, para obrigar a Universidade a liberar vídeos e fotografias dos macacos durante o experimento.

Segundo nota publicada pela entidade de proteção animal, a Universidade da Califórnia se recusou a divulgar fotos e vídeos, alegando que os registros pertencem à Neuralink, uma empresa privada não sujeita à Lei de Registros Públicos da Califórnia. O Comitê de Médicos argumenta, no entanto, que de acordo com as leis americanas o trabalho realizado e os materiais criados em instalações públicas estão sempre sujeitos à Lei de Registros Públicos da Califórnia e devem ser divulgados. 

O experimento

A Neuralink está desenvolvendo um dispositivo que seria embutido no cérebro dos humanos para monitorar e potencialmente estimular a atividade cerebral. O dispositivo consiste em um microchip e fios que seriam colocados através do crânio de um paciente até o cérebro

Em abril de 2021, a empresa propagandeou seus avanços divulgando imagens e vídeos de um dos macacos do experimento usando o dispositivo que está sendo desenvolvido pela empresa para jogar o videogame "Pong". Já em dezembro do mesmo ano, Elon Musk afirmou que a Neuralink esperava iniciar os testes em humanos em 2022.

Para a Fortune, um porta-voz da Universidade da Califórnia, afirmou que a parceria Neuralink da universidade terminou em 2020 e que o Comitê Institucional de Cuidados e Uso de Animais da universidade “revisou e aprovou minuciosamente" os protocolos de pesquisa de seu projeto.