• Marilia Marasciulo
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Galatea das Esferas 1952 (Foto: Salvador Dalí, Fundación Gala-Salvador Dalí, VEGAP, Barcelona, 2011)

Galatea das Esferas 1952 (Foto: Salvador Dalí, Fundación Gala-Salvador Dalí, VEGAP, Barcelona, 2011)

Uma exposição em cartaz no Museu Nacional de Arte da Catalunha em Barcelona até dia 14 de outubro mostra que Gala Dalí foi muito mais do que uma simples musa para o famoso artista surrealista Salvador Dalí. Em "Gala Salvador Dalí: A Room of One’s Own in Púbol" (Gala Salvador Dalí: um quarto para si mesma em Púbol, em tradução livre), ela emerge como uma mulher singular e figura importante do movimento avant-garde, mas por muito tempo ignorada e cujo papel foi pouco compreendido.

Nascida em Cazã, na Rússia, em 1984, seu nome de batismo era Elena Ivanovna Diakonova. Na adolescência, foi enviada para um sanatório na Suíça para o tratamento da tuberculose. Lá, conheceu Paul Éluard, poeta francês que participou do movimento dadaísta, um dos pilares do surrealismo. Foi através dele que conheceu Salvador, por quem se apaixonou e com quem se casou.

Mas Gala manteve contato com Éluard, assim como outros nomes importantes do movimento, como Max Ernst, Louis Aragon e André Breton, e serviu de inspiração para muitos deles. Mesmo assim, pouco se sabe sobre ela. “Quem é a verdadeira Gala? Quem foi essa mulher que todos notaram, que despertou o ódio de Breton e Buñuel, amor incondicional de Éluard e Dalí, paixão de Max Ernst? Teria sido ela simplesmente uma musa inspiradora? Ou, embora tenha assinado poucas peças — alguns objetos surrealistas que foram perdidos, páginas de diários — ela era uma criadora?”, questiona a curadora da mostra, Estrella de Diego, em um comunicado oficial do museu.

Sonho Causado pelo Voo de uma Abelha ao Redor de uma Romã um Segundo Antes de Acordar 1944 (Foto: Salvador Dalí, Fundación Gala-Salvador Dalí, VEGAP, Barcelona, 2011)

Sonho Causado pelo Voo de uma Abelha ao Redor de uma Romã um Segundo Antes de Acordar 1944 (Foto: Salvador Dalí, Fundación Gala-Salvador Dalí, VEGAP, Barcelona, 2011)

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As cerca de 315 peças da exposição tentam reconstruir a história por trás de Gala. “A verdade é que ela era uma mulher muito criativa que escrevia, lia e desenhava suas próprias roupas, assim como sua própria imagem para ser retratada por Salvador Dalí. Ela foi coautora de muitos trabalhos dele, ao ponto de que no fim da vida ele começou a assinar suas obras com o nome Gala-Salvador Dalí”, escreve a curadora.

Em 1968, Salvador Dalí comprou um castelo para Gala em Púbol, no qual só poderia entrar se fosse convidado por ela. Ao longo de toda a década de 1970, ela passou verões no castelo, onde manteve múltiplos casos extraconjugais. Na visão do crítico de arte do New York Times, Raphael Minder, ela “encontrou seu lugar em um movimento surrealista que abria pouco espaço para as mulheres” e se manteve independente até o fim de sua vida, inspirando e estimulando Salvador.

Eventualmente, o próprio castelo se transformou em um antro do surrealismo: nele, ela buscou reconstruir suas memórias russas. “Púbol é um objeto surrealista extraordinário que representa o grand finale do dueto artístico Gala Salvador Dalí, talvez o produto mais sofisticado dos dois”, diz o comunicado do museu. Desde 1996, ele está aberto para visitação do público.

Retrato de Gala 1934 (Foto: Salvador Dalí, Fundación Gala-Salvador Dalí, VEGAP, Barcelona, 2011)

Retrato de Gala 1934 (Foto: Salvador Dalí, Fundación Gala-Salvador Dalí, VEGAP, Barcelona, 2011)

(Com informações do Smithsonian Mag.)

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