Limpar a pele é o primeiro passo da rotina de skincare. E, aparentemente, o mais simples. Mas não é exatamente assim: 40% das pessoas não sabem que tipo de produto de limpeza é indicado para o seu tipo de pele, 37% das pessoas não sabem o que é pH equilibrado e 29% das pessoas consultaram especialista para verificar o seu tipo de pele. Esses dados são resultado de uma pesquisa global do Instituto Ipsos, encomendada pela CeraVe, com números que demonstram a falta de informação sobre os procedimentos em diferentes lugares do mundo.

Segundo a pesquisa, os brasileiros entendem como proteger sua barreira cutânea: sabem mais do que a média sobre a importância do nível de pH em um produto de limpeza facial (80% deles), ou os danos causados por água excessivamente quente (78%), mas relatam mais dúvidas do que média sobre a forma correta de limpar o rosto (59%), ou que não deveriam usar sabonete para mãos no rosto (apenas 29% sabem que é prejudicial).

Sendo assim, convidamos a dermatologista Daniela Antelo, professora de Dermatologia e Cosmiatria da UERJ, para nos ajudar a entender a prática em detalhes: 

Limpeza de pele (Foto: Getty Images)

Limpeza de pele (Foto: Getty Images)


Marie Claire: Qual é a rotina de limpeza ideal?
Daniela Antelo:
A limpeza da pele deve ser feita diariamente, 2 vezes por dia, pela manhã e à noite, de forma suave, com água morna ou fria (nunca água quente!) e sem agredir a pele. Para remover impurezas, partículas de poluição, sebo, oleosidade, mas sem ressecar demais para não prejudicar a barreira cutânea, que é protetora. A sensação de repuxamento não é bem-vinda. No Brasil, onde temos clima quente e úmido na maior parte do país, é comum a prática de atividade física. Desta forma, além da limpeza matinal e noturna, precisamos de uma terceira etapa, após o exercício. Nesta situação, produtos mais suaves e neutros de limpeza podem ser usados e em pequena quantidade (o produto deve durar!).
 

MC: A esfoliação da pele pode ser considerada uma etapa de limpeza? Como ela deve ser feita?
Daniela:
Não devem ser usados aparelhos de limpeza associados ao tratamento com ácidos (ácido retinóico, ácido glicólico, ácido salicílico) ou agentes de renovação celular (retinol), a menos que orientado pelo dermatologista. Da mesma forma que a esfoliação muito frequente não é recomendada. No máximo duas vezes por semana e sempre com orientação médica, pois se a paciente tiver pele sensível, rosácea ou acne inflamatória, estes quadros podem ser agravados.


MC: Cada tipo de pele pede por um tipo específico de cleanser? Como escolher a textura ideal?
Daniela:
Cada tipo de pele (mista, oleosa, normal, seca ou sensível) tem uma necessidade diferente e merece um cleanser diferente. A textura do produto de limpeza impacta, sim, na sua ação: loções de limpeza são mais delicadas e suaves do que os géis, por exemplo, mas o mais importante é a sua composição e pH. Uma característica comum a todos deve ser o pH neutro e se não tiver fragrância, ainda melhor. Um pH mais alto, tem ação detergente e agride mais a pele, dando sensação de repuxamento ou pinicação na pele, já que o pH da pele é normalmente ácido. As peles oleosas e com maior produção de sebo merecem um maior arraste (remoção) da gordura, mas sem agredir. Ativos como ácido salicílico e ácido glicólico podem ser incorporados na formulação, mas sempre em concentrações mais baixas. Peles sensíveis, secas e com rosácea se beneficiam mais das loções de limpeza do que dos sabonetes líquidos.

MC: É preciso combinar a limpeza diária em casa com uma limpeza mais profunda feita por um profissional?
Daniela:
A limpeza de pele, realizada pela esteticista, em complemento ao tratamento medicamentoso dermatológico, é bem-vinda para remoção de comedões abertos e fechados (a área do nariz é uma área comum de comedões abertos, aqueles cravos pretos, independente do tipo de pele) e para paciente com acne.