• Roberta Malta
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Carol Ribeiro usa jaqueta, e camisa, preço sob consulta, Louis Vuitton (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

Carol Ribeiro usa jaqueta e camisa Louis Vuitton (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

O café da manhã já estava servido quando Carol Ribeiro chegou ao Fasano Boa Vista, hotel a uma hora e meia de São Paulo, que serviu de locação para este shooting. De cara lavada e roupas básicas, parecia ter um sorriso guardado para cada um dos funcionários que cruzavam seu caminho. Entrou no camarim improvisado em uma suíte dúplex com varanda aberta para o verde comentando a viagem de carro, a última capa desta Marie Claire, os acontecimentos do mundo da moda. Era o começo de um dia intenso de trabalho – mas bonito que só.

A história de Carol começou como a da maioria das modelos. Bem mais comprida e magrela que as meninas de sua idade, se achava feia, esquisita. Envergonhada de sua aparência, cobria o corpo de roupas para ir ao colégio. “Usava camisa manga comprida com os botões fechados para fora da calça jeans. Queria esconder o bumbum que nunca tive”, conta. “Isso em Belém do Pará, com 39 graus, úmido para caramba.” Mas o jogo virou quando, aos 14,  foi chamada para desfilar em um shopping da cidade. “Era divertido, não tinha pretensão nenhuma.”

A brincadeira começou a ficar séria quando, um dia na praia, foi abordada por um desconhecido que a convidou para representar Belém e Manaus no concurso da Elite Model Lux, em São Paulo. Carol passou por todas as etapas, ganhou o pódio mundial na Coreia – e reescreveu o conto do Patinho Feio.  O ano era 1995.

Carol Ribeiro veste Top, R$4.050, hot pants R$2.460, vestido, preço sob consulta, e sapatos, R$5.900, Miu Miu (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

Carol Ribeiro veste Miu Miu (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

A mudança para a capital paulista não foi solitária. Por coincidência, um mês antes de começar o trabalho longe de casa, sua mãe, que trabalhava com vendas, foi transferida para a cidade. Nem assim foi fácil. Tinha saudade dos amigos, da antiga escola, da vida de antes. Mas a rotina, aos poucos, se adaptou à nova realidade. Quando se deu conta, estava indo ao Japão duas vezes por ano para as turnês da Chanel. “A diretora da escola já sabia: perdia 15 dias do segundo semestre da escola, que emendava com as férias.” E tudo foi se encaixando.

Com o passado remexido, ela lembra quando, em Nova York, onde viveu oito anos, uma dona de agência quase a fez desistir. E não sem dor. “Ela me pegou pelo rosto e disse: ‘Você não é cool o suficiente para fazer moda nem bonita o suficiente para comerciais’.” Depois de muito chorar na esquina da agência, Carol ligou para a mãe. “Não quero ser julgada pela aparência para o resto da vida”, disse. E avisou que voltaria para casa. “Posso fazer uma tentativa?”, pediu a mãe. Ela então ligou para um amigo que havia aberto uma nova agência, espécie de porto seguro de ambas na cidade, que marcou um encontro com a filha.

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Carol estava com a passagem de volta para o Brasil, mas topou ir até seu escritório. Ainda no corredor, encontrou Kwok, um dos melhores bookers de Nova York. “Ele me olhou, mandou que eu jogasse meu book no lixo e fez umas fotos de polaroid”, lembra. “Ali comecei de novo como new face. Do zero.”

Três meses depois, estava desfilando para 12 marcas na semana de moda de Nova York. No mesmo período, foi descoberta por Tom Ford, o estilista, diretor, roteirista e produtor de cinema americano, à época na direção da Gucci. Ficou ali cinco anos. Aprendendo, trocando, crescendo. “A gente sentava para esfriar a cabeça e conversávamos sobre a coleção”, diz. Assim, quando se mudou para Paris, Carol já tinha outro status. “Tinha motorista e não ia mais em casting, ia direto para a prova de roupa. Outro mundo.”

Carol Ribeiro usa brincos e vestido Dolce e Gabbana, preços sob consulta (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

Carol Ribeiro usa brincos e vestido Dolce e Gabbana (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

Família margarina

A história ao lado do empresário Paulo Lourenço atravessa a anterior. Carol tinha 16 anos quando conheceu o então modelo, oito anos mais velho. Pai de uma menina, Priscila, com 4 anos na época, ele nunca negociou o lugar da filha em sua vida. “Minha prioridade é ela”, disse no começo do namoro. Se momentos de ciúmes aconteceram, a admiração de Carol pela relação dos dois tornou tudo menor. 

Não foi esse, no entanto, o motivo de Carol ter tido filho relativamente cedo, aos 25. Diagnosticada com endometriose desde os 18, ela já havia passado por quatro cirurgias. Mas os nódulos, depois de um tempo, voltavam. O médico então a chamou para uma conversa: “Se você tem vontade de engravidar, é bom pensar nisso logo”. É que, como a gestação atenua a doença, quanto mais ela esperasse, de mais cirurgias precisaria. Prestes a fazer nova intervenção, Carol decidiu: “Agora eu quero, estou pronta”.

A gravidez não demorou a acontecer, mas também não passou do primeiro bimestre. O motivo? Ela não estava produzindo progesterona, que segura o feto em sua fase inicial. Começou então a tomar o hormônio e, já no ciclo seguinte, engravidou novamente. “Só que virei um monstro”, diz. “Tinha ódio do mundo, nada para mim prestava.” Após quatro meses deitada, sofreu um novo aborto. “Seu útero está ótimo, mas sua cabeça não”, ouviu do médico. “Você precisa de um tempo.” Ela então mergulhou no trabalho. Só se passaram três meses até o exame acusar as duas listrinhas outra vez. Foram cinco meses de cama, até o exame morfológico atestar que João, hoje com 18 anos, era absolutamente normal. Aí o casal relaxou e foi morar perto da praia, no Rio.

Carol Ribeiro usa brincos, anéis  e bracelete Cartier, preços sob consulta;  top R$5.390,  jaqueta R$14.390,  saia R$6.690, Celine (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

Carol Ribeiro usa brincos, anéis e bracelete Cartier; jaqueta e saia Celine (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

Carol ainda sofreu mais dois abortos. O histórico de perdas poderia justificar a relação tão próxima da família. Mas, conversando com ela, a impressão é de que, se os cinco tivessem vingado, seria tudo igual. “Sou de uma geração de mãe muito apegada, talvez por trabalhar tanto e estar sempre viajando”, avalia.

Hoje, ela é sócia da agência de modelos Prime, apresenta os tapetes vermelhos do Emmy, do Golden Globe e do Oscar e o programa Mapa do Pop, todos na TNT. João vive há um ano no Tennessee, onde estuda e joga basquete, hobby que tem tudo para virar profissão. Carol morre de saudade. E, outra vez a sós com Paulo, vive nova fase no casamento. “Sempre digo para minhas amigas: se tudo der errado, você vai morar com seu/sua parceiro(a) numa casinha distante e tudo bem? Se isso causa mal-estar, não está tudo bem.” Com eles, está tudo ótimo.

Carol Ribeiro usa colar e vestido sob consulta, Chanel (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

Carol Ribeiro usa colar e vestido Chanel (Foto: Caia Ramalho (GROUPART))

Beleza: Guilherme Casagrande ( Fs.Ag) com produtos Chanel Beauty/ Assistente de beleza: Danielle Quessada/ Produção executiva:  Vandeca Zimmermann/ Produção de moda: Victor Hugo Yuuki/ Assistente de moda: Carol Ferreira/ Light designer: Naelson Castro/ Assistentes de fotografia: Calebe Fernandes, Thaís Regina/Camareira Pepa/ Tratamento de imagem: Philipe Mortosa (Thinkers)/ Agradecimentos: Hotel Fasano Boa Vista, Grupo Fasano