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Zoologia

O macaco que atravessou o Atlântico

Jorge Gonzales e Diego Barletta Interpretação artística de Ashaninkacebus simpsoniJorge Gonzales e Diego Barletta

Um macaco que pesava cerca de 230 gramas, batizado com o nome Ashaninkacebus simpsoni, inseriu novas discussões na história da origem dos primatas amazônicos. Até aqui, todos os fósseis encontrados tinham parentesco com os macacos atuais da América do Sul, com origem na África. A nova espécie tem semelhanças dentárias com um pequeno grupo extinto de macacos do sul da Ásia e não deu origem a nenhum animal moderno, por isso é considerado um beco sem saída da evolução. Uma equipe franco-brasileira chegou a essa conclusão a partir de um minúsculo dente, um molar superior menor do que um grão de arroz, encontrado em uma barranca do alto rio Juruá, no Acre, próximo ao Peru. “Os antepassados de Ashaninkacebus devem ter atravessado o oceano Atlântico em uma balsa natural formada por restos vegetais, por volta do Eoceno Médio, entre 40 milhões e 35 milhões de anos atrás”, comenta o biólogo Francisco Ricardo Negri, do campus de Floresta da Universidade Federal do Acre (Ufac). Por serem pequenos, os macacos precisavam de pouco alimento e possivelmente teriam sobrevivido à viagem comendo restos vegetais. A. simpsoni foi o terceiro primata a chegar na Amazônia. Antes dele, outras duas espécies de macacos pequenos já haviam feito a mesma travessia, provavelmente também de balsa (PNAS, 3 de julho).

O site da revista Pesquisa FAPESP traz uma versão ampliada desta nota

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