Alguns meses depois, Thammy, a filha de Gretchen, abriu uma agência. “Ela me convidou para trabalhar e eu topei. Logo já estava fazendo meu primeiro ensaio fotográfico. Era para a Revista Vip. Para chamar a atenção, combinamos de me apresentar como sobrinha da Gretchen, que tinha se casado com meu tio.”

A estreia foi um sucesso e rendeu uma enxurrada de convites para novos trabalhos. Para atrair ainda mais interessados, Gretchen anunciou que Carol era sua substituta. “Ela me passou o título de Rainha do Bumbum.”

Não demorou para que a menina que acabara de completar a maioridade fosse convidada para estrelar um filme pornô. De família religiosa, Carol tinha se mantido virgem, o que aumentou o interesse dos produtores. No final de 2008, a Produtora Sexxxy Word a convenceu. Contrato assinado, Carol passou oito dias gravando as cenas que dariam origem aos seus dois filmes pornôs. Fiz Pornô e Continuo Virgem foi o primeiro título lançado. No filme, Carol faz apenas sexo oral e anal. O longametragem foi um dos campeões de venda entre os títulos pornôs. Em seguida, a produtora lançou Perdendo o Selinho, filme em que Carol aparece tendo sua primeira transa. Mais um sucesso.

Com a fama, Carol ainda tentou a carreira de cantora funk e chegou a fazer parte do Sexy Dolls, um grupo que foi logo desfeito. Hoje, aos 22 anos, ela ganha a vida fazendo apresentações em casas noturnas. São, em média, 20 por mês. Mas quer se aposentar. “Eu cansei desta vida.” Nas horas vagas, se dedica a um curso de DJ e, no ano que vem, quer se casar com o noivo, um empresário de 33 anos. Sobre o passado, é categórica: “Quero virar essa página”.

Comércio da Franca - Você hoje é uma das atrizes pornôs mais conhecidas do país. Como entrou para o universo da pornografia?
Carol Miranda - Foi um momento em que eu precisava. Meu empresário na época me empurrou, me pressionou. Disse para mim: “Você quer ser famosa mesmo? Então vai ter que fazer esses filmes”. Eu acabei assinando o contrato logo depois do meu primeiro ensaio fotográfico que saiu na Revista Vip.

Comércio - Você sempre sonhou com a fama?
Carol Miranda - Desde pequena eu queria isso. E meu empresário sabia disso. Eu vim de uma família humilde e pensei: “Isso vai mudar minha vida, vou poder ajudar todo mundo”.

Comércio - Você nunca revelou o cachê que recebeu pelos filmes. A mídia e os sites especializados em celebridades dizem que você recebeu R$ 500 mil por cada um. Foi isso mesmo?
Carol Miranda - Na verdade, por contrato, não posso dizer quanto recebi. Mas não foi tudo isso, não.

Comércio - Então, não vamos falar em valores. Mas o que foi possível comprar com seu cachê?
Carol Miranda - Ajudei minha mãe a construir uma casa, comprei um carro para mim, investi muito no meu corpo (fez cirurgia para retirar duas costelas, colocou silicone nos seios e fez lipoaspiração nas pernas) porque eu precisava melhorar. Eu era muito menina e precisava de um corpo mais de mulher. Também tive que dar uma boa parte do que recebi para a Gretchen e para o meu empresário. Tive que dar não teve outra saída.

Comércio - Um dos fatores que levaram seus filmes a fazer muito sucesso foi o fato de você afirmar que ainda era virgem. No segundo filme, você aparece perdendo a virgindade. Toda mulher tem o sonho de ter sua primeira noite com um homem que a ame e a quem ela ame. Você resolveu fazer isso com um ator. Como foi a experiência?
Carol Miranda - Foi horrível. Horrível porque, quando a mulher perde a virgindade com alguém que a ama, a pessoa tem mais paciência, mais carinho. Comigo não foi assim. Eu perdi a virgindade com um desconhecido. Ele foi até muito tranquilo comigo, muito profissional, mas eu me arrependo de ter feito isso.

Comércio - Você disse que era virgem, que não tinha qualquer experiência sexual. De repente, você está gra vando um filme pornô. Como é o universo da produção de um filme pornô?
Carol Miranda - Não tem nada demais, nem drogas. É um ambiente superprofissional. Tem a maquiadora, os câmeras, o diretor. Ninguém se envolve com ninguém. Há muito respeito. Eu não fiquei muito à vontade por estar lá pelada na frente de todo mundo. Para que eu pudesse relaxar, eles me ofereceram champagne e, para não sentir muita dor, tomei relaxante muscular e usei pomadas anestésicas e lubrificantes.

Comércio - Você disse que gravou uma sequência de oito cenas que foi aproveitada para os dois filmes. Quanto tempo levaram as gravações?
Carol Miranda - A gravação de cada cena durou praticamente o dia inteiro, mas parava para o café da manhã, para a hora do almoço, para a janta. É como a gravação de uma novela, de um filme normal.

Comércio - Quando você aceitou fazer o filme mostrando sua primeira vez, você tinha noção da repercussão e das consequências para a sua vida tanto profissional quanto pessoal?
Carol Miranda - Não, não tinha a menor noção. Pensei que fosse como uma bombinha, mas, na verdade, foi um bombão.

Comércio - E como foi sair na rua depois, ver os homens te olhando e saber que eles já tinham visto você nua em um filme pornô? Deu vergonha?
Carol Miranda - Não tive vergonha, não. No máximo, o que eu ouvi foi um “adorei seu filme”, “eu vi seu filme”. Claro que, às vezes, ouço um “gostosa”, um “delícia”. Isto eu até acho um pouco de falta de respeito, mas faz parte.

Comércio - E sua vida pessoal, como ficou?
Carol Miranda - Não mudou nada. Hoje eu tenho meu noivo. Estamos juntos há três anos. Ele tem um pouco de ciúmes, quer que eu pare com os shows em boates, mas é algo que acho normal. Já deixei bem claro que só vou parar a hora que eu quiser, porque eu quero ganhar o meu próprio dinheiro, não quero ficar dependendo de homem.

Comércio - Você se arrepende de ter entrado para o universo pornô?
Carol Miranda - Me arrependo de ter feito os filmes. Eu era novinha de tudo, inexperiente. Me empolguei. Meu empresário dizia para eu fazer que eu ia ficar famosa, que eu ia ganhar dinheiro. Eu acreditei, eu confiei. Depois de um tempo, eu vi que não precisava ter feito os filmes. Poderia ter ganho o mesmo dinheiro ou até mais sem ter participado deles.

Comércio - Quando você surgiu na mídia, você se dizia sobrinha da Gretchen. Até hoje é conhecida assim. Na época em que os filmes foram lançados, a Sula Miranda, que é irmã da Gretchen, fez questão de desmentir o parentesco e se disse revoltada com as suas atitudes. Como você viu essa postura?
Carol Miranda - Eu não vou perder meu tempo respondendo a ela. Eu nunca a citei em nenhuma entrevista, nunca falei o nome dela na televisão, nunca disse que ela era a minha tia. Sempre disse que a Gretchen era minha tia. E ela era mesmo porque casou com meu tio. Nem sei porque a Sula Miranda se sentiu ofendida. Claro que eu me aproveitei da proximidade com a Gretchen, até porque eu queria ganhar dinheiro.

Comércio - Como está a sua relação com a Gretchen hoje?
Carol Miranda - A Gretchen está morando em Orlando (EUA), então, nosso contato diminuiu um pouco, mas até hoje nos falamos por Facebook (site de relacionamento), MSN ou mesmo por email ou telefone. Tenho muito carinho por ela. Ela me ensinou muita coisa. Eu aindo a chamo de tia e ela me trata como sobrinha.

Comércio - Durante algum tempo você disputou o título de Rainha do Bumbum com a Mulher Melancia. Vocês chegaram até a trocar farpas e acusações. Como está essa briga?
Carol Miranda - Antes era brava mesmo. Até por conta do universo funk. Mas hoje em dia, eu nem ligo mais. Se ela quiser falar que o título é dela, eu não me importo.

Comércio - Então você quer esquecer seu passado e começar uma nova carreira?
Carol Miranda - Exatamente. Eu cansei deste mundo de mulher gostosona, eu quero deixar para trás. Virar a página, investir numa nova carreira, agora como DJ. Quero parar de dançar em boate. Até o fim do ano, não quero mais fazer isso. Eu estou noiva, quero casar, ter filhos. Quero me desvincular, quero apagar essa imagem de símbolo sexual. Quero seguir minha vida sossegada.

Comércio - Valeu a pena passar por tudo isso?
Carol Miranda - Valeu sim. Porque quando decidi entrar para essa carreira, a única coisa que eu tinha em mente era mudar a minha vida e a da minha família. E isso eu consegui, mas tive que pagar um preço muito alto. E hoje eu sei que vou carregar muito preconceito para o resto da vida.