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Esteve 5 anos sem fazer exames “por desmazelo” e a pior notícia chegou: cancro da mama

O caso de Maria Filipe Henriques serve de exemplo e alerta a muitas mulheres, no outubro rosa, mês de prevenção do cancro da mama (e sempre). A importância do diagnóstico precoce do cancro da mama é (mesmo) importante e salva vidas. Com a prevenção, a taxa de cura é superior a 90%.

Em Portugal registam-se, por ano, cerca de 7 mil novos casos de cancro da mama
Em Portugal registam-se, por ano, cerca de 7 mil novos casos de cancro da mama
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Foi diagnosticada com cancro da mama em 2015, quando tinha 55 anos. Há cinco anos que não fazia exames por "desmazelo". Foi-lhe retirada a mama, mas não precisou de quimioterapia nem de radioterapia. Sete anos depois e sem estar à espera, a vida volta a desafiá-la. Mas Maria, que quer "viver o melhor possível", encara a realidade de forma positiva. Em Portugal, o cancro da mama é o mais frequente nas mulheres, mas a prevenção e o diagnóstico fazem a diferença.

Era uma noite de verão muito quente. De férias, Maria Filipe Henriques estava deitada na tijoleira, em casa dos sogros, para "fugir ao calor", quando sentiu um nódulo ao passar a mão no peito. Ficou "bastante assustada e em alerta", descreve em entrevista à SIC Notícias. Assim que regressou das férias, marcou uma consulta de ginecologia, que lhe fez "uma má cara" porque achou que "podia não ser bom".

"Há cinco anos que não fazia exames. Andava a adiar também por desmazelo", confessa.

O diagnóstico chegou: cancro da mama. Foi operada em novembro, poucos meses depois de sentir o nódulo pela primeira vez, no Hospital do SAMS, nos Olivais. Foi-lhe retirada a mama esquerda, a que tinha o tumor maligno. O maior desafio foi "encarar o desconhecido". E depois da cirurgia, o que ia acontecer?

"Depois do tumor ir para análise, dentro do pior tive boas notícias. Disseram-me que, afinal, não era assim tão grande e que não era necessário fazer nem quimioterapia nem radioterapia. Fiquei apenas a tomar um comprimido durante cinco anos, enquanto era acompanhada em oncologia", conta.

Sete anos depois, há cerca de 1 ano, Maria começou a ter dores nas costas, do lado esquerdo, o mesmo lado do corpo onde tinha tido o tumor maligno. Aos poucos, começou a perder qualidade de vida. Começou a ter dificuldade a subir as escadas, em firmar a perna esquerda. Doía-lhe a coluna a respirar e a tossir.

Nas urgências, afastaram um "cenário oncológico". Disseram-lhe que tinha artroses na coluna devido à idade. Tomou comprimidos para as dores, mas estas não passavam.

"Sinto-me culpada porque não me queixei destas dores ao meu oncologista", confessa à SIC Notícias.

Agora com 63 anos, Maria, que raramente se lamenta, começou a queixar-se à família e a "ficar triste" por perder a vida de que gostava. Ficou limitada nas aulas de dança, de pilates, em festas com as amigas. Foi aí que decidiu agir e "avaliar detalhadamente" o que se passava na coluna.

O diagnóstico chegou "logo no primeiro exame": metástases ósseas na coluna.

Oito anos depois de ter sido diagnosticada com cancro da mama, fez cinco sessões de radioterapia, em que ficou "francamente melhor". Além de uma "quimioterapia nova", está a levar uma injeção de Zometa, uma vez por mês, e a tomar o medicamento "Letrozol" durante três meses.

Com dois filhos, um com 36 e outro com 29 anos, Maria diz que adora viver. Foca-se apenas "no bem" e olha para o futuro "com esperança".

"Prefiro ter eu a doença do que os meus filhos. Comigo sei lidar perfeitamente. Já na primeira vez foi o que senti. Não saberia lidar com a doença das pessoas que amor", desabafa.

Cancro da mama: a importância de um diagnóstico precoce

O cancro da mama é o mais frequente nas mulheres em Portugal e em todo o mundo. De acordo com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, em 2020, 7 mil mulheres foram diagnosticadas com este cancro e 1800 morreram.

A prevenção e o diagnóstico são fundamentais para a sobrevivência. Quando o diagnóstico é precoce, a taxa de cura é superior a 90%, indica a mesma fonte.

O rastreio permite descobrir "tumores muito pequenos, por vezes não palpáveis e só vistos em mamografia ou ecografia ou em fase evolutiva não invasiva", refere a Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Em cancros diagnosticados entre 2010 e 2014, a taxa de sobrevivência no da mama era de 88%. Para estes resultados, contribui a estratégia de diagnóstico "precoce com elevada adesão aos rastreios", informa o IPO de Lisboa.

Em Portugal, há o Programa de Rastreio de Cancro da Mama. De dois em dois anos, há unidades móveis disponíveis pelo país e são enviadas cartas-convites às mulheres entre os 50 e os 69 anos para a realização de uma mamografia gratuita.

As mamografias de rastreio são aconselhadas de dois em dois anos a mulheres (sem sintomas) que tenham entre 50 e 69 anos. No entanto, as autoridades de saúde portuguesas querem alargar o rastreio: a partir dos 45 e até aos 74 anos.

Até 2020, foram realizadas mais de 4,3 milhões de mamografias e encaminhadas mais de 20 mil mulheres para tratamento, que se revelou "menos agressivo e mais eficaz" devido ao diagnóstico precoce.

A investigação científica nesta área continua a fornecer novos dados sobre as causas, a prevenção e o tratamento. As autoridades de saúde identificam alguns fatores de risco:

  • Idade (80% dos cancros da mama ocorre em mulheres com mais de 50 anos);
  • Mulher que já tenha tido numa das mamas tem maior risco de ter na outra;
  • Características genéticas e hereditárias (entre 5 a 10% dos casos)
  • Excesso de peso;
  • Consumo de tabaco ou consumo excessivo de álcool;
  • Primeira menstruação em idade precoce (antes dos 12 anos);
  • Menopausa tardia (após os 55 anos);

Em outubro, assinala-se o mês de prevenção do cancro da mama. O movimento "outubro rosa" ou "pink october" em inglês nasceu nos Estados Unidos, na década de 90 para divulgar informação e sensibilizar para a prevenção e diagnóstico precoce do cancro da mama.

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