O Brasil está prestes a liberar várias espécies  de eucalipto geneticamente modificado, o que irá agravar uma situação ruim para a população e o meio ambiente.

STEVE TAYLOR e ORIN LANGELLE – 26 DE AGOSTO DE 2023

No Mato Grosso do Sul, grande parte da floresta nativa do Cerrado foi convertida em plantações de eucalipto na última década pela Suzano. Foto: Orin Langelle

No Mato Grosso do Sul, grande parte da floresta nativa do Cerrado foi convertida em plantações de eucalipto na última década pela Suzano. Foto: Orin Langelle

Valorizada por sua madeira resistente à cupins para fins de construção, polpa para criar produtos como celulose e papel higiênico, e seu óleo, que possui inúmeros benefícios para a saúde e para o lar, a árvore de eucalipto gera grandes negócios em todo o mundo. Nativa da Austrália e da Tasmânia, essa árvore pré-histórica foi plantada em volumes tão grandes que as plantações de eucalipto cobrem cerca de 25 milhões de hectares ao redor do mundo, maior do que toda a área terrestre do Reino Unido. Até 2028, de acordo com previsões, o mercado global de óleo de eucalipto deverá ultrapassar US$213 milhões, enquanto o mercado mundial de polpa de eucalipto se expandirá para quase US$17 bilhões.

Mas a indústria do eucalipto tem um lado obscuro. As plantações de eucalipto que se abrangem por regiões da América do Sul, Sul da África, Sul da Europa e Austrália têm impactos significativamente prejudiciais nas comunidades locais e na biodiversidade. Comunidades localizadas próximas a plantações de eucalipto provavelmente enfrentam escassez de água, uma vez que essas plantações utilizam quantidades enormes de água, além da poluição por agroquímicos, incluindo a exposição ao glifosato, que tem sido associado a diversos problemas de saúde, incluindo maior risco de câncer.

Além disso, a presença de folhas e raízes das árvores de eucalipto dificulta o crescimento de outras plantas abaixo delas, porque contêm um óleo biocida que inibe a sobrevivência e decomposição da maioria das bactérias do solo que entram em contato com elas.

O Brasil é o maior produtor mundial de eucalipto. Com aproximadamente 7,6 milhões de hectares de plantações de eucalipto, o país detém 30% do total de árvores de eucalipto do mundo. No leste do Brasil, particularmente nos estados da Bahia e do Espírito Santo, essas plantações substituíram o diversificado e nativo ecossistema da Mata Atlântica, com alguns municípios tendo quase três quartos de sua área coberta por plantações de eucalipto. Grandes corporações como Suzano, Fibria e Veracel dominam essa indústria, exportando eucalipto na forma de polpa para a fabricação de produtos como papel higiênico.

Romildo Biancardi é um agricultor que vive no acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Índio Galdino. Foto: Orin Langell

Nova Ameaça à Floresta: Eucalipto Geneticamente Modificado

As variedades de árvores de eucalipto geneticamente modificadas estão prontas para agravar uma nova onda de destruição ecológica e social. O Brasil aprovou sete espécies de árvores geneticamente modificadas. As plantações atuais roubam águas das  regiões, destroem habitats da vida selvagem e transformam grandes extensões de terra do Cerrado (um amplo e biodiverso bioma tropical localizado no leste do Brasil) em fazendas de monocultura não naturais e destrutivas: fileiras e mais fileiras de árvores de eucalipto não nativas sem vegetação em seu entorno. Muitas comunidades tradicionais e povos indígenas se opuseram à expansão dessas plantações no país.

As variedades de eucalipto geneticamente modificado são resistentes a pesticidas e provavelmente aumentarão o uso de produtos químicos tóxicos, como o Roundup, o herbicida à base de glifosato desenvolvido pela Monsanto (empresa americana multinacional de agricultura e biotecnologia) na década de 1970, que é o herbicida mais utilizado no mundo – e foi adquirido pela Bayer em 2018. Outros traços modificados, como taxas de crescimento aumentadas, podem tornar as árvores mais lucrativas para a indústria de papel e celulose, mas significativamente mais prejudiciais ao meio ambiente.

 

Oposição Internacional ao Eucalipto Geneticamente Modificado

A Campanha para PARAR as Árvores Geneticamente Modificadas é uma aliança internacional de organizações que trabalham para interromper a introdução de árvores geneticamente modificadas no ambiente natural, a fim de evitar a destruição ecológica e o prejuízo às comunidades locais. É uma iniciativa da nossa organização sediada nos Estados Unidos, Projeto de Justiça Global (GJEP), com o apoio do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais, com sede no Uruguai, que promove a causa da justiça social nas florestas.

Uma delegação internacional da campanha, organizada pelo GJEP, viajou ao Brasil em julho de 2023 para se reunir com comunidades indígenas e quilombolas (descendentes de pessoas afro-brasileiras fugitivas escravizadas), membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ministérios do governo e acadêmicos. O objetivo da delegação era aprender sobre a história de resistência contra a indústria de papel e celulose no país e discutir como as variedades de árvores de eucalipto geneticamente modificadas resistentes a herbicidas poderiam aumentar o uso de herbicidas tóxicos e ampliar a degradação ecológica, impactos na saúde e injustiça social.

FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional), um grupo que apoia comunidades que se opõem às plantações de eucalipto há uma década, organizou a logística da delegação, que incluiu representantes da Argentina, Canadá, Chile, Irlanda, Japão, Nova Zelândia e Estados Unidos. Representantes locais se juntaram à delegação enquanto visitavam diversos ministérios brasileiros para registrar reivindicações oficiais e testemunhos de membros das comunidades quilombolas e MST do norte do Espírito Santo e do sul da Bahia sobre os impactos devastadores das plantações de eucalipto, bem como as novas ameaças representadas pelas árvores de eucalipto geneticamente modificadas.

“As reivindicações que registramos vieram de várias comunidades do MST com as quais nos reunimos, estes estão realizando um importante trabalho agroecológico, além de possuírem uma escola agroecológica que treina pessoas na região sobre como cultivar de forma orgânica”, disse Anne Petermann, coordenadora internacional da Campanha para PARAR as Árvores Geneticamente Modificadas. Ela observou que “também houve declarações de membros de comunidades tradicionais quilombolas naquela região que estão sofrendo diretamente os impactos das plantações de eucalipto.”

A delegação também apresentou oficialmente petições da Rainforest Rescue, uma organização ambiental sem fins lucrativos sediada em Hamburgo, Alemanha, assinadas por mais de 100.000 pessoas contrárias à liberação de eucalipto geneticamente modificado no Brasil, aos ministérios e à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança do Brasil.

Durante a reunião oficial da delegação, Moisés Savian, secretário do Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil, identificou os interesses corporativos que impulsionam o eucalipto geneticamente modificado.

“Na minha visão, não faz sentido ter um eucalipto transgênico associado ao glifosato”, afirmou Savian. Seus comentários destacavam o herbicida Roundup, cada vez mais onipresente e perigoso, além de provável causador de câncer. “Está muito mais relacionado aos interesses de mercado das corporações que querem vender herbicidas”, observou o secretário.

Durante a reunião oficial da delegação, Moisés Savian, secretário do Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil, identificou os interesses corporativos como a força motriz por trás do impulso dos eucaliptos GM. “Na minha visão, não faz sentido ter um eucalipto transgênico associado ao glifosato”, afirmou Savian. Foto: Orin Langelle

 

O Incentivo Kafkiano dos Créditos de Carbono  

Outra motivação por trás da pressão pelo eucalipto geneticamente modificado é o incentivo kafkiano de receber créditos de carbono pelo plantio de árvores. Empresas como a Suzano – que já foi chamada de “maior exportadora de celulose do mundo” – podem ser recompensadas por plantar enormes monoculturas industriais de árvores – uma vez que tecnicamente estão plantando árvores, são elegíveis para créditos de carbono – mesmo que primeiro desmatem e removam as florestas nativas ricas em carbono, liberando grandes quantidades de carbono da floresta e do solo.

A indústria de celulose no Brasil acelerou a taxa de crescimento de suas árvores de eucalipto. Isso está aumentando as já enormes demandas sobre os recursos hídricos. Tão problemática é a expansão das monoculturas de eucalipto na hidrologia e biodiversidade das regiões que frequentemente são chamadas de “desertos verdes”.

“Parecem verdes à distância, mas são árvores de crescimento extremamente rápido, plantadas em fileiras e colunas perfeitas para colheita mecânica. As enormes plantações não abrigam vida selvagem, e a única biodiversidade que você encontra nelas são formigas e cupins”, explicou Petermann, que liderou a delegação que viajou ao Brasil.

Uma das tendências mais insidiosas nas falsas soluções para as alterações climáticas é a ideia de que o carbono vivo ou biológico pode compensar o carbono dos combustíveis fósseis. Uma paisagem em expansão de monoculturas industriais de árvores no Brasil – que roubam a biodiversidade das florestas, deslocam comunidades e vida selvagem e esgotam os recursos hídricos das regiões – resumem a fraude ecológica dos créditos de carbono.

João, membro de uma comunidade quilombola, contou à delegação que quando o eucalipto começou a ser plantado no Espírito Santo e na Bahia, “eles removeram a cobertura vegetal nativa e todos os nutrientes do solo. As pessoas costumavam praticar agrofloresta, usavam culturas de cobertura e deixavam a terra descansar, mas agora, com o eucalipto, não há descanso para o solo.” A área total de plantações de eucalipto na Bahia é estimada em cerca de 658.000 hectares, o que a coloca como a terceira maior contribuinte do país para o cultivo industrial de eucalipto.

A Dra. Ricarda Steinbrecher, uma bióloga da Universidade de Londres que participou de um fórum organizado pela delegação, alertou para as consequências não intencionais das árvores geneticamente modificadas, afirmando que “os riscos das árvores GM são extremamente altos em termos de impacto na biodiversidade, nas pessoas que vivem ao seu redor e no ecossistema e clima globais”.

Não apenas as plantações atuais de eucalipto são destrutivas, mas também é insustentável a premissa de que elas são superiores às florestas naturais para capturar carbono. Em 2020, especialistas publicaram uma carta com o Instituto de Física afirmando que “as florestas são superiores e insubstituíveis pelas plantações como agentes de sequestro de carbono terrestre”. Elas são colhidas em ciclos de crescimento extremamente curtos para a produção de celulose e papel, o que libera o carbono de volta para a atmosfera. Mas o esquema é lucrativo para a Suzano e outras empresas de celulose, já que lucram com a produção de celulose e papel, bem como com créditos de carbono pelo plantio de árvores.

A multinacional Suzano está construindo a maior fábrica de celulose e papel do mundo no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul. A enorme instalação está sendo construída por 10.000 trabalhadores, a maioria dos quais está alojada em acampamentos próximos. Foto: Orin Langelle

Declaração de Belém

O Brasil é lar de inúmeros biomas, sendo o mais famoso deles a Floresta Amazônica. Conhecida como “os pulmões da Terra” devido às enormes quantidades de dióxido de carbono que a floresta absorve e ao oxigênio que ela libera, a Amazônia é o foco de muitas iniciativas e acordos de conservação.

No início de agosto de 2023, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sediou a Cúpula da Amazônia em Belém, a capital do estado brasileiro do Pará, durante a qual outro acordo de conservação foi lançado. As oito nações que fazem parte do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) divulgaram a Declaração de Belém, um documento destinado a unificar os objetivos compartilhados das nações signatárias, que se concentram em preservar a Amazônia e os direitos dos povos indígenas que nela vivem. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) está programada para ocorrer em Belém em 2025.

No entanto, em um comunicado à imprensa, o Centro de Direito Ambiental Internacional (CIEL) afirmou que a Declaração de Belém ficou aquém dos compromissos de acabar com o desmatamento na Amazônia e não abordou as questões relacionadas ao uso contínuo de combustíveis fósseis.

Nikki Reisch, diretora do Programa de Clima e Energia da CIEL, afirmou:

“A Declaração de Belém não se compromete… a acabar com o desmatamento até 2030, nem a abordar os principais e interligados impulsionadores da perda de florestas tropicais – a agricultura industrial e as indústrias extrativas e destrutivas que expõem as florestas primárias à conversão de terras.”

“Está absolutamente ausente da declaração qualquer menção à ameaça que a produção e o uso contínuo de petróleo e gás representam para a Amazônia e para os ecossistemas, comunidades e clima que dela dependem. Pelo contrário, a exploração e o desenvolvimento de novos projetos de petróleo e gás continuam – até mesmo na boca da própria Amazônia – minando diretamente os compromissos dos líderes de evitar que a região chegue a um ponto sem retorno. Permitir a expansão da extração de combustíveis fósseis na Amazônia é incompatível com os direitos humanos, incluindo os direitos dos povos indígenas, a proteção da biodiversidade e as metas climáticas.”

Uma deferência semelhante aos interesses da indústria afeta o Cerrado, onde as plantações de eucalipto e o agronegócio continuam passando por cima de comunidades indígenas e tradicionais e destruindo um sistema ecológico natural menos conhecido, mas igualmente precário, independentemente das preocupações e abordagens ecológicas aparentes.

A Demanda por celulose 

À medida que a demanda global por polpa de celulose continua a aumentar, é esperado que o Brasil seja o local de maior expansão dessas instalações de produção na América do Sul.

Duas regiões que a delegação da Campanha para PARAR as Árvores Geneticamente Modificadas visitou provavelmente enfrentarão os impactos negativos do crescimento tremendo das plantações de eucalipto para abastecer a indústria de celulose e papel.

Comunidades quilombolas com as quais a delegação se encontrou afirmaram que no Espírito Santo, a maior parte da terra municipal foi transformada em plantações pela Suzano. Também explicaram que incentivos fiscais e investimentos em infraestrutura na região de Três Lagoas por governos locais e federais buscam atrair investimentos pela indústria de celulose e papel para o estado de Mato Grosso do Sul, onde grande parte da floresta nativa do Cerrado foi convertida em plantações de eucalipto na última década.

É tão lucrativo que a Suzano está construindo a maior fábrica de celulose e papel do mundo em Mato Grosso do Sul. A enorme instalação está sendo construída por 10.000 trabalhadores, a maioria dos quais está alojada em acampamentos próximos. Espera-se que a fábrica deve  empregar 10.000 pessoas quando concluída. O Projeto Cerrado, como a Suzano nomeou, está localizado em uma cidade rural com uma população de quase 25.000 habitantes. O projeto ameaça danos ambientais graves ao habitat natural e à biodiversidade, à água e ao ar, além de um influxo populacional acelerado e devastador.

Além disso, a corporação chilena Arauco planeja construir uma fábrica ainda maior em Mato Grosso do Sul após a conclusão programada do projeto gigantesco da Suzano.

Roubando Terras de Comunidades Indígenas  

A soberania da terra das comunidades tradicionais tem sido uma questão fortemente politizada no Brasil, e a invasão de terras pertencentes a comunidades tradicionais e indígenas pelo agronegócio foi um tema que a delegação ouviu repetidamente durante suas viagens pelo Brasil, incluindo nas áreas afetadas de Espírito Santo, sul da Bahia e Mato Grosso do Sul. 

Originado no passado colonial do Brasil e décadas de ditadura militar, as distribuições de terras no país são altamente desiguais. Os interesses do agronegócio foram incrivelmente agressivos no passado e continuam com essa característica atualmente.

“O que nos fez perder nossas terras, nossa cultura, foram todas essas perseguições do agronegócio”, afirmou José De Souza, instrutor da escola indígena Ofaié em Mato Grosso do Sul. Os Ofaié  ” já foram um povo grande”, disse ele, observando que tais pressões do agronegócio quase os tornaram “extintos”. 

Uma vez tendo uma população de dezenas de milhares, o povo Ofaié agora vive em apenas 45 hectares depois de terem sido realocados à força duas vezes. “Não é algo encerrado”, disse Souza. “Eles destruíram nossas florestas e água.” A escola onde Souza leciona enfatiza a cultura e língua Ofaié em aulas frequentemente ministradas ao ar livre. A terra Ofaié é pequena, mas é um oásis de floresta nativa cercado por vastas extensões de plantações de monocultura industrial.

A Luta pela Terra: O MST 

O eucalipto é tão central para a luta pela terra dos Ofaié quanto é para o MST, um dos movimentos mais significativos da América do Sul. O grupo tem quase 2 milhões de membros, com centenas de milhares de pessoas pobres do Brasil vivendo em acampamentos do MST como agricultores. O MST busca reverter a profunda desigualdade de distribuição de terras no Brasil ocupando terras para fazendas comunitárias.

O movimento é um ponto de controvérsia em Brasília, com legisladores alinhados ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro tentando proibir o movimento. Ainda assim, os juízes muitas vezes aceitaram a interpretação do MST da lei brasileira que permite a ocupação de terras improdutivas. O MST ocasionalmente incluiu plantações de eucalipto como atendendo à definição de “improdutivas” e as ocupou e reutilizou para fazendas comunitárias.

O movimento tem sido tão bem-sucedido em sua estratégia de ocupação que estima-se que 460.000 famílias agora vivem em acampamentos iniciados pela campanha. O MST tem uma visão voltada para o futuro, com escolas de agroecologia que ensinam como cultivar alimentos usando métodos agroecológicos. Eles são agora os maiores exportadores de arroz orgânico na América Latina.

O Financiamento da Administração Biden para a Expansão do Eucalipto

Enquanto o MST, povos indígenas e comunidades tradicionais no Brasil lutam contra a expansão das plantações industriais de eucalipto, a administração Biden está supostamente financiando sua expansão.

De acordo com um artigo de junho de 2023 na Mongabay, “Biden prometeu fundos da Corporação Financeira Internacional para o Desenvolvimento dos EUA para conservar a Amazônia e outros biomas críticos da América Latina”. No entanto, de acordo com as conclusões publicadas pela Mongabay, o investimento em dívida, se aprovado pelo Congresso, será principalmente “canalizado para o eucalipto produzido em massa na savana do Cerrado do Brasil”.

A Mongabay informou que US$ 50 milhões do financiamento seriam destinados ao plano do Grupo de Investimento em Florestas (TIG) de expandir suas “operações de florestas plantadas”, que localizaram seu escritório mais recente perto do Projeto Cerrado da Suzano em Mato Grosso do Sul.

PL 490: Restringindo os Direitos das Terras Indígenas

Durante a visita da delegação à capital do Brasil, Brasília, para se reunir com ministros e legisladores, os povos indígenas realizaram uma grande manifestação para se opor a uma proposta, PL 490, uma lei cujos apoiadores afirmam que traria certeza e justiça para as disputas de terras no Brasil. No entanto, os opositores argumentam que a proposta na verdade reverteria conquistas duramente obtidas pelas comunidades indígenas para terem seus direitos territoriais oficialmente reconhecidos.

Proposto por legisladores alinhados a Bolsonaro, o PL 490 reiniciaria as reivindicações de terras indígenas para outubro de 1988 – quando a atual Constituição Brasileira foi adotada após a ditadura militar. Visto que as terras foram tomadas durante a ditadura, trata-se de um esquema de grilagem de terras por indústrias extrativas que buscam negar as reivindicações de direitos territoriais dos grupos indígenas e até apagar as conquistas que eles haviam alcançado no passado. A Câmara dos Deputados aprovou este projeto de lei em maio de 2023.

A pressão pelo PL 490 destaca como a soberania da terra é uma questão fundamental na política brasileira e está intrinsecamente ligada ao meio ambiente do país e aos direitos das comunidades tradicionais. As monoculturas de plantações de eucalipto desempenham um papel central na controvérsia sobre os direitos territoriais, uma questão central na política brasileira e, em última análise, conectada aos direitos das comunidades tradicionais e à saúde ambiental mundial. Com a perspectiva de árvores de eucalipto geneticamente modificadas para resistência a pesticidas e a adesão da administração Biden a soluções falsas para as mudanças climáticas, o equilíbrio está sendo inclinado ainda mais a favor da indústria de celulose e papel nessa luta.

“Assim como o Brasil se conduz, o mundo também em relação ao uso de eucaliptos geneticamente modificados,” disse Petermann. “A relevância da perda do Cerrado para as plantações de eucalipto GM não pode ser subestimada.”

Este artigo foi produzido pela Earth | Food | Life, um projeto do Independent Media Institute.

As opiniões expressas aqui são exclusivamente do autor e não refletem as opiniões ou crenças do LA Progressive.

POR STEVE TAYLOR

Steve Taylor é o secretário de imprensa do Global Justice Ecology Project e o apresentador do podcast Breaking Green. Iniciando seu trabalho ambiental na década de 1990, se opôs ao desmatamento na Floresta Nacional de Shawnee. Taylor recebeu o Prêmio Leo e Kay Drey de Liderança da Coalizão de Missouri para o Meio Ambiente por seu trabalho como co-fundador do Times Beach Action Group.

POR ORIN LANGELLE

Orin Langelle é diretor da Langelle Photography. Sua primeira atribuição foi fotografar protestos contra a Guerra do Vietnã durante a Convenção Nacional Republicana de 1972 em Miami Beach, Flórida. Ele estudou formalmente com Cornell Capa, ex-diretor executivo do Centro Internacional de Fotografia em Nova York. Langelle fotografou em seis continentes, trabalhou em comunicações estratégicas e co-fundou o Global Justice Ecology Project.

Tradutor

Esse artigo foi traduzido do inglês para o português por Claudia Christina da Silva Santos (claudia@translate-pro.ca)