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1988 – A histórica greve da CSN em Volta Redonda

Mobilização histórica envolveu toda a cidade e, mesmo com o exército assassinando três trabalhadores, o movimento foi vitorioso e a pauta de reivindicações foi integralmente atendida pelo governo.

A Companhia Siderúrgica Nacional mais uma vez quer retirar direitos dos trabalhadores em Volta Redonda. A empresa quer ampliar a jornada diária de trabalho de 6 para 8 horas, revogando conquista histórica obtido pela greve de trabalhadores em 1988. Em momentos de ataque como esse, é bom relembrarmos um pouca da história de luta dos trabalhadores da CSN em Volta Redonda.

O aspecto nacional em seu nome e seu caráter público foi bastante abalado pela inclusão da empresa no plano de privatizações por Fernando Collor e pela privatização efetiva no ano seguinte por Itamar Franco. Cinco anos antes, no final do ano de 1988, emergiu uma greve histórica, uma das mais importantes greves das lutas de classes no Brasil. Nessa greve foi organizado o Fórum Sindical e Popular que mobilizou tanta gente que foi possível de fazer um abraço à empresa com mais de 12 kilômetros de mãos dadas que conseguiram cercar a CSN.

Foi uma greve geral da cidade de Volta Redonda pela implementação do turno de seis horas, pela reintegração dos trabalhadores demitidos na greve de 1987 e pelo pagamento da URV dos trabalhadores. O movimento foi extremamente forte, as mulheres nos bairros impediam que as vans da CSN fossem buscar os maridos para trabalhar com piquetes pelas ruas de Volta Redonda e as Associações de Moradores realizavam barricadas para que os ônibus e outros transportes da CSN não pudessem rodar enquanto a empresa não negociasse com os trabalhadores. Os jovens estudantes, principalmente os que estudavam nas escolas técnicas e pública também tiveram participação muito ativa, construindo ativamente os processos de mobilização da greve. As comunidades de base foram outros elementos fundamentais, havia um trabalho de base muito forte organizado pelas igrejas sobre a importância de se construir mobilizações nos bairros e quase toda a cidade participava de alguma forma.

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O exército foi mobilizado para desbaratar a greve, que se mantivera firme. Na tentativa de reprimir o movimento, o terceiro comando do Exército ficava alojado no andar mais alto do escritório central e utilizava feixes de luz sobre os locais com alguma aglomeração de pessoas para que a polícia agisse contra qualquer possibilidade de movimento reivindicatório. Muitos dos soldados eram até filhos dos operários que lá estavam trabalhando. Entretanto, a truculência do exército contra o movimento dos trabalhadores foi tanta que, ao final das ações militares contra a greve, três operários foram assassinados pelo exército e dezenas de pessoas ficaram feridas.

Na época foi construído um memorial na Avenida 1º de Maio em homenagem aos três trabalhadores assassinados pelo exército durante a greve. O monumento, que tinha sido projetado por Oscar Niemeyer, foi explodido com bombas durante uma madrugada e até hoje não se sabe com certeza quem realizou o atentado. Como forma de recordar também o atentado contra uma manifestação legítima e democrática dos trabalhadores da cidade, o memorial foi levantado e recolocado no mesmo lugar sem qualquer restauração, carregando ainda as marcas das bombas.

 

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Não houve poder bélico capaz de impedir que as reivindicações fossem atendidas. A partir dali, a jornada de trabalho dos operários da CSN passaria para 6 horas diárias. Desde essa conquista, todas as vezes em que se colocou em pauta a possibilidade de ampliar novamente essa jornada de trabalho, os trabalhadores com a solidariedade da maioria da cidade de Volta Redonda conseguiram frear esse processo.

A nova tentativa da CSN, agora privatizada, de tentar aumentar a carga horária já exaustiva dos trabalhadores de Volta Redonda é reflexo de um conjunto de retiradas de direitos sociais que se expressam por todo o país, através da Reforma Trabalhista e também da já anunciada Reforma da Previdência. A fórmula capitalista para os momentos de crise é sempre a mesma, retirar direitos dos trabalhadores como meio de manter as suas taxas de lucro. Mas a história prova que nem sempre o povo se submete passivamente a esses ataques e que a luta organizada da classe pode conquistar direitos que se estenderão por muitos anos.

1 comentário em 1988 – A histórica greve da CSN em Volta Redonda

  1. Gente, eu não achei os créditos das fotos, são de jornal? Arquivo publico?

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