Primeiro longa de animação do DF, "O Sonho de Clarice" tem sessão especial em Goiânia

Fernando Miller, Cesar Lignelli, Fernando Gutiérrez, Guto Bicalho e Nando Vieira (Foto: Mayara Varalho)

"O Sonho de Clarice", dirigido por Fernando Gutiérrez e Guto Bicalho, é o primeiro longa-metragem de animação do Distrito Federal. O filme foi exibido como convidado na noite da última quinta-feira, dia 21 de março, no Lanterna Mágica – Festival Internacional de Animação, em Goiânia (GO). A sessão foi seguida por um bate-papo com os diretores e outros nomes da equipe do longa: Cesar Lignelli, trilha sonora/co-roteirista; Nando Vieira, som; e Fernando Miller, ilustração. A trama conta a história de Clarice, uma menina que passa pelo processo de superação da perda de sua mãe. Membros de uma família de artistas de teatro, a garota e seu pai se veem perdidos diante da situação. Com sua criatividade combinada às suas memórias afetivas, Clarice enfrenta os momentos desafiadores de sua nova realidade. Assista ao trailer:

"Eu e Cesar já éramos parceiros de trabalho e fizemos juntos o curta 'José', que foi exibido anos atrás aqui no Lanterna Mágica. Quando começamos a trabalhar em 'O Sonho de Clarice', nos reuníamos duas vezes por semana para escrever a escaleta do filme e, nos outros dias, para assistir a filmes de animação e refletir sobre eles. Fizemos isso durante seis meses e foi um processo muito rico", contou Gutiérrez, que começou a inscrever o projeto em editais e, à medida em que recebia feedbacks, fazia ajustes e novos tratamentos, até que veio a primeira aprovação num edital de produção. A primeira ideia da obra surgiu há dez anos, e a produção em si durou seis. O filme tem patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC) e recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). 

Bicalho, que assina como "head of story", entrou no projeto após Gutiérrez abrir uma chamada para profissionais de storyboard. "Quis conversar com o Fernando para entender a ideia e ver se ele estaria aberto ao tipo de trabalho que eu pensava – e felizmente estava. Propus ser head of story, que é uma prática que tenho tentado fortalecer no Brasil, isso de pensar o roteiro e o storyboard para a animação. Pegamos o roteiro para discutir os pontos centrais e os caminhos que queríamos seguir com a história. Foi um trabalho bastante coletivo", relembrou. "E não foi um processo tanto de roteiro, mais de storyboard. O que é muito comum nos longas, e não costumamos falar tanto disso: o grosso da história acontece no storyboard. O roteiro é o ponto de partida", completou. 

Os dois diretores, assim como Lignelli, são professores e, por isso, sempre pensam muito no lado da formação, sobre "como colocar essas pessoas tão talentosas para trabalhar", disse Gutiérrez, professor no Instituto Federal de Brasília (IFB). O Instituto possui um campus exclusivamente voltado ao audiovisual e, no próximo semestre, abrirá o primeiro curso técnico de animação do Brasil. 

O diretor ministrou o curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) de animação no IFB – Campus Recanto das Emas, de forma online, durante um ano. "O filme já estava andando, mas eu queria que alguns animadores saíssem dali. No fim, conseguimos colocar quatro ou cinco pessoas na equipe de animação. E a equipe de pós é totalmente formada por ex-estudantes do IFB. Para nós, foi gratificante realizar o curso e de fato trazer essas pessoas para atuarem conosco", concluiu. 

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