A obra peculiar e regionalista do artista plástico paraibano Assis Marinho estará à mostra na Galeria Conviv’art, UFRN, até o dia 07 de outubro. A exposição “As Fases de Assis” exibe 42 obras do artista autodidata que já expôs em diversos países como Portugal, Espanha e Itália, e realizou sua última exposição em Brasília no ano de 2001. Ele retorna ao cenário artístico da capital potiguar após 12 anos.
As obras que fazem parte desta exposição abordam os temas mais diversos: vão da inocência cultural das crianças, passando pela religiosidade do povo potiguar e a pesca como provedora de sustento. Assis Marinho também retrata a seca nordestina, onde começa a pintar parte do que seria sua própria história de vida.
De origem pobre, saiu do sertão paraibano em 1964, na época com quatro anos de idade. “Saímos da Paraíba tentando fugir da seca numa caminhada sem rumo”, nos conta o artista plástico Assis Marinho, que completa destacando a obra “Retirantes I”, que retrata uma família de nordestinos, deixando suas casas numa tentativa de fugir da seca.
Aos quatro anos, Assis já pintava com carvão nas calçadas por onde passava. Aos nove, então em Natal, fugiu de casa e foi internado oito vezes em educandários, um dos quais no Osvaldo Cruz, no bairro Tirol, e na Casa da Criança, centro de recuperação e triagem de menores infratores, de onde escapou inúmeras vezes para desenhar na Praia do Meio.
O legítimo nordestino pinta o mundo que vê e como vê; pinta aquilo que viveu e algumas vezes lembranças de uma infância sofrida; outras de uma infância feliz: em que crianças brincam de roda acompanhadas de seus palhaços. Vive de sua pintura e nela mostra de uma forma aparentemente simples a genialidade de um retirante que venceu a dureza da vida através da sensibilidade de sua arte.
