Visões de Marte

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Nunca fui um ilustrador do estilo “realista” ou “naturalista” e nem tenho pretensões de sê-lo. No que se refere ao desenho, minha veia sempre foi cômica. Decidi fazer outro desenho do John Carter, mas numa abordagem um pouco diferente do que postei na semana passada.

Desta vez, resolvi parodiar um pouco aquelas capas de livros que o artista Frank Frazetta (1928-2010)produziu para obras de escritores pulp como Edgar Rice Burroughs (criador de Tarzan e de John Carter)e Robert E. Howard (criador de Conan, o Bárbaro).

Desenhar diretamente na mesa digitalizadora uma cena com três ou mais personagens leva um tempo consideravelmente maior, mesmo quando se utiliza um estilo mais informal de desenho.

Aproveito para postar também um esboço que havia feito  de um daqueles marcianos de quatro braços que povoavam as histórias escritas por Burroughs.

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Princesa de Marte

O escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs (1875-1950) é mais conhecido pela criação de Tarzan. Outra criação sua é John Carter , um veterano da Guerra Civil que se vê teletransportado para Marte, onde encontra diversas civilizações, enfrenta diversos perigos e ainda se casa com uma linda princesa marciana (segundo a literatura pulp, há diversas espécies alienígenas praticamente idênticas aos humanos, com lindas fêmeas, que ao que consta, possuem genitália idêntica a das  mulheres terrestres, o que torna possível o acasalamento entre terráqueos e marcianas!!!). Apesar de menos conhecido que Tarzan, John Carter possui fãs fiéis e inspirou alguns de seus leitores a se tornarem escritores de ficção científica e de fantasia. Outros até se sentiram inspirados a seguirem uma carreira científica, como foi o caso do astrônomo e astrofísico Carl Sagan (1934-1996), que teve seu interesse pelos mistérios do universo despertado quando, ainda criança, leu a primeira aventura de John Carter, intitulada A Princess of Mars (“Uma princesa de Marte”). Essa primeira aventura  foi inicialmente publicada em capítulos a partir de 1912 numa revista pulp antes de ser publicada na forma de romance e ganhar diversas reedições e algumas adaptações para quadrinhos e filmes.

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Ao desenhar minha versão de John Carter e da princesa marciana Dejah Thoris, busquei inspiração nos quadrinhos do japonês Osamu Tezuka (1928-1989), daí esse visual meio de “mangá retrô”. Foi tudo desenhado direto na mesa digitalizadora e usei  ferramentas de três softwares diferentes (ArtRage Lite; Gimp e MediBang Paint Pro), exportando e importando arquivos de um software para outro.

 

 

Gata gueixa

Hoje estou postando o primeiro desenho que fiz utilizando o MediBang Paint Pro, um software que me foi apresentado pelo meu amigo Fred Tavares. Minha referência para desenhar essa gata gueixa foi Usagi Yogimbo, uma excelente série de HQs criada por Stan Sakai, norte-americano de ascendência japonesa.

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Usaji Yojimbo é uma série ambientada no Japão “feudal”, com seus samurais, camponeses, donos de terras e guerras civis, mas cujos protagonistas possuem a forma de animais antropomórficos.  Trata-se de uma mescla bastante funcional, pois, sem abandonar o contexto histórico em que as histórias são ambientadas, o uso de um traço humorístico e de animais antropomórficos ajuda a “suavizar” a violência inerente ao tema samurais. Essa abordagem permite que essa série de  HQ seja boa leitura tanto para adultos quanto para crianças. O protagonista da série é um coelho ronin (samurai errante). Felizmente, alguns volumes dessa série chegaram a sair publicados no Brasil pela  Via Lettera Editora e Livraria. O desenho traz alguma influência das HQs do atrapalhado bárbaro Groo, desenhadas pelo Sergio Aragonés. E não é à toa: antes de criar Usaji Yojimbo, Sakai era o responsavel por desenhar as letras e balões das aventuras de Groo.

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Godzilla:Rei dos Monstros

 

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Hoje estou postando um desenho que fiz do Godzilla, o mais famoso dos dinossauros ficcionais.   O nome original do monstrão é “Gojira”, uma combinação das palavras Gorilla (“gorila” em inglês) e Kujira (“baleia” em japonês), talvez para remeter à combinação entre a força de um King Kong e o tamanho descomunal de uma baleia.

Godzilla simboliza o medo da energia atômica e foi lançado em 1954 , quando os Estados Unidos realizavam testes atômicos no Oceano Pacífico e  a memória das bombas atômicas lançadas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945 ainda era recente. Mas também foi claramente inspirado em um filme norte-americano lançado um ano antes: O Monstro de Vinte Mil Léguas (também conhecido como O Monstro do Mar), vagamente baseado em um conto de Ray Bradbury, o grande escritor de ficção científica e fantasia. Enquanto o monstro do filme norte-americano de 1953 foi criado utilizando-se animação em stop motion (um processo bastante trabalhoso, mas era o que se tinha de melhor nessa época bem anterior aos programas de computação gráfica que dispomos hoje), o monstro do filme japonês era um ator vestido com uma fantasia de borracha.

O visual do Godzilla combina elementos que lembram um dinossauro bípede e carnívoro como o tiranossauro ou o alossauro, mas com placas nas costas parecidas com a do estegossauro, um dinossauro quadrúpede e herbívoro. As proporções dos braços e o número de dedos são os mesmos de um ser humano. Portanto, bem diferente do tiranossauro com seus braços curtos e dotados de dois dedos cada um.As proporções do Godzilla são absurdas, pois uma criatura com sua altura e forma seria esmagada pelo peso das próprias pernas. Por isso, ao desenhar o Godzilla esbocei o que seria mais ou menos a forma de um homem vestindo uma fantasia, com a cabeça do homem mais ou menos na altura do pescoço do Godzilla.

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gojira-inkDepois inseri a figura do Godzilla em uma foto com uma cena noturna de Tokyo em meados da década de 1950. Fiz alguns retoques para que a foto ficasse parecida com uma xerox ou uma imagem pouco definida. A intenção era que ficasse algo parecido com os “defeitos especiais” dos filmes de monstros japoneses. Adicionei alguns filtros do Gimp e utilizei a fonte Full Bleed, gratuita no site Blambot, para inserir o texto. Para quem era adolescente ou jovem na década de 1980, vai ser fácil se lembrar da música que o Godzilla aparece cantando: Big Japan da banda alemã Alphaville.

Paleoarte cartunesca:Alossauro

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Um dos meus cartunistas favoritos é o brasileiro Fernando Gonsales, criador da tira Níquel Náusea. Em primeiro lugar porque as tiras dele são realmente engraçadas, sem apelar para um humor grosseiro. Em segundo lugar, porque o traço dele é muito bacana! Mesmo trabalhando em um estilo totalmente “cartunesco”, ele usa referências como fotos ou ilustrações naturalistas para desenhar os animais, pois, cada espécie possui alguma característica ou detalhe peculiar que se você esquecer de colocar no desenho,mesmo que seja caricato, acaba descaracterizando o animal. Por exemplo, tente desenhar um elefante asiático sem as sardas e o formato da cabeça característico, ou desenhar um elefante africano sem as orelhas enormes.

O mesmo princípio se aplica quando se desenha espécies de animais já extintas, como os dinossauros. O desenho que estou postando hoje é uma representação caricata de um alossauro.O Alossauro é uma espécie de dinossauro carnívoro que vive sendo confundida com o Tiranossauro Rex. Tanto que há muitos filmes e desenhos animados antigos onde vemos o que mais parece um alossauro sendo chamado de “tiranossauro”. A confusão faz sentido, já que ambos foram grandes dinossauros bípedes e carnívoros. Entre as diferenças podemos destacar as seguintes: o alossauro era menor que o tiranossauro; o primeiro tinha três garras nos braços, o segundo tinha apenas duas. Além disso, o alossauro viveu numa época anterior ao tiranossauro. Outra diferença é que o alossauro tinha umas calosidades ou pequenos chifres na cabeça, perto dos olhos.

Na elaboração deste desenho foram usados os softwares Artrage Lite e o Gimp.

Quando desenho dinossauros bípedes, faço um esboço que lembra mais ou menos uma avestruz ou uma ema: pernas compridas com garras; braços curtos que lembram asinhas e uma grande mandíbula em forma de bico ou de mala de viagens.Eis o esboço que foi feito no Artrage:

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Depois, adicionei uma segunda camada onde acrescentei os detalhes e as primeiras cores:

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A versão final foi colorizada e retocada no Gimp.

King Kong versus “Tiranossauro”

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Meu filho adora dinossauros! Ele e outras milhões de crianças no mundo. E a adoração que ele tem por dinossauros me faz lembrar de quando eu ainda era garoto e adorava assistir reprises de King Kong, tanto da versão clássica de 1933, quanto da versão de 1976, estrelada por Jessica Lange, sem falar nas versões trash  japonesas que a TV Record ainda reprisava até o início dos anos 1980: A Fuga de King Kong, aquela em que aparece o Robot Kong, e King Kong versus Godzila. Também adorava assistir na televisão a filmes como A terra que o mundo esqueceu, adaptação de um livro de Edgar Rice Burroughs, sobre dinossauros e outras criaturas pré-históricas vivendo escondidas no centro da Terra (uma imitação de Viagem ao centro da Terra, obra do escritor francês Julio Verne) e A última viagem de Sindbad, em que aparecia a luta em stop motion de um “troglodita” (um tipo de homem-macaco) e um tigre dente-de-sabre.

Houve uma fase da minha vida, dos nove aos onze anos de idade, em que eu sonhava estudar a evolução dos animais, em me tornar algum tipo de paleontólogo. Decorei nomes científicos de mamíferos, colecionei fascículos de O mundo dos animais e lia sobre as vidas de Charles Darwin e Lamarck em enciclopédias como a Conhecer entre outras.

O que ajudou a diminuir o meu interesse por ciências foi uma professora que tive na quinta série, a dona Magali, que lecionava na escola em que eu estudava em São Caetano do Sul. Ela se recusava a ensinar teoria da evolução, porque ela não acreditava, não bastasse isso, era grossa e declarava que a disciplina que ela “ensinava” era meramente “decorativa”.  Era como se eu estivesse tendo aulas com o Doutor Zaius!

Por isso tudo, para homenagear a criança interior que habita cada um de nós, resolvi postar este desenho que fiz hoje, minha versão da cena antológica da luta entre King Kong e um tiranossauro no filme de 1933.

Assim como outros desenhos que tenho postado recentemente, este também foi todo feito no computador. Comecei fazendo um esboço com a ferramenta lápis no ArtRage Lite.

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Depois acrescentei uma segunda camada em que finalizei as figuras principais (o Kong, o dinossauro e a loira) com a ferramenta pena do ArtRage. Com essa mesma ferramenta fui desenhando direto outros elementos da cena: a paisagem, o pterodáctilo e um dinossauro menor.

Depois editei e colori o desenho no Gimp. Após colorir no Gimp, fiz alguns retoques usando o Paint

Versão cartunesca da Supergirl

Hoje fiz de brincadeira esta versão cartunesca da Supergirl ou Supermoça, como diriam os leitores mais antigos. No desenho humorístico, há certas liberdades que podemos usufruir:  podemos desenhar dedos que lembram salsichas, uma mão um pouco maior que a outra, distorcer as proporções,variar as proporções de uma personagem em cada cena, ignorar anatomia e regras de perspectiva conforme a conveniência. O que não significa necessariamente que “vale qualquer coisa”. Por exemplo, o grande Sérgio Aragonés desenha tudo direto na caneta e dispensa todas as convenções do desenho naturalista, mas o estilo dele é tão cheio de espontaneidade, transmite uma sensação de vida e movimento  tão grande, que é irrelevante que ele tenha desenhado personagens com um braço ou uma perna mais comprida que a outra.

Neste desenho o que eu me preocupei mais foi em desenhar a pose de vôo da Supergirl e transmitir a sensação de que ela está se projetando para o alto.

Fiz o desenho no ArtRage Lite e a colorização foi feita utilizando-se ferramentas do GIMP e do Paint.

Supergirl

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Exercícios na mesa digitalizadora

Um dos meus manuais de desenho favoritos é o livro How to Draw Cartoons for Comic Strips de autoria do cartunista  Christopher Hart. Pratiquei muitos exercícios desse livro desde o dia em que o ganhei como um presente no Natal de 1989. Ganhei do meu saudoso pai,que o havia comprado na Livraria Brasiliense, localizada no centro velho de São Paulo. Conheci o livro quando o ganhei, o que significa que foi uma supresa mais do que agradável. Tinha quinze anos na época e isso foi num tempo em que não existia Internet e muito menos scans em pdf  para baixar. Guardo esse livro com carinho até hoje e meio que o “redescobri” recentemente.

Hoje fiz dois desenhos inspirados em esboços que estão nesse livro, mas com algumas alterações. Ou seja, mantive a pose e expressões, mas alterei cabelos, roupas etc. Fiz esses desenhos direto na mesa digitalizadora. É bem interessante praticar na mesa digitalizadora alguns dos mesmos exercícios que eu já havia feito com lápis e papel.

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SHAZAM!: Minha primeira HQ feita totalmente no computador

Arranjei um tempinho nas minhas horas vagas para criar minha primeira HQ inteiramente produzida no computador.  Ou seja, usei softwares para desenhar, colorir e até para fazer os balões, as letras e os requadros. Trata-se de uma piadinha bem simples parodiando o Capitão Marvel original. A intenção era fazer algo mais ou menos na linha das piadas do Sérgio Aragonés, embora eu esteja bem longe de ter a genialidade do grande cartunista da revista MAD.

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Os softwares utilizados foram o ArtRage Lite (principalmente nos esboços); o GIMP (principalmente na colorização); o Krita (do qual aproveitei os templates e também exportei o arquivo para PDF) e o Paint (que utilizei para pequenos retoques e para os balões e letreiramento). As fontes utlizadas nas letras foram baixadas no Blambot,um site que fornece fontes específicas para quadrinhos, algumas gratuitas, outras pagas.

As personagens e demais elementos foram desenhadas em arquivos separados, que foram depois combinados no mesmo arquivo.

Esse foi o primeiro esboço que fiz para o Billy Batson, a identidade secreta do Capitão Marvel.

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Ainda no ArtRage, acrescentei uma segunda camada para cobrir com tinta o desenho, seguindo mais ou menos o esboço a “lápis”.

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Usei as ferramentas “tinta” e “preenchimento” do GIMP para colorir os desenhos. Depois, usei as ferramentas “texto” e “formas” do Paint para desenhar os balões e inserir os textos.

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O mesmo processo foi seguido para fazer o desenho do Capitão Marvel. capitao_marvel_sketch

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Embora seja possível ver a HQ com diferentes softwares que reconhecem a extensão PDF (inclusive o próprio navegador Chrome), obtive o melhor resultado com o GonVisor, um software livre projetado para ler scans de quadrinhos gravados com diferentes extensões (PDF, cbr, cbz etc).

O resultado final pode ser visto no link a seguir:

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Desenhando diretamente na mesa digitalizadora

Eis outro desenho que fiz diretamente na mesa digitalizadora. O principal software que utilizei foi o ArtRage Lite, mas também fiz alguns retoques usando ferramentas do Paint e do Gimp.

Na primeira camada, fiz o esboço com a ferramenta lápis;

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Depois, adicionei uma camada para cobrir o esboço com tinta:

woman_first-ink

Copiei a segunda camada e colei no Gimp. Utilizei a ferramenta tinta do Gimp para cobrir de negro a íris de cada olho da moça. Depois colei no Paint para salvar a versão a seguir:

woman

Exportei o arquivo que salvei no Paint para o ArtRage lite, onde criei uma terceira camada para fazer a colorização:

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Tanto o Gimp quanto a ArtRage Lite possuem extensões de arquivo próprias. Para publicar aqui no WordPress, sempre preciso exportar os trabalhos para salvá-los em extensões de arquivo mais tradicionais como “png” ou “jpeg”.