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Por Katia Simões — Para o Prática ESG, de São Paulo

“Não haverá justiça social, igualdade e inclusão se continuarmos a fazer o que sempre fizemos”. Esse foi o alerta deixado por Makaziwe Mandela, filha do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, em sua primeira visita ao Brasil. A ativista pela justiça social veio a São Paulo, no início de agosto, para participar do FebrabanTech 2022, onde apresentou o painel “Um legado de liderança social e inclusão”. Com a voz firme, Magaziwe afirmou que essa luta é da sociedade. “Todos nós somos responsáveis e podemos promover mudanças. Não devemos deixar que o medo e o silêncio nos paralise”, diz. “Como cidadãos do mundo temos poder político e social para fazer a diferença no planeta. Precisamos enfrentar o futuro juntos”.

De acordo com Makaziwe, para eliminar os grandes problemas sociais é necessário não se esquecer do passado e assumir a responsabilidade sobre a solução como indivíduos e corporações. “Devemos agir juntos, sem fronteiras, enfrentar a desigualdade em todas as suas frentes para construirmos um mundo justo e pacífico”, afirma. Segundo ela, o pré-requisito para a inclusão é o respeito ao estado de direito nacional e internacional. “Uma sociedade inclusiva é aquela na qual todos os cidadãos têm acesso a serviços de infraestrutura, educação, saúde e tecnologia. Pobres e marginalizados também precisam se sentir pertencentes e educação tem um papel crucial nesse sentido.”

Nascida em Joanesburgo e criada em Soweto, na África do Sul, Makaziwe é mestre em sociologia e doutora em antropologia pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos. Cresceu acompanhando o pai, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1993, na sua luta incansável por um mundo mais justo e igualitário, sem distinção de cor ou raça. “As escolhas que fiz pessoalmente são reflexo da história da minha família, dos meus ancestrais, que me levaram a defender a erradicação do racismo”, diz. “Eu moro no continente africano com mais de 500 anos de brutalidade e colonialismo.” Assim como Mandiba – como Mandela era chamado pelo povo –, a ativista acredita que o desenvolvimento humano sustentável só acontecerá se entendermos quem somos e como chegamos até aqui. “O conhecimento do passado é a emancipação mais segura que podemos conseguir”, declara. “Para entender o presente e o futuro é preciso compreender o passado.”

Em 2017, Makaziwe criou a House of Mandela Family Foundation, com o objetivo de melhorar os meios de subsistência dos mais pobres e defender globalmente as questões sociais que afetam comunidades africanas, incluindo HIV, educação, saúde, agricultura e empoderamento feminino, além da promoção de setores alternativos de energia. Na sua visão, um dos maiores desafios para Brasil, Estados Unidos e Reino Unido é criar um ambiente diverso justo. “Se não houver diversidade e inclusão de todos na sociedade, teremos mais dores nas comunidades”, afirma.

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Makaziwe observa que a pandemia afetou vidas e economias, revelou incertezas, impôs desafios e colocou em evidência o racismo, as desigualdades sociais, de gênero e ambientais. “As mudanças climáticas estão desafiando nossa vida e a economia, independentemente de fronteiras”, declara. “Não se trata de futuro, já é presente e impactam ainda mais os países mais pobres.”

Se por um lado a pandemia jogou luz sobre as desigualdades, por outro, revelou possibilidades de somar forças, de fazer da tecnologia um instrumento para diminuir as diferenças. “No auge da covid19, o uso de inteligência artificial e big data ajudou a capturar dados ao redor do mundo, auxiliando na tomada de decisão”, ressalta. “O desafio está em democratizar o acesso às novas tecnologias nos países menos desenvolvidos e prepará-los para adotá-las. As nações mais pobres muitas vezes não conhecem sequer os dados da sua própria população.” Magaziwe enfatiza que a tecnologia por si só não é a solução para problemas de saúde, educação, racismo e clima, porque são muito complexos, mas é o meio. Entretanto, precisa ser construída de todos para todos, “É preciso associar os avanços tecnológicos, os aprendizados de dois anos de pandemia e a consciência de que temos obrigações como indivíduo e força como humanidade”, reforça. “Somos um só planeta e temos que nos conscientizar do nosso papel no mundo para fazer a diferença.”

Magaziwe lembrou que há duas décadas Nelson Mandela disse, no World Economic Forum, em Davos, na Suíça, que era preciso acabar com as diferenças entre raças. Há quem veja como utopia. A filha de Madiba luta para transformar a utopia em realidade e afirma que isso será possível com economias fortes e sociedades coesas para todos. “Nesse universo de multinacionalidade das operações, ninguém é neutro, o problema é de todos e isso não é uma coisa opcional”, adverte.

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