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Silvio de Abreu, autor de ‘Passione’, já espera críticas à nova novela das oito

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 Maio 2010, 22h43

Passione, novela que estreia na próxima segunda na faixa das oito da Globo, tem uma série de desafios pela frente. Em primeiro lugar, ela vai substituir Viver a Vida, o folhetim de menor audiência no horário em toda a história da Globo, 38 pontos de média. Em segundo, vai repisar uma tática já bastante explorada pela emissora, a de dividir a trama entre Brasil e Itália. Em terceiro, terá no elenco atores de quem a crítica guarda ressalvas, como o bonitão Reynaldo Gianecchini. Mas o autor, Silvio de Abreu, se mostra combativo e preparado para as críticas. “Se eu não acreditasse no Gianecchini, ele não estaria em Passione“, diz o dramaturgo. “Toda a equipe está se empenhando bastante, mas não tenho dúvida, por exemplo, de que vão falar mal do sotaque do núcleo italiano.”

A aposta do autor, que nos próximos meses deve se trancar na sua casa, em São Paulo, para escrever, é de que o clima de suspense da novela garanta um bom desempenho no ibope. O suspense, no entanto, só deve começar no capítulo 100. Antes, a novela vai se concentrar na história de Antonio Mattoli (Tony Ramos) que será o filho perdido de Elizabete (Fernanda Montenegro), encaminhado para adoção logo ao nascer por Eugênio (Mauro Mendonça), marido de Elizabete, mas não o pai da criança. Confira, abaixo, um bate-papo com Silvio de Abreu.

Por que o senhor escolheu a Itália, e não outro país, para dividir o enredo de Passione?

Era um desejo antigo. Quando escrevi A Próxima Vítima, fiz um núcleo paulistano italiano na Mooca, mas sempre quis fazer um núcleo na Itália. Também fiz uma vizinhança meio italianada em Guerra dos Sexos, a partir de lembranças da minha infância na zona leste de São Paulo. A emoção do italiano é muito forte. Ela não é como a do francês ou do inglês, que é racional. Ou a do americano, que é prático. O italiano se entrega intensamente. Quebra a cara, xinga, chora, se estapeia. Tudo é intenso, comovente. Essa novela tem muito disso.

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A Globo já fez, com sucesso, diversas novelas ambientadas ou ligadas à Itália. Como fazer de Passione um folhetim diferente?

Não escrevo uma novela partindo da premissa de que vou inovar ou de que tenho que fazer diferente. Procuro, sim, fugir do que já fiz nas outras. Mas trabalho com a intuição, usando mais emoção do que razão. Abro uma história e vou contando. Procuro trabalhar com liberdade, sem a pretensão de inovar ou revolucionar a linguagem dos folhetins, mas de criar um bom espetáculo de entretenimento.

Em Belíssima, Tony Ramos não agradou a todos com o sotaque grego de seu Os atores Germano Pereira, Tony Ramos e Daniel Oliveirapersonagem. Há alguma orientação, agora, para o sotaque de Antonio Mattoli, personagem que ele viverá em Passione?

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A crítica era injusta, porque o Tony falava o grego legítimo. Mas não tenho dúvidas de que vão falar mal também do núcleo italiano. É importante ressaltar que estamos com uma professora de italiano da USP (Universidade de São Paulo), a Maria Cecilia Casini, que me orienta e orienta também os atores. Os diálogos foram escritos e ensaiados em italiano, para depois receberem uma “aportuguezação” e serem entendidos pelo grande público. A nossa preocupação era conseguir um som autêntico, uniforme e sem caricatura. Toda a equipe está se empenhando bastante.

O ator Reynaldo Gianecchini já foi muito criticado por participações em outras novelas. O senhor tem medo de que sua atuação prejudique Passione?Se não acreditasse no Gianecchini, ele não estaria em Passione. Estou mais do que satisfeito com o meu elenco. Acho que o Gianecchini é muito melhor ator do que as pessoas dizem. Desde a primeira novela que fez até agora, ele cresceu demais. Trabalhou em teatro, cinema, fez ótimos personagens e, toda vez que trabalhamos juntos � ele esteve nas novelas As Filhas da Mãe no Jardim do Éden, Da Cor do Pecado, que supervisionei, e Belíssima – sinto que evoluiu. Ele não está lá só para ser uma carinha bonita. Em Belíssima, todo mundo criticou o trabalho dele no início, mas depois de um mês o povo estava amando. Agora ele vem com um personagem completamente diferente, seu primeiro vilão, e o público vai poder mais uma vez conferir a qualidade dele como ator.

Há algum novo ator que o senhor aposte que vá se destacar nesta novela?

Tem a Mayana Moura e o Germano Pereira, que é um ator de teatro aqui de São Paulo. Ele me parece carismático, tem um ótimo tipo e também é bom ator. Tem ainda a Bianca Bin, que saiu de Malhação e o Miguel Roncato, que faz o Alfredo; e a Carol Macedo. É a primeira novela de Larissa Maciel; temos também Gabriela Duarte e Bruno Gagliasso, que nunca fizeram comédia; e Mariana Ximenes e Reynaldo Gianecchini fazendo vilões pela primeira vez.

Passione pode ser considerada uma trama policial? Qual será o grande mistério da novela?

Passione é uma junção de comédia, melodrama e suspense, mas, mais ou menos, a partir do capítulo 100 a novela vira policial e investigativa. A novela, no início, é uma grande história de amor, com várias paixões entremeadas e uma ideia clara de crítica social. Quanto ao mistério… Teremos muitos.

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Qual é o segredo de um bom suspense?

O segredo é uma boa armação de história. O clima que se cria é o mais importante. (O diretor Alfred) Hitchcock dizia que uma história de suspense é tão boa quanto o seu vilão, mas eu posso acrescentar que este vilão pode ser evidente ou camuflado e que o mistério crescente é uma boa escolha.

Os atores Mauro Mendonça e Fernanda MontenegroA ambiguidade é o segredo de um personagem bem construído?

Não diria propriamente a ambigüidade, mas sim a humanidade. As pessoas sempre têm dois lados, bom e mau, e a predominância de um deles é que define o seu caráter. Mas os dois elementos estão ali, vivendo em conflito permanente. Não é raro uma boa pessoa ter pensamentos mesquinhos e nem uma má pessoa ter um gesto relevante. O ser humano é complexo e um personagem, para ser bom, deve se aproximar sempre do ser humano. Um personagem maniqueísta, que só mostra um lado, é um personagem capenga.

Todo autor tem seus atores favoritos. Que atores de Passione foram escolhidos pelo senhor?

Tenho atores que gosto de ter por perto porque são atores em que confio, como Tony Ramos, Irene Ravache, Cleyde Yáconis, Fernanda Montenegro, Aracy Balabanian, Claudia Raia, que não está na novela, mas de que gosto muito, Edson Celulari… Sei que a Fernanda vai pegar esse trabalho e vai fazer como se estivesse fazendo Sófocles ou Shakespeare, com o mesmo respeito e a mesma profundidade. A mesma coisa, o Tony.

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Viver a Vida foi uma das novelas das oito de menor audiência dos últimos anos. Passione, por isso, estreia com um grande desafio, o de melhorar o ibope do horário. Como o senhor encara essa missão?

Ninguém faz uma novela para não ser sucesso. Sempre digo que novela só tem sentido se pegar que nem catapora. Mas é um trabalho muito difícil e só quem faz sabe a dificuldade que é para ser visto só por meia dúzia. Quem mais se frustra quando a novela não faz sucesso não é a emissora, é o autor. O ibope faz parte da televisão. Se eu quisesse continuar a fazer filme para 2 milhões de pessoas, tinha continuado no cinema. Meus filmes fizeram sucesso há 30 anos. Não faço cinema há 32 anos porque não tenho vontade. Gosto de fazer novela. Não porque a novela dá cartaz. É porque gosto de me comunicar com as pessoas. Como já disse, vou fazer o melhor.

Por que, na sua opinião, Viver a Vida não decolou no ibope?

Acho que todos nós fazemos o melhor que podemos, mas nenhum autor, por melhor que seja, sabe a receita para garantir uma boa audiência. Filhas da Mãe, por exemplo, eu tinha certeza de que seria um enorme sucesso. Mas, quando estreou, o público não gostou.

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