Fiuk (Foto: Instagram/ Reprodução)

Fiuk (Foto: Instagram/ Reprodução)

As discussões sobre gêneros também envolvem a moda, e as imposições causadas pela sociedade sobre o que é masculino ou feminino acabaram se destacando negativamente e, é claro, cheias de opressão. O debate ganhou mais gasolina com a participação de Fiuk no Big Brother Brasil, da TV Globo. Declarado heterossexual, ele ama usar vestidos e não tem medo de se expressar por meio do que escolhe usar.

Escolhas essas, que, inclusive, geraram alguns comentários de Rodolffo Matthaus - e acabou resultando em sua indicação ao paredão. O ato de Gil do Vigor, gay assumido e até então com outro possível alvo, reflete como não há mais espaço para brincadeiras quando o assunto é sexualidade.

Por mais incomodado que tenha ficado, Fiuk deixou claro que não pretende mudar o seu jeito de vestir. Seus looks, que ele considera andrógenos, agradam a muitos - e o número de heteros que aderem à moda genderless tem crescido.

Fiuk vestindo J.Boggo (Foto: Instagram/ Reprodução)

Fiuk vestindo J.Boggo (Foto: Instagram/ Reprodução)

Para Jay Boggo, dono da marca J.Boggo, que cria essas peças usadas pelo cantor no reality show, o orgulho seria poder ver pessoas comuns usando as roupas tranquilamente sem medo de represálias, mas que uma imagem pública pode ajudar ao menos a dar um passo à frente rumo à libertação.

"Ele já estava aparentemente pronto para este momento", diz o estilista em entrevista a Vogue Brasil. Segundo Boggo, o cantor ligou e já sabia que peças queria. "Nós vestimos muitos famosos, que aderiram a vestidos e saias e usam de maneira muito tranquila. O Fiuk, depois da Covid-19, deve ser o segundo assunto mais comentado e é muito importante para o avanço dessa libertação. Porque não estamos falando em sexualidade, mas sim de libertação. Em ser tudo que quiser ser."

O estilista, que vive em São Paulo e já ouviu xingamentos pelas roupas que usava ao sair para almoçar com sua equipe, por exemplo, afirma que clientes heterossexuais costumam se interessar por saias, mas são hesitantes. "Entram na loja e falam que acharam a saia linda e que tem vontade de usá-la. Sempre aconselho que, na dúvida, é melhor não gastar o dinheiro, mas que deviam ao menos experimentar. Afinal, aqui é um lugar seguro", diz.

Segundo Jay, a experiência, inclusive, é mais do que a ideia da venda, mas poder enxergar a realização no rosto do cliente. "A pessoa pode ser o que ela é pelo menos por alguns minutos. É claro que o faturamento é importante, mas depois o cliente volta e acaba acontecendo. Só que ele volta transformado", reflete.

Jay Boggo (Foto: Arquivo Pessoal)

Jay Boggo (Foto: Arquivo Pessoal)

Enquanto, em sua loja, heterossexuais preferem as saias, gays optam mais pelos vestidos. "Gays procuram mais vestidos e roupas mais chocantes aos olhos de pessoas mais conservadoras por estarem mais tranquilos em relação à sua posição. Para nossa alegria, os heteros já estão mais abertos para essas transformações que estão acontecendo."

Desde que tem focado seu dom em quebrar barreiras de gêneros na moda brasileira, Jay Boggo vem chamando a atenção de artistas como Cauã Reymond, Reynaldo Gianecchini, Bruno Montaleone e Ricardo Tozzi. "Entendi que poderia transformar as pessoas com meu dom e dar amor. A gente não fala de sexualidade", conclui.

Fiuk (Foto: Instagram/ Reprodução)

Fiuk (Foto: Instagram/ Reprodução)

Bruno Montaleone veste Jay Boggo (Foto: Instagram/ Reprodução)

Bruno Montaleone veste Jay Boggo (Foto: Instagram/ Reprodução)