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Universidade Federal da Bahia Escola de Administração Núcleo de PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO Gestão de Processos Universitários da UFBA ESTUDO SOBRE O USO DA DIGITALIZAÇÃO NO PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DA BIBLIOTHECA GONÇALO MONIZ HENRIQUE LUIZ DOS SANTOS Salvador 2014 HENRIQUE LUIZ DOS SANTOS ESTUDO SOBRE O USO DA DIGITALIZAÇÃO NO PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DA BIBLIOTHECA GONÇALO MONIZ Monografia apresentada como exigência para a conclusão do Curso de Especialização em Gestão de Processos Universitários, do Núcleo de Pós-Graduação em Administração da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia. Orientador: Prof. Me. José Carlos Salles dos Santos Salvador 2014 SIBI/Biblioteca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira. Santos, Henrique Luiz dos. S586 Estudo sobre o uso da digitalização no processo de preservação do acervo da Bibliotheca Gonçalo Moniz / Henrique Luiz dos Santos. Salvador: HL, dos. Santos, 2014. 37 p. Orientador: Prof. Me. José Carlos Salles dos Santos. Monografia (Especialização) - Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração, Salvador, 2014. Digitalização. 2. Comutação. 3. Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira. I. Santos, José Carlos Salles dos. II. Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração. III. Título. CDU: 658 À Deus em primeiro lugar, Senhor do meu destino. Raildes, mãe querida (in memorian), por ter me transferido seu saber. Aos meus mestres tão negligenciados. AGRADECIMENTOS São tantos, e tão especiais... Ao Senhor do Bonfim, A Faculdade de Medicina da Bahia, por tudo: pelo acervo bibliográfico da Biblioteca Gonçalo Moniz. Ao meu orientador, José Carlos Sales dos Santos, pela atenção e dedicação. A Biblioteca Gonçalo Moniz, pelo apoio dos seus funcionários, a disponibilidade da infraestrutura, e acima de tudo pelo reconhecimento à importância do tema deste trabalho. Ao NPGA (Núcleo de Pós-Graduação em Administração), pela dedicação dispensada a todos nós. Aos entrevistados, pela confiança em prestarem seus depoimentos, a doação dos seus tempos, enfim, pela generosidade acima de tudo. Muito obrigado por possibilitarem essa experiência enriquecedora e gratificante, da maior importância para meu crescimento como ser humano e profissional. “...Passar para microfilme a matéria impressa ou manuscrita do passado não deve acarretar desapreço subsequente pelo original microfilmado. Ao contrário. Cumpre redobrar de cuidados em seu favor. O objeto vale mais do que sua representação. Vamos zelar mais pelos arquivos, pelas escrituras e jornais da monarquia, vamos defendê-los da mão inábil que rasga ou mancha o papel respeitável; da mão e do cupim, da umidade e do calor que os deterioram e consomem. Que a popularização do microfilme e da cópia xerográfica não importe em deixar ao abandono, daí por diante, as peças cujo teor foi preservado mediante reprodução mecânica. Sem esquecer que esta sofre os mesmos riscos de aniquilamento pelo tempo e pela ação dos desavisados. Ganhamos espaços condensando em pequenino rolo a massa colossal de papel, mas isso não quer dizer que joguemos pela janela ou condenemos à ruína o que foi considerado digno de ser transmitido a outras gerações. Em resumo: viva o documento." Carlos Drummond de Andrade. RESUMO Este artigo aborda um pouco da história e analisa as dificuldades de gestão do acervo da Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira imposta pela necessidade de recursos e comprometimento dos entes responsáveis em manter viva a memória da Faculdade de Medicina da Bahia, fundada em 1808. Berço da Medicina Brasileira, o acervo bibliográfico encontra-se à mercê de pragas e em estado de deterioração bastante avançado. Com perspectiva de sensibilizar a administração e provocar uma discussão sobre a preservação do acervo através da digitalização como um meio moderno de garantir aos representantes digitais o acesso a informação pelos usuários restringindo o manuseio dos originais. Verifica a necessidade de um planejamento para dotar a BGM da infraestrutura tecnológica suficiente para a captura digital do acervo, que atenda os requisitos mínimos de segurança e preservação em longo prazo. Palavras-chave: Digitalização, Comutação, Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira. . ABSTRACT This article discusses some of the history and analyzes the difficulties of managing the assets of the Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memory of the Brazilian Health imposed by the need for resources and commitment of the ones responsible for keeping alive the memory of the Faculty of Medicine of Bahia, founded in 1808. cradle of Brazilian Medicine, bibliographic collection is at the mercy of pests and fairly advanced state of deterioration. With view to sensitize the administration and lead a discussion on collection preservation through digitization as a modern means of guaranteeing representatives access to digital information by users restricting the handling of documents. A need for a plan to provide the BGM's enough for digital capture of the acquis, which meets the minimum requirements for safety and long-term preservation technology infrastructure. Keywords: Scan, Switching, Gonçalo Moniz Bibliotheca: Memory the Brazilian Health. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 DETERMINAÇÃO DAS CAUSAS E DAS POSSIBILIDADES DE EXECUÇÃO DA CONVERSÃO DIGITAL DO ACERVO DA BIBLIOTHECA GONÇALO MONIZ 12 O DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL DA UFBA À LUZ DA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO E DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR 13 RELATÓRIO DA DIRETORIA DA FMB EM 1977 15 DIAGNÓSTICO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS PARA A BMG 16 REALIDADE DO ACERVO BIBLIOGRÁFICO DA BGM 17 METODOLOGIA 18 O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO COMO DIFUSOR DO CONHECIMENTO 17 2. ASPECTOS IMPORTANTES PARA O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO 19 2.1 O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO 20 2.2 CONVERSÃO DIGITAL DO DOCUMENTO EM IMAGEM 21 2.3 PARÂMETROS DE QUALIDADE DE UMA IMAGEM DIGITAL 21 2.4 DEFINIÇÃO DE EQUIPAMENTO PARA DIGITALIZAÇÃO 22 CONCLUSÃO 22 REFERÊNCIAS 24 APÊNDICE A – CARTA DE ANUÊNCIA 25 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO 1 26 APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO 2 28 APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO 3 30 ANEXO 1 – ARTIGO: HISTÓRIA DA MEDICINA SOB O LIXO DO PELOURINHO: ANOS DE ABANDONO DANIFICAM ARQUIVO E BIBLIOTECA DO 1º CURSO SUPERIOR DO PAÍS 32 ANEXO 2 – ARTIGO: BREVE HISTÓRIA DA FLORA BRASILIENSIS 34 ANEXO 3 - ARTIGO: MUTIRÃO VAI RESGATAR ACERVO DA ANTIGA FACULDADE DE MEDICINA 36 1 INTRODUÇÃO A Bibliotheca Gonçalo Moniz incendiada em 1905 e reorganizada em 1909 se encontra instalada no complexo da Faculdade de Medicina da Bahia no Terreiro de Jesus e foi assim denominada desde 1906, tendo em vista o empenho do Dr. Gonçalo Moniz Sodré de Aragão, que juntamente com os professores Anísio Circundes de Carvalho e Guilherme Pereira Botelho participou da comissão de reorganização da biblioteca. Descrito por Adriano Pondé, professor emérito da Faculdade de Medicina, como: “o inveterado estudioso pertencente à mesma linhagem de Prado Valadares, Luis Anselmo da Fonseca, Climério de Oliveira, Alfredo Brito e Oscar Freire – perfeito conhecedor das ciências experimentais e abstratas, além de profundo sabedor do nosso idioma”. A trajetória da Bibliotheca tem início em 1549 com a chegada dos primeiros jesuítas à Bahia trazendo livros. Os registros históricos dão conta que a sua origem coincide com a chegada de diversas Ordens Religiosas à colônia, notadamente a Companhia de Jesus - Societas Jesu (Ordem religiosa católica, fundada por um grupo de estudantes da Universidade de Paris, liderada por Iñigo Inácio de Loyola, em 05 de agosto 1534 e reconhecida pela bula papal Regimini militantis Ecclesiae, em 1540) e a implantação do Colégio dos Jesuítas, em 1808. Ao final do século XVI, vítimas de perseguições na Europa, os jesuítas tiveram a prisão e expulsão decretadas por Sebastião José de Carvalho e Mello, o Marques de Pombal, quando o acervo da sua livraria já contava com 15.000 volumes (MORAES, 2006). A diversidade de títulos, segundo MORAES, devia-se às diversas áreas de interesse da Ordem e contribuições de bibliotecas particulares, destacando-se a do Padre Agostinho Gomes (1769 – 1842), contendo até gazetas proibidas, o que motivou censuras a D. Fernando José de Portugal e Castro – Marques de Aguiar, vice-rei do Brasil entre 1801 e 1806, Governador da Bahia e Ministro e Secretário de Negócios de D. João VI, por nada fazer contra ele (Moraes, 2006). A preocupação com livros de Medicina surgiu a partir da criação da Schola de Chrirugia, em 1808. Nas Memórias Históricas da Faculdade de Medicina da UFBA encontramos relatos de expoentes da Medicina tais como: Eduardo Morais, Nina Rodrigues, Juliano Moreira, Climério de Oliveira e Martagão Gesteira, apenas para citar os nomes mais conhecidos contemporâneamente, que auxiliam a compreensão da evolução das Ciências Médicas, bem como, da Instituição. As publicações entre periódicos e estudos, jornais, teses, folhetos e obras raras, destinadas ao ensino além dos arquivos da escola, constituem o acervo bibliográfico mais importante para a história da Medicina do Cone Sul. Em artigo da Gazeta Médica da Bahia, anno X, novembro de 1878, nº 11, pág. 513-514 há uma alusão à provável data de fundação da Bibliotheca da Faculdade de Medicina da Bahia, segundo a qual, teria sido em 1832, mesmo ano em que a Lei de 03 de Outubro, organizou e denominou as antigas Academias Médico-Cirúrgicas em Escolas ou Faculdades de Medicina, e instituía três cursos: de Medicina, Farmácia e Partos. Em 16 de setembro de 1834, foi sancionada a Resolução da Assembleia Geral Legislativa autorizando as Escolas de Medicina e os Cursos de Direito a conferir o grau de Doutor a todos os seus egressos (lentes), sendo defendidas a partir de 1836 as primeiras teses. Podemos encontrar nas Memórias Históricas, no ano de 1900, a demonstração de insatisfação do Professor Alfredo Thomé de Britto, diante da insignificante e inacreditável evolução da quantidade de 400 para 12.100 volumes, no transcorrer de 65 anos, relativos a uma Bibliotheca dedicada a todas as ciências médicas, cirúrgicas e acessórias. Descrito por Estácio de Lima como uma das personalidades mais cultas e brilhantes da Bahia, em todos os tempos e tido como homem de rara inteligência, Alfredo Britto, foi um dos operários na reconstrução da Faculdade de Medicina da Bahia, após o incêndio de 02 de março de 1905, no qual foram incinerados da Bibliotheca 14 mil obras em 22 mil volumes, preciosos e raros. Vale ressaltar o apoio material das classes cultas da cidade para tornar realidade a ideia de constituição de uma nova biblioteca para a Faculdade de Medicina. Seu acervo foi reconstituído através de doações e decorrido quinze dias do sinistro, o total de obras doadas perfazia 230 obras em 307 volumes, 433 teses e 981 folhetos diversos. A construção da Biblioteca foi iniciada sob direção do Engenheiro Theodoro Sampaio, no Governo do Presidente da República Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves e Ministro do Interior, Dr. José Joaquim Seabra e terminada em 31 de janeiro de 1909, sob a direção do Engenheiro Dr. João Navarro de Andrade. A obra foi inaugurada em 30 de abril do mesmo ano, já no Governo do Presidente Dr. Affonso Augusto Moreira Pena, seu Ministro do Interior, Dr. Augusto Tavares de Lyra e Diretor da Faculdade de Medicina, o Dr. Augusto César Vianna. Esta informação continua gravada em uma pedra de mármore branco situada numa parede da sala de leitura do prédio da Bibliotheca. Em 1903, a Bibliotheca já contava com obras que orçavam 14.000 volumes e recebia grande quantidade de trabalhos recentes. Como se vê a história da Bibliotheca Gonçalo Moniz está estreitamente relacionada à FMB e a UFBA. Porém, entre os anos de 1972 e 2003, essa história foi por cerca de trinta e um anos relegada ao abandono. O teto da biblioteca desabou soterrando aproximadamente 90 mil livros, entre eles exemplares raros datados de 1643 e muitos tratados de Medicina escritos no país. 1.1 Determinação das causas e das possibilidades de execução da conversão digital do acervo da Bibliotheca Gonçalo Moniz A guarda de conhecimento atualmente torna-se mais facilitada em virtude do fenômeno da globalização. Desde o aparecimento do papel mais rudimentar a preocupação humana sempre foi registrar o desenvolvimento da inteligência humana. Os desenhos nas superfícies mais diversas podem comprovar esta atividade de raciocínio. Embora acreditem que os conhecimentos estejam ultrapassados, fazemos um esforço enorme para registrar o esforço do pensamento de alguém para desvendar ou entender como tudo funciona ao nosso redor. Este registro, apesar de ultrapassado, é importante tanto para investigar, se o caminho seguido para identificar um problema e a sua resolução fora o mais correto, como também, para reconhecer o mérito daquele pensamento para a evolução da humanidade. Sob este aspecto, destacamos a biblioteca especializada como o último reduto para guarda do conhecimento, pois a ela cabe guardar coleções de informações sobre determinado tema, neste caso da Medicina, que um dia foi o futuro. A biblioteca especializada difere de outras, em razão da seleção de informações de conhecimento de uma determinada área e sua importância podendo o seu acervo desenvolver-se ou não. A partir do século XIV a biblioteca se tornou mais acessível devido ao crescente aumento do nível intelectual da humanidade, o que exigiu a democratização da informação. E assim, desde então, a biblioteca continua a adaptar-se ao processo de inovação tecnológica que acompanha a evolução da humanidade. As bibliotecas especializadas como conhecemos atualmente, tiveram o seu período de maior expansão após a segunda guerra mundial, e acredita-se ainda nessa expansão, sobretudo no mundo latino. Prova disso, são as insipientes condições técnicas, materiais e humanas necessárias à tomada de decisões importantes para a resolução de questões inerentes ao fazer cotidiano da Bibliotheca Gonçalo Moniz1, notadamente no sentido de garantir a perenidade do acervo sob sua responsabilidade, sem poder beneficiar-se das evoluções tecnológicas disponíveis no mercado arriscando perder o valioso conhecimento de uma geração dedicada às artes médicas e cirúrgicas. Conforme apregoa RIBEIRO, 2013, “coube ao Reitor Naomar de Almeida Filho, conclamar a sociedade civil e universitária para resgatar a memória do pensamento da Faculdade de Medicina da Bahia, cujo descaso e abandono, durante muito tempo continuava perceptível à sociedade baiana apesar das vozes dissonantes lamentarem tamanho equívoco, quando em 2003, fora elaborado o projeto Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira”. Apesar dessa iniciativa, esse acervo, detentor de um volume muito grande de obras adquiridas no passado para servir ao ensino da Medicina e também conservar o conhecimento adquirido pelos corpos docente e discente, resultado dos seus trabalhos e estudos, ainda se ressente de extrema atenção por parte da Universidade Federal da Bahia que tem a honra de possuir obras raras como a Flora Brasiliensis, dentre outras de igual raridade. Certamente, a memória individual se alimenta da memória coletiva e histórica, e sendo assim, esquecer ou contribuir para o esquecimento da sociedade, a saga da chegada em 1549, dos padres jesuítas, ou seja, da Ordem Religiosa Companhia de Jesus – Societas Jesu3, trazendo livros da Europa e iniciando o processo civilizatório que remonta ao século XVI com a implantação do Colégio dos Jesuítas, seria no mínimo um desserviço à História. Para Proust, como alguns filósofos, a memória é a garantia de nossa própria identidade, ou podermos dizer “eu” reunindo tudo que fomos e fizemos a tudo que somos e fazemos (Chauí, 2000)4. Portanto, a digitalização de todo o acervo bibliográfico seria o ápice do trabalho para eternizar o conhecimento aqui produzido para disseminar informações para a formação do conhecimento coletivo social e sua contribuição para entender o presente. 1.2 O DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL DA UFBA À LUZ DA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO E DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR O Estado brasileiro instituiu através do Ministério da Educação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - Lei nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e aduz que, “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Conforme o Artigo 43, da mesma Lei, a educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. Também instituído pela Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), promove periodicamente a aferição nacional das instituições, dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico dos estudantes. Conforme a lei que criou o SINAES, a avaliação deve ser interna e externa, com garantias da análise global e integrada das dimensões, estruturas e compromisso social, das atividades, finalidades e responsabilidades e formada por três componentes principais: a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. O SINAES avalia ainda, todos os aspectos que giram em torno desses três eixos: o ensino, a pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o corpo docente, as instalações e vários outros aspectos. Através do Artigo 207 da Constituição Federal, “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”, uma vez que o sistema federal de ensino compreende: as instituições de ensino mantidas pela União; as instituições de educação superiores criadas e mantidas pela iniciativa privada e os órgãos federais de educação. Sendo assim, todos os outros entes (Estadual e Municipal) da Federação devem subordinar-se a essas diretrizes e bases traçadas pela União. Porém, há uma grita geral diante da ausência de um marco regulatório que permita o funcionamento pleno das IFES garantindo a autonomia administrativa, financeira e patrimonial, prevista no artigo 207 da CF. 1.3 RELATÓRIO DA DIRETORIA DA FMB EM 1977 Em 04 de março de 1977, o Professor Plínio Garcez de Sena, apresentava o relatório da Diretoria da Faculdade de Medicina da Bahia, inicialmente informando os múltiplos obstáculos que enfrentaram no início da gestão, principalmente decorrente de escassez de dotações orçamentárias para suplantar a exiguidade da área física da Faculdade, trepidação dos movimentos estudantis e outros entraves que inibiram a capacidade de realizar plenamente as aspirações de difusão da cultura e desenvolvimento da Instituição. Naquela oportunidade, no capítulo Centro de Difusão Cultural, assim o orador reivindicava ao Magnífico Reitor Professor Macedo Costa, o prédio da Faculdade de Medicina situado no Terreiro de Jesus: “É provável que, oportunamente, quiçá, ainda em nossa Diretoria, consoante desejos expressos pelo Magnífico Reitor Prof. Macedo Costa, conhecedor das aspirações da classe médica brasileira, que está vivamente interessada em receber para finalidades relacionadas com a Medicina, algumas áreas físicas do prédio situado no Terreiro de Jesus, a saber: salão nobre, sala da Congregação, sala dos lentes, sala e antessala da Diretoria, sala do pessoal da administração, além do saguão e, se possível da antiga Bibliotheca da Faculdade, um dos maiores acervos da cultura brasileira. A Congregação e o Conselho Departamental da Escola pretendem, dessa forma, preservar tais áreas físicas, que seriam, como se mencionou acima, destinadas aos interesses médicos. Moções neste sentido, aprovadas por unanimidade nos Colegiados acima referidos, foram enviados aos Professores Augusto da Silveira Mascarenhas, Roberto Figueira Santos e Luiz Fernando Macedo Costa (Doc. 8, 9 e 10)”. Neste relato ficam evidentes a exiguidade dos recursos orçamentários e a vontade política insuficiente para mitigar os estragos perpetrados à memória da Medicina Brasileira, quando somente no ano de 2003, se inicia a recuperação tardia particularmente da Bibliotheca, onde se houve a maior perda. 1.4 DIAGNÓSTICO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS PARA A BGM O Projeto Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memorial da Saúde Brasileira apresentado em 2003 ao Ministério da Saúde teve como objetivo a restauração da biblioteca da primeira Faculdade de Medicina do Brasil aprovado no mesmo ano através do Convênio nº 281/2003, cujo valor total de R$ 3.949.415,63, dividido em cinco parcelas, não fora suficiente para a conclusão das atividades nas áreas de: restauração arquitetônica, do acervo documental e, principalmente, do laboratório de preservação e salvaguarda de documentos. Uma nova suplementação da ordem de R$ 1.917.300,69, objeto do convênio nº 2988/2007 já se encontra aprovado, mas ainda em tramitação na área técnica do Ministério da Saúde e da DICON/BA. Em conformidade com o movimento de acesso aberto, para docentes, pesquisadores e estudantes interessa a facilidade do acesso à produção intelectual, ao material didático e aos resultados de pesquisas. O Sistema de Bibliotecas da UFBA, responsável pelo funcionamento sistêmico das bibliotecas da UFBA e oferecer suporte ao desenvolvimento da pesquisa, do ensino e da extensão, em seu relatório de gestão 2010, porém, verifica-se apenas 01 (uma) atividade direcionada à Biblioteca Gonçalo Moniz: a realização de uma Oficina de Técnicas para Higienização de Acervos, voltada para estudantes, assistentes de bibliotecas do SIBI/UFBA e pessoal das Redes das Bibliotecas Cooperantes do Sistema da UFBA. Igualmente, vejamos os recursos em que se apoiam a Bibliotheca Gonçalo Moniz para o acesso público ao conhecimento produzido pela instituição: Rede Pergamum – registram-se nessa base de dados a obra e a biblioteca aonde pode ser encontrada. Neste catálogo o usuário pode pesquisar e recuperar registros on-line de forma rápida e eficiente. A Rede possui um mecanismo de busca ao catálogo das várias Instituições que já adquiriram o software, com isto, formando a maior rede de Bibliotecas do Brasil.; Laboratórios de Higienização e Restauração – Segundo informações colhidas na página do SIBI/UFBA, concernente ao trabalho de higienização e restauro, consta que: - Os documentos (durante a fase organização) foram transferidos para um ambiente apropriado para a iniciação dos procedimentos técnicos. Após conclusão dos serviços de restauração arquitetônica, serão transferidos para a biblioteca restaurada. A documentação, em primeira instância, receberá tratamento de desinfestação por atmosfera modificada (anóxia) Conforme a literatura atmosfera anóxia ou modificada trata-se de uma técnica que modifica o ambiente com vistas à eliminação e controle de agentes biodegradadores de celulose, couro, madeira e tecidos, ou seja, um processo de desinfestação., tecnologia para erradicação de infestações em acervos documentais de arquivos, bibliotecas e de outros bens culturais. Esse é um processo que visa ao extermínio de quaisquer formas animais ou vegetais responsáveis pela deterioração de documentos. Tendo em vista que o acervo se encontra com níveis de infestação considerada alto, podendo causar danos à saúde, a etapa de desinfestação será realizada separadamente ao recrutamento e instalação dos componentes da equipe técnica do projeto, adotando-se recursos de sensibilização e integração. A equipe executora é constituída por bibliotecários, arquivistas, especialistas em conservação e restauração de documentos, estagiários de arquivologia e biblioteconomia e auxiliares técnicos. A higienização de cada documento é o primeiro passo do trabalho, objetivando a retirada de poeira e de outros resíduos estranhos aos documentos, com a utilização de técnicas apropriadas, que não promovam abrasões e nenhum outro dano. A limpeza é efetuada numa escala regular, para a eliminação de fontes de alimentos e abrigo dos insetos e de outras pragas e para amenizar os efeitos da poeira e de partículas mais grossas, que podem manchar e arranhar superfícies. Após a etapa de higienização, o acervo será submetido aos critérios de avaliação para seleção e descarte dos documentos, considerando valor histórico e estado físico da obra. Nesse período, a equipe realizará a etapa de seleção dos itens documentais com o objetivo de definir os métodos de intervenção mais acertados (conservação preventiva, conservação passiva, restauração e encadernação). Entretanto, o esforço realizado tanto naquela fase de preparação e organização do acervo quanto atualmente, quando já se controla pelo menos um terço das obras existentes, podemos considerar a transformação do sonho em uma realidade muito distante de se realizar. Pois não é difícil constatar o nível de infestação existente, mesmo dominando a técnica de conservação preventiva o acervo carece de rapidez de ação para que o tratamento proposto como alternativo para a desinfestação de pragas e microrganismos ainda não executado como deveria, enfim se realize a fim de evitar a exposição desnecessária aos riscos à saúde humana, pois a simples conservação preventiva e acondicionamento não garantem isso e nem combate a velocidade da deterioração provocada pela oxidação e agentes biológicos. Assim, importante indagar como tornar acessível o conteúdo intelectual dos livros em estado de deterioração da Bibliotheca Gonçalo Moniz? 1.5 REALIDADE DO ACERVO BIBLIOGRÁFICO DA BGM O acervo bibliográfico da Bibliotheca Gonçalo Moniz, pertencente à Faculdade de Medicina da Bahia, administrada pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia, vem se deteriorando enquanto aguarda os recursos necessários para complementação do planejamento e execução de ações efetivas em direção à sua preservação. Até o presente momento, as atividades necessárias para mitigar o elevado grau de infestação sejam por microorganismos ou por insetos, ainda são mínimas em relação ao que fora concebido no Projeto Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memorial da Saúde Brasileira apresentado ao Ministério da Saúde em 2003. Limitada nas suas ações pela escassez de recursos financeiros e de pessoal técnico especializado para dirigir o trabalho de conservação preventiva, ou seja, intervenções necessárias ao adiamento do processo de deterioração. A lista de dificuldades enfrentadas pela Bibliotheca Gonçalo Moniz cresce exponencialmente em virtude da quantidade de obras a serem tratadas e no mesmo nível, a perceptível falta de política para preservação e conservação do acervo, conforme é possível observar no último relatório da BGM gerado em 2013. Atualmente, apesar do esforço realizado para garantir a conservação preventiva, ainda que precariamente, controlando o ambiente com desumidificadores de ar, catalogação, higienização e acondicionamento da uma pequena parte do acervo, essas ações ainda são incompatíveis com o tamanho do acervo. A proteção do acervo contra agentes biodegradadores da celulose, madeira e couro, materiais comuns no ambiente da BGM é de fundamental importância. O processo de biodegradação passa pela utilização destes materiais como nutrientes para determinados grupos de microrganismos e insetos xilófagos. E se agrava com as condições inadequadas de temperatura, umidade, pH e disponibilidade de oxigênio, favorecendo a velocidade de crescimento da colônia de microrganismos e determinando também a o tempo de biodegradação do material. A partir desses aspectos, consideramos a digitalização do acervo como a melhor forma possíveis de sobrepujar essas dificuldades que se afirmam incontornáveis a curto e médio prazo, bem como a falta de preocupação da comunidade da saúde em relação ao seu estado de deterioração e premente necessidade de transformação dessas informações em formato eletrônico seguindo o exemplo de vários acervos documentais que estão sendo gerenciados desta forma. 1.6 METODOLOGIA Este trabalho a partir da realidade atual do acervo bibliográfico da BGM e reconhecimento de todos os entes importantes para o seu gerenciamento: a FMB, o SIBI e a UFBA, tentou esclarecer a indagações conflitantes sobre o pseudo abandono a que está relegada, notadamente no aspecto da infraestrutura insípida oferecida, que dificulta o trabalho de conservação e preservação, expondo seus funcionários a situações constrangedoras, em virtude de não oferecer acesso à informação de forma plena. A pesquisa foi produzida através da observação direta das barreiras existentes, revisão da literatura, buscando métodos já testados em situações semelhantes que indicassem possibilidades viáveis e determinantes para a sua resolução, tendo em vista a necessidade de produzir conhecimento e sua aplicação como resultada da pesquisa. Utilizou-se de entrevistas, direcionadas a coordenação da biblioteca, diretoria da faculdade e superintendência do SIBI/UFBA e avaliação das respostas às entrevistas. 1.7 O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO COMO DIFUSOR DO CONHECIMENTO A salvaguarda do acervo bibliográfico tendo como aliado os recursos eletrônicos. O Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ instrui em sua publicação “Recomendações para digitalização de documentos arquivísticos permanentes – 2010”, como instituições detentoras de acervos arquivísticos de valor permanente1(consideram-se permanentes os conjuntos de documentos de valor histórico, probatório e informativo que devem ser definitivamente preservados), podem se instrumentalizar para a concepção de projetos e programas de digitalização. Tais instruções se aproximam bastante do objetivo desta pesquisa de apresentar informações úteis e necessárias à digitalização do acervo bibliográfico da BGM, guardada a devida distinção entre o conceito de arquivo e biblioteca, por apresentar também as mesmas características supracitadas. O Manual do CONARQ se apresenta muito útil na medida em que aponta a digitalização como uma ferramenta essencial ao acesso e à difusão dos acervos arquivísticos, contribuindo para a sua preservação, uma vez que restringe o manuseio aos originais, constituindo-se como instrumento capaz de dar acesso simultâneo local ou remoto aos seus representantes digitais2 (representação em formato de arquivo digital de um documento não digital). Informa ainda que o processo de digitalização além de exigir o conhecimento de arquivologia, exige também o conhecimento de outras atividades inerentes ao processo de digitalização, como: captura digital, armazenamento e a disseminação dos representantes digitais. O que significa alertar aos gestores de bibliotecas, também detentoras de acervos “de valor permanente”, para a devida atenção ao envolver-se num projeto de digitalização em considerar os custos de implantação, planejamento com previsão orçamentária e financeira capazes de garantir a aquisição, atualização e manutenção de softwares e hardware, a adoção de formatos de arquivos digitais e requisitos técnicos mínimos que garantam a preservação e a acessibilidade a curto, médio e longo prazos dos representantes digitais gerados. Outro cuidado importante se refere a não realização da digitalização quando a preocupação for apenas à guarda dos originais, pressionado pela escassez de recursos, sem observar as ações de conservação convencionais, em função da inalienabilidade e imprescritibilidade do acervo. Os requisitos apresentados que visam garantir um projeto de digitalização de documentos de valor permanente se preocupam com a geração de representantes digitais com qualidade, fidelidade ao documento original e capacidade de interoperabilidade, a fim de evitar a necessidade de reparo da digitalização e garantir a satisfação das necessidades dos usuários finais, os tornam perfeitamente adaptáveis às nossas necessidades. Conforme o mesmo manual, digitalizar é o processo de conversão de documentos em formato digital, ou seja, trata-se da captura digital transformando em imagem através de um dispositivo eletrônico (escâner) de um documento originalmente não digital. A digitalização além de contribuir para a ampliação do acesso e disseminação de documentos por meio da TIC permite o intercâmbio de acervos documentais e seus instrumentos de pesquisa por meio de redes informatizadas. Promove a difusão e reprodução dos acervos não digitais em formatos e apresentações diferentes do formato original e melhora a preservação e segurança dos originais em suportes não digitais restringindo seu manuseio. Portanto, um planejamento para digitalização de documentos deve basear-se nos requerimentos obtidos das análises dos recursos analógicos e de suas características físicas, ou seja, essa análise avaliará as condições, características e o valor intrínseco (cultural, histórico e científico) do original. 2 ASPECTOS IMPORTANTES PARA O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO O entendimento dos procedimentos relatados a seguir é de suma importância para a salvaguarda do acervo objeto deste trabalho: 2.1 O processo de digitalização Antes do início do projeto de digitalização, é preciso considerar os seguintes aspectos iniciais: a realização do tratamento preventivo, avaliação e seleção dos documentos, ou seja, higienização, identificação e organização (indexação). A geração de um representante digital fidedigno ao original deve identificar o menor caractere (linha, traço, ponto, mancha de impressão) a fim de determinar a melhor resolução óptica que garanta a legibilidade da versão digital. Os aspectos iniciais ao projeto são de suma importância para a definição do tipo de equipamento de captura digital a ser utilizado, observando-se os tipos de documentos existentes, sua quantidade e suas características físico-quimicas (estado de conservação) (a maneira de o papel resistir à ação de forças externas (resistência à tração, ao rasgo, ao arrebentamento), da umidade e do calor, depende de sua composição fibrosa e de sua formação), a fim de reduzir riscos à integridade do original. Para o procedimento de digitalização recomenda-se que seja realizado no próprio local onde o acervo se encontra, a fim de evitar o transporte e manuseio inadequado, danos causados por razões ambientais, roubo ou extravio. 2.2 Conversão digital do documento em imagem. O processo de captura digital de documentos para conversão em imagem deve observar os parâmetros que possam significar riscos ao original, desde as condições de manuseio, a definição do equipamento de captura, o tipo de iluminação, o estado de conservação até o valor do documento em razão do seu conteúdo, dentre outros aspectos importantes para a análise. O armazenamento dos metadados (metadados são marcos ou pontos de referência que permitem circunscrever a informação sob todas as formas, pode se dizer resumos de informações sobre a forma ou conteúdo de uma fonte) técnicos do ambiente tecnológico (do documento original, da captura digital, do formato do arquivo digital gerado) deve ser realizado registrando-se em planilhas, encapsulando-os ao objeto ou armazenando em bancos de dados. 2.3 Parâmetros de qualidade de uma imagem digital. A resolução óptica adotada no escaneamento, a quantidade de bits usada para representar a cor de um único pixel numa imagem, os níveis de compressão e as características técnicas do equipamento e dos procedimentos, são fatores determinantes para a obtenção de uma imagem de qualidade. A resolução óptica expressa em pontos por polegada (DPI), quanto mais elevada for a quantidade de pontos, melhor será a qualidade da imagem digital gerada. A quantidade de bits utilizada para compor cada pixel compreende uma maior ou menor escala de tonalidades de cinza. A compressão do formato de imagem digital é um recurso que deve garantir a fidelidade com o original recomendada pela escala 1:1. Utilizada tanto para o armazenamento quanto para transmissão de dados, a compressão de formato utiliza diversos arquivos e softwares de imagem que os tornam menores em volumes de bits. Após a captura digital aumentam as preocupações com o controle de qualidade na medida em que o uso do recurso da interpolação aumenta significativamente a imagem real artificialmente, por isso não recomendada. Outro alerta a ser considerado são as condições de iluminação direta e indireta do local de trabalho, aconselhando-se o controle das fontes de luminosidade no ambiente, posicionando os refletores para iluminar diretamente o documento adequando-os as condições do local destinado à atividade, bem como, o controle de aberturas de portas e janelas e cor de paredes e piso, incluindo ainda o uso de roupas de cores fortes que podem influenciar na captura digital. 2.4 Definição de equipamento para digitalização. A definição do equipamento ideal para o projeto de digitalização só pode ser decidida após a análise e avaliação das características do suporte original. No caso particular da Bibliotheca Gonçalo Moniz, considerando a quantidade de volumes do acervo, o tamanho não maior que A3 e a necessidade de realizar a atividade no local, há no mercado duas alternativas passíveis de avaliação economicamente interessantes para a instituição considerando a relação custo-benefício aceitável: a aquisição de um escâner planetário que utiliza uma unidade de captura semelhante a uma câmera fotográfica, sem a necessidade de desencadernar garantindo a integridade física do livro, uma vez que não ocorre nenhuma forma de tração ou pressão mecânica; uma alternativa mais econômica, porém com uma maior despêndio de esforço físico, exige o uso de mesa de reprodução estativa projetada para fixar câmeras fotográficas, com braços reguláveis e luminárias com altura ajustável para a garantia de geração de imagem digital com qualidade, ou seja, de sistema de iluminação artificial compatível com o estado de conservação do original, considerando a necessidade de baixa intensidade de calor e tempo mínimo de exposição. CONCLUSÃO O advento da globalização tornou o conhecimento extremamente relevante à vida em sociedade, consolidando-se como pré-requisito para o desenvolvimento nacional. Assim, a busca pelo aperfeiçoamento demanda a atuação das IFES um patamar de destaque no desenvolvimento educacional, tecnológico e científico do país. Deste modo, as fundações de apoio criadas na década de 90 para apoiar projetos de pesquisas, ensino, extensão e desenvolvimento institucional das IFES, sem fins lucrativos e regidos pelo Código Civil Brasileiro, foram importantes para o fomento à pesquisa. Porém, a Fiscalização de Orientação Centralizada/2008 (FOC), que avaliou o relacionamento das IFES com as suas Fundações de Apoio, em seu relatório, relatou em 2008 que: “o conjunto de achados desta FOC revela a persistência e a vitalidade das distorções que corroem, com maior ou menor intensidade, os pilares do marco regulatório preconizado pela Lei nº 8.958/1994, que informa o relacionamento das IFES com suas fundações de apoio”. Apontando diversas irregularidades, o relatório, apenas com o objetivava oferecer um diagnóstico dos problemas para contribuir com o aprimoramento da relação das IFES com suas fundações de apoio. Durante algum tempo foi assim que a UFBA geriu os parcos recursos disponibilizados para atender suas finalidades. Não obstante, a dificuldade de manter essa situação que incomodava toda a sociedade, em virtude do anseio pela expansão do ensino como condição precípua para o desenvolvimento nacional, começa a florescer e amadurecer alguns frutos das diversas discussões e reuniões que enfim reconhecem a necessidade de se dispor de condições para o exercício da autonomia universitária. Superar o repasse de recursos via fundações de apoio e mudanças para a contração de pessoal, bem como, assessoria do MEC para licitação obras, propiciam condições para uma melhor gestão. REFERÊNCIAS CREMESP. A ‘mainha’ do ensino médico no Brasil. Disponível em,<http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=234> Acessado em 12/03/2014. Brazil, T.K. (organizadora), Costa, M. F., Brazil, T.K. - Gonçalo Moniz Sodré de Aragão. Projeto Heróis da Saúde na Bahia. Disponível em http://www.bahiana.edu.br/herois/heroi.aspx?id=MA==. Acesso em: 16/04/2014. CÂMARA DOS DEPUTADOS. Disponível em<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-34-16-setembro-1834-563162-publicacaooriginal-87293-pl.html>Acessado em: 13.03.2014. CÂMARA DOS DEPUTADOS. Atividades Legislativas. Disponível em <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37274-3-outubro-1832-563716-publicacaooriginal-87775-pl.html> Acessado em 04/03/2014. CUNHA, Neubler Nilo Ribeiro da; NEVES, Bárbara Coelho; Métodos de Avaliação em Serviços de Biblioteca Especializada. In: XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação. Maceió. Anais... Maceió. Centro Cultural Ruth Cardoso, 2011. Disponível em http://www.fameb.ufba.br/historia_med/hist_med_art28.htm Acesso em: 05fev2014. GAZETA MÉDICA DA BAHIA. anno X, novembro de 1878, nº 11, pág. 513-514. Disponível em < http://www.gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia> Acessado em: 10/04/2014. História da medicina sob o lixo do Pelourinho: anos de abandono danificam arquivo e biblioteca do 1º curso superior do país. Disponível em <http://extra.globo.com/noticias/rio/historia-da-medicina-sob-lixo-do-pelourinho-anos-de-abandono-danificam-arquivo-biblioteca-do-1-curso-superior-do-pais 448678.html#ixzz2zLZmCiQu>Acessado em 10.04.2014. JACOBINA, RIBEIRO, R. e GELMAN, E. A., Juliano Moreira e a Gazeta Médica da Bahia. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.15, n.4, out.-dez. 2008 p.1077-1097. LEITÃO, PAULO. Integração e gestão das TIC nas Bibliotecas. Liberpolis. Vol. 2, 2001, Páginas 35-44. PAIXÃO, Ligia Scrivano. Indicadores de qualidade em Bibliotecas Universitárias: como torná-las bem sucedidas. In: I Encontro de Bibliotecas Universitárias do Centro-Oeste: Diversidades, Integração e Perspectivas, Goiás. Anais... Goiás: UFG. UFBA. Estatuto e Regimento Geral. Salvador – BA. 2010. _____. Plano de Desenvolvimento Institucional 2012 – 2016. Salvador-BA. 2012. UFBA. Sinopse Informativa. Faculdade de Medicina da UFBA. Ano II. n. II. Outubro, 1978. MORAES, Rubens Borba de. Livros e bibliotecas no Brasil colonial. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2006. APENDICES APENDICE A - CARTA DE ANUÊNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO NÚCLEO DE EXTENSÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS UNIVERSITÁRIOS. CARTA DE ANUÊNCIA Declaro conhecer o teor da pesquisa “Estudo sobre o uso da digitalização no processo de preservação do acervo da Biblioteca Gonçalo Moniz”, vinculada ao Curso de Especialização em Gestão de Processos Universitários do Núcleo de Extensão da Faculdade de Administração da UFBA, que tem como pesquisador responsável o Sr. Henrique Luiz dos Santos, orientado pelo Professor José Carlos Salles Santos, concordando com a realização da mesma nesta Faculdade de Medicina da Bahia. Salvador, 26 de março de 2014. Prof. Dra. Lorene Louise Silva Pinto Diretora da FMB APENDICE B TERMO DE CONSENTIMENTO 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS UNIVERSITÁRIOS. ESTUDO SOBRE O USO DA DIGITALIZAÇÃO NO PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DA BIBLIOTHECA GONÇALO MONIZ TERMO DE CONSENTIMENTO O (a) Senhor(a) foi selecionado(a) para participar da pesquisa intitulada “Estudo sobre o uso da digitalização no processo de preservação do acervo da Bibliotheca Gonçalo Moniz”, cujo entrevistador e responsável pela pesquisa, o Sr. Henrique Luiz dos Santos sob a orientação do Prof. José Carlos Salles dos Santos, ambos vinculados ao Curso de Especialização em Gestão de Processos Universitários do Núcleo de Extensão da Escola de Administração da UFBA, consideram sua participação muito valiosa para esse estudo em virtude do seu cargo de Diretora da Faculdade de Medicina da UFBA, da qual pertence o acervo objeto desta pesquisa. Pelo contexto do curso, gestão de processos, esta pesquisa pretende demonstrar a importância do processo de digitalização do acervo para sua preservação e consequente difusão para o público especializado. A utilização dos recursos possíveis e permitidos pela atual conjuntura universitária ainda não alcançou o estágio experimentado em outras instituições, através da evolução das tecnologias da informação e comunicação utilizadas para transformar informações impressas em formato eletrônico, através de dispositivos eletrônicos próprios. Tentando desvelar os fatores que dificultariam a realização dessa tarefa, solicitamos sua concordância em participar desse estudo, através de uma entrevista sobre o Convênio nº 281/2003 com o Ministério da Saúde e o andamento da sua suplementação através do Convênio nº 2988/2007, a fim de esclarecer as responsabilidades pela escassez de recursos e consequente demora para a consolidação da Bibliotheca Gonçalo Moniz em biblioteca especializada em Medicina. Esperamos que a entrevista não dure mais que 30 minutos. Você poderá ignorar qualquer pergunta que não queira responder. Sua participação é voluntária e você poderá interromper a entrevista a qualquer momento, sem nenhuma consequência pra você. Poderemos também solicitar fotos da biblioteca. As fotos serão de uso único e exclusivo para ilustração das observações realizadas ao estudo acadêmico, com a única pretensão de melhorar a compreensão do assunto. Após sua reprodução, você poderá solicitar a retirada daquelas que considerar inapropriada. As informações desse estudo poderão ser usadas para estudos sobre o mesmo assunto. Ninguém será beneficiado monetariamente por participar desse estudo. O objetivo desse estudo é beneficiar a sociedade brasileira, identificando as necessidades e oportunidades para a melhoria dos serviços oferecidos à comunidade da Bibliotheca Gonçalo Moniz, bem como, a perenização dos seus representantes digitais. Qualquer informação obtida através desse estudo e que possa ser vinculada a você permanecerá confidencial e será revelada apenas com sua permissão. Solicitamos seu e-mail para o caso de enviarmos uma pesquisa de acompanhamento futuramente. O fornecimento do seu e-mail também é voluntário. As informações serão mantidas em local seguro, ao qual apenas o pesquisador terá acesso. Os dados desse estudo serão guardados indefinidamente. Você deseja participar desta entrevista? ( )SIM ( )NÃO Você permite a gravação da entrevista e fotografias das dependências da Biblioteca? ( )SIM ( )NÃO Nome:___________________________________Data:_____________ Local:___________________ APENDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS UNIVERSITÁRIOS. ESTUDO SOBRE O USO DA DIGITALIZAÇÃO NO PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DA BIBLIOTHECA GONÇALO MONIZ. TERMO DE CONSENTIMENTO O (a) Senhor (a) foi selecionada para participar da pesquisa intitulada “Estudo sobre o uso da digitalização no processo de preservação do acervo da Bibliotheca Gonçalo Moniz”, cujo entrevistador e responsável pela pesquisa, o Sr. Henrique Luiz dos Santos sob a orientação do Prof. José Carlos Salles dos Santos, ambos vinculados ao Curso de Especialização em Gestão de Processos Universitários do Núcleo de Extensão da Escola de Administração da UFBA, consideram sua participação muito valiosa para esse estudo em virtude do seu cargo de Superintendente do Sistema de Bibliotecas da UFBA, a qual está vinculado o acervo objeto desta pesquisa. Pelo contexto do curso, gestão de processos, esta pesquisa pretende demonstrar a importância do processo de digitalização do acervo para sua preservação e consequente difusão para o público especializado, tendo em vista que a utilização dos recursos possíveis e permitidos pela atual conjuntura universitária ainda não alcançou o estágio experimentado em outras instituições, através da evolução das tecnologias da informação e comunicação utilizadas para transformar informações impressas em formato eletrônico, através de dispositivos eletrônicos próprios. Tentando desvelar os fatores que dificultariam a realização dessa tarefa, solicitamos sua concordância em participar desse estudo, através de uma entrevista sobre o Convênio nº 281/2003 com o Ministério da Saúde e o andamento da sua suplementação através do Convênio nº 2988/2007, sobre as relações entre a BGM, o SIBI e FMB e as limitações do SIBI para a incumbência de oferecer suporte necessário às atividades de pesquisa, a fim de esclarecer e entender as responsabilidades pela escassez de recursos e a consequente demora para a consolidação da Bibliotheca Gonçalo Moniz em biblioteca especializada em Medicina. Esperamos que a entrevista não dure mais que 30 minutos. Você poderá ignorar qualquer pergunta que não queira responder. Sua participação é voluntária e você poderá interromper a entrevista a qualquer momento, sem nenhuma consequência pra você. Poderemos também solicitar fotos da biblioteca. As fotos serão de uso único e exclusivo para ilustração das observações realizadas ao estudo acadêmico, com a única pretensão de melhorar a compreensão do assunto. Após sua reprodução, você poderá solicitar a retirada daquelas que considerar inapropriada. As informações desse estudo poderão ser usadas para estudos sobre o mesmo assunto. Ninguém será beneficiado monetariamente por participar desse estudo. O objetivo desse estudo é beneficiar a sociedade brasileira, identificando as necessidades e oportunidades para a melhoria dos serviços oferecidos à comunidade da Bibliotheca Gonçalo Moniz, bem como, a perenização dos seus representantes digitais. Qualquer informação obtida através desse estudo e que possa ser vinculada a você permanecerá confidencial e será revelada apenas com sua permissão. Solicitamos seu e-mail para o caso de enviarmos uma pesquisa de acompanhamento futuramente. O fornecimento do seu e-mail também é voluntário. As informações serão mantidas em local seguro, ao qual apenas o pesquisador terá acesso. Os dados desse estudo serão guardados indefinidamente. Você deseja participar desta entrevista? ( )SIM ( )NÃO Você permite a gravação da entrevista e fotografias das dependências da Biblioteca? ( )SIM ( )NÃO Nome:___________________________________Data:_____________ Local:___________________ APENDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO NÚCLEO DE EXTENSÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS UNIVERSITÁRIOS. ESTUDO SOBRE O USO DA DIGITALIZAÇÃO NO PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DA BIBLIOTHECA GONÇALO MONIZ. TERMO DE CONSENTIMENTO O (a) Senhor (a) foi selecionado (a) para participar da pesquisa intitulada “Estudo sobre o uso da digitalização no processo de preservação do acervo da Bibliotheca Gonçalo Moniz”, cujo entrevistador e responsável pela pesquisa, o Sr. Henrique Luiz dos Santos sob a orientação do Prof. José Carlos Salles dos Santos, ambos vinculados ao Curso de Especialização em Gestão de Processos Universitários do Núcleo de Extensão da Escola de Administração da UFBA, consideram sua participação muito valiosa para esse estudo em virtude do seu cargo de Coordenadora da Biblioteca Gonçalo Moniz, da qual o acervo é objeto desta pesquisa. Pelo contexto do curso, gestão de processos, esta pesquisa pretende demonstrar a importância do processo de digitalização do acervo para sua preservação e consequente difusão para o público especializado. A utilização dos recursos possíveis e permitidos pela atual conjuntura universitária ainda não alcançou o estágio experimentado em outras instituições, através da evolução das tecnologias da informação e comunicação utilizadas para transformar informações impressas em formato eletrônico, através de dispositivos eletrônicos próprios. Objetivando desvelar os fatores que dificultariam a realização dessa tarefa, solicitamos sua concordância em participar desse estudo, pedindo que participe de uma entrevista sobre os serviços oferecidos, as características gerais dos usuários da biblioteca, as condições para expansão da oferta de serviços, a qualificação de servidores, as condições necessárias para melhoria da gestão, bem como, os recursos técnicos, humanos e financeiros disponíveis à salvaguarda do acervo. Esperamos que a entrevista não dure mais que 30 minutos. Você poderá ignorar qualquer pergunta que não queira responder. Sua participação é voluntária e você poderá interromper a entrevista a qualquer momento, sem nenhuma consequência pra você. Poderemos também solicitar fotos da biblioteca. As fotos serão de uso único e exclusivo para ilustração das observações realizadas ao estudo acadêmico, com a única pretensão de melhorar a compreensão do assunto. Após sua reprodução, você poderá solicitar a retirada daquelas que considerar inapropriada. As informações desse estudo poderão ser usadas para estudos sobre o mesmo assunto. Ninguém será beneficiado monetariamente por participar desse estudo. O objetivo desse estudo é beneficiar a sociedade brasileira, identificando as necessidades e oportunidades para a melhoria dos serviços oferecidos à comunidade da Bibliotheca Gonçalo Moniz, bem como, a perenização dos seus representantes digitais. Qualquer informação obtida através desse estudo e que possa ser vinculada a você permanecerá confidencial e será revelada apenas com sua permissão. Solicitamos seu e-mail para o caso de enviarmos uma pesquisa de acompanhamento futuramente. O fornecimento do seu e-mail também é voluntário. As informações serão mantidas em local seguro, ao qual apenas o pesquisador terá acesso. Os dados desse estudo serão guardados indefinidamente. Você deseja participar desta entrevista? ( )SIM ( )NÃO Você permite a gravação da entrevista e fotografias das dependências da Biblioteca? ( )SIM ( )NÃO Nome:___________________________________Data:_____________ Local:___________________ anexos ANEXO 1 História da medicina sob O lixo do Pelourinho: anos de abandono danificam arquivo e biblioteca do 1º curso superior do país Fonte: Jornal O Globo O majestoso prédio construído em 1582 por jesuítas e que abrigou o primeiro curso superior criado no Brasil ficou completamente abandonado por quase 30 anos - de 1972 a 2003. O teto da biblioteca desabou, soterrando 90 mil livros, alguns deles exemplares raros, datando de até 1643, e muitos dos mais importantes tratados de medicina já escritos no país. O arquivo de documentos que guarda boa parte da história do ensino da medicina no Brasil foi parcialmente comido pelas traças e dissolvido pela umidade. O anfiteatro, em jacarandá, foi arrancado para abrir espaço na sala para aulas de dança. Saques eram constantes e boa parte dos móveis de época desapareceu. O jardim virou uma montanha de lixo. Hoje, se tenta recuperar ao menos parte do patrimônio. - Era a casa-da-mãe-joana - conta o atual diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, José Tavares Neto, que assumiu o posto em 2003 reocupando o prédio. - Para você ter uma idéia, o Olodum ensaiava no jardim. O dono do bar aqui do lado guardava seus engradados de cerveja no pátio. E tinha muito lixo. Tirei oito caminhões de lixo. Todo ser humano que passou pela praça naquela época jogou um troço aqui dentro. Isso aqui virou a lixeira do Pelourinho. O abandono soterrou boa parte dos 200 anos da História da medicina e do ensino superior no país, que começou ser escrita em 22 de janeiro 1808, quando a família real fez uma escala em Salvador a caminho do Rio de Janeiro. Em sua fuga de Portugal, D. João veio acompanhado do cirurgião-mor da Corte, José Estrela Picanço, um pernambucano formado em Coimbra. Por problemas climáticos ou seguindo uma estratégica agenda política, o príncipe regente alterou os planos originais de seguir direto para o Rio de Janeiro e aportou em Salvador. Ao que tudo indica Picanço o convenceu, ao longo de dois meses da insalubre travessia, da importância de criar cursos de medicina no igualmente insalubre Brasil daqueles tempos. Morria-se fácil na colônia, onde grassavam a desnutrição e as mais variadas doenças e faltavam médicos. Diferentemente do que ocorria em colônias espanholas, onde cursos superiores existiam desde o século XVII, no Brasil eles eram proibidos pela Coroa. A transferência apressada da Corte alterou as diretrizes da metrópole. O decreto assinado em 18 de fevereiro de 1808 previa a criação da primeira escola médico-cirúrgica do Brasil, que passou a funcionar no prédio dos jesuítas onde já havia um hospital militar. - Era uma cidade imensamente atrasada, em que a educação era privilégio de muitos poucos, basicamente aqueles que conseguiam pagar professores particulares - afirma o historiador Luiz Henrique Dias Tavares, um dos maiores especialistas em história da Bahia. - E a verdade é que não se criou uma faculdade, mas sim um curso de aulas práticas em que se ensinava a fazer parto ou tratar uma fratura. De fato, o curso só foi transformado em faculdade em 1832 - data a partir da qual passou a formarem médicos. - Até então era realmente um curso muito frágil do ponto de vista de formação - conta o atual diretor da instituição. - Mas ao longo do século XIX houve um progressivo desenvolvimento. Falta de verbas ainda é entrave Na Faculdade de Medicina se formaram o primeiro negro e a primeira mulher a concluir um curso superior no Brasil. Em 1868 criou-se algo que mudaria a medicina no Brasil, a escola tropicalista de medicina da Bahia, grupos de estudo dos problemas regionais. Os debates marcaram o momento em que se deixou de ver apenas realidades européias para se enxergar problemas exclusivamente regionais. Muitos dos primeiros estudos sobre filariose e esquistossomose, bem como das carências vitamínicas típicas da época tiveram início na faculdade. O século XX viu nascerem na instituição às bases da psiquiatria brasileira, com os trabalhos de Juliano Moreira e, posteriormente, Nise da Silveira. Apesar da retomada do prédio e dos avanços já feitos - como a obra de reforma da biblioteca e recuperação dos livros a situação geral ainda é de penúria. O arquivo foi organizado, mas continua tomado por traças e não há dinheiro para sua digitalização. O orçamento, de R$ 27 mil por ano. - Só dá para comprar lâmpada e papel higiênico. Todo o resto é projeto. Passo boa parte do meu tempo escrevendo projetos. Esse da digitalização do arquivo já foi apresentado a várias empresas privadas, mas não adiantou - diz Tavares Neto. Leia mais em: <http://extra.globo.com/noticias/rio/historia-da-medicina-sob-lixo-do-pelourinho-anos-de-abandono-danificam-arquivo-biblioteca-do-1-curso-superior-do-pais 448678.html#ixzz2zLZmCiQu> ANEXO 2 BREVE HISTÓRIA DA FLORA BRASILIENSIS. Uma das maiores obras botânicas de todos os tempos, a Flora brasiliensis impressiona até hoje pela sua escala monumental, o tamanho físico dos volumes e, acima de tudo, a qualidade e beleza das suas ilustrações. Até bem recentemente, a Flora brasiliensis era o maior projeto de Flora completado na história da botânica e só foi ultrapassada, em 2004, pela Flora Republicae Popularis Sinicae (Flora da República Popular da China). A história da Flora brasiliensis começa com a grande viagem de Spix e Martius. Após chegarem ao Rio de Janeiro no dia 15 de julho de 1817, junto com um grupo de naturalistas e cientistas que acompanhavam a arquiduquesa Leopoldina como parte da Missão Austríaca começou uma viagem épica que percorreu 10.000 km durante um período de três anos e que passou por quase todos os principais tipos de vegetação do Brasil. A viagem de Spix e Martius Após uma série inicial de expedições na vizinhança de Rio de Janeiro, Spix e Martius começaram a viagem, em dezembro de 1817, rumando primeiro em direção a São Paulo, aonde chegaram ao final daquele ano. Em 1818, iniciaram uma etapa longa, viajando desde São Paulo até o sul da Bahia, fazendo extensas coleções especialmente em Minas Gerais e na Bahia, aonde chegaram a novembro de 1818. Coletaram durante alguns meses no Nordeste, além da Bahia, nos estados de Pernambuco, Piauí e Maranhão e, em julho de 1919, embarcaram para Belém. Depois de coletar na Ilha de Marajó e diversas localidades ao redor de Belém, começaram a última etapa da expedição subindo o rio Amazonas até Manaus onde separam-se, Spix subindo pelo rio Negro e afluentes enquanto Martius seguia os rios Solimões e Jupará. Retornaram a Belém em abril de 1820 e embarcaram para Europa em junho do mesmo ano. Chegaram a Lisboa no dia 23 de agosto e, finalmente, em Munique em dezembro de 1820. A expedição foi realizada sem nenhum acidente sério ou perda dos materiais coletados - algo incomum para expedições científicas naquela época - e trouxe de volta para Europa a coleção inteira de 20.000 exsicatas, contendo ao redor de 6.500 espécies de plantas, além de grande número de espécimes zoológicos e uma extensa coleção de artefatos das diferentes tribos de indígenas encontradas durante a viagem. A publicação da Flora brasiliensis Voltando para Munique, Spix e Martius iniciaram a publicação dos resultados da expedição, começando com o relato da própria viagem (Reise in Brasilien), mas a morte prematura de Spix, em 1826, deixou Martius sozinho com a tarefa de completar os últimos dois volumes. Com a morte de Spix, Martius também assumiu as tarefas de revisão e publicação dos resultados zoológicos, junto com suas próprias obras sobre as coleções botânicas. Estas últimas incluíram Nova Genera et Species Plantaram, descrevendo as Fanerógamas em três volumes entre 1823 e 1832 e Ícones Selectae Plantarum Cryptogamicarum Brasiliensium, descrevendo as Criptógamas em um volume em 1827. As duas obras foram fartamente ilustradas com pranchas de alta qualidade. Martius se interessou profundamente pelas palmeiras que tinha visto durante a viagem ao Brasil e esse interesse resultou na sua célebre obra Historia Naturalis Palmarum, publicada em três volumes entre 1823 e 1853. O terceiro volume dessa magnífica obra inclui descrições de todas as palmeiras conhecidas até então e os outros dois volumes contêm contribuições de Martius e outros especialistas. Os volumes foram ilustrados com um grande número de pranchas coloridas de altíssima qualidade, que estão entre as melhores disponíveis até hoje para essa importante família. Após uma tentativa inicial, logo abandonada, de publicar uma Flora do Brasil em colaboração com seu amigo Nees von Esenbeck, Martius foi encorajado pelo príncipe Metternich a iniciar a publicação em escala muito maior e bem mais ambiciosa de uma Flora do Brasil. Esse foi o projeto que se tornou a Flora brasiliensis que nós conhecemos hoje. Foi iniciado em 1839, primeiro com Stephan L. Endlicher como co-editor e posteriormente também com Eduard Fenzl, dada a magnitude da tarefa enfrentada, com cerca de 60 autores. Entre estes figuravam muitos dos mais ilustres botânicos alemães e europeus da época. O projeto recebeu apoio financeiro do imperador Ferdinando I da Áustria, do rei Ludovico I da Baviera e do imperador Dom Pedro II do Brasil. Em 1840, foi publicado o primeiro dos 140 fascículos que iriam compor a obra e esta foi terminada somente em 1906, muito após a morte de Martius (1868). Com a morte de Martius, o projeto continuou com August W. Eichler e depois, Ignatz Urban como editores. O último fascículo foi publicado em abril de 1906 e um suplemento contendo ilustrações da família Rubiaceae, não publicadas anteriormente, foi lançado em 1915. A Flora brasiliensis, na sua forma final, consiste de 15 volumes subdivididos em 40 partes originalmente publicada na forma de 140 fascículos individuais. Descreve um total de 22.767 espécies, das quais 19.629 são nativas e 5.689 foram descritas como novas na obra. O texto contém 20.733 "páginas" que, na realidade, são colunas (duas em cada página), e as 3.811 pranchas ilustram 6.246 espécies. Cinqüenta e nove pranchas ilustram paisagens e tipos de vegetação, a maioria acompanhada por uma descrição minuciosa do próprio Martius, e usadas para explicar o sistema de classificação da vegetação brasileira criada por ele. Muitas dessas pranchas foram adaptadas dos desenhos e pinturas de Thomas Ender, o artista que acompanhou Spix e Martius durante o primeiro ano da viagem, mas teve que voltar para Europa posteriormente por problemas de saúde (veja "As pranchas fisionômicas e seus modelos"). Até hoje a Flora brasiliensis é a única Flora completa para o Brasil e, para muitas famílias, continua sendo a única revisão completa disponível. Além do seu valor histórico, ainda é utilizada rotineiramente na identificação de plantas do Brasil e da América do Sul. George J. Shepherd, Unicamp. ©2005, Centro de Referência em Informação Ambiental, CRIA. ANEXO 3 Mutirão vai resgatar acervo da antiga Faculdade de Medicina 30/05/2003 O reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Almeida, anunciou ontem uma solução criativa para enfrentar o abandono do acervo bibliográfico da antiga Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, durante a sessão especial na Assembleia Legislativa que debateu os rumos da restauração do prédio, será feito um mutirão, amanhã com a participação espontânea dos calouros. Eles receberão luvas, máscaras e capa, além de ser submetidos a teste de alérgenos. O objetivo é fazer o resgate das obras seculares, algumas datadas do tempo do Império. O prédio da antiga Faculdade de Medicina, cujo bicentenário será comemorado em 2008, é um dos mais importantes patrimônios culturais do Centro Histórico de Salvador e sede da mais antiga instituição de ensino superior do país. A sessão da AL foi proposta pela Comissão de Saúde e Saneamento, presidida pelo deputado estadual, após terem sido constatadas supostas irregularidades na obra de restauração, durante visita da comissão, em abril. Os deputados visitaram o prédio junto com integrantes da organização não governamental Amigos da Faculdade de Medicina, formada por ex-alunos da Faculdade e médicos conceituados. O prédio da Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus encontra-se em reforma há seis anos sob a coordenação do professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Luís Carlos Dourado. As obras são executadas por estudantes da Escola Oficina de Salvador (EOS), entidade ligada à UFBA. A EOS, em cinco anos, formou 179 jovens de 18 a 22 anos com apoio de recursos internacionais. Os jovens viviam em situação de risco de exclusão social e foram habilitados para o ofício de restauração. O trabalho rendeu prêmios internacionais e ainda permitiu a completa restauração da Ala Nordeste e do Anfiteatro. Irregularidades - Os Amigos da Faculdade de Medicina, com apoio da Comissão de Saúde da AL, questionaram o uso da mão-de-obra de aprendizes e verificaram que características seculares do prédio foram descaracterizadas, como uma adaptação moderna, que não equivale ao projeto original. O teto da Ala Nobre está escorado e centenas de livros estão jogados no chão, sujos de fezes de pombo, umidade, traças e muito mofo. A Comissão questionou ainda o tempo de execução da restauração e o preço da formação dos jovens, considerado alto. "Já que a proposta era de formar 400 jovens, como apenas 179 concluíram o treinamento?", questiona o diretor da ONG, George Oliveira. O professor Luís Carlos Dourado apresentou um histórico completo do projeto da EOS, mostrando inclusive que dos recursos do financiamento da Eletrobrás, na ordem de R$7 milhões e destinados à reforma de todo o prédio (Ala Nobre, Ala Nordeste, Anfiteatro, Biblioteca e anexos), só foi repassada uma parte ou R$2,6 milhões, dinheiro que se esgotou até 2000à Segundo Dourado, para compensar a falta de dinheiro, as obras têm sido tocadas com recursos do contrato de três anos que a EOS tem com o governo espanhol destinado à formação dos aprendizes. "Se a restauração não acaba é por falta de recursos", defende-se. Ele acredita na competência dos alunos da Escola Oficina e explica que as adaptações feitas no anfiteatro, são permitidas por cartas européias e normas internacionais que regem a restauração. "Segundo as cartas de critérios restaurativos da Europa, colocar acolchoamento nas cadeiras e ar-condicionado no anfiteatro não compromete a obra original", afirma. A adaptação para a reconstrução do teto do anfiteatro também foi uma exigência da situação de abandono em que se encontrava. "As paredes poderiam não suportar o teto como era originalmente". O reitor Naomar Almeida reconheceu a importância do trabalho da Escola Oficina de Salvador. Disse que assim como a antiga Escola de Medicina precisa de restauração urgente outros ainda carecem de reforma, como a Residência Universitária feminina (Rua Araújo Pinho) e a Escola de Belas Artes. Fonte: Correio da Bahia - Salvador ?