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Notícias sobre natureza, clima e sustentabilidade – GLOBO RURAL - EDT MATE... Página 1 de 5 Imprimir Meio ambiente / profissão Ilustração botânica é carreira promissora no país Conheça as áreas de atuação e veja dicas para se destacar na profissão Hanny Guimarães Ilustrações de Dulce Nascimento (Foto: Arquivo/Dulce Nascimento) Indispensável à divulgação da ciência e à preservação da história da natureza, a ilustração científica teve seu início a partir do século XVI. Ao longo dos anos, foi aperfeiçoada por meio de novas técnicas e ferramentas que permitiram a ampliação da atividade, com aparecimento de áreas específicas como é o caso da ilustração botânica, que registra graficamente com desenho ou pintura os detalhes das plantas. Hoje, a profissão mantém sua importância é se mostra promissora, de acordo com profissionais do mercado. O professor de botânica da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq), Lindolpho Capellari Jr., “o Brasil possui a maior diversidade florística do planeta, portanto, há muita pesquisa sendo feita e ainda por se fazer em termos de flora, que agregam inevitavelmente o ilustrador botânico”. file:///C:/Users/Fred/AppData/Local/Temp/Low/3EKJP5TQ.htm 20/04/2015 Notícias sobre natureza, clima e sustentabilidade – GLOBO RURAL - EDT MATE... Página 2 de 5 Alunos desenvolvem a atividade com técnicas e ferramentas específicas (Foto: Arquivo/Lindolpho Capellari Jr.) Para ele, que é professor na área há 25 anos e é um apaixonado pela ilustração, a profissão acabou sendo um complemento da formação, já que em aula utiliza muitos desenhos para exemplificar a matéria no quadro-negro. Ele explica que, como em diversas áreas, o mercado é competitivo, mas bastante aberto a novos profissionais. “A maioria dos pesquisadores não domina a arte da ilustração, portanto, para a publicação de seus trabalhos sempre recorrem a esses profissionais. Portanto o ilustrador deve buscar nas universidades e nos centros de pesquisa o seu mercado de trabalho”, indica. Editoras com publicações científicas também buscam o ilustrador botânico, entretanto, a ilustração também serve a outros fins. Capellari conta que a amiga e também ilustradora italiana, Margherita Leoni, utiliza, atualmente, a ilustração para protestar contra desmatamentos e queimadas de áreas naturais. “Ela fez um vídeo no Parque das Emas (GO) onde, após fazer o desenho em aquarela sobre uma planta típica de lá (“rainha-do-cerrado”) ela colocou fogo na própria obra, fazendo uma analogia do que o fogo (descontrolado) faz sobre a vegetação. Esse vídeo tem sido apresentado em encontros científicos e em alguns cursos universitários. Neste caso a ilustração está entrando como uma forma de denúncia”, comenta. A ilustradora botânica Dulce Nascimento também acredita que a atividade é um instrumento poderoso e, por isso, deve conter elementos importantes que caracterizam a espécie para que esta não seja confundida com outra semelhante. O resultado, ela garante, acaba sendo de grande beleza artística. Dulce abraçou a profissão há 34 anos e aprendeu ao lado de um dos ícones da profissão, Maria Werneck de Castro, de quem foi aluna. Interessada cada vez mais pelo tema, e com formação em paisagismo e arquitetura, ela buscou também cursos fora do país. “Ganhei uma bolsa da Fundação Botânica Margaret Mee, na Inglaterra, e me especializei também com cursos nos Estados Unidos”, conta. file:///C:/Users/Fred/AppData/Local/Temp/Low/3EKJP5TQ.htm 20/04/2015 Notícias sobre natureza, clima e sustentabilidade – GLOBO RURAL - EDT MATE... Página 3 de 5 Professor Lindolpho durante aula de ilustração botânica (Foto: Arquivo/Lindolpho Capellari Jr.) Segundo ela, não há idade para quem deseja se aprofundar no assunto. “A inglesa Margaret Mee, por exemplo, iniciou sua dedicação aos 43 anos, assim que veio morar no Brasil. Maria Werneck de Castro se tornou ilustradora aos 50 anos. Para desempenhar a atividade, é preciso interesse pela natureza, concentração, paciência e curiosidade científica. Gostar de desenhar e aprender técnicas é o primeiro passo. Não é preciso ter formação em botânica, porém, é importante saber dialogar com profissionais da área para que seus trabalhos atendam a especificidade que procuram”, explica ela que ainda aponta a participação em exposições, a venda dos desenhos como obras de arte e a estampa de tecidos e rótulos de produtos como ramos para desempenhar a ilustração botânica. file:///C:/Users/Fred/AppData/Local/Temp/Low/3EKJP5TQ.htm 20/04/2015 Notícias sobre natureza, clima e sustentabilidade – GLOBO RURAL - EDT MATE... Página 4 de 5 A ilustradora Dulce Nascimento e uma de suas obras, o livro Plantas Brasileiras - a ilustração botânica de Dulce Nascimento lançado neste ano O professor Capellari acredita que talento e habilidade são próprios de cada um. Os cursos vão ensinar técnicas. “Obviamente, quanto mais habilidade e talento melhor será o ilustrador. Mas isso não deve desanimar aqueles que gostam de desenhos e se acham sem capacidade para tal. Com aprendizado das técnicas e muita prática, a pessoa pode vir a ser um ilustrador de qualidade”, diz. ILUSTRAÇÃO BOTÂNICA É uma ilustração científica, voltada ao reino vegetal, ou seja, é o desenho científico das plantas. Pode ser em preto e branco ou colorido. Em preto e branco é mais utilizada a técnica de nanquim para as publicações. Para desenhos coloridos é mais utilizada a aquarela. Outras técnicas podem ser empregadas, inclusive as mistas, nas quais mais de uma técnica é utilizada. Existem várias outras técnicas, entre elas a pintura a óleo, acrílica, air brush, lápis de cor e uma das mais modernas que é a digital, facilitando o entendimento por meio de computadores. EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS O equipamento utilizado vai depender da técnica empregada em determinada ilustração. De qualquer forma um conjunto básico envolve lápis (H, HB, B, 2B e assim por diante), borracha, compasso, régua, papel apropriado (como Canson), prancheta. Ser for empregar o nanquim, deve buscar canetas e tintas profissionais, além de papel vegetal. Alguns ilustradores fazem ilustração a nanquim com bico de pena e o resultado final é de grande perfeição. Se a ilustração for colorida, além do material de lápis, é necessário um conjunto de aquarelas profissionais com algumas cores essenciais (Permanent Rose, Cadmiun Yellow, para exemplificar.); as tintas devem ser profissionais compradas em lojas especializadas; também é necessário o papel adequado e diversos pincéis macios. 5 DICAS PARA SER UM BOM ILUSTRADOR BOTÂNICO por Dulce Nascimento Perseverança: aceitar o desconforto e adversidades sem desanimar. Cada espécie tem seu hábito e se, por exemplo, uma planta tem flores que só abrem a noite, é preciso passar a noite trabalhando para registrá-la. Normalmente uma prancha leva alguns dias de dedicação e trabalho contínuos. file:///C:/Users/Fred/AppData/Local/Temp/Low/3EKJP5TQ.htm 20/04/2015 Notícias sobre natureza, clima e sustentabilidade – GLOBO RURAL - EDT MATE... Página 5 de 5 Concentração: ao estar com uma espécie viva na frente é necessário toda atenção voltada à ela, é preciso grande senso de observação para ter os detalhes vistos, analisados, entendidos e registrados. Mais um motivo para se ter tanta concentração é o fato de que a cada minuto a planta muda e que brevemente terá cores, formas e texturas fora da realidade. Paciência: desde os primeiros estudos de composição, a execução do desenho e da minuciosa técnica da pintura em aquarela levo normalmente 2 semanas, e isso requer uma grande dose de paciência. Acompanhar o desenvolvimento de uma espécie pode levar meses e com isso a prancha pode demorar ainda mais para ficar pronta. Caso as flores acabem, é necessário esperar normalmente por mais um ano até que floresça novamente. Já levei 3 anos para terminar um trabalho. Espírito de investigação: curiosidade científica a ponto de procurar orientação do botânico que estuda a espécie para conhecer os elementos da planta que está ilustrando. Pequenos e, às vezes, microscópicos detalhes definem diferentes espécies, um erro é inadmissível e pode invalidar o trabalho. A ilustração botânica possibilita o fascinante aprendizado e conhecimento das espécies, como o comportamento em seu habitat, quem é seu polinizador, como se reproduz ou que tipo de animais que dela se alimentam. Espírito de entrega e humildade: para saber que embora eu tenha um objetivo específico, tenho muito a aprender. Em oportunidades de trabalhar em matas, é importante ter espírito aberto para aprender com a população local, que tem muito a ensinar, pois conhece bastante o ambiente em que mora e que com ele se relaciona de forma íntima. CURSOS E INFORMAÇÕES Fealq: www.fealq.org.br Dulce Nascimento: www.dulcenascimento.com.br Follow @globo_rural 53K followers Curtir 699.311 pessoas curtiram isso. Imprimir Fechar file:///C:/Users/Fred/AppData/Local/Temp/Low/3EKJP5TQ.htm 20/04/2015