Aníbal Mattos e as Exposições Gerais de Belas Artes em Belo Horizonte
Rodrigo Vivas1
RESUMO:
O presente artigo analisa cinco pinturas de Aníbal Mattos e a criação das Exposições de
Belas Artes na cidade de Belo Horizonte. O primeiro feito de Mattos foi transferir o modelo
das Exposições Gerais de Belas Artes, da Escola Nacional de Belas Artes, para Belo
Horizonte tendo organizado mais de 25 mostras. A obra de Aníbal ainda não foi estudada
sendo que as referências existentes tendem a relacioná-lo a política conservadora e
responsabilizá-lo pelo insucesso da fundação da Escola Guignard. O presente artigo tem o
objetivo de apresentar cinco pinturas de Mattos e fornecer um percurso inicial de análise.
Aníbal Mattos nasceu no Arraial do Comércio, em Vassouras, no Estado do
Rio de Janeiro aos 26 de outubro de 1886, vindo a falecer em Belo Horizonte em
junho de 1969. Além de pintor, foi conhecido como escritor, Historiador da Arte e
professor.
Fez seus estudos primários em Icaraí, Niterói, tendo freqüentado o curso
secundário no Mosteiro de São Bento e no Colégio D. Pedro II. Sua família era
ligada às artes plásticas. Dois de seus cinco irmãos tornaram-se artistas: Antonio,
escultor, e Adalberto, pintor e gravurista.
Casou-se com D. Maria Ester, com quem teve oito filhos dentre os quais o
pintor modernista Haroldo Mattos e a pintora decorativa Maria Ester Mattos. Seus
dois filhos participaram, conjuntamente com o pai e a mãe, de várias exposições
realizadas em Belo Horizonte. Aníbal Mattos foi, ainda, fundador de várias
sociedades culturais no Rio de Janeiro como o Centro Artístico Juventas, depois
transformado em Sociedade Brasileira de Belas Artes, da qual foi benemérito.
Aníbal Mattos fez seus primeiros estudos de desenho no Liceu de Artes e
Ofícios do Rio de Janeiro e, posteriormente, estudou na Escola Nacional de Belas
Artes na mesma cidade, tendo sido aluno de João Batista de Costa, Daniel Berard e
João Zeferino da Costa.
1
Doutor em História da Arte – UNICAMP. Professor de História da Arte da Escola de Belas Artes da
Universidade Federal de Minas Gerais. Nos últimos anos tem pesquisado produções artísticas fora do eixo
hegemônico assim como os Salões de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte.
Foi reconhecido pela Escola Nacional de Belas Artes com três menções
honrosas, uma medalha de ouro em 1912 e uma de prata em 1916. Representante da
mesma instituição, Aníbal participou em 1914 do Congresso Acadêmico no Peru,
tendo sido orador oficial de todas as delegações dos estudantes da América.
Na trajetória de Mattos, o período que mais interessou no desenvolvimento
desse artigo teve seu início no ano de 1917, momento em que se transfere para Belo
Horizonte a convite de Bias Fortes para ocupar o cargo de professor da Escola
Modelo. A cidade já conhecia o trabalho de Aníbal desde 1913, data das primeiras
exposições realizadas nessa cidade, como verificado nas matérias de jornais como o
Diário de Minas.
Além de professor da Escola Modelo, atuou na Escola Prática de Belas Artes.
Em 1918, funda a Sociedade Mineira de Belas Artes. Essa teve um papel
fundamental na organização de exposições de arte na capital mineira. Um dado
biográfico sobre Aníbal Mattos que será posteriormente analisado é que, além das
exposições acadêmicas, ele teria patrocinado a Primeira Exposição de Arte
Moderna: a exposição de Zina Aita. No que se refere à arte acadêmica, Aníbal
realizou seguidamente, durante 15 anos, 15 Exposições Gerais de Belas Artes sem o
auxílio governamental. 2
Como teatrólogo, Mattos encontrou um espaço privilegiado em Belo
Horizonte com um “núcleo de amadores” que rapidamente revelou artistas
importantes como o Odilardo Costa 3. Realizou ainda o filme Canção da Primavera,
que foi uma adaptação de sua peça de teatro.
Aníbal Mattos parece ter atuado como agitador cultural, pois, além do teatro
e do cinema, também buscava na literatura sua forma de expressão:
Abílio Barreto, lírico incorrigível, está de cabelos em pé e olhos
esbugalhados, ouvindo Aníbal Mattos recitar os versos
desarticulados como perdigotos, sem ritmo certo e sem rima
alguma, do bizarro blagueur que, num gesto atrevido de arte
combinada, sacudiu a pasmaceira do meio literário brasileiro.
Abílio pensa que é ele que está alucinado, enquanto Aníbal, com
2
Ainda não foram produzidos estudos sobre as Exposições Gerais de Belas Artes que tinham a coordenação
do pintor Aníbal Mattos, no início do século XX, em Belo Horizonte.
3
Foi ator do filme “Canção da Primavera” dirigido por Aníbal Mattos em 1923. Diário de Minas, 21 de maio
de 1922.
dedo em riste, lê esta poesia do livro. (Y. Diário de Minas, Belo
Horizonte, 20 jan. 1923).4
Em 1930, participou da fundação da Escola de Arquitetura e Belas Artes da
Universidade de Minas Gerais, na qual continuou trabalhando durante 27 anos,
quatro dos quais como diretor. Atuou, também, como fundador da Biblioteca
Mineira de Cultura, das Edições Apollo e do Centro de Proteção do Patrimônio
Histórico e Artístico Mineiro, tendo lutado pela fundação de museus históricos
locais em Ouro Preto, Diamantina, São João Del Rei e Belo Horizonte. Foi, ainda,
membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e, em 1936, presidente
da Academia Mineira de Letras. Publicou ainda vários livros.
A cidade de Belo Horizonte passou a conhecer Aníbal Mattos pela imprensa,
que anunciava suas exposições já no ano de 1913. Muitas vezes a cobertura ao
evento de Mattos era utilizada como pretexto para conferir visibilidade à classe
política da capital mineira.
Ainda ontem, dia santificado, foi animadíssima a concorrência
à exposição. S. exc. o sr. Dr. Delfim Moreira voltou a visitá-la
durante o dia, acompanhado de seu ajudante de ordens
tenente-coronel Vieira Christo. Excusamos de fazer o reclame
da bela exposição instalada no Palacete Werneck e é de
esperar que os srs. Amadores das Belas artes saibam
aproveitar a oportunidade de enriquecer as suas coleções.
(Minas Gerais, Belo Horizonte, 18 maio 1917).
Aníbal Mattos, em 1916, pinta Paisagem com carro de bois [FIG. 1] que
retratava um tema que o tornou conhecido para os mineiros: as paisagens de Minas
Gerais. Essas paisagens, assim como outras características estereotipadas fizeram
parte do acervo de imagens que caracterizarão o universo da “mineiridade”.
Os pintores clássicos 5 não se interessaram pela produção de imagens da
cidade moderna que estava sendo construída. Ficaram detidos justamente ao que
estava por desaparecer na capital mineira: o trabalhador do campo, as casas de
fazenda antiga, o isolamento proporcionado pelas montanhas e a relação com a
cidade de Ouro Preto. Esses pintores olhavam para a nova capital mineira, mas
4
Aníbal Matos assinava as colunas do Diário de Minas com o pseudônimo “Y”.
Na cidade de Belo Horizonte os pintores associados aos ensinamentos da Escola Nacional de Belas Artes
eram considerados clássicos. Não era usual utilizar termos como “acadêmicos” e “modernos” para como
ocorreu na Europa e posteriormente na Semana de 1922 em São Paulo.
5
conseguiam apenas ver o que poderia restar do Curral Del Rei. Gesto que se
aproximava de Charles Baudelaire (1998) quando andava pela cidade de Paris e,
como foi demonstrado no Pintor da Vida Moderna, o interesse pela efemeridade
dos eventos que estão prestes a diluir-se com a velocidade da modernidade.
Tais imagens foram reconhecidas pelos colunistas como as mais apropriadas
para retratar a paisagem mineira, mas que corresponderam muito mais a um
conjunto de arquétipos ligados ao imaginário rural existente no Brasil do que a uma
característica específica das dessas paisagens. Todavia, é importante perceber como
a crítica e os pintores da época buscavam construir uma relação identitária e de
pertencimento ao enxergarem nessas imagens à “essência” mineira.
Um carro de bois, conduzido por um trabalhador descalço, em uma estrada
de terra cercada por montanhas. Minas, como diria Guimarães Rosa, é em primeiro
lugar uma montanha. As montanhas de Minas Gerais, responsáveis por diferenciar a
“personalidade” dos mineiros, recebiam destaque em inúmeras cenas pintadas no
período.
O imaginário sintetizado nesse período foi produzido ao longo de séculos,
começando por viajantes como Saint-Hilaire, ou por historiadores como Gilberto
Freyre, o primeiro a utilizar o termo “mineiridade”. Segundo Pinheiro Chagas, o
mineiro estaria entre o trabalhador rural, caracterizado pelo bom senso, pela
estabilidade, pelo conservadorismo, e o minerador, aventureiro e amante da
liberdade. Como é possível notar, essas tipologias que seriam características dos
mineiros foram também mencionadas por Sergio Buarque de Holanda (1978) em
Raízes do Brasil para caracterizar a cultura brasileira. A afirmação ganha sentido na
medida em que conseguiu demonstrar não o caráter arbitrário das imagens
construídas, mas que o mesmo conjunto de imagens podem ser utilizado para
caracterizar processos que tendem a produzir caminhos identitários diferentes.
É necessário perceber que o isolamento provocado pelas montanhas teria
produzido uma “personalidade” discreta, desconfiada e a imagem responde a esse
imaginário sob o ícone da cruz no final da estrada, que passa a ser incorporada ao
espaço monumental.
O mesmo tipo de representação de trabalhadores em uma região isolada
também aparece em outro quadro de Aníbal Mattos em 1915. O Jardineiro [FIG. 2]
representa um trabalhador segurando uma enxada com a mão direita e com o seu
braço esquerdo apóia-se na perna, sentado em um banco. Entre as árvores existe um
caminho que leva a uma pequena casa ao fundo que demarca a distância entre o
primeiro plano, o trabalhador, e o segundo plano, a casa.
A construção do tempo tem um papel fundamental nessas duas imagens. Um
tipo específico de tempo, das “estruturas”, conceituado pelo historiador francês
Braudel. Os valores estáveis desse homem do campo confundem-se com a
temporalidade
das
montanhas
mineiras.
O
tempo
da
estabilidade,
do
conservadorismo, dos temas que reafirmam os estereótipos da “mineiridade”. As
imagens fugazes da modernidade apresentam-se como “vaga-lumes na noite
brasileira: eles brilham, mas não iluminam o caminho”, parafraseando Braudel, em
declaração quando seu carro se quebrou em uma estrada da Bahia.
Na obra O jardineiro [FIG. 2], Mattos busca nas variações cromáticas o
efeito de profundidade. Nessa primeira fase, embora as obras de Mattos não
apresentem o mesmo rigor técnico de Almeida Júnior, parecem corresponder às
retratações deste pintor. A obra O caipira picando fumo [FIG. 3], parece dialogar
com as pinturas de Mattos.
Apesar de as críticas publicadas nos jornais belo-horizontinos do período
apontarem uma especificidade das representações de Aníbal Mattos para as
paisagens mineiras, esta idéia parece não ser sustentável se compará-lo com outros
pintores acadêmicos como Almeida Júnior, Antônio Parreiras, Georg Grimm.
Após as análises dessas pinturas de Mattos, é necessário repensar o papel das
Exposições Gerais de Belas Artes e entender como esse modelo foi apropriado pelo
pintor na cidade de Belo Horizonte.
Exposições Públicas e Exposição Geral de Belas Artes
Em sua atuação em terras mineiras, Mattos tentou transferir o modelo
artístico da Escola Nacional de Belas Artes para Belo Horizonte.
Aníbal Mattos conseguiu, na primeira exposição, congregar um conjunto de
artistas, que eram referências obrigatórias nas artes do Brasil, dos quais se pode
citar 6: Amaedo (Rodolfo Amoedo), Agrette (Francisco Agrette), A. Duarte, A.
Mattoso, A. Faro, A. Selva, A. Cunha, A. Novacq, A. Ford, Arthur Thimotheo
(Artur da Costa Timótheo), B. Parlagreco (Salvador Parlagreco), Brocos, (Modesto
Brocos Y Gómez), B. Facheti, Celso Wernecq, Childe, Caron, Carlos Oswaldo,
Castagnette, Domenicq, Eduardo de Martino, E. Fabrege, E. Engelhardt, Estevam
Silva, E. Simonetti, Esther de Mattos, Steckel, Fernandino Júnior, Francisco Rocha,
Pons Arnau, F. Forimelli, Grimm, Goldchimidt, Z. Cantagalli, J. Quintino, I.
Gonzoles, José M. Pacheco, L. Ferry, A. Belém, Oscar Pereira, Petrina Coutinho,
H. Cavalheiro, Honório Esteves, Nadir Meirelles, P. Fantine, Souza Pinto,
Scweigofern, Helena Agretti, José Jacinto das Neves e Antonio Carneiro (retratista
português). (Diário de Minas, 27 de setembro de 1917).
Ainda no ano de 1917, Belo Horizonte recebeu de Aníbal Mattos a Escola
Prática de Belas Artes. “Inaugurar-se-á, a 7 do corrente, no palacete Celso Werneck
essa escola, (Escola Prática de Belas Artes), sob a direção do laureado artista
professor Aníbal Mattos (Minas Gerais, Belo Horizonte, 06 ago. 1917). Segundo a
matéria, seria desnecessário enaltecer “a brilhante iniciativa que vem implantar em
Minas Gerais o ensino de Belas Artes, sob os processos das escolas superiores
dessas matérias” (Minas Gerais, Belo Horizonte, 06 ago. 1917). Como programa
inicial da Escola, destacaram-se dois princípios essenciais para o ensino da arte
acadêmica: desenho e pintura.
Após a Exposição Geral de Belas Artes, Aníbal continuou sua produção
recebendo constante atenção da crítica de arte da capital7. No ano de 1923, Aníbal
expôs em Belo Horizonte 150 quadros e passou, neste momento, a ser reconhecido
por algumas obras.
O artista consagrado da “Cruz dos Caminhos” e consciencioso
interprete de nossa paisagem não tem dormido sob os louros
conquistados com as suas obras, muitas das quais provaram a
6
Foi difícil reconhecer alguns nomes devido à escrita e às abreviações. Entre parênteses constam algumas
hipóteses de nomes que não foram reconhecíveis de imediato.
7
Os termos “colunista” e “crítica da arte da capital” referem-se ao conjunto de artigos publicados nos jornais
da capital mineira, mas que não eram assinados.
admiração de uma realeza – o soberano da Bélgica, que teve
palavras de elogio para o pintor quando aqui esteve há três anos.
Aníbal, de então para cá, tem trabalhado com coragem e não é raro
encontrá-lo pelos arredores da cidade com cavalete e demais
apetrechos de ofício, a transportar para a tela, com aquele vigor de
técnica e justeza (...)” (Diário de Minas, Belo Horizonte, 06 nov.
1923).
Ler algumas críticas é ser convidado a visitar as exposições de Aníbal
Mattos. Andar por todos os espaços, entender a distribuição das telas na exposição,
“cheias de sol e alegria”, apresentando-se em grandes dimensões e fornecendo ao
expectador um recorte “empolgante da Serra do Curral”. A obra Alterosa Plages
seria suficiente, segundo o colunista, para recomendar a exposição de Aníbal
Mattos, pois as obras “falam da mesma forma à alma, provocando essas emoções
que só a verdadeira arte tem o dom de nos transmitir”. (Diário de Minas, Belo
Horizonte, 06 nov. 1923).
Todavia, o quadro mais aclamado pela crítica foi Flores da Primavera, que
convidava o espectador ao “deslumbramento que empolga o visitante ao penetrar no
chofre”. A exposição de Mattos foi realizada no Conselho Deliberativo na qual era
possível conviver com dezenas de quadros que ocupavam a maior parte das paredes
com
paisagens luminosas, onde o sol arde e esplende, vibra e
ofusca, e que melhor se podem compreender o temperamento
e os processos originais, a técnica, tão vigorosa e segura, do
paisagista inconfundível da Cruz dos Caminhos”. (Diário de
Minas, Belo Horizonte, 20 set. 1923). 8
Mattos foi capaz de materializar a luminosidade do sol em suas pinturas. Um
pintor que por transformar a luz em obsessão produziu
um hino glorificador da luz, uma ode ao sol fecundo e criador. Em
volta de nós, a cada canto em toda parte o sol arde. A heliofilia
desse “virtuose” do sol é uma característica fundamental de sua
obra. “Primavera florida” como rigor da fatura de pinceladas
largas, e de efeito seguríssimo é de uma perfeição absoluta.
Observa-se nessas telas perfeita perspectiva aérea, circulação de ar
e uma raríssima vibração de luz, que destaca todo o quadro, que
parece iluminado pelo próprio sol, sem violência de claro escuro.
8
O quadro “Cruz dos caminhos” transformou-se na referência da crítica de arte mineira para caracterizar
Aníbal Mattos como um pintor respeitado.
O céu é profundamente brasileiro, de um azul transparente, com
mássicos de nuvens, tão comuns nos nossos dias tropicais de
intensa luz. É um quadro alegre, otimista, vibrante, com os seus
tons radiantes de primavera em flor. Impecável na gravação de
planos, ainda há de notar nessa obra prima a transparência das
águas, em que se reflete a paisagem original. (Diário de Minas.
Belo Horizonte, 20 set. 1923).
As exposições transformaram-se em um espaço de socialização e os quadros
eram adquiridos como um fator de distinção social. Geralmente, ao final dos
comentários das exposições, eram apresentados os “ilustres compradores de obras”.
Na semana ora em questão, informa a crítica, adquiriram quadros: “Sr. e Sra. Alcina
Barbosa de Souza, Deputado Joaquim Salles, Drs. Oswaldo de Araújo, Clemente
Faria, Arduido Bolívar, Manoel de Oliveira, Horácio Guimarães.” (Diário de
Minas, Belo Horizonte, 29 set. 1923).
Este fato pode ser confirmado por outra citação que atesta que
estaria “definitivamente lançada e de maneira vitoriosa a idéia
de ser adquirido pelas classes sociais de Belo Horizonte o
“lindo quadro” Flores da primavera que deverá ser oferecido
ao ilustre presidente Dr. Raul Soares”. (Diário de Minas, Belo
Horizonte, 29 set. 1923).
No ano de 1924, Aníbal Mattos pinta Chafariz [FIG. 4], que pertence ao
Colégio Estadual Pedro II, em que se percebe a cor verde em contraste com tons
amarronzados anteriormente aplicados no quadro Paisagem com carro de bois [FIG.
1]. A observação atenta da obra original permite visualizar, ao lado da fonte, uma
grande concentração de tinta que acabou por escorrer na tela destoando do restante
do quadro. Para um quadro que, pelas leituras habituais que dele são feitas,
representa academicamente um tema, uma grande concentração de tinta e a falta de
tratamento da superfície do suporte parecem inconcebíveis.
Percebe-se aqui que Mattos parece dominar muito mais o desenho que o uso
das cores. Neste sentido, ganha em qualidade quando o desenho é elaborado
previamente.
No tocante, especificamente, à pintura Chafariz [FIG. 4] nota-se que o
mesmo está situado ao lado de uma enorme ladeira que levaria a um conjunto de
casas ao final do caminho. A densa vegetação localizada ao lado do chafariz tem o
objetivo de completar a composição do quadro, sendo perceptíveis as diferenças da
representação entre o desenho e a pintura.
Aníbal Mattos encontra em Belo Horizonte o espaço favorável para a
consolidação de sua carreira artística decidindo, no ano de 1924, fazer uma grande
exposição na cidade de São Paulo com quadros que obtiveram sucesso de crítica na
capital mineira.
dentro de breves dias seguirá para São Paulo onde vai realizar uma
grande exposição, o consagrado pintor Aníbal Mattos, quer antes
de para ali partir dar aos inúmeros admiradores que conquistou o
seu pincel vitorioso nesta capital, uma amostra dos trabalhos que
vão figurar naquele certame”. (Diário de Minas, Belo Horizonte,
03 maio 1924).
A exposição recebeu o título de Terra Mineira que apresentava um artista de
excepcional merecimento, com uma palheta opulenta, rica de
tonalidades imprevistas, interpretando com requintes de estesia e
assombrosa segurança e felicidade aspectos inéditos e curiosos da
nossa estonteadora e empolgante natureza. Falar sobre uma
exposição de Aníbal Mattos é tarefa fácil. Basta anunciá-la. As
exposições do mestre admirável da “Cruz dos caminhos” e de
“Terra Mineira”, constituem sempre um acontecimento notável de
que se fala por muito tempo. (Diário de Minas, Belo Horizonte,
18 maio 1924).
Uma analogia pertinente refere-se ao aspecto visual suscitado pela obra de
Mattos o que implica conhecer os verdadeiros objetos do mundo pela pintura e não
apenas reconhecer os objetos imitados pelo pintor.
Dir-se-á que a natureza lucra mais em ser vista através das suas
paisagens do que no original: é que a vemos assim através de um
temperamento vibrante dionisíaco, insaciado de luz (...) Aqui é a
“Mata iluminada”, que esplende banhada de uma luz intensa e
maravilhosa: além, “Terra Mineira” de efeitos surpreendentes,
mais adiante um crepúsculo suave “Horas Tristes”, de uma
melancolia sugestiva, paisagem que o grande Corat não se
designaria a assinar. Acompanhado de todos seus auxiliares de
governo, esteve ontem no conselho deliberativo, visitando a
exposição Aníbal Mattos, o Dr. Raul Soares, Presidente do Estado.
(Diário de Minas, Belo Horizonte, 18 maio 1924).
O comentário anterior parece aproximar de algumas teorizações que
assinalam que os elementos formais das obras de arte possibilitam uma modificação
dos aspectos visuais do observador. Infelizmente, os paulistas não tiveram a chance
de conhecer a Exposição Terra Mineira e o que restou são apenas os comentários
transcritos acima, pois, como é sabido, “toda a sua obra – quase uma centena de
telas magníficas – que levara para São Paulo, ficou completamente inutilizada.
Sendo toda ela destruída, saqueada pelos revoltosos.” (Diário de Minas, Belo
Horizonte, 04 dez. 1924).
Os quadros de Aníbal Mattos não chegaram a serem expostos. Foram
queimados na Estação da Luz como conseqüência de uma sucessão de medidas
autoritárias para o fim das oposições ao presidente Arthur Bernardes. O conjunto de
fatos ficou conhecido no período como o reinício do movimento tenentista. As
articulações entre civis e militares, iniciadas em 1923, direcionaram-se para a
capital paulista sob o comando do general Isidoro Dias Lopes. A Estação da Luz
não escapou ilesa, sendo queimada conjuntamente com toda a obra de Mattos ali
armazenada. Apenas duas telas foram salvas: Mata iluminada e Terra Mineira,
“únicas das suas telas que escaparam, milagrosamente, ao saque e às depredações
dos mashorqueiros de São Paulo”. (Diário de Minas, Belo Horizonte, 06 dez. 1924).
Após a destruição de suas obras, o pintor realizou uma exposição em Belo
Horizonte, mas passou a receber críticas negativas sobre seu trabalho. Não é
possível saber se esse fato se deveu à pressa em “recuperar” sua produção, ou uma
mudança do perfil da crítica belo-horizontina. Aníbal Mattos foi comparado a
Parreiras, que seria um paisagista de “delicada sensibilidade, de audácia de
colorido”, entretanto, já se disse de Aníbal que lhe faltavam “firmeza de técnica e
não sabemos que mais”. (MATTOS, Aníbal. Diário de Minas, Belo Horizonte, 8
dez. 1924). Essa característica, segundo o autor da coluna, seria infundada e
elaborada por “quem está obrigado a fazer jornalismo apressado”.
Para Jardim, o artista que mais se aproximaria de Mattos seria Araújo Porto
Alegre por congregar o oficio de pintor e literato e talvez “esta dispersão do gênio
contribua para torná-lo mais conhecido no campo literário com prejuízo das artes
plásticas”. (JARDIM, Pintores Brasileiros, Diário de Minas, Belo Horizonte, 8 dez.
1924).
Dois anos após a destruição de sua obra, Aníbal Mattos realizou uma nova
exposição com 162 telas das quais apenas quinze não eram novas. Tal exposição
inaugurou a 30ª exposição realizada pelo pintor que passou a ser considerado “Mais
seguro de si mesmo. Mais ousado, mais rico de técnica, ou melhor com uma técnica
quase inteiramente nova”. (Diário de Minas, Belo Horizonte 17 nov. 1926). A
utilização do termo “quase inteiramente nova” serviu para designar que o artista
ainda persistia em pintar dentro da tradição acadêmica, mas teria começado a ceder
à voz imperativa “que se faz ouvir em todas as províncias da arte e do pensamento
brasileiro”. (Diário de Minas, Belo Horizonte, 17 nov. 1926).
Trata-se exatamente de uma referência às revoluções ocorridas na arte
moderna em São Paulo, mas infelizmente ele “não cedeu de todo, na essência,
cedeu até muito pouco, mas em todo caso cedeu”. (Diário de Minas, Belo
Horizonte, 17 nov. 1926). Sua obra ainda estaria longe de se apresentar como uma
“arte saudável”, característica em pintores como Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral.
Aníbal Mattos já começava a perceber a necessidade de fugir “do lugar
comum”, ou seja, “modernizar-se”, contudo sua técnica ainda pecava pela
tranqüilidade “onde o óleo parecia correr de manso sobre águas rigorosamente na
interpretação da natureza”. (Diário de Minas, Belo Horizonte, 17 nov. 1926). O
ideal, para o colunista, seria que Aníbal Mattos conseguisse se aproximar das
teorias impressionistas sobre a luz, que “para nós são modernas, em relação ao
lento progresso da pintura mineira”. (Diário de Minas, 17 de novembro de 1926).
Mattos passa a ter sua obra questionada, onde
As serras são tratadas com vigor e emoção, já não apreciamos
tanto as duas Pedras Assentadas e Pontas de Pedra, não pela
execução que é ótima, mas pela própria matéria dos quadros que é
de um pitoresco duvidosamente artístico.” (Diário de Minas, Belo
Horizonte, 17 nov. 1926).
Estas obras assim analisadas seriam apenas anedotas que não deveriam atrair
um artista severo como Aníbal Mattos. O quadro, A pedra Assentadas no Itatiaia,
“assemelha-se
[a]
uma
enorme
melancia
disposta
sobre
a
montanha
condescendente”. O grande problema é que “nem tudo é pintável” afirmou o
colunista ironicamente “e o Sr. Aníbal sabe disso melhor que nós”. Tal comentário
tornou-se extremamente irônico porque, se Aníbal soubesse desse fato, não teria
escolhido o tema para sua pintura. O colunista ainda continua com suas
observações:
Água parada é uma coisa, triste e negra por demais. Tufão mostra
algumas árvores que mais parecem fantasmas inconscientes; não
tem casca nem cerne de medula, não são árvores de deveras. E
finalmente as duas ou três figuras que Sr. Aníbal expões
demonstram ainda uma vez que a figura não é o seu forte. (Diário
de Minas, Belo Horizonte, 17 nov. 1926).
A obra de Aníbal Mattos não pareceu sofrer grandes modificações, mesmo
com as críticas à sua forma tradicional de pintar e as comparações feitas à obra de
Tarsila do Amaral e de Di Cavalcanti. Na obra Casas Antigas [FIG. 5], de 1926,
Aníbal pintou os mesmos temas históricos e não modificou a representação, sendo
possível notar que o desenho ocupava uma parte muito reduzida do quadro. Mattos
buscou, na mistura destas, produzir a sensação de movimento.
Neste período, ele ainda organizava as Exposições de Belas Artes cuja
primeira havia sido organizada em 1917. Infelizmente, existem apenas informações
sobre a IV Exposição Geral de Belas Artes, realizada em 1928, na qual foram
expostos 249 trabalhos com a participação dos seguintes artistas: Sr. Aníbal Mattos,
organizador do certame, Amílcar Agretti, Aristides Agreth, Antenor Mendes de
Caxambu, Antonio Matos, grande Medalha de ouro do Salão Oficial, Agbail
Vivacqua, Belmiro Freire, Djanira de Seixas Coutinho, Guiomar Neves, Honório
Esteves (laureado pela Academia Imperial de Belas Artes), José dos Reis, Júlio
Jony Sodron, J. Arthur dos Santos, Jose Cadagalho, Laerte Soldone, Manuel Pena,
Noronha Horta, Noemia Esther de Almeida, Noemia de Vasconcelos, Edith Horta,
Odete Castelo Branco, Osório Belém. (Diário de Minas, Belo Horizonte, 09 jun.
1928).
A diferença entre a Quarta e a Primeira Exposição Geral de Belas Artes foi
a substituição de pintores consagrados no Brasil pelos residentes em Belo
Horizonte. A Sétima Exposição teve a presença do presidente Antonio Carlos e foi
inaugurada no salão nobre do Teatro Municipal. Patrocinada pela Sociedade
Mineira de Belas Artes, foram expostos 192 trabalhos com cerca de 26 artistas
mineiros. (Diário de Minas, Belo Horizonte, 03 abr. 1930).
A VII Exposição Geral de Belas Artes não foi, entretanto, recebida com o
mesmo entusiasmo pela crítica e apesar de Aníbal Mattos estar “sempre animado de
uma tenacidade e de um esforço dignos de outro meio”. (Diário de Minas, Belo
Horizonte, 03 abr. 1930). Em grande parte “infelizmente, nada apresenta capaz de
provocar admiração”. Para o autor não seria necessário um “conhecimento
minucioso” para perceber a falta de qualidade dos trabalhos. Bastariam, então,
“apenas as indicações de mediano bom gosto” e quem se desse um exame dos
trabalhos ali expostos veria que não se exagerava na afirmativa.
A culpa não seria, portanto, dos artistas mineiros, pois seria um absurdo
pretender que em Belo Horizonte, ou melhor, o Estado de Minas “onde a pintura é
coisa inteiramente desamparada, pudesse apresentar uma obra, sem discrepância,
merecedora de apresentações lisongeiras”. (Diário de Minas, Belo Horizonte, 03
abr. 1930). O colunista destacaria apenas os seguintes nomes: Belmiro Frieiro,
Amílcar Agretti e Maria Eugenia Goulart que, salvo engano, figuravam na
exposição pela primeira vez e apresentaram quadros de grande valor. (Diário de
Minas, Belo Horizonte, 03 abr. 1930). Para amenizar as críticas feitas à exposição
organizada por Mattos, o colunista mencionou ser compreensível em um ambiente
artístico ineficiente como o de Belo Horizonte um resultado inferior às produções
do Rio de Janeiro e São Paulo.
Por vezes, é difícil entender a reivindicação da crítica mineira que muitas
vezes comparava o padrão estético da obra dos artistas mineiros ao de modernos
como Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral como também com os clássicos como
Velásquez ou Rembrandt.
Para a crítica de arte de Belo Horizonte, a iniciativa de Mattos seria heróica
na persistência desses artistas que se mantinham firmes e resolutos do seu ideal, em
um meio de fraca envergadura estética, que pedia aos governos um esforço cultural
incessante a fim de elevar o seu nível. Para o colunista, entretanto, o único esforço
do poder público era o de ceder o “velho foyer do Municipal”. Dessa feita, a VI
Exposição Geral de Belas Artes teria apresentado um conjunto equilibrado, com
trabalhos apreciáveis e “dignos de figurar nos salões da capital, geralmente tão
pobres em matéria de pintura e escultura”. (Folha de Minas, Belo Horizonte, 09
dez. 1934).
Tornou-se recorrente o reconhecimento do esforço de Aníbal Mattos, mas
não sendo satisfatório o resultado estético das obras. “A grande arte de Phydias, dos
Rembrandt e dos Velásquez tem entre anos anualmente, os seus dias maiores, na
Exposição de Pintores de Minas, que um grupo devotado promove religiosamente.”
(Folha de Minas, Belo Horizonte, 09 dez. 1934).
As críticas às produções dos salões modificaram-se, pois muitas vezes os
colunistas passaram a escolher o ideal moderno e vanguardista para definir o
critério estético ideal. O termo vanguardista utilizado a seguir referiu-se muito mais
às modificações da arte moderna propostas pelos artistas da Semana de 1922. “Não
temos nenhum vanguardista do pincel. Os Picasso e Di Cavalcanti, aqui não
figuram com os seus excessos efêmeros.” (Folha de Minas, Belo Horizonte, 09 dez.
1934.) Especificamente sobre as obras de Aníbal Mattos, passou a ser recorrente o
seu apelo ao Impressionismo, além das poucas renovações feita em seus trabalhos.
“A sua paisagem é o domínio das massas e dos contrastes fortemente
impressionistas”. (Folha de Minas, Belo Horizonte, 09 dez. 1934). Nessa ocasião,
outros pintores receberam comentários às suas obras como Ângelo Biggi, “o
trabalhador infatigável que multiplica a sua vida entre decoração e a pintura, traznos uma boa messe, com retratos, natureza mortas e paisagens”. (Folha de Minas,
Belo Horizonte, 09 dez. 1934). A obra de Biggi foi reconhecida pelo seu “desenho
nítido e fiel, é um colorista precioso que apanha os mínimos matizes e os tons
menos sensíveis nessas pequenas obras-primas que são as suas naturezas mortas”.
(Folha de Minas, Belo Horizonte, 09 dez. 1934).
Belmiro Frieiro
é outro artista consciencioso e seguro do seu traço e da cor. É um
mestre para reter nas suas telas o nosso verde e colher flagrantes
deliciosos de uma leveza que lembra bem as tradições florentinas
na justeza e na elegância da concepção. Aquele trecho do Parque
(n. 48) ligeiramente empanado pela neblina é esplendido de
realidade e de graça. (Folha de Minas, Belo Horizonte, 09 dez.
1934).
Renato Augusto de Lima foi considerado pela crítica mineira como o “fino
esteta” pela produção do quadro A olaria ensolara que possui “encanto pelo
movimento e pela vida que estampa” com “perfeito jogo dos planos, resultado de
uma boa perspectiva”. (Folha de Minas, Belo Horizonte, 09 dez. 1934).
Delio Delpino, para G.A.Pereira, seria um artista de raça tendo exposto
trabalhos importantes como o Abrigo Ceará depois da Chuva.
A idéia foi magnífica e a realização lembra quase uma
fantasmagoria, copiada, aliás do natural. O fundo, entretanto,
poderia ter sido receado para um plano mais distante, o que
aumentaria o efeito geral. (PEREIRA, Folha de Minas, Belo
Horizonte, 09 dez. 1934).
A partir de 1937, a produção de Aníbal Mattos como pintor se reduz dando
espaço para o articulador do cenário artístico mineiro. A obra do pintor Aníbal
Mattos ainda está para ser estudada sendo necessário a criação de um instrumento
de pesquisa que consiga localizar as obras, datá-las e permitir que os pesquisadores
e o público em geral tenham acesso as mesmas.
Lista das imagens:
Figura 1: Aníbal Mattos. Paisagem com carro de bois. 1916. Óleo sobre tela, 153 x 212
cm. Centro de Referência do Professor - Praça da Liberdade. Belo Horizonte. MG.
Figura 2: Aníbal Mattos. Jardineiro. 1915. Óleo sobre tela. Coleção Particular.
Figura 3: Almeida Júnior. Caipira Picando Fumo. 1893. Óleo sobre tela, 70 x 50 cm
Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Figura 4: Aníbal Mattos. Chafariz. Ouro Preto. 1924. Óleo sobre tela. 1,97 x 1,35 cm.
Acervo Escola Estadual Pedro II. Belo Horizonte.
Figura 5: Aníbal Mattos. Casas Antigas. 1926. Óleo sobre tela. 47,5 x 38 cm. Acervo
Museu Mineiro. Belo Horizonte.
Fontes de Jornal:
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1938.
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Diário de Minas, Belo Horizonte, 03 maio 1924.
Diário de Minas, Belo Horizonte, 04 dez. 1924.
Diário de Minas, Belo Horizonte, 06 nov. 1923.
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Diário de Minas, Belo Horizonte, 29 set. 1923.
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Estado de Minas, Belo Horizonte, 23 abr. 1940.
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JARDIM, Alfredo. Pintores Brasileiros. Aníbal Mattos. Diário de Minas. Belo Horizonte,
08 de dezembro de 1924.
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artes plásticas na capital mineira. In: RIBEIRO, Marília Andrés. Um século de história das
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ÁVILA, Cristina. Aníbal Mattos e seu tempo. Belo Horizonte, 1991.
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Pós-Graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, 1999.
_____________________. Uma Breve História dos Salões de Arte. Da Europa ao Brasil.
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