Plano Geral
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Panorama histórico do cinema
no Espírito Santo
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SeSc Departamento nacional
Presidente do Conselho Nacional
Antonio Oliveira Santos
Diretor Geral
Maron Emile Abi-Abib
Diretor da Coordenadoria
de Educação e Cultura
Nivaldo da Costa Pereira
Gerente de Cultura
Márcia Costa Rodrigues
Coordenador Técnico
de Cultura para o ES
Marco Aurélio Lopes Fialho
SeSc Departamento regional
no eSpírito Santo
Organização
Gabriel Albuquerque
Preparação de texto
Regiane Pimentel
Coordenação editorial e edição de texto
Gabriela Cuzzuol Ribeiro
Assistência editorial
Leonardo Almenara
Leonardo Ribeiro
Colaboraram
Alice B. Gomes
Marcio Pessoa
Projeto gráfico, diagramação e capa
Fábio Birous (Estúdio Dr.Quem!)
Werllen Castro
Curadoria
Erly Vieira Jr
Gabriel Albuquerque
Apresentação
Marco Aurélio Lopes Filho
Introdução
Gabriel Albuquerque
Textos
Erly Vieira Jr
Revisão de texto
Vivian Plascak Jorge
Pesquisa
Equipe Booklet Edições
Leonardo Ribeiro
Leonardo Souza
Equipe Sesc/ES
Adryelisson Maduro
Gisele Bernardes
Leonardo Almenara
Presidente do Conselho Regional
José Lino Sepulcri
Diretor do Departamento Regional
Gutman Uchôa de Mendonça
Gerente de Cultura
Beatriz de Oliveira Santos
Coordenadora de Cultura
Colette Dantas
Gerente de Unidade
Paulo Neves Cruz
Assessor Técnico de Cinema
Gabriel Albuquerque
Assistente Técnico de Cinema
Leonardo Almenara
Estagiários de Cinema
Adryelisson Maduro
Gisele Bernardes
DaDos InternacIonaIs De catalogação-na-publIcação (cIp)
bIblIoteca central Da unIversIDaDe FeDeral
Do espírIto santo, es, brasIl
H673
plano geral — panorama histórico do cinema no espírito santo
/ erly vieira Jr, gabriel almeida albuquerque (org.). – 1. ed.
– vitória, es: centro cultural sesc glória, 2015. 178 p. Inclui
bibliografia.
Isbn: 978-85-69009-00-9
1. cinema – espírito santo (estado) – História. I. albuquerque,
gabriel almeida, 1978-.
cDu: 791(815.2)
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Plano Geral
Panorama histórico do cinema
no Espírito Santo
2015
Vitória, eS
Erly Vieira Jr
Gabriel Albuquerque (Org.)
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Booklet Edições
Sesc/eS
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Agradecimentos
aBD Capixaba
Alexandre Barcellos
Alexandre Serafini
Alice Gomes
Ana Murta
Angela Maria Battestin
Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (apeeS)
Biblioteca Adelpho Poli Monjardim
Cleber Carminati
Dalmo Roger Ferreira
Fábio Pirajá
Gabriela Alves
Gabriel Menotti
Heloisa Ribeiro
Joanna Nolasco Ribeiro
Joel Cuzzuol
Letícia Chamoun
Luiz Eduardo Neves
Luiz Tadeu Teixeira
Margarete Taqueti
Mirtes Angela do Nascimento
Orlando Bomfim Netto
Panela Audiovisual
Ricardo Salles de Sá
Rosana Paste
Samyra Lobino
Sérgio Dias
Terezinha Mazzei
Ursula Dart
Vitor Graize
Waldir Segundo
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Apresentação
Quando se fala de atividade audiovisual, a primeira coisa que nos
vem à cabeça é uma exibição de filmes. Mas, na prática, o Sesc realiza bem
mais do que isso. O seu diferencial, comparativamente a outras instituições,
públicas e privadas, está no fato de abarcar em seu escopo programático
ações sistematizadas variadas e de diversos perfis que contribuem para o
aumento do repertório simbólico dos indivíduos.
Talvez essa deva ser apontada como a principal razão para que o Sesc
seja constantemente reconhecido pelo público por seu profundo compromisso com as localidades onde está inserido. A publicação de Plano geral:
um panorama histórico do cinema no Espírito Santo, de Erly Vieira Jr, não só
corrobora essa argumentação como vem reafirmar o papel transformador
inerente à atuação da instituição na sociedade brasileira.
O que o Sesc apresenta ao público é um material amplo e consistente
sobre a produção cinematográfica espírito-santense, que abre a oportunidade
para a difusão e o aprofundamento de conhecimentos específicos relevantes e que se configura como um potente instrumento para a qualificação
da atuação de agentes culturais em todo o país, por trazer à tona não só
um levantamento, mas também uma rica reflexão acerca do cinema do
Espírito Santo.
Mais do que trazer um inventário, esta publicação opta por lançar mão
de um precioso texto analítico, minucioso e saboroso, capaz de criar um
diálogo pertinente da produção local com os diversos contextos culturais,
históricos e cinematográficos no qual ela está inserida.
Deve ser registrado também o caráter de ineditismo desse trabalho,
sobretudo por compreender a história do cinema no Espírito Santo desde
as suas origens até o ano de 2015 (data desta publicação), registrando assim
todo o seu lastro de ação. Trata-se de uma análise de expressivo fôlego e de
grande valia para o desenvolvimento de futuras ações do Sesc. Mas certamente não será útil apenas ao Sesc. Sua leitura atenta trará ricos subsídios
a agentes culturais das mais diversas montas, sem dúvida um instrumento
valioso para melhor entender a realidade em que estes atuam.
Deve-se registrar que a proposta do Plano geral encaixa-se como uma
luva nas políticas de ação do Sesc para a área do audiovisual por ofertar
uma valiosa contribuição em duas vertentes, uma horizontalizada, dedicada
ao desenvolvimento do cinema no Espírito Santo; e outra verticalizada, que
relaciona o cinema local ao contexto cinematográfico e cultural brasileiro.
Se considerarmos como um dos papéis mais importantes do Sesc o
fomento do interesse pela pesquisa, estudo e discussão de temas relacionados
à linguagem audiovisual, a presente obra adquire uma dimensão extraordinária ao propiciar, de uma só vez, tanto uma visão histórica quanto uma
análise crítica das produções espírito-santenses. E que fique bem evidente:
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isso, mais que um diferencial, é um elemento definidor e estruturante do
nosso trabalho.
Há um evidente traço de valorização da memória inerente ao tipo
de pesquisa realizado neste livro, mas deve-se salientar que a produção do
texto está impregnada de momentos reflexivos muito bem alinhavados.
Os temas tratados são vastos: filmes de ficções, experimentais, animações,
documentários, longas, curtas, 35 e 16 milímetros, digital, os cinemas de
rua, os cinemas multiplex, cineclubismo, cinefilia, o papel da universidade,
cinema amador, de gênero, enfim, nada escapa da pesquisa aqui empreendida. O trabalho desenvolvido consegue amarrar uma construção didática,
com divisões temporais bem distribuídas que organizam e ao mesmo tempo estimulam a leitura, pois jamais se esquece da atmosfera cultural e do
contexto histórico no qual foi engendrado cada período analisado.
De maneira geral, esperamos que a iniciativa do Sesc do Espírito Santo
sirva como um estímulo e uma semente para projetos semelhantes pelo
Brasil, e que a imagem do trem dos irmãos Lumière adentrando a estação
de La Ciotat − a mesma imagem que passeou soberbamente pelas veredas
do Espírito Santo, conforme podemos constatar no belo texto deste estudo
− possa descortinar e sensibilizar a imaginação de todos que se propuserem
a participar dessa deliciosa aventura pelo cinema do Espírito Santo.
Sesc Departamento Nacional
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Prefácio
Para além dos círculos interessados especificamente no cinema local,
parece que poucos se dão conta de que já temos quase 90 anos de imagens
em movimento produzidas no Estado, desde que foram captadas as primeiras imagens de um passeio de trem em Cenas de família, um conjunto
de tomadas silenciosas filmadas por Ludovico Persici, na década de 1920,
com o auxílio de seu invento, o Apparelho Guarany – uma máquina capaz
de filmar, projetar, copiar e medir o filme.
Ao longo desta viagem pela história do cinema espírito-santense, vimos
inúmeros ciclos cinematográficos surgirem e desaparecerem em meio à
luta dos realizadores capixabas por visibilidade para suas produções. Neste
sentido, muitas têm sido as tentativas de trazer luz à história do cinema
capixaba, sua produção e estratégias de difusão. Algumas publicações e
levantamentos de pesquisadores têm dado conta dessa trajetória, como o
livro de Fernando Tatagiba, ainda nos anos 1980, o livro de André Malverdes
sobre as salas de cinema do Espírito Santo e o catálogo da aBD Capixaba,
lançado durante a mostra A Vida é Curta, em 2007. Estes levantamentos
não só nos mostraram os sucessos, mas também os entraves que os realizadores sofreram para narrar e mostrar suas histórias. Com a publicação
deste Plano geral: panorama histórico do cinema no Espírito Santo, percebemos
que, apesar de termos conquistado novas fronteiras, com avanços que se demonstram na qualidade e quantidade de produções anuais que são lançadas
na internet, nos festivais e nos cineclubes, ainda encontramos dificuldades
em alcançar as salas de cinema e as telas de tV, onde o mercado parece se
esconder dos capixabas.
Inúmeros ciclos se sucederam desde as primeiras imagens silenciosas
de Ludovico em 1926, mas até o ano de 1966, quando se inicia o ciclo de
cinema amador, só conhecemos registros dos cines jornais e filmes institucionais. A paisagem mudaria radicalmente a partir de 1966, com a produção
de realizadores como Luiz Tadeu Teixeira, Ramon Alvarado, Paulo Torre
e tantos outros que nos brindaram com as imagens sufocantes da década
da repressão, embalados pelo jazz e o rock em noites insones pelos bares
boêmios da ilha.
Em um misto de poesia, romantismo e ativismo, os chamados anos de
chumbo viram surgir imagens em 16 milímetros e o cinema amador, que
era exibido junto aos clássicos e novos cinemas nos cineclubes na melhor
tradição cinéfila da época.
Porém, com o recrudescimento do cenário político, aquele ciclo
também se encerrou e o estado só passou a respirar cinema novamente a
partir da segunda metade da década de 1970 com alguns filmes esporádicos
dos incansáveis Luiz Tadeu e Ramon e a realização de alguns longas em
terras capixabas por realizadores de fora. Mas o final da década também
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trouxe Orlando Bomfim para o Espírito Santo, onde iniciaria uma série
de documentários sobre os imigrantes italianos de Santa Tereza, além de
Amylton de Almeida e seus impactantes documentários televisivos. O
movimento cineclubista universitário também floresceu entre 1978 e 1986,
com a participação ativa de Antônio Claudino de Jesus, Tião Xará, Marcos
Valério e muitos outros.
Além de ter apresentado as imagens de toda pobreza de São Pedro ao
mundo, o ciclo que se inicia em 1980 também trouxe novos questionamentos, especialmente por parte do grupo Balão Mágico, sobre quem detém o
poder da imagem – em uma prévia do que seria a então nascente pós-modernidade capixaba que se apropriou do movimento punk, utilizando-se do
lema do it yourself e das novas câmeras domésticas de VHS, que nos tornaram
produtores e consumidores vorazes de imagens em movimento com um
caráter de criação coletiva, cooperativa e experimental e questionando o
caráter conservador da sociedade local em plena abertura democrática.
A partir de 1990, apesar da grande crise que se abateu sobre o cinema
nacional com o fechamento da Embrafilme no início do governo Collor, o
cinema capixaba vivenciou um novo ciclo, com a tentativa de implantação
de um polo de cinema por intermédio de uma linha de financiamento pelo
Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo (Bandes), a criação da
Lei Rubem Braga, em 1991, e o surgimento do Vitória Cine Vídeo na capital.
E, enfim, nossa viagem chega ao século XXi, com a digitalização dos
equipamentos, possibilitando que mais e mais realizadores pudessem narrar
suas histórias para o mundo. A criação da aBD Capixaba no ano 2000 foi
um dos fatores importantes na consolidação da produção e difusão audiovisual local. A associação propiciou que os realizadores locais passassem
a perceber o poder de trabalhar em conjunto, influenciando em políticas
públicas que originaram editais e fortaleceram os mecanismos de fomento
à atividade no Estado.
A aBD Capixaba também é responsável pela Mostra Produção Independente, que privilegia há 10 edições os realizadores capixabas, fazendo
um trabalho de levantamento da produção audiovisual local por meio
do lançamento de DVDs Coletânea da Mostra e da revista Milímetros, na
qual acontecem discussões importantes para a produção cinematográfica capixaba.
Além disso, o movimento cineclubista vem crescendo desde o ano
de 2003, com a retomada nacional e a sua reorganização em um Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (cnc) e a reinclusão do Estado no
centro do movimento nacional com a presidência do cnc nas mãos de
um capixaba, Antonio Claudino de Jesus. Tivemos ainda nesta década o
surgimento do Cine Falcatrua, que iria projetar a atividade cineclubista
por meio do seu duelo com as majors, discutindo a questão dos direitos
autorais em tempos digitais.
Surgem ainda vários coletivos que começam a mudar as estratégias
de produção, não dependendo mais só de editais e leis de incentivo e
trabalhando de forma colaborativa, o que parece ser a nova cara da produção contemporânea.
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Atualmente, com o curso de cinema da Ufes, o cenário da formação
em audiovisual passa por uma mudança significativa. Com apoio do curso, o
setor se lança para novas experimentações que surgem aliadas às estratégias
de formação do curso. Um edital de longa-metragem tem possibilitado aos
realizadores locais a produção mais constante de longas; no entanto, estes
novos filmes ainda têm dificuldades em se inserirem nas telas de cinema
do país, devido ao alto custo da distribuição.
Constantemente, temos a impressão de estarmos recomeçando, quando
não um novo ciclo, um novo filme, uma nova série, um novo grupo, uma
nova parceria. No entanto, olhando para esta viagem que começou no trem
do Ludovico, vemos que já caminhamos e fizemos muito. Olhemos então
para o futuro e as novas possibilidades que se apresentam sem deixar de
olhar para trás e aprender com todos aqueles que vieram antes de nós e
que iluminaram as estradas com sonhos, imagens e sons. E que o público
possa seguir conosco em todas as telas.
Saskia Sá
Cineasta
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Introdução
Em 2014, quando as atividades do setor de cultura do Sesc/eS direcionaram suas forças para a ocupação do Sesc Glória, a equipe de cinema passou
a focar sua atenção máxima à produção local. Iniciou-se então uma pesquisa
que até aquele momento iria se ater somente ao mapeamento e catalogação da
produção financiada por recursos públicos estaduais e municipais, no Espírito
Santo, nos últimos cinco anos. Compreendendo que esses mecanismos são
alguns dos grandes responsáveis pela viabilidade da indústria de cinema e
audiovisual local e deparando-se com pouco volume de informações específicas disponível para pesquisa, o Sesc/eS identificou a necessidade de obter
um panorama abrangente dessa produção, inclusive, quantitativo.
Resolvemos, então, ir além. As informações levantadas até aquele
momento identificaram um crescimento na produção local, talvez em
função do barateamento da tecnologia necessária à produção, talvez pela
efetividade da política pública voltada para este segmento. Entre 2009 e
2014, a produção resultante de iniciativas públicas aumentou cinco vezes.
Este dado deixou claro que o Sesc estava diante de uma pesquisa instigante.
Para além do uso como referência interna, para autoria da programação
desse setor do Sesc/eS, existia a necessidade de se seguir levantando dados
e de publicá-los em seguida para o grande público.
Fomos em busca de várias referências importantes para compor este
levantamento, como todos os catálogos do Festival de Cinema de Vitória,
o Vitória Cine Vídeo, e os da Mostra Produção Independente da aBD Capixaba. Somente nessas duas fontes já foi possível vislumbrar décadas de
produções de cinema no Espírito Santo, com dezenas de títulos e autores
importantíssimos para este panorama.
A pesquisa histórica foi fundamental para compreender como o
cinema se desenvolveu no Espírito Santo: quem foram seus realizadores,
entusiastas, cineclubistas; qual foi a importância dos cineclubes, das salas
de cinema e das obras cinematográficas. Tal pesquisa contou com o valoroso
trabalho feito por Fernando Tatagiba, bem como o de André Malverdes,
ambos com narrativas riquíssimas sobre os bastidores da cena audiovisual
capixaba, do parque exibidor, dos lugares e das pessoas que compõem
esta história.
O trabalho Catálogo de filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo, realizado
pela aBD Capixaba em 2007, e a pesquisa para o catálogo 101 filmes capixabas
realizado pelo Panela Audiovisual, em 2014, contemplam uma diversidade
importante de filmes, sobretudo, se considerarmos somente os trabalhos
realizados em película no primeiro caso, assim como filmes mais recentes,
em formatos digitais, no segundo.
Uma quantidade considerável de títulos ainda escapou de todas essas
referências supracitadas e, para solucionar essa questão, contamos com a
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ajuda fundamental dos realizadores, pesquisadores, cineastas e colaboradores, incluindo a consultoria do professor, pesquisador e realizador de
cinema, Erly Vieira Jr.
A importância desta pesquisa é embasada no sucesso de alguns projetos gerenciados pelo Sesc/eS, que resultaram em estimativas bastante
importantes, entre os quais merece destaque o projeto O cinema vai à escola,
desenvolvido ao longo de sete anos, via parceria Sesc/eS e Secretaria de
Estado da Educação (Sedu), em que a equipe ia a campo, em mais de 100
escolas públicas do Estado, em cerca de 20 cidades. Essa iniciativa concluiu
que, mesmo em 2008, já era possível realizar oficinas de produção de vídeo
com os alunos do ensino médio. Naquele ano, aproximadamente 30% dos
estudantes possuíam um aparelho de telefone celular com câmera de vídeo
e praticamente todas as escolas já possuíam um laboratório de informática
com softwares básicos de edição. Este dado permitiu que se formassem grupos e que fossem produzidos vídeos com o equipamento de que os alunos
já dispunham. Em um período de seis anos, a percentagem de estudantes
que possuíam um aparelho de telefone celular chegou a 90%, dos quais
aproximadamente 30% utilizava esse equipamento para produzir vídeos.
Os jovens que atualmente estão cursando o ensino médio utilizam
tecnologia com mais desenvoltura e naturalidade do que seus pares de
qualquer outra época, ou mesmo os próprios professores. Segundo pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo para o Sesc, em 2013, a
cada 100 pessoas que possuem celular, 17 delas usam mais o aparelho para
fotografar ou filmar do que para realizar ligações telefônicas. O que esses
dados anunciam é uma mudança de hábitos interessante, que comprova a
importância da imagem no cotidiano e a inclusão do vídeo no dia a dia do
jovem contemporâneo, como linguagem de expressão.
Soma-se a essas informações o relevante fato de que o número de
produções realizadas no Espírito Santo, do ano 2000 até hoje, é três vezes
maior do que todas as produções de 1920 até 2000, somadas. A difusão, por
sua vez, ainda é um gargalo. Desde as décadas de 1980 e 1990 as salas de
cinema sofreram severas baixas, ficando com um número muito inferior
ao alcançado nas décadas anteriores, situação causada, em grande parte,
pela introdução dos novos sistemas de videocassete doméstico para ver
filmes alugados em locadoras de vídeo, entre outros fatores. O município
de Vitória, que já teve cinemas em vários de seus bairros, em meados de
1990 não tinha nem metade do que tivera outrora. Entretanto, de 1995 até
2008, no Brasil, o número de salas de exibição cinematográfica praticamente dobrou, passando de 1.033 para 2.063. Em 2007, o Brasil teve o 14º
maior público de cinema no mundo e a 15ª maior arrecadação de bilheteria,
segundo dados do Instituto Gênesis publicados em 2008.
Em 1994, após uma das maiores baixas da história no que diz respeito
ao cinema brasileiro, as verbas públicas destinadas à cultura aumentaram
consideravelmente no País. O impacto disso foi percebido no número de
produções de cinema desde então. Segundo pesquisa publicada pelo Instituto Jones dos Santos Neves, a participação nos gastos públicos executados
com cultura no Brasil demonstra que, entre 2004 e 2009, os municípios
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foram responsáveis por aproximadamente 50% do investimento, a união por
15% e os Estados por 35% do total. Ainda que deste total, mais de 50% seja
destinado à difusão cultural, em relação ao cinema, boa parte da produção
que de fato cresceu bastante, não chega às salas de exibição comerciais.
Embora Vitória seja umas das cidades com maior potencial exibidor do
País, dificilmente o cidadão comum irá se deparar com uma obra capixaba
em um dos cinemas espalhados pela cidade. A capital do Espírito Santo é
a segunda com a maior média de salas de cinema por habitantes no país,
com, aproximadamente, uma sala para cada 18 mil habitantes. Vitória está
no topo do ranking dos melhores mercados em ingresso de cinema per capita
no Brasil, com 2.8 ingressos por habitante, segundo dados publicados pelo
Instituto Gênesis, em 2008.
Segundo pesquisa do Sesc, a cada 100 pessoas que vão ao cinema no
Brasil, 14 delas dizem nunca ter visto sequer um filme brasileiro, 45 preferem filmes americanos, 33 preferem filmes brasileiros e 23 são indiferentes. Em 2014, o filme norte-americano Jogos Vorazes: Esperança – Parte
1 (Frances Lawrence, 2014) ocupou no fim de semana de sua estreia no
Brasil 50% das salas de cinema de todo país. Uma ação predatória contra
o cinema nacional.
É próprio do fazer cultural do Sesc ser uma instituição propositiva,
que considera a brasilidade como um dos critérios mais importantes ao
compor sua programação, zelando pela cultura nacional, como item fundamental da soberania de um povo, como elemento básico da formação da
autoestima e da cidadania de seus indivíduos, acreditando que a cultura
gera melhoria de vida e uma sociedade mais saudável para todos. Com
esta publicação, o Sesc realiza uma pequena homenagem a todos os artistas que, desde Ludovico Persici, com uma câmera concebida e produzida
com suas próprias mãos, na década de 1920, realizou a primeira filmagem
em solo capixaba até os mais jovens realizadores que, com seus recursos
digitais, constroem a história desta linguagem no Espirito Santo. Este livro
traz à luz pesquisas que incluíram mais de 400 filmes, bem como o texto
especializado de Erly Vieira Junior, que, de forma sábia e criteriosa, conta
detalhes fundamentais para o maior entendimento acerca da história do
cinema capixaba. Esta publicação não intenciona concluir o debate sobre
a trajetória do audiovisual capixaba, pois sabe-se que nada se conclui aqui.
Lançamos esta obra para os que virão, e para estes deixaremos a responsabilidade de compreender e contar o que está por vir.
Centro Cultural Sesc Glória
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Sumário
1926 — 1965, 20
23 ∙ Pioneiros da atividade cinematográfica no Espírito Santo
E, então, um trem resolve partir da estação..., 23
Em meio à invisibilidade, as primeiras imagens cinematográficas de Vitória,
28
Imagens do Espírito Santo durante o Estado Novo, 31
A era de ouro das salas de cinema no Espírito Santo, 34
Júlio Monjardim e o Jornal da tela, 37
39 ∙ Catalogação 1926 — 1955
1966 — 1979, 42
45 ∙ Da cinefilia à filmografia: sonhos e incertezas de uma geração
O ciclo de cinema amador nos anos 1960, 45
A resistência contracultural dos anos 1970 e o cinema ficcional, 50
Cinema documentário e cineclubismo: política e identidade no final da
década de 1970, 55
59 ∙ Catalogação 1966 — 1979
1980 — 1999, 65
67 ∙ Da chegada do vídeo à retomada do cinema capixaba
Onde está aquele povo barulhento?, 67
Do Balão ao Éden: a ascensão de uma nova geração, 69
Ficção e documentário: outros olhares, 72
E a década chega ao fim..., 73
A estagnação da era Collor, 74
A retomada do curta-metragem, 76
Videoarte e videoperformance, 79
Documentário, 82
Alternativas para a formação de novos realizadores, 82
85 ∙ Catalogação 1980 — 1999
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2000 — 2009, 92
95 ∙ Para o alto e avante: expansão e diversidade do cenário
audiovisual capixaba
O panorama pós-retomada, 95
A ampliação do circuito de festivais, 97
Novas salas de cinema e o renascimento do cineclubismo, 100
A geração da virada do século, 103
A produção dos veteranos, 107
Cinema de bordas, 109
A animação conquista espaço, 109
Uma nova geração de documentaristas, 111
A produção universitária, 113
Os primeiros coletivos juvenis, 114
Cinema e vídeo experimental, 116
Mangue negro e a renovação do cinema de horror brasileiro, 117
120 ∙ Catalogação 2000 — 2009
2010 — 2015, 137
139 ∙ Aqui, agora e daqui em diante
O boom dos longas digitais, 139
Novas perspectivas para o curta-metragem, 142
Um cinema jovem: os coletivos culturais e o curso de cinema da Ufes, 144
Novos caminhos para o cinema ficcional, 148
Engajamentos e tensões no cinema do real, 150
Documentários sobre esportes, 152
Animações e filmes experimentais, 152
A ascensão das webséries, 155
157 ∙ Catalogação 2010 — 2015
Referências Bibliográficas, 177
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1926
— 19
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1965
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Pioneiros da atividade cinematográfica
no Espírito Santo
E, então, um trem resolve partir da estação...
Década de 1920, começo do século passado. Um maquinista desce da
locomotiva, em meio à fumaça. Outro homem, agachado em frente ao trem,
aparentemente posando para a câmera, é retirado do meio dos trilhos por
ele. Na cena seguinte, em que um homem de chapéu caminha em direção
à câmera, o letreiro ao fundo revela onde estamos: na estação Coutinho,
integrante da Estrada de Ferro Leopoldina, no Ramal Sul do Espírito Santo.
É nessa estação que os passageiros vindos da cidade de Castelo costumavam
fazer baldeação para o trem que os levaria a Cachoeiro de Itapemirim e
Vitória. A pequena fila de passageiros esperando para embarcar é mostrada
em um take panorâmico, tremido e inquieto. Por volta de 20 segundos de
filme, a câmera fixa mostra a partida do trem de ferro, para, em seguida,
posicionar-se à janela de um dos seus vagões e nos conduzir por um passeio de 19 minutos, não somente pelo sul do Estado, mas também pelos
pequenos eventos cotidianos vivenciados por uma família da região em
viagem de férias, quase um século atrás.
Essas são as primeiras imagens de Cenas de família, um conjunto de
tomadas silenciosas filmadas por Ludovico Persici, entre 1926 e 1929, nas
cidades de Castelo, Cachoeiro de Itapemirim e na praia de Marataízes.
Trata-se do mais antigo conjunto de imagens em movimento produzidas
no Espírito Santo, que conseguiram chegar aos nossos dias. Possivelmente, estão aí os primeiros planos filmados por Ludovico em seu Apparelho
Guarany, já que as Cenas de família começaram a ser produzidas no mesmo
ano em que ele finalizou seu invento. Outro filme desse realizador que
sobreviveu à posteridade, um faroeste denominado Bang Bang (rodado em
Conceição do Castelo e cujas imagens hoje em dia encontram-se quase
totalmente desaparecidas), também data de 1926. Na falta de registros mais
exatos, não é possível afirmar com certeza qual dos dois filmes começou
a ser realizado primeiro.
Ainda sobre Cenas de família, também não se sabe ao certo qual era o
nome original do filme, nem se era um curta-metragem finalizado ou o
fragmento de um trabalho de maior fôlego. No entanto, a importância do
material se justifica por uma série de fatores – em especial por ter sido
produzido por aquele que talvez tenha sido o único cineasta capixaba da
primeira metade do século XX, além de um notável e aperfeiçoador de
equipamentos cinematográficos.
Filho de um relojoeiro, do qual herdou a profissão, Ludovico Persici
nasceu em Alfredo Chaves, sul do Espírito Santo, em 1899. Desde criança,
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cenas de Família
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manifestava interesse por montar e desmontar equipamentos mecânicos,
com o objetivo de entender o seu funcionamento – e, por vezes, executava suas próprias invenções. Por volta de 1908, a chegada de um exibidor
itinerante à cidade proporcionou ao menino uma experiência transformadora: fascinado pelo cinematógrafo, ele pede ao forasteiro alemão que lhe
explique seu funcionamento, e dele ganha, além da explicação, um pedaço
de filme. Nos anos seguintes, enquanto residia em várias cidades do sul do
Estado, exercendo os ofícios de relojoeiro e ourives, persistiu na obsessão
de construir seu próprio equipamento audiovisual.
O exercício da função de projecionista no único cinema da cidade
de Castelo, já nos anos 1920, continuou alimentando esse desejo e, depois
de longas madrugadas de trabalho, eis que em 1926, a partir de latas de
manteiga e lentes que ele próprio construiu, Persici finaliza o Apparelho
Guarany – uma máquina capaz de filmar, projetar, copiar e medir o filme,
além de tocar uma campainha anunciando o final da projeção. No ano
seguinte, ele obtém, no Rio de Janeiro, a patente do seu invento, que era
revolucionário exatamente por reunir, em um único aparato, as funções
de tantas máquinas diferentes. Todavia, mesmo com um certo apoio da
imprensa da época, não conseguiu obter patrocinadores para produzir sua
criação em larga escala. Entre os fatores que explicam o desinteresse em
apoiar a empreitada, tanto da parte do poder público quanto da iniciativa
privada, encontram-se a fragilidade da indústria nacional no período e,
especialmente, do campo cinematográfico, que ainda não havia se estabelecido como indústria, em um mercado dominado pela maioria esmagadora
de produções norte-americanas.
Após um período em Belo Horizonte, Persici retorna ao Espírito Santo, então sem a máquina, em 1935. Nunca se soube do paradeiro desta, e o
falecimento precoce de seu inventor, vitimado pela tuberculose em 1944,
enterrou de vez a possibilidade de encontrá-la. A monografia da jornalista
Patrícia Bravin, Ludovico Persici e a origem do cinema no Espírito Santo (2006),
traz um estudo biográfico mais aprofundado sobre o cineasta.
Nos anos posteriores à invenção do Apparelho Guarany, Persici o
utilizou para realizar seus próprios filmes, muitas vezes exibidos em um
galpão atrás de sua residência, em Castelo, que funcionava como um cinema improvisado. Não se pode afirmar exatamente quantas obras foram
produzidas, já que a maior parte desse material se perdeu, assim como a
maioria da produção do cinema silencioso ao redor do planeta, em uma
época em que ainda não havia cinematecas e outros órgãos destinados à
preservação de filmes e documentos históricos da área.
Durante muito tempo, acreditou-se que seu único filme conhecido era
Bang Bang, que teve alguns pequenos trechos incluídos no documentário A
máquina e o sonho (1974), realizado pelo crítico e cineasta carioca Alex Viany,
dedicado a retratar a vida e obra do cineasta e inventor capixaba. Se o nome
de Ludovico havia caído no ostracismo com o passar dos anos, o curta de
Viany não só reacendeu o interesse pela obra deste criador, como também
trouxe uma série de informações bastante relevantes, como o fato de Bang
Bang talvez ter sido o primeiro faroeste realizado no Brasil, muito antes do
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ciclo de filmes do gênero realizados nos anos 1950-1960 e iniciado com o
paulista Da terra nasce o ódio (1954), de Antoninho Hossri.
No livro Memórias de um médico da roça (1965), Ciro Vieira da Cunha
afirma que Ludovico foi o roteirista, fotógrafo (sua habilidade com a fotografia foi elogiada por Viany) e diretor do filme, ensinando aos atores, em
sua maioria trabalhadores rurais e comerciantes de Conceição do Castelo,
a cair sobre as mesas, dar socos e pontapés.
A descoberta de Cenas de família, há pouco mais de dez anos, deu-se
de forma quase acidental: o pesquisador José Eugênio Vieira estava trabalhando em um livro sobre a história de Castelo, quando, em meio a uma
entrevista, soube da existência da obra, cuja única cópia encontrava-se na
Bahia. Como esse material ficou durante anos em uma sacola plástica, cerca
de três minutos dele foram perdidos por conta de mofos e fungos. A partir
do que restou, foi gerado um internegativo, que possibilitou uma cópia
no formato 16 mm, posteriormente digitalizada, num processo que durou
cerca de dois anos e teve a supervisão da cineasta e pesquisadora capixaba
Margarete Taqueti. Segundo ela, o material não possuía um nome, e foi
batizado como Cenas de família pelos técnicos do laboratório que realizou o
restauro. Em agosto de 2008, aconteceu sua primeira exibição pública, num
evento realizado no Palácio Anchieta. Atualmente, existem cópias digitais
do material em posse do Arquivo Público Estadual (ape-eS), bem como
disponíveis no YouTube, onde está acessível gratuitamente a qualquer pessoa.
O filme divide-se em duas partes: a primeira, que dura cerca de 14
minutos, com os registros de viagem, incluindo imagens no litoral e na
cidade grande; e a segunda parte, anunciada por um letreiro: “Panoramas da
Fazenda Exame, propriedade do Sr. José Mussi”. Principalmente na primeira
sessão, vemos o registro de vários flagrantes cotidianos: pessoas dançam,
reúnem-se para ouvir uma mulher tocando concertina, mergulham no mar
com seus maiôs e chapéus da época, riem, leem jornais. Alguns homens,
mais jovens, trocam socos de brincadeira e abraços carinhosos, contrastando
com a formalidade do conjunto paletó e gravata. Vemos também as casas
das pequenas cidades, o interior das lojas, uma estrada em construção (possivelmente a que liga Castelo a Muniz Freire) e até mesmo alguns carros e
um bonde nas ruas de uma cidade grande, até hoje não identificada. Seria
Cachoeiro do Itapemirim? Ou quem sabe Vitória, destino final da linha do
trem? Por vezes, essas pessoas parecem desfilar e, em outros momentos,
chegam a olhar para a lente e interagir com a câmera, como se já estivessem
familiarizadas há muito tempo com a presença dela em suas vidas. Alternam-se poses fotográficas com momentos mais espontâneos – e, às vezes
as duas coisas ao mesmo tempo, como a família que posa como se fosse
para uma fotografia, enquanto as crianças menores refestelam-se com suas
cadeiras de balanço, roubando a atenção do espectador por alguns instantes.
Essas imagens, ao menos na primeira parte, são entremeadas com
tomadas da paisagem vista pelo trem em movimento, como se nos indicasse
o percurso da viagem. O fato de que o conjunto das primeiras imagens
cinematográficas realizadas no Espírito Santo registram um trem partindo
da estação nos remete à temática presente nas primeiras imagens dos irmãos
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Lumière, inventores do cinematógrafo, em seu A chegada do trem na estação
(1895), considerado por muitos o primeiro filme de todos os tempos1.
Claro que há toda uma diferença entre o contexto do primeiro cinema dos Lumière e aquele em que Persici faz suas filmagens, três décadas
depois. Afinal, estamos tratando de um realizador e de atores/figurantes
que já eram espectadores do modo narrativo clássico, hegemônico a partir 1915, graças ao cinema de Hollywood. Todavia, se não é possível falar
exatamente em “primeiro cinema” ao analisar o Cenas de família, pode-se
enquadrar as imagens do capixaba em um contexto de filme de registro,
que muito dialoga com uma certa vertente documentarista ainda bastante
popular no início do século XX.
Entre os primeiros filmes realizados, ainda no século XiX, há uma
fartura de eventos cotidianos e vistas de pontos turísticos dos diversos
cantos do planeta – como podem confirmar as primeiras imagens feitas no
Brasil, ainda em 1897, por José Roberto da Cunha Salles e Vittorio di Maio,
no Estado do Rio de Janeiro2. Esses filmes eram recebidos pelo público do
final do século XiX com grande interesse, exatamente por dialogarem com
a experiência nascente das metrópoles modernas, em termos de experiência
sensória, emocional e narrativa. O cinema surge em meio a todo um con1 Há uma série de controvérsias sobre qual seria o primeiro filme de todos os tempos.
Já em 1888, o francês Louis Le Prince filmou, em Leeds, no Reino Unido, 52 fotogramas
(cerca de 2 segundos) em papel fotográfico, em seu Roundhay Garden Scene, que não chegou
a ser exibido publicamente na época. Em 1890, William Kennedy Dickson, funcionário de
Thomas Edison, começou a realizar pequenos filmes experimentais, com seu cinetógrafo,
que daria origem, no ano seguinte, ao cinetoscópio, também de Edison. Ainda em 1891,
começam a ser produzidos os primeiros filmes de curta duração para o cinetoscópio, que
permitia ao espectador ver as imagens através de um pequeno visor. O cinematógrafo
dos irmãos Lumière dá um passo adiante, ao incorporar a ideia da projeção de imagens
ampliadas, em uma sala escura − cuja única fonte de luz seria a do projetor − o que torna
a experiência da exibição coletiva, e não mais individual, como no cinetoscópio. O dispositivo proposto pelos Lumière, que acabou se consolidando como o formato hegemônico
do cinema, teve sua primeira sessão pública em 28 de dezembro de 1895. Todavia, ainda
há outras controvérsias: a de que o inventor Charles Francis Jenkins havia inventado
um projetor antes, o phantoscope, cuja primeira exibição pública teria sido realizada em
junho de 1894; e a de que A chegada do trem na estação não teria sido exibido na primeira
sessão de cinema, uma vez que não consta do programa de dez filmes projetados naquela
noite, mas sim, teria sido apresentado ao público em janeiro de 1896. De qualquer modo,
o impacto do filme junto aos espectadores ajuda a estabelecer seu lugar no imaginário
geral como o “primeiro filme de todos os tempos”. Já a primeira sessão do cinematógrafo
em terras brasileiras aconteceria em 8 de julho de 1896, por iniciativa do exibidor belga
Henri Paillie, que na ocasião projetou oito filmetes com vistas de cidades europeias, numa
sala alugada na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro.
2 Durante muito tempo acreditou-se que as primeiras filmagens em solo brasileiro
ocorreram por iniciativa do cinegrafista italiano Affonso Segreto, em junho de 1898, ao
registrar de um navio algumas vistas da Baía de Guanabara. Affonso era irmão de Paschoal
Segreto, dono da primeira sala de exibição cinematográfica no Rio de Janeiro. Estudos
recentes indicam que, na verdade, um conjunto de filmes realizados por Cunha Salles e
Vittorio di Maio haviam sido exibidos em Petrópolis, um ano antes – mais precisamente,
no dia 1º de Maio de 1897, conforme registra o anúncio na edição daquele dia da Gazeta
de Petrópolis. Entre eles, está Ancoradouro de pescadores na Baía de Guanabara, do qual estão preservados, no acervo do Arquivo Nacional, 24 fotogramas, o que faz dele o filme
brasileiro mais antigo a ter chegado aos dias de hoje.
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junto de atrações da virada do século, e sua forma de criar relatos sobre o
mundo bebia diretamente de outras formas modernas de entretenimento
populares do período, como o vaudeville, o jornalismo popular e até mesmo
as estratégias cenográficas e narrativas que buscavam envolver o público
nos grandes panoramas e nos museus de folclore e de estátuas de cera.
Em meio a todas essas atrações, os filmes de registros de viagens faziam imenso sucesso, chegando a constituir um gênero próprio e bastante
popular: o travelogue. Contudo, a partir do final da década de 1910, o interesse pelas paisagens exóticas se esgotaria, e o foco dos filmes de viagem
passa a ser a dimensão humana, para os hábitos e costumes das pessoas. E
esse interesse pelo cotidiano resultaria numa farta produção de “filmes de
família”, como o passeio de trem com o qual Persici inauguraria a filmografia produzida no Espírito Santo.
Em meio à invisibilidade, as primeiras imagens cinematográficas de Vitória
Se na década de 1920 o trem de Ludovico Persici parecia anunciar
um futuro cinematográfico promissor, a década de 1930, no Espírito Santo,
parece esquecer o assunto. Nesse período, praticamente não há produção
audiovisual no Estado, ao contrário de outras regiões brasileiras, que viram
florescer, durante as primeiras décadas do século XX, uma série de ciclos
regionais, com ênfase em filmes ficcionais – com destaques para as cidades
de Pelotas (1913-14) e Porto Alegre (1925-33), no Rio Grande do Sul; Recife
(1923-31), em Pernambuco; e Cataguases (1925-29), em Minas Gerais, que
revelou ao país o talentoso cineasta Humberto Mauro. Esses ciclos, apesar
da curta duração, proporcionaram momentos importantes para a consolidação de uma filmografia nacional, antes mesmo das primeiras tentativas
de se estabelecer uma indústria cinematográfica no país, a partir da criação
da Cinédia, em 1929.
Antes disso, o cinema nacional havia tido um breve e intenso período
de sucesso comercial: trata-se da Belle Époque do cinema brasileiro, ocorrida
no Rio de Janeiro, entre 1907 e 1911, quando centenas de filmes “naturais”
(documentários) e “posados” (ficcionais) – para usar a nomenclatura popularizada na época – foram produzidos. Naquele momento, ainda não
havia interesse de distribuidoras estrangeiras no mercado brasileiro, o que
permitiu uma aliança entre produtores e exibidores locais, de modo que o
cinema nacional ocupasse a maioria esmagadora das telas.
Contudo, a partir da década de 1910, começaram a se instalar no Brasil distribuidoras estrangeiras, oferecendo o melhor do cinema europeu
e norte-americano de então. Este último, favorecido pela interrupção da
produção europeia durante a Primeira Guerra Mundial, acabou se tornando
hegemônico a partir do final da década, como parte de um projeto ambicioso de Hollywood para dominar os diversos mercados estrangeiros com
sua ampla oferta de filmes. Segundo Rubens Machado, no texto “O cinema
paulistano e os ciclos regionais Sul-Sudeste (1912-1933)”, a participação
norte-americana no mercado cinematográfico brasileiro era de 71% já em
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1921, atingindo 86% em 1929. Sem muito espaço nas telas (em torno de 2%
do mercado), a produção nacional minguava nesse período, concentrandose basicamente nesses ciclos regionais esporádicos.
A chegada do cinema sonoro (surgido em 1927) ao Brasil, no começo
dos anos 1930, anima alguns produtores a tentarem implantar um modelo
industrial, ainda que bastante rudimentar, no contexto nacional. A quase
totalidade da produção nacional estava, nesse período, concentrada no Rio
de Janeiro. Adhemar Gonzaga funda a Cinédia, cujo primeiro filme, Lábios
sem beijos (1930), seria dirigido por Humberto Mauro. Pouco adiante, em
1933, Carmem Santos cria a Brasil Vox Filmes, que seria rebatizada dois
anos depois como Brasil Vita Filmes.
Embora conseguissem obter sucesso com alguns de seus filmes, como
as comédias musicais ancoradas em cantores famosos, como Carmem
Miranda, Francisco Alves e Ary Barroso, estrelas de Alô, Alô, Brasil, grande
sucesso em 1935, essas iniciativas, contudo, não durariam muito tempo.
A Cinédia, aliás, seria uma exceção entre as produtoras, conseguindo se
manter por algumas décadas, com ocasionais sucessos de bilheteria, além
de esporádicas aberturas a filmes mais autorais, como os clássicos Ganga
bruta (1933), de Humberto Mauro, e Limite (1931), de Mário Peixoto, representante solitário do cinema de vanguarda no Brasil. O filme de Peixoto,
um melodrama experimental mudo, obteve pouquíssima repercussão em
seu lançamento, e somente iria adquirir o status de obra-prima a partir do
final dos anos 1970, quando seria relançado e apresentado às novas gerações,
após um processo de restauro que durou quase vinte anos.
Na ausência de um ciclo regional, a filmografia capixaba praticamente
inexistiu nos anos 1930. Talvez a única exceção sejam as imagens realizadas
em 1938 por Luiz Gonzáles Batan3, oficialmente consideradas as mais antigas
produzidas na cidade de Vitória. Elas se filiam totalmente ao subgênero
dos “filmes de família”: trata-se de um conjunto de dez minutos de cenas,
mudas e em preto e branco, que reúnem momentos cotidianos e tomadas de
locais pitorescos de Vitória, como o Parque Moscoso, o porto de Vitória, um
campo de futebol e crianças brincando na praça Costa Pereira4. Batan vendia
equipamentos hospitalares, como representante da Casa Lohner. Um dia,
a empresa enviou-lhe uma câmera 16 mm para que revendesse a médicos
interessados, que ele acabou utilizando para registrar essas imagens. Quase
três décadas depois, elas foram exibidas publicamente sob o nome de Vitória,
1938, por iniciativa de seu filho mais novo, o cineasta Ramón Alvarado, que
3 Cf. “Para quem tem olhos para ver: O cinema no Espírito Santo” (2002), de Luiz Tadeu
Teixeira.
4 Muito provavelmente, devem existir outros registros cinematográficos realizados por
fotógrafos profissionais no Espírito Santo nesse período, no âmbito dos “filmes de família”
e de registro, especialmente por fotógrafos profissionais, que se aventuraram com o equipamento de 16 mm. Há relatos, por exemplo, de latas de filmes com imagens realizadas
em Vitória e Campo Grande (bairro do município de Cariacica) há mais de 60 anos, por
Alfredo Mazzei, um dos mais importantes nomes da fotografia capixaba das décadas de
1930, 1940 e 1950. Esse material está em posse de seus herdeiros, que atualmente buscam
recursos para sua catalogação e digitalização. Todavia, somente as imagens captadas por
Batan vieram efetivamente a conhecimento público.
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Luiz Gonzáles Batan (na primeira imagem) e duas cenas de seu filme
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viria a ser um dos principais nomes do ciclo cinematográfico capixaba dos
anos 1960. E são essas imagens silenciosas que relatam aos espectadores do
presente um pouco das situações, dos gestos e dos hábitos vividos naquele
período de invisibilidade quase total para o cinema capixaba.
Imagens do Espírito Santo durante o Estado Novo
As diversas tentativas de se implantar uma indústria cinematográfica brasileira, entre as décadas de 1930 e 1950, esbarraram em uma série
de fatores, envolvendo distribuição e exibição de filmes, que favoreciam
o produto estrangeiro (majoritariamente hollywoodiano), em detrimento
do equivalente nacional. Repetia-se no Brasil uma situação similar à de
inúmeros outros países que sofriam a pressão norte-americana diante
de um de seus mais importantes produtos de exportação. Esse processo,
ocorrido em escala mundial, no Brasil foi ampliado pela liberação de taxas
alfandegárias para filmes estrangeiros, em troca da importação de produtos
agropecuários brasileiros pelos Estados Unidos.
Cada vez mais, salas de cinema brasileiras mantinham uma programação exclusivamente norte-americana, atendendo às demandas de um
público amplo, que se acostumava a ler legendas. “Pra que testar o potencial
de bilheteria de um filme nacional, se Hollywood oferece diversas opções
de sucesso certo, estreladas por seus mais cobiçados astros e estrelas?”,
perguntavam-se os principais exibidores locais. As políticas de “boa vizinhança” praticadas durante a Segunda Guerra Mundial (as mesmas que
trouxeram Orson Welles para rodar um filme em terras brasileiras, que
permaneceria inacabado) escondiam uma série de intensas pressões econômicas exercidas pelos interesses norte-americanos sobre o Estado Novo
de Vargas, que nada lembravam a cordialidade e cumplicidade da amizade
entre Pato Donald e Zé Carioca nos filmes da Disney, Alô, amigos (1942) e
Você já foi à Bahia? (1944). Ah, se os quindins de Iaiá pudessem falar, quanta
coisa eles não teriam pra contar...
Ainda assim, a década de 1940, para o cinema nacional, é marcada
por duas tentativas de se criar grandes estúdios legitimamente brasileiros,
que conseguissem de alguma forma romper o monopólio estrangeiro na
distribuição e exibição de filmes, ambas no eixo Rio-São Paulo. Em 1941, é
inaugurada a Atlântida, no Rio de Janeiro, que ficaria célebre por suas chanchadas de grande apelo popular, gerando um star-system próprio, ancorado
em comediantes como Oscarito, Grande Otelo e Dercy Gonçalves. Em 1949,
é a vez da Vera Cruz, no Estado de São Paulo – mais precisamente, em São
Bernardo do Campo –, que centrava-se em dramas superproduzidos, com
ocasionais comédias, como os três primeiros filmes estrelados por Mazzaropi.
Já a Cinédia, inaugurada na década anterior, emplacaria, em 1946, um
estrondoso sucesso: O ébrio, dirigido por Gilda de Abreu e estrelado pelo
cantor Vicente Celestino. O filme ficaria mais de três décadas em cartaz,
uma sobrevida comercial garantida pelas então numerosas salas de cinema
no interior do país, e atingiria a impressionante marca de oito milhões de
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espectadores. Com o sucesso das chanchadas da Atlântida e de filmes como
O ébrio, as décadas de 1940 e 1950 seriam, depois da Belle Époque do cinema
nacional ocorrida em 1907-1911, o segundo período na história do cinema
brasileiro em que a produção nacional conquistava o grande público (outros
dois momentos importantes seriam o boom das pornochanchadas, nos anos
1970, e a chegada da Globo Filmes, a partir de 2002).
Por outro lado, as medidas tomadas pelo governo federal para tentar
proteger o cinema nacional, durante esse período, foram, em sua maioria,
pífias – uma rara exceção foi o decreto de 1932 que obrigava as sessões de
filmes estrangeiros a exibirem um curta-metragem nacional como complemento, geralmente um cinejornal. Aliás, sem a possibilidade de ciclos
regionais como os das décadas anteriores, a produção na maioria dos Estados brasileiros restringia-se aos cinejornais e eventuais documentários,
muitas vezes produzidos por órgãos públicos, como o Instituto Nacional de
Cinema Educativo (ince), cuja produção de documentários era capitaneada
pelo pioneiro Humberto Mauro, até então famoso por seus melodramas
produzidos no Ciclo de Cataguases e na Cinédia. Humberto Mauro realizaria 357 filmes para o ince, sendo 239 deles produzidos entre 1936, ano
de criação do órgão, e 1947. Apenas um deles, contudo, enfocaria o Espírito Santo, ainda que rapidamente: o curta-metragem O ensino industrial no
Brasil – M.E.S. (1945), que mostrava algumas imagens do prédio da então
denominada Escola Técnica de Vitória.
Somente em 1942 seriam realizados dois documentários sonoros enfocando temas capixabas, por meio do Gabinete de Cinema do Serviço de
Informação Agrícola (Sia), do Ministério da Agricultura, que tinha sede no
Rio de Janeiro. Trata-se dos curtas-metragens Vitória, a capital do Estado do
Espírito Santo (N. 183) e Aspectos turísticos da capital do Estado do Espírito Santo
(N. 184), ambos disponíveis no YouTube para o público em geral. Segundo
a Enciclopédia do cinema brasileiro (2000), este órgão foi um dos principais
centros de produção de documentários no Brasil durante o governo de
Getulio Vargas, ao lado do ince e do Dip (Departamento de Imprensa e
Propaganda). Sob o comando de Lafayette Cunha (que assina a fotografia
de ambos os filmes) e Pedro Lima, o Sia realizou diversos filmes em todo
o país, retratando não só as atividades do ministério, mas também aspectos
da agricultura, pecuária, expedições científicas e informações turísticas –
como no caso dos filmes citados.
Esses documentários, que fazem uso de narração em off, detalhando
informações históricas e geográficas, apresentam, em um tom entre o
jornalístico e o didático, alguns dos principais pontos da Grande Vitória: o
Convento da Penha, a Fortaleza de Piratininga (atual sede do 38º. Batalhão
de Infantaria do Exército), a então recém-construída Estrada do Contorno (atual Rodovia Serafim Derenzi), o centro de Vitória, a antiga pista de
terra batida do Campo de Aviação de Vitória e até mesmo o pouso de um
hidroavião, em Santo Antônio.
Esquecidos durante décadas, tanto esses dois curtas-metragens de
Lafayette Cunha quanto o de Humberto Mauro não são mencionados em
nenhum outro texto que conte a história do cinema local. Nem são propria-
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aspectos turísticos da capital do es
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mente capixabas, já que surgem como parte de uma iniciativa do governo
federal para estimular o turismo no Estado. Todavia, são filmes bastante
populares na internet, frequentemente compartilhados em sites, redes sociais
e comunidades frequentados não necessariamente por cinéfilos, mas sim
por interessados em imagens antigas (fotografias, vídeos) do Espírito Santo.
E é bastante revelador que sejam as únicas imagens rodadas no Estado,
nesse período, atualmente disponíveis para consulta: em uma época em
que os acontecimentos culturais locais mais relevantes incluíam concursos
para a eleição do “Príncipe dos Poetas Capixabas” (organizado pelo jornal
A Tribuna e vencido em 1941 por Narciso Araújo), a modernidade que batia
às portas dos grandes centros urbanos nacionais ainda teria que esperar
um pouco mais para poder ecoar em um Estado cuja capital ainda era um
recanto pitoresco e bucólico, com pouco mais de 45 mil habitantes. Ou no
máximo, poderia ser testemunhada à distância, pelas telas de cinema, em
algum telejornal ou chanchada da Atlântida.
A era de ouro das salas de cinema no Espírito Santo
Em 1950, a população da cidade de Vitória estava na casa dos 50
mil habitantes, pouco mais que o dobro de trinta anos antes. Embora o
pequeno porte da cidade à época possa ser um argumento para justificar
a quase inexistência de produções cinematográficas até meados da década
de 1960 (com exceção para os cinejornais a partir do final dos anos 1940),
nesse período houve grande efervescência em seu parque exibidor, o que
foi essencial na formação do público de cinema capixaba.
A história das salas de exibição de rua na Grande Vitória pode ser
dividida em três momentos principais.5 No primeiro momento, ocorrido
nos primórdios do século XX, predominavam os exibidores itinerantes e
improvisados (há registros de ocasionais sessões no Teatro Melpômene
em 1901), em uma cidade ainda em formação, bastante carente de obras
de infraestrutura e saneamento. Entre as exceções do período, está o Éden
Cinema, o primeiro cinematógrafo permanente de Vitória, inaugurado em
1907, que funcionava dentro do Éden Parque − um complexo que incluía
ainda jardim, bar, bilhar e apresentações musicais. Nesse período, as sessões
que, em sua maioria, apresentavam documentários silenciosos, eram acompanhadas por efeitos sonoros. O sonoplasta ficava atrás da tela e fazia uso de
vários materiais reunidos em uma espécie de “mesa de ruídos”, simulando,
por exemplo, trovoadas ao jogar grãos de arroz em uma placa de zinco.
No segundo momento, entre as décadas de 1930 e 1960, aumenta significativamente o número das salas de cinema, então vistas como símbolo
de modernização e urbanismo. Esse status era conferido principalmente às
salas do centro de Vitória, onde se localizava a sede administrativa e o coração
5 Sobre a história das salas de exibição de rua na Grande Vitória, ver: No escurinho do
cinema (2008), do historiador André Malverdes, e História do cinema capixaba (1988), de
Fernando Tatagiba.
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Cine Glória, Vitória (ES)
Cine Penha, Marilândia (ES)
Cine Santa Cecília, Vitória (ES)
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do comércio da cidade, bem como as residências mais nobres, em especial
no entorno do Parque Moscoso. Mas também poderia ser estendido aos cinemas de bairro − Jucutuquara, Lourdes, Campo Grande, Jardim América,
Paul, Ibes, Aribiri, São Torquato e centro de Vila Velha −, e até mesmo aos
das cidades de interior, cujo funcionamento era sinônimo da autonomia e
importância dessas regiões. Foi um período de grande fluxo de público, no
qual o espectador médio comparecia ao cinema pelo menos duas vezes por
mês – em 1955, a Grande Vitória chegou a ter 13 salas em funcionamento ao
mesmo tempo (onze anos antes, eram somente 14 salas em todo o Estado).
Já o terceiro momento, que ocorre a partir do final dos anos 1970,
seria o de retração do mercado, com o fechamento de muitos cinemas de
rua (somente entre 1980 e 1983, foram nove), e diminuição radical do público, que a essa época migrava em massa para outras alternativas, como a
televisão e, a partir dos anos 1980, o mercado de videolocadoras.
No período áureo, algumas salas chegavam a ter capacidade para mais
de mil espectadores: eram os chamados “palácios cinematográficos”.6 Entre os primeiros estão: o Cine Central, que funcionou entre 1921 e 1935; o
Politeama, inaugurado em 1926, um grande barracão na avenida República,
célebre por sua “sessão colosso”, cujas filas se estendiam por toda a rua; e
o Teatro Carlos Gomes, que foi o primeiro cinema a exibir filmes falados
da cidade, a partir de 1929. Um dos mais imponentes era o Cine Teatro
Glória, inaugurado em 1932, com 1176 lugares divididos entre a plateia,
os camarotes e a galeria. O prédio, um marco arquitetônico da época, foi
erguido no mesmo terreno onde outrora funcionara o Éden Parque e no
qual atualmente funciona o Centro Cultural Sesc Glória.
Já na década de 1950, outros palácios foram inaugurados, como o
Cine São Luiz, em 1951, o segundo cinema no Brasil a ter um sistema de ar
condicionado – um luxo na época. A sessão de abertura exibiu a chanchada
Aviso aos navegantes (1950) e teve a presença de parte do elenco, que reunia
algumas das principais estrelas do cinema brasileiro de então, como Anselmo
Duarte e Adelaide Chiozzo. Na época, algumas obras nacionais conseguiam
romper o monopólio hollywoodiano nas salas de exibição, como as chanchadas da Atlântida e as produções da Vera Cruz, em especial a aventura
O cangaceiro (1953) e o melodrama Sinhá Moça (1953) – primeiro e segundo
lugar entre os filmes brasileiros, respectivamente, no concurso realizado
pelo jornal A Gazeta, em 1955, para escolher os favoritos do público capixaba.
Já o suntuoso Cine Santa Cecília, com suas 1453 poltronas, abriu suas
portas em 1955, e exigia de seus frequentadores o uso de traje social – até
mesmo os meninos precisavam usar calças. Ele funcionava no Parque
Moscoso, no mesmo local em que o Politeama havia reinado nos anos 1930
e 1940. Anos mais tarde, em 1967, seria inaugurado o Cine Juparanã, com
980 lugares, que, em sua programação, chegou a exibir filmes de Ingmar
Bergman (O sétimo selo) e Federico Fellini (Amarcord).
Mesmo entre os cinemas de bairro havia alguns palácios: o Cine
Capixaba, de São Torquato, surgido em 1955, tinha 1400 cadeiras, projeção
6 Cf. No escurinho do cinema (2008), do historiador André Malverdes,
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Plano Geral
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em cinemascope e som estéreo. Além disso, algumas cidades de interior
contavam com grandes salas de exibição: o Cine Broadway, em Cachoeiro do
Itapemirim, tinha 1080 lugares; o CineIdelmar, em Colatina, 1000 lugares;
e o Cine Alba, em Baixo Guandu, tinha capacidade para 800 espectadores
– um número bastante expressivo para um município que, na época, tinha
pouco mais que 20 mil habitantes.
Júlio Monjardim e o Jornal da tela
Nesse período, as sessões dos filmes estrangeiros eram obrigatoriamente acompanhadas de um complemento em curta-metragem nacional
(por ordem do Decreto n°. 21.240, de 1932). Esta, que foi a primeira ação
do governo federal em prol de uma reserva de mercado para o cinema nacional, permitiu o florescimento de uma intensa produção de cinejornais
por todo o país. Entre as décadas de 1940 e 1970, a Atlântida produziu vários
exemplares do cinejornalismo, como Atualidades Atlântida, Notícias da semana
e o Jornal da tela. Por meio deles, a população das capitais e das cidades do
interior do país tinham acesso às imagens dos principais acontecimentos
políticos, econômicos, esportivos e culturais do Brasil e do mundo – e,
em alguns, havia também espaço para os acontecimentos locais. No Espírito Santo, o Jornal da tela dedicava um minuto de cada edição semanal aos
assuntos do Estado. O responsável pela produção desse material local, nos
anos 1950 e 1960, era o capixaba Júlio Monjardim.
O historiador Luiz Cláudio Ribeiro, em seu artigo “Os cinejornais de
Júlio Monjardim”, conta que, desde muito jovem, Júlio já se interessava pela
fotografia e pelo cinema. Após adquirir uma câmera profissional (Paillard
Bolex, 16 mm), no final dos anos 1940, ele passou a realizar seus próprios
filmes, documentando os principais atos oficiais e obras da gestão do governador do Estado, Carlos Lindenberg, do pSD, partido de cuja ala jovem
Monjardim fora membro desde a adolescência.
Após criar sua própria produtora, a Espírito Santo Filmes, ele passa
a documentar oficialmente as obras do governo Jones dos Santos Neves
(1951-1955) e da gestão do prefeito de Vitória, Adelpho Poli Monjardim, entre
1955 e 1957. A partir de 1959, ele assume a direção do serviço de cinema
do governo do Estado (novamente Carlos Lindenberg) e, nessa condição,
passa a produzir material para o Jornal da tela, em uma colaboração que se
estenderia até 1965. Pode-se dizer que, em todo esse período, Julio Monjardim foi o único realizador capixaba em atividade.
Até meados da década de 1980, ele seguiu registrando os principais
eventos e obras públicas do Estado. Também realizou inúmeras propagandas
e reportagens para tV, bem como documentários institucionais, feitos sob
encomenda. Parte do material produzido entre 1951 e 1955 chegou a ser
digitalizada, recebendo atualmente a denominação de Flagrantes capixabas.
Os filmes de Júlio Monjardim são testemunhas do processo de modernização, industrialização e urbanização que começou a acontecer em
larga escala no Espírito Santo, a partir da década de 1950, em especial na
1926 — 1965
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região da Grande Vitória, que passava por uma série de transformações,
firmando-se como um epicentro da vida intelectual e cultural do Estado.
Em 1960, a população da capital passava de 83 mil habitantes, chegando
a quase 200 mil em toda a Grande Vitória. Embora boa parte dos filmes
realizados por Monjardim tenha se perdido com o tempo, uma parcela
considerável desse acervo encontra-se atualmente em fase de catalogação
e digitalização, no Arquivo Público Estadual do Espírito Santo.
Essas transformações também iriam se refletir no consumo cultural, e
uma nascente cultura cinéfila começaria a florescer, ainda que timidamente,
nesse período. A fundação do Centro de Estudos Cinematográficos (cec),
primeira associação cinéfila do Espírito Santo, realizava reuniões semanais
para discussão de filmes e livros sobre o cinema, especialmente o cinema
francês. Nessa época, também surgem os primeiros críticos cinematográficos na imprensa local (como Henrique D. de Castro, o Hendicas, e Marien
Calixte), e até mesmo um programa de debates na Rádio Espírito Santo, o
Cinelândia Capixaba, comandado por José Américo Vidigal – que também
costumava ser o narrador dos cinejornais de Monjardim7.
Ainda que tenha existido por um breve período, o cec foi o primeiro
ponto de encontro dos cinéfilos capixabas, ainda nos anos 1950, e seria
sucedido pelos primeiros cineclubes, já na década seguinte, como o da
Aliança Francesa e o Cineclube Alvorada. Nesses espaços, não somente se
assistia e debatia cinema, mas também aconteciam os primeiros encontros
entre cinéfilos que tinham o desejo de filmar suas próprias ideias. Nessa
transição de cinéfilos a cineastas, começava a ser gestada a fagulha que daria
origem àqueles que seriam os filmes da primeira geração de realizadores
capixabas, num ciclo de produção que eclodiria no final dos anos 1960.
7 Cf. História do cinema capixaba (1988), de Fernando Tatagiba.
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1920 —
1930 —
Bang Bang
Vitória, 1938
FIcçÂo, Faroeste, 12', pb, MuDo,
DocuMentÁrIo, 10', 16MM,
1926, conceIção Do castelo (es)
pb, MuDo, 1938, vItórIa (es)
Um bandido sai pelas ruas da
cidade tentando escapar da perseguição do xerife.
O filme é um apanhado de
imagens cinematográficas de
cenas familiares e cotidianas
da grande Vitória. Na década
de 1990, Ramón Alvarado, filho
de Batan, telecionou o material e editou-o, sob o nome
Um belo dia.
de Ludovico Persici
Cenas de família
de Ludovico Persici
regIstro, 19', 16MM, pb, MuDo,
1926-1929, cacHoeIro Do
de Luiz Gonzalez Batan
ItapeMIrIM e castelo (es)
O filme reúne cenas do cotidiano das cidades de Castelo e
Cachoeiro de Itapemirim, ambas no Espírito Santo. Além dos
moradores, a obra revela também locações como ruas, fazendas e uma estação de trem.
1926 — 1965
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1940 —
1950 —
Aspectos turísticos da
capital do estado do
Espírito Santo (n.184)
Flagrantes Capixabas
Comemorações do 1º
ano de Governo Jones
dos Santos Neves
de Lafayette Cunha
DocuMentÁrIo, 8', 35MM, pb,
de Julio Monjardim
sonoro, 1942, rIo De JaneIro (rJ)
DocuMentÁrIo, reportageM,
11', 16MM, pb, sonoro,
Cenas de pontos turísticos das
cidades de Vitória e Vila Velha na década de 1940, como
o convento da Penha, o Campo
de Aviação, a Fortaleza de Piratininga (atual 38º Batalhão de
Infantaria) e o quartel da Força
Policial (atual Polícia Militar do
Espírito Santo). Filme de divulgação turística produzido pelo
Serviço de Informação Agrícola
do Ministério da Agricultura.
O ensino industrial
no Brasil – M.E.S.
de Humberto Mauro
DocuMentÁrIo, 11', 35MM, pb,
sonoro, 1945, rIo De JaneIro (rJ)
1952, vItórIa (es)
O filme apresenta uma série
de ações em comemoração
ao primeiro ano do Governo
Jones Santos Neves, no Espírito Santo. Este filme foi um
dos cinejornais exibidos nos
cinemas no Espírito Santo.
Esta catalogação é referente
ao trecho de 11 minutos do
filme telecinado com som e
entrevista de Julio Monjardim.
Flagrantes Capixabas
Inauguração da
Superintendência do
Porto de Vitória
de Julio Monjardim
Panorama do ensino industrial no Brasil. O prédio da
Escola Técnica de Vitória – ES.
Fachada e interior da Escola
Técnica Nacional, professores,
alunos e atividades. Documentário educativo produzido pelo
INCE – Instituto Nacional de
Cinema Educativo.
Vitória, a capital do
estado do Espírito
Santo (n.183)
de Lafayette Cunha
DocuMentÁrIo, 8', 35MM, pb,
sonoro, 1942, rIo De JaneIro (rJ)
DocuMentÁrIo, reportageM,
5', 16MM, pb, sonoro,
1955, vItórIa (es)
O filme apresenta o registro
cinematográfico do governador Jones dos Santos Nevesvisitando o Porto de Vitória,
acompanhado por autoridades
locais. Este filme foi um dos
cinejornais exibidos nos cinemas no Espírito Santo. Esta
catalogação é referente ao trecho de 5 minutos do filme telecinado com som e entrevista
de Julio Monjardim.
Cenas de pontos turísticos da
cidade de Vitória na década
de 1940. Filme de divulgação
turística produzido pelo Serviço de Informação Agrícola
do Ministério da Agricultura.
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Flagrantes Capixabas
Obras do Aterro em
Bento Ferreira
Flagrantes Capixabas
Plano de Valorização
do Espírito Santo
DocuMentÁrIo, reportageM,
DocuMentÁrIo, reportageM,
3', 16MM, pb, sonoro,
9', 16MM, pb, sonoro,
1951, vItórIa (es)
1955, vItórIa (es)
O filme apresenta cenas do
desenvolvimento da cidade de
Vitória, em especial o aterro
realizado na região de Bento
Ferreira. Este filme foi um dos
cinejornais exibidos nos cinemas no Espírito Santo. Esta catalogação é referente ao trecho
de 3 minutos do filme telecinado, com som e entrevista de
Julio Monjardim.
O filme reúne imagens do de
trabalhadores executando obras
realizadas pelo Governo Jones
dos Santos Neves, no Porto de
Capuaba e no Porto de VItória.
Este filme foi um dos cinejornais exibidos nos cinemas no
Espírito Santo e faz parte de
uma série de reportagens sobre o Plano de Valorização do
governador Jones do Santos
Neves. Esta catalogação é referente ao trecho de 9 minutos
do filme telecinado, com som e
entrevista de Julio Monjardim.
de Julio Monjardim
Flagrantes Capixabas
Obras do Governo
Jones do Santos Neves
de Julio Monjardim
DocuMentÁrIo, reportageM, 21',
16MM, pb, sonoro, 1951, vItórIa,
regêncIa e santa leopolDIna (es)
de Julio Monjardim
Flagrantes Capixabas
Vitória em Marcha
de Julio Monjardim
DocuMentÁrIo, reportageM,
O filme apresenta diversas
cenas do cotidiano e obras
realizadas durante o GovernoJones Santos Neves, incluindo imagens feitas a bordo de
um barco, na Baía de Vitória,
a construção do Farol de Regência, em Linhares e da Usina
Hidrelétrica de Rio Bonito, no
Rio Santa Maria. Este filme foi
um dos cinejornais exibidos
nos cinemas no Espírito Santo.
Algumas cenas foram gravadas
de dentro de um barco.
1926 — 1965
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11', 16MM, pb, sonoro,
1953, vItórIa (es)
O filme apresenta um registro cinematográfico do plano
urbanístico do governo Jonesdos Santos Neves para a cidade
de Vitória, com obras como a
construção das duas pistas da
Avenida Vitória e o asfaltamento da Rodovia Carlos Lindenberg, em Vila Velha. Também
inclui imagens do desfile de
sete de setembro de 1953. Este
filme foi um dos cinejornais
exibidos nos cinemas no Espírito Santo. O filme apresenta
um registro cinematográfico do
plano urbanístico do governo
Jones dos Santos Neves para a
cidade de Vitória, com obras
como a construção das duas
pistas da Avenida Vitória e o
asfaltamento da Rodovia Carlos Lindenberg, em Vila Velha.
Também inclui imagens do desfile de sete de setembro de 1953.
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1966
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alto a la agression, 1967
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Da cinefilia à filmografia: sonhos
e incertezas de uma geração
O ciclo de cinema amador nos anos 1960
“Repressão da ditadura, Teatro de Arena, Cinema Novo, Bossa Nova,
surrealismo, realismo fantástico – um universo inteiro de influências à
nossa frente: eis o que foi para nós, capixabas, a década de 1960. Não importa
o que você fazia – se combatente nas ruas diante do fuzil ou cassetete, se
cineasta, ator, músico ou pintor – a vida parecia explodir num milhão de
expectativas, em um interminável poder de criação. [...]Câmera na mão,
teatro na praça, poemas surgidos na balbúrdia noturna dos bares, pichações
nos virginais muros contra a ditadura e distribuição de panfletos arrancados dos jurássicos mimeógrafos. Era assim que vivíamos naqueles anos
que hoje chamam de dourados. Só que então não os chamávamos assim,
apenas tínhamos o privilégio e a sorte de vivê-los”1.
O depoimento de Antônio Carlos Neves a Jeanne Bilich revela o
cenário em que os realizadores de cinema desenvolviam seus processos
criativos nos inspiradores anos 1960. Apelidados de “anos de chumbo” pelo
peso político, foi uma das décadas de maior potência de criação artística da
história do Brasil. O Espírito Santo participou intensamente deste momento
de efervescência cultural que tomou conta no país. O acelerado processo de
urbanização da Grande Vitória refletia-se na vida intelectual da capital do
Estado, que finalmente começava a estabelecer um diálogo com as principais
propostas artísticas vigentes na produção brasileira a partir do final dos
anos 1950. O período posterior a 1964 presenciou uma intensa produção,
sem precedentes em termos de qualidade e quantidade, no cenário cultural
capixaba, tomado de assalto por artistas jovens e inovadores.
Seguindo os experimentos estéticos do pioneiro Audífax de Amorim,
vários novos poetas buscaram romper com a rigidez e o conservadorismo
das gerações anteriores, entre os quais: Xerxes Gusmão Neto, Cláudio Lachini, Arlindo Castro e Carlos Chenier. Na crônica, entre a melancolia e a
fina ironia, destacava-se Carmélia Maria de Souza, verdadeira tradução de
uma geração boêmia e contestadora, que deu novo significado à melancolia
trazida pelo vento sul, que costuma soprar na ilha, “chegando de mansinho
e virando tudo do avesso”, e tomou-a para si como um dos mais intensos
elementos de sua identidade. Essa juventude compartilhava uma série de
inquietações políticas e estéticas, traduzidas em discussões que se estendiam
a bares como o Dominó (no Parque Moscoso), o Marrocos, que ficava na
1 Cf. As múltiplas trincheiras de Amylton de Almeida: O cinema como mundo, a arte como universo
(2005), de Jeanne Bilich, p. 72.
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rua Duque de Caxias, e o nascente Britz, próximo à rua Sete de Setembro,
e que viria a se tornar um lendário reduto boêmio nos anos 1970 e 1980.
Na música, os conjuntos de iê-iê-iê, que animavam os bailes, começavam a ceder lugar à mistura de blues, jazz e rock d’Os Mamíferos, banda
fundada em 1968 e que contaria ainda com fortes doses de surrealismo e
literatura beat nas letras de suas canções. Já no teatro destacavam-se, entre
outros: o Grupo Geração, criado e dirigido por Antônio Carlos Neves, que
encenou Arena conta Zumbi (1966); o Grupo Equipe, de Paulo Torre, que
encenou Entre quatro paredes (1966), de Jean Paul Sartre; e a satírica montagem de Vitória, de Setembro a Setembrino (1969), escrita e dirigida por Milson
Henriques, verdadeiro agitador cultural do período e um dos atores mais
presentes nos palcos e nos curtas-metragens da época.
Nas artes visuais, toda uma geração de artistas finalmente apresentava ao público capixaba as principais discussões da arte moderna de então:
Maurício Salgueiro, Raphael Samú, Freda Jardim, Marian Rabello, Roberto
Newman, Carlos Chenier, entre outros – alguns deles professores e alunos
da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes),
recém federalizada. Em destaque, a impressionante série de esculturas
cinéticas e luminosas de Salgueiro, que lhe renderam grande projeção
fora do Estado. Entre 1966 e 1970, o Museu de Arte Moderna do Espírito
Santo, uma iniciativa independente e sem financiamento público, esteve
em plena atividade, chegando a realizar três edições do Salão Nacional de
Artes Plásticas, além de diversas exposições temporárias.
A divisão cinematográfica do mam-eS também era bastante atuante,
realizando diversas exibições de filmes autorais, especialmente europeus,
e clássicos norte-americanos, em diversos espaços do centro da cidade,
especialmente no prédio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (atual
Escola de Arte FaFi). Quem coordenava as sessões e os debates era o jornalista cultural Marien Calixte, atuante em várias áreas da cultura e também
no rádio e no jornalismo impresso. Outros cineclubes também atraíam os
cinéfilos locais no final dos anos 1960, como o da Aliança Francesa, que
trazia muitas das novidades da Nouvelle Vague para os capixabas, e o do Colégio Marista, que funcionou por um curto período de tempo. E talvez o
mais conhecido deles tenha sido o Cineclube Alvorada, criado em 1965, por
Ramón Alvarado e Edgar Bastos. Nas sessões semanais, realizadas no iBeU, a
intelectualidade capixaba poderia conferir obras como O processo, de Orson
Welles, e a trilogia do silêncio, de Michelangelo Antonioni, além de vários
filmes franceses, tchecos, poloneses, italianos e brasileiros. Assim, era possível
ampliar o acesso ao que de melhor se fazia no cinema moderno mundial.
Além de participar dos debates, alguns frequentadores começaram a
tomar a consciência de que “era necessário partir para a prática” – para usar
as palavras de Fernando Tatagiba, em seu livro História do cinema capixaba
(1988). E foi em um desses debates que Ramón Alvarado conheceu Rubens
de Freitas Rocha, que tinha uma câmera Paillard Bolex e rolos de filmes 16
milímetros. Desse encontro, nasceu o primeiro curta-metragem ficcional
do Espírito Santo e o primeiro filme de uma nascente geração de cineastas: Indecisão, finalizado em agosto de 1966 e dirigido pelo próprio Ramón.
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ponto e vírgula
alto a la agression
Kaput
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Indecisão inaugura um ciclo de cinema amador capixaba, que vai
durar poucos anos, mas vai fazer bastante barulho no cenário cultural
local. Trata-se de um conjunto de filmes ficcionais, de curta-metragem,
realizados em 16 mm – a bitola dos cineclubes, já que as salas de cinema
comerciais utilizavam o formato 35 milímetros. Ao todo, seriam finalizados onze filmes (mais quatro inacabados), entre 1966 e 1971, exibidos
em cineclubes e festivais dentro e fora do Estado. Seis são os diretores
surgidos nesse ciclo: além de Ramón Alvarado e Rubens Freitas Rocha,
temos ainda Antônio Carlos Neves, Luiz Eduardo Lages, Paulo Torre e
Luiz Tadeu Teixeira.
Nessas obras, utilizavam-se negativos preto e branco, câmeras emprestadas e luz natural. Muitos planos com câmera na mão, filmando bem
de perto os rostos dos personagens, como se tentassem captar a intangível,
porém asfixiante e melancólica atmosfera do período – como no célebre
close da atriz Marlene Simonetti em Kaput (1967), de Paulo Torre, ou no
rosto emoldurado no encarte do lp Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos
Beatles, lançado naquele mesmo ano.
Se, por um lado, esses filmes pecavam pela precariedade técnica
(e, em alguns casos, por roteiros não muito elaborados), por outro eles
transbordavam na vontade de experimentar visualmente e de trazer para
dentro de si não somente as referências que inspiravam seus realizadores –
especialmente os filmes europeus do período –, mas também as principais
questões políticas e sociais que esquentavam os debates da intelectualidade
de esquerda da época. São filmes de protesto contra os problemas de seu
tempo, em especial a repressão dos primeiros anos da ditadura militar. Um
exemplo de como isso aparece nos filmes é a menção, em Kaputalter egos −
eram indivíduos em conflito permanente entre seus ideais e a dureza do
mundo exterior.
Daí cenas como a tortura do personagem de Milson no pau de arara,
em Alto a la agression (1967), de Antônio Carlos Neves, ou o artigo de jornal
contra a Guerra do Vietnã, que custará a vida do protagonista de Kaput,
engajado no movimento estudantil. Ou ainda, o poeta que vê, na impossibilidade de escrever um novo poema, o contraste entre os devaneios boêmios
e a dura realidade social que o cerca, em Pêndulo (1967), de Ramón Alvarado.
Também eram marcantes os dilemas nos romances entre personagens de
classes sociais diversas, como em Palladium (1966), de Luiz Eduardo Lages,
e Indecisão (1966).
E, claro, podemos incluir neste rol o forte simbolismo que atravessa
todas as cenas de Ponto e vírgula (1969), filme de estreia de Luiz Tadeu Teixeira: um personagem que tortura e esmaga uma barata, ao mesmo tempo
que outro homem tem diversas portas fechando-se diante de si, nos mais
diferentes ambientes de seu cotidiano. A versão original deste filme possuía
apenas um minuto e meio de duração, mas, em 1979, ele foi estendido para
cinco minutos, com a inclusão das imagens de outro filme, realizado pelo
cineasta em 1971 e até então inacabado: Variações sobre um tema de Maiakovski (inspirado no poema “A plenos pulmões”, do escritor russo). Uma das
sequências incluídas nessa versão é a de uma pantomima representando
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um haraquiri, interpretada pelo próprio Luiz Tadeu e que amplia o sentido
metafórico presente na versão original do curta.
Boa parte dessa produção tinha um endereço certo: os festivais de
cinema amador organizados pelo Jornal do Brasil e patrocinados pela loja
de departamentos Mesbla. Esses festivais revelaram vários nomes que
iriam fazer a história do cinema brasileiro nas décadas seguintes: Xavier de
Oliveira, Antônio Calmon, José Carlos Avellar, André Luiz Oliveira, Murilo
Salles e Bruno Barreto (na época, ainda pré-adolescente). Sua importância
também pode ser medida pelos ciclos de produção que eles desencadearam, em Estados que até então produziam poucos filmes – como Espírito
Santo e Minas Gerais. Entre 1965 e 1970, foram realizadas seis edições, que
recebiam trabalhos de diretores iniciantes, na bitola 16 mm, de diversas
regiões do país (à exceção da primeira edição, centrada no jovem cinema
carioca). Na década seguinte, ele se transformou no Festival Brasileiro de
Curta-metragem, incorporando filmes profissionais (35 mm) e realizando
mais cinco edições até encerrar suas atividades, em 1977, ano em que um
dos vencedores foi O caso Ruschi, filme da cineasta paulista Teresa Trautman.
Realizado em Santa Tereza, no interior do Estado, a obra mostrava a luta do
ecologista Augusto Ruschi em defesa de uma reserva biológica da região,
prestes a ser vendida a uma multinacional.
Alguns filmes do ciclo chegaram a ser selecionados para o festival,
em seus respectivos anos de realização: A queda (1966), de Paulo Torre, Alto
a La Agression, Veia Partida (1968), de Antônio Carlos Neves, e Ponto e vírgula.
Baseado em um conto de Amylton de Almeida sobre uma difícil relação
entre pai e filho, Veia partida chegou a receber o prêmio de Melhor Fotografia
para Ramón Alvarado, na quarta edição do JB/Mesbla, realizada em 1968.
E foi incluído em uma mostra de cinema brasileiro realizada em Kiev, no
final de 1968. Nesse mesmo ano, Neves vai para a União Soviética, graças à
bolsa de estudos obtida na Academia de Artes e Ciências de Moscou, e de
lá só retornaria em 1974. Outro nome que vai para o exterior nessa época é
Luiz Eduardo Lages, que reside há vários anos na Suécia e relata ter exibido
seu curta Palladium nos institutos de cinema de Estocolmo, Viena e Roma,
bem como em uma mostra realizada nos anos 1960 no Estado norte-americano de Maryland.
Toda a movimentação que esse ciclo cinematográfico produziu em
Vitória chega ao ápice com a realização do I Festival de Cinema Amador,
no Cine Jandaia, no dia 3 de dezembro de 1967. Nele, foram exibidos nove
curtas-metragens, sete deles com a participação de Ramón Alvarado na
equipe técnica (em quatro como diretor e três como diretor de fotografia)2.
Continuando sem patrocinadores e invisível ao poder público local, o movimento começou a se desfazer em 1968, principalmente a partir do decreto
do ai-5. Além da ida de Neves para Moscou, Alvarado foi para o Rio de
Janeiro trabalhar profissionalmente com direção de fotografia, retornando
ocasionalmente ao Estado para filmar alguns documentários. Paulo Torre
seguiu a carreira de jornalista também no Rio, trabalhando nos veículos da
2
Cf. História do cinema capixaba (1988), de Fernando Tatagiba.
1966 — 1979
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grande imprensa por alguns anos, até retornar ao Estado – chegando a ser
chefe de redação de A Gazeta, função que exerceu até falecer, em 1995. Luiz
Tadeu Teixeira, que realizaria seu primeiro curta-metragem somente em
1969, continuaria nos anos seguintes a exercer o jornalismo e a dedicar-se
ao teatro, retomando a carreira de cineasta a partir dos anos 1990, realizando curtas importantes como O ciclo da paixão (2000) e Graçanaã (2005)
e apresentando, durante anos, o programa Curta Vídeo, da tVe, dedicado
à produção audiovisual local de ontem e hoje.
Infelizmente, boa parte dos filmes realizados durante o ciclo capixaba
dos anos 1960 se perdeu. Dos poucos que restaram, somente costumam
circular, em cópias telecinadas duas décadas atrás, os curtas Ponto e Vírgula,
de Tadeu Teixeira, e Kaput, de Paulo Torre – este último também disponível
para streaming na internet, no Vimeo.com.
Mesmo com poucos recursos técnicos e certo grau de amadorismo, a
geração cinematográfica dos anos 1960 deixou como legado uma produção
repleta de novas ideias e forte espírito de invenção, tentando dialogar diretamente com os novos cinemas que eclodiam ao redor do planeta durante
toda a década. Ela também se caracterizou por muita inquietação política
e vontade de falar de liberdade, duas constantes da juventude brasileira e,
por extensão, da intensa produção cultural que tomou conta do país no
período compreendido entre o golpe de 1964 e o endurecimento do regime
militar nos primeiros anos da década de 1970.
A resistência contracultural dos anos 1970 e o cinema ficcional
Em uma manhã de domingo, em junho de 1970, Vitória amanheceu com uma de suas árvores transformadas em um estilingue gigante.
Enquanto a maioria das pessoas não entendia o que estava acontecendo,
alguns curiosos interagiam com aquele insólito objeto, cujas tiras de plástico
eram capazes de acomodar uma pessoa, como se ela estivesse prestes a ser
“lançada”. Ao sair dos usuais museus e galerias de arte e escolher as ruas
da cidade como lugar e objeto de sua intervenção urbana, o jovem artista
Nenna fazia o gesto inaugural da arte contemporânea no Espírito Santo,
em total sintonia com o que acontecia no resto do mundo.
No mês anterior, o espetáculo cênico Ensaio geral, dirigido por Rubinho Gomes e que reunia nomes como Milson Henriques, Amylton de
Almeida, Luiz Tadeu Teixeira e Arlindo Castro, teve seu texto proibido pela
censura. A produção do espetáculo, a cargo do jornalista Antônio Alaerte,
tentou negociar sua liberação para ser apresentado sem texto, somente com
mímicas e música – mas a nova versão também foi proibida. Ainda assim,
os integrantes resolveram fazer uma única apresentação pública, ao final
da qual destruíram todo o cenário, feito de isopor e papelão, arremessando-o para todos os cantos do teatro, naquilo que é considerado o primeiro
happening realizado em terras capixabas.
Em setembro daquele ano, foi a vez d’Os Mamíferos vencerem o iii
Festival Capixaba de Música Popular, com “Agite antes de usar”. Na edição
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do ano anterior, a banda já havia causado bastante estardalhaço ao se apresentar com os rostos maquiados, muito antes da onda glam que tomaria
de assalto o mundo nos anos seguintes. Na letra da canção, o vocalista
Aprígio Lyrio cantava: “Mas pra fazer melhor efeito, agora/ Agite antes de usar/
Ponha o mal estar pra fora/ Agite antes de usar”, bem fiel ao espírito contestador
daquela juventude.
Um dos pontos altos dessa movimentação da contracultura do
comecinho dos anos 1970 prometia ser o Festival de Guarapari, evento
musical produzido por Rubinho e Alaerte, que pretendia ser uma espécie
de Woodstock brasileiro. Mesmo enfrentando uma série de problemas
financeiros, quase sem infraestrutura e a marcação cerrada da repressão
militar, o evento trouxe uma multidão a Três Praias, para curtir shows
antológicos, como os de Milton Nascimento, Soma, A Bolha, Novos Baianos, Tony Tornado e Luiz Gonzaga, contando ainda com Chacrinha como
mestre de cerimônias.
Passado o desbunde da contracultura, o cenário artístico capixaba
continuou sua efervescência durante os anos seguintes, arriscando-se nas
mais diversas direções que a nova década possibilitava. Na música, tivemos
Chico Lessa, Esther Mazzi, Aprígio Lyrio e Os Mamíferos, e, sob uma nova
encarnação, mais jazzística: o Mistura Fina. Na literatura, romances de alta
inventividade, como Reino dos Medas (1971) e A crônica de Malemort (1977),
de Reinaldo Santos Neves, e Blissful Agony (1972), de Amylton de Almeida.
Nas artes visuais, além de Nenna, toda uma nova e influente geração de
artistas: Hilal Sami Hilal, Carmem Có, Nelma Pezzin, Neusa Mendes, Coracy, Jeveaux, Atílio Colnago, Ronaldo Barbosa. E as artes cênicas, com a
reinauguração do Teatro Carlos Gomes e uma série de políticas públicas
destinadas à área, viviam um momento bastante fértil, congregando não
somente os artistas surgidos na década anterior, mas também ganhando
o reforço, a partir de 1976, do Grupo Ponto de Partida, iniciado na Ufes e
bastante premiado, dentro e fora do Espírito Santo.
Nessa época, a Universidade inaugura dois seminais espaços expositivos: em 1976, a gap (Galeria de Arte e Pesquisa), que funcionaria na Capela
Santa Luzia, no centro de Vitória; e, em 1977, a gaeU (Galeria Espaço Universitário), no campus de Goiabeiras. Ao mesmo tempo, uma nova geração
de cineclubistas começava a ganhar forças em um circuito que teria papel
crucial na vida cultural do Estado até meados dos anos 1980.
Com tanta coisa acontecendo, surge a pergunta: e a produção cinematográfica local, onde estaria? Não estava, pelo menos naquela primeira
metade da década. Com o final do ciclo de cinema amador, a produção
local silenciou-se por longos anos, enquanto várias outras áreas culturais cresciam em termos de qualidade, quantidade, profissionalização e
formação de público. Uma rara exceção, nessa geração, foram os poucos
trabalhos de Luiz Tadeu Teixeira no período: o curta-metragem inacabado
Variações sobre um tema de Maiakovski (que seria incorporado, em 1979, a
uma segunda edição do Ponto e Vírgula, seu filme de estreia) e o documentário em super-8 chamado Castelo: Corpus Christi (1978), que só seria
finalizado em vídeo e exibido publicamente quase duas décadas depois.
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Ramón Alvarado, que havia fixado residência no Rio de Janeiro, retornaria
esporadicamente ao Estado, para filmar documentários como O mastro do
Bino Santo (1971), primeiro filme dedicado às manifestações tradicionais
da cultura popular local – no caso, o congo e a festa de São Benedito no
município de Serra.
Não que nada tenha sido filmado em solo capixaba no período. Muitas
vezes com recursos do governo do Estado (o mesmo que jamais apoiara
a produção autoral local até então), uma série de longas-metragens feitos
por produtoras paulistas e cariocas foram rodados, utilizando cenários e
figurantes locais.
Entre eles, podemos citar três longas de Jece Valadão: O vale do Canaã
(1970), adaptação do livro de Graça Aranha, com ares de faroeste Spaghetti,
rodado em Santa Leopoldina; Obsessão (1973), baseado em argumento de
Janete Clair e filmado em Castelo; e Nós, os canalhas (1975), com algumas
cenas filmadas em Vitória. E também: uma comédia de Fauzi Mansur, estrelada por Renato Aragão e Dedé Santana, A ilha dos paqueras (1970), contendo
cenas do Porto de Vitória. Carlo Mossy, um dos mestres da pornochanchada,
produziu a comédia erótica Quando as mulheres querem provas (1975), dirigida
por Cláudio MacDowell, ambientada na Praia da Costa (mais precisamente
no antigo Hostess Hotel), em Vila Velha. O filme teve grande sucesso de
público: mais de 500 mil espectadores, segundo dados oficiais, divulgados
pela Ancine. Alguns desses filmes ainda hoje são de fácil acesso ao espectador, lançados comercialmente em DVD, reprisados na tV por assinatura
ou mesmo disponíveis no Youtube.
Já Sagarana: o duelo (1973), de Paulo Thiago, foi rodado em vários municípios: entre eles, Nova Venécia, Linhares, João Neiva e principalmente
São Mateus, mostrando que o sertão de Guimarães Rosa também poderia ser
encontrado nas paisagens capixabas, aqui registradas sob a bela fotografia
de Mário Carneiro. O filme chegou a representar o Brasil na seleção oficial
do Festival de Berlim, em 1974.
A vida de Jesus Cristo (1971), baseado na encenação do Auto da Paixão
de Cristo, realizada anualmente na cidade de São Roque, foi dirigido por
José Regattieri, que também assina o roteiro do longa junto com William
Cobbett. Nele, misturam-se atores locais com alguns artistas de renome
nacional, como Fernanda Montenegro, que fez o papel de Samaritana.
Apesar de filmados no Estado, tais filmes não devem ser categorizados como cinema espírito-santense: são obras que pouco ou nada
contribuíram para o crescimento da produção audiovisual local, já que o
máximo de participação permitida aos espírito-santenses era a de atuarem
como figurantes.
Uma exceção a isso é o longa-metragem Paraíso no Inferno (1977), de
Joel Barcellos. Mais conhecido como ator, com intensa participação nos
filmes do Cinema Novo, Barcellos (nascido em Vitória) veio ao Estado para
realizar um trabalho bastante autoral, e envolveu em sua equipe (tanto na
trilha sonora quanto no elenco) diversos nomes do cenário cultural local –
o que abre espaço para alguns pesquisadores afirmarem ser este o primeiro
longa-metragem “realmente capixaba”. No filme, estão em cena Alcione
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Dias, Joelson Fernandes e o grupo Mistura Fina, que apresenta uma das
canções mais marcantes do filme, “Daqui a duzentos anos”. Também estão
lá os bares da época (em especial o Britz) e vários jovens artistas fazendo
figurações em diversas cenas de boemia e festa.
Ao contar a história de um jovem músico que se recusa a assinar um
contrato tentador, abandonando a iminente carreira de popstar para trabalhar em uma mineradora, o filme assume muitas vezes um tom alegórico,
bastante comum em certa parcela autoral do cinema brasileiro dos anos
1960-1970. Se as tomadas em meio à zona norte da cidade, com as praias
ainda quase intactas (pouco antes da chegada da especulação imobiliária à
região), dão um ar paradisíaco ao cenário, o inquietante conflito interior
do protagonista ganha força em vários momentos.
Em uma sequência que se assemelha a um videoclipe, ao som do
tema de Tristão e Isolda, de Wagner, vemos os barracões destruídos na orla
da ilha, emoldurados pela imponência do convento no alto da montanha.
Cabeças humanas, aparentemente decapitadas em uma mesa, alternamse a cabeças de peixe recém pescado que, por sua vez, contrapõem-se à
grandeza do maquinário que extrai e transporta o minério de ferro. Entre
a monotonia dos trens de carga que deslizam horizontalmente na tela e
a flutuação imprevisível do pequeno barco pesqueiro na Baía de Vitória,
é como se presenciássemos a eclosão do inferno nesse paraíso constantemente refletido nas incrédulas lentes dos óculos escuros usados por vários
de seus personagens.
Por outro lado, poucas são as incursões ficcionais dos realizadores
capixabas nesse período, geralmente lançando mão do formato super-8,
mais popularizado no Brasil para os filmes caseiros, mas que também
serviu como alternativa para vários realizadores iniciantes/independentes
pelo país afora, graças ao seu baixo custo de produção. Destacam-se aqui
os primeiros curtas-metragens de Sérgio Medeiros, O roubo do filme (1977)
e E agora, Alfredo? (1978).
Alheia a toda essa efervescência contracultural da capital capixaba,
outra experiência ficcional em super-8 se dá no faroeste em média-metragem Olho de gato (1975). O filme foi rodado na cidade de Pancas, no
norte do Estado, região célebre pela mineração, por conta das paisagens
naturais (que nos remetem aos westerns clássicos) e dos causos envolvendo
pistoleiros. A empreitada ficou a cargo do relojoeiro Ailton Claudino de
Barros, o Carioca, que assina a direção, e do lavrador e cinéfilo José Augusto Damaceno, protagonista da trama, que narra a descoberta de uma
pedra valiosa, o olho de gato, por um garimpeiro, que é escondida em uma
fazenda e desperta a cobiça do dono da propriedade. Culminando com um
duelo aos moldes dos clássicos do gênero, o filme mobilizou boa parte da
cidade em sua produção, mas encontra-se desaparecido há alguns anos.
O processo de investigação do paradeiro de sua única cópia é o mote do
documentário Olho de gato perdido, que seria realizado em 2009 por Vitor
Graize. Vale lembrar que, até a realização do documentário, o filme de
Damaceno e Carioca era totalmente desconhecido pelos pesquisadores
do audiovisual capixaba.
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tutti, tutti, buona gente, propriamente buona
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Já no campo da animação, temos o trabalho pioneiro do trio Mário
Aguirre, Ricardo Conde e Marco Antonio Neffa, em O Rei do Ibes e outros
experimentos (1977), série de seis filmetes, de 30 segundos cada, filmados
quadro a quadro no formato super-8.
Cinema documentário e cineclubismo: política e identidade no final da
década de 1970
No campo do documentário de curta e média-metragem, o Estado
chegou a atrair algumas produções de outros Estados, como Ticumbi (1977),
de Eliseu Visconti, sobre a manifestação popular de Conceição da Barra,
além de A máquina e o sonho (1974), de Alex Viany; O mastro do Bino Santo,
de Ramón Alvarado; e o Caso Ruschi (1977), de Teresa Trautman – os dois
últimos exibidos no festival de Brasília, em 1973 e 1978, respectivamente.
E é projeto de um cineasta mineiro, então residente no Rio de Janeiro, que vai mudar de vez a história da produção audiovisual no Espírito
Santo. Quando Orlando Bomfim vem a Santa Tereza, em 1975, documentar
a memória da imigração italiana no Espírito Santo, ele inicia uma série
importantíssima de documentários em curta e média-metragem que dão
visibilidade a várias manifestações culturais capixabas, não somente mapeando o imaginário de nossas tradições populares, mas também dandolhes voz para que apresentassem ao público não somente sua força e beleza,
mas também denunciassem os principais problemas enfrentados na época.
Tudo começou quando Orlando percebeu que, mesmo com a proximidade das comemorações do centenário da imigração italiana no Brasil,
o Espírito Santo nunca era mencionado na mídia nacional em reportagens
que abordavam o tema: algo inaceitável para o cineasta, por se tratar de
um Estado que não só recebeu muitos imigrantes como também ainda
preservava vários costumes e tradições, alguns dos quais há muito haviam
se perdido na própria Itália. Após dois anos de pesquisa e entrevistas, o
trabalho resulta no média-metragem Tutti, tutti, buona gente, propriamente buona
(1976), que conta a história dessa imigração no Estado a partir dos relatos
de seus descendentes. O filme chegou a ganhar o troféu Humberto Mauro/
Coruja de Ouro de melhor documentário, concedido pela Embrafilme – a
mais importante premiação do curta-metragem brasileiro na época.
O contato com a diversidade cultural capixaba acabou por fazer com
que Orlando Bomfim fixasse residência no Espírito Santo, rendendo uma
sequência de mais seis documentários em 35 mm e 16 mm, até meados dos
anos 1980. No Festival de Brasília de 1979, três de seus filmes foram exibidos:
Ticumbi – Canto para liberdade (1978), Augusto Ruschi Guainumbi (1979) e Itaúnas
– Desastre ecológico (1979), vencedor na categoria documentário da mostra
competitiva daquele ano. Também desse período é Mestre Pedro de Aurora –
Para ficar menos custoso (1978), sobre um cantador de jongo do norte do Estado.
Em todos esses trabalhos, Orlando abordaria não somente a cultura
popular, mas também questões ambientais, fosse o trabalho do biólogo Augusto Ruschi, fosse a cidade soterrada pelas dunas paradisíacas de Itaúnas.
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Mestre pedro de aurora
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Essa empreitada continuaria ao longo das décadas seguintes, especialmente
durante o período em que ele foi diretor da tVe, canal educativo local,
entre 1987 e 1990. Esse resgate de algumas raízes da cultura capixaba irá
contribuir para o reconhecimento de uma identidade cultural na qual se
mesclam matrizes europeias, africanas e indígenas. Muitos dos aspectos
aqui retratados seriam resgatados nos anos seguintes pela publicidade e
pelo marketing turístico como ícones da cultura popular espírito-santense
– desde panelas de barro e congo até as tradições italianas, passando pelos
beija-flores e orquídeas de Ruschi.
O interesse de Orlando pela alteridade traduz-se, em seus filmes, por
uma recusa à voz embebida de autoridade de um narrador em off: Tutti,
tutti, buona gente, propriamente buona, por exemplo, dispensa totalmente esse
recurso; em outros filmes, a narração é reduzida ao mínimo necessário.
Estabelece-se, assim, uma comunicação em que a fala do entrevistado é
reconhecida, mesmo que situada dentro do discurso do realizador. Essa
possibilidade de o “povo” falar no filme, segundo Orlando, fazia parte de
toda uma tentativa do cinema brasileiro reencontrar o diálogo com a população, o espectador, agora dotado de voz com a revogação do ai-5, em 1978.
Já Ticumbi – Canto para liberdade, um dos mais inventivos filmes dessa
safra, enfatiza os pontos de vista dos participantes da tradicional encenação, com raros depoimentos de especialistas (no caso, os pesquisadores
Hermógenes da Fonseca e Rogério Medeiros), dedicando ainda um terço
do filme (o final) a uma longa sequência de trechos da procissão e dos
cânticos, alternados com fotos de africanos em trajes típicos e imagens do
barqueiro que interpreta o papel de rei do congo, sentado em seu barco,
vestindo seus trajes cotidianos.
Com a inauguração da tV Gazeta, em 1976, iniciam-se as atividades de
seu telejornal local, na época utilizando equipamento cinematográfico de
16 mm para captação de imagens, a cargo de Julio Monjardim e sua equipe.
Glecy Coutinho, que atuaria como cineasta a partir da década de 1990, fora
a primeira mulher repórter do Estado.
É também nesse período que o jornalista e crítico de cinema Amylton
de Almeida começa a realizar seus documentários televisivos, utilizando a
estrutura técnica da emissora.
O primeiro deles, São Sebastião dos Boêmios (1976), é um dos mais
relevantes filmes de toda a produção capixaba. Retratando o cotidiano do
bairro São Sebastião (atual Novo Horizonte, no município da Serra), na
época a zona de prostituição da Grande Vitória, o média-metragem já trazia
elementos que seriam a marca registrada do cineasta, mesclando um olhar
atento aos oprimidos a uma potente crítica social, repleta de fortes doses
de ironia e sagacidade. Em seguida, ele realiza Os pomeranos, de 1977, que
venceria o I Festival de Verão da Rede Globo, em que concorriam documentários produzidos pelas emissoras afiliadas de todo o Brasil. Amylton
venceria novamente o festival em sua terceira edição, em 1980, com O último quilombo (1980) – e ambos os documentários seriam exibidos em rede
nacional, como parte da premiação.
Amylton também exerceria a crítica cinematográfica durante muitos
1966 — 1979
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anos. Iniciou a carreira no jornal O diário, em 1969, e, a partir de 1972, passou
a trabalhar no Caderno Dois de A Gazeta, função que desempenhou até seu
falecimento, em 1995, e pela qual se tornou o mais importante crítico de
cinema do Espírito Santo durante todo o período em que esteve em atividade, embora raramente voltasse um olhar otimista ou mesmo generoso à
produção cinematográfica brasileira (ou capixaba) do período.
Em 1976, existiam dez salas de cinema em atividade em Vitória, além
de um cine drive-in, na Praia de Camburi, que durou pouquíssimos meses.
No entanto, raras eram as oportunidades de exibição, nesses espaços, dos
curtas capixabas realizados no período. Estes, por outro lado, encontrariam
um amplo espaço de circulação no nascente circuito cineclubista espíritosantense, que fomentava exibições e debates em todo o Estado. A ponta
de lança desse circuito era o movimento cineclubista universitário que
floresceu entre 1978 e 1986, sob a batuta de nomes como Antônio Claudino
de Jesus, Tião Xará e Marcos Valério, entre outros. Com o intuito de fazer o
cinema (especialmente o brasileiro) chegar ao máximo de pontos possível,
projetando as películas diretamente na parede, o cineclubismo encontrou
um ambiente bastante favorável na Ufes, que vivia um momento de gradual
abertura política e cultural, iniciado em 1976, com forte movimentação
também nas áreas de teatro e artes visuais, além da retomada das atividades
do Dce (Diretório Central dos Estudantes), a partir de 1978.
Rapidamente, a Universidade chegou a contar com 13 cineclubes
funcionando em seus diversos centros: 12 no campus de Goiabeiras e um
no de Alegre. Em 1979, o município de Santa Tereza sediou a iii Jornada
Nacional de Cineclubes, espaço onde se discutiam as principais articulações
políticas e culturais do movimento. Parte da memória desse período encontra-se registrada no documentário Na parede, na toalha, no lençol, realizado
em 1998 por Lizandro Nunes, Luciana Gama, Ursula Dart e Virgínia Jorge.
O curta, verdadeiro tributo a uma geração de muita luta pela democratização do acesso ao cinema, chegou a ser premiado, em 1999, nos festivais
de cinema e vídeo da Paraíba (Melhor vídeo documentário) e do Paraná
(Prêmio Especial do Júri).
O cineclubismo e a realização de documentários foram as principais
frentes de ação no campo cinematográfico local, entre o final da década de
1970 e o início dos anos 1980. Por um lado, havia a necessidade de produzir
imagens que pensassem os principais aspectos culturais do Espírito Santo,
desde o mapeamento das manifestações tradicionais aos principais impasses
sócio-culturais da época. Por outro, como essa produção não encontrava
espaço nas salas de cinema, era necessário buscar outras estratégias de
exibição, como as sessões seguidas de debate do circuito cineclubista –
nelas, o espectador encontrava possibilidades para se aproximar, de alguma
forma, dos engajamentos dos cineastas frente às questões que a realidade
lhes apresentava, e poder ele mesmo fazer suas reflexões. Outra alternativa
era atingir o amplo público televisivo, e foi nela que Amylton de Almeida
apostou para inserir na agenda pública a urgência do que retratava – como
mostraria, poucos anos depois, a gigantesca repercussão de Lugar de toda
pobreza (1983), um dos marcos centrais da filmografia produzida no Espírito
Santo na década seguinte.
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1960 —
Boa sorte, palhaço
Kaput
Alto a la agression
FIcção, 16MM, cor, MuDo,
FIcção, 12', 16MM, pb,
1967, vItórIa (es)
1967, vItórIa (es)
Rapaz mantém amor não correspondido por uma moça, o
que o leva a rever alguns conceitos de sua vida.
Um jovem fuma maconha para
fugir da realidade que o oprime.
Entretanto, com a descoberta
do amor, percebe que a fuga
não é a solução, mas, sim, a
luta. Em 1991, por iniciativa de
Nenna e Marcos Valério, o filme foi recuperado, com cópia
disponível em vídeo.
de Antonio Carlos Neves
de Antonio Carlos Neves
de Paulo Torre
FIcção, 15', 16MM, cor,
1967, vItórIa (es)
A história de um estudante que
é preso e torturado pela polícia
durante a ditadura militar.
A queda
de Paulo Torre
FIcção, 15', 16MM, cor,
Cirurgia no coração
no Espírito Santo
DocuMentÁrIo, 5', 16MM, cor,
MuDo, 1967, vItórIa (es)
MuDo, vItórIa (es)
Narra a história de uma moça
comum, que se encontra dividida entre os mais íntimos
desejos de sua alma e os valores de uma sociedade tradicionalista, cheia de preconceitos
e convenções.
Automobilismo
Documentário científico que
registra a primeira cirurgia de
coração realizada no Espírito
Santo, por uma equipe chefiada
por Adib Jatene.
Indecisão
de Ramon Alvarado
FIcção, 12', 16MM, pb e cor,
MuDo, 1966, vItórIa (es)
de Rubens Freitas Rocha
DocuMentÁrIo, 15', 16MM,
cor, MuDo, 1966, vItórIa (es)
Mostra as performances de
carros de corrida na estrada
que liga dois bairros de Vitória:
Praia do Suá e Jucutuquara.
1966 — 1979
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Uma universitária de classe média dividida entre dois amores:
um empresário burguês e um
proletário. O filme conta a história dess triângulo amoroso e
as crises entre seus personagens
e o mundo. Primeiro filme de
ficção realizado em Vitória.
No meio do caminho
de Antonio Carlos Neves
FIcção, DraMa, 16MM, pb,
MuDo, 1966, santa Isabel (es)
Triângulo amoroso entre um
homem, uma mulher e um padre. Filme inacabado. Durante
as filmagens, em Santa Isabel,
a equipe foi expulsa da cidade.
O cristo e o cristo
de Ramon Alvarado
DocuMentÁrIo, 5', 16MM, pb,
MuDo, 1966, vIla velHa (es)
Documentário sobre a Festa da
Penha, tradicional celebração
em homenagem à padroeira
do Espírito Santo, que acontece
anualmente durante oito dias
em Vila Velha.
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O pêndulo
Primeira revolta
FIcção, 7', 16MM, pb, MuDo,
FIcção, 16MM, pb, MuDo,
1967, vItórIa (es)
1966, vItórIa (es)
Trata-se do relato do cotidiano
de um jovem poeta que alterna
momentos de euforia (quando
se encontra com intelectuais à
noite nos bares de Vitória) com
a depressão do dia seguinte.
Baseado em poemas de Carlos
Chenier, que também interpreta o protagonista.
Garoto encontra velocípede
velho no lixo e, com ajuda de
amigos, reforma o brinquedo.
Entretanto, não consegue ficar
com o brinquedo, por achar
que ele foi roubado. Baseado
em conto homônimo de Antonio Carlos Neves.
Palladium
de Antonio Carlos Neves
de Ramon Alvarado
de Antonio Carlos Neves
Veia partida
de Luiz Eduardo Lages
FIcção, 25', 16MM, pb, 1968,
FIcção, 10', 16MM, pb,
rIo De JaneIro (rJ)
MuDo, 1966, vItórIa (es)
Um romance entre um casal
de jovens de diferentes classes
sociais.
Ponto e vírgula
A história do relacionamento
amargo entre pai e filho, nos
últimos momentos de vida do
pai. O roteiro foi baseado em
um conto de Amylton de Almeida.
de Luiz Tadeu Teixeira
eXperIMental, 2', 16MM,
pb, 1969, vItórIa (es)
Duas histórias se passam paralelamente: um homem tortura
uma barata e um cidadão, tenta,
em vão, transpor “portas que
se fecham para ele”. A montagem final, com 6 minutos
de duração, realizada em 1979,
inclui trechos de outro filme
do cineasta, o inacabado Variações para um tema de Maiakóvski
(1971), e nova trilha sonora.
60
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A Melhor fotografia para Ramon
Alvarado no IV Festival de Cinema
Amador JB/Mesbla, Rio de Janeiro
(1968) A Exibido na Mostra do Cinema Brasileiro em Kiev (União
Soviética, 1968)
Plano Geral
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1970 —
Augusto Ruschi
Guainumbi
de Orlando Bomfim Netto
Brincadeira dos
velhos tempos?
Estudos científicos do pesquisador Augusto Ruschi na preservação da natureza, incluindo
os beija-flores e as orquídeas.
FIcção, 15', super-8, cor,
DocuMentÁrIo, 11', 35MM,
1978, vItórIa (es)
cor, 1977, rIo De JaneIro (rJ)
Por meio de uma visão histórica, o filme fala sobre a pipa
(brinquedo popular) como fator
de resistência cultural à massificação.
A ilha dos paqueras
A Selecionado para o Festival de
Gramado (RS) (1978)
FIcção, 87', 35MM, 1970,
Caieiras velhas
de Fauzi Mansur
rIo De JaneIro (rJ)
de Ney Sant’Anna, Nonato
Estrela e Ângela Cozetti
Depois de simular um naufrágio, dois tarefeiros, o comandante e o showman do navio,
acompanhados por quatro
modelos, se safam para uma
ilha, sem saberem que ela é
base de contrabandistas. Segundo filme da dupla Didi e
Dedé (Os Trapalhões), rodado
em diversos pontos do litoral
sudeste Brasileiro, inclusive no
Porto de Vitória.
DocuMentÁrIo, 10', 35MM,
A vida de Jesus Cristo
de William Cobbet
FIcção, 105', 35MM, pb,
1971, são roque (es)
Encenação do nascimento,
vida, paixão e morte de Jesus
Cristo, realizada por moradores
da comunidade de São Roque.
História baseada no Auto da
Paixão de Cristo, encenado por
José Regattieri.
de Sergio Medeiros
de Ramon Alvarado
DocuMentÁrIo, 11', 35MM,
cor, 1979, santa tereza (es)
E agora, Alfredo?
cor, 1979, aracruz (es)
Os índios tupiniquins do litoral do Espírito Santo têm suas
terras reduzidas ao limite da
aldeia e extraem sua subsistência do mangue
Caso Ruschi
de Tereza Trautman
DocuMentÁrIo, 23', 16MM,
cor, 1977, santa tereza (es)
Alfredo é um belo jovem que
vive em dificuldade financeira.
Após casar-se com uma mulher
rica e feia, sua vida se transforma em um inferno e ele passa
a se fazer de tudo para se livrar
da esposa.
Itaúnas – desastre
ecológico
de Orlando Bomfim Netto
DocuMentÁrIo, 8', 35MM, cor,
1979, conceIção Da barra (es)
O filme narra um desastre
ecológico: o desmatamento de
Itaúnas (ES). Ocorrido em 1948,
tornou a região inabitável em
menos de 29 anos.
A Melhor curta-metragem no festival de Brasília (DF) (1979)
Mestre Pedro de
Aurora – para ficar
menos custoso
de Orlando Bomfim Netto
A disputa pela Reserva Biológica de Santa Lúcia entre
o cientista Augusto Ruschi e
o governo do Espírito Santo,
que tenta vender a área a uma
multinacional.
A Prêmio do festival brasileiro do
curta-metragem, Rio de Janeiro (RJ)
(1977) A Prêmio especial do júri no
festival de Brasília (DF), 1978
DocuMentÁrIo, 10', 35MM, cor,
1978, conceIção Da barra (es)
Documentário sobre o último
tirador de jongo e raiz, líder
dos cantadores e festeiros da
região de Vila de Santana, em
Conceição da Barra, Espírito
Santo.
Castelo: Corpus Christi
de Luiz Tadeu Teixeira
DocuMentÁrIo, 12', super-8,
cor, 1978, castelo (es)
Registro da festa de Corpus
Christi em Castelo (ES). Preparação para a festa e procissão.
1966 — 1979
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Nós, os canalhas
O mastro de Bino Santo
O roubo do filme
FIcção, 103', 35MM, pb e cor, 1975,
DocuMentÁrIo, 10', pb,
FIcção, 20', 35MM, super-8,
rIo De JaneIro (rJ) e vItórIa (es)
MuDo, 1971, vItórIa (es)
cor, 1977, vItórIa (es)
História de dois gêmeos quase
homônimos que, nascidos e
criados no interior do Espírito
Santo, partem para o Rio, em
momentos distintos de suas
vidas. Enquanto o primeiro
está envolvido com o crime, o
segundo é vítima de bandidos.
Documentário sobre a festa da
puxada e fincada do mastro de
São Benedito, realizada anualmente na cidade da Serra (ES).
Em plena ditadura militar um
grupo se reúne para produzir
um filme. Alguns acontecimentos estranhos desencadeiam clima de desconfiança
e medo. A suspeita é de que
algum agente do regime militar
esteja infiltrado na equipe. A
paranóia reina quando o material filmado desaparece do
laboratório de revelação.
de Jece Valadão
Obsessão
de Jece Valadão
DraMa, 100', cor, 1973, castelo (es)
Na pequena cidade de Castelo
é inaugurada, numa praça pública, uma estátua de Neuza
Rangel, ex-noiva do prefeito
Bernardo Graça. A moça foi
morta a tiros em circunstâncias
não desvendadas pela polícia.
Bernardo, ressentido pela morte da noiva que esperava um
bebê, resolve desvendar o caso.
de Ramon Alvarado
Os pomeranos
de Amylton de Almeida
DocuMentÁrIo, 40', 16MM, cor,
1977, santa MarIa De JetIbÁ (es)
Retrata uma comunidade de
imigrantes nórdicos que se
isolou e mantém costumes e
tradições em Santa Maria de
Jetibá.
Olho de gato
de José Damaceno e Ailton
Claudino de Barros
FIcção, 30', super-8,
1975, pancas (es)
Faroeste rodado em 1975, na
cidade de Pancas (ES), dirigido
pelo lavrador e amante do cinema, José Augusto Damaceno. A
realização do filme mobilizou
toda a cidade e hoje permanece
apenas na lembrança daqueles
que participaram do projeto,
já que o paradeiro do filme é
desconhecido.
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O sonho e a máquina
de Alex Viany
DocuMentÁrIo, 20', 16MM, pb e
cor, 1974, castelo e cacHoeIro
A Vencedor do I Festival de Verão
da Rede Globo (1977)
O Rei do Ibes e outros
experimentos
de Mario Aguirre, Ricardo
Conde e Marco Antonio Neffa
anIMação, 3', super-8,
A Melhor filme no Festival de
Santos (SP)
de Sergio de Medeiros
1977, vItórIa (es)
De ItapeMIrIM e castelo (es)
Documentário sobre Ludovico Persici. Mostra desde sua
família, sua trajetória de vida
até sua criação: a máquina de
filmar, revelar e projetar filmes.
O Vale do Canaã
de Jece Valadão
Uma série de experimentos
em desenho animado quadro
a quadro filmados em Super-8.
São aproximadamente 6 filmetes de 30 segundos cada um.
Trata-se do primeiro trabalho
em animação realizado no Espírito Santo.
FIcção, 94', 35MM, cor, 1970,
santa leopolDIna (es)
A história de um imigrante
italiano que chega ao Vale do
Canaã, no Espírito Santo, no
início do século XX, e enfrenta
muitas dificuldades para recomeçar a sua vida. Baseado
no romance Canaã, de Graça
Aranha.
A Prêmio melhor diretor e melhor
atriz no Festival de Santos (SP), 1970
Plano Geral
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Paraíso no inferno
de Joel Barcellos
FIcção, 72', 35MM, cor,
1977, vItórIa (es)
São Sebastião
dos boêmios
de Amylton de Almeida
e Wladmir Godoy
Tutti, tutti, buona
gente, propriamente
buona
de Orlando Bomfim Netto
DocuMentÁrIo, 39', 16MM,
DocuMentÁrIo, 28', 35MM,
O filme narra a história de
um jovem poeta que recusa
um contrato para unir-se a
um amigo e formar uma banda com potencial de sucesso,
unicamente para preservar a
própria liberdade. Ele passa,
então, a levar uma vida tradicional de operário até que um
acontecimento envolvendo o
amigo muda seu destino...
cor, 1976, serra (es)
cor, 1976, santa tereza (es)
São Sebastião foi a maior zona
de prostituição da América Latina, durante os anos 1970. O
documentário descreve personagens que habitam e frequentam o local, em uma narrativa
que intercala momentos de
alegria e tristeza, próprios dos
boêmios.
No centenário da imigração italiana, a colonização do Espírito
Santo é abordada do ponto de
vista dos habitantes de Santa
Tereza, o mais forte e representativo núcleo de imigração
do estado.
Quando as mulheres
querem prova
Ticumbi
de Elyseu Visconti
de Cláudio MacDowell
DocuMentÁrIo, 17', 35MM,
coMéDIa, 90', 35MM, cor, 1975
cor, 1977, rIo De JaneIro (rJ)
O filme narra as aventuras do
paquerador Bira, belo jovem
que decide passar as férias em
Vitória e acaba se envolvendo
em confusões que incluem várias mulheres e boatos de que
ele seja gay. Estrelado pelo galã
da pornochanchada brasileira,
Carlo Mossy, o filme foi um
grande sucesso de bilheteria
na época.
Registro da festa de Ticumbi
como se apresenta na cidade
de Conceição da Barra, Espírito Santo, executada pelos
remanescentes do quilombo
local, notável pela pureza étnica. A festa do Ticumbi é a
dramatização da disputa entre
o Rei Congo e o Rei Bamba e
suas respectivas cortes. São
16 personagens e um violeiro
que dançam e cantam ao som
de vigorosos pandeiros de influência árabe.
A Prêmio Coruja de Ouro, Troféu
Humberto Mauro da Embrafilme,
São Paulo (SP), 1976
Variações para um
tema de Maiakovski
de Luiz Tadeu Teixeira
Sagarana: o duelo
de Paulo Thiago
FIcção, 16MM, pb, 1971, vItórIa (es)
Cenas de rua da cidade de Vitória são acrescidas de uma
encenação em pantomima de
um haraquiri, inspirada num
poema de Maiakovski. Filme
não finalizado. Entretanto, alguns de seus trechos foram utilizados na montagem final de
Ponto e Vírgula (1969), do mesmo
diretor. História baseada em A
Plenos Pulmões, poema de Vladimir Maiakovski.
FIcção, 98', cor, 1973, vItórIa (es)
No sertão brasileiro, um matador de aluguel volta para casa e
encontra sua mulher envolvida
com um pistoleiro. Começa,
então, o duelo entre dois homens, acostumados a matar,
pelo amor dessa mulher. O filme concorreu ao Urso de Ouro
no Festival de Berlim (1974).
A Melhor fotografia e melhor ator
coadjuvante para Wilson Grey, com
o prêmio Coruja de Ouro da Embrafilme (1973) A Melhor filme da
Embrafilme baseado em obra literária, Embrafilme (1973)
1966 — 1979
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A Melhor trilha sonora, 10º Festival
de Brasília (1977)
Ticumbi – canto
para a liberdade
de Orlando Bomfim Netto
DocuMentÁrIo, 12', 35MM, cor,
1978, conceIção Da barra (es)
O Ticumbi, seus intérpretes e
a relação realidade versus misticismo e a fantasia versus herança cultural.
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1980
— 19
eu sou buck Jones, 1997
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Da chegada do vídeo à retomada
do cinema capixaba
Onde está aquele povo barulhento?
A orquestra e os tiros de canhão da “Abertura 1812”, de Tchaikovsky,
ecoam, com toda pompa. Contudo, em lugar dos usuais fogos de artifício
e das comemorações de vitória, as imagens que se sucedem são devastadoras: centenas de pessoas, a maioria mulheres e crianças, avançam sobre
o lixo descarregado pelos caminhões, disputando espaço com os urubus.
Recolhe-se de tudo, em meio aos detritos, à carniça e ao lixo hospitalar.
Alguns, mais afoitos, sobem em cima dos veículos ainda em movimento, na
esperança de conseguir algo em estado menos degradado. Mãos de crianças
em idade pré-escolar avançam em meio aos dejetos e recolhem frutas ou
potes já abertos de iogurte, degustados sem maiores cerimônias no meio
de todo mundo, enquanto caminham indiferentes à presença da câmera.
Ao final, um plano geral revela centenas de palafitas erguidas em meio ao
mangue, muitas delas acessíveis apenas por frágeis pinguelas. A legenda
finalmente anuncia onde estamos: “Bairro São Pedro – Vitória, eS, 1983”.
Essas são as cenas iniciais de Lugar de toda pobreza (1983), documentário televisivo de Amylton de Almeida, que retrata, em pouco mais de
50 minutos, a dureza cotidiana dos moradores das cercanias do maior
depósito de lixo da Grande Vitória. Milhares de pessoas que vivem da
coleta, reaproveitamento e ocasional revenda daquilo que usualmente é
descartado pelo resto da população. São barracos de madeira, sem água
encanada ou energia elétrica, construídos em áreas invadidas: alguns deles
quase soterrados em meio aos detritos, que chegam à altura das janelas – e
é de uma dessas janelas que uma mãe, cercada por dois filhos pequenos,
enumera para a câmera as principais reivindicações dos habitantes daquele
bolsão de pobreza.
Nada ali nos remete às atuais imagens do belíssimo pôr do sol no
deque da Ilha das Caieiras, com seus restaurantes de frutos do mar e sua
forte vocação turística, amplamente registrada pelos principais fotógrafos
capixabas nas duas últimas décadas. O choque com o presente, em que a
região, ainda que predominantemente de baixa renda, encontra-se razoavelmente urbanizada, é inevitável. Se nós, espectadores contemporâneos,
estamos muito distantes do contexto original daquelas imagens, o realismo
cru com que elas foram captadas nos transporta a uma experiência radical
e sem maiores concessões. Neste retrato, o azul imaculado do céu é sempre
atravessado pelo bando de urubus em revoada.
Estamos nos anos 1980, meio a uma gravíssima recessão econômica,
com elevada taxa de desemprego, agravada pelo êxodo rural ainda bastante
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intenso, e apenas no início de uma década na qual a hiperinflação irá atingir níveis estratosféricos. Ao mesmo tempo, vive-se, na Grande Vitória, a
continuidade dos grandes projetos industriais iniciados na década anterior,
a implantação de grandes siderúrgicas e um processo de urbanização e modernização cada vez mais intenso, especialmente nos bairros mais nobres da
cidade. São duas faces de um mesmo processo, muito embora uma delas (a
mais favorecida) pareça desconhecer o que acontece do outro lado da ilha.
O filme abre mão dos usuais narradores e apresentadores, ainda tão
comuns no documentário televisivo da época (e também nos trabalhos
anteriores do cineasta), para dar ampla voz aos seus protagonistas. Há toda
uma crença naquilo que a câmera registra, especialmente nos depoimentos
de quem vive naquelas condições precárias. Em meio ao aparente caos, aos
poucos começamos a perceber a organização interna dessa comunidade,
guiados pelas falas da líder da Associação de Catadores, dona Leda dos Santos. Seguem-se depoimentos não só dos catadores, mas também de outros
intermediários dessa cadeia produtiva. Uma mulher relata a dificuldade de
seu marido epilético para obter emprego fixo, enquanto a fachada de seu
barraco, erguido numa pedra, é enquadrada de modo a destacar a placa de
madeira que ocupa metade de uma parede, com os dizeres “obra financiada
pela Caixa Econômica Federal” – num contundente comentário irônico da
câmera, típico de Amylton para ampliar o caráter de denúncia de seus filmes.
Ao mesmo tempo em que são relatados os violentos conflitos entre a
polícia (defendendo os supostos proprietários das terras) e os “invasores”,
testemunhamos, num momento de trégua, a construção de novos casebres
em meio ao charco – e o melancólico piano que acompanha as imagens
confere alguma doçura àqueles corpos franzinos que tentam equilibrar as
tábuas nos ombros enquanto atravessam a densa lama do mangue, quase
atingindo-lhes a cintura. Aliás, o uso da trilha sonora erudita, com forte viés melodramático, busca sacudir a apatia do próprio espectador, ao
contrapor a dureza das imagens da vida no lixão a trechos de conhecidas
composições do repertório erudito (como Carmina Burana, de Carl Orff ),
ou mesmo “Desapareceu um povo”, canção religiosa bastante popular nas
igrejas pentecostais da época, cujos versos indagavam: “Onde está aquele povo
barulhento/ Onde está que não se vê nenhum irmão?”.
A intenção era, claramente, provocar o choque necessário no espectador de classe média – tanto que o impacto do filme junto à opinião pública
foi fulminante, após ser exibido pela tV Gazeta e, posteriormente, em rede
nacional. Se hoje essa estratégia pode soar sensacionalista, na época ela
parecia ser a opção mais viável, traduzindo inclusive uma visão altamente
pessimista do cineasta, em um período no qual a forte crise econômica
não permitia vislumbrar nenhuma possibilidade de esperança futura. Daí
a necessidade de conferir visibilidade ao tema junto às audiências televisivas, trazendo-o para a agenda pública, de modo a obrigar, de algum modo,
o Estado a investir em infraestrutura na região – algo que só aconteceria
efetivamente a partir do final da década.
Lugar de toda pobreza, além de aproveitar bem as especificidades do meio
televisivo, também traz em si as marcas do fazer videográfico, que seria o
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modo de produção de imagens predominante no Espírito Santo durante
boa parte dos anos 1980, seja no campo do documentário, da ficção ou da
nascente videoarte. Destaco aqui: a mobilidade das câmeras de vídeo, permitindo se filmar em qualquer lugar, seja no formato U-Matic profissional
das emissoras de tV da época, ou nos formatos caseiros Betamax e VHS,
largamente utilizados pelos produtores independentes; a possibilidade de se
assistir ao material logo após sua gravação, sem ter que recorrer aos procedimentos laboratoriais de revelação de filmes; o baixo custo de produção e
a liberdade para se filmar mais imagens. O vídeo de Amylton, por exemplo,
contou com dez horas de material bruto, o que dá uma proporção, entre
as imagens captadas e as editadas, em torno de 10 para 1 – bem maior que
nos filmes feitos em película 16 mm ou 35 mm, que variavam geralmente
entre 2 e 3 para 1. Além disso, foram necessários seis meses de trabalho,
no qual a equipe pôde imergir no cotidiano daquela comunidade.
Do Balão ao Éden: a ascensão de uma nova geração
No entanto, há um elemento fundamental que ficou de fora: a participação dos moradores no processo. Inclusive, parte das lideranças da
região entendiam que o vídeo reforçava o preconceito, ao mostrar somente os problemas no lixão e não dar visibilidade às outras articulações
dos movimentos sociais em São Pedro. Seria necessário que outro projeto
envolvesse aquela população na produção de suas próprias imagens: o
Vídeo comunitário em São Pedro, realizado por estudantes da Ufes entre
1986 e 1987 (entre eles, diversos integrantes do grupo de contracultura
denominado Balão Mágico). Nele, como conta Cleber Carminati, um dos
principais articuladores da cena audiovisual da época, as vídeo-reportagens
eram conduzidas pelos próprios moradores, e depois exibidas e debatidas
nas reuniões das associações de bairro.
A experiência de uma proto-tV comunitária em São Pedro era parte
de um projeto maior de toda uma geração de videomakers brasileiros nos
anos 1980: a de pensar o vídeo como uma alternativa aos discursos hegemônicos televisivos, um questionamento consciente das relações de poder
que envolvem a produção e a difusão de imagens. E esse pensamento se
nutria da possibilidade (ainda que um tanto utópica) das câmeras de vídeo,
por serem mais baratas e portáteis, permitirem ao cidadão médio ser ele
mesmo produtor das imagens que consome – uma condição que só se tornaria plenamente possível já no século XXi, com os celulares, redes sociais
e sites de compartilhamento de vídeos, caseiros ou não. Isso irá desembocar
em várias frentes pelo país afora: além da eclosão das tVs comunitárias,
também teremos um boom de documentários com engajamento social, além
da produção de videoficções e da nascente videoarte. E uma característica
atravessará boa parte dessa produção jovem e independente: a afirmação
de um caráter de criação coletiva, cooperativa, do it yourself, experimental,
questionando por vezes as tradicionais hierarquias das funções na equipe
cinematográfica tradicional.
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Um prenúncio desse novo modus operandi no audiovisual capixaba pode
ser observado em Criaturas da Noite, vídeo realizado por Virgínio Lima em
1983. Com duração de oito minutos, ele apresenta os integrantes do grupo A
Canalhada em um espetáculo que na época causou muita polêmica, chegando
a ser vaiado durante a Mostra de Dança realizada em junho daquele ano.
Mas o coletivo que iria fazer bastante “barulho” no período seria o
Balão Mágico, que atuou em diversas frentes na Ufes a partir de 1983: performance, pichação, happening, rádios livres, vídeo e outros ativismos (para
além das desgastadas formas de articulação partidária). Influenciados tanto
pelas propostas artísticas e comportamentais da contracultura, quanto pela
cultura de massa televisiva, seus integrantes buscavam questionar toda uma
postura conservadora que ainda insistia em dar as cartas na universidade e
na sociedade capixaba, mesmo no período de abertura política. A produção
audiovisual do grupo não se restringiu somente a trabalhos acabados, assumindo também um caráter de permanente processo. E com o primeiro
vídeo “propriamente dito”, Refluxo (1986), dirigido por Sérgio Medeiros, eles
inauguram um intenso movimento videográfico na Ufes, que atravessaria
toda a segunda metade da década.
Trata-se de uma obra de ficção científica, ambientada em dezembro de
2010, após a destruição da civilização pela guerra nuclear. Ao som robótico
de Kraftwerk, uma locução feminina nos apresenta uma cidade-laboratório,
construída para oferecer condições de vida a parte dos sobreviventes, que
pretendem erguer um “Quinto Império”, com ares neonazistas – subestimando que outros humanos, mutantes, atingidos pela catástrofe, também
sobreviveram, rastejando e alimentando-se de baratas, procriando como
ratos fora dos muros da cidadela.
De repente, um reggae eletrônico. Somos apresentados à cúpula do
Quinto Império: em plano-sequência, quase sem cortes, iluminação expressionista, maquiagem e mise-en-scène teatrais. O tom de deboche e acidez
marcam essa paródia da histeria totalitarista. Já os atores que representam
os mutantes são retratados com máscaras de papel machê, capas plásticas e
gestos de ampla teatralidade. Decide-se então enviar uma cobaia ao passado. O mundo de 1986 é tão distópico quanto o “futuro”: drogas injetáveis,
alienação coletiva, inexistência de solidariedade. Enquanto a cobaia (interpretada pela futura cineasta Sáskia Sá) perambula pela cidade, ao sabor
de encontros incertos e que vão se revelando (ou não) como parte de um
pesadelo dentro de outro.
Refluxo faz da precariedade técnica e dos poucos recursos cenográficos
os elementos de sua força. A opção pelo preto e branco de alto contraste,
ao mesmo tempo que busca encobrir a falta de equipamentos de iluminação e a baixa resolução da imagem captada pela câmera, acaba criando
uma atmosfera densa, repleta de sombras pontiagudas. Feito em caráter
cooperativo, com atores estreantes e equipe reduzida, ele traduz, em sua
trama, toda uma atmosfera de ceticismo que circulava nos subterrâneos
da aparente euforia com a chegada da “tal Nova República” no Brasil. Não
à toa, quando a personagem de Saskia percorre a região de São Pedro, em
pleno 1986, as pinguelas e os casebres fincados no meio da lama ainda es-
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tão lá, e os personagens parecem ter poucas esperanças na diminuição do
abismo entre ricos e pobres.
Entre os principais integrantes da ala videográfica do Balão Mágico,
citam-se Cleber Carminati, Ernandes Zanon, Sáskia Sá, Antônio Chalhub
e Paulo Sérgio Socó, este último mais interessado no campo da videoarte.
Entre os trabalhos do grupo, inclui-se ainda o documentário O resgate (1987)
e Rendam-se Terráqueos, dirigido por Chalhub e que compila uma série de
esquetes, performances e outras intervenções realizadas pelos integrantes
do grupo desde 1984 e finalizado em 2002. Em 1999, o Balão seria tema
do documentário Pacíficos e ruidosos, de Rodrigo Linhales, Tati Rabello e
Larissa Machado.
Segundo Cleber Carminati, outros trabalhos universitários do período
incluem os vídeos: Formólia (1986), de Ricardo Nespoli e Paulo Sérgio Socó;
Janelas (1987), de Ricardo Nespoli e Renzo Pretti; e Aedes Aegyptis (1986-87),
projeto de caráter performático dos artistas visuais Rosana Paste, Mac e
Celso Adolfo (egresso do grupo A Canalhada), sob o qual seria realizado A
vida íntima de Nefertiti (1987), espécie de “novela” sobre o cotidiano da rainha
egípcia que foi um ícone de beleza no tempo dos faraós.
Rosana, Mac e Celso integrariam, posteriormente, o grupo Éden Dionisíaco do Brasil, do qual também fizeram parte Cleber Carminati, Saskia
Sá, Rita Elvira, Gabi Lima e Lobo Pasolini. Nas palavras de Rosana Paste, o
grupo partia de releituras cênicas da história da arte para criar “quadros
performáticos, mutantes e improvisados”, apresentados em espaços cênicos
– como o Theatro Carlos Gomes, que foi palco da montagem de Quadros
Bíblicos, em 1989, na qual a cabeça de São João Batista era entregue em um
televisor. O grupo não se interessava pelas convenções do teatro, preferindo
produzir obras abertas e inacabadas: “Nossa pesquisa estava direcionada
para o corpo, a dança, o improviso, a releitura e a interpretação dos ‘ismos’
das artes, de artistas, de contextos relacionados a fatos históricos”, recorda
a artista. O espetáculo encerrava com a exibição da videoperformance O
inferno de Dante (1989), realizada no Morro do Moreno, em que todos os
integrantes do grupo estavam nus e angustiados, buscando um lugar de
sobrevivência. Rosana relata que o mar tinha que ser vermelho e que, para
obter o efeito desejado, foi colocado papel celofane da mesma cor na frente
da tela, colorindo os corpos e a paisagem: “o céu, o mar, a terra, tudo passou
a ser o inferno”. O espírito anárquico e demolidor das performances do
Éden continuaria em uma série de outros trabalhos videográficos, alguns
concluídos e outros inacabados (como a videoperformance Panos e luzes,
de 1988), em um trabalho de pesquisa permanente durante todo o período
em que o grupo existiu.
Sérgio Medeiros, junto a outros integrantes do Balão Mágico, seguiria
com o Projeto de Pesquisa de Linguagem Imagética, iniciado com Refluxo
e em atividade até hoje. Por meio dele, realizaria diversas adaptações literárias, como o média-metragem Diga adeus a Lorna Love (1988), reunindo
quatro contos do livro de Francisco Grijó, e Fuga de Canaã (1991), primeiro
longa-metragem em vídeo feito no Estado, a partir do romance homônimo
de Renato Pacheco. Antes disso, no comecinho dos anos 1980, ele havia
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realizado mais dois trabalhos no formato super-8: o curta Santa Maria Julião
(1980) e o longa Sinais de fascismo (1980), inspirado no Caso Argolas, um
esquema de tráfico e corrupção de menores nas instituições carcerárias do
Espírito Santo, denunciado em reportagem do jornal A Gazeta por Amylton
de Almeida e Glecy Coutinho, em 1978. Quando exibido pela primeira vez,
no cineclube da Ufes, o longa-metragem foi apreendido por um grupo de
policiais do DopS, em uma manobra ilegal e que feria a autonomia universitária. O longa foi mutilado, com a retirada das cenas que denunciavam os
policiais envolvidos nos crimes citados, e ficou muitos anos sem ser exibido.
Ficção e documentário: outros olhares
Outros trabalhos de videoficção incluem ainda a série Telecontos
capixabas, realizada por Antonio Carlos Neves para a tVe, entre 1983 e
1986. Somente um único trabalho ficcional no formato 35 mm é realizado
no Espírito Santo em toda a década de 1980: o longa-metragem carioca
Corpo a corpo, todos os sonhos do mundo (1984), de Iberê Cavalcanti. O filme
é uma tragédia familiar, ambientada em uma fazenda em Guarapari, e
contou com alguns capixabas no elenco (Glecy Coutinho, Agostino Lazzaro e Paulo de Paula) e na equipe técnica. Rodado em 1981, ainda sob o
nome de Veias abertas, o longa de Cavalcanti seria o vencedor do Rio Cine
Festival em 1984.
No campo do documentário, o vídeo também deixou uma farta
produção, como a continuidade da série de documentários televisivos
iniciada no final da década de 1970 por Amylton de Almeida: além de
Lugar de toda pobreza, foram realizados O último quilombo (1980), premiado
no iii Festival de Verão da Rede Globo; Piúma: Conchas (1988); Nasce uma
cidade (1989), que retrata as origens de Itanhenga (hoje, Nova Rosa da Penha), outro bairro pobre e violento da Grande Vitória; e Incêndio nas mentes
( já em 1990), retratando a perseguição aos descendentes de alemães no
Espírito Santo durante a Segunda Guerra Mundial, acusados de colaborar
com o regime nazista.
Já Orlando Bomfim transitaria entre o cinema e o vídeo, mantendo
seu projeto de mapeamento das manifestações culturais tradicionais, como
em As paneleiras do barro (1983), média-metragem que buscava resgatar a
confecção da panela de barro capixaba, em um momento em que a atividade
corria grande risco de extinção, e Dos reis magos aos tupiniquins (1985), registrando a história da Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida. Ele realizaria
ainda uma série de documentários televisivos, à frente da tVe (emissora
da qual foi diretor no período), entre os quais se destaca Um inferno na ilha
(1986), sobre o bairro São Pedro. Também no começo da década, outros
colaboradores de Bomfim acabam por fixar residência no Espírito Santo,
como o compositor e maestro Jaceguay Lins, autor de várias trilhas sonoras
do cinema brasileiro, e o diretor de fotografia Douglas Lynch.
Lynch dirigiria o documentário Receita artesanal (1988), sobre o preparo
da moqueca capixaba, cujo roteiro, de autoria de Adilson Vilaça e Heloísa
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Figueiredo, fora o vencedor do concurso realizado pelo Departamento
Estadual de Cultura em 1986. Realizado em 16 milímetros, o curta recebeu
um prêmio especial no Rio Cine Festival, em 1989.
Tendo o vídeo como suporte, Clóves Mendes dirige Balduíno, El Africano
(1989), documentário sobre o octogenário artista Balduíno: poeta e artista
circense, denominado “O rei da panderetologia”. Temos aqui um grande
retrato, com largo uso de closes, no qual vemos Balduíno preparar sua
maquiagem cênica, enquanto nos conta sua história, fala da condição de
artista e negro, recita seus versos, batuca, canta e faz surpreendentes malabarismos com seu instrumento musical. Mesclando trechos da entrevista
com imagens de arquivo em seus treze minutos de duração, o curta seria
premiado no Festival del Cinema Latino Americano de Trieste, na Itália.
Já o artista multimídia Nenna, também no final do período, registraria
em vídeo suas experiências com o escultor Franz Krajcberg e o videomaker,
músico e pesquisador Arlindo Castro. Daí resultariam dois documentários
que seriam finalizados mais de vinte anos depois: respectivamente, Krajcberg
(2004) e 88AC – Uma viagem Nenna Arlindo Castro (2004).
E a década chega ao fim...
O final dos anos 1980, ao mesmo tempo que contaria com poucas salas
de cinema de rua funcionando na Grande Vitória, testemunha a inauguração
do Cineclube Ludovico Persici, no Centro Cultural Carmélia M. de Souza,
o primeiro do Eestado a funcionar em 35 mmilímetros. Durante toda a
década, ainda teremos uma forte movimentação cineclubista no Estado,
dando continuidade ao trabalho iniciado na década anterior. E, em 1988,
o escritor Fernando Tatagiba publica o livro História do cinema capixaba, a
primeira publicação do gênero no Estado.
Destaca-se, nesse período, a atuação do celp (Centro de Estudos Ludovico Persici), entidade que promovia cursos, debates críticos e eventos
audiovisuais como os “Noitões do Carmélia”, que viravam a noite com
mostras de filmes e outras atrações culturais, marcando época na vida
cultural da cidade. O celp também editou, no ano de 1990, o jornal Trippé,
primeiro periódico cinematográfico feito no Espírito Santo, que durou somente duas edições, nas quais abriu espaço para a crítica cinematográfica
e as discussões sobre política cultural.
Vale lembrar que vários movimentos juvenis marcaram a produção
cultural capixaba no período: além do vídeo, temos uma nova geração de
artistas – como Lando, Hélio Coelho e Zupo – seguindo uma forte tendência nacional de redescoberta da pintura (graças à chamada Geração 1980).
Outros artistas visuais iriam se dedicar a: performance, fotografia, grafite
e intervenção urbana. Também temos toda uma nascente cena roqueira
(bandas como Thor, Combatentes da Cidade, Pó de Anjo), uma boa fase para
o teatro e a dança, e um período de ouro na literatura, em que a coleção
Letras Capixabas, da Fcaa-Ufes, revelou vários jovens escritores em seus
40 títulos, publicados entre 1981 e 1989.
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Encerrando a década em que o vídeo tomou a linha de frente da
produção audiovisual capixaba, temos a videoarte Graúna barroca (1989), de
Ronaldo Barbosa e Ricardo Nespoli. Realizado a partir de uma intervenção
na praia do Rio Negro, em Fundão, o vídeo utiliza elementos da própria
região, como fogo, gravetos e água, que são animados pelos movimentos
da própria natureza – na contramão das animações eletrônicas que eram
a novidade entre os videomakers da época. O curta levou diversos prêmios
em festivais dentro e fora do Brasil, incluindo o de Melhor Videoarte no
33º Festival de Cinema e tV de Nova Iorque, em 1991.
A estagnação da era Collor
A década de 1990 começa de forma catastrófica para o cinema brasileiro de longa-metragem. No dia 16 de março daquele ano, o recém-empossado presidente Fernando Collor de Mello extinguiu, em um único
ato, a Embrafilme (principal financiadora dos filmes nacionais), o Concine
(órgão regulador da área) e reduziu o Ministério da Cultura a uma secretaria
da Presidência da República, com todos os cortes orçamentários que isso
implica. Foi um duro golpe para o cinema nacional, que já vinha atravessando uma crise na década anterior, perdendo grande parte de seu público
para a televisão e para o nascente mercado das videolocadoras. Até então,
os dois únicos filões de mercado que não haviam sido atingidos pela crise
eram o infantil e o pornográfico. Ambos, contudo, também foram atingidos pelas medidas implantadas por Collor, que paralisaram a produção e
a distribuição dos filmes nacionais até a metade da década: vale lembrar
que, entre 1991 e 1996, nem mesmo Xuxa e Os Trapalhões, os campeões
do segmento infantil na época, estrelaram longas-metragens. Já o cinema
pornô gradualmente foi migrando para o rentável mercado de home vídeo
e, por volta de 1995, suas novas produções já não ocupavam mais as salas
de cinema do país.
O choque foi imediato. Em 1992, foram concluídos nove filmes (incluindo os pornôs), e lançados apenas três. Em 1993, dos 11 títulos realizados,
apenas quatro chegaram às telas brasileiras – atingindo cerca de 0,5% da
bilheteria total do ano, um número irrisório quando lembramos que, em
meados dos anos 1970, o cinema nacional detinha um terço do total de
ingressos vendidos no Brasil.
A situação começa a melhorar a partir de 1996, quando Carlota Joaquina
(1994), de Carla Camurati, e O quatrilho (1995), de Fábio Barreto, alcançaram grande sucesso de público, ultrapassando a barreira de um milhão
de espectadores – e, no caso do filme de Barreto, obtendo uma indicação
para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Essa nova fase, denominada
pelos historiadores de “Retomada do Cinema Brasileiro”, irá se estender
até 2002. Nela, a produção nacional consegue um novo fôlego, graças à
consolidação de leis de incentivo federais, como a Lei do Audiovisual e Lei
Rouanet. Seria necessário, contudo, esperar quase uma década até que as
salas de cinema pudessem finalmente acolher uma parcela representativa
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desses filmes – que encontravam raros espaços para serem exibidos em
um crescente circuito nacional de festivais e mostras.
No período Pré-Retomada, o Espírito Santo, Estado que praticamente não produziu cinema na década de 1980, parecia ser uma pequena luz
no fim do túnel em que todo o setor mergulhara durante a era Collor. A
partir da abertura de uma linha de financiamento de projetos culturais
disponibilizada pelo Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito
Santo (Bandes), vislumbrou-se a possibilidade de criação de um “polo de
cinema” no Espírito Santo – termo amplamente usado pela imprensa local
e até nacional naqueles anos. Curiosamente, o primeiro filme realizado
com esses recursos foi um curta-metragem experimental – Miragem das
fontes, de Gelson Santana, produzido pela Universidade Federal Fluminense
(UFF) em 1990.
Em um momento em que praticamente não se rodaram longas-metragens no país, os recursos do Bandes atraíram alguns projetos de outros
Estados, que utilizaram cenários, figurantes e, em escala bem menor, atores
e técnicos locais como contrapartida para suas realizações. São eles: Vagas
para moças de fino trato (1993), de Paulo Thiago; Lamarca (1994), de Sérgio
Rezende e Fica comigo (1996), de Tizuka Yamazaki. Desses, apenas Lamarca
conseguiu alguma repercussão, tendo atingido a marca de 130 mil espectadores no ano de seu lançamento – um feito, em um ano no qual somente
sete filmes nacionais chegaram às telas, a maioria não atingindo sequer a
marca de dez mil ingressos vendidos. O filme de Sérgio Rezende também
proporcionou um papel de destaque ao ator capixaba Eliezer de Almeida,
que chegou a ganhar o troféu de Melhor Ator Coadjuvante no Prêmio Cidade
de São Paulo de Cinema, oferecido pela Prefeitura Municipal de São Paulo
aos melhores filmes nacionais realizados entre 1990 e 1994. Outro longa
que utilizou cenários do Espírito Santo, na época, embora sem o apoio do
Bandes, foi O guarani (1996), de Norma Bengell.
Se o “polo de cinema” capixaba teve vida curta, ao menos a linha de
financiamento do Bandes possibilitou a realização de um longa-metragem
local – o primeiro, no formato 35 mm, totalmente concebido, produzido
e dirigido por profissionais do cenário cultural capixaba. Trata-se de O
amor está no ar (1997), dirigido por Amylton de Almeida, que começou a
ser filmado em 1994. Com um elenco que mesclava diversos atores locais
com nomes de renome nacional, e uma equipe técnica majoritariamente
espírito-santense, ele conta a história de Lora Berg, mulher de meia idade, culta e de boa posição social, que apresenta um programa de namoro
por correspondência em uma emissora de rádio am. Lora apaixona-se por
Carlos Henrique, dezoito anos mais jovem e desempregado, dando início a
um tumultuado relacionamento amoroso. A trama, com várias referências
à ópera Tannhäuser, de Richard Wagner, é um autêntico melodrama, no
melhor estilo da Hollywood clássica que o cineasta tanto exaltara em suas
críticas cinematográficas – dialogando, em especial, com o universo de seu
diretor favorito, Douglas Sirk.
Amylton faleceria em 1995, após uma batalha contra um câncer
fulminante, enquanto ainda se captavam recursos para a finalização do
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longa, que, durante as filmagens, havia estourado bastante seu orçamento
inicial. Ele seria concluído dois anos depois pela produtora Luciana Vellozo
e pelo co-roteirista Fabiano Gonçalves, a partir de algumas anotações do
cineasta – tendo sido reduzido a pouco mais da metade da duração inicial
prevista pelo roteiro. O amor está no ar ainda enfrentaria dificuldades para
distribuição comercial, chegando a pouquíssimos espectadores – ainda assim, foi exibido em alguns festivais, garantindo a Eliane Giardini o prêmio
de Melhor Atriz em Gramado, no ano de seu lançamento. Trata-se de um
filme a ser redescoberto.
Dois longas-metragens em vídeo foram realizados no período: além
de Fuga de Canaã (1991), de Sérgio Medeiros, adaptação do romance homônimo de Renato Pacheco, há também Kazhumbi Ojo Kalunga/ Mal das águas
(1992), releitura livre do Tubarão de Spielberg, dirigida por Sidemberg
Rodrigues. Rodado entre 1987 e 1991, no formato VHS e com direito a um
tubarão mecânico, o longa foi realizado com recursos próprios, tendo sido
restaurado e reexibido publicamente em 2012, quando se completaram 20
anos de sua sessão inicial.
A retomada do curta-metragem
Como, além dos recursos do Bandes no Estado, havia poucas possibilidades de financiamento no país, durante a primeira metade dos anos
1990, muitos veteranos do cinema nacional, impossibilitados de filmar,
acabaram migrando (uns temporariamente, outros de modo definitivo)
para outros campos – como a televisão, a publicidade e o jornalismo. Para
os jovens realizadores, muitos deles recém-egressos das faculdades de cinema do país, a única forma de se fazer cinema, naquele momento, era o
curta-metragem – mesmo com o formato não conseguindo mais espaço
nas salas de exibição convencionais, já que a Lei do Curta havia caído no
governo Collor.
No Brasil, a segunda metade dos anos 1980 havia se tornado conhecida
pela “primavera do curta”: um período em que o formato não só possuía
um mercado próprio, mas também ganhava reconhecimento nos festivais
dentro e fora do país. Talvez o mais bem-sucedido exemplar dessa fase
tenha sido Ilha das flores (1989), de Jorge Furtado, vencedor do Urso de
Prata do Festival de Berlim na categoria Melhor Curta em 1990. Embora a
viabilidade comercial do curta tenha decrescido significativamente na Era
Collor, a produção continuou a pleno vapor, movida pelos custos relativamente baixos, pela liberdade criativa e pelos recursos obtidos por meio
das diversas leis de incentivo e fundos culturais mantidos pelos governos
estaduais e municipais, que se consolidavam em diversos cantos do país.
Estados como Pernambuco, Minas Gerais, Ceará, Bahia e o Distrito Federal,
entre outros, vêm se somar aos já tradicionais Rio de Janeiro, São Paulo e
Rio Grande do Sul em termos de uma produção cinematográfica constante e de reconhecida qualidade. E é nesse formato que o cinema capixaba
iria finalmente renascer nos anos 1990 – agora não mais como um ciclo
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efêmero, mas como um setor que viria a se consolidar nos anos seguintes,
até atingir o grau de diversidade que possui nos dias de hoje.
A principal vitrine para o curta, nos anos da retomada, era o nascente
circuito de festivais que se instalava nos mais diversos Estados brasileiros.
Em 1990, surge o Festival Internacional de Curtas de São Paulo e, no ano
seguinte, o Curta Cinema, no Rio de Janeiro – ambos eventos de grande
porte dedicados exclusivamente ao formato. Além disso, já existiam mostras
de curtas em festivais mais tradicionais, como o de Brasília, o de Gramado, o Rio Cine e a Jornada da Bahia. Nos anos seguintes, surgiriam vários
outros festivais em todo o país – entre eles, em 1994, o Vitória Cine Vídeo.
Durante os primeiros três anos, esse festival que transformaria toda
a cena cultural do Estado era uma mostra de caráter não-competitivo, no
Cine Metropolis, na Ufes, gerida pelo próprio poder público. A partir da
quarta edição, em 1997, o festival passa a ser realizado pela Galpão Produções,
com direito a uma mostra competitiva de curtas metragens em película (16
mm e 35 mm) e outra em vídeo, além do lançamento de longas-metragens
brasileiros inéditos no circuito capixaba. E, entre 1997 e 2007, o CineTeatro Glória (atual Centro Cultural Sesc Glória) foi seu principal espaço
de exibições, sempre atraindo um público superior a 1.000 espectadores
por noite. Ao final dos anos 1990, ele já era um dos principais festivais de
curta-metragem do país, não apenas mantendo o público espírito-santense
em dia com as principais tendências do audiovisual brasileiro, mas também
dando visibilidade à produção local e revelando novos nomes, através de seu
concurso de roteiros, iniciado em 1998. Tendo chegado à 21ª edição em 2014,
o festival mantém ainda, desde 2011, uma mostra competitiva de “longas”.
Outro fator importante para que o curta-metragem capixaba pudesse
se consolidar foi a criação da Lei Rubem Braga, do município de Vitória,
mecanismo de renúncia fiscal cujos recursos arrecadados são destinados a
projetos culturais. Implantada em 1991, a lei foi, durante mais de uma década,
a principal fonte de financiamento para filmes e vídeos locais, ainda que, no
começo, os valores aprovados nem sempre fossem suficientes para cobrir todo
o orçamento previsto, o que fazia com que muitas obras tivessem que esperar
alguns anos até serem concluídas, quando finalmente apareciam outras (raras)
fontes de patrocínio. Hoje em dia, diversos municípios do Espírito Santo já
contam com suas leis de incentivo, o governo do Estado possui um sistema
de editais próprio e o governo federal também abre vários outros, em uma
conjunção que possibilita a realização de um número maior de projetos.
Entre os primeiros trabalhos que contaram com o apoio da Lei Rubem
Braga, constam algumas experiências em vídeo, como TV Reciclada (1992),
de Arlindo Castro e Ronaldo Barbosa. Híbrido de videoarte e documentário
ensaístico, o média-metragem traça uma série de questionamentos sobre o
lugar da televisão no imaginário contemporâneo, a partir de esquetes e gags
visuais repletas de efeitos de edição e computação gráfica (alguns a cargo de
Hans Donner, de quem Arlindo Castro era bastante próximo), bem ao gosto
da produção videográfica brasileira da época. Já Sacramento (1992), de Luiza
Lubiana e Ricardo Sá, também com recursos da Lei Rubem Braga, foi filmado
em Super-8 e finalizado em vídeo. Trata-se de uma releitura do mito de São
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Sebastião, pelo prisma de um universo onírico e repleto de arquétipos que
nos remetem a tempos imemoriais, em uma linguagem que seria aprofundada nos curtas seguintes da diretora – por exemplo, em A lenda de Proitner
(1995), que levou o prêmio de Revelação no Festival de Cuiabá, em 1996, e é
um dos mais importantes títulos da filmografia capixaba da década de 1990.
Ricardo Sá, de lá para cá, iria se tornar um dos principais documentaristas do Estado, com algumas interessantíssimas incursões no cinema ficcional, adotando uma linguagem bastante experimental. Solidão vadia (1997),
realizado em 16 mm, é um exemplar dessa segunda vertente, retratando
alegoricamente o encontro de um pescador com uma mulher proibida, em
uma pequena aldeia, com ecos de Expressionismo Alemão – história que
também seria lançada em uma montagem alternativa, em vídeo Betacam,
sob outro título: Tempestade em Akkarrar (1997). Outro nome dessa geração
é Marcel Cordeiro, com os curtas Passo a passo com as estrelas (1995), híbrido
de ficção científica distópica com tinturas neorrealistas, e Flora (1996) –
drama ambientado nos anos 1940, em uma cidade de interior, que rendeu
o prêmio de Melhor Atriz à mineira Regina Braga, no Rio Cine Festival de
1996. Já Margarete Taqueti irá estrear na direção com O fantasma da mulher
de algodão (1995), que resgata metaforicamente a lenda urbana que aterrorizava os banheiros das escolas públicas, ambientada na época da repressão.
Um dos filmes mais importantes dessa safra é Eu sou Buck Jones (1997),
estreia na direção de Glecy Coutinho, nome bastante atuante no cenário
cultural capixaba desde os anos 1960, como jornalista, professora universitária e atriz. O curta recria um episódio real, ocorrido na infância da
cineasta, em João Neiva, no qual, um garoto, fascinado pelo cowboy Buck
Jones, herói dos faroestes de matinê, chega a cometer um assassinato para
não perder o último episódio de seu seriado cinematográfico favorito. Calcado na delicada interpretação de seu protagonista mirim, o filme rendeu
ao ator João Vitor Marangoni o Prêmio Revelação no Vitória Cine Vídeo
de 1997. Uma análise mais detalhada dos curtas e longas produzidos em 16
mm e 35 mm na década de 1990 encontra-se no artigo “A ‘década perdida’
dos historiadores foi um período de euforia e perspectiva para os cineastas
capixabas”, de João Barreto, publicado ao final deste livro.
Videoarte e videoperformance
No campo do vídeo experimental e da videoperformance, a produção
também segue ganhando volume e se arriscando em novos territórios. Pioneiros dos anos 1980, o grupo Eden Dionisíaco do Brasil realizaria Comida,
sexo e morte (1992), trabalho performático que apresentaria um dos nomes
mais atuantes da videoarte capixaba: Lobo Pasolini. Seus trabalhos no período destacam-se pelo intenso acento irônico e pela irreverente apropriação
de elementos da nascente cena clubber, da cultura pop e de ícones gays e
camp. Destacam-se aqui 1-2-3 Terezinha Remix (1995), Oneman show (1996) e
A autobiografia de todo mundo (1998), os dois últimos realizados em parceria
com a artista Rosana Paste, sempre transitando entre a autoficção e a esté-
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tica do vídeo experimental. A produção posterior de Lobo ainda incluiria
trabalhos bastante instigantes como Love in the age of graphic design (2003) e
Entrevista de trabalho (2005), enquanto Rosana firmaria seu nome como uma
das principais diretoras de arte dos filmes capixabas, realizando ocasionais
trabalhos de videoarte, como O juramento (1999) e Menina moça (2007). Outro
nome de destaque é Nenna, realizador de Vydeo (1997), do qual participam
Saskia Sá, Joel Barcellos e Franz Krajcberg.
Já o artista plástico Júlio Tigre irá se dedicar a uma série de investigações videográficas, seja no registro audiovisual de intervenções e performances, seja na criação de dispositivos que problematizem a própria
produção da imagem. Exemplo disso é Lugar algum (1998), instalação que
consiste em um cavalete, onde a câmera é posicionada, capaz de ser girado
em velocidades alteradas, graças a uma manivela na parte inferior, obrigando o operador a agachar-se para manuseá-la. Com isso, a câmera chega
a girar, 360º na direção anti-horária, sem que o cameraman seja filmado.
A cada volta, a velocidade vai aumentando, e a imagem vai borrando até
desaparecer por completo.
Já na virada dos anos 1990 para os 2000, uma nova geração de videomakers surgiria, tendo como principal vitrine as mostras competitivas do
Vitória Cine Vídeo: Jean R., Rodrigo Linhales, Tati Rabello, Larissa Machado,
Joel Vieira Junior, Cristiano Amigo Vidal e Sanny Lys são alguns desses nomes. Em comum, seus trabalhos exploravam as diversas potencialidades do
vídeo digital, do videografismo e dos dispositivos de produção e exibição,
além das diversas formas de apropriação dos signos da cultura de massa.
Uma declaração de Tati Rabello, proferida num debate realizado no Museu
de Arte do Dionísio Del Santo (maeS), em 2003, sintetiza esse estado das
coisas: “Mais que a edição, o que mais me interessa é a manipulação da
imagem, os efeitos da mesa”.
Muitos desses realizadores transitaram entre a videoarte, o videoclipe, a animação, as videoinstalações e as intervenções urbanas – em uma
tradução da estética frenética e apropriativa que marcou boa parte da produção daquela virada de século. Alguns desses trabalhos chegaram a ser
apresentados em salões e galerias de arte (como o Salão do Mar, realizado
na Casa Porto das Artes Plásticas) ou em exposições coletivas de videoinstalação (como a Vide, de 2000), além de intervenções urbanas em espaços
públicos, como os vãos da Terceira Ponte (Em Vão, 2001) e a concha acústica
do Parque Moscoso (2004).
Também foram realizados diversos trabalhos híbridos, que incorporavam a estética da videoarte para a ficção – Roteiro do banal (1999) e O morcego
beija-flor (2000), de Joel Vieira Junior –, para a autoficção – Joel (1999) e Meu
pé de feijão (2001), também de Joel Vieira Junior – e para o documentário.
Nesta última categoria, destacam-se: Múltiplos de um (1998), Ecótono (1999) e
Pacíficos e ruidosos (1999), de Rodrigo Linhales, Larissa Machado e Tati Rabello,
sendo os dois primeiros trabalhos em uma vertente mais ensaística; C.33
(1999), biografia de Oscar Wilde, dirigida por Jean R., que também faz largo
uso de animações gráficas; e, mais recentemente, a série O processo (2008),
de Mirabolica (Rodrigo Linhales e Tati Rabello) e Gabi Stein.
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comida, sexo e morte
c.3.3.
A autobiografia de todo mundo
tv reciclada
Moda
looping
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Documentário
Já em uma vertente mais próxima às linguagens já consolidadas do
documentário, também foram realizados vários trabalhos importantes,
como Costa Pereira (1995), de Clóves Mendes, um “docudrama” sobre a praça
homônima, localizada no centro de Vitória; Cachoeiro em três tons (1994), roteirizado por Luiz Trevisan e dirigido por Clóves Mendes, sobre três gerações
da família que trouxe ao mundo os compositores Raul Gonçalves Sampaio,
Raul Sampaio e Sérgio Sampaio; Uacataca Tinguilim (1998), de Federico Nicolai,
cujo título vem do barulho produzido pelo vendedor de quebra-queixo, ao
anunciar seu produto pelas ruas da cidade; Moda (1993), estreia na direção
de Saskia Sá, egressa do Balão Mágico; e Na parede, na toalha, no lençol (1998),
premiado documentário sobre o movimento cineclubista dos anos 1970,
dirigido por Lizandro Nunes, Luciana Gama, Ursula Dart e Virgínia Jorge.
Todos esses trabalhos tiveram o vídeo como suporte, tendência que iria se
ampliar nacionalmente na década seguinte, graças à praticidade e aos baixos
custos, possibilitando aos documentaristas gravarem uma quantidade bem
maior de material e experimentar outras estratégias de interação com seus
entrevistados, e até mesmo novas linguagens.
Também se inclui nessa safra o videodocumentário Ilha do rock, lançado
em fevereiro de 1993 por Dan Zecchinelli, Nazareth Pirola, Andrea Zuchi e
Beto Castelluber. Durante 25 minutos, esboçava-se, no ritmo frenético da
linguagem de videoclipe, um mapa da emergente cena roqueira da Grande
Vitória, que iria crescer exponencialmente durante o restante dos anos 1990.
Foram entrevistadas oito bandas, dos mais diferentes estilos: Urublues, The
Rain, Illness, Lordose pra Leão, Porrada!!!, Camisa de Força, Skelter e Clube
Big Beatles. Muitas delas viriam a gravar seus lps e cDs nos anos seguintes
e encontrariam um fiel público nas festas do campus da Ufes, do Camburi
Clube, nos eventos da FaFi e nos festivais Rock Lama, realizados na rua da
Lama, em Vitória, epicentro da cultura alternativa capixaba durante toda
a década. Em 2011, a própria rua da Lama seria tema do documentário
Uma volta na Lama, realizado por Ursula Dart, filme que busca investigar as
transformações da cidade a partir das diversas mudanças que a rua havia
passado e das diversas cenas culturais que nela deixaram seus rastros.
Alternativas para a formação de novos realizadores
A década de 1990 presenciou a abertura das primeiras salas de cinema
no Shopping Vitória (os Cines Vitória 1, 2 e 3) e do Cine Metrópolis, na
Ufes – um espaço dedicado aos filmes de fora do “circuitão”, especialmente
brasileiros, europeus e independentes norte-americanos. Mas também viu,
num curto espaço de tempo, o fechamento de todas as salas do centro de
Vitória: o São Luiz, o Glória, o Santa Cecília e o Paz. Já a Fafi, transformada
em Escola de Arte pela Prefeitura de Vitória e oferecendo cursos livres
e programação cultural variada, foi espaço para a realização de algumas
mostras filmes em 16 mm, por volta de 1993-1995, exibindo clássicos do
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cinema francês, alemão e japonês. Também o Cineclube Ludovico Persici,
no Centro Cultural Carmélia M. de Souza, antes de encerrar as atividades,
chegou a abrigar uma extensa mostra em comemoração ao centenário do
cinema, entre 1994 e 1995, com exibição semanal de vários clássicos. Entre
as poucas opções que restavam ao público cinéfilo local, estavam as videolocadoras, especialmente a Camburi Video e a Show Vídeo, que chegaria a
ser considerada uma das dez melhores do país.
Por outro lado, a crescente atividade audiovisual no Estado começou a
despertar o interesse de vários jovens, sedentos por capacitação técnica, de
modo que as oficinas e cursos livres de curta e média duração foram se tornando uma constante durante toda a década de 1990. Alguns longas-metragens,
como Fica comigo e A morte da mulata (que seria finalizado em 2002) chegaram
a oferecer oficinas técnicas para formação de mão de obra, e o próprio Vitória
Cine Vídeo passaria a oferecer minicursos e oficinas a partir de 1997. Se um
curso superior de Cinema na Ufes, todavia, só se tornaria realidade a partir de
2010, o mais perto que se oferecia em termos de formação audiovisual vinha
do curso de Rádio e tV, iniciado pela Faesa em 1995 e, em menor escala, com
as poucas disciplinas na área, ofertadas pela Ufes nos cursos de Jornalismo,
Publicidade e Artes Plásticas. Daí o grande interesse dos futuros realizadores
em participar dos cursos livres então ofertados na Grande Vitória.
Três cursos de longa duração marcariam época e seriam responsáveis
por revelar novos realizadores. O primeiro deles foi “Corpo e imagem”, realizado na Fafi durante todo o ano de 1992, com apoio da tVe e da tV Gazeta,
e coordenado por Amylton de Almeida. Dele surgiu o vídeo-documentário
Cupido no ar (2002), escrito e produzido por alunos do curso, e dirigido por
Roberto Partelli, Raquel Lucena e Fabiano Gonçalves. Dessa turma, surgiria
ainda boa parte da equipe do longa O amor está no ar.
Já os outros dois cursos, de nome “Realização Cinematográfica”,
foram coordenados por Valentina Krupinova, cineasta russa radicada no
Brasil, e tiveram como resultado curtas-metragens ficcionais em película
16 milímetros. O primeiro deles ocorreu em 1994 e deu origem ao filme
Gringa Miranda, cujo roteiro foi escrito por Valentina, Ricardo Sá e Luiz
Tadeu Teixeira. Nele, foram revelados nomes como Gabby Egito (atualmente
radicada nos Estados Unidos, onde dirige seus filmes), Marcos Figueiredo
(de Bem-vindos ao paraíso) e Carlos Augusto de Oliveira (que viria a residir
na Dinamarca e realizar diversos filmes, entre os quais uma coprodução
com o Brasil, o longa-metragem Rosa Morena, de 2010).
O segundo curso aconteceu no segundo semestre de 1997 e resultou
no curta Labirintos móveis (1998). Deste grupo, sairia toda uma geração de
diretores, atores e técnicos: Lizandro Nunes, Ursula Dart, Virgínia Jorge,
Erly Vieira Jr, Vanessa Frisso, Alessandra Toledo, Leandro Queiroz, Tatiana
Martinelli, Janaína Serra, Luciana Gama, entre outros – em sua maioria,
estudantes de Jornalismo ou Publicidade da Ufes e ávidos frequentadores
dos cursos, oficinas, mostras e festivais que aconteciam na época. Esse
grupo continuou trabalhando junto durante o começo dos anos 2000, à
medida que vários de seus integrantes faziam seus primeiros filmes e que
cada um se especializava em sua respectiva função técnica.
1980 — 1999
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Em 1998, Janaína Serra e Vanessa Frisso produziram um curso de
Super-8, resultando no curta-metragem O enforcado, que envolveu diversos
dos realizadores acima citados, além de outros que foram se agregando ao
grupo: Ana Cristina Murta, Alexandre Serafini, Aracely Cometti, Gustavo
Feu, Herbert Pablo. No mesmo ano, Erly Vieira Jr venceria o I Concurso de
Roteiros Capixabas do Vitória Cine Vídeo, com Macabéia, que seria rodado
em 1999 e finalizado em 2000, contando com boa parte dessa turma na
equipe técnica e no elenco.
Ainda em 1999, Virgínia Jorge realizaria De amor e bactérias, filmado
em super-8 e finalizado em vídeo (Betacam), praticamente com a mesma
equipe dos filmes acima citados (agregando ao grupo Fabrício Coradello e
Rosana Paste). Premiado no Festival de Cinema do Maranhão e no festival
universitário Vide Vídeo, da UFrJ, o curta é o verdadeiro marco inaugural
dessa geração capixaba surgida no final dos anos 1990, tanto em termos de
estética e de linguagem, quanto no modo de produção.
Se a década iniciara em meio às trevas e à incerteza para o cinema
brasileiro, seu final apresentava-se bastante promissor para o audiovisual
capixaba. Um panorama bastante otimista desenhava-se para os anos seguintes, fortalecido por uma série de novos fatores: barateamento dos custos de
produção, a ampliação dos canais de financiamento e patrocínio e a incessante atividade de numerosos realizadores, técnicos e atores – sendo que
muitos deles iniciaram sua trajetória em algum momento dos anos 1990.
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1980 —
Criaturas da noite
Lugar de toda pobreza
As paneleiras de barro
eXperIMental, 8', víDeo,
DocuMentÁrIo, 58', víDeo,
cor, 1983, vItórIa (es)
cor, 1983, vItórIa (es)
Registro do grupo A Canalhada (Virgínio Lima, Rita Elvira,
Du Piran, Robson Ruy, Celso
Adolfo, San Vita, Mariano, Célia
Sampaio e Maurílio Gualandi),
apresentando um espetáculo de
dança que causou polêmica em
Vitória em 1983.
A vida dos catadores de papel
que fazem do lixo sua fonte de
vida e alimentação, na região
da Grande São Pedro.
de Orlando Bomfim Netto
de Virgínio Lima
de Amylton de Almeida
DocuMentÁrIo, 55', 16MM,
cor, 1983, vItórIa (es) e
rIo De JaneIro (rJ)
História da confecção da panela de barro capixaba no momento em que houve risco de
extinção de sua produção, por
causa da urbanização e da falta de reconhecimento de sua
importância para a cultura do
Espírito Santo.
Balduíno, El Africano
de Cloves Mendes
Diga adeus a
Lorna Love
de Sergio de Medeiros
FIcção, 30', víDeo, cor,
1988, vItórIa (es)
Documentário sobre Balduíno,
El Africano, o Rei da Panderetologia – poeta, artista de circo
e exímio tocador de pandeiro.
A Premiado no Festival de Trieste
(Itália)
Corpo a corpo – todos
os sonhos do mundo
de Iberê Cavalcanti
DraMa, 87', 35MM, cor, 1984, rIo
De JaneIro (rJ) e guaraparI (es)
O filme narra a saga da tradicional família do industrial
Gastão Odem, que entra em
mergulha em profunda crise
após o falecimento da matriarca Ângela. Revelam-se, então,
segredos guardados às sete chaves e o que se desvela é um
quadro dramático permeado
por opressão, medo e violência.
A Melhor filme no I Rio Cine Festival, 1984
1980 — 1999
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de Amylton de Almeida
DocuMentÁrIo, 57', víDeo,
cor, 1989, carIacIca (es)
A ocupação de um novo bairro
em Cariacica: Itanhenga.
O inferno
de Éden Dionisíaco do Brasil
DocuMentÁrIo, 13', víDeo,
cor, 1989, vItórIa (es)
Nasce uma cidade
Adaptação de quatro contos do
livro homônimo de Francisco
Grijó. Primeira produção do
Projeto de Pesquisa Linguagem
Imagética.
Dos reis magos
aos tupiniquim
de Orlando Bomfim Netto
DocuMentÁrIo, 10', 35MM,
cor, 1985, serra (es)
Os movimentos culturais na
Vila de Nova Almeida e a restauração do altar da Igreja dos reis
magos são pano de fundo para
uma síntese história do Brasil.
Graúna Barroca
de Ronaldo Barbosa
eXperIMental, 19', víDeo, cor,
1989, vItórIa e FunDão (es)
eXperIMental, 12', víDeo,
cor, 1989, vItórIa (es)
Performance de criação coletiva,
releitura do Inferno de Dante.
Originalmente produzido para
o encerramento do espetáculo
cênico “Quadros Bíblicos”, do
Éden Dionisíaco do Brasil.
Os votos do
Frei Palácios
de Ramon Alvarado
DocuMentÁrIo, 8', 35MM, cor,
1980, vItórIa e vIla velHa (es)
Documentário sobre a vida do
Frei Pedro Palácios, a partir da
memória arquitetônica, pictórica e iconográfica.
O último quilombo
de Amylton de Almeida
Criado a partir da interferência
do artista Ronaldo Barbosa na
praia do Rio Negro, norte do
Espírito Santo.
A Medalha de Ouro no Philadelphia
Film Festival (EUA, 1991) A Melhor
Videoarte, 33º Festival de Cinema e
TV de Nova Iorque (1991) A Special
Merit Awards, 15º Festival de Vídeo
de Tokyo – JVC ( Japão, 1992)
DocuMentÁrIo, 43', víDeo, cor,
1979, vItórIa e são Mateus (es)
Aborda a Comunidade Espírito
Santo, em São Mateus, formada
por descendentes de escravos
que sobrevivem de atividades
herdadas de seus antepassados.
A Vencedor do 3º Festival de Verão
da Rede Globo (1980)
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Piúma – Conchas
Sinais de fascismo
DocuMentÁrIo, 51', víDeo,
FIcção, 70', super-8, cor,
cor, 1988, pIúMa (es)
1980, vItórIa (es)
Documentário realizado para
resgatar a identidade cultural
de Piúma através do seu artesanato de conchas.
História real de um menor
preso na delegacia de Argolas,
em Vila Velha. O fato desperta a curiosidade da imprensa,
que passa a investigar o caso.
É descoberto um esquema em
que policiais civis são acusados
de torturar e vender crianças
para exploração sexual.
de Amylton de Almeida
Receita artesanal
de Douglas Lynch
DocuMentÁrIo, 15', 16MM, cor,
1988, lItoral capIXaba (es)
de Sergio de Medeiros
Um panorama da situação dos
pescadores do litoral do Espírito Santo; revela os segredos da
receita da moqueca capixaba.
A Roteiro vencedor do concurso
Ludovico Persici promovido pelo
Departamento Estadual de Cultura
de Vitória (ES) (1986) A Prêmio
especial do júri no IV Rio Cine
Festival, Rio de Janeiro (RJ) (1989)
Refluxo
de Sergio de Medeiros
FIcção, 33', víDeo, cor,
1986, vItórIa (es)
Ficção científica ambientada
num futuro pós-apocalíptico.
Criação coletiva do grupo conhecido como Balão Mágico.
Santa Maria Julião
de Sergio de Medeiros
FIcção, 8', 16MM, cor,
1980, vItórIa (es)
Antenor, um senhor de idade
que vive solitário, encontra-se
em avançado estado de decadência física e psicológica. Ele
ocupa seu tempo entre relembrar uma musa do passado e
perseguir um rato que sempre
deixa escapar, por ser seu único
companheiro. A história é narrada do ponto de vista do rato.
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1990 —
1-2-3 Terezinha Remix
Autobiografia de
todo mundo
Cachoeiro em três tons
de Clóves Mendes
de Lobo Pasolini
DocuMentÁrIo, 33', betacaM, cor,
de Lobo Pasolini
FIcção/eXperIMental, 8', super
1994, cacHoeIro Do ItapeMIrIM (es)
eXperIMental, 6', super-vHs,
vHs, cor, 1998, vItórIa (es)
cor, 1995, vItórIa (es)
Releitura irônica da estória de
Terezinha de Jesus, atravessada pelos signos da cultura pop
de consumo.
A lenda de proitner
de Luiza Lubiana
FIcção, 21', 16MM, cor,
1995, rIo bonIto (es)
Video que se apropria do formato de um talk show para
explorar a obsessão por celebridade, a moda e a cultura pop
em geral.
A Melhor Vídeo no 6º Vitória
Cine Vídeo
Bem-vindos ao paraíso
Três gerações de uma família
de músicos capixabas: o maestro Raul Gonçalves Sampaio,
o compositor Raul Sampaio
Cocco e o cantor e compositor
Sérgio Sampaio.
Comida, sexo e morte
de Lobo Pasolini
FIcção, 5', super-vHs,
cor, 1992, vItórIa (es)
de Marcos Figueredo
Menino vive acorrentado pela
perna em uma choupana às
margens de uma lagoa. Ele observa o mundo por uma fresta,
absorvendo o comportamento
de um casal de velhos bizarros,
que são seus algozes. Quando
cresce, liberta-se do cativeiro
e tende a repetir o comportamento aprendido na infância.
A Troféu Caxiponé – Filme Revelação Festival de Cuiabá (MT), 1997
A miragem das fontes
FIcção, 9', 16MM, cor, 1998,
santa leopolDIna (es)
Três irmãos órfãos vivem isolados em uma região montanhosa do interior do Espírito
Santo, habitada por colonos de
origem germânica. A trama se
constrói com relação incestuosa e crime passional.
C.3.3 Oscar Wilde
de Jean R
1990, nIteróI (rJ)
A ânsia humana em sua busca
pela identidade. A percepção
da resposta contida em si, no
próprio interior.
Costa Pereira – a
história de uma
cidade contada a
partir de uma praça
de Clóves Mendes
DocuMentÁrIo/FIcção, 35', cor,
betacaM, cor, 1995, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 10', betacaM,
cor, 1999, vItórIa (es)
de Gelson Santana
FIcçÂo, 12', 16MM, cor,
Performance colaborativa do
grupo Éden Dionisíaco do Brasil, concebida por Lobo Pasolini e filmada em um casarão
em ruínas.
Conta a história dos últimos
10 anos de vida do escritor irlandês Oscar Wilde. A história
se passa na Inglaterra do fim
do século XIX, e narra desde
o envolvimento com o jovem
inglês Lord Alfred Douglas, até
o julgamento, prisão e morte
no exílio.
Costa Pereira foi governador
de várias províncias, inclusive
do Espírito Santo. Aqui, trouxe desenvolvimento em pleno período do Império. Este
documentário ficção relata a
história da praça que leva seu
nome, contada pelo próprio
Costa Pereira, em uma atuação
“fantasmagórica”.
A Melhor vídeo no 6° Vitória Cine
Vídeo, 1999 A Melhor vídeo no 1°
Festival de Cine-Vídeo da Amazônia, Porto Velho (RO)
1980 — 1999
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De amor e bactérias
Fica comigo
Fuga de Canaã
FIcção, 12', betacaM,
FIcção, 98', 35MM, cor,
FIcção, 110', víDeo, cor, 1991,
cor, 1999, vItórIa (es)
1996, guaraparI (es)
vItórIa e santa leopolDIna (es)
Qual é a semelhança entre
uma senhora em uma cadeira
de rodas e um barquinho na
superfície seca de uma mesa?
Qual a relação entre um moinho de milho e as bactérias
no interior de uma vaca? Estas
e outras respostas você pode
procurar, e talvez até encontre,
neste pequeno filme que quer
olhar onde ninguém quer ver.
A desordem afetiva do mundo
de uma adolescente é discutida
pela relação de amor entre Bel
e seu pai.
A história da família de imigrantes alemães Jank e a série
de tragédias que a atormenta
no município de Santa Leopoldina. Adaptação do romance
homônimo de Renato Pacheco.
de Virginia Jorge
A Melhor vídeo universitário no
Festival Vide Vídeo UFRJ (Rio de
Janeiro, RJ, 2000) A Melhor super-8 no 23º Festival Guarnicê de
Cinema (São Luis, MA, 2000)
Ecótono
de Tati Rabello, Rodrigo
Linhales e Larissa Machado
DocuMentÁrIo, 5', betacaM,
cor, 1999, vItórIa (es)
Vídeo ensaio sobre a cidade de
Vitória, produzido para exposição na Casa Porto de Artes em
comemoração ao 448º aniversário da cidade.
Eu sou Buck Jones
de Glecy Coutinho
FIcção, 20', 16MM, cor, 1997,
DoMIngos MartIns (es)
Baseado em um fato real ocorrido em 1943, no interior do
Espírito Santo, o filme narra a fascinação de um garoto
pelo cinema, fato que o leva
às últimas consequências para
assistir ao último capítulo do
seriado que tem o maior ídolo
do faroeste americano daquele
tempo: Buck Jones.
A Melhor ator capixaba (para João
Vitor Marangoni) no IV Vitória
Cine Vídeo, 1997
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de Tizuka Yamasaki
A Melhor atriz para Luciana Rigueira no Festival de Gramado (1996)
Flora
de Sergio de Medeiros
Ilha do Rock
FIcção, 15', 35MM, cor, 1996,
de Dan Zecchinelli,
Nazareth Pirola, Andrea
Zuchi e Beto Castelluber
DoMIngos MartIns (es)
DocuMentÁrIo, 25', víDeo,
de Marcel Cordeiro
cor, 1993, vItórIa (es)
Anos 1940. Flora vive a ilusão
do retorno do marido, sumido
há sete anos. Chega à cidade
e quer informações sobre as
saídas de trem. As duas vidas se
entrelaçam. O rapaz se envolve
com os delírios de Flora.
A Melhor Atriz – Regina Braga,
Rio Cine Festival – Rio de Janeiro
– RJ (1996)
Gringa miranda
Um mapa da emergente cena
roqueira da Grande Vitória no
começo da década de 1990, a
partir de oito bandas: Urublues,
The Rain, Illness, Lordose pra
Leão, Porrada!!!, Camisa de Força, Skelter e Clube Big Beatles.
Incêndio nas mentes
de Amylton de Almeida
DocuMentÁrIo, 45', víDeo, cor,
1990, aFonso clÁuDIo (es)
Direção coletiva
FIcção, 12', 16MM, cor,
1995, vItórIa (es)
Uma estrangeira chega ao
Brasil e, deslumbrada com a
tropicalidade, torce a perna
ao tentar imitar Carman Miranda. No hospital, conhece
uma enfermeira que a leva a
um pai-de-santo, onde “baixa
o espírito” de sua musa. Tudo
termina numa escola de samba com a gringa fantasiada de
Carmen Miranda em um happy
end. Entretanto, no final, um
pequeno imprevisto acontece...
Investigação sobre a crueldade
contra descendentes de imigrantes europeus no Espírito
Santo durante a Segunda Guerra Mundial.
Kazhumbi Ojo Kalunga
(Mal das águas)
de Sidemberg Rodrigues
FIcção, 58', vHs, cor,
1992, vItórIa (es)
Os habitantes da aldeia de
Koanhama jamais poderiam
imaginar as consequências da
condenação de um feiticeiro à
fogueira. Apesar da ligação dos
seus rituais com a morte de
crianças da tribo e com a seca
que reduziu as lavouras, sacrificá-lo pode ter libertado a fúria
de outro vilão: um tubarão.
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Labirintos móveis
Direção coletiva
FIcção, 12', 16MM, cor,
1998, vItórIa (es)
Um grupo de amigos se reúne
para comemorar o noivado de
Fred e Soraya. Alguém sugere o registro em foto, mas a
câmera está sem filme. Todos
concordam em escrever um
poema, passando de mão em
mão. Na medida em que cada
um escreve, surgem episódios
reveladores que aconteceram
no réveillon do ano anterior,
que são lembrados com humor
e tristeza. Afinal, os “labirintos”
das relações humanas podem
ser traiçoeiros.
Lamarca
de Sérgio Rezende
FIcção, 130', 35MM, cor,
1994, espírIto santo, rIo
De JaneIro e baHIa
Na parede, na
toalha, no lençol
O amor está no ar
de Amylton de Almeida
de Virgínia Jorge,
Luciana Gama, Lizandro
Nunes, Ursula Dart
FIcção, 82', 35MM, cor,
DocuMentÁrIo, 20', betacaM,
Lora Berg é uma mulher de origem germânica, culta, solitária,
sofisticada, que apresenta um
programa de encontros amorosos numa rádio AM de Vitória.
Ela se envolve com Carlos Henrique, um jovem de 22 anos,
desempregado e semianalfabeto, que deixou o interior para
morar na periferia de Vitória.
Após certo tempo, o romance
revela imensas dificuldades
provocadas pelas diferenças.
cor, 1998, vItórIa (es)
Documentário sobre o movimento cineclubista que reconstrói, a partir dos relatos de
seus principais participantes no
Espírito Santo, a atmosfera de
um movimento que desejava
transformar a vida das pessoas
por meio do cinema.
A Melhor Vídeodocumentário no
Festival de Vídeo da Paraíba, 1999 A
Prêmio especial do júri no Festival
de Cinema e Vídeo de Curitiba, 1999
O amor e o humor na
música brasileira dos
séculos XVIII e XIX
de Sergio de Medeiros
1997, vItórIa (es)
A Melhor atriz para Eliane Giardini
no Festival de Gramado (RS), 1997
O ciclo da paixão
de Luiz Tadeu Teixeira
FIcção, 13', 35MM, cor,
1999, vItórIa (es)
FIcção, 15', 35MM, cor,
Baseado na vida de um dos
mais importantes e pesquisados líderes da luta armada no
Brasil, o capitão do Exército
Carlos Lamarca, morto aos 33
anos, em 1971, pelos órgãos de
segurança do regime militar.
A Troféu APCA de melhor ator
para Paulo Betti (1995) A Melhor
ator coadjuvante para Eliezer de
Almeida no Prêmio Cidade de São
Paulo de Cinema (1995)
Múltiplos de um
1998, vItórIa (es)
O encontro de quatro personagens em uma taberna de beira
de estrada, entre a corte do
Rio de Janeiro e Vila Rica de
Ouro Preto, em uma noite de
1801. Enquanto bebem vinho e
aguardam o amanhecer para seguir viagem, eles contam causos e cantam belas e curiosas
canções da época. Baseado no
espetáculo No caminho de Vila
Rica, do maestro Sérgio Dias.
História de amor em quatro
estações (o encontro, a descoberta, a entrega e o desencontro) conduzida por um “caçador
de imagens” que vagueia pela
cidade durante a madrugada.
A Prêmio especial do júri no VII
Vitória Cine Vídeo, Vitória (ES)
(2000)
O enforcado
de Virgínia Jorge, Ana
Cristina Murta, Alexandre
Serafini e Alexandre Vassena
de Tati Rabello, Rodrigo
Linhales, Leonardo Taffuri
e Larissa Machado
FIcção, 3', super-8, cor,
eXperIMental, 4', betacaM,
Após uma consulta de tarô,
Walbério e o tarólogo charlatão
descobrem que é impossível
enganar o destino.
cor, 1998, vItórIa (es) e
ouro preto (Mg)
1998, vItórIa (es)
Retrato de um indivíduo que se
percebe em meio a uma sociedade de pessoas comuns.
1980 — 1999
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O fantasma da
mulher de algodão
Pacíficos e Ruidosos
FIcção, 35', 16MM, cor,
de Tati Rabello, Rodrigo
Linhales, Larissa Machado
e Cristiano Vidal
1995, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 12', betacaM,
de Margarete Taqueti
cor, 1999, vItórIa (es)
Livre associação do “fantasma”
– que aparecia nos banheiros escolares na década de 1970 – com
os tormentos de uma geração de
adolescentes, diante da transformação biológica do corpo.
O Guarani
de Norma Bengell
FIcção, 91', 35MM, cor,
1996, rIo De JaneIro (rJ)
Documentário sobre o Balão
Mágico, movimento cultural
ocorrido em Vitória na década
de 1980.
A Melhor Videodocumentário no
6º Vitória Cine Vídeo
Passo a passo
com as estrelas
de Marcel Cordeiro
Adaptação do romance homônimo de José de Alencar,
ambientado no início da colonização portuguesa no Brasil.
Narra o amor de Ceci, filha de
Dom Antônio de Mariz, pelo
índio Peri, que recebe a missão
de levar a jovem até o Rio de
Janeiro, para protegê-la do ataque de índios revoltados pelo
assassinato acidental de uma
índia Aimoré pelo irmão da
jovem. O filme teve cenas filmadas no Convento da Penha.
FIcção, 19', 16MM, pb,
One man show
Rito de passagem
eXperIMental, 1', vHs,
FIcção, 15', u-MatIc, pb,
cor, 1991, vItórIa (es)
1996, vItórIa (es)
Trabalho experimental, realizado em parceria com Rosana
Paste.
A proposta do filme é um exercício de metalinguagem que
integra elemtntos da denúncia
cinematográfica com denúncias em torno do desaparecimento de crianças no Brasil.
Quantas serão sacrificadas em
rituais de magia negra?
de Lobo Pasolini
A Vídeo Revelação no 4º Vitória
Cine Vídeo
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1995, vItórIa (es)
O sonho de chegar às estrelas
leva Alan a percorrer estradas
e países até chegar a Bricks,
no ano de 2079. Numa favela pós-apocalíptica, conta-se a
história deste personagem.
A Melhor Curta no festival de
Anteprima (Itália, 1996) e Melhor
filme no Bellaria Cine Festival (Itália, 1995)
de Sergio de Medeiros
Roteiro do Banal
de Joel Vieira Junior
FIcçÂo, 8', betacaM, cor,
1999, vItórIa (es)
Como o próprio nome, uma
história de amor despretensiosa, fortemente visual. Uma
metáfora contemporânea sobre
o amor. Baseado em história da
escritora Mara Coradello.
Sacramento
de Luiza Lubiana e Ricardo Sá
FIcção, 8', super-8/u-MatIc,
cor, 1992, MatIlDe (es)
O filme narra a volta do mito
de São Sebastião. Uma sacerdotisa retira-o da árvore e lava
suas chagas nas águas límpidas
de um rio.
A Melhor fotografia e melhor trilha
sonora original no II Festival Nacional
de Vídeo de Vitória – Fenavi (1992)
Solidão vadia
de Ricardo Sá
FIcção, 17', 16MM, cor,
1997, serra (es)
Naquela vila esquecida pelo tempo, a chegada de uma visitante
faz aflorar sentimentos adormecidos na mente de um pescador
atormentado pela solidão.
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Tempestade em
Akkarrar
Vydeo
de Nenna
de Ricardo Sá
eXperIMental, 40', víDeo,
FIcção, 15', betacaM, cor,
cor, 1995, vItórIa (es)
1997, vItórIa e serra (es)
Um chalé é o estopim de uma
tragédia envolvendo um pescador, uma vadia e uma beata.
Experimento audiovisual realizado pelo artista Multimídia
Nenna.
TV reciclada
de Arlindo Castro
DocuMentÁrIo, 28', vHs,
cor, 1992, vItórIa (es)
Documentário ensaístico sobre
a TV reciclada; a hipócrita cordialidade cotidiana numa tentativa de se expressar verdadeiramente, ainda que na ficção.
Uacataca Tinguilim
de Federico Nicolai
DocuMentÁrIo, 18', vHs,
cor, 1997, vItórIa (es)
Documentário sobre o vendedor ambulante de quebra-queixo e as características que o
doce oferece. Destacando sua
música, pela forma como o
anuncia e a cidade de Vitória,
por meio de seu trajeto e suas
origens familiares.
Vaga para moças
de fino trato
de Paulo Thiago
FIcção, 95', 35MM, cor,
estéreo, 1992, vItórIa (es)
O filme narra a história de
três mulheres vivem em um
mesmo apartamento e dividem
seus dramas e conflitos.
A Melhor cenografia (Clovis Bueno)
A Melhor atriz (Norma Bengell,
Maria Zilda e Lucélia Santos) no
Festival de Brasília (DF) (1993)
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2000
— 20
no princípio era o verbo, 2005
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00
2009
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Para o alto e avante: expansão e
diversidade do cenário audiovisual capixaba
O panorama pós-retomada
O início dos anos 2000 apontava uma série de boas perspectivas
para o cinema brasileiro, a começar pelo retorno do público aos filmes
nacionais: em 2000, O auto da compadecida ultrapassaria dois milhões de
ingressos vendidos; dois anos depois, seria a vez de Cidade de Deus chegar
a 3,3 milhões; e, em 2003, ano em que Carandiru levaria 4,6 milhões de
pessoas aos cinemas, outros seis filmes também quebrariam a barreira de
um milhão de espectadores. Entre 2000 e 2009, outros 30 filmes ainda
atingiriam essa marca.
A fase conhecida como “retomada” do cinema brasileiro se encerra
em 2002, uma vez que a produção já estava a pleno vapor e todo um novo
público, acostumado com o esquema multiplex dos shopping centers, começava
a se familiarizar com a vertente mais comercial dessa filmografia. Alguns
Estados fora do eixo Rio-São Paulo, ainda que timidamente, a princípio, já
começavam a implantar mecanismos de financiamento de longas-metragens, a exemplo do que ocorrera na década anterior com os curtas. A partir
de 2003, também cresce exponencialmente o número de editais nacionais
para a área audiovisual. Todos esses canais de incentivo público permitiam
que um maior número de obras autorais pudesse obter recursos para sua
realização – e encontrar seu espaço tanto no circuito de festivais nacionais (cujo número saltaria de pouco mais de vinte, em 2000, para mais de
uma centena, cerca de quatro anos depois) e estrangeiros, quanto em uma
rede de cineclubes que enfim renascia, agora apoiada na ampla (e barata)
circulação de cópias digitais dos filmes.
A digitalização também rendeu muitos frutos no campo da produção
audiovisual: a ampla oferta de câmeras de alta resolução e programas de
computador para edição e finalização de som e imagem, a preços muito
mais baratos que os formatos analógicos de cinema (16 e 35 mm) e vídeo
(Betacam Sp) permitiu que muito mais gente pudesse filmar e com uma
frequência bem maior. Por isso, surgiram inúmeras produtoras audiovisuais,
em um mercado que se segmentava a passos rápidos. Se, nos anos 1990, a
aquisição de uma câmera e uma ilha de edição em Betacam exigia quantias
superiores a 100 mil dólares, com menos de 1/10 desse valor era possível
comprar uma boa câmera DV e montar uma ilha digital, já em meados dos
anos 2000. Outros equipamentos, mais simples e baratos, também se popularizaram, abrindo espaço para um boom de oficinas de realização audiovisual
em projetos sociais voltados aos jovens das periferias de grandes cidades.
E a chegada das câmeras fotográficas DSlr, capazes de filmar em HD, já no
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final da década, intensificariam ainda mais esse quadro de barateamento e
popularização dos meios de produção.
Já no Espírito Santo, os primeiros anos do século XXi testemunharam
os ecos desse processo no cenário local. Embora o setor não tenha obtido a
gigantesca repercussão junto ao público que o cenário musical possuía na
época, e a possibilidade de ser fazer longas-metragens fosse ainda muito
distante, o campo audiovisual teve seu crescimento acelerado e tornouse bem mais complexo do que as sementes lançadas na década anterior
permitiam imaginar.
Não somente o número de produções foi diversas vezes multiplicado, como vários foram os canais para financiamento dessas empreitadas:
a consolidação da Lei Rubem Braga, em Vitória; o surgimento de novas
leis de incentivo em outros municípios; o florescimento de uma produção universitária de baixíssimo orçamento e intenso potencial criativo; as
ocasionais seleções de projetos locais em editais nacionais (como Petrobrás
Cultural e o MinC); as quatro edições do Doc-tV (parceria entre MinC,
Fundação Padre Anchieta, secretarias estaduais de cultura e emissoras de
tV públicas), que proporcionaram um salto na produção de documentários televisivos de média-metragem no Estado1; o Concurso de Roteiros
do Vitória Cine Vídeo (revelando novos nomes e permitindo a realização
de seus filmes de estreia);2 e os editais da Secretaria de Estado da Cultura,
primeiramente restritos à finalização de filmes (desde 2005) e, a partir de
2008, gradualmente ampliados para abrangerem também a produção de
curtas e longas-metragens ficcionais, além de documentários, animações,
videoclipes, webséries, cineclubes, entre outros.
Algumas janelas de exibição também se abriram na televisão local.
Além do Curta Vídeo, da tVe, iniciado em meados dos anos 1990 e centrado
na exibição de curtas e médias-metragens seguidos de entrevistas com
1 Por meio deste edital, foram realizados quatro documentários de média-metragem, a
saber: Viagem Capixaba: Um olhar de Rubem Braga e Carybé, hoje ( João Moraes, 2004), Assim
caminha Regência (Ricardo Sá, 2005), Touro Moreno ( Juliano Enrico, 2007) e Olho de gato
perdido (Vitor Graize, 2009).
2 Esses concursos de roteiro, realizados anualmente pelo festival (exceto em 2003),
garantiam aos vencedores parte dos recursos necessários para a realização dos curtasmetragens. As três primeiras edições premiaram filmes finalizados no formato 16 mm,
enquanto que os contemplados nos anos seguintes foram finalizados em 35 mm e,
posteriormente, em formato digital. Em 16 edições do concurso, foram contemplados
os seguintes roteiros (note que, em parênteses, consta a data do concurso, não a de finalização; seguida do nome do roteirista, que não necessariamente é o diretor do filme):
Macabéia (1998, Erly Vieira Jr); Escolhas (1999, Ana Cristina Murta); Mundo cão (2000,
César Chaia, Sérgio Marangoni, Poliana Cogo e Saskia Sá); Manoela (2001, Aristeu Carlos
Simões); A passageira (2002, Glecy Coutinho); Primeira Paróquia do Cristo Sintético (2004,
Gabriel Menotti), Vanessa (2005, Rebeca Monteiro Tosta); Agrados para Cloé (2006, Jefinho
Pinheiro); Dia de sol (2007, Virgínia Jorge); Raiz que racha a rua (2008, Alexandre Serafini);
A ladeira (2009, Iza Rosemberg); Pela parede (2010, Lucas Bonini e Wayner Tristão); Pique
esconde (2011, Dominique Lima); Doppelganger (2012, Giandro Gomes); Talvez amanhã (2013,
Jefinho Pinheiro); Intenso (2014, de Ricky Fundão de Oliveira Negreiros). À exceção do
roteiro de Rebeca Monteiro Tosta, todos os outros curtas foram realizados – os dois
últimos vencedores, atualmente, estão em fase de produção.
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seus diretores, também podemos destacar o Produção Independente, da tV
Assembleia, e a exibição, em meados da década, de alguns curtas-metragens
no domingo à noite, pela tV Gazeta, num projeto que teve vida bastante
curta. A partir de 2003, entra no ar, no Canal Universitário, o programa
Bitola, produzido pela tV Faesa (uma das emissoras que compõem o Canal),
também exibindo curtas e entrevistando realizadores, mantendo-se no
ar até os dias de hoje. Já em rede nacional, alguns filmes conseguiram
ser exibidos em programas como o Zoom (da tV Cultura de São Paulo),
Curta Brasil (da tV Educativa do Rio de Janeiro) e na programação do
Canal Brasil. Já na segunda metade da década, a internet passa a ser um
meio privilegiado para a difusão audiovisual, em especial em sites como
o YouTube e o Vimeo.
A ampliação do circuito de festivais
Em termos de mostras, presenciamos o crescimento e a consolidação
do Vitória Cine Vídeo como um dos principais festivais do país, servindo
inclusive como plataforma para lançamento nacional de vários curtas e
médias locais. Outros festivais foram surgindo, alguns com recortes específicos: a MoVa Caparaó, que teve sete edições anuais, entre 2004 e 2010, era
voltada para o vídeo ambiental, enquanto a produção universitária contou
com a mUV (Mostra Universitária de Vídeos), com três edições entre 2004 e
2006, e o rec, realizado pelo curso de comunicação da FaeSa, surgido em
2005 e que, a partir do ano seguinte, passou a ser uma mostra competitiva
nacional, até sua quinta e última edição, em 2009.
Outro festival de vida curta (seis edições), mas bastante importante foi
o Festival de Jovens Realizadores Audiovisuais do Mercosul, realizado em
conjunto por entidades do Espírito Santo (Instituto Galpão e Instituto Marlin
Azul) e do Ceará (Aldeia Audiovisual), alternando-se entre as capitais dos
dois Estados, sendo que a primeira, terceira e quinta edições (2004, 2007
e 2009), foram realizadas em Vitória. Voltado para a circulação de filmes
dirigidos por adolescentes e jovens, em sua maioria oriundos de oficinas de
inclusão audiovisual, o festival articulou uma rede entre núcleos e projetos
sociais de todo o país, inclusive alguns bastante atuantes no Espírito Santo. Ainda no campo da inclusão audiovisual, vale lembrar que o Instituto
Marlin Azul esteve à frente de várias iniciativas importantes e premiadas,
como o ima.Doc (de produção de vídeo-documentários), o Núcleo Animazul
(oferecendo capacitação de longa duração para a produção de animações) e
o Projeto Animação, que esteve em ação entre 2002 e 2010, e cujos filmes
envolviam a participação de centenas de estudantes da rede pública, de
ensino fundamental e médio, realizando anualmente curtas-metragens decorrentes de oficinas práticas, como os multipremiados Mangue e tal (2002)
e Portinholas (2003), este último inspirado em livro infantil de Ana Maria
Machado e ambos agraciados com a Menção Honrosa do XXVi Festival do
Novo Cinema Latino-Americano de Havana, Cuba. Vale lembrar ainda que
dezenas de outros núcleos e projetos de inclusão audiovisual surgiram no
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decorrer da década, oferecendo inúmeras oficinas de realização, muitas vezes
contando com estudantes universitários ou profissionais recém-formados
como instrutores.
Dos festivais surgidos nesse período, o mais importante e duradouro é
a Mostra Produção Independente, realizada pela aBD Capixaba, (Associação
Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas), braço local da principal
entidade nacional de cineastas independentes. A Mostra, iniciada em 2004,
é realizada anualmente, tendo chegado, em 2014, à sua décima edição (nos
anos de 2005 e 2013, ela não foi realizada). Ela possui uma seção competitiva,
exclusiva para filmes realizados no Espírito Santo, incluindo ainda mostras
especiais de acordo com o tema de cada edição, sessões de lançamento de
curtas e longas, além da distribuição de um DVD-coletânea com os filmes
concorrentes e da revista-catálogo Milímetros, espaço importantíssimo para
discussão e crítica do cinema capixaba contemporâneo.
Funcionando como um amplo panorama anual da filmografia capixaba,
o evento revelou vários novos cineastas em suas premiações, como Rodrigo
Aragão, um dos principais mestres do cinema brasileiro de horror. Embora já trabalhasse com cinema desde 1994, no campo dos efeitos especiais,
Aragão estrearia na direção em 2005, com O Chupa-Cabras, curta-metragem realizado em Guarapari com orçamento de apenas 300,00 reais, e que
levaria os troféus de melhor filme pelo Júri Oficial e pela Confederação
dos Cineclubes da ii Mostra Produção Independente, no ano seguinte. Ele
ainda venceria a Mostra novamente em 2014, quando Mar Negro receberia
o troféu de Melhor Ficção.
Outros nomes revelados pela Mostra incluem Alberto Labuto (Fracasso, prêmio Desconstrução – Melhor Filme, em 2008) e a dupla Ramon
Zagoto e Natanael Souza (Melhor Vídeo capixaba por Maicou Diéquision, em
2009). Já na década seguinte, seria a vez de Mariana Preti (Melhor Filme
e Melhor Direção por Romance a la Nelson, em 2012); André Ehrlich Lucas
e Lucas Veteski (Melhor Documentário por Espírito Santo Futebol Clube,
também em 2012); e Elisa Capai (Melhor Documentário por Tão longe é
aqui, em 2014).3 A fundação da aBD Capixaba, em 2000, também foi um
passo importante para os realizadores locais. Como entidade de classe, ela
foi peça fundamental em uma série de reivindicações dos profissionais
junto ao poder público, como editais, leis de incentivo e outras iniciativas
para fomento, circulação e memória do audiovisual capixaba, como o Ca3 Entre os não-estreantes, também há uma farta lista de premiados: Jefinho Pinheiro
(Melhor Ficção e prêmio do Júri Popular, por Dores e odores, na I Mostra, em 2004); Ricardo
Sá (Melhor Documentário em 2004, por O cordel dos Atingidos e Melhor filme por A estrada silvestre, em 2010); Bob Redins (Prêmio do Júri popular em 2006, por Em busca da
Glamourânssia 2); Erly Vieira Jr (Prêmio Reconstrução – Melhor Filme em 2008, por Eu
que nem sei francês); João Moraes e Leonardo Gomes (Melhor Vídeo em Negro & Negro, por
N’ Goma – Jongos do Sul Capixaba, em 2009); Juliano Enrico e Raul Chequer (Melhor Ficção
por Raquetadas para a Glória, em 2011); Klaus Berg Bragança (Melhor Documentário por
Locus, em 2011); Luiz Eduardo Neves (Melhor Videoclipe por Mais Loko, em 2012); Diego
Scarparo e Henrique Gomes (Melhor Animação, por Sangue e Rosa, em 2014) e Carolini
Covre (Melhor Videoclipe por Onde está o grande tema?, em 2014).
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tálogo de filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo, publicado em 2007. Seu
primeiro presidente, durante o biênio 2000-2002, foi o documentarista
Orlando Bomfim, a quem se seguiram Luiz Tadeu Teixeira, Sáskia Sá (por
dois mandatos consecutivos), Carla Osório, Alexandre Serafini e Ricardo
Sá, seu atual presidente.
Novas salas de cinema e o renascimento do cineclubismo
Quanto aos espaços tradicionais de exibição, observou-se a rápida multiplicação de salas de cinema em shopping centers, embora a maioria apenas
cedesse espaço para os poucos longas-metragens nacionais contemplados
com lançamentos de grande porte por grandes distribuidoras. Duas salas
na cidade de Vitória, contudo, graças a seu perfil de exibição voltado ao
circuito independente, configuram-se durante todo o período como espaços de resistência, abrigando lançamentos de filmes capixabas, mostras e
festivais: o Cine Metrópolis, na Ufes, e o Cine Jardins, em Jardim da Penha.
Vale lembrar que, nos anos de 2003 e 2004, o Museu de Arte do Espírito
Santo (maeS) realizou exibições gratuitas do projeto 10 Maes Vídeo, que
consistia em programas com uma a duas horas de duração, com curadoria
da cineasta Margarete Taqueti. A cada dez dias, o conjunto da obra de um
realizador local – sendo a maioria videoartista – ficava em cartaz, havendo
ainda um debate após a sessão de abertura de cada programa.
O Espírito Santo também foi um dos protagonistas do renascimento
do movimento cineclubista, a partir de 2003, quando o Ministério da Cultura criou uma série de linhas de fomento para a implantação de espaços
alternativos de exibição pelo Brasil. Um dos principais articulistas do movimento é o capixaba Antônio Claudino de Jesus, cujo trabalho resultou na
implantação de uma sólida rede formada pelos vários cineclubes criados
no decorrer da década, principalmente em cidades de interior que não
possuíam salas de cinema, tendo como foco principal fazer a ponte entre
o público e a produção audiovisual independente brasileira.
No entanto, foi uma iniciativa de um grupo de então estudantes
universitários que mudaria radicalmente a forma de se pensar salas alternativas de exibição em todo o país, como conta o pesquisador Gabriel
Menotti em seu texto “Pirate Film Societies” (2014). Surgido em 2003,
em um fértil período de ativismo estudantil na Ufes (e depois oficializado
como um projeto de extensão), agregando estudantes de Comunicação,
Psicologia e Artes, o Cine Falcatrua foi um coletivo que organizava exibições gratuitas de filmes utilizando computadores domésticos e projetores
emprestados pela própria Universidade e tendo como fonte principal
para sua programação os filmes disponíveis nas redes de compartilhamento peer-to-peer (p2p) da internet. As sessões semanais, usualmente
às quartas-feiras, apresentavam cópias “piratas” de alguns dos principais
lançamentos cinematográficos situados fora do circuito blockbuster – e
que, em uma cidade como Vitória, então com poucas salas de cinema,
demorariam meses para finalmente entrar em cartaz, ou jamais seriam
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exibidos. Filmes como Fahrenheit 11/9 (2004), de Michael Mooree Kill Bill,
Vols. 1 e 2 (respectivamente 2003 e 2004), de Quentin Tarantino, foram
exibidos meses antes de entrarem em cartaz no Brasil. A prática de download de arquivos digitais e legendagem de filmes para o português,
embora fosse uma infração explícita aos imperativos do copyright, bem
como sua exibição pública, muitas vezes ocorrida ao ar livre no campus da
própria universidade (para acomodar o imenso público que frequentava
as sessões), configuravam o modus operandi do grupo, talvez o primeiro
cineclube digital brasileiro – em uma época em que raríssimas eram as
salas de cinema digital “oficiais” do país.
Questionava-se, assim, uma série de questões inerentes ao circuito
das salas de exibição, desde os critérios de curadoria baseados na disponibilidade de cópias físicas (e os diversos custos inerentes à sua utilização,
que eram praticamente zerados com a adoção de cópias digitais) até a
própria experiência de se assistir um filme, explorando possibilidades que
iam muito além do clássico dispositivo cinematográfico da sala escura –
sem contar as estratégias de divulgação, que aliavam a colagem de cartazes
fotocopiados pelas paredes do campus universitário à utilização das redes
sociais mais populares da época (Orkut e Fotolog), em uma atualização da
lógica do it yourself para o contexto da comunicação mediada por redes. Em
poucos meses, a fama do Cine Falcatrua chegara ao resto do país – e até
mesmo aos olhos e ouvidos de entidades de proteção de direitos autorais
e distribuidoras de filmes exibidos ilegalmente pelo coletivo, como a Lumière e a Europa Filmes, que chegaram a processar a Ufes por violação de
direitos autorais.
Em lugar de se configurar como uma derrocada, tal episódio acabou
reinventando o próprio coletivo, que passou a contar com o apoio de diversos cineastas brasileiros para a exibição de seus filmes, e com a chancela
do próprio movimento cineclubista. O uso de cópias digitais inclusive inspirou o Ministério da Cultura a criar um programa de Pontos de Difusão
Digital, que proveria núcleos em todo o país com equipamentos digitais
para projeções, utilizando cópias de filmes nacionais fornecidas pela Programadora Brasil, com direitos autorais flexibilizados para exibições não
comerciais – procedimentos que seriam fundamentais para a eclosão de
novos cineclubes nas mais diversas cidades. O Cine Falcatrua continuaria
em atividade até 2008, centrando seu foco em discussões curatoriais e de
artes visuais, e promovendo pelo Brasil afora uma série de festivais que
questionavam a própria experiência do espectador.4
4 Entre eles, destacam-se: Mostra de Conteúdos Livres (2005), somente com filmes realizados em copyleft, CreativeCommons ou outras licenças de flexibilização de direitos
autorais; Agosto Cinema Clube (2005), festival para discussão de filmes em mesa de bar;
Festival Corta-Curtas (2006), em que o projecionista escolhe, no momento da exibição,
quais trechos de filmes seriam apresentados; Kino-Arcade (2006), híbrido de mostra de
vídeos e cine-campeonato de fliperama; Se repete como farsa – Mostra internacional de filmes
de intervenção urbana (2007); Festival-Dispositivo (2007), um festival espacializado, calcado
em videoinstalações e exclusivo para filmes de planos-sequências; e o Laboratório de
Roteiro Pornô (2008).
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A geração da virada do século
Tendo como pano de fundo o cenário descrito até aqui, bem mais
consolidado que o das décadas anteriores, a produção de filmes multiplicouse exponencialmente, chamando atenção por sua riqueza e diversidade. Já
em um primeiro momento, ela ganha visibilidade no circuito nacional de
festivais de cinema, ancorada por alguns filmes realizados por jovens cineastas, selecionados para diversas mostras em todo o país e recebendo diversas
premiações. Três deles são os carros-chefes dessa primeira metade da década:
Macabeia (2000), Baseado em histórias reais (2002) e No princípio era o verbo (2005).
Macabeia é uma releitura irônica e humanista da personagem Macabéa, do romance A hora da estrela, de Clarice Lispector (embora não seja
uma adaptação literária), transposta para o universo kitsch e colorido dos
subúrbios da Grande Vitória na virada do século. Escrito por Erly Vieira Jr
(que divide a direção com Lizandro Nunes e Virgínia Jorge), foi o primeiro
ganhador do Concurso de Roteiros do Vitória Cine Vídeo (1998) e reuniu
boa parte da equipe dos curtas Labirintos móveis e De amor e bactérias. Selecionado para quinze festivais (mais da metade dos festivais brasileiros da
época), ele recebeu seis prêmios, sendo três deles no Festival de Gramado,
em 2001, onde obteve os Kikitos de Melhor Filme, Roteiro e Atriz (para
Janine Corrêa), na categoria 16 milímetros.
Baseado em histórias reais é a estreia na direção de Gustavo Moraes. Alinhavam-se aqui três tramas interligadas, ambientadas no ápice da ditadura
militar: a prisão e tortura de um jovem guerrilheiro após um fracassado
assalto a banco, a pressão policial para que a reportagem não seja publicada
num jornal e uma dona de casa que prepara um bolo. Trata-se de um thriller
ágil, calcado na direção segura e em interpretações marcantes. Selecionado
para mais de 30 mostras dentro e fora do Brasil, o filme conseguiu treze
prêmios, sete deles em festivais estrangeiros, inclusive o Cacho Pallero,
concedido pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional, no 31º
Festival de Huesca, na Espanha (2003).
Já No princípio era o verbo, de Virgínia Jorge, é considerado um dos mais
importantes curtas-metragens brasileiros dos anos 2000. Sua carreira em
festivais é impressionante: foram 14 prêmios, entre eles Melhor Roteiro,
Prêmio Especial do Júri e Aquisição do Canal Brasil, em Gramado (2006).
Além disso, o curta foi o vencedor do I aXn Film Festival, realizado pelo
canal de televisão aXn em 2006, no qual concorreram 564 trabalhos de
vinte países da América Latina.
Rodado em preto e branco, o filme de Virgínia tem sua trama ambientada num bar da periferia de Vitória, durante o Carnaval. O ritmo do
cotidiano vai se impondo sutilmente, aos poucos, até envolver o espectador completamente nas prosaicas conversas de bar, com seus causos,
lorotas e filosofias de boteco, sempre em diálogos muito bem-cuidados,
em tom naturalista. É um filme que aposta na oralidade onde o real e o
inventado se confundem: nas palavras do cineasta e crítico Rodrigo de
Oliveira, “uma possibilidade real de transformação da experiência humana
pela palavra”, que se traduz em personagens como “o menino que vira
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Meninos
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caixa de papelão para escutar melhor aquilo que os ruídos da cidade o
impedem de perceber”.
Entre os trabalhos que caracterizariam a híbrida e potente produção
audiovisual da década de 2000, constam importantes obras desses diretores. Doses de ironia e humor continuaram sendo, por exemplo, a marca
da obra cinematográfica de Erly Vieira Jr, que realizaria, entre outros, o
falso documentário Saudosa (2005, co-dirigido por Fabrício Coradello) e
uma trilogia com a atriz Letícia Braga: Grinalda (2006), Eu que nem sei francês
(2008) e Avenca (2009). Os thrillers de alta tensão e os videoclipes seriam as
vertentes seguidas por Lizandro Nunes, que dirigiria obras de sucesso como
Céu de anil (2003) e Nunca mais vi Érica (2007). As crônicas do cotidiano,
por sua vez, permaneceriam sendo a opção de Virgínia Jorge durante toda
a década, a exemplo do delicado Dia de sol (2009); enquanto documentário
e ficções seriam os gêneros em que Gustavo Moraes investiria. Entre as
produções, destaca-se a comédia romântica wse ontem (2005, co-dirigida
por Roberto Seba), único representante brasileiro na mostra Shoot Goals,
Shoot Films, do Festival de Berlim (2005), voltada para filmes que tivessem
o futebol como temática.
A variedade de gêneros presentes na produção cinematográfica dos
anos 2.00 deve-se também a importantes trabalhos que iriam aos poucos,
imprimindo a marca de seus diretores. Alexandre Serafini se especializaria
em thrillers de suspense, como Observador (2005) e o extremamente bemsucedido 2 e meio (2010), e Ana Murta, que assina A pedra que o estilingue lança
(2009), documentário que revê, quase quarenta anos depois, o impacto da
intervenção do estilingue gigante feita pelo artista Nenna em 1970, e traça
paralelos entre as relações entre memória, afeto e paisagem urbana nesses
dois momentos históricos distintos.
Já Ursula Dart, produtora e diretora de fotografia de diversos curtas,
também desenvolveria sólida carreira como documentarista, realizando,
entre outros, Meninos (2009), documentário de invenção que lança um olhar
microscópico do cotidiano de João Gabriel, um garoto de nove anos, como
tantos outros que vivem na periferia da Grande Vitória. Todas as tardes,
após a escola e enquanto a mãe não chega do trabalho, ele brinca sozinho
com sua espada de plástico, carrinhos, figurinhas, sempre rodeado por
várias grades onipresentes, sejam as do portão da casa, rodeando a varanda
ou vistas de relance pela porta da sala ou janela do quarto, ou mesmo a
da própria programação televisiva. Há aqui ecos de cinema direto, de uma câmera que testemunha em sua invisibilidade a solidão do menino, “e assim
se faz companheira dele e, ao mesmo tempo, tão solitária quanto ele”,
como bem define o crítico e cineasta Rodrigo de Oliveira em seu ensaio
“O cinema do Espírito Santo nos anos 2000”.
Fabrício Coradello dirige, além de Saudosa, os curtas Manoela (2002),
experimento pop-psicodélico estrelado por Helena Santos, e o cáustico
Instruções para suicídio doméstico (2002), emulando os vídeos de instruções
que acompanhavam máquinas de costura e fornos micro-ondas recém-adquiridos, em uma crítica direta à mercantilização de tudo, até do que é
interdito e invendável. Já Jefinho Pinheiro irá investigar os dramas humanos
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fazendo uso de uma impactante mise-en-scène não naturalista, calcada numa
crença na força da palavra, em trabalhos como P.S. Pecados Castigados (2005),
Azulzinho (2007) e, especialmente, o lirismo neobarroco Agrados para Cloé
(2009), sempre trabalhando com o diretor de fotografia Patrick Tristão –
que desde então assinaria a fotografia de diversos curtas e longas capixabas.
Cabe também destacar o trabalho de Carlos Augusto de Oliveira, cujo
Olhos mortos (2002) é uma sensível adaptação de um conto de Tchekhov
para o contexto rural brasileiro, traduzido numa atmosfera marcante e intensa. O cineasta, em seguida, iria dividir sua carreira entre a Dinamarca e
o Brasil, com diversos curtas e longas, sempre marcados por uma direção
de atores extremamente minuciosa, como no premiado longa-metragem
Rosa Morena (2010), realizado em São Paulo.
A produção dos veteranos
Realizadores de outras gerações mantiveram o ritmo de produção
durante toda a década. Luiz Tadeu Teixeira, por exemplo, assina a direção
de dois curtas-metragens de alta voltagem poética: O ciclo da paixão (2000),
narrativa livre que narra o amor em suas quatro estações (o encontro, a
descoberta, a entrega e o desencontro) a partir dos versos de Viviane Mosé
e Caê Guimarães e imagens de alta poesia; e Graçanaã (2006), retorno imaginário do escritor Graça Aranha à região serrana do Espírito Santo, onde
escreveu o romance Canaã, para um acerto de contas com o passado – no
qual o próprio cineasta também interpreta o personagem principal. Glecy Coutinho e Margarete Taqueti mergulham na história de algumas das
principais mulheres escritoras capixabas do século XX, como Maria Stella
de Novaes (Relicário de um povo, 2003) e Haydeé Nicolussi (Festa na sombra,
2005). Também temos novos trabalhos de Orlando Bomfim, Clóves Mendes,
Saskia Sá, Luiza Lubiana e Sebastião Ribeiro Filho, enquanto Marcel Cordeiro
assina o controverso longa-metragem ficcional A morte da mulata (2002).
Mas o veterano com atividade mais intensa no período será Ricardo
Sá: durante o período ele realizou quase uma dezena de documentários de
curta e média-metragem, ora engajando-se em questões ambientais e sociais
(especialmente entre as comunidades indígenas e quilombolas), ora repensando, com altas doses de ironia, o descaso com a memória das tradições
populares, como em Assim caminha Regência (2005) e Procurando Madalena
(2010) – ou ainda juntando as duas coisas, como no lírico A estrada silvestre
(2009), um dos mais bem-sucedidos documentários capixabas, que conduz
livremente o espectador a um passeio entre o que ainda permanece dos
saberes indígenas, quilombolas e pomeranos na contemporaneidade. Já no
campo da ficção, a verve política de Ricardo faz-se presente em dois trabalhos de narrativa bastante ousadas, com fortíssimas referências ao Cinema
Marginal dos anos 1960/1970: A sabotagem da moqueca real (2003) e Enquanto
houver fantasia (2006), paródia demolidora do seriado A ilha da fantasia, ambientada na Grande Vitória de uma realidade paralela, na qual nós, os visitantes, adentramos sob a calorosa recepção do pitoresco Seu Manoelzinho.
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Profissão de fé
portinholas
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Cinema de bordas
Seu Manoelzinho, ou melhor Manoel Loreno, é pedreiro e cineasta,
e vive em Mantenópolis, um dos mais pobres municípios do interior do
Espírito Santo. Desde a década de 1990, ele vem realizando médias e longas-metragens em vídeo, com parcos recursos e elenco local, muitas vezes
flertando com o imaginário do faroeste, do romance e do “terrir”. A palavra
“amador” não se encaixa exatamente aqui, sendo mais adequado falarmos
de “cinema de bordas” – conceito criado pela escritora e pesquisadora
Bernadette Lyra pra dar conta de uma produção situada fora dos cânones
cinematográficos e das regras do “bem fazer” audiovisual, realizada muitas
vezes por cineastas autodidatas em regiões periféricas do Brasil, resultando
em filmes miscigenados, verdadeiras “pilhagens” que se apropriam “pelas
beiradas” do imaginário dos gêneros clássicos do cinema de massas, sem
se envergonhar de sua precariedade técnica ou de seu orçamento zero.
Descoberto pela mídia em 2004 e tornado célebre em todo o país, Seu
Manoelzinho tem os seguintes destaques entre sua insólita filmografia, que
ultrapassa uma dezena de títulos: O rico pobre (2002), O homem sem lei (2006)
e A gripe do frango (2008) – todos exibidos na mostra Cinema de Bordas,
realizada pelo Itaú Cultural, em São Paulo.
Também fora dos cânones oficiais, podemos destacar as produções do
núcleo capitaneado por Martin Boldt, em Santa Maria do Jetibá, realizando
desde o final dos anos 1990 diversos curtas, médias e longas-metragens em
vídeo, falados na língua pomerana, e que reúnem toda a comunidade em sua
realização, com o intuito de preservar os costumes e tradições pomeranos,
uma vez que eles não mais existem em sua região de origem (antigamente
situada entre a Alemanha e a Polônia), mas somente nas comunidades de
descendentes da imigração no Espírito Santo.
Ainda como “cinema de bordas”, podemos mencionar as ficções em
curtas e médias-metragem de Mark Miranda, que chegou a obter patrocínio
da Lei Rubem Braga para vários de seus filmes, com destaque para Lasanha e
quatro queijos (2002) e até mesmo o erótico Swing Capixaba (2002), produzido
e dirigido por Clóvis Rosa, e que teve distribuição focada no mercado de
videolocadoras e home video.
A animação conquista espaço
Um campo que finalmente irá deslanchar no Espírito Santo nessa
década é a animação. Embora haja registros de experimentos realizados na
virada dos anos 1970/1980 por um grupo que incluía o artista gráfico Marco
Antônio Neffa e o jornalista Ricardo Conde, é somente a partir de 2000
que essa produção começa a tomar corpo. Além dos projetos inclusivos do
Instituto Marlin Azul (Projeto Animação e Núcleo Animazul), observa-se
também uma grande leva de trabalhos autorais. O primeiro deles é Orelhão
(2000), de André Holzmeister, utilizando técnicas de modelagem e animação
em 3D, recurso que também está presente em trabalhos como Em busca
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brilhantino
o evangelho segundo seu João
Meninos da guarani
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do ZZZ (2001), de Jean R. e Luiza Lubiana e A persistência da luz (2007), de
Camila Lombardi e Davi de Jesus Cáo.
Uma série de trabalhos em 2D (desenho animado) e animação em
flash, desenvolvido por Gabriel Menotti, compõem uma sátira bastante
ácida ao universo das raves e dos clubes de música eletrônica, em especial
nos personagens que participam de uma espécie de “culto” religioso para
o qual só se pode participar se Fluo, hostess da paróquia, for com a cara do
visitante – é o caso de Profissão de fé (2003), A Fluo dança (2003) e Primeira
Paróquia do Cristo Sintético (2010). Menotti também irá desenvolver uma série
de trabalhos conceituais, no campo mais experimental da videoarte, como Pile
Driver Balalaika e Faca só lâmina, ambos de 2008. Já a dupla Wolmyr Alcântara
e Felipe Gaze irá mesclar 2D e 3D em Esta noite tem peleja (2009), baseado
num conto do folclorista Luís da Câmara Cascudo e que recebeu o prêmio
de Melhor Curta-Metragem de Animação no 6º Animaserra (rJ), em 2011.
Experimentando a animação desenhada/pintada diretamente na película, temos o artista plástico Hélio Coelho e a explosão de imagens em
seu Insano Jazz (2009). Já Tati Rabello e Rodrigo Linhales (Mirabólica) irão
realizar Exterminador (2005), mesclando ilustrações e efeitos de computação
gráfica em uma releitura pop contemporânea do mito de Xangô e Oyá, com
forte influência de quadrinhos e do cinema B dos anos 1970. Cabe ainda
destacar Ai de ti (2009), de João Moraes, baseado na crônica homônima de
Rubem Braga e que conta com os desenhos de Diego Scarparo – que seguiria
uma sólida carreira como animador e editor nos anos seguintes.
Uma nova geração de documentaristas
Além de Ricardo Sá, outros nomes irão se dedicar ao documentário,
com resultados bem relevantes. João Moraes realiza Viagem capixaba: um
olhar de Rubem Braga e Carybé, hoje (2004), revisitando o clássico encontro
entre dois dos maiores intelectuais brasileiros do século XX. Em seguida,
empreende um mergulho no folclore capixaba, em filmes como o premiado O Evangelho segundo seu João (2006), que enfoca as sábias tiradas de um
veterano mestre de Folias de Reis, capaz de reinventar a própria bíblia para
explicar as origens do folguedo popular ao qual dedicou uma vida inteira,
e N’Goma – Jongos do sul capixaba (2009), co-dirigido por Leonardo Gomes.
Lucia Caus, diretora do festival Vitória Cine Vídeo, realiza o sensível
e premiado Homens (2008), enfocando a temática lgBt e co-dirigido pelo
paraibano Bertrand Lira. Gabriel Perrone assina Nicole (2007), enquanto
que Edson Ferreira realiza diversos trabalhos de temática social e racial
(como Auroras de ébano, de 2005), com destaque para Marcas da Vila (2010),
que investiga as feridas deixadas pelo incêndio no mercado da Vila Rubim,
em Vitória, ocorrido uma década e meia antes. Já Marcus Konká realiza o
longa-metragem Meninos da Guarani (2009), abordando a urgente questão
do extermínio de jovens negros nas periferias das grandes cidades, a partir
dos relatos das famílias que perderam seus filhos na região de Jacaraípe,
no município da Serra.
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cave canem
cine Falcatrua
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Outros trabalhos de destaque, desta vez abordando o universo musical,
são Vivendo de Rock no ES (2007), de Mila Neri, e No olho da rua (2008), de
Luiz Eduardo Neves, centrado na cena do hip hop local. O próprio realizador
embarcaria, nos anos seguintes, na realização de videoclipes de artistas desse
gênero musical, além de criar o site Panela Audiovisual, verdadeiro banco
de filmes capixabas disponíveis para streaming online.
Há ainda uma série de bons documentários realizados através do
projeto Revelando os Brasis, projeto do governo federal voltado para a produção audiovisual em municípios de até vinte mil habitantes. No primeiro
ano do projeto (2005), foram realizados, entre outros: Brilhantino (de Ériton
Berçaco), que fala de um ermitão que vive em uma caverna nos arredores
de Muqui, com uma notável fotografia valorizada pelos ângulos insólitos
de câmera; O sonho de Loreno (de Amanda Almondes), em Mantenópolis,
retratando o cineasta Seu Manoelzinho; e Bate-paus (de Jorge Kuster Jacob),
em Vila Pavão, sobre a perseguição sofrida pelos descendentes de pomeranos durante a Segunda Guerra Mundial. Outro título a destacar é As últimas
responsadeiras (2007), de Patrick Camporez Mação, rodado em Vila Valério, e
que acompanha um grupo de mulheres que fazem orações (os responsos)
para reencontrar objetos furtados ou desaparecidos. Jorge Kuster Jacob
também realizaria, em 2009, Hochtijd – Casamento pomerano, em parceria
com Adriana Jacobsen, resgatando as peculiaridades de um rito europeu de
origem medieval, ainda presente nos dias de hoje, ainda que atravessado
por novos significados, em especiais o de resistência de uma identidade
cultural e étnica emigrada, e que não mais existe em seu país de origem.
A produção universitária
A partir de 2004, uma nova leva de realizadores começa a surgir,
advindos, em sua maioria, do meio universitário, seja através do curso de
Rádio e tV da Faesa ou dos cursos de Jornalismo e Publicidade da Ufes, especialmente ligados a projetos de pesquisa e extensão, como o graV (Grupo
de Estudos Audiovisuais) e o Cine Falcatrua. O que marca essa produção é,
principalmente, um renovado interesse nos experimentos de linguagem,
como o estudo de mise-en-scène empreendido por Salon de La Paix (2004), de
Bob Redins e o flerte com a linguagem do videoclipe, nos documentários
da dupla Bento Abreu e Rodolfo Sily, da produtora Olhos Coloridos, como
Contra maré (2008) e Laja 100 (2012).
Especificamente em trabalhos de realizadores ligados ao graV, essa
experimentação irá se traduzir em engajamentos micropolíticos e performáticos no real (como Compre na mercearia da esquina, realizado em 2005 por
Vitor Lopes e Vitor Graize, ou Auto-Vitrato, feito em 2007 por Maria Inês
Dieuzeide), ou no flerte com vertentes contemporâneas do documentário,
como o filme-dispositivo, em trabalhos como Rodrigo, Gustavo e Marcelo
(2006), de Vitor Lopes (vencedor de Melhor curta no ii festival rec) e Cave
Canem (2007), de Heraldo Borges, Marijana Mijoc, Hugo Reis e Maria Inês
Dieuzeide, selecionado para o Festival de Hamburgo, na Alemanha, em 2007.
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Esse pensamento conceitual do documentário ecoará em empreitadas
mais ambiciosas, como O Aleph (2007), de Hugo Reis e William Sossai, registro do processo de gravação do cD homônimo de Fabiano Araújo, filme
que impressiona pelo apuro visual e sonoro; e Olho de gato perdido (2009),
de Vitor Graize, documentário de criação que mergulha na ausência de
um filme tido como desaparecido há décadas, e que lança mão de várias
estratégias experimentais tanto para resgatar as memórias dos entrevistados
quanto para engajar o espectador nessa busca. Outro trabalho de destaque
é Não é só uma passagem (2005), de Igor Pontini, registro, nos moldes do
cinema direto, das manifestações estudantis ocorridas no mesmo ano contra
o aumento da passagem de ônibus e que, para o crítico Rodrigo de Oliveira, seria o projeto de maior impacto político do cinema capixaba recente,
“porque não só há respiro, como ele é ofegante: o filme que participa da
manifestação e toma tiro da polícia tanto quanto aqueles a quem registra
em imagem, cinema e realidade colados de maneira radical”.
Há também a busca por novas temáticas, até então pouco exploradas
na produção local, como as questões envolvendo a comunidade lgBt, como
na ficção Despertai (2008), de Edson Poloni e Lorenzo de Angeli, e as diversas gradações da discriminação racial, como nos filmes de Alex Andrade,
diretor de Você viu algum negro aí? (2007), e Ramon Zagoto, que realizaria
com Natanael Souza a ficção Maicou Diéquision (2009). Destaca-se ainda o
documentário O caso Araceli (2005), de Tatiana Beling e Diego Herzog, profunda análise sobre o crime que chocou o país na década de 1970. Outros
cineastas egressos dessa geração só iriam assinar trabalhos de maior fôlego
na década seguinte, como Iza Rosemberg (A ladeira, 2010) e André Félix,
cujo documentário A cor do fogo e a cor da cinza tem sido bastante premiado
na atual safra de festivais (2014-2015).
Os primeiros coletivos juvenis
Além do Cineclube Falcatrua, outros coletivos juvenis, marcados pela
prática colaborativa e compartilhada, dedicaram-se ao fazer audiovisual
nos anos 2000. Surgida na Ufes, em 2007, o Expurgação atua em diversas
frentes: design, música, audiovisual, artes visuais e ativismos diversos. Aqui,
alia-se o apuro técnico a uma forte vertente de experimentação e pesquisa,
explorando uma ampla gama de suportes e linguagens.
Os primeiros vídeos experimentais do Expurgação já revelam um
amplo desejo de invenção, como em Paiol (2008), de Alexandre Barcelos,
cuja exibição no Vitória Cine Vídeo do mesmo ano incluiu uma intervenção sonora feita pelos integrantes do coletivo, espalhados pela plateia. Já
o documentário em longa-metragem Suprasubstancial (2009), de Dalmo
Rogério e Gustavo Senna, parte de uma pesquisa que busca adaptar o corpo humano como suporte para os movimentos da câmera, atualizando a
utopia visionária de uma câmera-corpo, almejada desde os primórdios do
cinema. Outro coletivo dessa geração a ser destacado é a banda Sol na Garganta do Futuro, cujo premiado Cabra Cega (2007) apropria-se de imagens
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em Super-8 captadas nos anos 1970 e ressignificadas dentro do imaginário
contemporâneo da ditadura militar do período, num curioso híbrido entre
videoclipe e documentário experimental (found footage).
Já os criadores da Revista Quase, surgida em 2002, resolvem migrar
seu humor escrachado para o vídeo, em especial através da tV Quase, iniciada em 2009 como um canal no YouTube. Entre as produções iniciais
estão um impagável piloto para tV e videoclipes com o mesmo espírito
demolidor das charges e textos com os quais o coletivo ficou famoso, e que
iriam resultar em trabalhos extremamente bem-sucedidos no começo da
década seguinte, inclusive no campo da ficção.
Antes disso, Juliano Enrico, um dos integrantes do grupo, já havia
realizado o documentário em média-metragem Touro Moreno (2007), sobre a
vida do septuagenário lutador homônimo, dentro e fora dos ringues. Nele,
misturam-se as glórias e derrocadas do passado e os sonhos do presente,
enquanto Touro Moreno treina seus filhos na esperança de que algum seja
campeão de boxe – feito que quase seria obtido quando Esquiva e Yamaguchi Falcão conquistaram, respectivamente, medalhas de prata e bronze
nas Olimpíadas de Londres, em 2012.
Cinema e vídeo experimental
O mais prolífico nome da geração universitária surgida em meados
da década passada, todavia, não vem de nenhum coletivo. Trata-se de Gui
Castor, verdadeiro garimpeiro de imagens, flâneur contemporâneo a filmar
compulsivamente, muitas vezes realizando filmes inteiros sozinho, com
orçamentos mínimos. Sua extensa filmografia inicia-se em 2005, com base
num processo de criação que, em suas próprias palavras, é completamente
aberto, em constante construção, abrindo espaço para quaisquer imprevisibilidades – bem ao espírito de um certo “cinema livre”, quase artesanal,
praticado por alguns jovens realizadores brasileiros de sua mesma geração.
Destacam-se os curtas-metragens Maia (2006), A cabra (2011) e Cavalo Ferro
(2012) e os longas-metragens digitais Anjo Preto (2007), centrado na figura
do sambista capixaba Edson Papo-Furado, e Harmonia do inferno (2008), que
retrata o cotidiano da catadora de papel Elvira da Boa Morte.
Aliás, essa prática de sempre coletar imagens, como se a câmera fosse uma extensão do olho do cineasta, e retrabalhá-las permanentemente,
até se atingir um resultado desejado, que em muito se aproxima de uma
ideia de atelier emprestada das artes visuais, torna-se uma constante na
produção audiovisual experimental deste novo século. Podemos aqui destacar os trabalhos de uma série de videoartistas, como: Veruska Almeida,
cujo Todavia, contudo, entretanto, embora (2006), entrelaça palavra e imagem
em um poema visual que vaga incansável pela cidade; Alberto Labuto,
diretor de Fracasso (2007), exercício rigoroso sobre a impossibilidade de se
reproduzir o movimento a partir de imagens estáticas; e Wayner Tristão,
cujo Viaduto (2009) fala do choque entre duas realidades distintas a partir
do ruído urbano. Nesse rol, também cabe citar os trabalhos de coletivos
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já citados, como o Sol na Garganta do Futuro e o Expurgação – sendo que
estes últimos, ao lado de Gui Castor, são os nomes dessa geração que mais
mergulham nesse espírito de permanente atelier de imagens.
A artista plástica Elisa Queiroz, através de sua eQ Produções, também produzirá uma série de trabalhos performáticos entre a ficção e a
videoarte, como Wonderbra (2003), Free Williams (2004, Menção Honrosa
no Xi Vitória Cine Vídeo) e A novilha rebelde (2005). Neles, a figura obesa da
artista é apresentada em releituras irônicas de ícones femininos da cultura
de massa (Esther Williams, Julie Andrews), questionando os padrões de
beleza e sensualidade de forma bem-humorada – ampliando assim o que
ela já fazia em seus trabalhos artísticos anteriores.
Videoartistas de gerações anteriores também marcam presença com
trabalhos instigantes, como: Lobo Pasolini (Entrevista de trabalho, 2005), que
ironiza o rígido código de frases e posturas corporais do mundo corporativo; Rosana Paste (Menina Moça, 2007), estudo plástico sobre a demolição
da antiga passarela em frente ao campo da Ufes, centrando-se na relação
entre afeto, identidade e paisagem da intrusão do maquinário pesado da
construção civil na experiência cotidiana; e a dupla da Mirabólica, que irá
realizar O processo (2008), série de mini-documentários (alguns em parceria
com Gabi Stein) enfocando o modus operandi de artistas visuais como Julio
Tigre, Marcelo Gandini e as já citadas Rosana Paste e Elisa Queiroz.
Mangue negro e a renovação do cinema de horror brasileiro
E não daria para falar do cinema no Espírito Santo nos anos 2000 sem
mencionar aquele que é o mais importante filme realizado aqui durante esse
período. Trata-se de Mangue negro (2008), de Rodrigo Aragão. Se a década
para ele iniciava longe do cinema, envolvido com o espetáculo Mausoléu
(2001), uma espécie de casa de terror itinerante, ao final dela ele assumiria a direção desse longa-metragem de zumbis ambientado no vilarejo de
pescadores Perocão, em Guarapari. Sem nenhum apoio de verba pública,
o filme foi realizado com um orçamento reduzidíssimo – 60 mil reais, a
maioria desse valor empregada em maquiagem de efeitos e 700 litros de
gosma e sangue cenográfico.
Com elenco e equipe técnica trabalhando de graça, as filmagens
ocorreram em finais de semana, durante cerca de três anos, aproveitando
a disponibilidade de cada um. O resultado impressiona desde a primeira
sequência do filme pela mão segura do diretor em construir o ritmo interno
das cenas e criar atmosferas, especialmente aproveitando a trilha sonora a
partir de composições pré-existentes do maestro Jaceguay Lins. Além disso,
Aragão estabelece, com bastante propriedade, um diálogo consciente com as
regras do cinema de horror, com ocasionais doses de humor – em especial
os filmes de George Romero, Lucio Fulci e Sam Raimi, além da antológica
revista de terror brasileira Calafrio, que circulou entre 1981 e 1993.
O resultado alçou o diretor ao epicentro do cinema de horror brasileiro,
e obteve repercussão mundial: selecionado para diversos festivais importantes
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do gênero, como o Sci-Fi London (Inglaterra) e o Fantaspoa (Porto Alegre),
o longa recebeu diversos prêmios importantes, inclusive internacionais.
Mangue negro chegou a ser exibido no circuito japonês e foi lançado
em DVD na Alemanha, no final de 2009, sob o nome de Brain dead zombies.
Seu sucesso foi além do público de cinema fantástico e de terror e a crítica
especializada. Como lembra o crítico Rodrigo de Oliveira, a seleção do filme
para a I Semana dos Realizadores, realizada no Rio de Janeiro em 2009, que
reunia a nata do cinema autoral brasileiro, fez com que o filme de Aragão
abandonasse “o gueto dos filmes de fantasia para dialogar com a vanguarda do panorama brasileiro”5. E a soma de todos esses pequenos grandes
passos (na verdade, gigantescos degraus!) explica como Rodrigo Aragão se
tornou um dos mais celebrados e respeitados cineastas contemporâneos
em atividade no país.
5 Cf. “O manguezal contra-ataca: A vida e a carreira de Rodrigo Aragão, o mais badalado cineasta capixaba da atualidade” (2010), artigo de Rodrigo de Oliveira publicado na
revista Milímetros, n.2.
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Mangue negro
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2000 —
88 AC – uma viagem
Nenna e Arlindo Castro
de Nenna
DocuMentÁrIo eXperIMental, 8',
HI-8, cor, 2004, espírIto santo
Viagem pelo litorial norte do
ES, empreendida pelos artistas
Nenna e Arlindo Castro no final da década de 1980, na qual
são abordados temas comprometidos com a nacionalidade
brasileira.
A Melhor Vídeo Experimental na
I Mostra Produção Independente,
2004
A banda
De José Augusto Muleta
FIcção, 7', DIgItal, cor,
2005, espírIto santo
Às vezes, a vida dá uma “banda”
na gente.
A estrada silvestre
A fuga
A iniciação
FIcção, 17', 35MM, 2007, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 40', DIgItal,
de Saskia Sá
de Gui Castor
2007, vItórIa (es)
Um velho e sua vida miúda é
invisível. Seus sonhos deixados pelas calçadas suburbanas.
Uma foto e uma fuga. Mas tudo
pode mudar.
Agrados pra Cloê
de Jefinho Pinheiro
FIcção, 21', 35MM, cor,
2009, vItórIa (es)
História cotidianas que, narradas por meio de uma narrativa
poética, belas paisagens e uma
abordagem lúdica, versam sobre a fé e o tempo.
A Roteiro Premiado no 8º Concurso de Roteiro Capixaba (13º Vitória
Cine Vídeo) A Menção Honrosa na
V Mostra Produção Independente
(Vitória, 2009)
A gripe do frango
Através de entrevistas com o
pai de santo Robson Cuzzuol
e da convivência no terreiro
Ilé AséIgbá Alagunnon, o filme
aproxima o espectador dos rituais sagrados que fazem parte
da essência do candomblé.
Albertinho
de 150 alunos da rede
municipal de Vitória
anIMação, 12', 35MM,
cor, 2006, vItórIa (es)
A história de um menino que
tem um sonho: voar. Uma homenagem a Alberto Santos Dumont e ao centenário do voo
do 14 bis.
A Prêmio Porta Curtas e Reperiferia, no Festival Audiovisual Visóes
Periféricas (RJ) (2007)
de Ricardo Sá
de Manoel Loreno
(Seu Manoelzinho)
DocuMentÁrIo, 45', HDv,
FIcção, 57', vHs, cor, 2008,
de Eduardo Moraes
cor, 2009, vItórIa (es)
MantenópolIs (es)
FIcção, 4', DIgItal, cor,
Um registro dos saberes dos
povos Guarani, Pomerano e
Quilombola no Espírito Santo.
Uma lei determina o extermínio de todos os frangos por
conta de uma doença. Um
amigo de Seu Manoelzinho é
transformado em frango e ele
precisa saber qual das aves é
ele, para salvá-lo da morte.
Dentro de uma alcova, um
homem acorda preso em um
ritual diabólico, executado pelo
seu "eu vilão" e presenciado
por um outro "eu adormecido".
Ai de ti!
de Sérgio Oliveira Dias
Alcova
2007, espírIto santo
A Melhor filme na VI Mostra Produção Independente (Vitória, 2010)
A Fluo Dança
de Gabriel Menotti
Alles blau
anIMação, 3', DIgItal,
de João Moraes
DocuMentÁrIo, 20', víDeo, pb
cor, 2003, vItórIa (es)
anIMação, 6', HDv, cor, 2009,
e cor, 2000, espírIto santo
cacHoeIro De ItapeMIrIM (es)
A hostess da Primeira Paróquia
ensina os primeiros passos da
música eletrônica.
A Prêmio do Júri – Primeiro Lugar
na Mostra Universitária de Vídeos
(MAES) A Menção Honrosa no 11º
Vitória Cine Vídeo
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Baseado na mais famosa crônica de Rubem Braga (“Ai de
Ti, Copacabana”), é uma fábula irônica sobre Copacabana e
seus pecados.
Imigrantes alemães, católicos
e luteranos chegam ao Espírito Santo em 1847, formando a
colônia de Vila Isabel.
A Menção Honrosa na VI Mostra
de Produção Independente (Vitória, 2010)
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Alive at the Cavern Pub
Anjo preto
A persistência da luz
anIMação, 6', HDv, cor,
DocuMentÁrIo, 74', MInI-
anIMação, 3', DIgItal, cor,
2008, vItórIa (es)
Dv, cor, 2007, vItórIa (es)
2008, espírIto santo
A banda Club Big Beatles é interrompida durante o ensaio
por um suposto cobrador. Assustados, os músicos fogem pelas ruas da cidade de Vitória e
são perseguidos por, além do
cobrador, um grupo de fãs.
Edson Rodrigues do Nascimento, ou Edson Papo-Furado, o
“Anjo Preto”, sambista da velha
guarda capixaba.
Em um quarto vazio há um
berço que balança sem parar
e alguém que o observa imóvel. Mas o companheiro não
consegue aceitar que a força
de um trauma reduza a vida a
uma memória.
de Léo Rangel e Edu Hening
A morte da mulata
de Marcel Cordeiro
FIcção, 104', DIgItal, cor,
2002, vItórIa (es)
Um escritor escreve seu livro e
não se dá conta de que os personagens têm vida própria. Um
dia, Alberto é ferido e, delirando, percebe que está vivenciando a trama e, inclusive, sendo
chantageado pelos personagens.
A Melhor Filme de Língua Estrangeira no Festival de Cinema
da Flórida (EUA) A Melhor Diretor
no Festival de Cinema da Flórida
(EUA) A Melhor Ator no Festival
de Cinema da Flórida (EUA) A Melhor Atriz no Festival de Cinema
da Flórida, EUA (2002)
Anexos
de Gabriel Perrone, Tiago
de Luca e Duda Novaes
de Gui Castor
Animação iniciada
de Thiago Lessa
anIMação, 1', DvD, cor, 2007
Fragmentos de animações
agrupados de forma não-narrativa sobre a trilha “Sinfonia
Iniciada”, de José Renato Ribeiro de Moraes.
A Novilha Rebelde
de Elisa Queiroz e
Erly Vieira Jr
FIcção, MusIcal, 18', MInIDv, cor, 2005, vItórIa (es)
Novilha chega com suas ideias
coloridas e joviais para cuidar
dos filhos cinzentos do Seu
Zebu.
Duas pessoas, criaturas errantes na atmosfera densa de uma
grande metrópole. E se uma
fosse uma a tal “alma gêmea
da outra”?
A Vencedor do Troféu Marlim Azul
pelo Voto Popular A Vencedor do
Prêmio de Melhor Direção de Arte
no 27º Festival Guarnicê de Cinema
2000 — 2009
sesc_planogeral_final.indd 121
A retomada do
Linharinho
de Ricardo Sá
DocuMentÁrIo, 11', DvcaM,
2008, espírIto santo
Em 2007, um grupo de 300
quilombolas retomam uma
área que nos anos 1970 lhes
foi tomada por uma empresa
de celulose. Um ano depois,
parte dos que participaram do
levante se encontram para avaliar a importância do ocorrido
para o movimento quilombola
do Sapê do Norte.
A passageira
A sabotagem da
Moqueca Real
FIcção, DraMa, 10', 35MM,
FIcção, 14', 35MM, cor,
cor, 2006, vItórIa (es)
2003, cacHoeIro De
de Glecy Coutinho
de Ricardo Sá
ItapeMIrIM e vItórIa (es)
É quase uma história sobre a
vida, o amor e a morte.
FIcção, 12', HDv, cor, 2003,
são paulo (sp) e vItórIa (es)
de Camila Torres e Davi Caó
A Vencedor do V Concurso de
Roteiro Capixaba A Melhor Filme
( Júri Popular), 13º Vitória Cine Vìdeo (2006)
A pedra que o
estilingue lança
História de um revolucionário
que decide fazer pirataria de TV
para mostrar a verdadeira face
do imperialismo norte-americano no Brasil.
As cores do
Espírito Santo
de Geruza Contti
de Ana Cristina Murta
DocuMentÁrIo, 17', cor,
DocuMentÁrIo, 20', DIgItal,
2000, vItórIa (es)
cor, 2009, vItórIa (es)
Documentário sobre a obra de
arte O Estilingue Gigante, do artista plástico Nenna, realizada
em 1970.
Abordagem da obra da pintora
primitivista Nice.
121
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Assim caminha
Regência
Avenca
de Ricardo Sá
de Erly Vieira Jr., Lizandro
Nunes e Virgínia Jorge
DocuMentÁrIo, 55', MInI-Dv,
FIcção, 11', 35MM, cor,
cor, 2005, regêncIa (es)
2009, vItórIa (es)
Em Regência, Litoral Norte do
ES, seu Miúdo se dedica a preservar a memória de um herói
nacional esquecido: Caboclo
Bernardo.
“Pé de pitanga é danado pra dar
marimbondo/ Avenca só dá em
casa de gente feliz” (Douglas Salomão). Terceira parte de uma
trilogia realizada em parceria
com a atriz Letícia Braga.
Até quando?
de Gustavo Moraes
Azulzinho
FIcção, 18', 35MM, cor,
de Jefinho Pinheiro
2008, vItórIa(es)
FIcção, 10', MInI-Dv, cor,
2007, vItórIa (es)
Um pai é capaz de tudo para
ajudar um filho, quando o amor
não tem limites. Até quando?
É um encontro de ideias que
discute o quanto somos capazes
de encarar o dia a dia, e de continuar a acreditar num sonho
de uma vida melhor para todos
nós, apesar de nossas próprias
limitações.
Auroras de ébano
de Edson Ferreira
DocuMentÁrIo, 23', DIgItal,
cor, 2005, vItórIa (es)
Personagens da classe média
negra do Espírito Santo relatam
suas visões sobre o papel desempenhado pelos afrodescendentes na formação do Estado.
Discutem também o preconceito racial.
Auto-Vitrato
de Maria Inês Dieuzeide
eXperIMental, 2', DvD,
cor, 2007, vItórIa (es)
Uma câmera, um espelho, alguns reflexos.
122
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Barratos
de Marcos Veronese
anIMação, 6', cor, 2008
A história é contada pela pulga
Chicote sobre uma barata e um
rato que disputam o poder de
um planeta arrasado. Após Ratão
assumir como presidente, o poder lhe sobe a cabeça e comete
os mesmos erros que os humanos. Baratiza, revoltada, reclama
das ações de Ratão e trava uma
batalha pela presidência.
Baseado em
histórias reais
de Gustavo Moraes
Azul é a cor dos sonhos de uma
família e de seu fogão.
Baby Bon Bon
de Marcel Cordeiro
FIcção, 75', HDv, cor,
2008, espírIto santo
Arildo é um homem de 45 anos,
viúvo, sem trabalho e sem esperança de um futuro melhor.
Decide, então, prostituir o filho,
Ricardo, de 11 anos. O menino
fica prisioneiro do pai, em uma
condição de apatia e passividade. Passa suas horas a memorizar os números e olhar sempre
o mesmo desenho animado.
Bárbara
de Bernando F. Leitão
FIcção, 3', super-8, cor,
2005, guaçuí (es)
O recorte da vida de uma mulher, após a perda de seu marido.
FIcção, 15', 35MM, cor,
2002, vItórIa (es)
Uma análise e uma crítica ao
período da Ditadura Militar no
Brasil, com personagens reais e
complexos, muitas vezes esquecidos pelo tempo. No ano de
1972, durante a ditadura, duas
histórias se cruzam. Na primeira, um jovem membro de um
grupo guerrilheiro é preso durante a tentativa de um assalto
a banco. Uma jornalista que
presencia a cena decide escrever um artigo sobre o fato. Na
segunda história, uma mulher
prepara uma receita de bolo.
A Melhor Diretor (Curtas-Metragens) no 2º Festival de Varginha
(MG) A Melhor Primeiro Filme no
Prêmio Primeiro Plano, 12ª Mostra
Curta Cinema AMelhor Filme, Júri
Popular no 9º Vitória Cine Vídeo,
Vitória (ES) A Melhor Ator, Menção
Honrosa no 9º Vitória Cine Vídeo,
Vitória (ES) A Menção Honrosa no
Curta Mostra Brasil no 2º Goiânia
Mostra Curtas (GO) A Melhor Roteiro no 1º Plano no Festival de Cinema
de Juiz de Fora (MG) A Melhor Filme de Ficção no 3º Festival Latino
Americano de Campo Grande (MS)
A Melhor Filme no Júri Popular no
2003 Austin Film Festival (Austin,
EUA) A Prêmio Cacho Pallero –
Plano Geral
10/07/2015 22:01:02
Ibero Americano no 31º Festival de
Cine – Huesca, Espanha A National
Board of Review Film Award, Nova
York (EUA) A Kim's Video Award,
Columbia University Film Festival,
Nova York (EUA) A Melhor Direção
de Arte 2003, Columbia University Film Festival, New York (EUA)
A Faculty Honors 2003, Columbia University Film Festival, New
York (EUA) A Diretor do Ano no 5º
Short Shorts Film Festival, Califórnia (EUA) A Hors Concurs no 15º
Angers Premiers Plans Film Festival,
Angers (França)
Batuque moleque
Brilhantino
de Ériton Berçaco
DocuMentÁrIo, 16', MInIDv, cor, 2005, MuquI (es)
Bubblegum Black
de Luiz Eduardo Neves
FIcção, 4', MInI-Dv, cor,
2009, vIla velHa (es)
DocuMentÁrIo, 17', DIgItal,
As tias também amam.
O vídeo documenta o projeto
Congo na Escola, realizado em
uma escola da rede municipal,
promovendo a inclusão social
de estudantes de 4 a 14 anos,
da Ilha das Caieiras e Grande
São Pedro.
Belinha
de Orlando Bomfim Netto
FIcção, 13', MInI-Dv, cor, 2007
Na crescente onda da industrialização e extrema competição, com crianças e bebês
abandonados, Belinha, uma
mulher de meia idade e carente
de recursos adota uma criança
com problemas de saúde e a ela
dedica toda as forças.
de Heraldo Ferreira,
Marijana Mijoc, Hugo Reis
e Maria Inês Dieuzeide
DocuMentÁrIo, 3', MInI-Dv,
Após envolver-se em conflitos
de terras, Brilhantino passa a
viver em uma caverna no interior de sua propriedade rural. O filme mostra o cotidiano
deste memorável morador de
Muqui, que olha a vida com
ironia, poesia e crítica.
de Fábio Carvalho
e Alcione Dias
cor, 2003, vItórIa (es)
Cave Canem
Bud & Rose
de Sérgio Dias
FIcção, DraMa, 15', MInI-Dv,
cor, 2009, vItórIa (es)
O filme narra trajetória de duas
irmãs artistas (de fato, uma
seria o alter ego da outra) em
suas incursões por sete cidades,
onde tentam ganhar dinheiro
suficiente para comprar uma
casa nas montanhas. Para tanto,
elas terão que superar os obstáculos, e adotar a máxima de que
"os fins justificam os meios”.
Casaca, o reco-reco
de cabeça esculpida
de Luciana Gama
DocuMentÁrIo, 24', betacaM,
cor, 2003, espírIto santo
pb, 2007, espírIto santo
Não há lugar como o lar!
A Prêmio Especial do Júri na III
Mostra Produção Independente
(2007) A Selecionado para o 23º
Festival Internacional de Curtasmetragens de Hamburgo (2007) A
Melhor Documentário no 3º REC
– Festival Nacional de Videos Universitários, Vitória, 2007
Céu de anil
de Lizandro Nunes
FIcção, 18', 35MM, cor, 2003
Célio tem seu carro dominado
por três assaltantes. Vive uma
situação limite em que qualquer ato pode ser determinante
no desfecho da trama. Entrelaçando dois possíveis desfechos,
o filme mostra como atitudes
mínimas podem mudar a trajetória da vida.
Chamas na ilha
de Marcos Veronezi
FIcção, DraMa, 20', cor, 2006
Clara é uma bela jovem, moradora de uma favela da ilha de
Vitória. Ela conhece um comandante de um navio estrangeiro e decide partir com ele
em busca de uma vida melhor.
O documentário Casaca, o reco-reco de cabeça esculpida, narra
de forma dinâmica e descontraída um pouco da história do
instrumento e sua inserção na
cultura contemporânea.
2000 — 2009
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Chupa-cabras
de Rodrigo Aragão
Contra Maré
Dia de sol
FIcção, 16', MInI-Dv, cor,
de B. A. R. S (Bento
Abreu e Rodolfo Silly)
2004, guaraparI (es)
DocuMentÁrIo, 6', Dv, cor, 2008
15', 35MM, cor, 2009, vItórIa (es)
Aparição de uma criatura misteriosa e aterrorizante, na calada da noite: o Chupa-cabras
O documentário questiona a
falta de opções e a condição
caótica dos transportes públicos na Grande Vitória.
Esta é uma história sobre uma
menina, um passarinho e um
quintal. Uma menina que corre. Um quintal de chão batido. E um curió que parou de
cantar. A estória de qualquer
um. Num domingo típico dos
quintais. Essa é uma história
sobre um canto e uma peleja.
Um dia de sol.
A Melhor Filme pelo Júri Oficial
e Prêmio da Confederação dos Cineclubes, II Mostra Produção Independente, Vitória, 2006
Classe média
urbana brasileira
de Gustavo Moraes
FIcção, 3', cor, 2004
Em uma bela tarde de sol, em
uma grande cidade brasileira, um comentário malicioso
muda, completamente, o futuro de três jovens.
Como se fosse ontem
de Gustavo Moraes
e Roberto Seba
FIcção, 6', cor, 2005
Final de um campeonato de
futebol infantil de bairro. De
um lado, o goleiro invicto. Do
outro, a artilheira do campeonato. Nos pés dela: a decisão.
Nas mãos dele: muito mais que
o titulo de campeão. Único filme brasileiro selecionado para
a mostra Shoot Goals, Shoot Films, do Festival Internacional
de Cinema de Berlim (2005).
Compre na mercearia
da esquina
de Vitor Graize e Vitor Lopes
FIcção, 4', DIgItal, cor, 2005
Foram dez meses de investimento no mais conhecido dos
fundos monetários: o cofrinho.
124
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Creme de alface
de André Kiepper
FIcção, 15', Dv, cor,
2003, vItórIa (es)
A felicidade que acaba com o
pote de cosmético. Baseado em
texto de Caio Fernando Abreu.
Descida do Jucu
de Federico Nicolai
de Virginia Jorge
FIcção, realIsMo FantÁstIco,
A Vencedor do 9º Concurso de Roteiros do Vitória Cine Vídeo
Dona Maria,
muito prazer
DocuMentÁrIo, 10', víDeo,
de Iza Rosemberg
cor, 2000, vIla velHa (es)
DocuMentÁrIo, 5', MInI-Dv,
cor, 2007, vItórIa (es)
Documentário sobre a descida ecológica do rio Jucu, que
acontece todo primeiro domingo do ano, no balneário da Barra do Jucu (ES). Destaque para
esporte e diversão.
Despertai
de Edson Poloni
FIcção, 25', MInI-Dv, cor,
2008, vItórIa (es)
D. Maria é uma senhora que
vive no interior do Estado do
Espírito Santo. Com simpatia e
humildade ela conta um pouco
da sua vida simples, das lutas,
dos sofrimentos.
Dores e odores
de Jefinho Pinheiro
e Patrick Tristão
FIcção, 21', MInI-Dv, pb e
O pai de César descobre que ele
tem um namorado, Justine se
mete em bastante encrenca e
Regi começa a namorar uma paciente. Despertai mostra a vida
dessas três pessoas, seus relacionamentos e círculo de amizades.
O vídeo traz um olhar peculiar
do cotidiano homossexual, suas
vidas, seus amores e sexo.
cor, 2004, vItórIa (es)
Um poeta, uma lavadeira, um
dono de bar, uma barata e uma
naftalina preta. As histórias
desses personagens são costuradas por lembranças e poesias
que revelam as dores e odores
de suas vidas.
A Melhor Filme ( Júri Oficial e Júri
Popular) na I Mostra Produção Independente (Vitória, ES, 2004)
Plano Geral
10/07/2015 22:01:03
El chivo a Baco
de Gui Castor
Em transe
DocuMentÁrIo, 20', DIgItal,
de Darlan Machado
e Felipe Mecenas
cor, 2009, barcelona
anIMação, 3', DvD, cor,
Estação Itueta
de Bianca Sperandio
DocuMentÁrIo, 18', MInI-Dv,
cor, 2008, (es) e Itueta (Mg)
2009, espírIto santo
Gabriela é uma transexual
equatoriana que abandonou
suas raízes para se entregar a
prostituição. El chivo a Baco, é
um filme que mostra através
de Gabriela, que o sacrifício de
muitas pessoas para seguir seu
caminho é a solidão.
Ele
de 150 alunos da rede
pública de Vitória
anIMação, 12', 35MM,
Experimentação gráfica utilizando vários recursos de vídeo
para criar um transe passando
por quatro estágios diferentes
de frequência de som e edição
de imagem.
Enquanto houver
fantasia
de Ricardo Sá
FIcção, 30', 35MM, cor,
2006, vItórIa (es)
cor, 2007, vItórIa (es)
Ele é o cara. Homenagem ao
compositor Noel Rosa.
Em busca da
glamourânssia
II – O Glamour
de Bob Redins
FIcção, 17', MInI-Dv, cor,
2006, vItórIa (es)
Paródia da série de TV Ilha da
fantasia, com pitadas de engajamento socioambiental, em linguagem de cinema de bordas.
A Troféu Estilo na III Mostra Produção Independente (2007)
Entrevista de trabalho
de Lobo Pasolini
Se promessas de prosperidade
dividiam os moradores da pequena cidade de Itueta (MG)
quando foi anunciada a construção da Usina Hidrelétrica de
Aimorés, mudanças profundas
e irreversíveis foram tragicamente vivenciadas enquanto a
cidade era inundada pelas águas
do Rio Doce e um novo espaço urbano era precariamente
erguido. Estação Itueta é um
vídeo-documentário-intervenção, realizado no momento em
que uma cidade tenta recriar
suas redes de relações sociais
em um novo espaço para arraigar a vida num novo tempo.
Esta noite tem peleja
de Wolmyr Alcantara
e Felipe Gaze
anIMação, 11', cor,
2009, vItórIa (es)
eXperIMental, 8', MInI-Dv,
Sátira à busca desenfreada pelo
consumo e pelo glamour
A Melhor Curta pelo Júri Popular
no Festival REC de Vídeos Universitários Brasileiros Vitória, 2006 A
Melhor Filme pelo Júri Popular na
II Mostra Produção Independente,
Vitória, 2006
Em busca dos ZZZ
cor, 2005, espírIto santo
Um brasileiro vivendo no exterior se apresenta em uma
entrevista de trabalho como
faxineiro. Para conseguir o emprego ele não hesita em envernizar a verdade.
Escolhas
de Ana Cristina Murta
de Jean R. e Luiza Lubiana
FIcção, 12', 16MM, cor,
anIMação 3D, 8', DIgItal,
2003, vItórIa (es)
Com narração de cordel e
animações produzidas sobre
gravuras em aquarela, o curta
recupera um conto tradicional
de Luís da Câmara Cascudo,
maior folclorista brasileiro.
A Melhor Curta-Metragem de Animação do 6º Festival de Cinema,
Animação, Quadrinhos e Games
da Serra Carioca (Animaserra 2011)
cor, 2001, vItórIa (es)
Homem vive solitário em seu
castelo no espaço sideral e tem
problemas de insônia. Até que
uma noite ele tem uma boa
ideia, resolve seu problema e
dorme profundamente.
2000 — 2009
sesc_planogeral_final.indd 125
A história narra um ano da
vida de Flávio, um homem
que desenvolve obsessão por
sua escova de dentes.
A Vencedor do II Concurso de
Roteiros Capixabas, no Vitória
Cine Vídeo
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10/07/2015 22:01:03
Eu que nem sei francês
Fracasso
Ginga
FIcção, 6', MInI-Dv, cor, 2008,
eXperIMental, 14', MInI-Dv,
DocuMentÁrIo, 55', DIgItal,
vItórIa (es) e nIteróI (rJ)
cor, 2007, vItórIa (es)
cor, 2004, salvaDor (ba)
E o corpo, fala? Segunda parte
de uma trilogia realizada em
parceria com a atriz Letícia
Braga.
Um vídeo que tem seu enredo
baseado no fracasso da tentativa
de representar, com imagens
estáticas, um movimento.
Documentário sobre capoeira
acompanhando cinco adolescentes de Salvador, Bahia
A Prêmio Reconstrução (Melhor
Vídeo) na 4ª Mostra de Produção
Independente (Vitória, 2008)
de Luiz Tadeu Teixeira
Expedição Tabacchi
A Prêmio Desconstrução (Melhor
filme) na IV Mostra Produção Independente (Vitória, 2008) A Menção
Honrosa na Mostra do Filme Livre
(Rio de Janeiro, 2008)
DocuMentÁrIo, 30', DIgItal,
Frames
de Erly Vieira Jr.
de Marcel Cordeiro
cor, 2009, espírIto santo
de Alberto Labuto
de Edson Ferreira
DocuMentÁrIo, 15', DIgItal,
Documentário acerca da primeira expedição de imigrantes
italianos no Brasil, a expedição
Tabacchi.
Exterminador
de Tati Rabello e Rodrigo
Linhales (Mirabólica)
anIMação, 3', DIgItal,
cor, 2005, vItórIa (es)
Animação inspirada na lenda
de Xangô e Oyá.
Festa na sombra
de Margarete Taqueti
e Glecy Coutinho
DocuMentÁrIo, 30', DvcaM,
cor, 2008, vItórIa (es)
A partir das lentes de uma câmera fotográfica digital, Frames
aborda os olhares e as relações
com a notícia de três fotojornalistas capixabas.
Free Williams
vItórIa (es) e santa tereza (es)
Um retorno imaginário do escritor Graça Aranha às montanhas do Espírito Santo, local
onde viveu em 1890, durante
os primórdios da imigração alemã na região, e do qual extraiu
elementos para escrever sua
obra-prima, o romance Canaã.
Nessa viagem espiritual, ele faz
um acerto de contas com o seu
passado.
Geração Gota D'Água
de Rômulo Mussielo
DocuMentÁrIo, 30', DIgItal,
cor, 2009, vItórIa (es)
cor, 2004, vItórIa (es)
Releitura bem-humorada da
estrela hollywoodiana Esther
Williams e dos musicais extravagantes coreografados por
Busby Berkeley.
A Menção Honrosa no 11º Vitória
Cine Vídeo
Frestas
DocuMentÁrIo, 15', DIgItal,
cor, 2009, vItórIa (es)
Quando jovens de periferia
têm como meta acessar a universidade, uma série de realidades se desnudam. O que os
motivaram a entrar no ensino
superior? Afinal, eles abriram
portas ou passaram por frestas?
sesc_planogeral_final.indd 126
DraMa, 15', 35MM, cor, 2006,
eXperIMental, 10', MInI-Dv,
de Cineclube Kbça
e Atitude Jovem
126
Graçanaã
de Elisa Queiroz
cor, 2005, vItórIa (es)
Um passeio lúdico sobre a vida
e a obra da escritora, poeta e revolucionária Haydeé Nicolussi.
de Gustavo Moraes
Documentário que trata das vivências, da luta política da organização e do recrutamento de
militância estudantil da UFES,
entre os anos de 1976 e 1982.
Grinalda
de Erly Vieira Jr.
FIcção, 11', MInI-Dv, cor, 2006,
vItórIa (es) e nIteróI (rJ)
Nem todo homem é como
Charles Aznavour. Ex-marido,
então, muito menos... Primeira
parte de uma trilogia realizada
em parceria com a atriz Letícia
Braga.
A Melhor vídeo ( Júri Popular) no
13º Vitória Cine Vídeo
Plano Geral
10/07/2015 22:01:03
Harmonia no inferno
Ilha do Vento Sul
Lasanha quatro queijos
DocuMentÁrIo, 63', DIgItal,
DocuMentÁrIo, 28', víDeo,
FIcção, 17', MInI-Dv, cor,
2007, vItórIa (es)
cor, 2000, vItórIa (es)
2002, vItórIa (es)
Elvira Pereira da Boa Morte tem
69 anos. Vive e trabalha dentro
de um depósito de lixo. Luta
para criar seus filhos e netos,
obter seus documentos básicos
e ter uma casa. O filme nos
possibilita refletir sobre a indiferença da sociedade frente a
uma realidade adversa presente
em nosso tempo.
O jazz de Vitória, seus músicos
e suas particularidades.
Um brinde à amizade.
Insano jazz
de Ricardo Sá
de Gui Castor
Hochtijd – Casamento
Pomerano
de Adriana Jacobsen e
Jorge Kuster Jacob
DocuMentÁrIo, 40', 35MM,
cor, 2008, vIla pavão (es)
O ritual do casamento pomerano no município de Vila
Pavão, desde os preparativos
até o encerramento da festa
de casamento, que dura três
dias. Nele, são revividos os ritos de passagens de ancestrais
europeus, transformados com o
passar do tempo para se adaptarem à realidade contemporânea
dos descendentes de colonos
pomeranos capixabas.
Homens
de Lucia Caus e Bertrand Lira
DocuMentÁrIo, 22', 35MM,
cor, 2008, espírIto santo
(es) e paraíba (pb)
de Flávio Sarlo
A Melhor Direção no II For Rainbow, Fortaleza (CE) A Menção
Honrosa no 16º MIX BRAZIL, São
Paulo A Menção Honrosa no 7º
Santa Maria Vídeo e Cinema, Santa
Maria (RS) A Melhor Curta Metragem 2008 do IV FestAruanda, João
Pessoa (PB)
2000 — 2009
sesc_planogeral_final.indd 127
La vie en rose
de Hélio Coelho
DocuMentÁrIo, 7', DIgItal,
anIMação, 5', 35MM, cor,
cor, 2007, espírIto santo
2009, vItórIa (es)
Narrativa aleatória que pretende, de certa maneira, ilustrar a
trilha sonora: um free jazz. A
música tem lugar no primeiro
plano, como uma personagem
invisível que percorre em um
ritmo frenético toda a trajetória
das imagens.
Isabelita Bandida
de Isabel Aigner, Rubia
Pella e Melissa Guizzardi
anIMação, 1', DIgItal,
cor, 2006, vItórIa (es)
Menina de nove anos se aventura em busca da realização de
seus desejos.
Lágrima
de Gui Castor
Resgate da trajetória cinematográfica dos atores capixabas
Paulo de Paula e Branca Santos Neves, em uma colagem
pizziniana.
Linhas paralelas
de Orlando Bomfim Netto
FIcção, 14', 35MM, cor, 2010
Neusa relembra situações dos
seus 30, 45 e 60 anos, revelando pessoas e acontecimentos
em suas constantes viagens
de trem num entrelaçado de
tempo e espaço. Adaptação do
livro de Wanda Sily.
Lita
de Gui Castor
eXperIMental, 2', 35MM,
cor, 2005, vItórIa (es)
FIcção, 3', DIgItal, 2009, vItórIa (es)
A fé presente na vida de uma
senhora.
Lally e Lalí
de Sergio de Medeiros
FIcção, 15', 35MM, cor,
Histórias de coragem revelam
desencontros e alegrias vividos
por homossexuais em pequenas
cidades do nordeste do Brasil.
de Mark Miranda
2006, vItórIa (es)
Uma senhora utiliza a memória
para alimentar seu espírito.
A Prêmio Júri Online no XII Vitória Cine Vídeo, Vitória (ES) (2005)
A Prêmio do Júri por Pesquisa de
Linguagem e Expressão Poética no
V Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora, MG, 2006.
A exploração do trabalho infantil é abordada de forma lúdica.
O filme mostra um dia na vida
de Lalí, uma menina que vende
milho à noite. Adaptação de
conto de Renato Pacheco.
127
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Macabéia
de Erly Vieira Jr., Lizandro
Nunes e Virgínia Jorge
FIcção, 19', 16MM, cor,
Manada
Mangue negro
FIcção, 12', 35MM, cor, 2005,
FIcção, terror, 105', DIgItal,
vItórIa e Itaúnas (es)
cor, 2008, guaraparI (es)
Moça acorda desmemoriada
em uma praia deserta. Ouve
tambores. Corre ao encontro do
som e se depara com uma tribo
de caçadores de búfalos. Lá, ela
também encontra o amor.
Em um manguezal cercado
por montanhas, uma pequena comunidade se sustenta da
extração desmedida dos recursos naturais. Nela, Luiz, um
tímido jovem, tenta há muito
tempo declarar seu amor por
Raquel, uma bela moça que se
torna objeto de desejo de muitos homens da região. Quando estranhos acontecimentos
começam a mudar as feições
daquele universo, terríveis
criaturas surgem das entranhas
do mangue em busca de carne
humana. Agora, Luiz deve lutar
desesperadamente para salvar
aquilo que lhe é mais caro: a
vida de Raquel.
de Luiza Lubiana
de Rodrigo Aragão
2000, vItórIa (es)
Imagine a Macabéia. Aquela mesma do livro da Clarice
Lispector. Sem graça, parada na
vida... Como seria a vida dela
nos dias de hoje? Está é a história de Marluce, que pensa, age,
sente e sonha como uma Macabéia do final dos anos 1990.
A Roteiro Vencedor I Concurso de
Roteiros Capixabas, do Vitória Cine
Vídeo A Melhor roteiro, Melhor
atriz e Melhor curta-metragem 16
mm no 29º Festival de Gramado,
RS A Menção Honrosa para a atriz
Janine Corrêa no XXXIV Festival de
Brasília) A Prêmio de Contribuição
Artística do 6º Festival de Cinema
Universitário, Niterói, RJ (2001)
A Prêmio Especial do Júri do 7º
Vitória Cine Vídeo
Maia
de Gui Castor e
Orlando Lemos
DocuMentÁrIo, 11', DIgItal,
2007, peDra MenIna (es)
A simplicidade reunida em
um jogo.
Maicoun Diéquison
de Ramon Zagoto e
Natanael de Souza
Mangue e tal
de 150 alunos da
Rede Municipal de
Ensino de Vitória
anIMação, 15', 35MM, pb e
cor, 2002, vItórIa (es)
A cidade de Vitória sob diversos
pontos de vista.
A Melhor Curta-metragem 35 mm
do Júri Especial/Eletrobrás no VII
Florianópolis Audiovisual Mercosul, 2003 A Menção Honrosa
13º Cine Ceará, 2003 A Menção
Honrosa, I MoVA Caparaó, Guaçuí, ES, 2004 A Menção Honrosa
no 26º Festival Internacional do
Novo Cinema Latino-Americano
de Havana, Cuba, 2004 A Melhor
Vídeo Amador no II Festival Latino-Americano de Vídeo Ambiental
da Chapada Diamantina (BA)
A Melhor Filme Juri Popular, Buenos Aires Rojo Sangre A Melhor
Diretor Estreante, Santiago Rojo
Sangre A Melhor Filme do Ano,
Omelete Marginal
Manoela
de Fabrício Coradello
FIcção, 10', 35MM, cor,
2002, vItórIa (es)
Manoela, estudante de Direito,
mora sozinha e nega esmola
a um mendigo que a aborda
diariamente.
FIcção, 9', DIgItal, cor,
2009, vItórIa (es)
Maicoun Diequison é um jovem de periferia fã de Michael
Jackson. Apesar de terem nomes parecidos, o Máicou brasileiro não tem as mesmas chances que o astro do pop.
A Roteiro Vencedor do IV Concurso de Roteiros Capixabas, do Vitória
Cine Vídeo (2001)
A Melhor Filme na V Mostra Produção Independente (2009)
128
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Plano Geral
10/07/2015 22:01:03
Maurício Capixaba
de Oliveira: o
pescador de sons
de Clóves Mendes
Meninos da Guarani
de Marcus Konká
DocuMentÁrIo, 71', MInI-
de Gustavo Moraes
Dv, cor, 2009, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 30', cor,
2009, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 30', DIgItal,
cor, 2007, vItórIa (es)
A vida e obra do músico capixaba Maurício de Oliveira. Baseado na biografia “O pescador
de sons”.
Memória
de Roberto Burura
DocuMentÁrIo, 5', DvcaM,
O impacto da violência nas famílias que perderam seus filhos para o narcotráfico na Rua
Guarani e em suas adjacências,
localizados na Serra, município da Região Metropolitana
da Grande Vitória.
Mestre Vitalino e
nós no barro
cor, 2008, espírIto santo
de 150 alunos da rede
pública de Vitória
Registro de fragmentos recolhidos em um mergulho no
mar da memória. Imagens
originalmente captadas em
Super-8.
anIMação, 12', 35MM,
Menina moça
de Rosana Paste
DocuMentÁrIo, 3', MInI-Dv,
cor, 2007, espírIto santo
Registro das últimas horas da
passarela utilizada para pedestres, localizada sobre a Avenida
Fernando Ferrari, Vitória (ES).
Apresenta os elementos urbanos
do crescimento, distribuição e
reconstrução de novos espaços.
Meninos
de Ursula Dart
DocuMentÁrIo, 5', 35MM,
cor, 2009, vItórIa (es)
Moqueca só capixaba,
o resto é peixada
cor, 2008, vItórIa (es)
A história do Espírito Santo
apresentada de forma lúdica e
contemporânea, desde os índios até os dias de hoje, usando
a culinária como fio condutor.
Uma tese de que a Moqueca Capixaba é o resultado da mistura
que é hoje o povo capixaba.
A Arara de Bronze, no Tour Film
Brazil Internacional Festival 2010
Mundo cão
de Saskia Sá
Um boneco de barro que ganha
vida e sai de Pernambuco para
participar de um baile funk em
Vitória. O filme é uma homenagem ao centenário de nascimento de Mestre Vitalino.
Meu pé de feijão
de Joel Vieira Junior
FIcção, 17', 16MM, cor,
2002, vItórIa (es)
A história de Jolly, uma cadelinha bem-nascida e de indiscutível pedigree. Herdeira de
uma fortuna, ela descobre que
nem tudo no mundo é “bom
para cachorro”.
eXperIMental, 7', cor,
2001, vItórIa (es)
A vida se resume no princípio
básico que é morrendo que se
renasce.
A Melhor vídeo no 8º Vitória Cine
Vídeo (2002)
Milagre
A Roteiro Vencedor do III Concurso de Roteiros Capixabas do Vitória
Cine Vídeo A Menção Honrosa no
Festiva de Taguatinga (DF) (2003)
Não é só uma
passagem
de Igor Pontini
DocuMentÁrIo, 13', MInIDv, cor, 2005, vItórIa (es)
de Luiza Lubiana
Um dia na vida de um menino
de 9 anos.
FIcção, 15', cor, 2009, serra
A Menção Honrosa no 16º Vitória
Cine Vídeo, 2009
Um bando de ciganos se aloja
nas terras de um italiano. Um
dos ciganos se apaixona pela
filha do dono das terras. O italiano, preconceituoso, manda
matar o cigano. A moça abandona sua família, vai ao enterro de seu grande amor e pede
a Deus um milagre. A morte,
com sua comitiva, também vai
ao enterro do cigano.
2000 — 2009
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e alFreDo cHaves (es)
Contrários ao aumento da tarifa
do sistema Transcol, durante
4 dias, milhares de estudantes
ocupam as principais avenidas
da capital.
A Prêmio Cine Curta CUCA – UNE
(2007) A Melhor Filme Mostra
MAES (2006) A Menção Honrosa
Festival Universitário REC (2006)
129
10/07/2015 22:01:03
Nino e Dado em A
Guerra Definitiva
de Leo Rangel
anIMação, 5', DvD, cor,
2005, cor, espírIto santo
Um poderoso general comanda, de forma, implacável, a perseguição dos palhaços Nino e
Dado. Em meio ao avanço e
conquistas militares, Nino e
Dado são a última ameaça ao
domínio e transformação do
mundo em sociedades frias,
sem cor e sem vida.
No olho da rua
de Luiz Eduardo Neves
do Júri e Aquisição do Canal Brasilnono XXXIV Festival de Cinema
de Gramado (RS) (2006) A Prêmio
Espaço Unibanco de Cinema – SP
(2006) A Melhor Ator para Augusto
Madeira, Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual (Atibaia, SP,
2007) A Melhor Curta-Metragem
em 35mm e Melhor Filme Segundo
o Júri Popular no Curta-SE (Aracaju, 2007) A Melhor Direção de
Curta-Metragem e Melhor CurtaMetragem no XI Festival Brasileiro
de Cinema de Miami (2007)
Nunca mais vi Erica
de Lizandro Nunes
FIcção, 20, 35MM, 2007, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 20',
MInI-Dv, cor, 2008
“No Olho da Rua” retrata por
meio de uma edição ágil e depoimentos fragmentados, assim como os samplers do rap,
a realidade de representantes
de um movimento cultural de
resistência na sociedade do capital: o Hip Hop.
No princípio
era o verbo
de Virgínia Jorge
FIcção, 18', 35MM, cor,
2005, vItórIa (es)
Fábula composta por três estórias que se fundem num vai e
vem lírico e bem-humorado,
refletindo sobre o conceito da
verdade e sobre a busca por
explicações do fenômeno cotidiano.
Erica, após anos longe da capital, reencontra um ex-namorado que desperta lembranças e
desejos incontroláveis.
O Aleph
de Hugo Reis e
William Sossai
DocuMentÁrIo, 26', MInIDv, cor, 2007, vItórIa (es)
Durante um ano, Hugo Reis
e William Sossai registraram
todo o processo de gravação
do primeiro disco de música
instrumental brasileira do jovem compositor Fabiano Araújo. Nessa história, cada músico
é um personagem dotado de
talentos e falhas. O resultado
disso tudo é uma experiência
sinestésica inesquecível.
Observador
de Alexandre Serafini
A Vencedor do 1º AXN Film Festival A Vencedor do 1ºPrêmio de
Juri Popular do XII Vitória Cine
Vídeo, Vitória(ES) (2005) A Melhor
Curta-Metragem em 35mm, Segundo a Crítica, e Melhores Atores
Brasileiros para Darcy do Espírito
Santo e Fábio Matos, no VII Festival
Internacional de Curta-Metragem
de Belo Horizonte (MG) (2006) A
Melhor Roteiro, Prêmio Especial
130
sesc_planogeral_final.indd 130
FIcção, suspense, 12', 35MM,
cor, 2005, vItórIa (es)
A história de Douglas, um rapaz que meteu o “mouse” onde
não devia.
O caso Araceli: A
cobertura da Imprensa
de Tatiana Beling
DocuMentÁrIo, 20', MInIDv, cor, 2005, vItórIa (es)
Em maio de 1973, a menina
Araceli Crespo foi raptada, drogada, assassinada e morta em
Vitória (ES). Os acusados eram
membros de duas das mais tradicionais e poderosas famílias
do Estado. O documentário
aborda a cobertura da imprensa
no caso, abordando questões
como a fabricação de verdades,
a mercantilização da notícia, a
incompetência e a corrupção
da polícia e do judiciário da
época, entre outras.
A Melhor Vídeo Documentário
(Prêmio do Júri Popular) na 6ª
Curta Barra (Vila Velha, ES) 2006
A Melhor Vídeo Documentário
no 1º Festival Nacional de Vídeo
de Colatina (ES) 2006 A Melhor
Vídeo Documentário (Prêmio do
Júri Oficial) na 3ª Mostra de Vídeo
Universitário do Museu de Arte do
ES (2006) A Melhor Vídeo Documentário (Prêmio do Júri Popular)
na 3ª Mostra de Vídeo Universitário
do Museu de Arte do ES (2006) A
Melhor Vídeo Documentário (Prêmio do Júri Popular On-Line) no
13º Vitória Cine Vídeo (2006)
O ciclo da paixão
de Luiz Tadeu Teixeira
FIcção, 13´, 35MM, cor,
1999, vItórIa (es)
História de amor em quatro
estações (o encontro, a descoberta, a entrega e o desencontro) conduzida por um “caçador
de imagens” que vagueia pela
cidade durante a madrugada.
Baseado em poemas de Caê
Guimarães e Viviane Mosé.
A Prêmio especial do júri no VII
Vitória Cine Vídeo, Vitória (ES)
(2000)
Plano Geral
10/07/2015 22:01:03
O cordel dos atingidos
de Ricardo Sá
DocuMentÁrIo, 22', MInI-Dv,
cor, 2003, espírIto santo
O homem que não
pode responder por
sua própria existência
de Gui Castor
Olhos Mortos
de Carlos Augusto de Oliveira
FIcção, 15', pb e cor, 2002,
alFreDo cHaves e vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 10',
Através de um cordel, este vídeo
retrata o processo de retirada de
cinco mil pessoas do Vale do
Jequetinhonha (MG), por causa
da construção de uma barragem.
A Melhor Documentário na I Mostra Produção Independente (2004)
O evangelho
segundo seu João
de João Moraes e
Eduardo Souza Lima
DocuMentÁrIo, 17',
35MM, cor, 2006
Este não é um filme sobre Folia de Reis. Revela um homem
“santo”, de 74 anos, que comanda esta manifestação folclórica
há 56 anos. Apesar de ser analfabeto, tem a função de ser um
sábio. Não deixa perguntas sem
respostas, o que o leva a criar
parábolas e abordagens inéditas
e peculiares.
A Troféu OnLine, Melhor Filme e
Menção Especial do Júri pelo Resgate
da Cultura Oral no XIII Vitória Cine
Vídeo, Vitória(ES) (2006) A Troféu
ABD-MA de Melhor Filme no 30º
Guarnicê Cine Vídeo (São Luís, MA)
O Gilbertinho prefere
cópias digitais
de Gilbertinho
anIMação, 1', DIgItal,
cor, 2006, vItórIa (es)
A mascote do Cine Falcatrua
apresenta um bom argumento
contra filmes em película.
DIgItal, cor, 2005
Uma alusão à condição atual
dos ameríndios.
O homem que
sonhava fotografia
Garota toma conta de criança
que nunca dorme.
O pé redondo
de Maurício Ribeiro Junior
FIcção, 25', MInI-Dv, cor,
2007, guaraparI (es)
de Tião Xará
FIcção, 15', 35MM, cor,
2009, espírIto santo
Reginaldo descobre em uma
manhã que está sonhando fotografia. Quando os sonhos
começam a ficar recorrentes,
conta para seu amigo de trabalho que, zoando da situação,
recomenda que ele procure
um analista. Quando ele vai
ao analista, este também parece não dar muita importância
para o problema de Reginaldo
e a tensão com os sonhos, em
vez de melhorar, torna-se mais
intensa. Porém, tudo se resolve
naturalmente, sem a necessidade de intervenção do analista.
Toda a verdade sobre a lenda
que aterrorizou Guarapari, sobre um demônio que apareceu
num forró.
A Prêmio de Originalidade na III
Mostra Produção Independente
(Vitória, 2010)
O processo –
Elisa Queiroz
de Gabi Stein e Mirabólica
DocuMentÁrIo, 4', HDv,
cor, 2009, vItórIa (es)
O homem sem lei
Retratando a artista Elisa Queiroz, este é um dos episódios da
série de minidocumentários
que retrata o processo criativo de artistas plásticos e suas
artes visuais.
FIcção, 72', vHs, cor, 2006,
O processo –
Julio Tigre
de Manoel Loreno
(Seu Manoelzinho)
MantenópolIs (es)
de Gabi Stein e Mirabólica
DocuMentÁrIo, 4', HDv, cor,
Faroeste que narra a vingança
de Johny, mocinho do filme,
que junta uma tropa e sai à caça
do homem que matou seu pai.
Olho de gato perdido
de Vitor Graize
DocuMentÁrIo, 52', HD,
cor, 2009, pancas (es)
2008, espírIto santo
Documentário sobre o processo
de criação do artista plástico
Julio Tigre.
O processo –
Marcelo Gandini
de Gabi Stein e Mirabólica
DocuMentÁrIo, 7', HDv,
Em 1975, um relojoeiro, um
lavrador, um soldado e um estudante se uniram para filmar
na cidade de Pancas o faroeste
Olho de Gato.
2000 — 2009
sesc_planogeral_final.indd 131
cor, 2009, vItórIa (es)
Um dos episódios da série de
minidocumentários que retrata
o processo criativo de artistas
plásticos e suas artes visuais.
131
10/07/2015 22:01:03
O processo –
Rosana Paste
O sonho de Loreno
de Alana Almondes
Portinholas
de Gabi Stein e Mirabólica
DocuMentÁrIo, 17', MInI-Dv,
de 150 Alunos da Rede
Municipal de Vitória
DocuMentÁrIo, 5', HDv,
cor, 2006, MantenópolIs (es)
anIMação, cor, 35MM,
cor, 2009, vItórIa (es)
O processo criativo da artista
Rosana Paste.
Orelhão
de André Holzmeister
2003, vItórIa (es)
A história de Seu Manoelzinho, que ficou famoso pelos
filmes que dirige em Mantenópolis (ES).
Paiol
anIMação 3D, 4', DIgItal,
de Alexandre Barcelos
cor, 2000, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo/ eXperIMental,
2', DIgItal, cor, 2008, vItórIa (es)
Jovem vândalo tenta, sem sucesso, fazer uma ligação em um
telefone público. Então resolve
depredar o orelhão, que não vai
deixar isso barato...
O rico pobre
de Manoel Loreno
(Seu Manoelzinho)
FIcção, 56', vHs, cor, 2002,
MantenópolIs (es)
Um homem do interior vê sua
vida se transformar quando ganha dez milhões de reais na
loteria. Decidido a mudar de
vida, ele coloca fogo em todos
os seus pertences, inclusive no
próprio bilhete premiado, que
estava no bolso do casaco.
Ortlieb – Amor à Terra
de Tati Wuo e Elisângela Belo
DocuMentÁrIo, 14', DIgItal,
cor, 2002, espírIto santo
Este vídeo documenta a situação da população atingida pela
construção da usina hidrelétrica de Aimorés (MG), no período
de dezembro de 1999 a março
de 2002. Retrata os impactos
sociais e ambientais vividos
pela população das zonas urbanas e rurais da cidade.
132
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Ritual lóki expurgativo.
Ponto de Vista
de Thiago Rocha
DocuMentÁrIo, 15', MInI-Dv,
cor, 2009, espírIto santo
Assim como uma pintura em
tela, uma fotografia ou uma
escultura fazem as pessoas refletirem, o grafitte tem a mesma
proposta. No entanto, vai da
cabeça de cada um interpretá-lo como arte ou não.
Uma menina descobre um
mundo novo por meio da arte.
A Menção Honrosa no XXVI Festival do novo Cinema Latino-Americano de Havana, Cuba (2004) A
Melhor Trilha Sonora Original e
Melhor Animação em Curta-Metragem de 35mm A Menção Honrosa
no XXVII Festival Guarnicê (MA),
2004 A 3º Lugar no IV Festival
Brasileiro Estudantil de Animação
– Animarte (RJ), 2005 A Melhor
Trilha Sonora Original e Melhor
Animação em Curta-Metragem de
35mm no 8º Florianópolis Mercosul Audiovisual, 2004
Pour Elise
de Erly Vieira Jr.
FIcção, 15', cor, 2004, vItórIa
e santa tereza (es)
Ponto final
Esta é a história da jovem Elisa
e de sua tia Ana, que vive num
asilo. Ou não.
DocuMentÁrIo, 18', DIgItal,
Profissão de Fé
de Ramon Zagoto e
Alex Andrade
cor, 2009, vItórIa (es)
de Gabriel Menotti
anIMação, 1', DIgItal,
Depois de trinta anos como
ponto final de ônibus na cidade de Vitória, o Terminal Dom
Bosco vai abaixo, substituído
por terminais mais bonitos e
modernos. A uma semana da
demolição, usuários e trabalhadores contam as histórias que
fizeram dele um dos lugares
mais peculiares da cidade.
cor, 2003, vItórIa (es)
Uma breve profissão de fé na
Primeira Paróquia do Cristo
Sintético, a igreja evangélica
clubber.
A Prêmio do Júri – Segundo Lugar
na Mostra Universitária de Vídeos
(MAES) A Menção Honrosa no 10º
Vitória Cine Vídeo A Segundo Lugar no 11º Festival do Minuto (2003)
A Menção Honrosa no 8º Florianópolis Audiovisual Mercosul (2004)
Plano Geral
10/07/2015 22:01:03
P. S. Post Scriptum
Salon de La Paix
FIcção, 18, MInI-Dv, cor,
FIcção, 12', MInI-Dv, cor,
de Dalmo Rogério Ferreira
e Gustavo Senna
2005, espírIto santo
2004, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 60', HDv,
Agradeço à vida a oportunidade
de escrever enquanto poderia
ter ficado calada. Beijos. Alice. P. S: Não aguento mais essa
merda!
Reflexão/crítica sobre os valores burgueses e como estes
estão impregnados em cada
palavra que dissemos ou cada
gesto que fazemos.
Raiz que racha a rua
Sapo no pé de boi
sempre sai pisado
Documentário experimental
que buscava apresentar a câmera como extensão do corpo,
conduzindo, a partir de uma
investigação sobre os movimentos desse corpo e sobre a
própria imagem.
FIcção, 12', DIgItal,
de Ricardo Sá
2009, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 11',
Swing capixaba
de Jefinho Pinheiro
de Bob Redins
Suprasubstancial
cor, 2009, vItórIa (es)
de Alexandre Serafini
MInI-Dv, cor, 2006
Um dia, meu irmão, a inocência acaba.
A Roteiro Vencedor do 10º Concurso de Roteiros do Vitória Cine Vídeo
Relicário de um povo
FIcção, erótIco, 48', MInI-
Nos quilombos no Norte do Espírito Santo, a quem pertence
verdadeiramente a água?
Saudosa
de Erly Vieira Jr. e
Fabrício Coradello
de Margarete Taqueti
DocuMentÁrIo, 15', 35MM,
DocuMentÁrIo, 56', MInI-
cor, 2005, MunIz FreIre (es)
Dv, cor, 2003, vItórIa (es)
Nem tudo em Saudosa é ficção.
A vida e obra da escritora Maria Stella de Novaes, professora, escritora e um dos nomes
mais atuantes do cenário intelectual capixaba em meados
do século XX.
Rodrigo, Gustavo
e Marcelo
de Vitor Lopes
eXperIMental, 3', DIgItal,
cor, 2006, vItórIa (es)
Videodocumentário experimental sobre os meninos Rodrigo, Gustavo e Marcelo.
A Melhor Vídeo no Festival REC
de Vídeos Universitários Brasileiros
(Vitória, 2006) A Melhor Vídeo pela
Ascine no Festival Internacional
de Curtas do Rio de Janeiro (2006)
2000 — 2009
sesc_planogeral_final.indd 133
de Clóvis Rosa
A Melhor Ficção no II Tudo Sobre
Mulheres (MT), 2006
Siga minhas mãos
de Luciana Gama
DocuMentÁrIo, 52', DvcaM,
cor, 2009, vItórIa (es)
Siga minhas mãos surge daquela
brincadeira de olhar para as
nuvens e enxergar figuras. Basta olhar para formações rochosas do nosso estado para perceber uma diversidade de formas
que estimulam a imaginação.
Uma viagem pelo interior do
Espírito Santo.
Dv, cor, 2002, vItórIa (es)
Quando uma grande amizade
junta dois casais num motel,
tudo pode acontecer. Uma história de amor, cumplicidade
e muito erotismo, como você
nunca viu.
Tipitunga
de Jefinho Pinheiro
e Patrick Tristão
FIcção, 5', betacaM, cor,
2003, vItórIa (es)
Um dia na vida de um brasileiro, pai de família pedreiro e
amante do futebol. Tipitunga
existe entre pedras, lamas, botecos e biritas. Assim como nosso
país, ele resiste no buraco.
133
10/07/2015 22:01:03
Todavia, Contudo,
Entretanto, Embora
Transversal
DocuMentÁrIo/ eXperIMental,
de Paulo Gois Bastos,
Priscilla Thompson
Pessini e Vitor Graize
7', MInI-Dv, cor, 2006, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 13', MInI-
de Veruska Almeida
Viaduto
de Wayner Tristão
eXperIMental, 6', DIgItal,
cor, 2009, vItórIa (es) e
belo HorIzonte (Mg)
Dv, cor, 2006, vItórIa (es)
Com o roteiro criado a partir
da edição, o vídeo cria um elo
entre texto, imagem e som e
suas possibilidades interativas.
Tonho, O Elefante
de Diego Romão e
Andressa Marinho
anIMação, 2', super vHs,
cor, 2000, vItórIa (es)
Tonho, um filhote de elefante, enfrenta perigos na floresta
onde mora e conta com a ajuda
de seus amigos para solucioná-los.
Touro Moreno
de Juliano Enrico
Casa. Caminho. Objeto de estudo. Trabalho. Uma avenida e
seus desdobramentos. Vida. Espaço. Algumas lembranças, modos de olhar e projeções para
um futuro não muito distante.
Último dia de verão
de Wayner Tristão
A saga do lutador, boêmio Touro Moreno dentro, fora dos ringues. Aos 69 anos ele enfrenta
lutadores de boxe mais novos,
relembra lutas antigas, visita
lugares que fizeram parte de
sua vida, se dedica ao treinamento dos filhos, campeões
amadores de boxe rumo à profissionalização.
Viagem capixaba:
um olhar de Rubem
Braga e Carybé
anIMação, 3', DIgItal,
de João Moraes
cor, 2008, vItórIa (es)
DocuMentÁrIo, 52', DvcaM, cor,
2004, cacHoeIro Do ItapeMIrIM (es)
O último dia de verão.
Vai Brincar na Rua
de Jefinho Pinheiro
DocuMentÁrIo, 6', MInIDv, cor, 2009, serra (es)
DocuMentÁrIo, 50', DIgItal,
cor, 2007, espírItIo santo
Um encontro casual entre duas
realidades é interrompido pelo
ruído da cidade. Entre tantas
interferências, duas alegorias
urbanas se esforçam para se
tornarem compreendidas.
Minidocumentário de um ensaio. É gente que chega, que sai,
é cachorro que passa, é criança
que brinca e telefone que toca.
Vampsida
de Cloves Mendes
FIcção, 16', 35MM, cor,
O documentário refaz o roteiro
dos livros produzidos pelo escritor Rubem Braga e o artista
plástico Carybé, na década de
1950, redescobrindo as diversas
manifestações culturais capixabas. Uma viagem capixaba de
Carybé e Rubem Braga, livro de
arte com desenhos de Carybé,
e Crônicas do Espírito Santo,
uma coletânea de crônicas de
temática capixaba escrita por
Rubem Braga, foram a base
para o filme.
2002, vItórIa (es)
Uma história de amor impossível entre o último vampiro e a
última mulher sem o vírus HIV.
A Melhor Vídeo pelo Júri Popular,
14º Vitória Cine Vídeo, 2007
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Vitória de Darley
de Renato Rosati
Você viu algum
negro por aí?
Zen ou Não Zen:
Eis a Questão
FIcção, 15', 35MM, cor, 2006,
de Alex Andrade
vItórIa (es) e rIo De JaneIro (rJ)
DocuMentÁrIo, 4', DvD, cor,
de 150 alunos da rede
municipal de Vitória
2007, espírIto santo
anIMação, 10', 35MM,
A rotina de um edifício é abalada quando Darley, um sem-teto,
resolve se instalar no corredor
do prédio, com disposição para
conviver com os moradores.
O filme aborda questões como
intolerância, racismo e dificuldade de convivência social.
cor, 2004, vItórIa (es)
O vídeo busca mostrar a pequena quantidade de estudantes
negros na Universidade Federal
do Espírito Santo e questiona o
reconhecimento da identidade.
Wonderbra
de Elisa Queiroz
A Prêmio do Júri Popular do Festival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos – Entretodos, São
Paulo, 2007
Vitória para mim
de 150 alunos da Rede
Municipal de Vitória
anIMação, 15', 35MM,
cor, 2005, vItórIa (es)
eXperIMental, 10', MInI-Dv,
cor, 2003, vItórIa (es)
Um monge budista imagina
como seria sua vida em um
grande centro.
A Prêmio de Melhor Trilha Sonora
Original para Curta-Metragem em
35mm, no XXVIII Festival Guarnicê (MA) (2005) A Menção Honrosa
35mm/Júri Oficial no V Curta-se
(SE) (2005)
Vídeo que discute a valorização estética do corpo obeso e
do desejo das curvas do corpo
feminino.
X9
de Marcelo Cordeiro
DocuMentÁrIo, 53', MInI-Dv,
A vitória de cada um.
cor, 2004, espírIto santo
A Melhor Filme Infanto-Juvenil,
X Florianópolis Audiovisual Mercosul, 2006
Em 2003, morreram mais pessoas no Espírito Santo do que
palestinos no mesmo ano. Entrevistas com os protagonistas
da violência no Estado: policiais, presos, juiz, sociólogos
e o programa Ronda da Cidade.
Os contos da violência misturados à alegria e sensualidade
de um povo.
Vivendo de Rock
no Espírito Santo
de Mila Neri
DocuMentÁrIo, MInI-Dv, 21', 2007
Este documentário reúne depoimentos dos personagens
mais atuantes da cena hardcore
no Estado, a partir do questionamento: “É possível viver de
rock no Espírito Santo?”
2000 — 2009
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2010
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Mar negro, 2013
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Aqui, agora e daqui em diante
O boom dos longas digitais
No momento em que este texto é escrito, em janeiro de 2015, o cinema de longa-metragem produzido no Espírito Santo atinge um nível talvez
impensável até poucos anos atrás, quando esse tipo de produção ainda parecia parte de um horizonte utópico para os realizadores locais. Uma série
de acontecimentos, envolvendo produções realizadas no Estado, chama a
atenção para a consolidação de um novo panorama na cadeia produtiva do
audiovisual capixaba, bem mais sólido que nas décadas anteriores.
O primeiro deles ocorre na Mostra de Cinema de Tiradentes, um
dos centros gravitacionais do cinema brasileiro contemporâneo, quando
dois filmes capixabas fazem suas estreias, aguardadas com certa ansiedade
e bem-recebidas pelo público, crítica e imprensa especializada, a nível
nacional: Teobaldo morto, Romeu exilado (2015), de Rodrigo de Oliveira, e As
fábulas negras (2015), produzido por Rodrigo Aragão.
Teobaldo morto, Romeu exilado, uma história de autoexílio, partidas e
chegadas, concorreu na Mostra Aurora, espaço que costuma revelar (inclusive aos olhos do circuito internacional) realizadores que estão trilhando
caminhos autorais mais arriscados e inovadores, em propostas por vezes
bastante radicais. Não é a primeira vez de Rodrigo de Oliveira nessa competição: seu longa-metragem anterior, As horas vulgares (2011), codirigido
por Vitor Graize, havia sido selecionado em 2012. Para Cléber Eduardo,
curador da mostra, trata-se de um filme ao mesmo tempo “minimalista”
e “barroco”, acumulado de emoções e intensidades – minimalista, pelas
informações a conta-gotas, pelos poucos cortes, privilegiando a encenação;
barroco “pelas palavras, pelo tom de certas cenas, pelos elementos visuais
e míticos somados aos corpos, pelo desfecho com adeus adiado, como se o
filme não quisesse se despedir”.
Já As fábulas negras é composto de cinco episódios, realizados pelos
quatro mais importantes nomes do cinema brasileiro de horror: além de
Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf, Joel Caetano e o lendário José Mojica Marins
– em uma produção totalmente rodada em terras capixabas, com orçamento
reduzido. Nele, diversas lendas brasileiras, tradicionais ou contemporâneas,
são reapresentadas: do Saci à Loira do Banheiro (no Espírito Santo mais
conhecida como “Mulher de Algodão”), passando por Iara e pelo Lobisomem, e incluindo um mito contemporâneo, criado pelo próprio Aragão
a partir do desequilíbrio ambiental que nos cerca – o Monstro do Esgoto.
Ainda em janeiro, são iniciadas as filmagens de Os incontestáveis, primeiro longa de Alexandre Serafini. Trata-se de um road movie, com Opalas
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teobaldo morto, romeu exilado
a noite do chupacabras
as Horas vulgares
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e Mavericks, que parte da Grande Vitória até chegar à região do Contestado, ao noroeste, na divisa com Minas Gerais. É o quarto longa-metragem
realizado por intermédio de um edital específico do governo do Estado,
cuja primeira edição ocorrera em 2009. Com o suporte deste mesmo edital, também foram viabilizados, além de Teobaldo morto, Romeu exilado, o já
mencionado As horas vulgares, filme que aposta em diálogos densos e uma
rigorosa mise-en-scène corporal na tradição do cinema francês pós-Nouvelle
Vague (como nas obras de Philippe Garrel e Jean Eustache), e Entreturnos
(2014), drama suburbano de Edson Ferreira que atualiza, para o contexto
contemporâneo, uma tradição humanista do cinema brasileiro dos anos
1970/1980, em uma trama marcada por reviravoltas e golpes de montagem
que põem em questão os pontos de vista narrativos, desconstruindo as
imagens que o espectador acreditava ter solidamente construído para cada
um dos protagonistas.
Um mês antes, Entreturnos havia sido um dos integrantes da comitiva
de filmes brasileiros participantes do 36º Festival Internacional del Nuevo
Cine Latinoamericano, realizado em Havana, em Cuba – poucos meses
depois de receber o prêmio do Júri Popular no 21º Vitória Cine Vídeo,
onde ocorrera sua estreia. Além disso, janeiro também anuncia a lista de
indicados ao Oscar 2015, trazendo, na categoria de documentário, O sal da
terra (de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado) que, apesar de não ser
um filme propriamente “capixaba”, teve cenas rodadas no Estado, além de
ter contado com recursos financeiros dos governos do Espírito Santo e de
Minas Gerais.
Esse cenário, repleto de perspectivas animadoras, não surgiu da noite
para o dia: ele começa a ser traçado a partir do final da década anterior,
quando surgem os primeiros longas-metragens digitais capixabas, ainda
realizados de forma independente. Essa leva, iniciada com Anjo preto (Gui
Castor, 2007), já chamava a atenção no final do ano seguinte, quando o
Vitória Cine Vídeo organizou uma mostra especial, na semana anterior ao
festival, reunindo os três longas locais finalizados em 2008: Mangue Negro,
de Rodrigo Aragão, Baby Bon bom, de Marcel Cordeiro e Harmonia do inferno, de Gui Castor. No ano seguinte, a extremamente positiva repercussão
nacional e internacional de Mangue Negro coloca o cinema de longa-metragem capixaba no mapa dos grandes festivais – o que seria continuado
pelos filmes realizados em 2011: As horas vulgares, primeira obra capixaba
a participar da Mostra Aurora, principal sessão competitiva de Tiradentes,
e A noite do Chupacabras, segundo longa-metragem de Rodrigo Aragão, inspirado no mito contemporâneo que habitava os tabloides e programas de
tV sensacionalistas dos anos 1990, e que também teria uma bem-sucedida
carreira nos festivais internacionais de cinema fantástico e de horror.
No ano de 2013 vem à luz o terceiro e mais bem-sucedido longametragem de Aragão, Mar Negro que, trazendo uma história de zumbis com
forte viés político-ambiental, é selecionado para a mostra Novos Rumos,
do Festival do Rio. Assim como nos filmes anteriores do cineasta, há uma
(cada vez mais) potente construção de ritmo e atmosfera e um diálogo intenso com o cinema de mestres do horror, como Lucio Fulci, Sam Raimi e
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George Romero, sempre temperados com farta dose de humor negro para
se criticar as convenções do status quo vigente. Já Outro sertão (2013), codirigido entre a capixaba Adriana Jacobsen e a mineira Soraia Vilela, numa
coprodução entre duas empresas capixabas (Instituto Marlin Azul e Galpão
Produções), recebe o Prêmio Especial do Júri no Festival de Brasília desse
mesmo ano. O documentário aborda o período em que o escritor Guimarães Rosa atuou como vice-cônsul do Brasil na Alemanha (1938-1942), em
plena ascensão do Nazismo.
Já o ano de 2014 traz, além da ficção científica Crônicas estelares – Livro
de memórias, de Marcelo N. Reis, originalmente realizada como websérie,
um filme voltado ao universo do surfe: A onda da vida, de José Augusto
Muleta e Raphael Gasparini, que conseguiria a difícil tarefa de entrar em
circuito nacional, ainda que com poucas cópias, chegando a algumas salas
de grandes redes como o Cinemark. Já do outro lado do planeta, os três
primeiros longas-metragens de Rodrigo Aragão entram em cartaz no Japão,
sendo que Mar Negro também seguiria os passos de Mangue Negro e seria
lançado em DVD na Alemanha, sob o nome de Bloodbath.
Novas perspectivas para o curta-metragem
Já no cenário do curta-metragem, a produção continua intensa e
diversificada, e a disponibilização de diversos filmes em sites de streaming
vem ampliando seu público, atingindo outros nichos para além dos canais
tradicionais (festivais, televisão, acervos institucionais). Em março de 2011,
é a vez do Panela Audiovisual entrar no ar, funcionando como um espaço,
dentro da internet, para divulgação dessa produção, tentando agrupar uma
produção até então pulverizada em sites como YouTube e Vimeo, ou mesmo
em torrents. Por outro lado, o circuito cineclubista, fortalecido pela criação
da occa (Organização dos Cineclubes Capixabas), em 2011, começa a realizar
suas primeiras mostras competitivas – com destaque para a Mostra Curta
Colorado, promovida pelo cineclube de mesmo nome, sediado em Cariacica.
Além disso, o desenvolvimento do campo audiovisual no interior do
Estado também abre caminho para outros espaços de exibição, como o Fecin
– Festival de tV e Cinema do Interior, surgido em 2012, em Muqui, e que
já realizou, até o momento, três edições anuais, sendo que na última delas
foram premiados os capixabas: Abrigo ao sol (2013), de Emerson Evêncio, nas
categorias Melhor Ficção e Melhor Atriz (para Teuda Bara); Fragma (2013),
de Eduardo Moraes, na categoria Júri Popular; e Últimos refúgios: Reserva
Biológica de Duas Bocas (2013), de Alexandre Barcelos, na categoria Web.
Outra iniciativa de difusão do audiovisual no interior do Estado veio
com as Mostras Capixabas de Audiovisual, promovidas pelo governo do
Estado por meio da Rede Cultura Jovem, entre os anos de 2010 e 2011. O
projeto envolvia oficinas de realização e exibições de filmes dirigidos por
adolescentes e jovens, em diversos municípios do Espírito Santo. Cada uma
das quatro mostras abrangia um recorte específico: etnográfico, históricocultural, ambiental e rural. Cabe destacar também que esse incentivo à
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a noite do chupacabras
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iniciação audiovisual possibilitou tanto a criação quanto o fortalecimento
de pequenos núcleos de produção nas diversas regiões do Estado.
Um cinema jovem: os coletivos culturais e o curso de cinema da Ufes
A própria Rede Cultura Jovem, voltada para o incentivo a coletivos
culturais a partir de uma grande rede de interação e troca, também teve
vida curta, mas seus editais possibilitaram a criação de núcleos de produção audiovisual independentes, revelando uma série de novos realizadores,
atuando em curtas-metragens de baixo orçamento e em webséries. Mesmo
depois de encerrada a Rede, surgiram novos coletivos culturais, o que permite atestar a centralidade dessa lógica compartilhada no modo de produção
da nova geração de cineastas surgidos nesta década.
Alguns desses coletivos fizeram parte da seleção da primeira edição
do Foco Capixaba, mostra competitiva criada em 2012, dentro do 19º Vitória
Cine Vídeo, para dar maior visibilidade à produção local. Dois deles foram
realizados com recursos dos editais da Rede Cultura Jovem: A história do
puteiro mais antigo de Vitória (2012), de Sidney Spacini (pela Tom Tom Tom
Filmes), e Confinópolis – A terra dos sem-chave (2011), de Raphael Araújo, integrante da Camarão Filmes & Ideias Caóticas, surgida em 2001.
Além desses dois títulos, outros cinco curtas-metragens fizeram parte
da primeira edição da mostra: Os lados da rua (Diego Zon, 2012), La isla de las
muñecas (Wayner Tristão e Lucas Bonini, 2012), Ao vivo de Bergue (Paulo Sena,
2011), Galinha d’Angola (Daniel Salaroli, 2012) e Romance a la Nelson (Mariana
Preti, 2012) – a maioria desses realizadores, inclusive, iniciaram suas carreiras a partir de 2010. Nas edições seguintes do festival, o Foco Capixaba
foi mantido, tornando-se uma de suas principais mostras competitivas – e
a sessão que atrai o maior número de espectadores de todo o evento.
O filme de Spacini assume-se como um falso-documentário, buscando
reinventar lúdica e ironicamente o passado da cidade de Vitória a partir
de uma perspectiva insólita, relatando os causos do fictício prostíbulo
Higher Ground, com base em fragmentos de episódios reais e forte dose
de invenção. Já Confinópolis, vencedor do Foco Capixaba, é uma adaptação
da HQ homônima, originalmente publicada na revista Prego, e assume toda
uma estética bem mais elaborada que os primeiros trabalhos de inspiração
trash da Camarão Filmes, ainda que o modo de produção punk e colaborativo seja mantido. O filme aponta sua ironia para a questão crucial: “Daqui
em diante, para onde vamos?”. Daí a opção pela ficção científica futurista,
de fotografia estourada, caseira e em alto contraste. Aqui, o diálogo com
o do it yourself do punk faz-se fundamental para a instalação de uma visão
absolutamente distópica e corrosiva de um status quo vigente, ao mesmo
tempo desconstruído estética e politicamente.
Também participou da competição do Foco Capixaba, naquele ano,
a Garupa Filmes, representada pela dupla Wayner Tristão e Lucas Bonini,
que assina o documentário La isla de las muñecas (2012), em que o uso de
imagens de Super-8 confere uma dimensão onírica e fantasmagórica a um
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Confinópolis
eu zumbi
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pela Janela
Desfragmentos
coisa de menino
o uivo da carne
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pequeno santuário insular localizado ao sul da Cidade do México. Outros
trabalhos da produtora incluem, além de diversos videoclipes, a ficção Pela
parede (2012) também assinada pela dupla, além de Homem-ilha (2011), de
Daniela Camila e Ana Paula Sobreiro, cujas imagens, captadas sob um olhar
documental e realista, são convertidas em um relato ficcional conduzido
pela locução em off do protagonista, um pescador em exílio aparentemente
distante do caos urbano, vez por outra permitindo-se mergulhar em memórias esmaecidas pela textura do Super-8.
Outros coletivos juvenis a serem destacados incluem o Ethos Diálogos
Visuais, premiado na 8ª Mostra Produção Independente (Melhor Fotografia
para Maíra Tristão) pelo documentário Além do mar que há entre lá e cá (Matheus Costa e Henrique Gaudio, 2012), retratando os catraieiros da baía de
Vitória, e a Onírios Produções, com destaque para o instigante exercício de
horror metalinguístico Eu, Zumbi, coisas de bar ou Passa a régua e traz a conta
(Alexander S. Buck, 2011).
A produção do curso de Cinema e Audiovisual da Ufes, iniciado em
2010, também se fez presente na ala de estreantes do primeiro Foco Capixaba, com Romance a la Nelson (2012), drama “rodrigueano” escrito e dirigido por Mariana Preti – que levaria os troféus de Melhor Filme e Melhor
Direção na Mostra Produção Independente, realizada pela aBD Capixaba
em julho daquele mesmo ano.1 Nos anos seguintes, os cineastas egressos
da faculdade de cinema seriam responsáveis por muitos outros trabalhos
relevantes, oxigenando o cenário local com sua diversidade de propostas
e vontade de arriscar. Entre as ficções, destacamos Algo sobre nós (2013), de
Diego Locatelli, O uivo da carne na terra da luz (2014), de Eduardo Madeira,
101 (2014), de Edson Rangel, e Pela janela (2014), de Diego de Jesus – cada
qual explorando, a seu modo, caminhos estéticos pouco percorridos no
cinema capixaba.
Já entre os documentários, podemos citar Sinal vermelho (2013), de
Naiara Bolzan e Cristina Margon, sensível documentário sobre artistas de
rua, Menção Honrosa no Foco Capixaba do 20º Vitória Cine Vídeo; Calado
(2014), de Lívia Gegenheimer, impactante ensaio visual e sensorial sobre a
presença dos navios de grande porte ao redor da Ilha de Vitória; Desfragmentos
(2014), de Melina Leal Galante, sobre um insólito cemitério de azulejos; e
Anchieta – Nossa história (2014), documentário em primeira pessoa de Hegli
Lotério, que parte de um time de futebol amador para empreender uma
redescoberta da figura do próprio pai da cineasta.
Já Perto da minha casa (2013), de Diego Locatelli e Carolini Covre, acompanha um grupo de adolescentes da periferia de Vila Velha, que encontram
em um areal da vizinhança um território pedindo para ser explorado,
sensorialmente, em toda intensidade, por seus corpos que correm, esca1 Além do curso da Ufes, também encontra-se em funcionamento, desde 2006, o curso
técnico de Rádio e tV do Centro Estadual de Educação Técnica (ceet) Vasco Coutinho,
mantido pelo Governo do Estado. Oferecendo cursos com duração entre um ano e meio
(diurno) e dois anos (noturno), ele tem formado, em quase uma década de funcionamento,
diversos técnicos atuantes no mercado audiovisual capixaba.
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lam e se equilibram por entre os vãos que separam as gigantescas pilhas
de contêineres surgidos ali da noite para o dia. Este é, até o momento, o
exemplar que mais circulou em festivais nacionais e o mais premiado dessa
safra de filmes universitários.
Novos caminhos para o cinema ficcional
Nos últimos anos, diversas obras ficcionais têm explorado esteticamente as tensões entre o real e o imaginário, a partir de abordagens bastante
distintas entre si: se os premiados Os lados da rua (vencedor do Cine Ceará,
em 2012) e Abrigo ao sol (Melhor Filme segundo o público no festival carioca
Curta Cinema, em 2013), partem do lirismo e da delicadeza para oferecer
novas alternativas para seus protagonistas enfrentarem a dureza e a solidão
cotidiana, em Galinha D’Angola, o mágico e o onírico são apresentados sem
maiores cerimônias, como se fossem feitos da mesma matéria que a realidade concreta, de modo que a transição de uma a outra dessas dimensões
emane naturalmente aos olhos do espectador.
Míope (2013), de Gabi Stein, é um exercício do olhar calcado na exploração sensorial do desfoque, enquanto que Guerra fria (2014), de Paulo
Sena, oferece um interessante diálogo entre as mise-en-scènes do cinema e
do teatro. Também se destaca a poesia visual com que Saskia Sá empreende um mergulho no universo interior da protagonista de Exílio (2015), e a
homenagem empreendida por Erly Vieira Jr. ao deboche e a ironia pop da
artista plástica e videomaker Elisa Queiroz, precocemente falecida em 2011,
ao roteirizar e filmar um argumento inédito dela em Pra casa agora eu vou
(2012).
Entre os projetos de maior repercussão no início dos anos 2010 temos as incursões da tV Quase, criações coletivas muitas vezes produzidas
originalmente para veiculação na internet, e posteriormente reformatadas
em curtas-metragens de comédia escrachada, como Cachaça – Caçadores
do Alambique Perdido (2010), Seu Zezin e a Lei Velho Cagado (2010), Raquetadas
para a Glória (2011), Loja de Inconveniências – A maldição do Caipora (2012), e a
animação As descobertas de Fifi (2010).
Há também incursões solo de seus integrantes: Juliano Enrico, já
residindo fora do Espírito Santo, adaptaria sua série de charges Irmão de
Jor-El para a televisão, numa série de desenhos-animados estreada em
2014 na grade do canal de tV por assinatura Cartoon Network. Já Klaus
Berg Bragança, outro integrante do coletivo, assinaria Locus (2011), denso e
inventivo estudo sobre as diversas formas da loucura.
Talvez as mais potentes incursões de cineastas veteranos no campo da
ficção em curta-metragem, nesses últimos anos – ao lado de Loja de inconveniências, esse híbrido de ficção e animação com um roteiro “demolidor” e
uma direção de arte “tão saborosa quanto delirante” – sejam 2 e meio (2010),
de Alexandre Serafini e A cabra (2011), de Gui Castor. O primeiro radicaliza a
pesquisa de seu diretor no campo do suspense, desta vez levando o espectador ao universo do mercado de carros roubados nas labirínticas quebradas
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Míope
sombras do tempo
abrigo ao sol
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da periferia da região metropolitana, amparado pelos envolventes diálogos
assinados pelo escritor Saulo Ribeiro (em uma parceria que será repetida em
Os incontestáveis), rendendo a Otoniel Cibien o prêmio de Melhor Ator no
17º Vitória Cine Vídeo. Já o segundo, iniciado com as imagens cruas de um
parto, aos poucos vai transportando o espectador a uma atmosfera de total
louvação ao artifício, num misto de estranheza e nonsense, transbordando
ironia na surpreendente citação ao bolero de Altemar Dutra, dublado pelo
também cineasta João Moraes.
Engajamentos e tensões no cinema do real
Colhendo os frutos do boom observado na década anterior no campo
do documentário, vemos a produção capixaba no segmento continuar a
pleno vapor. Nesta primeira metade de década, por exemplo, muitas são
as realizações engajadas no diálogo com comunidades usualmente oprimidas pelos interesses dos grandes empreendimentos e suas estratégias
de resistência. Nesse cinema de guerrilha, Ricardo Sá continua a ser um
nome de destaque, realizando, em parceria com Werá Djekupe, o híbrido
de documentário e etnoficção Reikwaapa (2013), investigação sobre os ritos
de passagem nas aldeias guarani do Espírito Santo, que aos poucos estão
sendo esquecidos pelas gerações mais jovens – o filme seria o vencedor
do Foco Capixaba no 20º Vitória Cine Vídeo, em 2013. A temática indígena
também estaria presente na ficção Como a noite apareceu (2010), de Alexandre Perim, com roteiro de Jovany Salles Rey, rodado com elenco indígena
e totalmente falado na língua guarani, e no documentário Borum-Krenak
(2013), de Adriana Jacobsen, que conta a história dos botocudos na região
do vale do Rio Doce. Já a questão da resistência quilombola aparece no
documentário Imprensados (2013), de Ariel Lacruz, Breno Vinicius Silva,
Lígia Sancio, Tião Xará e Vitor Hugo Simon.
Nas abordagens da cultura popular, vertente iniciada na produção local
ainda década de 1970 e mantida constante nos anos seguintes, destacamse os documentários: Pedras pretas (2012), de Marcos Valério Guimarães,
sobre as manifestações tradicionais da região de Itaúnas; Casaca (2013), de
Orlando Bomfim, sobre a história do instrumento musical mais característico do folclore capixaba; e Mulheres do congo (2014), de Sandy Vasconcelos,
abordando, por meio das questões de gênero, uma perspectiva pouco usual
nesse campo do documentário. Outro mergulho bastante interessante é
Tramas (2014), de Leonardo Gomes, que mescla lendas e tradições culturais
a aspectos contemporâneos da região do Vale do Caparaó, no sudoeste do
Espírito Santo.
Há também trabalhos de resgate da memória cultural capixaba que
enfoquem a música popular, como é o caso de Um Sampaio teimoso (2010),
de Nayara Tognere. Feito em coprodução entre eS e rJ, o curta investiga a
figura de um dos mais emblemáticos compositores capixabas: o cachoeirense Sérgio Sampaio, autor de um dos hinos da contracultura nacional, a
marcha-rancho “Eu quero é botar meu bloco na rua”, concorrente no Vii
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Festival Internacional da Canção (1972), cujo compacto chegou a vender
mais de quinhentas mil cópias na época.
Já em um trânsito multicultural, registrando suas flanêries pelos quatro
cantos do planeta, Gui Castor continua sua série de documentários experimentais, sempre em incessante movimento, destacando-se aqui Café com
Pernas (2011), Bratislava (2011) e Cavalo Ferro (2013). Neste último, a câmera
comporta-se como passageiro a interagir com as mais diversas paisagens
internas e externas, registrando fugazes impressões e explorando as sensações visuais e sonoras no trajeto do trem da estrada de ferro Vitória-Minas.
O espaço urbano também reaparece sob diversas formas nos documentários realizados a partir de 2010. Seja pelo estranhamento de uma
cidade que, por conta do crescimento acelerado, já não se reconhece mais
nas memórias afetivas da cineasta em Uma volta na lama (2010), de Ursula
Dart, que parte de imagens de arquivo para confrontar presente passado
e explorar o imaginário em torno da rua da Lama, em Jardim da Penha,
principal reduto boêmio/alternativo de Vitória a partir da década de 1980;
seja pelo exercício curatorial de intervenção urbana, repaginando a paisagem
cotidianamente percorrida a partir do trabalho de sete artistas plásticos
contemporâneos, em O ano em que fizemos contato (2010), de Erly Vieira Jr;
ou, ainda, pelo embate entre a dureza da realidade cotidiana e o exercício
da imaginação como instância criadora, tanto na invenção de uma emissora
de televisão imaginária (a tV Metrô), dotada de uma complexa grade de
exibição que reinventa os canais habituais, quanto na performatização, seja
como transformista ou diretor de teledramaturgia, ofícios experimentados
por Wagner, jovem protagonista do premiado A cor do fogo e a cor da cinza
(2014), de André Félix.
Há também a possibilidade (concretíssima) de reinvenção do próprio
corpo, como nos documentários Rainhas da noite (2010), de Diego Herzog,
sobre drag queens, e Meninos do Arco-íris (2013), de Herbert Pablo, sobre
transgêneros, vencedor da Mostra Quatro Estações, voltada para filmes de
temática lgBt, no 20º Vitória Cine Vídeo. E (porque não?) os mergulhos,
nem sempre racionalmente explicáveis, empreendidos por Lucia Caus nos
mistérios das paixões amorosas (Estranho amor, 2010) e na fé (Somos todos
filhos de Jorge, 2012), cujas experiências reverberam em nossos corpos e que
são atentamente investigados pela documentarista, continuando a forma
de abordagem iniciada em seu curta Homens (2008).
As paixões políticas e suas fissuras também encontram seu lugar em
O que bererico vai pensar? (2012), de Diego Scarparo. O filme explora os reflexos da Ação Integralista Brasileira, em Burarama, no interior do Estado,
ao tentar explorar o silêncio velado, mantido através das gerações, entre
os descendentes de duas famílias de imigrantes italianos, cujos patriarcas
eram amigos bastante próximos, até se desentenderem por divergências
ideológicas – em um abismo que se estende por várias décadas. Outros
embates também são possíveis: seja pela ação política direta das manifestações civis, nos petardos black block de Davis Alvim, Setembro negro (2013)
e Casagrande e as ruas do medo (2014), ou na gag visual demolidora de Sol
na Garganta do futuro e Wanessa (2010), de Ítalo Galiza, Jamile Ghil e Marcos
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Luppi, que parte de um gritante erro de escalação no show de abertura
de uma cantora pop, convocando um conjunto musical experimental que
pouco agradaria ao fã-clube da “artista-celebridade”, para lançar, por cima
da constrangedora vaia, a pergunta: “O pop poupa a poesia?”
Documentários sobre esportes
Ainda no território das paixões e distopias, há três documentários
dedicados ao futebol capixaba. O primeiro deles é Espírito Santo Futebol
Clube (2012), de André Erlich Lucas e Lucas Vetekesky, que acompanha a
campanha do time homônimo, sendo, nas palavras do crítico Rodrigo de
Oliveira, “um filme sobre uma equipe à beira da inexistência, repleto de
dramas menores e mais tradicionais, mas que acaba se filiando à figura
do presidente, do menos pobre entre os pobres, justamente por ser o que
mais arrisca – e o que cai do lugar mais alto”. Em seguida, temos Vitória F.
C. (2014), de Vitor Graize e Igor Pontini, que, nos moldes do cinema direto,
acompanha um dos mais tradicionais times locais no ano de seu centenário, como uma espécie de observador invisível, porém ruidoso o suficiente
para fazer falar, junto ao espectador, o silêncio de uma campanha esportiva
ocorrida sem maiores estardalhaços ou acontecimentos extraordinários,
mas que ainda assim, nos fazem comungar das fraquezas e das pequenas
paixões que movem o dia a dia dessa agremiação. O terceiro filme, também
partilhando, de certa forma, da melancolia que envolve o filme de Graize
e Pontini, é Invisível (2014), de Diego de Jesus, que parte da constatação de
que a maioria esmagadora da população da Grande Vitória não torce para
nenhum time local, para daí investigar os anseios e distopias daqueles que
se dedicam a fazer parte das frágeis torcidas organizadas do futebol capixaba.
Todavia, em lugar de se contentar com os silêncios, o filme busca dar voz
a alguns torcedores solitários, como se suas palavras pudessem, de alguma
forma, desafiar a aridez do vazio que os rodeia.
Ainda no campo do documentário esportivo, o montanhismo é o tema
de Amigo imaginário: Uma conquista feminina no Espírito Santo (2013), de Oswaldo
Badin, detentor de três troféus (Melhor Filme pelo Júri Oficial, pelo Júri
Popular e Melhor Filme Brasileiro) na mostra internacional do Rio Mountain Festival 2013. Já na vertente do documentário ambiental, mesclando
a preocupação ecológica com forte apuro estético, tanto na bem-cuidada
fotografia quanto na concepção sonora arrojada, temos a série de Últimos
Refúgios, nas quais destacam-se Itaúnas (2011), de Yuri Salvador, Toninho Mateiro (2012), de Reinaldo Guedes, e Duas Bocas (2013), de Alexandre Barcelos.
Animações e filmes experimentais
No campo da animação, a produção também segue com títulos bem
relevantes, como o atmosférico Tortoise e a Espeleosofia (2010), de Gabriel
Albuquerque, ensaio existencial que mistura animação em 2D, 3D e aquarela.
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2
1
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O ano em que fizemos contato
alguns tritões
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uMa
loja de inconveniências – a maldição do caipora
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Gabriel, desde a década anterior, tem sido um dos mais atuantes animadores do cenário local, não só trabalhando em diversos projetos, mas
também lecionando e incentivando o trabalho do novos animadores. Outro
destaque é o psicodélico Saia (2014), de Davi de Jesus Cáo, animação em 3D
selecionada para o Panorama Internacional do Anima Mundi, 2014. Temos
ainda o mergulho expressionista com toques de malandragem carioca de
Sangue e Rosa (Diego Scarparo e Henrique Gomes, 2011) e a adaptação do conto
de Machado de Assis, Um apólogo (Darcy Alcântara, Felipe Gaze, Wolmyr
Alcântara e Délio Freire, 2012), transposto para o contexto do surgimento
da primeira escola de samba brasileira.
Alexandre Barcelos assinaria uma das mais radicais experiências
sensoriais realizadas no cinema capixaba, com seu curta-metragem experimental Uma (2011). Tendo recebido, no 18º Vitória Cine Vìdeo, os prêmios
“Inovação e novas linguagens” e “Melhor Curta-metragem Capixaba”, o filme
tem como pontos de partida uma visão da Terra como um macrorganismo
vivo e a atmosférica composição “Aerial”, do Moby, um dos nomes mais
importantes da história da música eletrônica mundial. Exploram-se aqui,
em uma série de metáforas visuais e sonoras, as possibilidades técnicas
dos meios analógicos e digitais, partindo tanto de imagens microscópicas
quanto astronômicas, mesclando sons da natureza e do espaço urbano e
usando recursos técnicos como adaptadores caseiros de lentes 35 mm para
filmadoras DSlr e até mesmo os efeitos das vibrações sonoras nas tintas.
Outro trabalho experimental de destaque é Encontros (2013), de Ronalson Filho, exercício em found footage, que parte da coleta e apropriação
de imagens caseiras anônimas, em sua maioria registros de viagem e de
cenas cotidianas, postadas por desconhecidos no site Vimeo, para a construção de uma narrativa ficcional totalmente mediada por mensagens
instantâneas de celular. E, no campo da videoperformance, Rubiane Maia
apresenta o díptico Esboços de um corpo desconhecido (2014), no qual utiliza
o próprio corpo em contato com diversos alimentos, para daí estabelecer
novas relações com eles.
A ascensão das webséries
Por fim, cabe citar a produção de narrativas seriadas para veiculação
em internet, filão que só recentemente começa a ser explorado por uma
nova geração de realizadores. A primeira experiência capixaba nesse campo
data de uma década atrás, com os dois episódios efetivamente realizados e
veiculados da ficcional Menina do blog (2005), de Roberto Seba, que inclusive
eram disponibilizados para download em uma webpage própria.
A própria tV Quase fez, durante toda sua existência, diversos experimentos nesse campo, como as pérolas de humor ácido Loja de Inconveniências
(2010), Novela beijo gay (2011) e Lei Velho Cagado (2012). Também participou
de Overdose (2013), série televisiva criada e dirigida pelo humorista carioca
Arnaldo Branco. Overdose fala de uma banda de rock fracassada, cujos integrantes incluem membros do coletivo: Daniel Furlan, Juliano Enrico e
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Raul Chequer. Exibida na mtV, seu sucesso fez com que os dois primeiros
fossem contratados como VJs da emissora.
Nos últimos quatro anos, pode-se dizer que tivemos um boom de
webséries capixabas, tanto surgidas de maneira independente, quanto
patrocinadas pelos editais da Rede Cultura Jovem. Em termos de documentário, destacam-se os projetos Na cola (3 episódios, 2012), sobre jovens
artistas dos morros e periferias da Grande Vitória e Pedal (três episódios,
2014), ambos de Ramos Zagoto, este último abordando a ciclomobilidade
urbana; Sex-Oh (3 episódios, 2012), da Tom Tom Tom Filmes, em que os
entrevistados falam abertamente sobre suas experiências sexuais; Eu modo
mundo (3 episódios, 2011), do Coletivo Compartilhe ou Nada, Piedade, Berço
do samba, terra de bamba (3 episódios, 2011), do Grupo Raízes da Piedade,
retratando as memórias e o cotidiano da tradicional escola de samba do
Centro de Vitória. Há projetos realizados fora da Grande Vitória, como Pé
na estrada (2012-2013), de Giandro Gomes, rodada em Muniz Freire e no
Vale do Caparaó; e Raiz Forte (3 episódios, 2012), de Charlene Bicalho, sobre estética afrodescendente e cabelos crespos, contendo depoimentos de
mulheres negras de diversas regiões do Espírito Santo.
Em um campo mais ficcional, além da já citada incursão na ficção científica futurista, Crônicas estelares (Marcelo Reis, 2012, 7 episódios), devemos
destacar também Valdemar (10 episódios e um spin-off, 2013-2014), de Victor
Neves, Pedro Melatte e Renato Miranda), suspense com toques surrealistas
ambientando em uma universidade fictícia, com fortes influências de séries
como Twin Peaks (David Lynch) e O reino (Lars Von Trier), destacando-se por
seu roteiro bastante ambicioso e repleto de tramas paralelas.
Dialogando com as mais diversas referências culturais, buscando
produzir novas imagens do presente e pondo em questão a usual imagérie
de nossas tradições. Assumindo uma vocação cosmopolita que aponta para
as potencialidades do presente para marcar seu lugar no mundo – esse é
a condição atual da produção audiovisual capixaba, nesta segunda década
do século XXi.
Se ainda não ocupamos um lugar de destaque no panorama nacional,
ao menos estamos bem-servidos em termos de diversidade de propostas
e olhares. À medida que o contexto da produção vai se firmando cada vez
mais, cabe aos realizadores em atividade no Espírito Santo dar continuidade a essa trajetória, em que a reflexão sobre realidade que nos cerca é
um ato cada vez mais necessário. E que a segunda metade desta década
possa cada vez mais confirmar essas promessas. A sensação que fica é que,
mesmo depois de tantos anos, o jogo está apenas começando, só que agora,
finalmente parece que é para valer.
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2010 —
A baleia Jubarte
A cabra
+1 Brasileiro
anIMação , 4', HDv, cor,
FIcção, 12', HDv, cor,
2013, vItórIa (es)
2010, espírIto santo
Uma baleia jubarte vivia feliz
a nadar até o dia em que fica
presa no lixo lançado no mar
pelos humanos.
A vida é um inferno desejado.
de Gustavo Moraes
de Alexandre Campaneli
de Gui Castor
FIcção, 17', DIgItal, cor,
2015, vItórIa (es)
Música e drama se encontram
quando Torquato, um taxista
viúvo, enfrenta toda a sorte de
brutalidade nas ruas para criar
sua filha a duras penas, expressando suas frustrações e sua perseverança soltando a voz.
101
De Edson Rangel
FIcção, 9', DIgItal, cor, 2014, es
Um artista vive uma noite incomum em sua casa, onde um
estranho invasor, de quem não
pode fugir, revelará seu medo
mais oculto.
2 e Meio
de Alexandre Serafini
FIcção, 18', 35MM, cor,
2010, vItórIa (es)
Com o roubo de seu carro de
trabalho, Hernani, um mecânico de elevadores, toma uma
atitude desesperada.
A Melhor Ator (para Otoniel Cibien) A Melhor Curta Capixaba no
17º Vitória Cine Vídeo
2010 — 2015
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Abrigo ao Sol
de Emerson Evêncio
FIcção, 18', H.264, cor,
2013, vItórIa (es)
A Troféu Melhor Filme Livre na
Mostra do Filme Livre, Rio de Janeiro, 2011
A casa do sítio e
suas magias
de Ianh Moll Zovico
anIMação, 2', DIgItal, cor,
Sob o sol deita-se a memória
de uma espera. E depois do
horizonte? O que lhe espera?
A busca idosa e pulsante move
essa mulher, que tenta dar sentido ao tempo.
A Prêmio Melhor Filme Panorama
Nacional – Prêmio de Público, 23°
Festival Internacional de Curtas
do Rio de Janeiro – Curta Cinema
2013 A Melhor Curta pelo Voto do
Júri e Prêmio Especial de Atuação
– Atriz Teuda Bara, 9° Mube Vitrine
Independente – São Paulo, 2013
A Prêmio Melhor Filme e Prêmio
Melhor Atriz – Atriz Teuda Bara,
8° Encontro Nacional de Cinema e
Vídeo dos Sertões, 2013 A Prêmio
Melhor Filme e Prêmio Melhor
Diretor, 2° Festival de Cinema de
Santa Rosa (RS), 2013 A Prêmio da
ABD/ES, 20° Festival de Vitória –
Vitória Cine Vídeo, 2013 A Menção
Honrosa, Festival Chico de Cinema 2013, Palmas (TO) A Menção
Honrosa na IX Mostra Produção
Independente, Vitória, 2014
2012, vIla velHa (es)
A casa do sítio, como é chamada por seus residentes, ganha
vida. Animações de papel são os
responsáveis por gerar a alegria
do casal Mônika e Carlão (arquiteta e engenheiro) ao construir a casa dos sonhos, com
todo amor e carinho.
A Melhor Vídeo Arte no I Panela
Audiovisual, Vila Velha, 2013
Acaso
de Christiane Reis
FIcção, 11', HDv, cor,
2011, vItórIa (es)
Duas vidas distintas: Luíza é
tatuadora e estuda Design de
Moda. Com a vida agitada, é
rodeada de amigos e está passando por uma mudança. Ruan
é recém-formado e está procurando emprego. Desanimado,
não pensa em outra coisa que
não seja sua carreira e estabilidade financeira. Será que o
acaso vai colaborar para esses
dois mudarem suas formas de
verem a vida e serem felizes?
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A cidade viva e
seus diálogos
A fantástica vida de
Baffus Bagus Bagarius
A história do puteiro
mais antigo de Vitória
DocuMentÁrIo, 3', DIgItal,
FIcção, 13', DIgItal, cor,
FIcção, 11', DIgItal, cor,
cor, 2012, espírIto santo
2012, vItórIa (es)
2011, vItórIa (es)
Carlitos e Saltimbanque são
dois artistas de rua que buscam
conquistar seu lugar ao sol em
meio ao caos urbanista tentando sempre encarar o cotidiano
de forma lúdica.
Exilado de seu mundo, Baffus Bagus Bagarius vaga pelas
ruas da cidade até encontrar na
publicidade a única forma de
manter sua existência.
O pseudo-documentário A
História do Puteiro Mais Antigo
de Vitória contará pedaços da
história do prostíbulo “HigherGround” que acaba de ser fechado e resgatará seus principais personagens.
de Juliano Koscky
A Melhor Documentário no I
Festival Panela Audiovisual, Vila
Velha, 2013
A cor do fogo e
a cor da cinza
de Alexander S. Buck
A Melhor Ficção no I Festival Panela Audiovisual, Vila Velha, 2013
A grande árvore
cor, 2014, vItórIa (es)
Wagner vive na favela e desde
os 7 anos de idade é proprietário da Rede Metror, um canal de televisão feito de papel
e lápis de cor. Após 11 anos e
mais de 70 novelas transmitidas, Wagner dirige atrizes reais
pela primeira vez.
A Troféu ABD-SP de Destaque da
Mostra Brasil no 25º Festival Internacional de Curtas de São Paulo
– Kinoforum A Prêmio Especial
do Júri no 21º Vitória Cine Vídeo
A Melhor Filme na X Mostra Produção Independente, Vitória, 2015
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A ladeira
de Iza Rosenberg
de Orlando da Rosa Farya
FIcção, 15', DIgItal, cor,
DocuMentÁrIo, 30', DIgItal,
2011, espírIto santo
2014, IbIraçu (es)
de André Félix
DocuMentÁrIo, 23', DIgItal,
de Sidney Spacini
Uma homenagem ao monge
Dayju San que revela a experiência da criação do primeiro
Mosteiro Zen Budista da América Latina, reconhecido como
um espaço de importância ambiental, turística e educacional. O Mosteiro Zen Morro da
Vargem, localizado no município de Ibiraçu, foi fundado em
1974, e trouxe o conhecimento
da Escola Soto Zen, introduzida
no Japão pelo Mestre Dogen
Zenji (1200-1253), fundador
do Mosteiro Eihei-ji, no ano
de 1244. O local tornou-se
uma referência em educação
ambiental e na vivência desta
filosofia.
Dona Santa é uma senhora que
tem um caminho a percorrer.
Mesmo com problema na perna
e sacolas pesadas para carregar,
ela não desiste de subir a ladeira. Nessa história cotidiana, há o
contraste do tempo entre gerações e a contemplação das coisas
que sempre deixamos pra trás.
A Vencedor do Concurso de Roteiros do 16º Vitória Cine Vídeo
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Além do mar que
há entre lá e cá
Ali, na Costa Pereira
Amor mascarado
de Henrique Gaudio
e Matheus Costa
de Matheus Costa, Heitor
Riguette, Henrique Gaudio
e Ana Paula Gonçalves
DocuMentÁrIo, 23', DIgItal,
DocuMentÁrIo, 28', DIgItal,
anIMação, 8', DIgItal, cor,
cor, 2011, espírIto santo
cor, 2012, vItórIa (es)
2013, carIacIca (es)
Nadando contra a corrente, a
catraia constitui-se num dos
mais antigos meios de transporte entre a capital e a cidade
de Vila Velha (ES). Em plena
“cultura do automóvel”, surpreende que existam pessoas
que preferem “o remo à roda”.
No entanto, é isso que percebemos quando olhamos de
perto os pequenos barcos que
insistem em cruzar a abarrotada baía do centro. Símbolos de
“tempos que não voltam mais”,
os catraieiros testemunham que
a história não consiste apenas
do passado, mas se situa e se
escreve no presente.
O filme aborda a questão do
uso do espaço público e os diferentes investimentos afetivos e
simbólicos que a ele se direcionam. Trata mais especificamente de uma praça localizada na
região central da capital Vitória.
O que nos interessa é saber: o
que pode um espaço?
A história de um amor adolescente que mistura o Carnaval
de Máscaras e o Congo, duas
tradições da região.
Algo sobre nós
A mão tagarela
FIcção, 15', HD, cor,
DocuMentÁrIo, 13', HDv,
2013, vItórIa (es)
cor, 2010, vItórIa (es)
Uma tarde no atelier do artista
Hélio Coelho.
A lenda do
apartamento 103
Um jovem mora em uma cidade sitiada por indústrias que
exportam aço. Ao dormir, sempre tem problemas, pois escuta
o som ambiente composto pelos
ruídos dessas, que o impedem
de descansar. Essa “insônia sonora” reflete na melancólica e
retraída vida do jovem.
FIcção, 4', DIgItal, cor,
Alguns tritões
A Melhor Fotografia na VIII Mostra
Produção Independente (Vitória, ES)
de Ianh Moll Zovico
2012, vIla velHa (es)
de Diego Locatelli
de André Ehrlich Lucas
DocuMentÁrIo, 16', Dcp,
Homem perde uma aposta e
resolve encarar o desafio de
entrar no apartamento mais
assombrado de sua cidade.
2010 — 2015
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cor, 2015, vIla velHa (es)
Alguns tritões de Vila Velha.
de alunos da Escola do
Campo e Estação de Ciências
Margarete Cruz Pereira
A Melhor Filme Infantojuvenil
no FATUX – Festival Brasileiro
de Filmes de Aventura, Turismo e
Sustentabilidade, Paraty (RJ)
de Erly Vieira Jr
Anchieta
de Hegli Barbosa Lotério
DocuMentÁrIo, 15', DIgItal,
cor, 2014, espírIto santo
Time de futebol amador ativo
há mais de 30 anos, no bairro
de Argolas (Vila Velha, ES), Anchieta desperta em Hegli Lotério, filha de um de seus fundadores, a curiosidade quanto
às histórias que tanto escutou
na infância. Nesse contexto,
o documentário é uma busca
por esses fragmentos que culminam em outras histórias de
laços de amizade e família.
159
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Angorá
de Emerson Evêncio
A onda da vida – uma
história de amor e surf
As curvas de Niemeyer
FIcção, 11', 35MM, cor,
de José Augusto Muleta
2011, vItórIa (es)
FIcção, 75', HDv, cor,
de alunos do Projeto
Animação Instituto Marlim
Azul (IMA AZUL)
2014, regêncIa (es)
anIMação, 10', 35MM,
Angorá é um desencontro entre
Bruno, Fabrício, Silvio e Lucio,
suas crises e um gato. O filme é
uma tentativa recortada e não
linear de aproximar o Medo, a
Culpa, o Ego e o Sensível pelo
olhar felino.
A noite do Chupacabras
2010, cor, vItórIa (es)
Tudo começa quando três jovens amigos surfistas partem
para uma viagem Brasil afora
em busca de novas experiências,
ondas perfeitas e novos sonhos.
Destino? Quem sabe? Uma aventura que vai mudar as vidas de
Joel, Thiago e Caio para sempre.
de Rodrigo Aragão
FIcção, 104', HD, cor,
2011, guaraparI (es)
A rixa entre duas famílias, Silva
e Carvalho, é a distração perfeita para camuflar os ataques
do Chupacabras. Enquanto os
rivais entram em combate, a sinistra criatura lambe de sangue
vítimas sem chance de defesa.
Num clima de Bang Bang, e fábula épica, A noite do Chupacabras
promete belos banhos de sangue, muitos tiros e um monstro
100% latino-americano.
A Melhor Criatura, Cinefantasy
(São Paulo, 2011)
A nona vítima
A Melhor Filme no Festival de Visconde do Rio Branco, 2013
Ao vivo de Bergue
de Paulo Sena
2012, vItórIa (es)
Oito misteriosos assassinatos
ocorrem no campus da Ufes.
Os crimes que abalam a Grande Vitória, tornando-se foco
da imprensa local. Enquanto
a polícia permanece sem suspeitos, um nono assassinato
poderá ocorrer.
As descobertas de Fifi
de Yuri Custódio
anIMação, 2', DIgItal, cor,
2010, espírIto santo
FIcção, 12', DIgItal, cor,
2011, espírIto santo
Bergue liga a TV e acompanha ao
vivo um sequestro inusitado: ele
mesmo mantendo uma refém
em sua própria casa. Culpado
ou inocente? A essência não está
nos fatos, talvez nas impressões
deixadas pelo caminho.
A própria cauda
A inocente cadelinha Fifi desperta para a puberdade e tenta
lidar com o turbilhão de hormônios.
As fábulas negras
de Rodrigo Aragão, Petter
Baiestorf, Joel Caetano
e José Mojica Marins.
FIcção, 93', HD, cor,
2015, guaraparI (es)
de Virginia Jorge
FIcção, 15', HD, pb e cor,
2015, vItórIa (es)
de Diego Zon
FIcção, 11', DIgItal, cor,
A menina Estela embarca numa
nave do tempo junto com Oscar
Niemeyer, um dos mais importantes arquitetos modernos do
mundo, para descobrir as principais obras do artista em uma
aventura fantástica de curvas
e cores.
Um homem, uma mulher e
o bicho que há em cada um
de nós.
A Melhor Filme na X Mostra Produção Independente, Vitória, 2015
Um grupo de crianças embarca numa aventura macabra
povoada por personagens do
imaginário popular brasileiro
– lobisomem, bruxa, fantasma,
monstro e Saci. Com o encontro antológico entre quatro
dos nomes mais importantes
do terror nacional: Rodrigo
Aragão, Petter Baiestorf, Joel
Caetano e José Mojica Marins,
o eterno Zé do Caixão.
A Melhor Montagem no Festival
de Cinema de Maringá em 2012
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Plano Geral
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As horas vulgares
de Rodrigo de Oliveira
e Vitor Graize
FIcção, 123', HD, pb,
Baía do Espírito Santo
Borum-Krenak
DocuMentÁrIo, 30', HDv,
DocuMentÁrIo, 10', DIgItal,
cor, 2014, vIla velHa (es)
cor, 2013, vItórIa (es)
Uma visão acerca do processo
de implantação dos portos no
canal de Vitória e sua repercussão na vida e na cultura
das pessoas, bem como sua
influência na paisagem e no
meio ambiente.
A história desconhecida de um
povo que sobreviveu à colonização do Vale do Rio Doce.
de Claudino de Jesus
De Adriana Jacobsen
2011, vItórIa (es)
Na noite vazia de Vitória, Théo
e Lauro se reencontram. Entre
a cumplicidade dessa noite e a
lembrança de noites passadas
com velhos amigos, bebidas e
jazz, eles irão confrontar a realidade e o desencanto.
A sombra da mucuri
Bar do Pantera
DocuMentÁrIo, 26', HDv,
anIMação, 10', DIgItal, cor,
O Bar do Pantera é um local
de aparência simples, mas que
se tornou uma das referências
culturais para o município de
Cariacica. Espaço de convivência e troca de ideias, a história
do bar se confunde com a história de vida de muitas pessoas
que passam por ali.
A obra resgata a história da
Guerra do Contestado, um conflito por fronteiras registrado
no noroeste capixaba entre as
décadas de 1940 e 1960, envolvendo os estados do Espírito
Santo, Minas Gerais e Bahia.
A animação também mostra o
desenvolvimento do município
ao longo das décadas.
Atrás de uma bola
de Gustavo Moraes
FIcção, DIgItal, 10',
vItórIa (es), 2015
Uma bola chutada com força;
uma criança correndo atrás
dessa bola e um carro vindo
na direção desse menino com
a bola. Esta situação, vista um
dia em uma rua, originou a
ideia deste curta-metragem.
Entreter e ao mesmo tempo
questionar as escolhas que fazemos e a vida que escolhemos
levar. Atrás de uma Bola… é
acima de tudo uma saudação
e celebração da vida.
2010 — 2015
sesc_planogeral_final.indd 161
De Gui Castor
DocuMentÁrIo/ eXperIMental,
8', HDv, cor, 2011, vItórIa (es) e
bratIslava (repúblIca tcHeca)
de Juliana Gama
de alunos da Escola Estadual
de Ensino Fundamental
e Médio de Mucurici
MucurIcI e vItórIa (es)
Bratislava
cor, 2013, carIacIca (es)
Boa Noite
de Victor Neves
FIcção, 9', Full HD, cor,
2014, vItórIa (es)
A vida produz um som.
Cachaça – os caçadores
do alambique perdido
de Juliano Enrico
FIcção, 13', DIgItal, cor,
2010, vItórIa (es)
O pacato aventureiro Aço Fino é
obrigado a embarcar numa perigosa jornada em busca de um
misterioso Alambique Perdido.
A Prêmio de Pesquisa de Linguagem, 17º Vitória Cine Vídeo, 2010
Café com pernas
de Gui Castor
O zelador passa os dias nas
dependências do prédio onde
trabalha. Aos poucos, mudanças em sua rotina passam a incomodá-lo e ele sente que está
perdendo seu espaço.
A Vencedor da Mostra Ecos, Vitória, 2014
FIcção, 39', HDv, cor,
2010, espírIto santo
É um filme que mostra o conflito de um homem encurralado no próprio mundo. Simples
fatos cotidianos confluem e se
entrecruzam, gerando problemáticas que ele atravessa.
161
10/07/2015 22:01:19
Calado
de Lívia Gegenheimer
Coisa de Menino
Confinópolis – a terra
dos sem-chave
DocuMentÁrIo, 14', HD,
de Bipe Couto e
Dayana Cordeiro
cor, 2014, vItórIa (es)
FIcção, 17', DIgItal, cor,
FIcção, 16', HD, cor, 2012,
2014, vItórIa (es)
vItórIa e vIla velHa (es)
Descobertas e perdas. Um abismo entre pai e filho. De forma
sensível, o curta metragem Coisa de Menino retrata a história
de João, um menino de 10 anos
que, após a morte da mãe, viu a
relação com o seu pai, Olavo, se
tornar cada vez mais distante.
Buscando preencher o vazio,
João cria em suas brincadeiras
um universo de expectativas,
medos, ansiedades e desejos.
Confinópolis é um lugar onde o
totalitarismo reina e as pessoas
são trancadas em seus próprios
corpos que, no lugar de rostos,
têm fechaduras sem chave. O
clima de policiamento e violência dominam a narrativa. Contada em preto e branco, a história torna o absurdo do estado
totalitário ainda mais contrastante, sem floreios ou discursos
amistosos. Nesse cenário um
sujeito sem nome começa a agir
contra o patrulhamento imposto pelo totalitário Fechadura
Hernandez, e em suas buscas
ele descobre que pode mudar
a realidade do aprisionamento
em Confinópolis.
O corpo estranho e majestoso
em meio à metrópole. Calado
é a profundidade que um navio
imerge em água. Que imerge
em nós.
Casaca
de Orlando Bonfim Netto
DocuMentÁrIo, 20', DIgItal,
cor, 2013, espírIto santo
A origem da casaca.
Cavalo ferro
de Gui Castor
DocuMentÁrIo, 20', HDv,
cor, 2013, espírIto santo
A viagem de trem como o intervalo de um tempo de vida
para outro que o espera.
Cláudio
A Menção Honrosa na X Mostra
Produção Independente, Vitória,
2015
Como a noite apareceu
de Regina Mainardi
direção Alexandre Perim
FIcção, 30', HDv-all, cor,
2010, aracruz (es)
de Raphael Araújo
FIcção, 7', DIgItal, 2013,
vItórIa e vIlHa velHa (es)
Um cotidiano sufocante em
uma cidade engarrafada encontra uma saída silenciosa.
Muito antigamente, antes da
chegada do homem branco à
terra dos guaranis, quando a
noite ainda não existia, o jovem guerreiro Abarayra sai
pelo mundo à procura de uma
mulher para casar. A escolhida é
Yanhuri, a belíssima filha da mítica Cobra Grande. Porém, logo
após o casamento, movidos pela
curiosidade, os dois amigos de
Abarayra abrem um coco proibido, desencadeando uma série
de misteriosos acontecimentos.
de Raphael Araújo
A Melhor Filme Curta Metragem,
FEST 2012 – Festival Internacional
de Cinema Jovem, Espinho – Portugal A Melhor Arte na 8ª Mostra
Produção Vitória, 2012 A Melhor
Filme do Foco Capixaba no 19° Vitória Cine Vídeo
A Melhor Roteiro na Oitava Mostra
Produção Independente, Vitória,
2012
162
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Plano Geral
10/07/2015 22:01:19
Crônicas estelares –
livro de memórias
Doppelganger
de Marcelo N. Reis
de Giandro Gomes
e Joel Vieira Jr
FIcção, 60', HD, cor,
FIcção, 13', HD, cor, 2013,
2014, vItórIa (es)
MunIz FreIre (es)
Tendo seu planeta destruído
pelos Greys, Amaryllis (Babi
Chagas), uma alienígena, vem
à Terra para evitar que o mesmo aconteça, e com a intenção
de se vingar dos assassinos de
sua raça. Um grupo secreto das
forças armadas, a U.C.I.A, treina jovens abduzidos (pessoas
sequestradas por alienígenas)
para desenvolverem suas mutações. Seu trabalho é investigar
as misteriosas invasões alienígenas no Brasil, descobrindo
que uma guerra universal existente há anos está chegando a
Terra, e a humanidade terá de
lutar, ou deixará de existir.
Renato é um psicopata foragido do sanatório que se esconde
na antiga fazenda da família e
pede ajuda à sua irmã gêmea,
Cláudia, chamando-a para um
encontro. Mesmo com o apelo
desesperado de sua mãe que
tenta impedi-la, Cláudia retorna à fazenda onde passou sua
infância e, depois do disparo de
uma arma, começa um estranho
diálogo com Renato. No decorrer da conversa surge a dúvida:
qual dos dois está morto?
Delete love
de Paulo Sena
A Vencedor do 14º Concurso de Roteiro Capixaba, Vitória Cine Vídeo
Embaraçadas
de Gabi Stein
FIcção, 12', 2K, cor,
FIcção, 13', 35MM, cor,
2014, vItórIa (es)
2010, vItórIa (es)
Desfragmentos
Duas mulheres, uma história
e dois limites. Ligadas pelos
afetos, pela poesia e pelo cordão
umbilical, elas se encontram,
se desencontram e se amam.
Embaladas pela dança de seus
vazios elas entendem o sentido
do começo e do fim.
DocuMentÁrIo, 13', DIgItal,
Encontros
Este arquivo será removido totalmente e não poderá ser recuperado. Você tem certeza que
deseja apagar esta pasta <amor>
da sua memória? <sim><não>
de Melina Leal Galante
cor, 2014, vItórIa (es)
De Ronalson Filho
FIcção, 9', DIgItal, cor,
“O fim é o início de uma existência”. A partir de um local
de despejo de pisos e azulejos
usados, quantas memórias e
histórias podem ser recriadas?
2010 — 2015
sesc_planogeral_final.indd 163
Entreturnos
de Edson Ferreira
FIcção, 82', HD, cor, 2014,
vItórIa e vIla velHa (es)
Beto (Paulo Roque) é um cobrador de ônibus casado com Gilda
( Janaína Kremer), que anseia
ter um filho. Quando Beto se
aproxima de Leia (Lorena Lima),
dona do bar que ele frequenta,
conhece Valcir (Luis Miranda),
um estrangeiro recém-chegado
na cidade que vai completar o
triângulo amoroso que resulta numa gravidez. Em meio às
dificuldades em lidar com esta
situação, os personagens circulam pela cidade e descobrem
mais sobre si mesmos, enquanto aprendem a enfrentar seus
conflitos pessoais.
A Melhor Filme pelo Júri Popular
no 21º Vitória Cine Vídeo, 2014
Espírito Santo
Futebol Clube
de André Ehrlich Lucas
e Lucas Vetekesky
DocuMentÁrIo, 29', HD,
cor, 2012, vItórIa (es)
O retrato de um clube de futebol capixaba e a luta do seu
principal dirigente para conseguir patrocínio.
A Melhor Curta/Fórum doc BH
2012 A Melhor Documentário na 8ª
Mostra de Produção Independente
2013, vItórIa (es)
“Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de
mensagens...” (Filme realizado
a partir de found footage encontrada no Vimeo).
163
10/07/2015 22:01:20
Estranho amor
de Lucia Caus
DocuMentÁrIo, 26', DIgItal,
Eu, Zumbi, coisas
de bar ou Passa a
régua e traz a conta
Finados – O luto e
a eterna saudade
de Caio Perim
cor, 2010, vItórIa (es) e
de Alexander S. Buck
DocuMentÁrIo, 15', HD,
rIo De JaneIro (rJ)
FIcção, 8', DIgItal, cor,
cor, vItórIa (es)
2012, vItórIa (es)
Mulheres reais contam como
se entregaram de corpo e alma,
fizeram loucuras, sofreram e
sorriram por um sentimento
incontrolável.
Evo
de Rubiane Maia e
Renata Ferraz
FIcção, 15', HDv, cor,
2015, vItórIa (es)
Chove torrencialmente. Uma
mulher procura abrigo em uma
antiga pensão, a única casa em
um raio de quilômetros. Existe
apenas uma vaga em um quarto compartilhado. Parece ser
suficiente para ela, que pretende seguir viagem tão logo
a chuva cesse. No entanto, a
espera pode ser mais longa que
a duração de uma tempestade.
Eu, Mulher
de Adryelisson Maduro
DocuMentÁrIo, 16', HD,
cor, 2015, vItórIa (es)
Histórias de opressões e limitações vividas por mulheres
trans, da infância à vida adulta.
164
sesc_planogeral_final.indd 164
Proximidade com o real em
uma realidade absurda. Cotidiano, cinema, violência e zumbi.
As disparidades de uma situação
inesperada a partir de dois pontos de vista. Uma assumida ficção com propósito de realidade.
No dia de finados, aborda-se a
relação do brasileiro com a data,
focando em sua ligação cultural
e emocional, culminando no
inevitável e eterno sentimento
de saudade.
Fragma
de Eduardo Moraes
A 1° lugar na 1ª Ecos Mostra Livre ,
Vitória, 2011 A Melhor Vídeo Experimental na 10ª Mostra de Audiovisual Universitário de Mato Grosso
A 1º Lugar Categoria Experimental
Vale Curtas 2011 A Melhor Curta
Fantástico Cinefestival – 1º Festival de Cinema Brasileiro do Vale
do Jaguaribe
Exílio
Saskia Sá
FIcção, 20', HDv, cor,
2015, vItórIa (es)
Uma mulher... Um Exílio... A
areia dos sonhos... Um filme
abismo. Exílio é conduzido
através de imagens do desterro voluntário da mulher, presa
em um não-lugar entre as suas
lembranças, o presente árido e
um futuro incerto. Ela segue
cega ao mundo que a circunda
e entregue aos caminhos que
surgem sem possibilidade de
escolha, sendo, assim, escolhida por eles.
FIcção, DIgItal, cor,
2013, vItórIa (es)
Duas vidas procuram dar significado a um tempo vivido, sonhado e, acima de tudo, sentido.
A Melhor Montagem no 3º Festival Internacional Unasur Cine (Argentina) A Melhor Fotografia no
10º La Pedrera Short Film Festival
(Uruguai) A Prêmio de Incentivo
na 9º Mostra ABD Capixaba (ES)
A Melhor Curta-Metragem – Júri
Popular no 3º Fecin (ES) A Melhor
Curta-Metragem – Ficção (2º Lugar)
no 20º Festival de Vídeo de Teresina
(PI) A Melhor Curta-Metragem (2º
Lugar) no 8º Curta Ourinhos (SP)
Plano Geral
10/07/2015 22:01:20
Galinha d'angola
Guerreira
Ilhados
FIcção, 11', Full HD, cor,
de Wolmyr Alcantara
e Darcy Alcantara
2012, espírIto santo
anIMação, 7', DIgItal,
DocuMentÁrIo, 15', 35MM,
cor, 2015, vItórIa (es)
cor, 2014, vIla velHa (es)
Há um clima de tensão no elenco e na produção às vésperas da
estreia da peça Guerreira, pois
Regina, a jovem atriz principal, que interpreta Maria Ortiz,
está atrasada. Mesmo sem ela, a
peça começa, com a esperança
de que Regina consiga chegar
a tempo de sua personagem
entrar no palco. O desafio seria
simples se a atriz, no caminho,
não se deparasse com um grande engarrafamento na ponte
que leva ao teatro, o carro que
dá defeito, a filha hipoglicêmica que ameaça desmaiar e um
histérico diretor que está nos
nervos por conta do atraso da
sua atriz principal.
Concluída em 1989, a terceira
ponte é um marco da construção civil capixaba. Sob seu
pilar central existe uma casa
habitada por um pescador.
de Daniel Salaroli
Um menino procura seu pai,
no meio da mata. O caminho
leva a um sonho estranho. O
curta-metragem foi rodado
no interior do Espírito Santo,
numa região onde a Mata Atlântica ainda se encontra bastante
preservada. Todos os atores são
pessoas que vivem em Todos os
Santos, pequena vila próxima
ao local das filmagens.
A Menção Honrosa no Foco Capixaba – 19º Vitória Cine Vídeo, 2012
A Menção Honrosa – 1º FECIM,
Muqui, ES, 2012
Guerra fria
de Paulo Sena
FIcção, 17', 2K, cor,
2014, vItórIa (es)
É igual no teatro. Um personagem precisa morrer para nascer outro. E o ator se aproxima
de si mesmo.
Homem ilha
de Ana Paula Sobreiro
e Daniela Camilo
FIcção, 11', HDv, cor,
2011, vIla velHa (es)
Um velho marujo encalhado em uma ilha deserta tem
o tempo todo para pensar no
que já fez e no que abandonou.
Tudo isso, porém, está somente
a alguns metros de distância e
parece aproximar-se a cada vez.
2010 — 2015
sesc_planogeral_final.indd 165
de Lucas Bonini e
Wayner Tristão
Ilhas Cayman
de Gabriel Perrone
FIcção, 15', 35MM, cor,
2011, vItórIa (es)
Motorista de táxi leva um passageiro que não sabe dizer o
endereço do seu destino, mas
ao dar as orientações, o taxista descobre estar percorrendo
um caminho conhecido. Momentos críticos na vida de um
homem podem ser a base para
grandes mudanças.
A Melhor Direção – Festival Internacional de Curtas de Silhouette
(França) A Melhor Curta de Ficção
– International Short Film Festival
2011 (Suíça) A Troféu Marlim Azul
de Melhor Ator (Luiz Carlos Vasconcelos) no 18º Vitória Cine Vídeo
A Melhor Fotografia no Festival Latino Americano de Cinema – Curta
Neblina (Brasil/Chile/Argentina)
165
10/07/2015 22:01:20
Imprensados
de Ariel Lacruz, Breno
Vinicius Silva, Lígia
Sancio, Tião Xará e
Victor Hugo Simon
DocuMentÁrIo, 20', cor,
2013, espírIto santo
O documentário mostra a luta
pelo reconhecimento do direito
do Território Quilombola do
Sapê do Norte, que abrange
áreas nos municípios de Conceição da Barra e São Mateus
no Espírito Santo, bem como as
dificuldades enfrentadas pelos
quilombolas com os extensos
cultivos de eucalipto para celulose que cerca as comunidades,
segundo os depoimentos das
principais lideranças locais.
Inconstância
de Diego de Jesus
DocuMentÁrIo, 18', DIgItal,
cor, 2013, vItórIa (es)
Invisível
La Serena
DocuMentÁrIo, 24', HDv,
FIcção, 87', HDv, cor,
cor, 2015, carIacIca (es)
2010, MunIz FreIre (es)
Poucos em meio à multidão:
torcedores de dois dos principais times de futebol do Espírito Santo são minoria mesmo
jogando em casa.
História do encontro entre
Nina, idosa excêntrica e solitária
conhecida como “Dona Louca”
e Pigmeu, menino foragido de
um orfanato, que ela acredita
ser o retorno do filho falecido.
De Diego de Jesus
A Melhor Filme na X Mostra Produção Independente, Vitória, 2015
Já era uma vez
Läjä Cem
de Bento Abreu e
Rodolfo Sily
de Ana Beatriz Valença
DocuMentÁrIo, 8', DIgItal,
anIMação, 5', DIgItal,
cor, 2012, espírIto santo
cor, 2012, serra (es)
Cinderela e o Príncipe Encantado se casam para serem felizes
para sempre. Todavia o tempo
passa e suas vidas tomam um
rumo diferente do esperado.
A Läjä Records bateu a marca
dos 100 títulos lançados, e pra
comemorar, lançou um vídeo
institucional sob a alcunha de
Läjä Cem.
Jeitinho brasileiro
Loja de Inconveniências
– A maldição do Caipora
FIcção, 5', DIgItal, cor,
FIcção, 15', DvD, cor,
2010, vItórIa (es)
2012, vItórIa (es)
Em uma situação extrema, reflexões e memórias de uma vida
que poderia ser de qualquer brasileiro(a). Uma metáfora ficcional acerca do jeitinho brasileiro.
Na estranha loja do seu Argemiro, Jairo vai comprar cigarros e acaba sendo apresentado
a diversas lendas do local.
de Alexander S. Buck
Com o crescimento das cidades, locomover-se nos grandes
centros urbanos tornou-se um
problema. Insconstância traz uma
reflexão sobre a mobilidade urbana nas grandes cidades e sobre
as escolhas governamentais.
de Giandro Gomes
La isla de las muñecas
de Juliano Enrico
A Melhor Filme do Júri Popular,
19º Vitória Cine Vídeo, 2012
de Wayner Tristão
e Lucas Bonini
DocuMentÁrIo, 6', HDv, cor,
2012, espírIto santo
Em uma ilha habitada por brinquedos, o lado lúdico pode ser
preterido ao fantasmático.
166
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Plano Geral
10/07/2015 22:01:20
Locus
Marcas da vila
DocuMentÁrIo, 26', DIgItal,
DocuMentÁrIo, 17', MInI-Dv,
de Herbert Fieni e
Lamartine Neto
cor, 2011, alegre (es)
cor, 2010, espírIto santo
DocuMentÁrIo, 23', Full HD,
Locus, documentário gravado
em Alegre, interior sul do Espírito Santo, aborda a problemática da convivência com a loucura no espaço público através de
um passeio de estranhamento
pela cidade. Com depoimentos
de moradores, psicólogos, especialistas, autoridades policiais e
municipais, a narrativa propõe
um debate sobre o imaginário
do que é loucura e de quem é
louco, em Alegre.
Marcas da Vila resgata o drama vivido pelos familiares das
quatro vítimas fatais do maior
incêndio da história do Espírito
Santo, ocorrido no dia 1º de
julho de 1994.
de Klaus Berg
de Edson Ferreira
Meninos do arco-íris
cor, 2013, vItórIa (es)
A Melhor Documentário na VII
Mostra Produção Independente,
Vitória, 2011
Mar Negro
são paulo (sp)
Documentário de conteúdo
livre que aborda o transbordamento das fronteiras entre
os gêneros masculino e feminino, utilizando como fio condutor da narrativa a lenda do
arco-íris, que nos conta que as
crianças podem mudar de sexo
se passarem por baixo de sua
luz mágica.
Duas formigas brigam por uma
frutas no galho de uma árvore
até que algo inesperado acontece.
A Melhor Filme na Mostra Quatro
Estações, 20º Vitória Cine Vídeo,
2013 A Menção Honrosa na IX Mostra Produção Independente, 2014
Meltdown
Meu nome é Fulano
Meio a meio
de Danilo Amorim
anIMação, 3', HD, 2012,
de Rodrigo Aragão
de Victor Neves, Pedro
Melatte e Renato Miranda
FIcção, 100', HD, cor,
FIcção, 16', DIgItal, cor,
2013, guaraparI (es)
2015, vIla velHa (es)
Uma estranha contaminação
atinge uma pequena vila de
pescadores. Quando peixes e
crustáceos se transformam em
horrendas criaturas transmissoras de morte e destruição, o
solitário Albino luta pelo grande amor da sua vida, arriscando
a própria alma numa desesperada fuga pela sobrevivência,
Mulher passa férias sozinha em
uma casa de veraneio.
A Melhor Ficção na IX Mostra de
Produção Independente (2014)
2010 — 2015
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Memória sobre
as águas
de Keyla Cezini
DocuMentÁrIo, 15', DIgItal,
cor, 2011, espírIto santo
de Naiara Bolzan
DocuMentÁrIo, 15', HDv,
cor, 2014, vItórIa (es)
“Bom dia! Boa Tarde! Boa Noite!
Meu nome é Fulano. Eu poderia estar fazendo outra coisa,
mas estou aqui dentro deste
coletivo e gostaria de vender
essas maravilhas pra vocês!”
Vendedores ambulantes: conheça o cotidiano de quem vive
sem o amparo da lei.
O filme aborda o cotidiano dos
catraieiros da baía de Vitória.
Por meio de entrevista, as histórias e desafios desses profissionais são reveladas.
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10/07/2015 22:01:20
Míope
Nega do ébano
O bom da brincadeira
FIcção, 12', DIgItal, cor,
FIcção, 20', DIgItal, cor,
DocuMentÁrIo, 15', HDv,
2012, vItórIa (es)
2012, vItórIa (es)
cor, 2014, espírIto santo
Tudo parece absolutamente fosco e sem graça para Amilcar,
um jovem não desprovido de
recursos e sem ambições espirituais ou materiais exageradas.
Quando de repente tudo lhe
parece incrivelmente nítido e
cheio de detalhes, Amilcar descobre que é míope, passa a usar
óculos e sua vida se torna cem
vezes mais rica e interessante
do que antes. A partir daí, ele
experimenta novas sensações,
até então desconhecidas.
Uma bela moça de origem
negra é ameaçada de morte
pelo padrasto. Apesar de ser
“liberada” pelos pistoleiros, é
obrigada a fugir para dentro
de uma mata fechada onde
encontra um abrigo na casa
dos pivetes-infratores. Eles a
acolhem, mas exigem que ela
participe dos assaltos que eles
praticam na cidade. Em um
certo momento acontece uma
reviravolta: a moça conhece alguém, como o príncipe encantado da história da Branca de
Neve, conduzindo a trama para
um desfecho surpreendente.
O carnaval de Roda D’Água em
três momentos – 1992, 2002 e
2012 – é analisado pelos brincantes da região.
de Gabriele Stein
Mulheres do Congo
de Sandy Vasconcelos
DocuMentÁrIo, 16', DIgItal,
cor, 2014, espírIto santo
O congo através do olhar feminino. A batida do tambor,
o canto doce da corneta e a
origem do congo são cercados
de mistérios assim como o surgimento da mulher.
A Prêmio do Público da Mostra
Outros Olhares, 21º Vitória Cine
Vídeo, 2014
de Valentina Krupnova
O ano em que
fizemos contato
de Erly Vieira Jr
DocuMentÁrIo, 19', HDv,
cor, 2010, vItórIa (es)
Uma ilha. Sete artistas. Diversas
cartografias de uma cidade na
qual habita meu desassossego.
(Documentário livremente inspirado nas obras dos artistas
David Caetano, Douglas Salomão, Elisa Queiroz, Hélio Coelho, Julio Schimidt, Maruzza
Valdetaro e Rosindo Torres).
de Ricardo Sá
O congueiro do
santo preto
de Fábio Carvalho
DocuMentÁrIo, 23', HDv, cor,
2013, vItórIa e serra (es)
O congo capixaba tem como
um de seus maiores ícones o
Mestre Antônio Rosa (19231999), homem responsável,
durante cerca de 50 anos, pela
Festa de São Benedito, realizada
no município da Serra (ES), em
louvor ao padroeiro das bandas de congo e de boa parte
da população capixaba. É uma
história de luta permanente que
atravessou toda uma vida em
favor da manutenção dessa festa
e das bandas de congo, tradição
herdada de seus pais e transmitida aos seus filhos e netos.
O maestro em si
de Diego Zon
DocuMentÁrIo, 20', DIgItal,
cor, 2010, alegre (es)
A vida e obra do músico alegrense Wilson Laerte, um jovem senhor, fiel à sua cidade
interiorana, que dorme sonhando em reger orquestra e acorda
vivendo como maestro.
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Plano Geral
10/07/2015 22:01:20
O menino que queria
salvar o mundo
Os lados da rua
de Diego Zon
Outro sertão
de Alexandre Campaneli
FIcção, 15', DIgItal, cor,
de Adriana Jacobsen
e Soraia Vilela
anIMação, 8', HDv, cor,
2012, MuquI (es)
DocuMentÁrIo, 73', HDv,
2010, vItórIa (es)
Um menino decide salvar o
mundo e recebe a ajuda de sua
amiga imaginária, uma árvore
falante.
O que bererico
vai pensar?
de Diego Scarparo
cor, 2013, espírIto santo
Carrão é um garoto que, apesar
de seu comportamento excêntrico, vive livremente o ritmo de
vida de uma típica cidade de interior. Ao ser surpreendido por
um acontecimento que ameaça
destruir seu mundo particular,
precisará encontrar um caminho que o liberte novamente.
DocuMentÁrIo, 28', HD, cor, 2012,
cacHoeIro Do ItapeMIrIM (es)
Um registro dos reflexos da
“Acção Integralista Brasileira”
numa pequena vila no interior do Espírito Santo, onde
a relação de duas famílias de
imigrantes italianos, cujos patriarcas eram grandes amigos,
é abalada seriamente por divergências ideológicas e políticas.
A mágoa perdura por décadas e
atravessa gerações no pequeno
vilarejo de Floresta (hoje denominado Burarama, distrito de
Cachoeiro de Itapemirim). Por
meio desses registros, temos
uma experiência humanizada
do que foi a influência dos regimes totalitários no mundo e
dos ecos dessas ideologias em
lugares remotos. Ali a vila se
comportou como um pequeno
país. O micro desnuda o macro.
A Melhor Curta-metragem, 22º
Cine Ceará A Melhor Ator (Danilo Andrade) e Melhor Direção
de Arte no 3º Festival de Cinema
Curta Amazônia A Melhor Som/
Trilha Sonora na VIII Mostra de
Produção Independente, Vitória,
2012 A Melhor ator no 3º Festival
Nacional de Cinema de Petrópolis A Melhor Filme ( Juri Popular)
Mostra “Casa da América Latina”
– Festival de Curtas-Metragens de
Bruxelas (Bélgica) A Melhor Ator
no I FestCine São Gonçalo A Melhor Ator e Melhor Direção de Arte
no IV Festival Jericoacoara Cinema Digital A Menção Honrosa no
Festival Internacional de Cine de
Barranquilla (Colômbia)
Outro Sertão é um documentário sobre a estadia de João
Guimarães Rosa na Alemanha
nazista. O filme resgata a experiência do então vice-cônsul em Hamburgo entre 1938
e 1942. Através de imagens de
arquivo da época, documentos,
testemunhos de pessoas (inclusive judeus que fugiram para
o Brasil por Hamburgo) que o
conheceram e uma entrevista
inédita com o próprio escritor,
o documentário revela novos
aspectos de sua biografia.
A Prêmio Especial do Júri no 46º
Festival de Brasília A Melhor Documentário Brasileiro (Prêmio do
Público) Mostra Internacional de
Cinema de São Paulo (2013) A Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Montagem
no Encontro Nacional de Cinema
e Vídeo dos Sertões (PI, 2014) A
Melhor Filme, Melhor Direção e
Melhor Uso de Material de Arquivo
no Recine (RJ, 2014)
O uivo da carne
na terra da luz
de Eduardo Madeira
FIcção, 21', HDv, cor,
2014, vItórIa (es)
Mulher resignada foge de casa e
encontra refúgio em um hotel
onde estranhas situações parecem conversar com suas afetações mais íntimas e pessoais.
2010 — 2015
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Pássaro de papel
Pela janela
Pique esconde
FIcção, 15', HDv, cor,
FIcção, 20', Dcp, cor,
FIcção, 10', 35MM, cor,
2014, MuquI (es)
2014, vItórIa (es)
2012, vItórIa (es)
Um fotógrafo passa por um
momento reflexivo e busca
em si lembranças do passado,
decidindo voltar momentaneamente ao antigo vilarejo onde
morava com o pai. Lá, além de
recordações de momentos que
ainda parecem vivos e latentes,
ele captará imagens de pessoas
comuns do lugar que, aos poucos, passam a fazer parte de sua
memória fotográfica. A partir
das imagens, as pessoas são
“conduzidas” para um quarto
obscuro, um universo que desconhecem, uma gaiola invisível que condiciona a imagem
e a mobilidade humana. Quem
somos e para onde vamos por
meio das fotografias?
Após ouvir a briga dos vizinhos,
jovem começa a descobrir que
a sua vida talvez não seja como
ela imagina.
Depois de ser incomodado por
Mateus, um menino de 11 anos,
João começa a lembrar do passado. Mas suas lembranças são
confusas e não consegue saber
que o seu passado pode estar
do seu lado.
de Léo Alves
de Diego de Jesus
Pela parede
de Wayner Tristão
e Lucas Bonini
FIcção, 25', 35MM, pb,
2011, vIla velHa (es)
A parede que serve para isolar
territórios também funciona
como suporte de integração
social numa cidade ocupada
por tanta informação.
Perto da minha casa
de Diego Locatelli e
Carolini Covre
DocuMentÁrIo, 15', Full HD,
A Prémio do Júri Popular no 7º
Festival de Cinema de Triunfo, PE
Pedras pretas – Itaúnas
de São Benedito
e São Sebastião
de Marcos Valério Guimarães
DocuMentÁrIo, 25', HDv, cor,
cor, 2013, vIla velHa (es)
Em meio aos centros urbanos, encontramos pontos de
resistência que reconfiguram
os espaços. Em Vila Velha, um
grupo de jovens ressignifica
um depósito de contêineres.
2012, Itaúnas e vIla velHa (es)
A festa de São Benedito e São
Sebastião, em Itaúnas, norte do
Estado do Espírito Santo, é o
momento maior do rico folclore da região. Expressão de
uma forma histórica de vida,
marcada por escravidão, tragédia
ecológica e a modernidade industrial do eucalipto e do álcool,
o folclore também é uma forma
de exercício político, do direito à
vida. Um bem simbólico maior.
170
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A Melor Filme pelo Júri Popular e
Melhor Montagem no 20º Vitória
Cine Vídeo, 2013 A Melhor Direção
(Mostra Municípios) no 14º Goiânia
Mostra Curtas, 2014
de Dominique Lima
A Vencedor do Concurso de Roteiros do 18º Vitória Cine Vídeo
Planície
De Gabriel Perrone
FIcção, 15', HDv, cor, 2015,
vItórIa (es) e porto (portugal)
Pedro e Daniel têm forte amizade. Entre eles, há apenas um
segredo.
A Melhor Filme na X Mostra Produção Independente, Vitória, 2015
Pomeranos sob olhar
de pomeranos
de Julio Carlos Dettmann
DocuMentÁrIo, 19', DIgItal,
cor, 2012, pancas (es)
Este documentário registra o
olhar de pomeranos notáveis
residentes em Laginha – Pancas (ES), acerca de 5 aspectos
da cultura pomerana: história,
costumes, artesanato, culinária
e dança. Traz uma abordagem
sensível sobre o cotidiano de
pessoas simples, mas que representam toda uma geração
de imigrantes pomeranos residentes no Espírito Santo.
Plano Geral
10/07/2015 22:01:20
Pra casa agora eu vou
Primeira paróquia
do Cristo Sintético
FIcção, 9', HD, cor,
de Gabriel Menotti
Redescobrindo a
Mata Atlântica
2012, vItórIa (es)
anIMação, 14', DIgItal,
natureza/MeIo aMbIente, 20', Full
cor, 2010, vItórIa (es)
HD, cor, 2014, espírIto santo
É noite de revelações e o Redentor foi barrado na porta.
Um filme sobre o apocalipse e
nostalgia rave.
A Mata Atlântica apresenta uma
biodiversidade rica e singular,
tanto em termos científicos,
quanto em formas e cores,
resultado da ação de milhões
de anos de seleção natural. O
manto natural verde das montanhas, com escarpas íngremes,
é drenado por vales profundos, formando córregos e rios,
que seguem ziguezagueando
em direção ao mar. O documentário Redescobrindo a Mata
Atlântica é uma narrativa visual
que exalta as belezas da Mata
Atlântica, tendo como personagem principal o Muriqui, o
maior macaco das Américas.
Dentro deste contexto, o documentário mostra a visão de
pesquisadores, professores e
estudantes que participaram
do Programa Difusão da Biodiversidade da Mata Atlântica. O
programa estimula, em crianças e adolescentes, o interesse
pela ciência da biodiversidade
e a introdução desses jovens
em temas relacionados ao conhecimento e conservação da
Mata Atlântica.
de Erly Vieira Jr
Memórias de um libertador de
anões de jardim. Um filme com
anões, comic sans e Google tradutor. Produzido para a exposição
Elisa, realizada na GAEU-Ufes,
sob curadoria de Neusa Mendes.
Inspirado em uma ideia original
de Elisa Queiroz
Pra durar enquanto
o mundo durasse
A Roteiro Vencedor do 6º Concurso
de Roteiros do Vitória Cine Vídeo
Procurando Madalena
de Ricardo Salles de Sá
de Ricardo Salles de Sá
DocuMentÁrIo, 26', MInI-Dv,
DocuMentÁrIo, 26', Full HD,
cor, 2010, espírIto santo
cor, 2014, nova alMeIDa (es)
A história da construção da
Igreja de Reis Magos, em Nova
Almeida (ES), na Serra (ES), erguida no início da colonização
portuguesa no Brasil, por jesuítas e indígenas.
Praias e cachoeiras
de Giandro Gomes
vIDeoclIpe, 4', HDv, cor,
2012, alegre (es)
Videoclipe da música “Praias e
Cachoeiras”, da banda Alldeia,
gravado na Cachoeira da Fumaça durante o projeto “Websérie Pé na Estrada”, patrocinado
pela Secult-ES.
Madalena do Jucu é um samba
de Martinho da Vila, adaptado da toada Madalena, que é
cantada pelas bandas de Congo do Espírito Santo há mais
de 70 anos. O documentário
revela o universo do congo
– uma manifestação cultural
genuinamente capixaba ainda
desconhecida pela maioria dos
brasileiros, ao mesmo tempo
em que versões sobre a origem
da Madalena são apresentadas
pelos congueiros.
Quando a criança nasce
de Ricardo Salles de Sá
DocuMentÁrIo, 30', Full HD,
cor, 2015, vItórIa (es)
Gravidez e parto entre os guaranis do Espírito Santo, ontem
e hoje.
de Leonardo Merçon
Rainhas da noite
de Diego Herzog
DocuMentÁrIo, 30', MInI-Dv,
cor, 2010, vIla velHa (es)
O palco e a vida de artistas performáticos que se apresentam
vestidos de mulher nos clubes
noturnos capixabas.
2010 — 2015
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Raquetadas
para a glória
Romance a la Nelson
de Mariana Pretti
Sangue & rosa
de Juliano Enrico
FIcção, 8', DIgItal, cor,
de Diego Scarparo e
Henrique Gomes
FIcção, 7', DIgItal, cor,
2012, vItórIa (es)
anIMação, 14', HD, cor, 2011,
2011, espírIto santo
Um trailer épico sobre superação e esperança num mundo pós-apocalíptico dominado
por impiedosos jogadores de
frescobol.
A Melhor Ficção na VII Mostra Produção Independente, Vitória, 2011
Reikwaapa – Ritos de
passagem Guarani
de Ricardo Sá e
Marcelo Guarani
DocuMentÁrIo, 16', DIgItal,
cor, 2013, espírIto santo
cacHoeIro De ItapeMIrIM
Como nas tragédias rodriguianas, o amor incestuoso, a
paixão lésbica e o amor não
correspondido destroem a vida
de três jovens. Julia, Vanessa e
Lucas estão entrelaçados num
ciclo amoroso, nenhum deles
correspondido, mas todos eles
apaixonados.
A Melhor Ficção e Melhor Direção
na VIII Mostra Produção Independente, Vitória, 2012
Saia
A Melhor Filme do Foco Capixaba,
20º Vitória Cine Vídeo
Revelações de um
cineasta canibal
de Rodrigo Aragão
FIcção, 14', HDv, cor,
2015, guaraparI (es)
Denilson sempre quis ser um
cineasta consagrado e estar sob
os holofotes. Mesmo apoiado
pelas suas companheiras, a falta
de recursos, ou talento, conduzem o trio por um caminho
obscuro, saturado por práticas
medonhas.
172
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Ardeal, Cárpatos, Romênia. O
sinistro Conde Orlok apaixona-se pela descrição da noiva
do corretor de imóveis e parte
para Londres num navio. Até
então, tudo vai de acordo com
a história clássica de vampiro,
mas algo de inesperado acontece no meio do oceano, e nosso vilão vai aportar no Rio de
Janeiro, em 1931, onde dá sua
surpreendente contribuição
para a música brasileira.
de Davi de Jesus Cáo
anIMação, 5', DIgItal,
Na passagem da infância para a
adolescência, os guaranis realizam ritos. O documentário
discute a ressignificação desses
ritos no cotidiano das aldeias
guaranis do ES.
(es) e rIo De JaneIro (rJ)
cor, 2013, vItórIa (es)
Os episódios de Saia continuavam indefinidamente. Sua
conclusão, quando veio, foi
chocante. Para todos, já era
tarde mais.
A Melhor Animação na IX Mostra
de Produção Independente (Vitória,
ES, 2014)
Sinal vermelho
de Cristina Margon
e Naiara Bolzan
DocuMentÁrIo, 15', DIgItal,
cor, 2013, espírIto santo
O Sinal Vermelho é a deixa dada
para os artistas de rua mostrarem todos os seus talentos.
Diferentes artistas contam o
motivo de escolherem a rua
como palco para exibirem suas
artes e como são recebidos pela
população capixaba.
A Menção Honrosa na IX Mostra
Produção Independente (Vitória,
ES) A Menção Honrosa do Foco
Capixaba, 20º Vitória Cine Vídeo
Plano Geral
10/07/2015 22:01:20
Seu Zezin e a Lei
Velho Cagado
Silentio
de Erly Vieira Jr
Somos todos
filhos de Jorge
de Raul Chequer
DocuMentÁrIo, 13', HD,
de Lucia Caus
FIcção, 4', DIgItal, cor,
cor, 2010, vIana (es)
DocuMentÁrIo, 9', DIgItal,
2010, espírIto santo
A Lei Velho Cagado de Incentivo
à Cultura é um projeto do Instituto Quase de Desenvolvimento
Sustentável, com o objetivo de
democratizar a produção artística do nosso país. Este é o primeiro vídeo da série que mostrará como a nova lei mudou a
vida de milhares de brasileiros.
Siga minhas mãos
de Luciana Gama
cor, 2012, espírIto santo
Documentário sobre a exposição Silentio, realizada em Viana pelo artista paraibano José
Rufino, sob curadoria de Neusa Mendes. Este vídeo é parte
da Ação Educativa do projeto
RE Invenção de uma cidade,
contemplado pelo Edital Arte
e Patrimônio 2009, do Paço das
Artes/MinC/Iphan.
Sol na Garganta do
Futuro e Wanessa
DocuMentÁrIo, 52', betacaM,
de Jamilla Ghil e Ítalo Galiza
cor, 2010, espírIto santo
eXperIMental, coMéDIa, 3',
HD, cor, 2010, vItórIa (es)
Documentário que narra as
lendas e causos de 6 pedras
com formas do Espírito Santo.
São elas: Pedra Menina, em Dores do Rio Preto; Pedra da Ema,
em Burarama – Cachoeiro de
Itapemirim; Pedra do Elefante,
em Nova Venécia; Moxuara, em
Cariacica; Mestre Álvaro, na
Serra; e o Frade e a Freira, entre
Itapemirim e Rio Novo do Sul.
O pop poupa a poesia? Ou o
inusitado encontro entre Wanessa (Camargo) e a banda Sol
na Garganta do Futuro?
Sombras do tempo
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Tarde fria
de Leandro Sherman
FIcção, 8', DIgItal, cor,
2014, vItórIa (es)
Tarde fria mostra, pela ótica de
um rapaz, como a vida está cada
vez mais solitária em nossa sociedade.
Teobaldo morto,
Romeu exilado
de Rodrigo de Oliveira
de Edson Ferreira
FIcção, 118', Dcp, cor, 2015,
FIcção, 15', 35MM/Dcp,
vItórIa e buraraMa (es)
cor, 2012, vItórIa (es)
Sombras do tempo é um mergulho ao mais íntimo de um
homem: suas memórias, marcadas por mistérios e ausências.
O tempo é o fio condutor, onde
passado e presente se misturam
e revelam uma mente em busca
de significados.
2010 — 2015
O curta dá vida ao santo guerreiro que sai pelas ruas em
plena festa de São Jorge. Neste
percurso, o espectador se depara com relatos emocionados,
curiosos e cheios de devoção de
pessoas que têm o santo como
fiel protetor.
João é um músico de 32 anos
que opta pelo isolamento numa
propriedade no interior do Brasil após Flora, sua mulher grávida, romper com ele. Depois de
três meses, quando finalmente
parece estar pronto para reparar
seus erros junto a Flora e acompanhar o parto de seu filho, João
é surpreendido pela misteriosa
visita de Max, seu melhor amigo, há muitos anos desaparecido
e dado como morto.
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Tortoise e a
Espeleosofia
Tudo bem?
de Eduardo Moraes
Últimos Refúgios:
Toninho Mateiro
de Gabriel Albuquerque
FIcção, coMéDIa/DraMa, 12',
de Reinaldo Guedes
anIMação, 9', DIgItal, cor,
cor, 2010, espírIto santo
DocuMentÁrIo, 30', Full HD,
2010, espírIto santo
Tortoise e a Espeleosofia¹ é uma
animação que combina diversas técnicas (animação 2D em
aquarela e animação 3D), para
contar a história de uma tartaruga que vive o tédio de habitar
um aquário preenchido apenas
com água. Delirando entre o
sonho e a realidade, Tortoise
vive as experiências e consequências da privação do sono
e estímulos. Esse ambiente é
explorado através do olhar e
arte de Gabriel Albuquerque e
Olhos Coloridos.
1. espeleosofia: s. f (spéleo=caverna + sofia=sabedoria) Corrente do pensamento surgida
da vida nas cavernas. 2. Campo científico da espeleologia, a
ciência que estuda as cavernas.
3. Corrente platônica do pensamento.
Tramas
cor, 2013, vIla velHa (es)
A hipócrita cordialidade cotidiana numa tentativa de se
expressar verdadeiramente,
ainda que na ficção.
Últimos Refúgios:
Itaúnas
de Yuri Salvador
DocuMentÁrIo, 24', Full HD,
cor, 2012, Itaúnas (es)
Últimos Refúgios: Itaúnas exibe
imagens da fauna e flora da
região e mostra como grupos
humanos se apropriam intelectualmente e materialmente
dos recursos naturais. O filme
traz depoimentos de habitantes da pequena vila instalada
no entorno do parque, como
pescadores, e opiniões de ambientalistas e biólogos.
Últimos Refúgios:
Reserva Biológica
de Duas Bocas
de Alexandre Barcelos
de Leonardo Gomes Souza
DocuMentÁrIo, 25', Full HD,
DocuMentÁrIo, 30', HDtv,
cor, 2013, espírIto santo
cor, 2014, espírIto santo
Com histórias de lendas, cultura, sonhos e fazeres do Caparaó, Tramas mostra as riquezas
humanas que há na montanha
sagrada.
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O filme traz como tema a água
e fala de uma das principais características da Reserva, a preservação de recursos hídricos.
O documentário é composto
por imagens que revelam a rica
biodiverdade preservada pela
unidade de conservação.
O documentário conta a história de um antigo caçador
que se tornou forte aliado em
pesquisas sobre a região do
Parque Estadual Paulo Cesar
Vinha, localizado entre as cidades de Vila Velha e Guarapari,
no Espírito Santo. O “matuto”
Toninho Mateiro cresceu na
região do parque e hoje é considerado um dos principais especialistas práticos de natureza
do Estado. Através da visão do
protagonista, o filme mostra
um panorama sobre o local,
incluindo um alerta sobre a
preservação da área.
Uma
de Alexandre Barcelos
DocuMentÁrIo, 14', 35MM,
cor, 2011, vItórIa (es)
Visão do planeta Terra como
um macro-organismo vivo. Assim como as células, o homem
participa desta rede energética
pelo equilíbrio de um imenso
sistema.
A Prêmio Inovação e Novas Linguagens e Melhor Curta-Metragem
Capixaba – 18º Vitória Cine Vídeo
2011 A Prêmio “Porta Curtas” Melhor Curta-Metragem – VII Mostra
Produção Independente, Vitória,
2011 A Melhor Filme Brasileiro de
Curta-Metragem, Categoria Experimental no 4º Festival de Cinema
Curta Amazônia, Porto Velho, 2013
Plano Geral
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Um apólogo
de Darcy Alcântara,
Felipe Gaze, Wolmyr
Alcântara e Délio Freire
Vento Sul
Vitória F.C.
FIcção, 13', HDv, cor,
DocuMentÁrIo, 29', HDv,
2014, vItórIa (es)
cor, 2014, vItórIa (es)
Volto à Vitória em um dia de
sol de junho, quando o vento
vira sul e o céu se torna azul.
Volto sem nunca ter saído. Vitória. Minha ilha. A cidade que
nunca foi minha.
Um clube de futebol no ano
de seu centenário: a trajetória do Vitória Futebol Clube,
o time mais antigo do estado
do Espírito Santo, nas finais do
campeonato estadual de 2012.
de Saskia Sá
de Vitor Graize e Igor Pontini
anIMação, 8', DIgItal,
cor, 2012, vItórIa (es)
Baseado no conto homônimo de
Machado de Assis, um apólogo
revive o início da primeira escola de samba do Brasil, a “Deixa
Falar”, fundada por Ismael Silva,
no Rio de Janeiro. As personagens do filme guardam todas
um mistério comum: jamais
mostram o rosto. Aproveitando
a época em que se passa o filme,
os anos 1930 do século XX, foi
possível brincar ainda com a
forma do cinema mudo.
A Melhor Curta Metragem de Animação do Festival Panela Audiovisual, Vila Velha, 2013 (ES)
Uma volta na Lama
de Ursula Dart
DocuMentÁrIo, 26', HD,
cor, 2010, vItórIa (es)
Uma cidade cresce. Uma rua
se modifica.
Um Sampaio teimoso
De Nayara Tognere
DocuMentÁrIo, 13', DIgItal, cor,
2010, cacHoeIro De ItapeMIrIM
(es) e rIo De JaneIro (rJ)
O filme revela particularidades
da vida de Sérgio Sampaio através de depoimentos de amigos,
familiares, imagens de arquivo
e sua própria música, mostrando a incontestável importância
do cantor e compositor para a
música brasileira.
2010 — 2015
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Victor
de Felipe Gaze, Wolmyr
Alcantara e Darcy Alcantara
anIMação, 1', DIgItal,
cor, 2015, vItórIa (es)
A Melhor Filme do Foco Capixaba,
21º Vitória Cine Vìdeo, 2014
Vivendo de Rock
no Espírito Santo
de Mila Neri
Os pingos da chuva parecem
não incomodar um estranho
homem e seu surrão quando
esses atravessam na madrugada
a fachada de um cemitério na
alameda mal iluminada. Enquanto o carro policial ronda
a esquina, o misterioso sujeito,
cuja face permanece oculta na
névoa densa, aperta o passo até
chegar em um pequeno cômodo onde dedica o restante da
madrugada ao seu enigmático projeto. A manhã seguinte
traz a revelação surpreendente
de todo o mistério envolto na
figura e o verdadeiro motivo
de sua pressa: o homem é um
artista, criador de brinquedos a
partir de materiais reutilizáveis,
como garrafas pets, latas e caixas, fazendo assim a alegria das
crianças do bairro onde vive.
DocuMentÁrIo, 17', MInI-Dv,
cor, 2015, vIla velHa (es)
Em pouco mais de 20 minutos, o curta conta a história de
pessoas que vivem, ou tentam
viver, profissionalmente do
punk/hardcore.
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