Ana Rita Amado Carvalho
Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro
de Santa Clara em Coimbra
Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural,
orientada pela Doutora Maria de Lurdes dos Anjos Craveiro, apresentada ao
Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra.
2015
Faculdade de Letras
Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de
Santa Clara em Coimbra
Ficha Técnica:
Tipo de trabalho
Título
Autor/a
Orientador/a
Júri
Identificação do Curso
Área científica
Especialidade/Ramo
Data da defesa
Classificação
Dissertação de Mestrado
Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de Santa
Clara em Coimbra
Lic.ª Ana Rita Amado Carvalho
Doutora Maria de Lurdes dos Anjos Craveiro
Presidente: Doutora Maria Luísa Pires do Carmo
Trindade
Vogais:
1. Doutora Sandra da Costa Saldanha
2. Doutora Maria de Lurdes dos Anjos Craveiro
2º Ciclo em História da Arte, Património e Turismo
Cultural
História da Arte
História da Arte
26-02-2016
17 valores
Resumo
Edificado por iniciativa de D. João IV, o mosteiro de Santa Clara-a-Nova resolvia os eternizados
problemas com a inconstância do Mondego mas, sobretudo, contribuía para a afirmação e legitimação
da nova monarquia, ecoando sobre a cidade a matriz régia associada às práticas políticas da
Restauração.
A aparente rigidez do programa arquitectural, estabelecido na igreja do mosteiro, dialoga com uma
atmosfera luxuosa, de ouro e brilho, onde se inscreve o ciclo retabular de Santa Clara-a-Nova.
Reflectindo uma campanha política, aliada a ideários pós-tridentinos, os 16 retábulos da igreja
traduzem-se numa aposta em temática litúrgica e franciscana, sempre direccionada para uma
abordagem que beneficiava a história da instituição, sendo o seu objectivo primordial a glorificação da
relíquia sagrada do corpo da Rainha Santa.
Saídos da mais prestigiada escola de talha do país, Domingos Lopes, António Gomes e Domingos
Nunes (oriundos da cidade do Porto) foram os responsáveis pela execução das novas máquinas
retabulares de Santa Clara de Coimbra. O gosto régio pelas formas tratadísticas foi impresso aos
entalhadores portuenses pelas plantas de Mateus do Couto. Contudo, a rigidez do traçado não impediu
a agitação das linhas sinuosas da talha, conseguindo estabelecer harmoniosa comunhão.
Os grandes objectivos deste trabalho passam pela análise criteriosa do programa retabular no interior
da igreja, pela observação detalhada das fontes iconográficas que serviram de modelo aos diferentes
retábulos e pelo confronto produtivo com as obras afins e produzidas no mesmo circuito laboral.
Palavras-chave: Santa Clara-a-Nova, Retábulo, Talha dourada, Arte Religiosa, Domingos Lopes,
Domingos Nunes, António Gomes.
Abstract
Built by initiative of King D. João IV, the monastery of Santa Clara-a-Nova was the solution to the
eternal problems of the inconstant Mondego but, most of all, it contributed to the assertion and
legitimization of the new monarchy, with the regal array associated to the political practices of the
Restoration eccoing over the city.
The apparent rigidity of the architectural programme, established in the church of the monastery,
dialogues with a luxurious atmosphere, of gold and brightness, where the retable cycle of Santa Claraa-Nova is inscribed. Reflecting a political campaign, allied with post-tridentine ideals, the 16
altarpieces of the church translate into a liturgical and Franciscan theme, directed to an approach which
benefitted the history of the institution and of which its primary goal was to glorify the sacred relic of
the body of Rainha Santa.
Upon completion of their studies at the most prestigious school of gilding of the country, Domingos
Lopes, António Gomes and Domingos Nunes (originally from the city of Oporto), were responsible for
the execution of the new retables of Santa Clara in Coimbra. The regal taste for the tratadistic forms
was imprinted in the Portuguese gilders by the designs of Mateus do Couto. However, the tracing
rigidity did not impede the flurry of the sinuous lines of the gilded carvings, thus creating a
harmonious communion.
The main goals of this work are the thorough analysis of the retable programme in the church interior,
the detailed observation of the iconographic sources that served as a model to the different retables and
the productive comparison of the retables with the related work produced in the same labour circuit.
Key-words: Santa Clara-a-Nova, Retable, Gilded Carvings, Religious Art, Domingos Lopes,
Domingos Nunes, António Gomes.
Agradecimentos
No decorrer desta jornada construtiva e de crescimento académico e pessoal, não poderia deixar de
agradecer a um leque vasto de pessoas e instituições, que me acompanharam e contribuíram para a
elaboração da presente dissertação.
Agradeço aos professores de História da Arte, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra,
por me acompanharem e fornecerem toda uma bagagem essencial, que levo para toda a vida e que me
ajudou a crescer como pessoa e profissional. Neste claro processo evolutivo agradeço o apoio da
professora Doutora Luísa Trindade, da professora Doutora Joana Brites, do professor Doutor Francisco
Pato Macedo, do professor Doutor Delfim Sardo e de todos os outros professores da casa que
contribuíram de igual modo para a minha formação académica e pessoal, no decorrer da minha
licenciatura e mestrado.
Um sincero e especial agradecimento à professora Doutora Maria de Lurdes Craveiro, orientadora
desta tese, pelo apoio, tempo, paciência e preciosos conselhos que me disponibilizou, confiando e
impulsionando-me oportunidades e experiências enriquecedoras para a minha formação.
À Confraria da Rainha Santa Isabel, pela oportunidade de estudo do seu rico património e pela boa
vontade do Srº Prof. Doutor António Rebelo em me autorizar o registo fotográfico nos coros da igreja,
sem os quais o trabalho dificilmente ganharia relevância e enriquecimento. Agradecimento também ao
Srº Carlos Barreira e ao colega mestre Carlos Gustavo.
Agradeço à organização do I Simpósio de História da Arte com o tema “O Retábulo no espaço
Iberoamericano: forma, função e iconografia” por me ter aceite e proporcionado momentos de imenso
conhecimento e partilha. Agradeço às sugestões e conselhos do Professor Doutor Carlos Moura, do
Professor Doutor Francisco Lameira, da Doutora Carla Queirós e um especial agradecimento à
Doutora Sílvia Ferreira que se disponibilizou para a procura de documentos na Torre do Tombo,
fundamentais para a elaboração desta dissertação.
Por último, não podia deixar de agradecer aos meus pais que sempre me apoiaram para o sucesso das
minhas realizações pessoais, financiando a minha formação. À minha mãe por me ceder gentilmente o
registo fotográfico do interior da igreja de Santa Clara-a-Nova. Ao meu companheiro, Engº Paulo
Oliveira, pelo esforço e dedicação, incentivando-me e motivando-me na elaboração desta tese. E a toda
a minha família, amigos, alunas e colegas por sempre acreditarem em mim.
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Índice
Introdução ................................................................................................................................... 4
1.
Santa Clara-a-Nova como estratégia régia ................................................................... 10
O erguer do novo templo: os ritmos de construção do mosteiro .......................................... 14
2. A igreja do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova................................................................... 21
Uma síntese de permanências nacionais ............................................................................... 21
O envolvente calor da talha................................................................................................... 24
3. O Ciclo Retabular da Igreja de Santa Clara-a-Nova ...................................................... 29
3.1. Retábulo da capela-mor ................................................................................................. 37
3.2. O conjunto retabular do corpo da igreja ........................................................................ 44
3.2.1. O Santo Fundador ................................................................................................... 49
3.2.1.1. Painel de S. Francisco .......................................................................................... 49
3.2.1.2. Painel da visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco............................ 55
3.2.2. A Santa Padroeira .................................................................................................... 59
3.2.2.1.Painel da Rainha Santa Isabel (Milagre das Rosas de Alenquer) ......................... 61
3.2.2.2. Painel de Santa Isabel de Portugal ....................................................................... 66
3.2.3. Os Santos franciscanos ............................................................................................ 72
3.2.3.1. Painel de Santo António ....................................................................................... 72
3.2.3.2. Painel de S. Luís de Tolosa .................................................................................. 76
3.2.3.3. Painel de São João Capistrano ............................................................................. 80
3.2.3.4. Painel de Santa Coleta .......................................................................................... 84
3.2.3.5. Painel de São Bartolomeu .................................................................................... 88
3.2.3.6. Painel de São Pedro de Alcântara ........................................................................ 92
3.2.4. Personagens litúrgicas ............................................................................................. 98
3.2.4.1. Painel da Nossa Senhora da Conceição ............................................................... 98
3.2.4.2. Painel de São Pedro ............................................................................................ 108
3.2.5. Retábulos colaterais............................................................................................... 112
3.2.5.1. Painel do Baptismo ............................................................................................ 112
3.2.5.2. Painel da Comunhão .......................................................................................... 117
3.3. Retábulo gémeo da igreja............................................................................................. 121
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.4. O majestático conjunto de talha da igreja ................................................................... 123
4. O circuito laboral da retabulária da igreja ................................................................... 125
4.1. Domingos Lopes (e Manuel Moreira) ......................................................................... 125
4.2. António Gomes e Domingos Nunes ............................................................................ 131
4.3. A confluência de artistas da escola de talha do Porto ................................................. 135
Conclusão ............................................................................................................................... 138
Bibliografia ............................................................................................................................ 143
Anexos ................................................................................................................................... 166
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Introdução
Deslocadas do seu contexto temporal, as expressões artísticas que subsistiram até aos dias de
hoje encontram-se desactualizadas. Para uma leitura iconográfica é necessário saber
interpretar a mensagem subjacente, que nem sempre é compreendida, cabendo ao historiador
de arte a missão de a descodificar. Desde os tempos mais remotos que se usa a imagem para
registar uma ideia ou mensagem a transmitir, usando-a como veículo de comunicação. O
poder das instâncias clericais (tal como o de todas as elites) soube tirar partido disso,
encontrando no retábulo o mecanismo mais eficaz. A retabulária tornou-se, desta forma, um
“discurso”, como refere António Filipe Pimentel1. Esse universo discursivo permanece no
nosso quotidiano (de forma muitas vezes incompreensível) e ganha lugar na memória
colectiva de uma sociedade que herdou uma educação cristã ainda persistente.
Foi neste contexto que a imagem do retábulo de S. Francisco na igreja de Santa Clara-a-Nova,
sendo uma presença constante do percurso catequético, se tornou tão familiar que despertou
um carinho especial, suficiente para ter sido escolhido como tema para o trabalho elaborado
no âmbito da cadeira de Temas de Arte Religiosa, do 1º ano do Mestrado em História da Arte,
Património e Turismo Cultural, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com a
orientação da Professora Maria de Lurdes Craveiro. A descodificação desse retábulo,
executada no trabalho intitulado “O retábulo da estigmatização de São Francisco”, foi o
ponto de partida para a presente dissertação motivando a possibilidade de leitura dos restantes
painéis figurativos que, ao fim de quatro séculos, continuam a exercer o seu objectivo
principal de transmitir a narrativa da vida dos santos (caso se alcance a sua correcta
interpretação). Por sugestão da Prof. Maria de Lurdes Craveiro, orientadora desta tese, foi
alastrado o trabalho a todos os retábulos do interior da igreja, os quais serão explorados da
melhor forma possível na presente dissertação.
O estudo relativo aos retábulos da igreja de Santa Clara-a-Nova teve o seu primeiro registo
em 1947 no Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra, onde se procede a uma
descrição superficial de todo o interior da igreja, com a incorrecta identificação de alguns
temas representados. Passados 37 anos, é publicado na obra de Domingos de Pinho Brandão,
1
PIMENTEL, A. F. (2002). O tempo e o modo: o retábulo enquanto discurso. Santiago de Compostela: Xunta
de Galicia.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na diocese do Porto:
documentação, a primeira transcrição do contrato de encomenda de 1692 relativo a onze
retábulos para a nova igreja de Santa Clara de Coimbra. Essa publicação foi basilar para que,
em 2003, Nelson Correia Borges a utilizasse para a identificação mais actualizada dos
retábulos da nave da igreja, no seu artigo “A talha” publicado em Monumentos: revista
semestral de edifícios e monumentos, nº 18, avançando também a autoria do retábulo do altarmor que até então continuava desconhecida. A partir desta publicação, nada mais foi registado
e abordado, com tão relevante significado sobre o interior retabular da igreja de Santa Clara-aNova. Propõe-se com esta dissertação a análise e interpretação, da forma mais actualizada
possível, daquilo que há mais de 10 anos se deixou por debater: afinal, o que reflecte o ciclo
retabular da igreja de Santa Clara-a-Nova?
Cingindo o espaço de estudo apenas ao interior da igreja (deixando de lado os coros) parte-se
do geral para o particular, da exploração e análise de toda a essência do mosteiro, aliada a
práticas políticas e religiosas, concentrando a atenção na igreja, onde se irá explorar toda uma
iconografia associada ao ciclo retabular e elaborar um confronto com os circuitos laborais aí
convergentes. Para tal, ordena-se o texto em quatro capítulos primordiais: “1. Santa Clara-aNova como estratégia régia”; “2. A igreja do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova”; “3. O ciclo
retabular da igreja de Santa Clara-a-Nova”; e “4. O circuito laboral da retabulária da
igreja”. Os grandes objectivos deste trabalho passam pela análise criteriosa do programa
retabular no interior da igreja, pela observação detalhada das fontes iconográficas que
serviram de modelo aos diferentes retábulos e pelo confronto produtivo com as obras afins e
produzidas no mesmo circuito laboral.
O primeiro capítulo centra-se em torno do mosteiro e pretende analisar tanto a estratégia régia
aplicada ao cenóbio, como os seus ritmos construtivos. Sobre o processo inerente ao
investimento do rei neste mosteiro, destacam-se artigos de Leonor Ferrão, "Um Motivo
Arquitectónico Emblemático" divulgado no I Congresso Internacional do Barroco (1991); e
de António Filipe Pimentel em "Repercussões do tema do Palácio-Bloco na arquitectura
portuguesa" apresentado ao VII Simposio Hispano-Portugués de Historia del Arte (1995); e,
principalmente, "Mosteiro-Panteão/Mosteiro-Palácio: Notas para o estudo do Mosteiro Novo
de Santa Clara de Coimbra" no catálogo de exposição Imagen de la Reina Santa: Santa
Isabel, Infanta de Aragón y Reina de Portugal (1999). Relativamente à análise da construção
do mosteiro, esse estudo já se encontra executado por Luísa Silva e Leonor Ferrão na
Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos, nº 18 (2003), concretamente, nos
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
artigos "A construção do novo mosteiro" e "[Não] São rosas, Senhor. Sobre as obras do
claustro (1704-1760)", respectivamente.
Cingindo-se exclusivamente à igreja monacal, o segundo capítulo explora as vertentes
externas e internas da arquitectura da igreja e a caracterização decorativa. Ao nível da
arquitectura, detectam-se nomes incontornáveis como George Kubler, com A arquitectura
portuguesa chã: entre as especiarias e os diamantes, 1521-1706 (1988); e José Eduardo
Horta Correia, em Arquitectura portuguesa: renascimento maneirismo estilo chão (2002).
Exclusivamente sobre arquitectura monacal feminina, o nome de Paulo Varela Gomes é
imperativo, através essencialmente da sua tese de doutoramento, defendida em 2001,
Arquitectura, Religião e Política em Portugal no século XVII: A planta centralizada, e do seu
artigo de 2002 "A Fachada Pseudo-Frontal nas Igrejas Monásticas Femininas Portuguesas"
publicado em Conversas à volta dos conventos. No que toca à decoração da igreja, foram
essenciais os trabalhos já publicado no Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra
(1947) e na Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos, nº 18, concretamente
o artigo “A talha” (2003) de Nelson Correia Borges.
O núcleo primordial desta dissertação concentra-se no capítulo três que se inicia com uma
breve e sucinta introdução à temática retabular do mosteiro em ligação a uma campanha
política e devocional inscrita. Não é objectivo desta dissertação o estudo profundo relativo à
evolução da talha e do retábulo – estudo esse que já foi exemplarmente conseguido nos
trabalhos de Robert C. Smith, A Talha em Portugal; Natália Marinho Ferreira Alves, A arte
da talha no Porto na época barroca: artistas e clientela, materiais e técnica; por inúmeros
trabalhos de Francisco Lameira, entre os quais A talha no Algarve durante o antigo regime e,
numa versão mais abreviada, O Retábulo em Portugal: das origens ao declínio – mas
escolhe-se iniciar o capítulo três nesse sentido, contextualizando o ciclo retabular da igreja.
A partir deste tópico procede-se ao estudo iconográfico e criterioso do conjunto de dezasseis
retábulos da igreja. Para tal, organizou-se em três núcleos: “3.1. Retábulo da capela-mor”,
“3.2. Conjunto retabular do corpo da igreja” e o “3.3. Retábulo gémeo da igreja”. Para cada
um realizou-se a sua descrição física, localização e contextualização com as tipologias
construtivas utilizadas na época, identificando sempre que possível a sua autoria e análise
comparativa com outros recursos iconográficos. Pretende-se, com este estudo, dar voz aos
retábulos da igreja, num processo actualizado e valorativo do património desta casa religiosa.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Devido à sua complexidade e extensão, o capítulo “3.2. O conjunto retabular do corpo da
igreja” introduz o núcleo retabular da nave através da análise da sua singular homogeneidade
de conjunto e da multiplicação de um padrão compositivo subjacente. A partir daqui
organizou-se o estudo do programa iconográfico dos diferentes painéis figurativos por cinco
temáticas distintas: “3.2.1. O Santo Fundador”; “3.2.2. A Santa Padroeira”; “3.2.3. Os
Santos franciscanos”; “3.2.4. Personagens litúrgicas”; e “3.2.5. Retábulos colaterais”. Em
cada tema, procurou-se interpretar o episódio implícito, relacionando-o e comparando-o,
sempre que possível, com representações da mesma temática iconográfica. Se, por um lado, se
pretende explorar ao máximo as temáticas menos comuns, por outro, não é intenção
desenvolver aprofundadamente os temas que já grandes autores trabalharam.
O quarto e último capítulo vai ao encontro da análise do circuito laboral da retabulária da
igreja, aprofundando os autores por detrás da obra (sem se tornar extensivo) comparando as
diferentes mãos-de-obra dentro da igreja. Procedeu-se à recolha fotográfica dos trabalhos da
mesma oficina que ainda subsistem e aos quais se teve acesso. Para esse estudo, nomes como
Natália Ferreira Alves, Sílvia Ferreira e Carla Queirós apresentam-se irrefutáveis e ganham
protagonismo através das respectivas teses de doutoramento: Natália Ferreira Alves (1989), A
arte da talha no Porto na época barroca: artistas e clientela, materiais e técnica; Sílvia
Ferreira (2009), A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras. Volume I, II
e III; Carla Queirós (2006), A importância da sede do Bispado de Lamego na difusão da
estética retabular: tipologias e gramática decorativa nos séculos XVII-XVIII.
O património e a arte rodeiam-se de estímulos de uma linguagem recorrente, legível à luz do
seu tempo, que carecem de actualizada interpretação. Espera-se, com esta dissertação, dar voz
às mudas imagens do interior do panteão devocional, que ainda cumpre as suas funções
devocionais, e que se revelam aos olhos de todos aqueles que cruzam as suas portas (mas que
nem sempre alcançam tudo o que lhes é mostrado). O contributo essencial deste trabalho
prende-se com a interpretação de uma restrita parte do património de Santa Clara de Coimbra,
nunca antes abordado com esta amplitude e enquadramento, que não tem como pretensão
fechar um ciclo, mas antes encarar essa temática sob novas perspectivas, abrindo novos
horizontes.
No decorrer da presente dissertação tentou-se, sempre que possível, o contacto com os
documentos originais. Uma das maiores dificuldades prendeu-se com o registo fotográfico no
interior da igreja de Santa Clara-a-Nova, impedido a quem se apresente no mesmo para
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
efectuar um trabalho sobre o mosteiro. Por sua vez, o contributo essencial da Confraria da
Rainha Santa Isabel na autorização do registo fotográfico nos coros da igreja revelou-se
produtivo para o confronto entre as obras existentes no mosteiro, que resultou elucidativo da
influência artística que os entalhadores usaram na execução dos retábulos. Essa barreira não
existe para quem visita a igreja em âmbito turístico, tendo livre acesso fotográfico a todo o
seu interior, exceptuando o coro-baixo. Talvez os mecanismos de privacidade da instituição
devessem ser ajustados relativamente à comunidade científica, garantindo de forma mais
efectiva a valorização turística e cultural do património que defendem.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
1. Santa Clara-a-Nova como estratégia régia
O mosteiro de Santa Clara de Coimbra foi construído na margem esquerda da cidade por
iniciativa de Dona Mor Dias no século XIII. Com a participação directa da Rainha D. Isabel
de Aragão na construção, o mosteiro ganhou uma projecção que seria também alimentada
pela salvaguarda do sepulcro régio. A ligação do mosteiro com a cidade e a concentração
franciscana naquela área geraram uma relevância tal que até o próprio rio quis abraçar o solo
consagrado. Este território ocupado por duas grandes construções dedicadas à Ordem de S.
Francisco e ligadas à cidade através da ponte, estabelece, assim, o protagonismo franciscano.
O flagelo das cheias do Mondego obrigou as freiras a uma atenção constante ao seu
património e a alterações sistemáticas nos circuitos de circulação interna.
Não obstante as condições agrestes ao longo de séculos, as clarissas insistiram na ocupação do
espaço, resistindo mesmo à possibilidade de mudança oferecida pelo rei D.Manuel I2. Em
carta enviada a D.João IV, a abadessa mor da instituição pedia-lhe que fizesse mudar a
localização do mosteiro, longe do risco de inundação3. Este pedido interessou particularmente
o monarca, que via nele uma oportunidade de glorificação do reinado, face ao anterior, de
Filipe III4. O monarca espanhol teria sido o responsável pelo processo de canonização da
Rainha D. Isabel, que se prolongou entre 1611 a 1625, nomeando-a protectora do reino5. Por
conseguinte, D.João IV vê no pedido de construção do novo mosteiro uma motivação para
extinguir as réstias lembranças filipinas, legitimando a nova dinastia6 e albergando sob sua
2
PIMENTEL, A. F., 1999. "Mosteiro-Panteão/Mosteiro-Palácio: Notas para o estudo do Mosteiro Novo de
Santa Clara de Coimbra". In: Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel, Infanta de Aragón y Reina de Portugal.
Zaragoza: Diputación Provincial, pp. 130-132.
3
SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro". In: Monumentos: revista semestral de edifícios e
monumentos. Nº 18. Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 35.
4
FERRÃO, L., 2003. "[Não] São rosas, Senhor. Sobre as obras do claustro (1704-1760)". In: Monumentos:
revista semestral de edifícios e monumentos. Nº 18. Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, pp. 41-47.
5
VASCONCELOS, A. d., 1894. D. Isabel de Aragão. Coimbra: Imprensa da Universidade, pp. 617-619.
6
Ao mesmo tempo que se celebrava a independência de 1640, intensificava-se a conflituosa agitação interna
despontada pela ascensão ao trono da Casa de Bragança. Era, portanto, imprescindível a legitimação da nova
monarquia tanto interna como externamente. As campanhas construtivas da Restauração traduziram-se na aposta
pelo nacionalismo, remetendo ao glorioso passado histórico português, amparado pela força divina e procurando
um integrismo católico. Nascidas no seio de continuidades que se demoraram no tempo, as novidades
arquitecturais da nova dinastia começam a ter destaque com a preferência bragantinista pelas igrejas de planta
centralizada, de aspirações tratadistas e bélicas. GOMES, P. V., 2001. Arquitectura, Religião e Política em
Portugal no século XVII: A planta centralizada. Porto: Fac. de Arquitectura da Universidade, D.L., pp. 199-201.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
protecção a nova santa e padroeira do Reino de Portugal7, monumentalizando a grandeza e
consagração do seu reinado pelo reforço da linhagem real e nacional da santa rainha8.
O novo mosteiro é construído numa cota mais elevada, em confronto directo com o pólo da
Universidade, onde o poder régio é reforçado pela presença sistemática do brasão real, tal
como acontece na entrada da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova, demarcando o
patrocínio do monarca na edificação. O impacto e a monumentalidade do mosteiro na malha
urbana de Santa Clara confere à paisagem um equilíbrio de complementaridade com a Alta de
Coimbra, sendo já pertencente à representação iconográfica da cidade e actuando como uma
espécie de polo de ligação entre as duas colinas, separadas pelo rio mas unidas pela mesma
tutela9.
O monarca manda afixar todo o discurso político no portal da igreja do mosteiro de Santa
Clara-a-Nova (1649-1696) a uma escala visível a partir da cidade de Coimbra, como estrutura
comemorativa da Restauração de 164010. O portal que é composto por duas pilastras
delimitando a porta de entrada, rematadas por um espaço quadrangular preenchido pelas
armas régias, enquadradas entre pilastras e volutas, terminando com uma cruz, segue a mesma
tipologia iniciada no portal da igreja de S. João Baptista de Angra11 (datado de 1642) e que
serve o mesmo propósito comemorativo. Tal como acontece no portal da igreja da Piedade de
Santarém12 (1664-1677), desenvolvendo-se através da mesma configuração, mas notando-se
uma tendência para apostar numa escala cada vez menor do brasão real, à medida que nos
afastamos do marco comemorativo assinalado. Com isto, o monarca assinalava em Santa
Clara a legitimação definitiva e exclusivamente portuguesa da guarda e posse do túmulo da
Rainha Santa Isabel, servindo igualmente para a afirmação da nova dinastia em contraposição
à antiga13.
7
FERRÃO, L., 1991. "Um Motivo Arquitectónico Emblemático". In: I Congresso Internacional do Barroco:
actas.. Porto: Reitoria da Universidade do Porto, p. 601.
8
PIMENTEL, A. F., 1999. "Mosteiro-Panteão/Mosteiro-Palácio…, pp. 129-153.
9
RODRIGUES, V., 2003. "Coimbra: caracterização da margem esquerda". In: Monumentos: revista semestral
de edifícios e monumentos. Nº 18. Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 9.
10
FERRÃO, L., 1991. "Um Motivo Arquitectónico … , pp. 600-601.
11
Construída num espaço de arrojada imposição de propósitos castelhanos, vai alimentar a glória da nova
dinastia atuando como símbolo comemorativo da mesma. SERRÃO, V., 1990. Santarém. Lisboa: Editorial
Presença, p. 64.
12
A igreja foi construída como festejo da vitória da Batalha do Ameixial (1663) num período em que se
atravessava na região um “(…) espírito de revolta antifilipina (…)” fazendo-se usar de planos centralizados de
cruz grega que denuncia um gosto mais humanista não deixando de destacar no seu exterior o portal com
insígnias alusivas à Restauração. SERRÃO, V., 1990. Santarém…, p. 64.
13
FERRÃO, L., 1991. "Um Motivo Arquitectónico … , pp. 600-601.
11
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Desta forma, embora tenha sido mão espanhola a conseguir a canonização da rainha, era
agora sob construção e tutela nacional que o corpo da santa portuguesa se encontrava.
Contudo, a edificação correspondente ao dormitório aparenta desenvolver-se através de um
esquema quadrangular rematado por torres rectangulares angulares, que nos remete para a
tipologia que António Filipe Pimentel designou de “palácio-bloco”14 e que nos chegou por
casamento ideológico de arquitecturas herdadas no período filipino em Portugal, derivadas de
construções como o Alcazar de Madrid, o Palácio do El Prado, o Palácio do Buen Retiro ou o
Mosteiro do Escorial15.
Neste sentido, encontramos em Santa Clara-a-Nova um delicado paradoxo que se move em
terrenos perigosamente movediços entre uma edificação que se quer nacional e o transparecer
de influências contaminadas por tipologias arquitecturais de gosto filipino. Na realidade,
aquilo a que um olho mais treinado contempla é, simplesmente, um corpo alongado rematado
por duas torres angulares que assimila, na sua construção, modelos de permanências com uma
complementaridade discursiva que advém de experiências anteriormente impostas e que se
desenvolvem numa linha paralela16 sem nunca se articularem directamente com as apetências
filipinas.
A edificação do dormitório do mosteiro de Santa Clara-a-Nova é alimentada por influências
implantadas na arquitectura civil dos séculos XVII-XVIII que, retomando inspirações
anteriores a 158017, inovando modelos que se prolongam no tempo num gosto que adquire um
apego sentimental de síntese de influências previamente experimentadas18, como que
aniquilando as marcas contaminadas de valores adquiridos no antigo regime.
No período que é designado de “transição” por Carlos Azevedo, a casa nobre portuguesa
adquire um prolongamento horizontal através de um processo evolutivo contínuo,
O modelo que António Filipe Pimentel chamou de “(…) palácio-bloco (…)” e que encontra a sua origem nos
castros medievais, é caracterizado por uma edificação fechada sobre si mesma contornando um pátio central
quadrangular e que veio modernizar a tipologia de palácio já existente em Itália e Espanha. Nos reinados de
Carlos V e Filipe II, desenvolveu-se em Espanha uma tipologia palaciana caracterizada pelas suas torres
angulares, rematadas por coruchéus pontiagudos, que se expandiu por todo o reino tornando-se símbolo da
monarquia castelhana. Esta tipologia chega-nos a Portugal após 1580 e tem o seu marco materializado no Palácio
Corte-Real, tornando-se símbolo dos valores trazidos pela união ibérica e modelo a seguir por parte da
arquitectura seguinte que queria fazer ecoar a severidade aristocrática através da estética das construções,
conjugando a “(…) arquitectura chã lusitana (…)” e o “(…) desornamiento español (…)”. PIMENTEL, A. F.,
1995. "Repercussões do tema do Palácio-Bloco na arquitectura portuguesa". In: Sep. do VII Simposio HispanoPortugués de Historia del Arte.. Badajoz: s.n., pp. 81-94.
15
PIMENTEL, A. F., 1995. "Repercussões do tema do Palácio-Bloco … , p. 81.
16
PIMENTEL, A. F., 1995. "Repercussões do tema do Palácio-Bloco … , p. 85.
17
SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro”…, pp. 35-39.
18
CORREIA, J. E. H., 2002. Arquitectura portuguesa: renascimento maneirismo estilo chão. Lisboa: Presença,
pp. 63-64.
14
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
desapegando-se dos loteamentos estreitos de desenvolvimento vertical da fachada e
adoptando, desde a segunda metade do século XVI, uma fachada horizontalizante de estética
regular e simples, de proporções simétricas e sóbrias, e que vai ao encontro dos valores
desenvolvidos no designado “estilo chão” nacional19, caracterizando as casas nobres
setecentistas, nessa procura de estruturas de “formas tradicionais”, estáveis e que emanem um
gosto mais doméstico e conservador. Procura-se a monumentalidade através de formas
maciças20 e os traços militares, que estão inscritos tanto na arquitectura civil como na
religiosa deste período. O uso dos torreões na arquitectura civil tem a sua raiz na torre
senhorial e, posteriormente, na casa-torre medieval21. O elemento militar da torre materializa
a autoridade régia e prolonga-se no tempo através da sua adopção por parte de uma nobreza
que se queria afirmar. O emprego de torreões, que tão bem foram aplicados em Santa Clara-aNova, advém de tendências anteriores ao período filipino, testemunhadas no Solar dos
Pinheiros (Barcelos, 1448) ou no Solar dos Távoras (Souropires, inícios do século XVI),
através do esquema de duplicação de torres rematando um corpo abatido, conferindo
regularidade ao conjunto e propagando-se no tempo22.
Assim, a estrutura do dormitório não ostenta valores castelhanos, apresentando, ao invés, um
gosto claramente nacionalista de valores anteriores que se demoraram no tempo e que já se
vinham a implantar em Portugal antes do período filipino. Segundo George Kubler, o gosto
por uma estética mais austera e sóbria já se vinha a desenvolver em Portugal após o reinado
de D. Manuel I e antes das actuações espanholas, defendendo que em Santa Clara-a-Nova as
características espanholas desaparecem23.
O projecto resultou magnânimo e ambicioso, o que ia contra os anseios do rei em economizar
na obra. A grandiosa panorâmica do mosteiro acarreta um grande impacto cénico através do
grandioso portal da igreja e da colossal estrutura correspondente ao dormitório que gritam
sobre a cidade a imagem poderosa do Rei através do brasão régio e do carácter real que os
dois torreões adquirem. Era a dinastia portuguesa que agora velava pelo corpo sagrado de
linhagem régia nacional e que imite essa afirmação através de uma estrutura de arquitectura
19
SERRÃO, V., 1986. História da Arte em Portugal - O Maneirismo. Lisboa: Publicações Alfa, p. 134.
AZEVEDO, C. d., 1971. Solares portugueses …, p. 69.
21
PIMENTEL, A. F., 1995. "Repercussões do tema do Palácio-Bloco … pp. 81-94.
22
Veja-se a título de exemplo: A Casa dos Mascarenhas (situada na Travessa da Praça, perpendicular à Rua
Belém, em Lisboa, 1614), o Paço dos Arcos (em Oeiras, século XVI), a Quinta de Valflores (em Loures, século
XVII), a Quinta da Forja (em Montemor-o-Velho, século XVIII), o Paço da Ribeira (em Lisboa), o Palácio de
Mafra e o Paço dos Bispos-Condes de Coimbra (na Figueira-da-Foz). PIMENTEL, A. F., 1995. "Repercussões
do tema do Palácio-Bloco … pp. 81-94.
23
KUBLER, G., 1988. A arquitectura portuguesa chã..., p. 158.
20
13
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
civil, apelando à tipologia dos anteriores palácios régios. Como lhe chamou António Filipe
Pimentel, o novo mosteiro de Santa Clara é igualmente um mosteiro-panteão e um mosteiropalácio24, erguido para afirmação da restaurada dinastia sobre a cidade que acolheu o corpo
do primeiro Rei da nação portuguesa25.
O erguer do novo templo: os ritmos de construção do mosteiro26
Atendendo ao pedido das clarissas por alvará de 12 de Dezembro de 1647, o monarca ordena
a construção de um novo mosteiro longe da teimosia do rio Mondego que insistia em
perturbar o antigo cenóbio27. Transfere-o para um patamar mais seguro, junto à ermida de
Nossa Senhora da Esperança, e encarrega o conde de Cantanhede, D. António Luiz de
Menezes, de supervisionar as obras28. A construção foi monetariamente custeada pela coroa e,
muito embora fosse uma construção régia, não transparece estravagância ou luxo,
naturalmente devido às consequências do período da Restauração que o país estava a viver29.
Como refere o monarca: “(…)que se faça como convém ao serviço de nosso Senhor e não aja
nisto superfluidades gastos nem despesas de que Deus se não servira nem o aperto das
guerras do tempo presente o permitem(…)”30. Contudo, não deixa de ter impresso os
símbolos régios como marca de poder, centrando todo o discurso político no portal da igreja31.
Só dois anos depois é que se lança a primeira pedra para o futuro mosteiro, que se iria basear
na planta de Frei João Turriano32. Os planos do frade foram respeitados quase na íntegra ao
24
Ensaiava-se em Santa Clara-a-Nova uma tipologia que iria proliferar mais tarde no mosteiro-palácio de Mafra.
PIMENTEL, A. F., 1999. "Mosteiro-Panteão/Mosteiro-Palácio… pp. 136-137.
26
Sobre o estudo da construção do mosteiro de Santa Clara-a-Nova: SILVA, L., 2003. "A construção do novo
mosteiro"…, pp. 35-39. E mais concretamente sobre o claustro do mesmo cenóbio: FERRÃO, L., 2003. "[Não]
São rosas, Senhor…, pp. 41-47.
27
Mais do que a atenção com as condições de vida das clarissas, o rei fez questão de sublinhar também a sua
preocupação com o estado da padroeira do reino: “(…) grande perigo e perda das vidas das Religiosas que o
abitão, alem de outra ele muta e notável fonderação, como he a da sepultura da Stª Raynha Santa Isabel que
esta enterrada no corpo do dito convento de Santa Clara (…)”, em A.U.C., 1648-1724. "Registo Do Alvara De
sua Magestade Para o novo Mosteiro de S. Clara". In: Fazenda - Mosteiro de Santa Clara: "Registo dos papéis
pertencentes ao novo mosteiro..." (Alvarás, nomeações, vendas, obras). 1V-1ºE-10-2: nº 51.
28
VASCONCELOS, A. d., 1894. D. Isabel de Aragão…, p. 498.
29
SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro"…, p. 35.
30
A.U.C., 1648-1724. "Registo Do Alvara De sua Magestade Para o novo Mosteiro de S. Clara". In: Fazenda Mosteiro de Santa Clara: "Registo dos papéis pertencentes ao novo mosteiro..." (Alvarás, nomeações, vendas,
obras). 1V-1ºE-10-2: nº 51.
31
FERRÃO, L., 1991. "Um Motivo Arquitectónico …, p. 600.
32
VASCONCELOS, A. d., 1894. D. Isabel de Aragão…, p. 499.
25
14
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
longo da demorosa obra33. Seguindo as instruções de D. João IV: “(…) Fara o ditto Padre
Frey João Turriano34 a traça para o ditto mosteiro no sitio que parecer mais conveniente.
(…) Que a Capella Mor da Igreja se fassa com toda a sumptusidade porque he de servir para
sepulturas dos Reys que nella se quizerem sepultar (…) acomodando o da Raynha Santa
Izabel no mais superior lugar. Quer mais o ditto senhor que se fassam huns passos35
acomodados junto do ditto mosteiro para huma Raynha ou Infanta que nelles se quizer
recolher, que tenham serventia para dentro do ditto mosteiro e tribunas para a capella
mayor. (…) Todas as oficinas hão de ser abobadadas (…)”36.
Ao longo da construção, o mosteiro viu entrar e sair diversas mãos qualificadas. Em 1649,
mas ainda sob ordens de Frei João Turriano, Domingos de Freitas assina contrato como
mestre-de-obras e, um ano depois, assina outro para a construção do primeiro aqueduto do
mosteiro. Após a sua morte, Pedro de Freitas, seu irmão, continua o seu trabalho37. Em 17 de
Junho de 1663, Francisco Rodrigues e Manuel Rodrigues Velozo estão à frente dos
trabalhos38. Segue-lhes Manuel Sugeciro, que assina escritura em 16 de Abril de 1685.
Mateus do Couto39, arquitecto e engenheiro do rei, desloca-se a Coimbra por várias vezes,
para assegurar e medir a evolução dos trabalhos do mosteiro. Depois da direcção de Frei João
Turriano, que conseguiu finalizar a intenção prioritária do novo mosteiro, foi Mateus do
SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro"…, p. 35.
Frei João Turriano nasceu em 1610 e foi filho de arquitecto e engenheiro militar, o italiano Leonardo Turriano.
Com 19 anos ingressa na ordem beneditina, tomando o hábito a 29 de Novembro de 1629. Estudou matemática,
desenho, arquitectura e engenharia militar. Na Universidade de Coimbra foi lente de matemática e engenheiromor de D. João IV. Da sua autoria são a fortaleza da Cabeça Secca (iniciada em 1646); a traça da capela-mor das
Sés de Visei e Leiria; e por variadas obras conventuais, entre as quais o dormitório e hospedarias do mosteiro
beneditino de Semide; o novo dormitório de Alcobaça; o das Inglezinhas de Lisboa; o de Odivelas; o da Estrela;
o de Travanca; a igreja nova de Santo Tirso; o mosteiro de Lisboa, … A execução da planta de Santa Clara-aNova “(…) e os outros seus possíveis trabalhos no campo da arquitectura não militar demonstram bem o papel
que os engenheiros militares desempenharam na arquitectura portuguesa nos séculos XVII e XVIII (…)”, dir.
PEREIRA, José Fernandes; coord. PEREIRA, Paulo; fot. PALMA, Manuel, 1989. Dicionário da Arte Barroca
em Portugal. Lisboa: Presença, p. 504. Ainda sobre este arquitecto: ABREU, S. M., 2003. "Livros e saber
prático e saber prático de um arquitecto do século XVII: a biblioteca de Fr. João Turriano e o mosteiro novo de
Santa Clara em Coimbra". In: Ciências e Técnicas do Património: Revista da Faculdade de Letras do Porto. I
série, vol. 2. Porto: Faculdade de Letras do Porto, pp. 803-822; coord. por VITERBO, Sousa, 1922. Diccionario
historico e documental dos architectos, engenheiros e construtores portuguezes ou a serviço de Portugal.
Lisboa: Imprensa Nacional, pp. 144-145.
35
Pensa-se que os Paços correspondem à estrutura que se desenvolve fora de muros e que tem acesso directo à
sacristia do mosteiro.
36
SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro"…, p. 35.
37
SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro"…, p. 36.
38
Segundo Luísa Silva, estes dois mestres são os primeiros oriundos de Coimbra, sendo que, os anteriores,
provinham da capital.
39
Mateus do Couto iniciara o seu percurso profissional em 1647, numa altura em que se difundiam as
campanhas da pós-Restauração. Seguindo as pisadas de seu tio (o arquitecto régio, civil e militar com o mesmo
nome), foi nomeado em 1669 arquitecto de Santa Engrácia. Trabalhou em diversas obras na zona de Lisboa e
Alentejo, sendo autor também de trabalhos em retábulos e tribunas. dir. PEREIRA, José Fernandes; coord.
PEREIRA, Paulo; fot. PALMA, Manuel, 1989. Dicionário da Arte Barroca em Portugal…, p. 142.
33
34
15
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Couto a quem coube prosseguir a grandiosa obra. Desta forma, a planta originária de Frei
João Turriano sofre alterações para responder melhor às exigências estilísticas da época,
procurando algo mais “agitado” e “marcante”, distante das ideologias que proliferavam a
quando da execução da planta original. Durante dez anos, Manuel Sugeciro encontra-se no
mosteiro como mestre-de-obras, tido assinado escritura em 16 de Abril de 1685. Em 1692,
contractam-se os mestres imaginários António Gomes e Domingos Nunes para a execução de
onze retábulos e Domingos Lopes para o retábulo da capela-mor. Sob o comando de Manuel
Sugeciro, prosseguiram-se os trabalhos dos retábulos da igreja que teriam de respeitar a traça
de Mateus do Couto. A igreja e o portal adjacente encontravam-se concluídos em 1696. Em
1722, Manuel Caldeira e Gaspar Ferreira tornam-se os novos mestres-de-obras, por escritura
de 30 de Setembro40.
A construção do claustro só se executa após a conclusão do espaço da igreja sendo datado de
1700 a primeira referência sobre a sua necessidade e de 24 de Agosto de 1704 a ordem da
medição da obra, constando que o Marquês do Alegrete determinou a Manuel do Couto41 a
execução da sua planta. Segundo os registos de medição analisados por Leonor Ferrão, em 3
de Abril de 1709 já se teria colocado o pavimento do sobre-claustro, em 1 de Outubro de 1713
a conclusão de duas alas e em 5 de Agosto de 1717 já se encontrava em execução uma
terceira ala. Note-se que, ao longo da construção do mosteiro, a vigilância régia intervém
sempre na supervisão das obras. Após a morte de Manuel do Couto, em 1733, as obras tomam
um ritmo vagaroso durante, aproximadamente, vinte anos. Como refere Leonor Ferrão, este
corte na dinâmica da construção pode advir da convergência de pessoal qualificado em torno
das obras do Palácio de Mafra, provocando fragilidades na estrutura que conduziram a alguns
desmoronamentos, como é o caso, ainda durante a direcção de Mateus do Couto, do refeitório,
em 18 de Julho de 1696; e da ala do claustro do lado do olival, em 1734, sofrendo ordem de
demolição um ano depois. Em 1737, na sequência destes acontecimentos, é incumbido ao
arquitecto Custódio Vieira a reedificação da planta de forma a fortalecer a débil construção42.
No mesmo ano, e após a sua nomeação como arquitecto dos Paços Reais de Sintra, Almeirim,
Salvaterra, Mosteiro da Batalha e da província do Alentejo, a 13 de Abril, dirigiu-se ao
SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro"…, pp. 36-37.
Seguindo as pisadas de seu padrinho Mateus do Couto (que vem mais tarde a substituir), Manuel do Couto
inicia o seu percurso de aprendiz de arquitectura civil em 1683, contudo, o rumo da sua jornada acaba por seguir
linhas de arquitectura militar. Ao mesmo tempo que colaborava na empreitada de Santa Clara-a-Nova,
participava nas Obras Gerais da Universidade de Coimbra. dir. PEREIRA, José Fernandes; coord. PEREIRA,
Paulo; fot. PALMA, Manuel, 1989. Dicionário da Arte Barroca em Portugal…, p. 142.
42
FERRÃO, L., 2003. "[Não] São rosas, Senhor…, p. 43.
40
41
16
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
mosteiro para averiguar o progresso da construção, elaborando, a 30 de Junho, a medição
relativa aos trabalhos desenvolvidos até então. Em 22 de Setembro de 1738, é aprovado o
novo projecto que implicaria actualizações estéticas, como o arredondamento dos cantos43,
enobrecidos por nichos e tabelas, que adquirem na sua base uma fonte encimada por dois
golfinhos com caudas entrelaçadas e um búzio; no piso térreo, entaiparam-se as janelas que
alternavam com os arcos de volta perfeita e, no seu lugar, empregaram para cada nembo, um
par de colunas dóricas que emolduram duas tabelas simétricas com motivo circular saliente no
centro; no que toca ao segundo piso, as janelas do projecto de Manuel do Couto foram
mantidas acrescentando-se “guardas em pedraria rendilhada”44.
Carlos Mardel45 vem substituir Custódio Vieira após a sua morte em 24 de Abril de 1744.
Como é costume, executa uma certidão de medição em 18 de Novembro de 1744 e, com esta,
apresenta o seu parecer técnico que vai ao encontro de novas actualizações no projecto,
focadas essencialmente no segundo piso e remate do claustro, no mesmo intuito do
planeamento equilibrado entre o reforço das estruturas e a aplicação prudente do ornamento.
São da sua responsabilidade os templetes com nichos que alternam com as janelas, as
gárgulas, a platibanda de remate, da mesma estética que as varandas do segundo piso, e os
pináculos que acentuam o ritmo dado pelo alinhamento das colunas46. O claustro encerra o
percurso de obras com Carlos Mardel em 1760, segundo certidão de 12 de Fevereiro, e só não
se prolonga após a sua morte porque é chumbada a colocação de uma quinta fonte47, em 23 de
Dezembro de 1773, continuando-se, contudo, os trabalhos de encanamento de água aos quatro
chafarizes do claustro48.
Como alerta Leonor Ferrão, os 60 anos em torno da construção do claustro do Mosteiro de
Santa Clara-a-Nova resultam de uma obra de singular unidade, pese embora as suas diversas
43
O resultado acabado do claustro de Santa Clara-a-Nova explora o uso interrupto do seu modelo compositivo
exemplarmente conseguido através do arredondamento dos cantos, aproximando-se a uma forma perfeita na
repetição infinita da sua matriz.
44
FERRÃO, L., 2003. "[Não] São rosas, Senhor…, p. 44.
45
O arquitecto Carlos Mardel chegara a Portugal com o objectivo de trabalhar como engenheiro das Águas
Livres. O seu notável trabalho fez com que sucedesse a Custódio Vieira em 1747, atingindo a categoria de
arquitecto dos Paços Reais e Alentejo. Dois anos depois fora nomeado arquitecto das Ordens Militares e, em
1751, coronel engenheiro. Executa diversas obras ao nível do abastecimento de águas, arquitectura civil e, com
menos frequências, arquitectura religiosa (como a portaria e claustro de Santa Clara-a-Nova). Colaborou também
no reerguer da Lisboa pós 1755. dir. PEREIRA, José Fernandes; coord. PEREIRA, Paulo; fot. PALMA, Manuel,
1989. Dicionário da Arte Barroca em Portugal…, pp. 280-283.
46
FERRÃO, L., 2003. "[Não] São rosas, Senhor…, p. 44.
47
Segundo Leonor Ferrão, a reprovação deste elemento mostra-se infeliz. A autora refere que a inclusão de uma
quinta fonte, como estava previsto, ia ao encontro do simbolismo das cinco chagas de Jesus Cristo e do sangue
acolhido no “Santo Graal”, materializadas através da “fons vitae”, fonte central de onde brotam quatro rios em
direcções diferente. FERRÃO, L., 2003. "[Não] São rosas, Senhor…, pp. 45 e 47.
48
FERRÃO, L., 2003. "[Não] São rosas, Senhor…, p. 45.
17
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
reformulações. Apesar disso, soube adaptar as estéticas vigentes ao longo da sua construção
tal como os modelos barrocos souberam ajustar-se à arquitectura do século XVIII em
Coimbra49, resultando num original espaço que bebe influências de projectos anteriormente
credenciados, como o claustro de D. João III (no Convento de Cristo, em Tomar) e do Colégio
da Sapiência (em Coimbra)50.
O uso corrente dos mecanismos estéticos ondulantes, adaptados ao claustro, prolongaram-se
nas construções posteriores do mosteiro. A construção da portaria remonta a 1761, após
ordem de 20 de Outubro dirigida a Gaspar Ferreira51 para seguir os planos assinados por
Carlos Mardel52. Após a sua morte, em 1762, a obra pára para se executarem as devidas
certidões de medição que se executam um ano depois53. A obra só retoma em 1768 com a
orientação de Domingos Moreira Meireles, tendo ainda trabalhado nesta a mão de Luis
Teotónio Chama, em 1768 e 1769,e dada por concluída em 177054.
Como qualquer edificação, as intervenções de manutenção são trabalhos constantes e
necessários. Desta forma, o mosteiro continua a sofrer agitações após 1770, como é o caso do
processo de encanamento de águas até aos quatro chafarizes do claustro, como já referido. A
demora na conclusão da obra acontece pois esta era uma obra régia e, por isso, acompanhou
as alterações económico-sociais da época55.
A partir de 1834, por decreto de 28 de Maio, deu-se a extinção de todos os conventos e casas
religiosas das ordens regulares56. Sendo que, em mosteiros femininos, este só se extinguia
aquando da morte da última freira. No caso do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, só irá
acontecer em Março de 1886, passando para os domínios da Congregação de S. José de Cluny
com o objectivo de se montar um colégio missionário, ficando destinado à Confraria da
Rainha Santa as hospedarias e a casa do capelão, e a igreja ficaria para uso comum. Em 1910,
49
CRAVEIRO, M. d. L., 1996. "A Segunda Metade do Século XVIII em Coimbra - Tradição e Inovação no
Discurso Arquitectónico". In: Oficinas Regionais. VI Simpósio Luso-Espanhol de História da Arte. Tomar:
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Tomar, p. 509.
50
FERRÃO, L., 2003. "[Não] São rosas, Senhor…, p. 45.
51
Gaspar Ferreira surge em 1718 como mestre-de-obras na Universidade de Coimbra. Executa trabalhos como
arquitecto, construtor, entalhador e tracista de diversas edificações na mesma cidade, entre as quais a actual
Biblioteca Joanina. dir. PEREIRA, José Fernandes; coord. PEREIRA, Paulo; fot. PALMA, Manuel, 1989.
Dicionário da Arte Barroca em Portugal…, pp. 187-188.
52
CORREIA, V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra…, p. 75.
53
CRAVEIRO, M. d. L., 1996. "A Segunda Metade do Século XVIII em Coimbra …, p. 511.
54
CRAVEIRO, M. d. L., 1996. "A Segunda Metade do Século XVIII em Coimbra …, p. 512.
55
SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro"…, pp 36-38.
56
VASCONCELOS, A. d., 1894. D. Isabel de Aragão…, p. 518.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
o colégio missionário é extinto e o claustro, os coros e o templo transferem-se para a guarda
da confraria, sendo que a zona conventual foi ocupada por um regimento do exército57.
A construção do novo mosteiro de Santa Clara prolongou-se no tempo. Uma urgente
edificação de uma obra de tamanha envergadura está sujeita a diversas circunstâncias ao
longo da sua elaboração. Mesmo assim, correspondeu na perfeição à sua função inicial. Em
momento algum, o poder régio se desligou do desenvolvimento da construção que mandou
edificar e que serviria um propósito que beneficiava as aspirações do rei. Os arquitectos por
detrás da obra, pertenciam ao circuito régio, com importante ligação à Universidade de
Coimbra. A construção acompanhou a evolução das circunstâncias políticas, económicas e
sociais da coroa, como as guerras e a escassez do poder de investimento monetário que se
faziam sentir. Desta forma, as obras do mosteiro de Santa Clara-a-Nova atrasaram mas,
mesmo assim, cumpriram rapidamente o objectivo de recolher as religiosas e salvaguardar o
túmulo da Rainha Santa Isabel58.
57
58
CORREIA, V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra…, p. 76.
SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro"…, p. 38.
19
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
2. A igreja do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
Uma síntese de permanências nacionais
“(…)Santa Clara-a-Nova reúne muitas das mais características tendências nacionais da
arquitectura portuguesa posterior a 1500. (…)” (KUBLER, 1988, p. 158)
Correspondendo à tipologia construtiva usualmente aplicada para mosteiros femininos, a
igreja de Santa Clara-a-Nova é composta por uma única nave que funciona como elo de
ligação entre os coros e a cabeceira da igreja, sendo a entrada dos fiéis feita na lateral oriental.
Foi construída entre 1649-169659 e projectada pela mão de frei João Turriano60 e,
posteriormente, orientada por Mateus do Couto61.
A planta apresenta, assim, uma igreja de nave única composta a sul pela cabeceira, sacristia e
corredores circundantes62 e, a norte, pela extensão referente aos coros, ocupando uma área
idêntica à da nave e desenvolvendo-se em dois pisos, sendo o piso inferior organizado como
uma igreja de três naves. As paredes que circundam a nave e os coros da igreja têm mais de
59
GONÇALVES, A. N. e. C. V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra. Lisboa: Academia
Nacional de Belas Artes, p. 75.
60
D. João IV encarrega o engenheiro-mor do Reino (subsequentemente é lente de matemática da Universidade
de Coimbra) de executar o projecto para o novo mosteiro. SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro".
In: Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos. Nº 18. Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais, p. 35.
Segundo Leonor Ferrão, o frade beneditino viu a sua planta ser executada nos iniciais dezanove anos sendo
posteriormente transferida para as mãos de Mateus do Couto. FERRÃO, L., 2003. "[Não] São rosas, Senhor.
Sobre as obras do claustro (1704-1760)". In: Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos. Nº 18.
Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 41.
61
Mateus do Couto veio substituir Frei João Turriano no seu cargo de “(…) arquitecto e engenheiro do rei (…)”,
executando várias medições aos trabalhos que já se iam desenrolando no novo mosteiro, sendo que já se teriam
iniciado as obras da igreja e sacristia em 1677, segundo medição feita, dando conta da conclusão do dormitório,
cozinha e refeitório. SILVA, L., 2003. "A construção do novo mosteiro"…, p. 36.
Pode-se dizer que os trabalhos da igreja só se iniciaram após a conclusão das dependências mais urgentes e que
correspondem ao período temporal em que o arquitecto Mateus do Couto esteve à frente do projecto.
Apesar de seguir a planta de Frei João Turriano, foi-lhe expressamente incumbida a traça das abóbadas e do
portal da igreja. FERRÃO, L., 2003. "[Não] São rosas, Senhor…, pp. 41-42.
62
“Estes corredores a rodear a capela-mor tornaram-se solução característica da arquitectura portuguesa da
Restauração.” KUBLER, G., 1988. A arquitectura portuguesa chã: entre as especiarias e os diamantes, 15211706. Lisboa: Vega, D.L., p. 157.
As medidas saídas do Concílio de Trento, que vieram intensificar as que já vinham a ser experimentadas desde
as reformas implementadas por D. Manuel em Portugal nos conventos femininos, accionadas pelo Concílio de
Latrão (1513-14), reflectiram-se nessa estratégia da sacristia com acesso directo ao exterior e corredores a rodear
a capela-mor no sentido de interditar o acesso dos sacerdotes ao interior do espaço monacal. GOMES, P. V.,
2000. As igrejas conventuais de freiras carmelitas descalças em Portugal e algumas notas sobre arquitectura de
igrejas de freiras. Porto, p. 95; e GOMES, P. V., 2002. "A Fachada Pseudo-Frontal nas Igrejas Monásticas
Femininas Portuguesas". In: Conversas à volta dos conventos . Évora: Casa do Sul Editora, D.L., pp. 231-232.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
três metros de espessura, assemelhando-se a uma estrutura militar63. Este tipo de arquitectura
robusta e de cariz bélico transmite um sentido de protecção e clausura personificando-se num
gigante cofre relicário para protecção e guarda do túmulo da Rainha Santa Isabel.
O esquema da nave apresenta uma organização próxima de um duplo quadrado, com recinto
abatido, remetendo para o conjunto de cinco igrejas do século XVI que Paulo Varela Gomes
identifica como partilhando a mesma planta de motivo quadrangular e diferença entre as cotas
da nave e capela-mor64. A nave ocupa uma extensão de 14 metros de largura, 27,5 metros de
comprimento e 25 metros de altura, rematada por abóbada de berço. George Kubler constrói
um paralelo, através da aproximação da altura com o comprimento do espaço da igreja, com a
nave de Santo Antão em Lisboa (1613-53), formando um particular módulo colossal65. O
autor faz também a ligação com os confessionários embutidos na parede poente com a mesma
estratégia registada na igreja dos Jerónimos em Belém (século XVI)66.
De frente para a cidade de Coimbra, prolonga-se por 90 metros de comprimento a única
fachada da igreja, dando a ilusão de ser composta por uma nave gigantesca. Contudo, o que
vemos no exterior corresponde à nave, coros, cabeceira e sacristia da igreja e não a um espaço
unitário. Essa extensão apresenta ritmos distintos conferidos através do uso e ausência de
pilastras e janelas67. O exterior da secção correspondente aos coros é de linguagem simples,
apresentando dois registos de cinco vãos rectangulares, designadamente as janelas do coro
alto e do coro baixo. A da nave da igreja é destacada pela aplicação rítmica de pilastras,
desenvolvendo-se em duas alturas, sendo a inferior rasgada a meio pelo imponente portal e a
superior aberta por cinco janelas correspondentes aos tramos da igreja, com intervalos iguais
entre si. As seis pilastras intervalam-se com os vãos num espaçamento simétrico a igual
distância com a excepção das duas pilastras centrais que limitam a perturbação arquitectural
do portal68, dando a percepção de se encontrarem desalinhadas com os vãos superiores. Este
desalinho “(…) maneirista (…)”, como refere José Eduardo Horta Correia, entre vãos e
63
KUBLER, G., 1988. A arquitectura portuguesa chã..., p. 157.
As cinco igrejas apontadas são: S. Vicente de Évora, Santa Maria de Estremoz, Misericórdia de Santarém,
Santa Catarina dos Livreiros de Lisboa e a Sala dos Reis de Alcobaça. GOMES, P. V., 2001. Arquitectura,
Religião e Política em Portugal no século XVII: A planta centralizada. Porto: Fac. de Arquitectura da
Universidade, D.L., p. 46.
65
KUBLER, G., 1988. A arquitectura portuguesa chã..., p. 157.
66
KUBLER, G., 1988. A arquitectura portuguesa chã..., p. 157.
67
O jogo entre pilastras e janelas irá aparecer também mais tarde na fachada do Mosteiro de Arouca (17041718). KUBLER, G., 1988. A arquitectura portuguesa chã..., pp. 159-160.
68
O eixo central na fachada conferido pelo portal e alinhamento das pilastras remete-nos para a ilusão de uma
fachada frontal, levando Paulo Varela Gomes a designá-la como fachada pseudo-frontal. GOMES, P. V., 2002.
"A Fachada Pseudo-Frontal nas Igrejas Monásticas Femininas Portuguesas". In: Conversas à volta dos conventos
. Évora: Casa do Sul Editora, D.L., pp. 229-242.
64
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
pilastras já havia sido experimentado no Convento de Santa Helena do Monte Calvário em
Évora (século XVI), por Afonso Álvares69, e em tantos outros exemplos da arquitectura
portuguesa. Do mesmo modo, o distanciamento entre as pilastras adquire paralelo com o
ritmo do claustro de Diogo de Torralva no Convento de Cristo em Tomar (século XVI), como
alerta George Kubler, na alternância entre os espaçamentos das pilastras70.
A zona da capela-mor encontra-se como prolongamento a sul do ritmo da fachada da nave
embora numa composição mais baixa. Nesta, abrem-se quatro vãos delimitados por cinco
pilastras que se repetem num registo rebaixado correspondendo ao corredor que liga a igreja à
sacristia e que circunda a capela-mor. Apesar da única nave da igreja transmitir internamente
uma sensação de um núcleo unitário sóbrio com uma cobertura de grande amplitude, a sua
grandiosidade não ofusca a altivez e imponência do altar que se eleva sobre a igreja através de
mecanismos visuais.
O interior da nave, de grande monumentalidade estrutural, faz a transição das paredes laterais
para a abóboda, através de uma arquitrave que vai unificar todo o corpo, rasgando-se vãos no
registo superior que iluminam o interior da igreja. Apresenta uma tipologia de “nave salão”,
como a da igreja de S. Roque de Lisboa e que mais tarde vai influenciar igrejas como a do
seminário jesuíta de Santarém (iniciada em 1675), a de Nossa Senhora do Cabo de Espichel
(1701-1707) e a do Mosteiro de Arouca (1704-1718) prolongando-se, afinal, este sentido
espacial em cronologias muito posteriores. A sua cobertura em abóbada de berço de caixotões
vai ao encontro de modelos que lhe são próximos como a abóbada da igreja de Nossa Senhora
da Graça (1555), do Colégio de Jesus (iniciado em 1598) ou na generalidade das igrejas
colegiais de Coimbra, entre outros mais afastados temporal e geograficamente. O esquema da
cobertura ultrapassa o arco de volta perfeita da cabeceira, encimado por três vitrais alusivos à
Rainha Santa Isabel, e prolonga-se para a capela-mor, encontrando-se policromada nesse
espaço. O altar-mor situa-se num patamar elevado, acedido por uma escadaria central,
obrigando o espectador a levantar o olhar para o altar e conferindo a ilusão de altura que a
capela não tem face à nave. O recinto dos fiéis é posicionado num patamar um a dois degraus
abaixo do corredor que circunda toda a nave e que percorre as capelas circundantes, tal como
já vinha a acontecer na igreja de S. Roque em Lisboa (1567-1586)71. A delimitar o recinto
rebaixado da nave estende-se uma grade de pau preto. Ao fundo da igreja, desenvolvem-se o
69
CORREIA, J. E. H., 2002. Arquitectura portuguesa: renascimento maneirismo estilo chão. Lisboa: Presença,
p. 66.
70
KUBLER, G., 1988. A arquitectura portuguesa chã..., p. 157.
71
KUBLER, G., 1988. A arquitectura portuguesa chã..., p. 157.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
coro alto e o coro baixo separados por uma parede com três divisórias em ferro, duas para os
coros e uma para um altar de dupla face. A igreja possui também dois púlpitos, um junto à
divisória dos coros (do século XVIII) e outro a meio da nave, tal como duas pias de água
benta junto à porta.
Em suma, a ânsia do rei na legitimação definitivamente portuguesa da posse do sepulcro régio
e na afirmação da nova dinastia alastrou-se não só ao portal e dormitório mas também à
estrutura arquitectural de toda a igreja, que absorveu uma síntese de influências nacionais.
Muito embora estes modelos de tendências italianizantes já se tenham entranhado no contexto
português, a arquitectura da Restauração não nasce isolada e funde em Santa Clara uma
comunhão de continuidades condensadas no panteão que glorifica a Rainha D. Isabel.
Contudo, como pôde George Kubler afirmar que a igreja de Santa Clara-a-Nova está isenta de
contaminações espanholas72 se ela se ergue para veneração de uma Santa de sangue aragonês?
O envolvente calor da talha
A campanha política difundida na composição arquitectural do novo mosteiro de Santa Clara
prolonga-se também no seu programa decorativo interno que acompanhou as novas
exigências devocionais. O interior das grossas paredes de Santa Clara-a-Nova é aquecido pelo
calor da talha e da decoração que veste a igreja. A fria sobriedade e simplicidade da estrutura
da nave é agitada internamente através dos retábulos que se encaixam entre as pilastras da
igreja e que circundam toda a nave. O esplendor de luz dourada é acompanhado de relevos e
telas compondo a narrativa litúrgica da igreja. Neste sentido, a nave é decorada, num registo
inferior, por treze retábulos (dois colaterais e onze laterais) circundando a nave e por um
painel, da mesma composição, sobre a porta de entrada. No registo superior, quatro grandes
telas do século XVIII73 marcam os quatro cantos da estrutura, correspondendo aos quatro
Padres da Igreja. Ao fundo da igreja, na parede de separação dos coros, encontramos dois
retábulos sem altar que coroam dois túmulos correspondendo ao da neta da Rainha Santa74, a
O autor defende que “(…) em Santa Clara-a-Nova de Coimbra desaparecem todas as características
espanholas. O respeito espanhol pelas fórmulas académicas italianas nunca orientou o risco da igreja coimbrã.
(…)”KUBLER, G., 1988. A arquitectura portuguesa chã..., p. 158.
73
De molduras douradas por Gabriel Ferreira e António Vidal, por contrato de 20 de Março de 1737. CORREIA,
V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra…, p. 78.
74
O túmulo foi feito ao mesmo tempo e à semelhança do da sua avó, embora numa escala mais pequena. Na
tampa, posta em oração, a figura feminina coroada encontra-se acompanhada de 3 leões, aos seus pés, 2 anjos
72
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Infanta D.Isabel, no lado do evangelho, e do lado da epístola encontra jacente uma “senhora
da dinastia de Aviz”75. Entre estes, erguem-se as duas grades de ferro dos coros, separadas
por uma tela a óleo do século XVII correspondendo a “(...) Santa Clara pondo em fuga a
soldadesca (…)”76. Rematando tudo isto, o retábulo gémeo do coro alto vigia a igreja e os
coros em simultâneo.
Na face oposta encontra-se a capela-mor num brilho ofuscante. Desenvolvendo-se numa
estrutura mais estreita e de semelhante composição da da nave, é composta pelo altar-mor,
num patamar mais elevado que o nível da igreja, e rodeada de telas do século XVIII, por
baixo das aberturas dos vãos de cada tramo, correspondendo, no lado do evangelho, à cena da
Rainha Santa tomando o hábito de clarissa, à de S. Francisco dando a regra da segunda ordem
e à da morte de Santa Isabel; do lado da epístola, encontramos a transladação das relíquias do
antigo mosteiro, S. Francisco recebendo o jubileu da Purciúncula e D. Pedro II beijando a
mão do corpo sagrado da Rainha Santa Isabel. Por baixo destas, e do mesmo período, quatro
telas dos evangelistas com molduras lobuladas.
O retábulo do altar-mor está assente sobre um embasamento constituído por mesa de altar e
sacrário, seguido por uma imagem de vulto da Rainha Santa Isabel (da autoria de Teixeira
Lopes) e por uma funda tribuna contendo o túmulo de prata da Rainha Santa, em exposição no
interior de uma câmara dourada de caixotões e parede de vidro, e o grandioso trono
eucarístico. A enquadrar tudo isto, erguem-se três arcos de colunas torsas, decoradas por
folhagem, parras de uvas e fénixes, rematadas pelo escudo régio que se sobrepõe às
arquivoltas do retábulo e fecha toda a composição. De cada lado da câmara, dois nichos
sustentam a imagem de S. Francisco, do lado do evangelho, e de Santa Clara, do lado da
epístola.
O aspecto inovador da igreja reside na singular composição retabular do esquema narrativo da
nave. Os 14 retábulos seguem todos a mesma composição dada por Mateus do Couto77,
amparando-a e 2 anjos sustentando-lhe o docel. A decorar o resto da tampa do túmulo, distribuem-se os
correspondentes escudos heráldicos. Velando pela figura, um grupo de 14 santas circundam as laterais da arca,
sendo que na face frontal encontra-se a Virgem com o menino, acompanhada de 2 anjos de cada lado.
CORREIA, V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra…, p. 84.
75
De composição mais simples, sustenta uma figura feminina estendida sobre a tampa, com o hábito de clarissa
e acompanhada por dois anjos. Em cada frontal erguem-se dois brasões, um na cabeceira e outro a seus pés.
Virgílio Correia data o túmulo de 1450 onde lhe fora esculpidos “(…) dois padrões de brocado do séc. XV (…)”.
Alerta também para as possíveis identificações: a do dr. Joaquim Martins Teixeira de Carvalho que defende
tratar-se de D. Catarina, filha do infante de D.Pedro; e a de Braamcamp Freire que afirma ter sido executada para
D. Isabel de Aragão. CORREIA, V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra…, p. 84.
76
CORREIA, V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra…, p. 78.
77
BORGES, N. C., 2003. "A talha"…, p. 70.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
ajustando-se ao arco das capelas-nicho e enquadrando um baixo-relevo envolvendo-o por
colunas torsas coríntias revestidas de folhagem, parras de uvas, querubins e fénixes,
entablamento com mísulas, rematados com uma edícula rectangular com um motivo oval no
centro. Toda a decoração é baseada em folhagens de acanto, volutas, cabeças de anjo, etc …
Os retábulos que compõem a nave distribuem-se ao longo da mesma: 9 laterais, encaixandose entre as pilastras da igreja; 2 colaterais; 2 sem altar, paralelamente aos colaterais; e 1 painel
da mesma composição sobre a porta de entrada.
Os baixo-relevos apresentam um grande sentido de movimento, através de corpos ondulantes,
diagonais e panejamentos flutuantes e são pintados sobre folha de ouro, em cores suaves. Os
seus imaginários e entalhadores, António Gomes e Domingos Nunes (que também efectuam
obras no Porto e Aveiro78), assinaram contrato em 28 de Outubro de 169279. Segundo
expresso em contrato, comprometem-se a executar dois retábulo colaterais (o de S. João
Baptista, a baptizar Cristo; e o de S. João Evangelista, onde ministra a comunhão à virgem) e
nove laterais, sendo que cinco seriam distribuídos do lado da epístola (Estigmatização de S.
Francisco; aparição do menino a Santo António; Rainha Santa Isabel distribui rosas aos
canteiros; S.Luis, bispo de Tolosa, salva D.Dinis de um urso; e S.João Capristano recebendo o
cálice de Nossa Senhora) e os outros quatro do lado do evangelho (Imaculada Senhora da
Conceição; Cristo a dar o poder das chaves a S.Pedro; S.Bartolomeu a entregar na portaria de
Santa Clara a antífona “Stella Coeli”; e Santa Catarina de Bolonha a receber o habito das
mãos do papa)80. É provável que, posteriormente tenham sido encomendados os 3 painéis que
faltam e que não constam em contrato (identificados por Nelson Correia Borges como: a
aparição de Santo António a Santa Teresa, que se encontra por cima da porta, e os que
ladeiam a separação para os coros, nomeadamente o Milagre das Rosas, do lado do
evangelho, e o papa Gregório IX visitando o cadáver de São Francisco)81, visto que os
processos de decoração da igreja se prolongaram até ao século XIX82.
78
BORGES, N. C., s.d. A Arte nas Festas do Casamento de D.Pedro II: Lisboa, 1687. Porto: Paisagem Editora,
p. 82.
79
BORGES, N. C., 2003. "A talha"…, p. 70.
80
BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na diocese do Porto:
documentação. Porto: Diocese do Porto, p. 754.
81
BORGES, N. C., 2003. "A talha"…, p. 71.
82
S.I.P.A., 2003. Mosteiro de Santa Clara-a-Nova / Mosteiro de Santa Isabel / Santuário da Rainha Santa
Isabel. [Online]
Available at: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2678
[Acedido em 27 Janeiro 2015].
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Sabe-se que a quando da conclusão da igreja, apenas existiam doze retábulos (o retábulo-mor
e os onze encomendados para a nave) como consta na descrição da procissão da última
transladação do corpo sagrado da Rainha Santa: “No anno de 1696 (…) Tinha-se acabado o
sumptuoso Templo de Santa Clara de Coimbra, em cuja grãdeza se desvelou o zelo, &
devoção del Rey D. Pedro II. pertendendo, que o corpo da Santa Rainha sua ascendente,
para quem se erigia o edifício, fosse venerado em hua Igreja, que em tudo mostrasse a
majestade de hu palácio Regio (…) Aqui se reverenciou, por tempo de dezanove anos, que
tantos se gastárão na erecção daquela notável maquina, mas agora que havia chegado à sua
perfeyção ultima, assim nas paredes, como no adorno dos seus doze altares, (…)”83.
83
SOLEDADE, F. F. d., 1721. Historia Serafica Chronologica da Ordem de S. Francisco na Provincia de
Portugal. Tomo V.. Lisboa: Officina de Antonio Pedrozo Galram, p. 1015.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3. O Ciclo Retabular da Igreja de Santa Clara-a-Nova
Entre os séculos XV e XVIII84 Portugal foi-se cobrindo de um manto intenso de luz dourada
no interior das suas igrejas. Ao longo desses séculos, os emotivos retábulos aquecidos a ouro
foram ganhando as preferências nacionais, deixando-se para trás as mais frias (de pudor
tratadístico) estruturas italianizantes trabalhadas em pedra. Coimbra beneficiou até bastante
tarde das obras pétreas saídas da oficina de João de Ruão, mas, ao mergulhar pelo século
XVII adentro, intensificou-se a encomenda de monumentais estruturas de aparato em madeira
dourada85. A escolha pela retabulária em talha dourada ia ao encontro da captação da atenção
dos fiéis e procurava corresponder aos ideais reformadores tridentinos que se difundiram a
partir do séc. XVI.
A estratégia defensiva do Concílio de Trento (1545-1563) reafirmou e redefiniu a doutrina da
Igreja de forma tão eficaz que a sua aplicação prolongou-se durante três séculos86. A reforma
propagada reagia com três objectivos essenciais: o funcionamento institucional da Igreja; a
formação e disciplina do clero secular; e a vida religiosa dos fiéis87. Para tal, era
imprescindível o controlo, a disciplina e a vigilância que o poder papal teria que fazer actuar
eficazmente, apetrechando-se para isso, de uma rede organizada e juridicamente capaz. Esse
rigor difundia-se não só dentro do clero e das ordens clericais, mas também fora dele. Era
necessário fazê-lo chegar às populações com o intuito da catequização dos crentes e da
conversão dos não crentes, mostrando assim uma Igreja de ideais concretos e vigiados, de
modo a evitar qualquer hipótese de heresia.
Neste sentido, faz-se usar da arte como meio de propaganda dos princípios de uma Fé que
pretendia converter-se em ensinamentos de um “(…) cristianismo vivido (…)”88 para a
educação das populações que, embora não tivessem acesso às leituras do livro sagrado, teriam
84
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal: [catálogo]. Lisboa: Serviço de Belas Artes Arquivo de Arte, p. 7.
85
PIMENTEL, A. F., 2002. O tempo e o modo: o retábulo enquanto discurso. Santiago de Compostela: Xunta
de Galicia, pp. 240-247.
86
PAIVA, J. P., 2014. “A Recepção e Aplicação do Concílio de Trento em Portugal: Novos Problemas, Novas
Perspectivas”. In: O Concílio de Trento em Portugal e nas suas Conquistas: Olhares Novos. Seminário de
História Religiosa Moderna. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, Centro de Estudos de História
Religiosa, p. 13.
87
PAIVA, J. P., 2014. “A Recepção e Aplicação do Concílio de Trento em Portugal… p. 17.
88
PAIVA, J. P., 2014. “A Recepção e Aplicação do Concílio de Trento em Portugal… p. 18.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
que ter acesso aos modelos de uma exemplar “(…) experiência religiosa (…)”89 que deveria
ser imitada, comparecendo regularmente na eucaristia e na confissão, lugar onde o culto era
agora difundido com mais decência e cerimonialidade. Para tal, as igrejas apetrecharam-se de
uma arte triunfante onde se verificou muito mais que uma “(…) tendência para o
embelezamento dos templos (…)”90 mas uma profunda sensibilização dos fiéis através do
sentido da visão, com o objectivo de chegar não só aos olhos do corpo humano mas,
principalmente, aos “(…) olhos do coração e (…) do entendimento (…)”91.
Esses veículos pedagógicos que a Contra-Reforma soube aproveitar transportavam os novos
valores produzidos na sessão XXV (1563) do Concílio de Trento. Foi com base no capítulo
Da invocação, veneração e relíquias dos santos e das sagradas imagens, que os novos
critérios estéticos para a glorificação de Deus começaram a ir ao encontro da reafirmação do
uso correcto das imagens sagradas92. Elaborou-se um código que valorizava a representação
dos santos, proclamava a estima das relíquias, amparava o modelo exemplar de veneração dos
santos mártires, defendia o uso benévolo das imagens, alertando para a não superstição,
indecência, desonestidade ou formosura excessiva e pretendia a sua função didáctica, sendo
que se deveria ter nas igrejas representações de Cristo, da Virgem Maria e dos outros santos93.
A função pedagógica e catequética da arte e das invocações sagradas seria usada pela Igreja
no ensinamento das histórias a elas associadas, induzindo às boas práticas a serem imitadas
pela população numa tentativa de controlo das acções dos seus fiéis. A educação religiosa
exemplar dependia assim dessa vigilância e controlo, cabendo aos bispos o dever de “(…)
inspeccionar a conveniência, conformidade e decência das imagens (…)”94 a expor, pois
estas teriam que captar a atenção dos fiéis apelando aos sentidos e à emotividade, adaptadas
para a sua fácil compreensão95.
Apesar deste controlo regrado, as directrizes artísticas saíram “(…) pouco precisas (…)”96,
pelo que depressa se formularam diversos tratados e escritos e começaram a circular gravuras
e desenhos que vieram complementar a orientação dos artistas e dos encomendantes, como é
exemplo a publicação de Andrea Gilli da Fabriano, Dialogo degli errori dei pittori, de 1564,
PAIVA, J. P., 2014. “A Recepção e Aplicação do Concílio de Trento em Portugal… p. 18.
PAIVA, J. P., 2014. “A Recepção e Aplicação do Concílio de Trento em Portugal… p. 18.
91
PAIVA, J. P., 2014. “A Recepção e Aplicação do Concílio de Trento em Portugal… p. 27.
92
PAIVA, J. P., 2014. “A Recepção e Aplicação do Concílio de Trento em Portugal… p. 24.
93
ALVES, N. M. F., 1989. A arte da talha no Porto na época barroca: artistas e clientela, materiais e técnica.
Porto: Câmara Municipal do Porto Arquivo Histórico, pp. 40-43.
94
PAIVA, J. P., 2014. “A Recepção e Aplicação do Concílio de Trento em Portugal… p. 26.
95
PAIVA, J. P., 2014. “A Recepção e Aplicação do Concílio de Trento em Portugal… p. 24.
96
ALVES, N. M. F., 1989. A arte da talha no Porto na época barroca… p. 41.
89
90
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
onde questiona os frescos da Capela Sistina do ponto de vista estético e moral. É autor
também da obra Diálogos de Giov que vai abrir caminho para um percurso que será seguido
em tratados seguintes como em 1588, na obra Riposo, onde Raffaello Borghini, recomenda
aos pintores o respeito de três regras: a fidelidade nos textos oficiais; o tratamento do tema
feito com piedade, veneração e decência; e, de forma a se evitarem erros, o artista não ter
tanta liberdade de inspiração, sendo que, para isso, teria que ser culto e leigo para conhecer os
textos sagrados97. Tentava-se, por tudo, abandonar as representações que pudessem provocar
escândalo, como defende Jean Van der Meulen no seu tratado de 1570, De picturis et
imaginibius sacris. Também aos arquitectos se dá especial atenção para que estes sigam as
mesmas linhas de construção de uma igreja, como, por exemplo, nos diz a obra Instructiones
fabricae et supellectilis ecclesiastice, de S. Carlos Baorromeu98.
A bula de confirmação dos decretos do Concílio de Trento foi expedida a 26 de Janeiro de
1564, com vista a ser aplicada a partir de 1 de Maio. Em Portugal o monarca ordena que se
executem os decretos tridentinos, dispondo-se a ajudar nesse sentido, vontade que foi
anunciada por D. Sebastião no alvará de 12 de Setembro de 156499.
A iconografia desta época adquire novas directrizes e os temas difundidos no interior das
igrejas sofrem novos rumos. Mesmo mantendo as temáticas iconográficas das antigas
devoções, são introduzidas novas que, por sua vez, teriam que ser explicadas através dos
sermões, dos ensinamentos catequéticos e da liturgia. Neste contexto, a arte retabular difundia
na perfeição os ideários Contra-Reformistas, levando a uma interpretação simbólica em busca
de uma função didáctica, destinada aos crentes e fazendo-se usar da talha dourada para
conferir uma moldura de ouro que atraía o olhar, decorada de elementos simbólicos,
igualmente contribuidores para essa função didáctica100. Através delas, davam-se a conhecer
os santos das ordens religiosas como forma de imortalizar o seu exemplo, servindo de
auxiliares pedagógicos na catequização101.
No século XVI já há muito que se fazia uso da retabulária em madeira em Portugal, mas foi a
partir do Concílio de Trento que esta foi adoptada com uma maior incidência. Mesmo não
sendo objectivo desta dissertação o estudo profundo relativo à evolução da talha e do retábulo
97
WEISBACH, W., 1948. El Barroco. Arte de la Contrarreforma. Madrid: Espasa-Calpe, S. A., p. 63.
ALVES, N. M. F., 1989. A arte da talha no Porto na época barroca… pp. 40-43.
99
ALMEIDA, F. d., 1967-1971. História da Igreja em Portugal. Porto: Livraria Civilização, p. 335.
100
ALVES, N. M. F., 1989. A arte da talha no Porto na época barroca… p. 46.
101
CARVALHO, M. J. V. d. & CORREIA, M. J. P., 2009. A escultura nos séculos XV a XVII. Porto: Fubu
Editores.
98
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
– estudo esse que já foi exemplarmente conseguido nos trabalhos de Robert C. Smith, A Talha
em Portugal; Natália Marinho Ferreira Alves, A arte da talha no Porto na época barroca:
artistas e clientela, materiais e técnica; por inúmeros trabalhos de Francisco Lameira, entre
os quais A talha no Algarve durante o antigo regime e, numa versão mais abreviada, O
Retábulo em Portugal: das origens ao declínio – é interessante perceber que a estrutura do
retábulo fixo de madeira já vem a ser maturada desde o séc. XV e que não é estranha ao
contexto artístico na época pós-tridentina.
Na altura da execução da igreja de Santa Clara-a-Nova (1649-1696) e da encomenda dos seus
retábulos, já existia um conjunto de tipologias retabulares em circulação. Em 1649, à data do
início da construção da igreja, já decorria o processo de maturação e formulação das
estruturas retabulares e da talha dourada. A talha dos primeiros 75 anos do século XVII
projectou-se e ganhou destaque, tornando-se a preferência decorativa dos anos posteriores.
Apesar disso, formulou bases de modelos distintos de ornamentação que viriam a ser
grandemente aplicados, desenvolvendo-se no último quartel do século XVII102.
Absorvendo os ideários tridentinos, a arte retabular soube adaptar-se às recentes exigências
indo progressivamente transformando-se em conformidade com o que era exigido, elaborando
para isso novas matrizes de actuação. Sem nunca haver a total ruptura com as práticas antigas,
foram-se actualizando estruturas e produzindo novos elementos essenciais. Foi-se
introduzindo o trono eucarístico para adoração do Santíssimo Sacramento, valorizando-se a
madeira sob talha dourada e preferindo-se o trabalho escultórico ao invés do da pintura.103
Cresceu uma tendência para a conquista de toda a superfície do retábulo com ornamentação
dourada que se acentuou em Espanha, Portugal e respectivas colónias enquanto que, no resto
da Europa e nos circuitos das elites mais esclarecidas e economicamente favoráveis, se elegia
a pedra (ou a sua imitação) como material base de actuação104.
Assim, como sintetiza António Filipe Pimentel, realiza-se uma metamorfose na estrutura
arquitectónica retabular que vai progressivamente ao encontro de uma planta mais dinâmica,
integrando colunas de fuste espiralado, remate de arquivoltas concêntricas em torno de um
camarim central, ornamentado de uma floresta naturalista de simbolismo eucarístico.
Encenava-se, desta forma, o dogma eucarístico num ambiente emotivo e teatral que adquiriu
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 49.
PIMENTEL, A. F., 2002. O tempo e o modo: o retábulo enquanto discurso…, pp. 244-245.
104
LAMEIRA, F., 2005. Promontoria monográfica. História da arte; 01 - O Retábulo em Portugal: das origens
ao declínio. Faro: Departamento de História, Arqueologia e Património da Universidade do Algarve, pp. 89-90.
102
103
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expressões originais face à Europa, por vindas da situação política do país e da privação das
relações com a Santa Sé105.
As diversas circunstâncias externas ocasionaram reacções na arte portuguesa. O fim do
domínio filipino em Portugal (1640), a paz entre Espanha e, consequentemente, com a Santa
Sé (1668), e a descoberta do ouro no Brasil (1695), produziram os seu efeitos numa
retabulária que se regia também por directrizes regradas e que, a pouco e pouco, adquirem
para si expressões que a vão tornar numa arte dita nacional. Já desde os finais do século XVI,
a talha portuguesa começa a distinguir-se da espanhola mas só começa a adquirir a sua total
independência na viragem do século XVII para o século XVIII106. Desapegando-se cada vez
mais do seu carácter ibérico, a talha do último quartel do século XVII obtém
progressivamente características exclusivamente portuguesas a partir da conjugação de
elementos fulcrais para esta transformação. A coluna de fuste em espiral e o remate de arcos
concêntricos levaram à transformação em retábulos mais dinâmicos e menos tratadistas,
conjugando-se com a aplicação de relevos de folhas de acanto, parras de uvas, fénixes e anjos,
criando um sentido de unidade e movimento que formam, segundo Robert C. Smith, a
primeira manifestação barroca em Portugal107.
Desta forma, aquilo a que Robert Smith chamou de estilo nacional nasceu das circunstâncias
peculiares a que foi submetido. Floresceu das fontes primitivas do imaginário colectivo
nacional, remetida à arte executada aquando da formação de Portugal, fazendo emergir
formas artísticas familiarmente conhecidas misturadas com novos apetrechos de actualidade
estética e formulando, assim, um novo ar português, exaltando as emoção da Restauração
comemoradas através da arte para exposição e afirmação108.
Era este o panorama artístico português aquando da execução da igreja de Santa Clara-a-Nova
(1649-1696). Transformando o velho ou aplicando o novo, o que é certo é que a reforma
decorativa foi rigorosamente seguida por todo o território português. No caso de Santa Clara,
a reformulação de um novo mosteiro deu aso à execução de retabulária nova, especialmente
encomendada para esse efeito e seguindo em conformidade com os decretos difundidos.
Adoptou-se um discurso pós-tridentino, com o uso da mística do ouro da talha dourada,
cobrindo não só o altar-mor que incorpora o trono tridentino e exalta o relicário principal da
PIMENTEL, A. F., 2002. O tempo e o modo: o retábulo enquanto discurso…, p. 245.
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 8.
107
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 69.
108
PIMENTEL, A. F., 2002. O tempo e o modo: o retábulo enquanto discurso…, p. 246-247.
105
106
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
comunidade monacal, mas também os retábulos didácticos dos santos fundadores e principais
da casa, conjugados com representações de Cristo e da Virgem Maria, num cenário
envolvente de coerência discursiva complementando a mensagem e o sentido de toda a igreja,
conferindo-lhe alma.
O artigo “A Talha” que Nelson Correia Borges produziu para a revista Monumentos é o artigo
mais completo sobre a retábulária do mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Inicia o seu texto
chamando a atenção para a diversidade estilística dos vários retábulos presentes no mosteiro,
chegando a chamar-lhe mesmo “(...) museu da talha (…)”109. Isto porque, para além da
produção retabular para o novo mosteiro, nele incorporam-se também os retábulos do
mosteiro antigo que foram trazidos da antiga igreja (e que se encontram actualmente nos
coros).
A retabulária para o novo mosteiro de Santa Clara beneficiou de circunstâncias singulares que
lhe puderam conferir uma homogeneidade estilística obediente por completo aos novos
desígnios devocionais. Essa transformação não se separa por completo das antigas estruturas e
devoções que foram durante largos anos acarinhadas pelos seus clérigos e devotos. A ligação
estabelecida com as peças antigas adquire uma postura defensiva face a qualquer mudança
que, por necessidade de actualização tolera a reintegração nas novas estruturas ao invés da sua
substituição ou, em casos estremos, destruição. Face às mudanças artísticas pós-tridentinas era
comum nos mosteiros o reaproveitamento de retábulos, tanto por factores económicos como
emocionais110. Em Santa Clara, a mudança de mosteiro fez transladar as estruturas retabulares
antigas, numa primeira fase, para culto provisório. Concluída a igreja, aproveitaram-se os
retábulos velhos para uso interno da comunidade e expuseram-se os novos, encomendados
para o efeito.
O universo retabular da nova igreja engloba os temas iconográficos que se deveriam
apresentar segundo os decretos tridentinos para uma comunidade monacal. Nele compõem
representações do santo fundador da ordem (S. Francisco), imagens representativas dos
milagres e da vida do santo a que a igreja é dedicada (Rainha Santa Isabel), alusões a outros
santos associados à mesma ordem (Santo António, S. Luis, bispo de Tolosa, São João
Capristano, Santa Catarina de Bolonha/Santa Coleta, São Bartolomeu e São Pedro de
Alcântara), e imagens da vida de Cristo e da Virgem (São João Baptista baptizando Cristo,
109
BORGES, N. C., 2003. "A talha". In: Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos. Nº 18.
Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 65.
110
BORGES, N. C., 2003. "A talha"..., p. 65.
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São João Evangelista dando a comunhão à Virgem, São Pedro a receber as chaves de Cristo e
a Imaculada Conceição). O ciclo retabular da igreja de Santa Clara-a-Nova é organizado
hierarquicamente, proporcionando um eixo longitudinal, de ligação entre o retábulo relicário
do altar-mor (dedicado à exposição do Santíssimo Sacramento e do corpo da Rainha Santa) e
o retábulo gémeo do coro-alto, funcionando como pólos de actuação entre a igreja de dentro e
a igreja de fora. Os doze retábulos da nave da igreja constituem-se segundo dois grandes
ciclos iconográficos subjacentes: os litúrgicos e os franciscanos. O ciclo litúrgico inicia-se
com os retábulos colaterais de comemoração da Eucarístia (São João Baptista baptizando
Cristo, São João Evangelista dando a comunhão à Virgem), complementando-se com
representações da santa padroeira do reino (Imaculada Conceição) e do primeiro papa (São
Pedro). O franciscano conjuga temática obrigatória (S. Francisco, Santo António, Rainha
Santa Isabel, S. Luis, bispo de Tolosa, São João Capristano, Santa Catarina de Bolonha/Santa
Coleta e São Pedro de Alcântara) com outras da preferência da casa (a entrega de São
Bartolomeu da antífona Stella Coeli), resultando em abordagens únicas e exclusivas para
aquela igreja.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.1. Retábulo da capela-mor
Imagem 1 – Retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova (na imagem as esculturas de S.
Francisco e de Santa Clara foram retiradas)111.
No interior da igreja de Santa Clara-a-Nova todas as atenções recaem sobre o altar-mor
(imagem 1). Nele está condensado todo o sentido e propósito da igreja que centra a sua
energia em torno do relicário do corpo de Santa Isabel que resplandece envolto de luz
dourada. O poder do ouro é o atractivo primário entre a atenção do espectador e o retábulo
principal que dirige toda a essência da igreja. Projectado para exibição da mais nobre jóia da
casa, actua como núcleo principal centrando-se na glorificação da relíquia do corpo régio
através de uma majestática estrutura retabular, digna da realeza, e entregue à execução da
mais prestigiada mão-de-obra do país.
O retábulo-mor eleva-se no seu esplendor através de uma escadaria112 (adequada à altivez de
uma Rainha) desenvolvendo-se sobre um embasamento constituído por mesa de altar e
sacrário (imagem 2), seguido de uma imagem de vulto da padroeira (de finais do século
111
112
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
O altar encontra-se elevado para facilitar uma maior visibilidade para o coro-alto.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
XIX113) e por uma funda tribuna114 contendo a sua última morada exposta no interior de uma
câmara dourada de caixotões e parede de vidro, sucedida pelo trono eucarístico.115 Para
exposição e devoção dos crentes, o camarim de ouro ensaia o nobre e último aposento de
Santa Isabel, que descansa no seu leito de prata (imagem 3). A caixa do tesouro régio é
abraçada por uma estrutura que reforça o poder do rei (impresso pelo brasão real) e que
transmite os valores nacionais do passado através de três arcos de volta perfeita que evocam a
época triunfante que a restaurada monarquia pretendia imprimir. As salientes e reentrantes
colunas do retábulo (imagem 4) são compostas de capitéis coríntios, colunas torsas decoradas
por folhagens, parras de uvas e fénixes, com o último terso decorado simetricamente dos dois
lados dos arcos (imagem 5) contendo a representação de reminiscências de grutesco, na
coluna de dentro; uma fénix envolta em folhagens, na do centro; e apenas folhagens nas
posteriores; apoiadas por mísulas de decoração vegetalista contendo, cada uma, uma cabeça
de anjo alada (imagem 6). Cada capitel sustenta um arco retorcido, envolto de folhagens e
parras de uvas, rasgado por cinco anéis rematados de cabeças de anjo aladas, em que o do
centro suporta o brasão régio que fecha toda a estrutura (imagem 7 e 8). A relíquia sagrada é
escoltada por imagens de vulto das figuras fundadoras da ordem, que se posicionam
lateralmente em nichos: S. Francisco, do lado do evangelho, e Santa Clara, do lado da epístola
(imagem 9).
Apesar de pouco frequentes, os retábulos relicários ganham uma maior difusão a partir do
século XVII116. Justificam-se pela necessidade de exposição das relíquias das grandes casas
religiosas, facilitando a sua devoção117. As relíquias podiam ser desde pequenos fragmentos
de objectos até ao corpo integral do santo, como acontece em Santa Clara de Coimbra. Sendo
a relíquia do corpo régio o coração do propósito da igreja, privilegiou-se a sua colocação num
espaço centralizado e de grande visibilidade, como cumpre a tribuna do retábulo-mor. Os
113
Encomendada ao escultor António Teixeira Lopes em 1895. S.I.P.A., 2003. Mosteiro de Santa Clara-a-Nova /
Mosteiro de Santa Isabel / Santuário da Rainha Santa Isabel. [Online]
Available at: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2678
[Acedido em 27 Janeiro 2015].
114
Acedida por uma passagem que se encontra atrás do altar e que dá ligação tanto ao camarim do retábulo como
à sacristia da igreja.
115
BORGES, N. C., 2003. "A talha". In: Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos. Nº 18.
Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 71.
116
LAMEIRA, F. (2005). Promontoria monográfica. História da arte; 01 - O Retábulo em Portugal: das
origens ao declínio. Faro: Departamento de História, Arqueologia e Património da Universidade do Algarve, p.
10.
117
Essa aposta do século XVII por retábulos que colocassem em evidência as relíquias que se encontravam na
posse das entidades religiosas, e que desde sempre foram veneradas, pode deduzir-se da necessidade de
glorificação e afirmação do carácter divino e milagroso da fé cristã, que se materializava e se tornava acessível
através da relíquia, amparando os ideários pós-tridentinos associados a um período de paz e prosperidade
económica.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
camarins funcionam como espaços centrais dos retábulos-mor ou laterais, posicionando-se
num patamar elevado e em substituição do nicho principal, de pouca profundidade,
possibilitando o incremento de um outro preenchimento decorativo, convertendo-se no
principal ponto convergente das igrejas pela sua visibilidade e destaque, colocando em
evidência a imagem devocional e o seu carácter misterioso, onde vai actuar todo o milagre
litúrgico118.
O camarim do retábulo-mor das clarissas de Coimbra funciona com um duplo propósito,
sendo dividido em duas partes essenciais actuando no discurso litúrgico da igreja: a câmara da
relíquia sagrada e o trono eucarístico. O relicário dourado contrasta com o cristal e a prata do
novo túmulo régio, que tivera que esperar 63 anos até receber definitivamente o corpo
sagrado119. Mandado executar por D. Afonso Castelo Branco após a primeira abertura do
primitivo túmulo em 1612, aquando dos processos de canonização da Rainha, o cofre
transparente e os seus respectivos complementos120 ficaram a cargo dos ourives Domingos
Vieira e Miguel Vieira, como avança Nelson Correia Borges121. Para albergar o novo túmulo,
D. Afonso Castelo Branco patrocina e encomenda uma capela para coro-alto do antigo
mosteiro em 1613, como atesta a inscrição no local. O requinte decorativo da valiosa
tumulária paralelepipédica traduz-se em ornamentação de influência tratadística, rodeando
aberturas de cristal transparente que vão ao encontro da intensão inicial de expor todo o corpo
da Santa.
O trono que coroa o módulo central vem no seguimento de uma tradição pós-tridentina que
pretendia enaltecer a solenidade eucarística através da exposição do Santíssimo Sacramento,
ganhando especial protagonismo em território nacional. O Concílio de Trento lançara as bases
para a prática intensiva de uma serie de cerimoniais que exigiram estruturas e regulamentação
específica, para enaltecimento público da vitória da Eucaristia. Destacam-se as procissões do
Corpo de Deus, a oração das 40 horas, o Lausperene, a Adoração Perpétua, etc… onde, em
118
CAMACHO, R. (1991). "El espacio del milagro: El camarín en el barroco español". In I Congresso
Internacional do Barroco: actas. Volume I. Porto: Reitoria da Universidade: Governo Civil, p. 185.
119
Sobre o túmulo de prata da Rainha Santa Isabel: BORGES, N. C. (1999). "O novo túmulo seiscentista". In
Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel, Infanta de Aragón y Reina de Portugal (pp. 115-128). Zaragoza:
Diputación Provincial; BORGES, N. C. (s.d.). "O túmulo de prata da Rainha Santa Isabel, em Coimbra". In
Separatas de In Memoriam Carlos Alberto Ferreira de Almeida (pp. 163-173). Porto: Faculdade de Letras da
Universidade do Porto.
120
A estrutura de prata fora concebida inicialmente para uma capela-arco em pedra de Ançã, que se encontra no
lado da epístola do coro alto do antigo mosteiro, e fora encomendada e patrocinada pelo bispo-conde D. Afonso
de Castelo Branco em 1613. BORGES, N. C. (1999). "O novo túmulo seiscentista". In Imagen de la Reina
Santa…, pp. 117-118.
121
BORGES, N. C. (1999). "O novo túmulo seiscentista". In Imagen de la Reina Santa…, pp. 121-122.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
todas, o Santíssimo Sacramento ganha o protagonismo primordial, exigindo condições
expositivas específicas. Em Portugal, a execução dessas estruturas, inicialmente móveis,
aparecem no século XVII e são primeiramente associadas aos carmelitas e, mais tarde, à
comunidade jesuíta, principal difusora deste elemento que só se torna fixo nos finais do século
XVII e inícios do século XVIII, como aponta Fausto Sanches Martins122. Apenas em 1705, na
publicação papal Instrução, se vai encontrar a primeira referência documental oficial que
aborda o elemento do trono. O artigo normativo da oração das 40 horas (obrigatórias em
Roma a partir de então e, após 1749, estendida a toda comunidade cristã) exigia a sua
visibilidade a partir de todos os cantos da igreja, sem uma decoração excessiva que
condicionasse a sua visualização, e uma distribuição de velas escalonada.
Em Santa Clara, a tribuna côncava do trono eucarístico desenvolve-se em forma semicircular,
rematada de semi-cúpula, evidenciando o jogo de reentrâncias que agita todo o retábulo, e
decorada de motivos vegetalistas (imagem 10). O trono escalonado, de movimentada
decoração (com elementos vegetalistas e cabeças de anjo aladas, apresenta num registo central
uma representação da coroa de espinhos e três pregos, símbolos da Paixão de Cristo123), e
escoltado lateralmente por anjos nos primeiros degraus, faz adivinhar as fileiras de velas que
se acendiam nas correspondentes festividades e que reflectiam a luz que incidia no ouro da
talha, proporcionando um carácter teatral e místico (imagem 11 e 12).
Hierarquicamente posicionado, o brasão real glorifica o poder do rei e remata toda a estrutura,
impondo ascensionalmente o seu poder. Desta forma, a relíquia régia encontra-se protegida
entre as figuras franciscanas de maior relevo e debaixo da tutela do rei, formando
simbolicamente um triângulo e remetendo para uma hierarquia piramidal onde o monarca se
encontra acima da ordem religiosa.
A composição de todo o retábulo corresponde à tipologia que a historiografia tradicional vem
etiquetando como “nacional”. Avançada por Robert Smith para caracterizar globalmente a
produção do último quartel do século XVII, sistematiza o modelo compositivo que se
apresenta constantemente nas igrejas deste período e que corresponde à conjugação de
colunas pseudo-salomónicas; enriquecidas com relevos de folhas de acanto, anjos e fénixes;
122
MARTINS, F. S. (1991). "O trono eucarístico do retábulo barroco português: origem, função e simbolismo".
In I Congresso Internacional do Barroco: actas. Volume II (pp. 17-58). Porto: Reitoria da Universidade:
Governo Civil.
123
Esta simbologia encontra-se representada, por exemplo, na igreja da Venerável Ordem Terceira de S.
Francisco no Porto (imagem 13).
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
arcos concêntricos e trono eucarístico piramidal124. A rápida expansão deste padrão, aliado ao
crescimento económico e à descoberta do ouro do Brasil, adquire singular destaque no
território nacional, diferenciando-se do contexto europeu. Os elementos que fazem igualmente
justiça ao rótulo que lhe é correspondido traduzem-se por características que nos remetem
para os inícios da formação de Portugal – onde tanto o arco de volta perfeita, que emoldurava
os portais das igrejas românicas, como o uso de parras de uvas, aves e figuração humana,
alimentavam os ideários políticos da Restauração125.
O retábulo-mor de Santa Clara-a-Nova agrupa-se neste seguimento, destacando a interessante
utilização da coluna salomónica (e não a usual pseudo-salomónica, atribuída por Robert Smith
para este período), com reminiscências do estilo anterior no discurso estético aplicado no
terço inferior das colunas (não se conhece até então qualquer outra aplicação de igual
abordagem). Nelson Correia Borges alerta para a semelhança compositiva entre este retábulo
e o da igreja do mosteiro de Santa Maria de Cós de 1676 (imagem 14)126. A solução de três
colunas torsas em perspectiva já havia sido experimentada no retábulo-mor da igreja de Nossa
Senhora da Conceição dos Cardais (1688), em Lisboa (imagens 15-17), resultando numa
solução pouco observada.
Segundo Nelson Correia Borges, o documento de 23 de Fevereiro de 1693 relativo ao erro no
projecto da capela-mor, onde se coloca em confronto o arquitecto Mateus do Couto e o
comissário de obras, denuncia o autor do retábulo na altura em que este já se encontrava
pronto, apesar de ainda não se ter concluído a capela. A execução da estrutura retabular ficara
a cargo do entalhador Domingos Lopes sendo que, a 17 de Dezembro do mesmo ano, esta já
estaria montada na igreja, faltando concluir apenas os painéis da câmara tumular e do trono. O
trabalho final ficou a cargo de Manuel Moreira, colaborador que veio substituir Domingos
Lopes quando este necessitou de se ausentar para o Porto127. A falta de mais documentação
sobre este retábulo não permite a correcta datação da encomenda e execução da sua estrutura,
podendo concluir-se que, por volta do final do ano de 1693 e inícios de 1694, o retábulo se
dava por concluído. Sabe-se que, em 1696, quando recebeu o legítimo corpo sagrado “A
Igreja nova não obstante a sua majestade, & beleza, também se armou com regia ostentação,
& a Capella mòr com muyta especialidade. Em fim o throno como cousa principal excedeo a
124
SMITH, R. C. (1995-96). Inventário: A Talha em Portugal: [catálogo]. Lisboa: Serviço de Belas Artes Arquivo de Arte, pp. 69-71.
125
SMITH, R. C. (1995-96). Inventário: A Talha em Portugal: …, p. 72.
126
BORGES, N. C., 2003. "A talha"…, p. 71.
127
BORGES, N. C., 2003. "A talha"…, p. 71.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
tudo na composição, & magnificência. Estando isto assim preparado chegou a tarde do
sobredito dia, em q se formou a procissão (…) & veyo acabar na Igreja nova; aonde foy
colocado o corpo da Rainha Santa em a tribuna da Capella mor, de cujo assento nasce o
throno em que esteve exposto o Santissimo Sacrameto no dia seguinte.”128 No mesmo
documento é também expresso o descontentamento das clarissas por, a partir de aquele
momento, apenas poderem ver à distância o que durante anos fora de sua posse e guarda,
sentimento que o autor fez também associar à própria Rainha: “Como a Santa Rainha assim
na vida, como depois da morte havia experimetado boa companhia nesta Comunidade (…)
mais se agradaria de estar com ellas no Coro, do que distante da sua presença no throno do
Altar mor.”129, tornando ainda mais evidente a relação de forças entre os coros e a capela-mor
separados pela nave da igreja, que afasta da comunidade o coração das suas devoções.
Em suma, o retábulo da capela-mor, de finais do século XVII, servira dois propósitos distintos
(relicário e eucarístico) conseguindo agrupar as necessidades cerimoniais com os anseios
políticos e devocionais, servindo igualmente de panteão para a veneração do principal tesouro
da casa. Todo o aparato é envolto de uma narrativa que Domingos Lopes e Manuel Moreira
souberam dominar e que evocava os restaurados valores nacionais. Encontramos em Santa
Clara-a-Nova uma estrutura de dupla finalidade mas que se erguia com o mesmo propósito,
encontrando no retábulo-mor o epicentro que pretendia beneficiar “de igual forma” a igreja de
dentro e a igreja de fora (apesar de não o chegar a fazer).
128
SOLEDADE, F. F. (1721). Historia Serafica Chronologica da Ordem de S. Francisco na Provincia de
Portugal. Tomo V. Lisboa: Officina de Antonio Pedrozo Galram, pp. 1019- 1020.
129
SOLEDADE, F. F. (1721). Historia Serafica Chronologica da Ordem de S. Francisco …, p.1018.
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3.2. O conjunto retabular do corpo da igreja
Os retábulos que envolvem a nave da igreja de Santa Clara-a-Nova apresentam notória
homogeneidade na sua composição que, em comunhão com a perfeita simbiose entre talha e
espaço arquitectónico, deixam transparecer singular sensação de conjunto. Os retábulos do
corpo da igreja foram executados de raiz para aquele espaço específico, enquadrando-se na
perfeição com o campo arquitectónico a eles destinado (imagens 18-20). No contrato de
encomenda de 1692, lavrado a 28 de Outubro com os mestres entalhadores António Gomes e
Domingos Nunes, estipulava-se que se executassem dois retábulos colaterais e nove retábulos
laterais para a nova igreja de Santa Clara respeitando as plantas feitas por Mateus do Couto e
fazendo-se usar de “(…) pao de Castanho130 Cortado em boa talhadia (…)”131(imagem 21).
Para além do enquadramento arquitectónico dos retábulos, que se encaixam entre os arcos de
volta perfeita das capelas emolduradas entre as pilastras da igreja, essa homogeneidade é
conferida pela multiplicação do mesmo esquema compositivo. O repetido arranjo estético dos
retábulos da nave sistematiza, como já referimos anteriormente, a propaganda régia do portal
de entrada. Apesar do registo ser uniforme, de corpo único e de um só tramo, podemos
distinguir dois modelos compositivos distintos: os que compõem os retábulos colaterais
(imagem 22) e os que se enquadram nas capelas-nicho (imagens 18-20). Isto acontece devido
à diferenciação arquitectónica do espaço destinado à talha que, no caso dos retábulos
colaterais, torna-se mais estreito.
A composição dos nove retábulos laterais é limitada pelo arco das capelas-nicho e é
constituída por mesa de altar, seguida de embasamento com predela de relevos e motivo oval
central com inscrição. O corpo do retábulo é destinado à exposição dos grandes baixosrelevos alusivos a temáticas religiosas seguido de um relevo rectangular, que preenche o
espaço entre o baixo-relevo e o entablamento, estando ambos enquadrados por duas colunas
torsas coríntias. O entablamento com mísulas é rematado por uma edícula rectangular, à
semelhança do que acontece no portal de entrada da igreja, com um motivo oval no centro.
130
A par com a madeira de carvalho, o castanho foi uma das madeiras preferencialmente escolhidas pelos
entalhadores portugueses para a elaboração dos trabalhos em talha. ALVES, N. M. F., 1989. A arte da talha no
Porto na época barroca: artistas e clientela, materiais e técnica. Porto: Câmara Municipal do Porto Arquivo
Histórico, pp. 178-179.
131
BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na diocese do Porto:
documentação. Porto: Diocese do Porto, pp. 754-755.
44
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Toda a decoração em talha pintada é baseada em motivos vegetalistas, em folhagens de
acanto, volutas, cabeças de anjo, parras de uvas, querubins e fénixes.
Esta mesma composição é estreitada para as duas capelas laterais e apresenta algumas
modificações para esse efeito. Desta forma, a composição repetida colateralmente é composta
por mesa de altar, seguida de um embasamento de dupla predela, que confere altura ao
retábulo, corpo enquadrando um baixo-relevo ladeado por colunas torsas coríntias revestidas
de folhagem, parras de uvas, querubins e fénixes. Entre o relevo e o entablamento com
mísulas, o friso decorativo foi estendido verticalmente de forma a ocupar o espaço sobrante.
O remate com edícula rectangular foi condensado e apresenta um motivo rectangular no seu
centro.
A sensação quente que o ouro confere à pedra fria da igreja é intensificada através da
complementaridade com a pintura que é aplicada não só no trabalho da madeira como
também entre as pilastras da igreja, colorindo a pedra dos arcos das capelas. O modelo
compositivo dos nove retábulos laterais alastra-se também aos dois retábulos sem altar do
fundo da igreja que não constam do contrato. Tudo indica que tenham sido encomendados
posteriormente, a par com o painel que remata o interior do portal da igreja, uma vez que
ostentam a mesma homogeneidade estilística e compositiva dos demais, apresentando ainda
características similares que sugerem apresentar-se de trabalhos da mesma oficina.
Este tipo de composição geométrica de dupla edícula rectangular que se sobrepõe já advém
das características retabulares do século anterior, de influência tratadística, onde se faz uso de
elementos arquitectónicos para se emoldurar um espaço rectangular central132. Robert Smith
alerta para a duração prolongada de um século e meio de grande influência serliana tanto em
Portugal como em Espanha133. Como acontece nos retábulos de Santa Clara-a-Nova, o remate
em edícula já vem a ser utilizado como podemos conferir, a título de exemplo, no retábulo
mor da igreja de Nossa Senhora da Luz em Carnide134 (Lisboa), construído entre 1575-1592
(imagem 23)135. Encontramos igualmente este tipo de remate representado num desenho de
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 34.
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 35.
134
Sobre a igreja de Nossa Senhora da Luz em Carnide: FRIAS, H. M. d., 1994. A arquitectura régia em
Carnide/Luz. Lisboa: Livros Horizonte.
135
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 36.
132
133
45
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
autor anónimo pertencente ao Museu Nacional de Arte Antiga, de meados do século XVII
(imagem 24)136.
Um dos elementos decorativos que actualizam a estrutura compositiva dos retábulos de Santa
Clara-a-Nova provém da utilização de colunas torsas decoradas que, muito embora já venham
a ser utilizadas na arte retabular, diferem em Portugal pelo emprego decorativo de parras de
uvas, fénixes e anjos. Esta nova aplicação a elementos já existentes resulta numa conjugação
que dificilmente encontra paralelos fora do contexto nacional. As colunas torsas pseudosalomónicas de 5 a 6 espiras, de ordem coríntia ou compósita revestida de cachos, folhas e
parras de uvas têm as suas primeiras manifestações em Espanha em 1625 na catedral de
Santiago de Compostela (imagem 25), em 1633 num retábulo da igreja da Companhia de
Jesus em Granada, em 1657 no retábulo-mor da igreja da Paixão em Valladolid (destruído),
em 1658 no altar da capela de S. Paulo da catedral de Sevilla e em 1663 no retábulo de Santa
Cruz de Medina de Ríoseco137. Em Portugal, os primeiros exemplares de colunas de fuste
espiralado decorado de elementos vegetalistas remontam a 1676 (como são exemplos as
colunas do retábulo perdido de S. Nicolau do Porto ou as do retábulo da Árvore de Jessé da
igreja de Santa Maria de Beja) e às décadas de 1680-1690, começando a ganhar maior
protagonismo ao longo das duas décadas seguintes138. Contudo, a inovação exclusivamente
portuguesa reside na introdução dos elementos simbólicos das fénixes, anjos e querubins que
comungam com as parras, folhas e cachos de uva rodopiando entre as torsões da coluna, tal
como acontece no conjunto retabular do corpo da igreja de Santa Clara-a-Nova. O outro
elemento actualizador encontra-se na aplicação de folhas de acanto em alto-relevo
acompanhadas de fénixes e anjos ao longo da decoração dos retábulos.
A escolha de painéis em relevo como peças principais para os retábulos da nave de Santa
Clara-a-Nova advêm de um gosto que se fixou maioritariamente na zona de Coimbra e Porto
no século XVII, de influência espanhola139. Para além de Santa Clara-a-Nova, este gosto foi
aplicado nos retábulos-relicários do transepto da Sé Nova (Coimbra), nos painéis da sacristia
do bispo da Sé do Porto, no cadeiral de S. Bento da Vitória (Porto), no retábulo de Nª Sª da
Luz, da igreja de S. João da Foz (Porto), no relevo da Estigmatização da igreja de S. Francisco
(Aveiro), e no relevo da Adoração do Verbo, do tímpano do retábulo de Nª Sª da Glória
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal….
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 91.
138
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 70.
139
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 77.
136
137
46
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
(Santarém)140. Em Santa Clara-a-Nova esta escolha funciona como uma espécie de capa de
livros através da representação do exemplo máximo e simbólico da entidade divina
representada que resume toda a história da sua vida.
A partir do século XVII as ordens religiosas apresentam especial adoração pelas cenas em que
se transcendem os limites da natureza, espiritualizando o corpo pela força da alma,
privilegiando-se os êxtases e as visões, o momento do clímax da acção que sintetizava toda a
história141. Desde os inícios do cristianismo que a materialização da existência de Deus
através de fenómenos milagrosos dá à sociedade motivação de fé e credibilidade religiosa da
presença de um ser espiritual superior142. Assim, foi interesse da Igreja divulgar este tipo de
temática com o objectivo de persuadir e motivar os fiéis no caminho religioso. Sendo a ordem
franciscana uma ordem secular que se encontra em contacto com o mundo, aproveitara os
seus santos para abordar e divulgar aspectos de um Evangelho que depressa teve grande
aceitação popular.143 Ao longo do tempo, foram-se deixando os temas narrativos da vida dos
santos, episódio por episódio, para se privilegiar os temas centrais de cada santo144, como
acontece nos retábulos da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova. A devoção a um só tema
começa a ser generalizada a partir do século XVII, embora já fosse prática defendida no
século anterior145. Segundo Francisco Lameira, nas igrejas que adoptam este tipo de modelo é
comum existir mais que um retábulo deste género que confere um maior protagonismo ao
tema principal, absorvendo para este toda a atenção do espectador. Era exactamente este o
tipo de estratégia que a nova Igreja pós-tridentina pretendia para os seus templos.
Neste sentido, e nas casas franciscanas, os temas escolhidos vão ao encontro da representação
hagiográfica dos santos fundadores da ordem, do santo padroeiro, dos santos da ordem
franciscana e de imagens da vida de Cristo e da Virgem. O programa iconográfico dos relevos
distribui-se segundo a localização estipulada em contrato com o acrescento dos dois retábulos
sem altar do fundo da igreja e do painel sobre a porta de entrada (imagem 26). Os baixorelevos apresentam um grande sentido de movimento, através de corpos ondulantes, diagonais
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…, p. 77.
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII: Italia, Francia, España, Flandres. Madrid:
Ed.Encuentro, pp. 169-170.
142
TEIXEIRA, V. G., 1999. O maravilhoso no mundo franciscano português da baixa idade média. Porto:
Granito, imp., p. 161.
143
TEIXEIRA, V. G., 1999. O maravilhoso no mundo franciscano português…, pp. 5-16.
144
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 171.
145
LAMEIRA, F., 2005. Promontoria monográfica. História da arte; 01 - O Retábulo em Portugal: das origens
ao declínio. Faro: Departamento de História, Arqueologia e Património da Universidade do Algarve, p. 11.
140
141
47
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
e panejamentos flutuantes e são pintados sobre folha de ouro, em cores suaves146. Carlos
Moura defende as influências goticizastes nos painéis de Santa Clara de Coimbra através da
representação de objectos na diagonal, artificio usado na arte do século XIV italiano147.
146
CORREIA, V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra. Lisboa: Academia Nacional de
Belas Artes, p. 78.
147
MOURA, C., 1986. "Uma poética da refulgência: a escultura e a talha dourada". In: História da Arte em
Portugal - O limiar do barroco. Lisboa: Publicações Alfa, p. 106-107.
48
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.1. O Santo Fundador
3.2.1.1. Painel de S. Francisco
Imagem 28 – Relevo da estigmatização de São Francisco de Assis, da igreja do mosteiro de Santa Clara-aNova148.
“(…) o pr.º da jmaijem do seráfico sam Fram.º Resebendo as chaguas com as mais jmaijens e
cousas que forem nesesarias para o dito passo que se costuma (…)”149.
O primeiro retábulo lateral do lado da epístola corresponde à estigmatização do santo
fundador, como estipulado em contrato (imagem 27), localizado hierarquicamente no
conjunto dos retábulos laterais do lado da epístola e iniciando a leitura global da retabulária de
temática franciscana. O painel é composto pela figura do santo, de frei Leão e de um serafim
(imagem 28). Frei Leão encontra-se sentado no canto inferior esquerdo absorvido pela leitura
148
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
149
49
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
de um livro e ignorando a acção que se desenrola à sua volta. S. Francisco, posicionado no
lado direito, estica-se em direcção à aparição do serafim envolto em nuvens, que se encontra
no canto superior esquerdo, conferindo marcante diagonal na composição. A cena é rodeada
de rochas e árvores e, como fundo, apresenta uma paisagem com a representação de casario.
Ambas as figuras vestem hábito franciscano e o serafim é representado cruxificado150.
A cena do relevo congela a passagem da vida de S. Francisco em que este recebe os estigmas.
Segundo S. Boaventura, a quando do seu retiro de Quaresma em honra de São Miguel para o
monte Alverne, o santo contempla a aparição de um “(…) serafim de seis asas
flamejantes(…)” crucificado em que “(…) Duas asas elevavam-se por cima de sua cabeça,
duas outras estavam abertas para o vôo, e as duas últimas cobriam-lhe o corpo(…)”. Durante
esse êxtase, S. Francisco sente “(…) uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que
se lhe manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor
imensa, pois a visão da cruz traspassava sua alma com uma espada de dor e de
compaixão(…)”151. Após a aparição, surgem-lhe marcas nas mãos e nos pés e na lateral
direita do tronco, correspondendo à localização das 5 chagas de Cristo. S. Francisco
assemelhava-se assim a Cristo, não apenas pela sua forma de estar na vida, mas também de
forma tão visível como os estigmas, executando, a partir daí, diversos milagres.
S. Francisco de Assis nasceu em 1182, em Assis e foi jovem para a guerra, acabando como
prisioneiro, em 1202, e resgatado um ano depois devido à sua enfermidade. É por via de um
chamamento divino, que se lhe pede a reconstrução da capela onde este se encontrava,
aprendendo o valor do trabalho e das esmolas para a reedificação da capela de S. Damião.
Convertido a uma vida semelhante à de Cristo, entrega-se à pobreza e à pregação da palavra
de Deus. Depressa seguem-lhe outros homens como discípulos, iniciando-se uma nova ordem
religiosa. Em 1224, aparecem-lhe os estigmas depois de subir ao monte Alverne para orar,
acabando por morrer dois anos depois, tornando-se santo em 1228.
O tema dos estigmas entende-se no contexto onde o relevo está inserido. O mosteiro
franciscano de Santa Clara-a-Nova exibe, portanto, uma temática franciscana. A história de S.
Francisco contempla diversos episódios cruciais que se foram difundindo ao longo dos
séculos mas, a partir do século XVII, acarinhou-se essencialmente a cena da sua
150
BORGES, N. C., 2003. "A talha". In: Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos. Nº 18.
Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 71.
151
São Boaventura, 2012. Legenda Menor. [Online]
Available at: http://www.paxetbonum.net/biographies/minor_legend_pt.html#6
[Acedido em 19 Junho 2015].
50
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
estigmatização, pois esta resumia todo o seu propósito de vida assemelhando-se a Jesus
Cristo152. Assim, o seu brasão é representado por dois braços que se cruzam, ambos com
chagas; o que apresenta uma manga de hábito simboliza S. Francisco e o braço nu retrata
Cristo, tal como se encontra figurado no remate do retábulo (imagem 29).
Após a morte de S. Francisco de Assis, depressa se deu início à produção de toda uma
iconografia relativa à vida do santo153. Deste modo, e inspirada nas modificações realizadas
nas suas hagiografias, a imagem de S. Francisco foi-se sucessivamente modificando de acordo
com a versão mais actualizada. Nas primeiras imagens do santo, o ícone de S. Francisco é
representado a mostrar os estigmas, uma vez que eram as chagas que caracterizavam e
confirmavam a sua santidade154. Desde 1235 que se apresenta o santo ajoelhado, como
representam, a título de exemplo, Bonaventura Berlinghieri (imagem 30), Giotto (imagem
31), Erfurt (imagem 32) e Domenico Veneziano (imagem 33). A partir daqui, a tendência é
cada vez mais para se elevar o santo, desde a posição de pé, até mesmo a levantá-lo do chão,
como na pintura de Vicente Carducho, de 1576-1638 (imagem 34)155. Nos séculos seguintes
representa-se S. Francisco a descair, segurado por anjos, como que o santo, enfraquecido pelo
êxtase que presenciou, caísse desfalecido, assemelhando-se ao êxtase de Santa Teresa156,
como acontece na representação de 1729 de Giambattista Piazzetta (imagem 35)157. O fundo
das representações tende a seguir o gosto estético em voga e introduzem-se novidades como
raios de luz que ligam as chagas do anjo às de S. Francisco, delimitando-as e destacando
melhor os estigmas, como já Giotto tinha feito (imagem 36)158. Os raios não aparecem
descritos na biografia do santo, são usados como estratégia visual pelos artistas. Introduz-se
152
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII: Italia, Francia, España, Flandres. Madrid:
Ed.Encuentro, p. 172.
153
CESAR, A. M., 2010. Pinturas da estigmatização de São Francisco de Assis: da cena narrativa ao retrato –
Séculos XIII-XVI, p.6. [Online]
Available at: http://www.ifcs.ufrj.br/~arshistorica/dezembro2010/doc/arshistorica02_a03.pdf
[Acedido em 20 Junho 2014].
154
CESAR, A. M., 2010. Pinturas da estigmatização de São Francisco de Assis: da cena narrativa ao retrato –
Séculos XIII-XVI, pp. 6-7. [Online]
Available at: http://www.ifcs.ufrj.br/~arshistorica/dezembro2010/doc/arshistorica02_a03.pdf
[Acedido em 20 Junho 2014].
155
CESAR, A. M., 2010. Pinturas da estigmatização de São Francisco de Assis: da cena narrativa ao retrato –
Séculos XIII-XVI, pp. 7-8. [Online]
Available at: http://www.ifcs.ufrj.br/~arshistorica/dezembro2010/doc/arshistorica02_a03.pdf
[Acedido em 20 Junho 2014].
156
CESAR, A. M., 2010. Pinturas da estigmatização de São Francisco de Assis: da cena narrativa ao retrato –
Séculos XIII-XVI, p. 173. [Online]
Available at: http://www.ifcs.ufrj.br/~arshistorica/dezembro2010/doc/arshistorica02_a03.pdf
[Acedido em 20 Junho 2014].
157
GIORGI, R., 2003. Santos. Barcelona: Electa, pp. 136-137.
158
MÂLE, E. (1985). El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 172.
51
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
também a personagem de um monge sentado a ler que é identificado como frei Leão por ser o
único companheiro que S. Francisco conduziu a essa parte do monte159. Apesar de frei Leão
não constar nas biografias do santo160, a igreja acarinhou esta introdução (desde o século XIV)
pois conferia-lhe um carácter de testemunha, credibilizando o milagre161. Desta forma, o tema
da estigmatização de S. Francisco evoluiu ao longo do tempo, inspirado nos textos que a
igreja ia criteriosamente controlando, agarrando-se ao tema dos estigmas como estratégia de
legitimação da santidade de S. Francisco. No caso do relevo dos estigmas em Santa Clara-aNova, S. Francisco de Assis apresenta-se numa posição de movimento ascensional,
acompanhado de frei Leão e envolto em natureza (imagem 28).
Os entalhadores do painel da estigmatização de S. Francisco na nova igreja de Santa Clara de
Coimbra revelam influências de gravuras que circulavam na época162. No âmbito da temática
religiosa, circulavam diversos livros ilustrados em Portugal desde os finais do século XV e
inícios do século XVI, tais como “(…) tratados de devoção, (…), Bíblias, Missais, Breviários,
Pontificais, Ofícios da Virgem (…)”163. O tema dos estigmas consta em missais e livros
religiosos como o Compendio e sumario de confessores, tirado de toda a substancia do
manual / copilado & abreviado por hum religioso frade menor, da ordê de S. Francisco da
Prouincia da Piedade, de 1571 (imagem 37), com um S. Francisco de joelhos, acompanhado
de um anjo serafim, enquadrado em linhas de força diagonais; a Explicaçam da segvnda regra
de S. Clara, de 1621 (imagem 38), com o santo ajoelhado perante crucifixo, à entrada de uma
caverna, denotando uma diagonal compositiva; ou o Missae propriae festorum ordinis
fratrum minorum ..., de 1675 (imagem 39) representando S. Francisco de joelhos e mãos
cruzadas, acompanhado de frei Leão e de uma cabeça de anjo. Este tema aparece igualmente
numa gravura do Mestre E. S (imagem 40), mas, nesta, a diagonal não é tão marcada e há um
maior ruído de fundo. Em todas as outras, a diagonal compositiva está sempre presente e, nas
duas primeiras, o S. Francisco encontra-se com os braços abertos como no relevo da igreja de
Santa Clara, ao contrário da do Missae propriae festorum ordinis fratrum minorum ..., de
MÂLE, E. (1985). El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 172.
Provavelmente deve-se por este ser um dos autores da biografia do santo.
161
MÂLE, E. (1985). El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 184.
162
Após o Concílio de Trento, depressa se difundiram tratados de como se deveriam representar as imagens
religiosas e, de seguida, começaram a se difundir livros de gravuras, de ornamentos e “registos de santos”, como
comprovam estudos recentes, como os de Marie-Thérèse Mandroux-França, na sua obra L’image ornementale et
la litterature artistique importées du XVIᵉ au XVIIIᵉ siècle: un patrimoine meconnu des bibliothèques et musées
portugais. ALVES, N. M. F., 1989. A arte da talha no Porto na época barroca: artistas e clientela, materiais e
técnica. Porto: Câmara Municipal do Porto Arquivo Histórico, p. 176.
163
VASCONCELOS, J. de., 1929. Albrecht Durer e a sua influência na Península. Coimbra: Imprensa da
Universidade, pp. 66-67.
159
160
52
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
1675, que apresenta S.Francisco de mãos cruzadas. Contudo, é essa que mais se assemelha ao
relevo do retábulo da estigmatização da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova, pela sua
organização compositiva, a mesma diagonal, a presença de frei Leão no canto inferior
esquerdo, o mesmo desenho de árvore e a envolvência pela natureza.
Na plataforma disponibilizada pelo instituto franciscano da Universidade de St. Bonaventure
(USA)164 divulgam-se gravuras e desenhos alusivos à temática franciscana e recolhidos a
partir da colecção de Livros Raros do Franciscan Institute e da Universidade de St.
Bonaventure. Um total de 63 gravuras sobre a temática dos estigmas, num intervalo temporal
de 1503 até 1763, confirma, mais uma vez, a imensa preferência por esta iconografia
(imagens 41-102). Na sua larga maioria, o santo é representado de joelhos, com os braços
abertos recebendo os estigmas, intensificados pelo uso dos raios de luz que acentuam a
dinâmica inter-relacional. Esta estratégia visual apenas não é usada em 7 das 63 gravuras,
mais concretamente na de 1512 do livro Firmame[n]ta trium ordinu[m] Beatissimi Patris
nostri Francisci (imagem 45); na de 1516 do livro Questio sup[er] regula[m] Sancti
Fra[n]cisci ad littera[m]/ ...Gilberti Nicolai..., Fratru[m] Mi[n]oru[m] de Observa[n]tia
Cismo[n]tano[rum]...(imagem 47); na de 1594 do livro S. Francisci historia (imagem 63); na
de 1603 do livro Magni S. Francisci vita (imagem 69); na de 1625 do livro Bref discours et
abrege de la vie, vertus, & miracles du...Jacques de la Marque (imagem 77); na de 1702 do
livro Missae propriae sanctorum Fratrum Minorum S.P.M. Francisci: ad formam Missalis
Romani:...(imagem 94); e na de 1763 do livro Encomia coelituum, digesta per singulos anni
menses & dies (imagem 100). Em 60 das 63 gravuras o santo encontra-se ajoelhado, sendo
representado de pé apenas na gravura de 1503 do livro Tractato delli defecti della mesa utile
perli sacerdoti semplici... Francesco della Piaza (imagem 41), na de 1596 do livro Tractado
sobre el Ave Maria: con dos tablas copiosissimas de la Sagrada Scriptura y de los sermones
de todo el ano... (imagem 65) e na de 1653 do livro Le Tableau de la Croix Represente dans
les Ceremonies de la ste. messe, ensemble le tresor de la devotion aux sou frances de Nre.
S.I.C. le tout enrichi de belles figures (imagem 88).
No retábulo dos estigmas a importância da liberdade do artista na execução da obra, sem se
cingir a uma gravura única, permitiu a oportunidade de mostrar a desenvoltura expressa na
qualidade técnica. Isto deveu-se à escolha de uma das mais trabalhadas temáticas franciscanas
164
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
53
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
que não ofereceu dúvidas aos imaginários quanto à sua representação. Porém, nem sempre o
tema escolhido é do conhecimento comum e, por isso, é essencial o suporte iconográfico
relativo ao assunto a tratar.
54
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.1.2. Painel da visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco
lmagem 104 – Relevo do painel sem altar localizado no fundo da igreja, do lado da epístola, relativo à visita do
papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco no mosteiro de Santa Clara-a-Nova de Santa Clara-a-Nova165.
A figura de S. Francisco ganha destaque num segundo retábulo que não consta do contrato
inicial mas que, nitidamente, saiu da mesma oficina, reforçando, mais uma vez, o relevante
papel da imagem do fundador da ordem. O painel sem altar do lado da epístola que se
encontra ao fundo da igreja na parede de separação dos coros, coroa o túmulo de uma “(…)
senhora da dinastia de Aviz (…)”166 (imagem 103). O foco principal do relevo (imagem 104)
dirige o olhar do espectador para o canto inferior direito onde se destacam as figuras de S.
Francisco, aureolado e posicionado sobre um pedestal; e do papa Nicolau V, ajoelhado a seus
pés, ricamente vestido e fazendo-se acompanhar da tiara papal que jaz no chão. Num segundo
plano e a rodear a cena principal quatro figuras posicionam-se em composição triângular em
direcção ao canto superior esquerdo do painel, equilibrando a composição e conferindo uma
diagonal realçada pelo contraste com a verticalidade e rigidez da figura do santo. Como
165
MOURA, C., 1986. "Uma poética da refulgência: a escultura e a talha dourada". In: História da Arte em
Portugal - O limiar do barroco. Lisboa: Publicações Alfa, p. 107.
166
CORREIA, V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra…, p. 84.
55
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
cenário de fundo, uma parede de pedra com um arco de volta perfeita e uma porta encerram o
espaço principal onde se desenrola a cena, iluminada por um candeeiro. No canto superior
esquerdo encontra-se uma inscrição onde se lê: FVNERIS S FRANCISCI / PERMIRA
CONSTITVT (imagem 105). Na edícula que remata o painel, gravaram-se os símbolos
representativos de S. Francisco expostos sobre uma cabeça de anjo alada centrada numa
nuvem. Mais uma vez, usou-se a representação dos dois braços cruzados com chagas mas
acrescentou-se a Cruz de Cristo (imagem 106).
A cena representa a visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco na igreja do convento
de Assis. Esta iconografia tem como base o relato do cardeal Austergius que presenciou e
testemunhou toda a acção167. Como escreveu Frei Marcos de Lisboa em 1557, nas Chronicas
da ordem dos frades Menores do seraphico padre san Francisco: “(…) o Senhor Papa
Nicolao tendo grãde desejo de ver o corpo do bemaventurado padre São Francisco,
determinou yr a Assis por esta causa (…)”168. Mas na chegada, o guardião que velava pelo
mistério da localização do santo sepulcro, não facilitou o seu acesso até se certificar das boas
intensões de Nicolau V: “(…) E assi certificado o guardião pedio a sua Sanctidade, que elle
so com outros três dos mais aceitos seus & não mais, viessem. E assi o fez o Papa, porque
não tomou se não a mim [Cardeal Austergius], & a hum Bispo Frances, & ao dito seu
secretairo micer Pedro. E a três horas andadas da noite, o guardião foy a chamar o senhor
Papa, que todas as cousas estavaô aparelhadas (…)”169. Chegando ao lugar, virão que o
corpo de S. Francisco “(…) estava em pe direito, não chegado nê encostado a parte algûa, nê
de mármore, nê de parede nem doutra cousa. Tinha os olhos abertos como de pessoa viva, &
alçados contra o ceo moderadamente. Estava o corpo sem nenhûa corrupção de nenhûa parte
delle, com a cor branca & corada, como se viuo estevera. Tinha as maôs cubertas com as
mangas do habito, diãte dos peitos, como custumão trazer os frades Menores. Vendoo assi o
Papa pos os geolhos em terra com grão reverencia & devação, & alçou o habito de hum pè,
& vio elle, & os que aly estávamos, que em aquelle sancto pée estava a chaga com o sangue
tão fresco & rezente, como se aquelle hora se fizera com ferro em algû corpo vivo. (…)”170.
Este relato aparece também nos Annales ordinis Minorum escritos em 1628 por Wadding171.
Indo em concordância com o descrito, o painel de Santa Clara-a-Nova figura S. Francisco em
167
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII: Italia, Francia, España, Flandres. Madrid:
Ed.Encuentro, pp. 413-414.
168
Frei Marcos de Lisboa, 1557. Chronicas da ordem dos frades Menores do seraphico padre san Francisco.
Primeira Parte.. Porto: Versão facsimilada de 2001., fol. 241.
169
Frei Marcos de Lisboa, 1557. Chronicas da ordem dos frades Menores …, fol. 241.
170
Frei Marcos de Lisboa, 1557. Chronicas da ordem dos frades Menores …, fol. 241.
171
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII: …, p. 413.
56
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
pé, como se estivesse vivo, com o olhar levantado e as mãos escondidas debaixo do hábito e
sobre o peito. As personagens da acção são apenas seis: S. Francisco (em pé), o papa Nicolau
V (de joelhos), o guardião do túmulo (que se encontra na porta), o cardeal Austergius
(denunciado pela sua veste vermelha), o bispo Francês (com capa e cruz ao peito), e o
secretário micer Pedro de Nozedo (de aparência mais jovial). O episódio desenrolou-se de
noite (daí a representação dos círios nas mãos dos três oficiais que acompanham o papa) na
capela subterrânea abobadada do mosteiro franciscano de Assis, debaixo da capela-mor. Atrás
de S. Francisco aparentam figurar sarcófagos em madeira uma vez que foi isso que aquele
grupo viu ao sair da capela: “(…) não atentávamos que era já passada toda a noite, & o
guardiaô disse ao Senhor Papa que era já muy perto da manhã, & assi sahimos fora daquela
capela ou apartamento de mármores. E olhamos a hûa parte & a outra, & vimos hûas
sepulturas cubertas de arame, dentro nas quaes estavaô os companheyros de bemaventurado
Padre enterrados, as quaes abertas vimos q estavaô todos inteiros (…)”172.
Esta iconografia não obteve tanta difusão como a da representação da estigmatização de S.
Francisco, contudo não deixou de implementar e reforçar uma estratégia de valorização que se
difundiu a partir do século XVII173. Emile Mâle refere a existência de uma gravura
pertencente ao livro Vida de san Francisco de Asís de Thomas de Leu, datada de 1600-1610,
e repetida em Vida de san Francisco, de Van Emden, que retratando o mesmo tema. Em
1630, Hyre pinta um quadro para a igreja dos frades capuchinhos de Marais (Paris) onde
figura a visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco, fazendo-se acompanhar de um
grande séquito de frades (imagem 107). Em 1646, a ilustração do livro Histoire admirable de
la vie du pere seraphic S. Francois de Paul Weerts apresenta uma gravura com o mesmo tema
(imagem 108). Nela figura a representação de S. Francisco, postado em pé sobre o seu
sepulcro; acompanhado do papa Nicolau V, beijando o túmulo do santo; a do cardeal
Austergius, autor e testemunha da visitação do papa à igreja subterrânea de Asis, em 1449; e a
do resto da comitiva que os acompanha e que se entende que sejam o bispo Francês e o
secretário do papa, possuindo um a tiara papal e outro uma cruz de três braços (símbolo de S.
Pedro ou de todos os santos que foram papas). Ambas as representações assemelham-se quase
na íntegra ao relevo de Santa Clara-a-Nova, desde a posição do santo ao cenário de fundo e
candeeiros, diferindo na quantidade de personagens. Isto leva a pensar-se que os autores deste
painel tiveram acesso a estas ou a alguma cópia destas gravuras para a execução do relevo. O
172
173
Frei Marcos de Lisboa, 1557. Chronicas da ordem dos frades Menores …, fol. 241.
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII: …, p. 413.
57
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
mesmo tema e composição são posteriormente usados no convento do Louriçal para o
desenho de uma das composições azulejares, datadas do início do século XVIII, que se
encontram a decorar o interior da igreja do convento do Desagravo do Louriçal, no lado da
epístola (ver imagem 109)174.
Ainda em contexto português mas com uma tipologia compositiva distinta, o mesmo tema foi
representado no convento de S. Francisco de Leiria (imagem 110) baseando-se no quadro
pintado por Eugenio Cajés para o claustro de S. Francisco de Madrid que apenas se conhece
através do seu desenho preparatório que se encontra na Galeria Albertina, em Viena (imagem
111)175.
Em Santa Clara-a-Nova o relevo da visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco, que
vem representar uma iconografia tão pouco usual, seguiu linhas gerais de gravuras que
circulavam na época. A orientação baseada em ilustrações já existentes deveu-se à sua
especificidade temática, que foi pouco difundida e dominada pelos autores.
174
EUSÉBIO, J., 2015. Os ciclos de azulejos da igreja do convento do Louriçal. Pombal: Câmara Municipal de
Pombal, pp. 15-22.
175
PACHECO, F., 1990. Arte de la Pintura. Madrid: Catedra, pp. 699-700.
58
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.2. A Santa Padroeira
A igreja de Santa Clara-a-Nova é consagrada à Rainha Santa Isabel e, no conjunto retabular
da nave, são-lhe dedicados dois painéis. É a padroeira da igreja mas também da cidade e,
durante 21 anos, da “ (…) nação portuguesa (…)”176. Refundadora do mosteiro de Santa
Clara de Coimbra, ficou eternamente ligada a esta instituição e à sua cidade por vontade
expressa em testamento. Terminados os processos que levaram à sua canonização, o rei D.
Filipe III depressa a elegeu como padroeira e protectora do reino de Portugal, conforme fora
aprovado em 14 de Novembro de 1625177.
Filha de D. Pedro III de Aragão e de D. Constança de Hohenstaufen, nasceu em 1271 no
Reino de seu pai e herdou o nome da sua tia-avó, Santa Isabel da Hungria. Casou com o rei de
Portugal D. Dinis e dele teve dois filhos, D. Constança e D. Afonso IV. Herdou a bondade e a
tenacidade, praticando desde muito cedo a caridade, a devoção e a solidariedade para com os
mais necessitados, chegando a fundar diversos hospitais, casas de acolhimento e igrejas.
Paciente e humilde face às infidelidades do marido, ajudou-o a criar os filhos bastardos
adquirindo marcante presença moderadora na política ibérica178. Após enviuvar em 1325,
vestiu-se de luto com o hábito de clarissa e dirigiu-se em romaria a Santiago de Compostela,
por alma de seu marido, ofertando ao apóstolo o sacrifício das suas riquezas179. No seu
regresso, recolheu-se no mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Fez uma última peregrinação a
Santiago de Compostela que terminou em Estremoz, pois viu-se obrigada a intervir nas
discórdias entre seu filho (Rei de Portugal) e seu neto (Rei de Castela e Leão), acabando por
falecer aí a 4 de Julho de 1336. O seu corpo foi depositado em Coimbra como pediu em
testamento, no túmulo de pedra que já teria mandado lavrar para esse efeito e, mais tarde,
transladada para o de prata do século XVII. D. Isabel fora beatificada em 1516, pelo papa
Já desde 1554 que a Rainha Santa é considerada “(…) protectora e defensora peculiar da nação
portuguesa(…)”, mas tal estatuto só é oficializado em 1625. VASCONCELOS, A. d., 1993. Dona Isabel de
Aragão (a Rainha Santa). Volume I. Coimbra: Arquivo da Universidade de Coimbra, pp. 302-303.
177
VASCONCELOS, A. d., 1993. Dona Isabel de Aragão (a Rainha Santa). Volume II, p. 605.
178
SILVA, A. J., 2012. Os nossos santos e beatos: e outros, que Portugal adotou. Lisboa: A Esfera dos Livros,
p. 115.
179
ESPERANÇA, F. M. d., 1666. Historia Serafica da Ordem dos Frades Menores da S.Francisco na Provincia
de Portugal. Segunda Parte, que conta os seus progressos no Estado de tres Custodias, principio de Provincia,
& Reforma Observante. Lisboa: Oficina de Antonio Craesbeeck de Mello, pp. 291-293.
176
59
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Leão X, e canonizada em 1625, pelo papa Urbano VIII180. A ela atribuem-se-lhe diversos
milagres sendo o mais conhecido o Milagre das Rosas.
180
Sobre os processos de beatificação e canonização da santa: VASCONCELOS, A. d., 1993. Dona Isabel de
Aragão (a Rainha Santa). Volume I e II…
60
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.2.1.Painel da Rainha Santa Isabel (Milagre das Rosas de Alenquer)
Imagem 112– Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova181.
“(…) E o treseiro será da imaijem da Rainha samta fazendo feria aos Pedreiros que trazia na
obra que fes em Alemqer (…)”182
De frente para a porta de entrada encontra-se o terceiro painel lateral do lado da epístola,
alusivo à Padroeira, acompanhada por 6 pedreiros (imagem 112). Em primeiro plano, a
Rainha Santa Isabel (imagem 113), apoiada no seu bordão de peregrina, oferece uma rosa a
um mestre pedreiro (imagem 114) que se ajoelha à sua frente com o chapéu pousado no
joelho e com a sua cesta de ferramentas (imagem 115), fazendo-se acompanhar de uma
personagem mais nova (imagem 116), remetendo para a representação de um mestre e o seu
aprendiz. A composição destas figuras é marcada pela carregada diagonal que a entrega da
rosa confere aos braços das personagens (imagem 117). Na cena de fundo identificam-se
quatro pedreiros através do material em que trabalham e das ferramentas que utilizam, tendo
181
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
182
61
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
cada um uma rosa em sua posse (imagem 118), num cenário envolto de flora. Na edícula de
remate figura uma coroa de flores (imagem 119).
Dado o contexto e natureza de toda a envolvência, fazia todo o sentido identificar a temática
retratada como a visita da Santa Isabel à construção do convento de Santa Clara-a-Velha
como o fazem Wifredo Rincón García e Alfredo Romero Satamaría no seu artigo
"Iconografía de Santa Isabel en el Arte Español y Portugués". Contudo, o que é exigido em
contrato faz referência ao episódio do milagre das rosas de Alenquer, registado pelo
franciscano Frei Manoel da Esperança em 1666183. Segundo consta aqui, a igreja do Espirito
Santo em Alenquer fora fundada pela Rainha D. Isabel após aparecer-lhe “(…) em sonhos o
Espirito divino, Terceira Pessoa da Santissima Trindade, & consolador das almas,
advertindoa, que lhe fizesse hum templo dedicado a seu nome, do qual ella em acordando do
sono tratou com muita presteza (…) Continuando a obra, passou por este lugar hua moça
com huas poucas rosas, as quaes lhe mandou pedir, & quando as recebeo, levantou, como
era seu costume, as mesmas mãos ao ceo, dando louvores a Deos, que entre espinhos ásperos
criava flores tão belas. Despedindose à tarde, deu hua a cada hum dos ditos oficiaes,
declarando, que com ella lhes pagava o jornal d’aquelle dia inteiro. Tomàrao isto por graça:
porèm quando ja sol posto recolhiao os fardeis, as rosas em suas próprias mãos se
cõvertéraõ em dobras, que eraõ moedas d’ouro.”184. Este episódio ocorreu em 1320 e a igreja
fora construída no lugar onde já existia um hospital e albergaria, ficando anexa a este185
(imagem 120).
É o Milagre das Rosas de Alenquer que se encontra representado em Santa Clara-a-Nova, tal
como fora pedido em contrato, identificando-se a temática através das rosas que os pedreiros
trazem consigo, aludindo ao momento em que a rainha as distribui. A santa é vestida com
roupas nobres, sem coroa e identificada através dos atributos das rosas e do bordão de
peregrina que a denunciam como a rainha D. Isabel, apesar de que esta só irá receber o bordão
cinco anos depois do milagre de Alenquer186.
183
A arqueóloga Raquel Caçote Raposo refere que o registo deste episódio remonta a 1561 pela mão do escrivão
Francisco Telles. RAPOSO, R. C., s.d. Casas e Igreja do Espírito Santo (Alenquer). [Online] Available at:
https://www.academia.edu/8965093/Casas_e_Igreja_do_Esp%C3%ADrito_Santo_Alenquer_
[Acedido em 7 Novembro 2015].
184
ESPERANÇA, F. M. d., 1666. Historia Serafica …, p. 283.
185
S.I.P.A., 2002. Capela e Albergaria do Espírito Santo / Capela e Albergaria do Paço da Rainha Santa Isabel.
[Online] Available at: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6614
[Acedido em 10 Novembro 2015].
186
ESPERANÇA, F. M. d., 1666. Historia Serafica …, pp. 291-293.
62
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
A iconografia da Rainha Santa difundiu-se logo a partir da sua morte, intensificando-se com
os processos canónicos associados à sua santificação e aliando-se às novas tecnologias
gráficas 187. A sua beatificação agiu como combustível para a primeira explosão da difusão da
sua imagem, sendo a gravura o veículo mais rápido. O seu carácter áulico resultou do estudo e
elaboração das biografias relativas a D. Isabel que vinham no seguimento dos procedimentos
elementares para a sua beatificação e, mais tarde, a sua canonização. Uma das primeiras
iconografias representando a santa vestida de Rainha remonta a 1531 e pertence ao livro
Breuiariu[m] secu[n]du[m] usu[m] insignis monasterii s[an]ct[a]e crucis coli[m]brie[n]sis
ordinis diui Augustini, Coimbra: per Germanum Galhardu[m] (imagem 121). Posteriormente,
por volta de 1540/1550, o pequeno retábulo devocional dedicado à Rainha Santa Isabel (que
se encontra actualmente no Museu Nacional Machado de Castro) incorpora a imagem da santa
vestida de rainha, coroada e suportando rosas no seu regaço (imagem 122). Em 1567, o livro
de Fr. Diogo do Rosário, Histórias das vidas & feitos heróicos & vidas insignes dos sanctos,
anexaria uma gravura da rainha coroada e aureolada, suportando nas suas mãos a coroa de
Espanha e a de Portugal (imagem 123), que se iria repetir em 1577 na reedição de Coimbra e
na obra de 1569, Officium Sanctae Elisabeth Portugaliae quõdam Regenae. Secnudü [sic]
cõsuetudine[m] ordinis Cistercieñ[sis] (imagem 124)188. A gravura de 1590 da Rainha
assistindo à construção do hospício junto ao seu paço de Santa Clara de Coimbra, pertencente
ao livro: Flos Sanctorum das vidas e obras insignes dos sanctos, produzido em Lisboa por
Baltazar Ribeiro, retrata, mais uma vez, D. Isabel vestida de rainha, com ceptro, coroa e
aureola (imagem 125). Do mesmo carácter áulico resulta a gravura da Rainha Isabel datada de
1598, pertencente ao livro de Pedro de Mariz, Dialogos de Varia Historia…, retratando o
busto perfilado da santa coroada e aureolada (imagem 126).
Se a sua beatificação conferiria uma imagem aureolada da rainha, a sua canonização marcaria
a preferência por uma representação aliada à santidade franciscana, figurada pelo hábito de
clarissa. Contudo, o modelo régio nunca se esgotou e alcançaria no século XIX a sua maior
reprodução. Na vizinha Espanha, a Rainha Portuguesa fora representada coroada, vestida em
trajes modestos, e suportando rosas no seu regaço, numa pintura de finais do século XVII e
inícios do século XVIII, pertencente à igreja paroquial da Puebla de Alfindén, em Zaragoza
(imagem 127). Na gravura de 1681, pertencente ao livro de Frey Diogo do Rosario, Flos
187
PIMENTEL, A. F., 1999. "Propaganda Fidei. A representação gravada da Rainha Santa Isabel". In: Imagen
de la Reina Santa: Santa Isabel, Infanta de Aragón y Reina de Portugal, Vol. I. Zaragoza: Diputación Provincial,
pp. 65-66.
188
PIMENTEL, A. F., 1999. "Propaganda Fidei. A representação gravada da Rainha Santa …, p. 69.
63
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
sanctorum : historia das vidas de Christo S.N. e de sua Santissima MÃY, Vidas dos Santos …
a Rainha Santa figura coroada, de bordão e rosas no regaço (imagem 128). Na cidade
aragonesa de Teruel, existe uma pintura de D. Isabel de Portugal, datada da primeira metade
do século XVIII, que projecta uma Rainha ricamente vestida, deixando transparecer por baixo
das luxuosas vestes o hábito de clarissa (imagem 129). Com a mesma riqueza nas roupagens
encontramos a escultura de Isabel de Aragão, da primeira metade do século XVIII,
pertencente ao Museu Nacional Machado de Castro (imagem 130). O século XIX preferiu a
imagem régia da santa rainha como exemplifica a pintura espanhola, datada de 1887, da
autoria de Bernardino Montañés Pérez, pertencente à Diputación Provincial de Zaragoza
(imagem 131), mas que cresceu vinculada à escultura icónica que Teixeira Lopes executou
para a igreja de Santa Clara-a-Nova, em 1896, e que fora amplamente reproduzida (imagem
132)189.
A pintura de Bento Coelho da Silveira pertencente à igreja matriz de Salvaterra de Magos
(Santarém) executada cerca de vinte anos antes da encomenda do conjunto retabular de Santa
Clara-a-Nova, foi identificada no livro Imagen de la Reina Santa como o milagre das rosas de
Alenquer190 (imagem 133). Nela é representada a santa ricamente vestida (pela moda que se
trajava no século XVII), acompanhada pelo seu séquito, trazendo rosas no seu regaço e
ofertando moedas aos seus oficiais de obra, ajoelhados a seus pés. Apesar da legenda retratar
o milagre de Alenquer, em nada se identifica esse episódio: nem o cenário alude à construção
da igreja, nem a Rainha oferta rosas. Nelson Correia Borges refere que uma “(…) tela de
carácter arcaizante mostra Santa Isabel distribuindo rosas aos canteiros (…)”191 pertencente
ao retábulo da Rainha Santa localizado no coro-alto da igreja. Com a autorização da Confraria
da Rainha Santa Isabel, o registo fotográfico no coro-alto do retábulo referido confirma o
modelo iconográfico utilizado no painel da igreja (imagem 134). Nele figura a representação
da Rainha, identificada com o báculo, entregando uma rosa ao canteiro que se ajoelha à sua
frente, acompanhado por dois canteiros a executar o seu ofício, cada um portador de uma
rosa, tal como é figurado no retábulo da nave da igreja (imagem 135). A cena difere da que se
encontra na igreja pelo seu cenário de fundo e pela plasticidade estética, vigente nos séculos
anteriores. Comprova-se, assim, que os entalhadores de Santa Clara-a-Nova tiveram acesso a
modelos existentes no próprio cenóbio.
PIMENTEL, A. F., 1999. "Propaganda Fidei. A representação gravada da Rainha Santa …, pp. 75-79.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel, Infanta de
Aragón y Reina de Portugal, Volume I. Zaragoza: Diputación Provincial, pp. 102-103.
191
BORGES, N. C., 2003. A talha. In: Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos. Nº 18. Lisboa:
Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 68.
189
190
64
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
O tema do milagre de Alenquer é pouco representado, sendo mais usual o milagre das rosas,
uma vez que não consta na lista de milagres averiguados para a validação da sua canonização.
Conclui-se que seja esse o motivo deste tema ser pouco conhecido. Apesar disso, as clarissas
de Coimbra não o quiseram menosprezar e escolheram-no apresentar em dois retábulos no
mosteiro, retratando a sua Rainha que, para além de Santa Clara, fundara diversas igrejas
consagradas pela mão de Deus.
65
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.2.2. Painel de Santa Isabel de Portugal
Imagem 137 – Painel do retábulo que se encontra no fundo da igreja, na parede de separação dos coros, no lado
do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova192.
O retábulo sem altar do lado do evangelho que se encontra no fundo da igreja na parede de
separação dos coros, coroando o túmulo da Infanta D. Isabel, neta da Rainha Santa Isabel, não
faz parte do grupo de onze retábulos do contrato de 1692 (imagem 136). O painel deste
retábulo é composto pela imagem de Santa Isabel que se ergue entre pilastras, vestida de
clarissa, coroada e com auréola, segurando na mão direita o bordão de peregrina e rosas no
regaço. Elevada sobre um pedestal tem a seus pés 3 personagens (que aparentam ser uma
criança, um homem de moletas e uma senhora) que erguem seus olhos, mãos e taças para a
personagem principal, formando um triângulo compositivo (imagem 137). De fundo foi
retratada uma paisagem com árvores e montes. Na edícula de remate do retábulo foi
representado o brasão régio que une a casa de Portugal com a de Aragão (imagem 138).
A primeira iconografia associada à Rainha Santa Isabel onde, tal como no painel da igreja,
esta se encontra com o hábito de clarissa, advém do seu túmulo de pedra que mandou executar
ainda em vida (imagem 139)193. Foi a partir dele que se executou grande parte da sua
iconografia que não tardou a representar também o regaço de flores alusivo ao popular
192
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Sobre o seu túmulo de pedra: MACEDO, F. P. d., 1999. "O Túmulo Gótico de Santa Isabel". In: Imagen de la
Reina Santa: Santa Isabel, Infanta de Aragón y Reina de Portugal. Volume II. Zaragoza: Diputación Provincial,
pp. 93-114.
193
66
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
milagre das rosas. No ano de 1325, vendo-se perante a viuvez, veste-se de luto com o hábito
franciscano tal como já havia estipulado: “(…) Trazia sempre consigo encerrado em hum
cofre o religioso habito da Ordê de S.Clara, ou pera sua mortalha se falecesse primeiro, ou
pera se vestir comm elle em caso, que viuvasse. E conhecendo agora pela doêça d’ElRei, que
avia de ficar neste segûdo estado, a os dous do dito mez protestou publicamente, como sua
têçaô era vestillo por devação, honestidade, & luto, sê por isso renûciar, ou perder a
liberdade eu tinha, de despender suas rendas conforme lhe parecesse em proveito dos
vassalos. Depois, no dia seguinte a seu falecimento vestio o habito santo (…) Vestida pois em
o habito de gloriosa S. Clara, cingida com hum cordão, & vèo branco na cabeça, do qual mo
se vestio, & toucou toda a vida: com este luto devoto, religioso, & santo saîo à Sala Real,
onde se poz o cadáver de seu marido defunto. (…)”194; tendo redigido dois documentos para
explicar as suas intenções195. Em seguida, segue em peregrinação a Santiago de Compostela,
onde oferta ao apóstolo grande parte das suas riquezas e onde recebe do Arcebispo: “(…)
duas peças, com q então a armou Romeira de Sant-Iago. A primeira, hum bordão a o modo
de muleta encastoado em prata, & no remate com hûa pedra vermelha: a segunda, hûa bolsa
de setim alionado, forrada de couro, & bordada d’hûa parte com a figura do mesmo S.
Apostolo, da outra com hûa Concha, que he a sua insígnia. Dellas ambas fez a Santa tão
grande estimação, que sem as largar na vida, as levou por morte à sepultura.”196. Foram
estas duas características (a de viúva e a de peregrina) aliadas à simbologia da coroa
(representando a sua realeza) que figuraram no protótipo iconográfico da Santa Rainha,
resultando dessa tripla conjugação advinda da sua própria vontade197.
Após a beatificação em 1516, surgem diversas imagens de D. Isabel entre as quais a gravura
do livro Vida & milagres da gloriosa Raynha Sancta Ysabel, molher do catholico Rey dõ
Dinis sexto de Portugal. Com o compromisso da cõfraria do seu nome, & graças a ella
concedidas, feito por Ioam da Barreyra em 1560 (ver imagem 140); e a iluminura de 1592 do
Livro que fala da boa vida que fez a Rainha de Portugal, Dª. Isabel, e dos seus bons feitos e
milagres em sua vida e depois da sua morte (ver imagem 141). Em ambas a Rainha é figurada
194
ESPERANÇA, F. M. d., 1666. Historia Serafica da Ordem dos Frades Menores de S.Francisco na Provincia
de Portugal. Segunda Parte, que conta os seus progressos no Estado de tres Custodias, principio de Provincia,
& Reforma Observante. Lisboa: Oficina de Antonio Craesbeeck de Mello, pp. 291-292.
195
Sobre as declarações da Rainha ver: VASCONCELOS, A. d., 1993. Dona Isabel de Aragão (a Rainha Santa).
Volume I. Coimbra: Arquivo da Universidade de Coimbra, pp.103-107.
196
ESPERANÇA, F. M. d., 1666. Historia Serafica da Ordem dos Frades Menores de S.Francisco …, pp. 292293.
197
MACEDO, F. P. d., 1999. "O Túmulo Gótico de Santa Isabel"…, pp. 108-110.
67
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
com o seu hábito de viúva e coroa de espinhos, acompanhada por coroa e ceptro régios; na
gravura segura o bordão de peregrina e na iluminura um cruxifixo.
Em 1625 proclamou-se oficialmente a santidade da Rainha D. Isabel198, condicionando a
produção de uma iconografia sistemática e grandemente difundida, onde a santa figurava
vestida de clarissa, coroada e aureolada, com o bordão de peregrina e o regaço com rosas. A
simbologia dessa imagem remetia à realeza, pela coroa; à santidade, pela auréola; à viuvez,
nas vestes; à peregrinação a Santiago de Compostela, pelo bordão; e aos milagres, pelas rosas.
Desde os tempos mais remotos da cristandade, os devotos procuravam trazer consigo um
pouco do santo da sua veneração seja através de relíquias, seja, mais tarde, pela aquisição de
estampas e gravuras. Desta forma, multiplicaram-se pequenas imagens alusivas a essas
temáticas que, pelas suas características, adquiriam uma fácil e rápida circulação. Com a
canonização da Rainha Santa Isabel, lançou-se o protótipo daquela que iria ser a iconografia
mais difundida até ao século XIX199, como exemplifica a gravura pertencente à colecção
Armando Carneiro da Silva (imagem 142) que já circulava quatro anos antes de 1625 e que
serviu de modelo directo à gravura do livro Philippus Prudens Caroli V…, de 1639 (imagem
143).
Em 1631, publicou-se um desenho de S. Isabel no livro Triunfos de la Nobleza Lusitana y
origen de sus blazones, de António Soares de Albergaria, que se assemelha à figuração da
santa no painel de Santa Clara-a-Nova (imagem 144). Nas duas representações, a rainha
coloca-se em pé sobre um pedestal, vestida de viúva, coroada, com rosas no regaço, bordão de
peregrina e identificada pelo seu brasão régio, mas, como acontece tantas vezes na reprodução
das gravuras, a imagem de Santa Clara-a-Nova encontra-se invertida.
A gravura de 1649, pertencente ao livro de Adam Burvenich, Vierfacher Geistlicher... Coln:
Peter Metternich vor den Augustineren, retrata uma Santa Isabel coroada e aureolada, de
trajes nobres (mas deixando à mostra o cinto franciscano de três nós), com livro e duas coroas
numa mão e na outra oferece uma moeda a um pobre (imagem 145). No mesmo livro,
encontramos uma Rainha Isabel vestida de Clarissa com a data da sua canonização na legenda
(imagem 146). As duas representações compiladas na mesma obra podem representar, não
duas representações da mesma santa, mas a representação de S. Isabel de Portugal e S. Isabel
Sobre os processos da sua canonização: VASCONCELOS, A. d., 1993. Dona Isabel de Aragão …, pp. 319438; Sobre a sua canonização: VASCONCELOS, A. d., 1993. Dona Isabel de Aragão …, pp. 439-464.
199
A escultura de Teixeira Lopes do século XIX vem substituir a preferência imagética da Rainha Santa até
então mais associada à sua representação com hábito de clarissa.
198
68
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
da Hungria (sua tia-avó). Foi comum desde muito cedo associarem-na à representação de S.
Isabel da Hungria, sua familiar, a quem dedicou o mosteiro de Santa Clara-a-Velha e fez
questão de ser figurada na cabeceira do seu túmulo pétreo. S. Isabel da Hungria, herdou-lhe o
conhecido milagre das rosas (imagem 147) que fora incrementado iconograficamente e
abraçado desde muito cedo para figurar a rainha portuguesa. Sendo aceite oficialmente em
1625, a par com a “(…) Cura de uma rapariga, cega de nascimento, pelo simples contacto da
mão de D.Isabel (…)”, o “(…) tumor que soror Margarida, freira de Chelas, próximo de
Lisboa, tinha no estomago, desapareceu apenas a santa rainha fez sobre elle o signal da cruz
(…)”, a aplicação de “(...) uma clara de ovo a uma ferida grave, feita na cabeça de um
leproso, fica logo sã (…)”, o milagre onde a rainha “(…) osculando o pé de uma pobre
mulher, cura um cancro, que o corroía (…)” e a “(…) Conversão da agua em vinho (…)”,
como os únicos milagres aceites que efectuou ainda em vida200. O milagre das rosas,
executado em pleno inverno, relata o episódio onde a santa é interceptada por D. Dinis que
questiona o conteúdo do volume do seu regaço, respondendo que eram rosas. O rei pede para
as ver, pois não acreditava que houvesse tais flores na referida estação do ano , mostrando
como o dinheiro (ou para pagar as obras do mosteiro de Coimbra ou para dar aos pobres201) se
convertera em belas rosas. A primeira edição desta história remonta ao ano de 1562, na
crónica escrita por Fr. Marcos de Lisboa, no seguimento de uma tradição oral que já se teria
materializado iconograficamente após a sua beatificação202. A veracidade comprovada desse
milagre nunca mais se desagregou da imagem da rainha portuguesa, adquirindo protagonismo
preferencial face aos seus outros atributos.
Após a sua beatificação, e durante todo o processo de canonização, a difusão da representação
da rainha enraizou-se numa memória colectiva devocional que pressionava, cada vez mais, as
instâncias oficiais no sentido da sua canonização203. O medalhão de S. Isabel da primeira
metade do século XVII, pertencente ao Museu Nacional Machado de Castro (imagem 148) é o
exemplo mais que perfeito do tipo de objectos devocionais que circulavam e que difundiam a
imagem tipificada das gravuras da Rainha Santa. Da mesma iconografia, produziram-se uma
série de pinturas datadas do século XVII que correspondem à imagem em circulação como
podemos comprovar na pintura pertencente ao Mosteiro de Santa Clara-a-Nova (imagem
VASCONCELOS, A. d., 1993. Dona Isabel de Aragão …, pp. 421-424.
Existem as duas versões.
202
VASCONCELOS, A. d., 1993. Dona Isabel de Aragão …, p. 424.
203
PIMENTEL, A. F., 1999. "Propaganda Fidei. A representação gravada da Rainha Santa Isabel". In: Imagen
de la Reina Santa: Santa Isabel, Infanta de Aragón y Reina de Portugal, Vol. I. Zaragoza: Diputación Provincial,
pp. 65-68.
200
201
69
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
149); na pintura pertencente à Academia das Ciências de Lisboa (imagem 150); na pintura
pertencente ao Convento de Santa Clara de Huesca, em Espanha (imagem 151); nas pintura
pertencentes ao Museu de Évora (imagens 152, 154 e 156); na pintura pertencente ao Museu
Grão Vasco (imagem 153); na pintura de finais do século XVII, pertencente ao Museu de
Zaragosa (imagem 155); na pintura datada de 1701-1750, pertencente ao Museu da Guarda
(imagem 157); ou na pintura da primeira metade do século XVIII, pertencente à Diputación
Provincial de Zaragoza (imagem 158).
O fundo das representações, que mistura elementos paisagísticos com arquitecturais, tal como
é feito no painel de Santa Clara-a-Nova, só começa essencialmente a aparecer a partir do
século XVIII como podemos, a título de exemplo, ver na gravura do século XVIII,
pertencente ao Museu Nacional Machado de Castro (imagem 159); na pintura datada de 1799,
pertencente ao Museu Nacional de Arte Antiga (imagem 160); ou na gravura datada de
1815/25, pertencente à Colecção Armando Carneiro da Silva (imagem 161). Em todas, a
tendência é associar à Rainha uma linguagem grandiloquente da arquitectura.
Tal como a pintura, também a escultura se baseou nas gravuras da época, como podemos ver
na escultura da Rainha Santa Isabel do século XVII, pertencente ao Museu Grão Vasco
(imagem 162); na dos inícios do século XVII, pertencente à Capela privativa do Reitor da
Universidade de Coimbra (imagem 163); ou na do século XVII, pertencente ao Museu
Nacional Machado de Castro (imagem 164).
Na realidade, o que fora representado na igreja de Coimbra alude à representação da virtude
isabelina da caridade, figurada através dos desfavorecidos a seus pés e que fora representada
com base no protótipo do século XVII da imagem da rainha em grande circulação, rodeada de
um fundo que se vai adoptar essencialmente a partir do século XVIII. A caridade fora a
característica mais procurada na representação da Santa Rainha pois romanceava a comunhão
entre o despojamento das suas riquezas e a compaixão da realeza para com os mais
necessitados, tornando-se nobre não por aquilo que tem mas pelo que faz204.
Assim, o painel do retábulo de Santa Clara-a-Nova encerra o protótipo iconográfico
celebrativo difundido aquando da canonização da Rainha Santa Isabel, em confronto com o
segundo painel de S. Francisco do lado da epístola, igualmente adossado à parede de
separação dos coros e sem constar no contrato de 1692. A sua posterior incrementação e
colocação estratégica na igreja podem ser originárias de uma tentativa de se querer equiparar,
204
PIMENTEL, A. F., 1999. "Propaganda Fidei. A representação gravada da Rainha Santa Isabel"..., p. 68.
70
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
lado a lado, os dois fundadores, separados a meio pela grade de ferro do coro baixo que é
coroado com uma pintura de uma terceira entidade fundacional: S. Clara.
71
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.3. Os Santos franciscanos
3.2.3.1. Painel de Santo António
Imagem 165 - Painel do retábulo de Santo António na igreja de Santa Clara-a-Nova205.
“(…) E o seg.º Retabolo será da jmaijem de santo An.º com o menino acentado que Comduzer
ao Retabolo (…)”206
Como referido em contrato, a cena do painel do segundo retábulo lateral do lado da epístola
faz alusão à aparição do Menino Jesus a Santo António. Representa-se Santo António
ajoelhado em frente a um altar com uma cruz, esticando o braço direito para a terna figura
jovial do Menino aureolado envolto em nuvens, anjos e cabeças de anjo aladas (imagem 165).
No pedestal onde se ajoelha jazem umas disciplinas e, por cima da sua cabeça, encontra-se um
anjo que segura uma coroa de flores. Por detrás das nuvens onde figura o Menino, lançam-se
205
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
206
72
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
raios de luz que se estendem na diagonal. Toda a cena é enquadrada por um portal e tanto a
vestimenta do santo como o fundo da cena são revestidos de padronagem a ouro. O altar é
decorado com o gosto da época, composto de sanefa com franjas e sebastos dos mesmos tons.
A parte frontal e lateral do altar é coberta por tecidos estampados de fundo dourado. A edícula
de remate faz referência a uma cruz envolta de flores-de-lis (imagem 166). Toda a
composição do painel é marcada de diagonais que agitam a composição. A força da posição
do braço de Santo António em direcção à aparição, que repete a mesma diagonal do painel de
S. Francisco, é reforçada pelos raios de luz. A cena é agitada pelos movimentos oblíquos dos
anjos e das nuvens e intensificada pela posição do pedestal e dos mosaicos do pavimento da
divisão, que reforçam as linhas diagonais de toda a representação.
A cena do relevo representa o episódio da vida do santo em que este recebe a visita divina do
Menino Jesus. Conta-se que durante a sua jornada até Limoges (França), ficou alojado em
casa de um senhor francês que gentilmente lhe deu hospedagem. Numa noite, o dono da casa
que passava em frente à porta do quarto onde dormia Santo António, espreitou pela porta
entreaberta e presenceia o santo com um menino nos braços. No dia seguinte, confrontado
com o sucedido, o santo pede ao anfitrião que guardasse segredo sobre aquela aparição, o qual
consentiu e só revelou o milagre após a morte do santo207.
Santo António nascera em Lisboa com nome de baptismo de Fernando de Bulhões a 15 de
Agosto de 1195. Seus pais, Martinho de Bulhões e D. Maria Teresa Taveira208, baptizaram-no
na Sé de Lisboa onde foi menino de coro e iniciou os seus estudos209. Pelos seus 15 anos, já
órfão de pai e mãe, entra como noviço para a Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo
Agostinho do mosteiro de S. Vicente de Fora. Dois anos mais tarde, parte em direcção a
Coimbra saciando a sua fome do saber e instala-se no mosteiro de Santa Cruz210. Aí é eleito
para a função de porteiro211 o que lhe proporciona o encontro com os frades mendicantes do
convento dos Olivais (actual convento de Santo António dos Olivais) e com os franciscanos
que seguiam em direcção a Marrocos e cujos corpos dão origem às conhecidas relíquias212.
207
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII: Italia, Francia, España, Flandres. Madrid:
Ed.Encuentro, p. 174.
208
dir. BERGSTROM, Magnus, 1900?. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, ilustrada com cêrca de
15.000 gravuras e 400 estampas a côres. Volume II. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, p. 839.
209
C.M.L. e D.S.C.C., 1981. O culto de Santo António na região de Lisboa: exposição comemorativa do 750º
ano da morte de Santo António (1231-1981) na Sé Patriarcal de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa e
Direcção dos Serviços Centrais e Culturais, p. 7.
210
dir. BERGSTROM, Magnus, 1900?. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira …, p. 839.
211
C.M.L. e D.S.C.C., 1981. O culto de Santo António na região de Lisboa…, p. 7.
212
SILVA, A. J., 2012. Os nossos santos e beatos: e outros, que Portugal adotou. Lisboa: A Esfera dos Livros,
p. 98.
73
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Esse contacto com a vida franciscana e com o exemplo verosímil dos Santos Mártires de
Marrocos fez transformar a fé de Fernando e, após ter algumas visões em que lhe aparecera S.
Francisco, entrega-se definitivamente à ordem franciscana ingressando no convento dos
Olivais com o nome de António213. Ainda deslumbrado com o modelo dos seus irmãos
martirizados, parte em direcção a Marrocos mas vê-se obrigado a regressar por motivo de
doença em 1221. Na viajem de retorno, o barco onde seguia atraca na região da Sicília devido
às fortes tempestades o que lhe permite participar no Capítulo Geral dos Franciscanos, em
Assis. Encontra-se com S. Francisco de Assis que, ao perceber o seu talento de orador,
nomeia-o pregador e incumbe-o de ensinar teologia em Bolonha, Tolosa e Limoges214. Em
1225 parte em pregação rumo ao sul de França e, por volta de 1230, regressa a Itália e instalase em Pádua no convento de Camposampiero (actual Convento Dei Santuari Antoniani)215.
Morre a 13 de Junho de 1231 e logo no ano seguinte o papa Gregório IX emite a sua bula de
canonização.
É fácil prever que a produção de iconografia sobre o Santo António acompanhou a sua rápida
canonização. Assim, as suas primeiras representações são originárias de Itália e apresentamno com hábito castanho com capuz, sandálias e cinto, trazendo na mão um livro. A
iconografia do santo é muitas vezes representada a par com a de S. Francisco ou com outros
santos, a partir do século XIV, acrescentando-lhe ainda o atributo da chama, simbolizando o
seu amor a Deus. Quando em 1433 Sicco Polentone publica a biografia do santo, explodem os
trabalhos de iconografia dos episódios da vida antoniana216. Assim, para além do livro e da
chama aparecem-lhe, no século XV, outros atributos tais como o lírio (imagem 167); ou o
coração, que agora acompanha a chama que o santo aparece a oferecer à Virgem ou a Deus;
ou a representação de Santo António com a Virgem e o Menino. A partir do século XVII,
preferiu-se a representação do Santo com o menino217. A cena do milagre da aparição do
Menino Jesus a Santo António invadiu as igrejas franciscanas pois resumia a vida do santo no
momento de maior climax entre ele e a entidade divina. Tal como a cena da estigmatização
está para S. Francisco, a aparição do Menino está para Santo António como o episódio de
maior aproximação a Cristo, credibilizando a sua santidade. É por isso, que na iconografia do
santo reproduzida a partir do século XVII a figura do menino é constante (imagens 168-175).
Essa ligação entre as duas cenas principais de Santo António e de S. Francisco é intensificada
dir. BERGSTROM, Magnus, 1900?. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira …, p. 840.
dir. BERGSTROM, Magnus, 1900?. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira …, p. 841.
215
C.M.L. e D.S.C.C., 1981. O culto de Santo António na região de Lisboa…, p. 8.
216
dir. BERGSTROM, Magnus, 1900?. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira …, pp. 847-848.
217
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 174.
213
214
74
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
nos painéis dos retábulos da igreja Santa Clara-a-Nova pela duplicação da diagonal das duas
cenas e pela repetição da posição das mãos em direcção à entidade celestial.
Segundo Emile Mâle, a cena do milagre da aparição do Menino Jesus a Santo António é
representada de diversas maneiras, sendo que existem representações em que o menino
aparece só ao santo (imagens 176, 177, 178 e 182), escoltado por anjos (imagens 165, 179,
180, 181 e 184) ou acompanhado de sua Mãe (imagem 183). Nas imagens em que ambos
aparecem sós ou com a representação do dono da casa a testemunhar a cena pela porta
(imagem 177), a relação entre o santo e o Menino tende a ser muito mais íntima e humanista.
Do mesmo modo, mas acompanhados por uma comitiva de anjos, o quadro de Santo António
de Pádua com o Menino, de 1665, de Murillo, pertencente ao Museo de Bellas Artes de
Sevilla (imagem 180), o quadro sobre a visão de Santo António do mesmo autor (imagem
181) ou a estampa da Aparição do menino a Santo António de 1824 (imagem 184) transmitem
laços de proximidade entre a figura do Menino e a do santo de uma notória cumplicidade,
chegando ao extremo de, na gravura de 1824, o santo se assemelhar quase a um pai,
abraçando e beijando o seu filho. Pelo contrário, nas representações em que o Menino Jesus é
escoltado por anjos adquirem por vezes uma expressão mais divina e distanciada tal como
acontece no painel do retábulo de Santa Clara-a-Nova (imagem 165), no quadro de 1656 do
pintor espanhol Murillo (imagem 179), ou na estampa italiana de 1640 que o influenciou218.
Esse distanciamento entre as entidades distintas é intensificado tanto no retábulo de Coimbra
como no quadro de Sevilha pelo levantar das mãos do santo e louvor à aparição divina que lhe
aparece de cima resplandecendo em luz celestial.
No painel de Santa Clara de Coimbra, denota-se o gosto que se intensificou a partir do século
XVII, representando-se Santo António com o Menino no momento do climax do milagre. O
ambiente íntimo e de oração (conferido pela representação das disciplinas e do altar) é
interrompido pela aparição do divino Menino Jesus que majestaticamente se ergue perante
Santo António, conferindo uma relação distanciada perante a cena terrena e reforçada pela
escolta celestial. O enquadramento do painel coloca o espectador na posição do anfitrião
francês que presenceia o milagre através da porta do quarto onde se encontra o santo. Este
painel denota grande agitação e movimento reforçado pela multiplicação de linhas diagonais.
218
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 174.
75
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.3.2. Painel de S. Luís de Tolosa
Imagem 185 - Painel do retábulo dedicado a S. Luís de Tolosa na igreja de Santa Clara-a-Nova219.
“(…) E o qarto altar será da jmaijem De São luis Bispo Religioso da ordem de sam Fran.º
estando livrando a El Rei dom Denis de hum javali que lhe avia morto o Cavalo e o levou
debaixo de ssi (…)”220
O painel do quarto retábulo lateral na igreja de Santa Clara-a-Nova retrata a cena de S. Luís,
bispo franciscano, auxiliando o Rei D. Dinis de um ataque de um javali, e encontra-se em
concordância com o estipulado em contrato (imagem 185). O Bispo S. Luís, no canto superior
direito, apresenta-se com hábito franciscano e coroa de bispo, segurando na mão direita um
báculo e na esquerda um livro. Abaixo deste, dispõem-se em diagonal as restantes três
personagens. Em cima, no lado esquerdo, envolto de árvores vislumbra-se uma cabeça de
cavalo e, no lado oposto da diagonal, estica-se um javali em direcção à figura do rei. D. Dinis
apresenta-se de bigode, ricamente vestido, usando uma capa vermelha, botas com esporas e
trazendo duas espadas: uma à cintura e outra na mão direita, que empunha em direcção à
219
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
220
76
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
figura do javali. A seus pés, um ceptro e uma coroa denunciam o seu estatuto e jazem no chão
da cena. O fundo do painel é envolto em árvores e arbustos que ocupam quase toda a lateral
esquerda do painel e, no lado direito, é representado um monte com duas árvores e algumas
ervas onde assenta a figura franciscana. Encontra-se representado na edícula de remate deste
retábulo uma mitra episcopal (imagem 186).
Esta cena retrata a lenda em que D. Dinis é atacado por uma fera e é salvo pela intercepção
divina de S. Luís de Tolosa. Existe alguma divergência no que toca à localização do episódio
desta lenda, uns referem que se desenrolou em Monte Real (Leiria)221 outros afirmam que se
passou em Baleizão (Beja)222. A lenda conta que um dia o rei D. Dinis saíra para caçar
montado a cavalo e fora surpreendido por um monstruoso urso que o fez cair da sua montada.
Aflito com o animal selvagem por cima de si, o rei invoca a protecção de S. Luís, Bispo de
Tolosa e parente de sua esposa, que lhe aparece e lhe indica que matasse o animal com a
espada que trazia à cintura. O rei assim o fez e consegue vencer a fera. Em honra deste
milagre e de outro em que o santo ressuscita o falcão do rei, D. Dinis manda erguer uma
capela em devoção ao bispo S. Luís de Tolosa no convento de São Francisco em Beja
(actualmente o convento está convertido em uma pousada).
S. Luís foi bispo da ordem franciscana da sede episcopal de Tolosa (País Basco, Espanha) e
era primo em 2º grau de D. Dinis223. Nasceu em 1274 em Salermo (Itália) e era filho e
sucessor de Carlos de Anjou. Em 1284 foi entregue junto com os seus irmãos como reféns
para auxiliar a libertação de seu pai aos aragoneses e, durante o seu cativeiro em Barcelona,
cresceu-lhe a ânsia de abraçar a vida religiosa. Assim que o libertaram, renuncia o direito ao
trono e ingressa na ordem franciscana. Em 1296 foi ordenado bispo de Tolosa e, um ano mais
tarde, veio a falecer de febre em Brignoles (França) durante a sua viajem a Roma para ir
participar na canonização do rei de França Luís IX, seu tio-avô. Foi canonizado em 1317224. A
grande veneração da Rainha Santa por seu familiar, arcebispo de Tolosa, ocasionou a
introdução da sua iconografia no seu túmulo pétreo. É figurado com auréola, cinto franciscano
221
CABRAL, J., 1993. Anais do Município de Leiria. Leiria: Câmara Municipal, pp. 222-223.
VAZ, M. M., 2014. O túmulo do Rei D. Dinis. [Online]
Available at: http://capeiaarraiana.pt/2014/03/09/73057/
[Acedido em 07 Julho 2015].
223
VAZ, M. M., 2014. O túmulo do Rei D. Dinis. [Online]
Available at: http://capeiaarraiana.pt/2014/03/09/73057/
[Acedido em 07 Julho 2015].
224
GIORGI, R., 2003. Santos. Barcelona: Electa, p. 230.
222
77
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
e mitra, segurando na mão esquerda o báculo e na direita um livro (imagem 187)225, tal como
é representado no painel da igreja.
A cena representada no painel retabular entende-se no contexto em que está inserida porque
para além de fazer referência ao rei D. Dinis, esposo da santa padroeira da igreja de Santa
Clara-a-Nova, remete para a intercepção divina e milagrosa do santo franciscano S. Luís de
Tolosa. Este tema aparece-nos representado no túmulo do rei D. Dinis, no mosteiro de São
Dinis em Odivelas (imagem 188), em um dos pedestais em que este assenta, representando
um urso em cima de um homem aludindo a esse episódio (imagem 189)226. Na igreja, junto a
um dos supostos locais deste milagre, encontramos uma tela com o mesmo tema. O painel
pintado a óleo que actualmente se encontra na igreja matriz de Baleizão mas que era
proveniente da igreja de S. Pedro de Pomares (Baleizão) representa as mesmas 4 figuras que o
painel do retábulo de Santa Clara-a-Nova mas numa outra composição e, ao invés da
personagem do javali, temos um animal parecido a um cão (imagem 190)227. Maria de
Lourdes Cidraes faz ainda referência à existência de um outro quadro representando o mesmo
tema na zona do Baixo Alentejo, mas sobre o qual não sabe adiantar mais informações.
Contudo, o autor Fialho de Almeida, no seu livro Em Alvito O Castelo, revela a existência de
um painel com o mesmo tema de “(…) D. Dinis atacado por um javali (…)”228 que
actualmente se encontra no paço episcopal de Beja (actual Museu Episcopal de Beja) e que
provavelmente corresponde ao quadro referido por Maria de Lourdes Cidraes. Essa obra
poderá ter relação com a capela que D. Dinis mandou erguer no convento de São Francisco
em Beja em agradecimento da intervenção divina do santo bispo.
Tanto no painel de S. Luís de Tolosa em Coimbra, no de Baleizão, ou no que está no paço
episcopal de Beja, é nítida a confusão entre animais. A representação ingénua da fera que
ataca o rei pode dever-se tanto à fragilidade que a literatura oral oferece como ao seu
desconhecimento morfológico. Os ursos são animais selvagens que, embora se tenham
afastado progressivamente da zona sul do território português e caminhando em direcção à
225
MACEDO, F. P. d., 1999. "O Túmulo Gótico de Santa Isabel". In: Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel,
Infanta de Aragón y Reina de Portugal. Volume II. Zaragoza: Diputación Provincial, p. 106.
226
VAZ, M. M., 2014. O túmulo do Rei D. Dinis. [Online]
Available at: http://capeiaarraiana.pt/2014/03/09/73057/
[Acedido em 07 Julho 2015].
227
CIDRAES, M. d. L., 2013. Encantamentos, milagres e outros prodígios - Os animais das nossas lendas.
Lisboa: s.n, p. 16.
228
ALMEIDA, F. d., 2005. Em Alvito O Castelo. Alvito: Câmara Municipal de Alvito, p. 30.
78
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
sua extinção, apresentam registo documental da sua existência desde o século XI229. Conhecese movimentação desta espécie na zona da Beira Interior e Alentejo até ao século XV e, a
partir daí, a sua presença ameaça tornar-se cada vez mais nortenha e escassa230. É portanto
plausível que em pleno século XVII já não se tivesse contacto regular com esta criatura e, por
isso, o urso que no túmulo do século XIV (pertencente ao rei D. Dinis) foi esculpido com todo
o seu conhecimento morfológico, o painel e contrato do retábulo de Santa Clara-a-Nova já
não o demonstra. Foi eventualmente por isso confundido inconscientemente com um javali
(animal selvagem de igual distinção que o urso em contexto da actividade nobre da caça).
229
ÁLVARES, F. & DOMINGUES, J., 2010. "Presença histórica do urso em Portugal e testemunhos da sua
relação com as comunidades rurais". AÇAFA On Line, nº 3, p. 9.
230
ÁLVARES, F. & DOMINGUES, J., 2010. "Presença histórica do urso em Portugal … , p. 11.
79
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.3.3. Painel de São João Capistrano
Imagem 191 – Painel do retábulo dedicado a S. João Capristano na igreja de Santa Clara-a-Nova231.
“(…) E o qimto Retabolo será de jmaijem de sam joão caprestano com A jmaijem de nossa
Sn.ª dando lhe o Calis (…)”232
No quinto retábulo lateral do lado da epístola figuram São João Capistrano e Nossa Senhora
como estipulado em contrato (imagem 191). Do lado esquerdo o santo é representado
ajoelhado a estender os braços na direcção da aparição, trajando hábito franciscano e
acompanhado de um estandarte em forma de cruz com uma bandeira vermelha e inscrição
central: IHS. A Virgem eleva-se do lado direito do painel e é acompanhada de uma comitiva
de anjos e cabeças de anjo aladas. Apresenta-se aureolada, sentada em nuvens e segurando um
cálice nas suas mãos. O fundo do painel ilustra uma paisagem de flores, árvores e montanhas.
O gesto da personagem franciscana define uma diagonal marcada em direcção à figura divina.
Na edícula de remate é representada uma espada, uma cruz e uma palma (imagem 192).
231
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
232
80
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
São João de Capistrano233 nasceu na região de Capestrano (Abruzos, Itália) em 1386234.
Passou os primeiros anos da sua vida em Abruzos mas por volta de 1405-1406 encontrava-se
em Perúgia para ingressar no collegio della Sapienza, onde estuda direito. João de Capistrano
era um aluno bastante aplicado e torna-se juiz, advogado e até governador. Devido aos seus
altos cargos e à sua ligação política foi preso em Torgiano a 12 de Julho de 1416, no meio de
uma guerra civil, com 30 anos de idade. Durante o seu tempo de cativeiro, assistiu a duas
visões de São Francisco que fizeram com que se convertesse e mudasse radicalmente o rumo
da sua vida. Depois do seu resgate, regressa a Perúgia e é recebido na comunidade franciscana
do convento de Monteripido. Para isso, cancela o contrato de casamento que nunca chegara a
ser consumado. Em 1417 veste o hábito de franciscano e inicia uma vida de pregação a partir
daí. Durante cerca de 40 anos pregou por toda a Europa auxiliado pelo seu guia espiritual e
professor de pregação São Bernardino de Siena. Em 1426 defende o seu mestre em Roma
durante o debate público que acusava São Bernardino de Siena de heresia por pregar e evocar
a devoção do nome de Jesus Cristo através do culto do cristograma “IHS” que expunha
frequentemente durante a sua pregação. A vitória de São Bernardino de Siena nesse debate foi
celebrada pelo seu discípulo através de um longo sermão onde exibiu o cristograma que
Bernardino usava, conseguindo, através desse gesto, libertar uns possuídos pelo demónio.
Este acontecimento deu origem à representação do estandarte com a inscrição IHS na
iconografia do santo. Em 1453 João de Capistrano viaja até à Hungria pregando contra os
turcos que ameaçavam invadir a Europa para aniquilar o Cristianismo. Através das suas
palavras, incentivou as multidões para lutarem contra os numerosos invasores e, no campo de
batalha, motivou as fileiras dos fiéis armado unicamente com um cruxifixo, lutando por Jesus
Cristo. A vitória dos cristãos trouxe paz e reconhecimento de uma notória intervenção divina
que fez descansar a alma a São João de Capistrano três meses depois a quando do seu
falecimento aos 71 anos de idade. Diz-se que o santo era extremo devoto da Virgem Maria.
Foi canonizado em 16 de Outubro de 1690 pelo papa Alexandre VIII. Desta forma, a presença
do retábulo de S. João Capistrano compreende-se no contexto da igreja pois este fora
canonizado dois anos antes da encomenda dos retábulos da nave da igreja de Santa Clara-aNova.
233
Designado também de João de Capistrano. TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos: hagiológico,
iconográfico, de atributos, de artes e profissões, de padroados, de compositores, de música religiosa. Porto:
Lello & Irmão, pp. 84-85.
234
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos…, p. 84.
81
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Ao nível da sua iconografia, o santo é representado acompanhado de uma cruz e/ou de um
estandarte com o cristograma difundido por São Bernardino de Siena235 (imagens 193-196).
Veste hábito franciscano e carrega uma cruz vermelha ao peito236. É também frequente a
alusão à sua participação na batalha contra os turcos através da representação do santo de
armadura, armado com uma espada ou espezinhando um turco (imagens 197-199). Menos
comum é a sua representação junto com a Virgem Maria, relacionando o santo com a sua
devoção a Nossa Senhora (imagem 200), tal como é representado no painel de um dos
retábulos laterais da igreja de Santa Clara-a-Nova (imagem 191). A edícula do retábulo faz
alusão à propaganda de São João Capistrano na luta contra os turcos. É composta por uma
espada, elemento que simboliza a batalha travada; por uma cruz, a verdadeira espada do santo
no campo de batalha; e a representação de uma palma que não adquire neste contexto um
significado lógico, uma vez que a palma é o atributo dos mártires e o santo não foi
martirizado.
Do mesmo mosteiro, encontra-se no coro-alto um retábulo identificado como de “(…) São
Bernardino de Sena (…)”237 cujo tema do painel central se assemelha quase na íntegra ao do
retábulo de São João Capistrano na nave da igreja (imagem 201). Em ambos, o santo
encontra-se na lateral inferior esquerda e estica-se em direcção ao cálice que Nossa Senhora
sustenta, demarcando uma diagonal. O gesto das mãos e a representação do estandarte do
santo, que reproduz a mesma figuração, denuncia a nítida influência. Nossa Senhora, que no
painel da igreja foi esculpida numa escala maior, aparece sentada em nuvens e escoltada de
anjos e cabeças de anjo aladas. Segura o mesmo cálice e o manto azul cai-lhe dos ombros de
igual forma nas duas representações. Os dois temas diferem na sua plasticidade: o rosto de
São João foi figurado com uma expressão mais velha no retábulo do coro-alto; e a paisagem
de fundo adquire influências flamengas na pintura do coro-alto. Intende-se que o retábulo do
coro-alto seja de expressão anterior, como comprova a sua plasticidade e confirma a sua
localização (uma vez que foi nos coros da igreja que se manteve uma grande parte da
retabulária do antigo mosteiro). Desta forma, o retábulo de São João Capistrano da nave da
igreja terá seguido as linhas gerais da pintura do retábulo do coro-alto. Indo em concordância
com o contrato, teriam os entalhadores seguido o modelo da representação de São Bernardino
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos…, pp. 84-85.
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos…, pp. 84-85.
237
BORGES, N. C., 2003. "A talha". In: Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos. Nº 18.
Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 69.
235
236
82
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
de Sena? Ou estará esta pintura mal identificada, representando efectivamente São João
Capistrano?
83
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.3.4. Painel de Santa Coleta
Imagem 202 – Painel do retábulo dedicado a Santa Coleta na igreja de Santa Clara-a-Nova 238.
“(…) E o qarto será da jmaijem de samta catharina de Bolenia Religioza de samta clara com
mais as jmaijens que se lhe darão os temsois (…)”239
O último retábulo lateral do lado do evangelho ostenta um painel com uma composição
representada por cinco figuras, duas femininas e três masculinas (imagem 202). Ao centro, o
papa veste traje, luvas e coroa papal e encontra-se sentado num trono de dossel e ladeado por
dois bispos que o acompanham. Aos seus pés, ajoelham-se duas figuras femininas, vestindo o
hábito de clarissas, sendo que a da direita recebe das mãos da figura entronizada um papel
onde se percebe a seguinte inscrição: S.COLETA, FR/EYRA DE Sª CL/ARA, AQVAL
DEI/TOY OHABITO O/ PAPA, ELHE FES/ PROFISAM E MAN/DOY REFORMAR/ A
SVA RELIGIAM. (imagem 203). O fundo do painel e as vestes das personagens são
238
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
239
84
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
preenchidos com enobrecida padronagem. Na edícula de remate eleva-se uma coroa de flores
(imagem 204).
No contrato foi estipulado que este retábulo iria invocar a imagem de Santa Catarina de
Bolonha (1413-1463), religiosa agostinha que se converteu à ordem franciscana240. Contudo,
a santa que nos é exibida corresponde a Santa Coleta Boylet, como é referido na inscrição do
painel. Santa Coleta é aqui representada recebendo a autorização das mãos do papa Bento
XIII para reformar a sua ordem241.
Nascida a 13 de Janeiro de 1381, em Corbie (Picardia, França), Santa Coleta recebera o nome
de Nicolette em homenagem a São Nicolau de Bari, santo de quem seu pai foi devoto e que se
aceita ter auxiliado divinamente o seu parto, reconhecido como milagroso devia à idade
avançada de sua mãe242. Os seus pais, Roberto Boyet e Marguerite Moyon, deixaram-na órfã
em 1399, confiando a sua tutela ao abade beneditino D. Raoul de Roye. A santa recusa casarse e escolhe a vida religiosa de pobreza e oração depois de doar todos os seus bens aos pobres.
Junta-se a várias casas religiosas mas nunca se sente totalmente satisfeita, acabando por não
se fixar em nenhuma. A sua instabilidade é devida à forte procura dos valores de pobreza que
não consegue alcançar em nenhum dos conventos onde entrara. Em 1402 estabiliza-se
finalmente na Ordem Terceira de São Francisco, em Corbie, onde passa três anos da sua vida
em reclusão numa pequena cela, num período que se revelou repleto de visões. Através delas
é revelada a sua missão reformadora que Coleta, auxiliada por Frei Henrique de Baume (seu
colaborador e director espiritual), procura fazer actuar. É com esta intensão que se dirige a
Nice em Outubro de 1406, acompanhada por Frei Henrique de Baume e pela Baronesa de
Brissay243, onde é aceite pelo papa Bento XIII, que lhe conferiu o título de abadessa com o
objectivo de reformar a Regra de Santa Clara244. Foi uma mulher viajada e sofredora que
operou variados milagres, fundando e reformando diversos mosteiros, vindo a finalizar a sua
240
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos: hagiológico, iconográfico, de atributos, de artes e profissões,
de padroados, de compositores, de música religiosa. Porto: Lello & Irmão, p. 38.
241
POMPERMAYER, Ê., LISBOA, M. & SOLIGO, S. M., 2010. Reforma Coletina. [Online]
Available at: http://coletadecorbie.blogspot.pt/2010/09/reforma-coletina.html
[Acedido em 29 Junho 2015].
242
POMPERMAYER, Ê., LISBOA, M. & SOLIGO, S. M., 2010. Biografia. [Online]
Available at: http://coletadecorbie.blogspot.pt/2010/09/biografia.html
[Acedido em 29 Junho 2015].
243
MENDES, G. C., 2015. Santa Coleta Boylet de Corbie, Virgem Clarissa e Reformadora de sua Ordem.
[Online]
Available at: http://santosebeatoscatolicos.blogspot.pt/2015/05/santa-coleta-boylet-de-corbie-virgem.html
[Acedido em 29 Junho 2015].
244
POMPERMAYER, Ê., LISBOA, M. & SOLIGO, S. M., 2010. Reforma Coletina. [Online]
Available at: http://coletadecorbie.blogspot.pt/2010/09/reforma-coletina.html
[Acedido em 29 Junho 2015].
85
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
missão terrena no dia 6 de Março de 1447 no mosteiro de Gand (Bélgica). Em 1472 inicia-se
o processo para a sua canonização, mas a espera torna-se demorada. Sendo beatificada a 23 de
Janeiro de 1740, apenas é canonizada a 24 de Maio de 1807 pelo papa Pio VII245.
Conhece-se grande difusão de Santa Coleta em terras de França e Espanha. Em Portugal, o
seu nome é pouco divulgado. O estudo de Ivo Sousa, publicado em 1994, vem introduzir o
tema das fundações coletinas em território nacional. A figura de D. Leonor tornou-se
fundamental enquanto mecenas na promoção da reforma coletina e na criação das suas
primeiras casas religiosas em Portugal246. O convento de Jesus de Setúbal (construído nos
finais do século XV) foi o primeiro cenóbio regido pala reforma de Santa Coleta, contando
com o apoio do mosteiro de Santa Clara de Gandía (Espanha) na sua edificação.
Caracterizava-se pela rígida educação das noviças, envoltas num duro sistema de penitencias
físicas e psicológicas, e de grande devoção Eucarística247. Do mesmo espírito reformador, o
mosteiro da Madre de Deus de Xabregas (inaugurado em 1509) apenas permitia ingressar
senhoras das altas estirpes da nobreza ou ligadas à família régia, confluindo em torno do
panteão da casa real248.
São poucas as suas representações em Portugal e ainda mais escassos os estudos sobre a sua
iconografia.
Numa
página
de
blog
dedicada
à
Santa
Coleta
de
Corbie
(http://coletadecorbie.blogspot.pt/) da autoria das irmãs Êrica Pompermayer, Marilene Lisboa
e Sandra Maria Soligo, encontra-se uma recolha iconográfica interessante que peca pela
omissão da data e localização original das obras249. Entre as trinta imagens e gravuras ai
apresentadas, encontra-se uma que representa a entrega da bula pelo papa Bento XIII a Santa
Coleta (ver imagem 205). A gravura é composta pela representação do papa, entronizado
debaixo de um dossel, que entrega a sua decisão a Santa Coleta que se encontra ajoelhada,
estando esta acompanhada por Frei Henrique de Baume e pela Baronesa de Brissay. A cena é
testemunhada ainda por duas figuras masculinas no canto inferior direito. Em comparação
245
MENDES, G. C., 2015. Santa Coleta Boylet de Corbie, Virgem Clarissa e Reformadora de sua Ordem.
[Online]
Available at: http://santosebeatoscatolicos.blogspot.pt/2015/05/santa-coleta-boylet-de-corbie-virgem.html
[Acedido em 29 Junho 2015].
246
SOUSA, I. C. d., 1994. "A Rainha D. Leonor e a introdução da reforma coletina da ordem de Santa Clara em
Portugal". In: Las Clarisas en España y Portugal: Congreso Internacional, Salamanca, 20-25 e septiembre de
1993. Actas II/2. Madrid: Asociación Hispánica de Estudios Franciscanos, pp. 1033-1034.
247
SOUSA, I. C. d., 1994. "A Rainha D. Leonor e a introdução da reforma coletina … pp. 1045-1049.
248
SOUSA, I. C. d., 1994. "A Rainha D. Leonor e a introdução da reforma coletina … pp. 1056-1057.
249
POMPERMAYER, Ê., LISBOA, M. & SOLIGO, S. M., s.d. Iconografia. [Online]
Available at: http://coletadecorbie.blogspot.pt/p/iconografia.html
[Acedido em 30 Junho 2015].
86
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
com o painel de Santa Clara-a-Nova, a gravura retrata mais personagens, incluindo a
figuração de Frei Henrique de Baume e da Baronesa de Brissay. Em Coimbra, a representação
difere da gravura pois é o papel da ordem que o papa lhe entrega e não o hábito. Toda a
composição adquire movimento através de diagonais, seja no gesto da entrega, ou na
colocação dos objectos na diagonal.
Fica por perceber o porquê desta troca entre santas em relação ao proposto em contrato,
lançando-se também o mote para o investimento na temática coletina, pouco explorada em
Portugal. Porque se teria trocado uma santa franciscana que, tal como o corpo da Rainha
Santa Isabel, tronara-se relíquia após a morte, por uma santa que reformara a ordem
franciscana? Estaria esta troca relacionada com os processos de beatificação de Santa Coleta,
beatificada 48 anos depois do contrato de Santa Clara-a-Nova?
87
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.3.5. Painel de São Bartolomeu
Imagem 206 – Painel do terceiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-a-Nova250.
“ (…) E o treseiro da jmaijem de sam Bartholameu dando hum papel a huma Freira na
portaria e tera mais duas Religiosas aCompanhando tudo de meo Relego (…) ”251
O painel do retábulo alusivo a São Bartolomeu reproduz um portal por onde quatro clarissas
recebem São Bartolomeu que se encontra prostrado à porta (imagem 206). Em primeiro plano
destaca-se o apóstolo de barba e cabelos curtos que entrega um papel à freira que avança
sobre ele. Atras desta, outras três religiosas acompanham e testemunham a entrega
representada. O papel que é entregue contém uma inscrição onde se lê: STELLA CÆ/ÆLI
EXTI/RPAV[I]T (imagem 207). Na edícula de remate do retábulo figura um coração (imagem
208).
A cena representada vai ao encontro do estipulado em contrato com a diferença de serem três
e não duas as religiosas que acompanham a freira na portaria do convento. Como é referido,
250
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
251
88
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
retrata-se São Bartolomeu a entregar um papel a uma freira que veste o hábito de clarissa. No
Inventário Artístico de Portugal, António Nogueira Gonçalves identifica esta representação
como sendo a entrega da antífona Stella Coeli na portaria de Santa Clara252. A antífona Stella
Coeli é um cântico de oração utilizado com o objectivo de afastar e proteger da peste e das
epidemias253. O hino invocado à Virgem Maria inicia com as palavras em latim “(…) Stella
caeli extirpavit (…)”254, as mesmas da inscrição do retábulo.
São Bartolomeu foi um dos doze apóstolos de Cristo. Segundo as escrituras sagradas, depois
do episódio do Pentecostes os apóstolos espalharam-se pelo mundo para pregar a palavra de
Deus. São Bartolomeu deslocou-se até à India, passando pela Arábia, Mesopotâmia e
Arménia255. A Legenda Áurea fala-nos em diversos milagres operados na Índia, lugar onde o
santo liberta do demónio uma filha do rei Polímio e os templos daquela região, convertendo e
baptizando os seus habitantes após a purificação daquele local256. Existem várias versões em
relação à sua morte, contudo o martírio que mais circula é o de que o santo tenha sido
esfolado vivo e depois decapitado257.
Podemos identificar as representações de São Bartolomeu através dos seus atributos como a
palma, insígnia de todos os mártires; o livro, marca da sua evangelização (imagem 209); o
demónio acorrentado, fazendo remeter ao milagre onde o santo derrota o demónio na Índia
(imagem 211); e os símbolos que identificam o seu martírio, a faca e/ou a sua pele (imagens
209-210)258. Grande parte da iconografia sobre o apóstolo São Bartolomeu representa-o a ser
esfolado ou trazendo consigo a sua pele (imagens 210 e 212), isto deveu-se sobretudo ao
gosto pelas ciências e pela anatomia que se generalizou a partir do século XVI259. No painel
retabular da igreja de Santa Clara-a-Nova nada faz identificar São Bartolomeu, a não ser que
se tenha acesso à escritura do contrato dos retábulos, se conheça o episódio retratado, ou que
se identifique o apóstolo pela sua fisionomia, uma vez que o santo é comumente representado
de cabelos negros e barba espessa260.
252
CORREIA, V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra. Lisboa: Academia Nacional de
Belas Artes, p.78.
253
PEARCE, A. J., 2006. The Text-Book of Astrology. s.l.:American Federation of Astr, p. 364.
254
PEARCE, A. J., 2006. The Text-Book of Astrology…, p. 364.
255
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos: hagiológico, iconográfico, de atributos, de artes e profissões,
de padroados, de compositores, de música religiosa. Porto: Lello & Irmão, p. 28.
256
VORÀGINE, J., 1982. La Leyenda Dorada. Madrid: Alianza Editorial, pp. 108-110.
257
VORÀGINE, J., 1982. La Leyenda Dorada. …, p. 110.
258
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos…, pp. 28, 188, 190, 193 e 195.
259
GIORGI, R., 2003. Santos. Barcelona: Electa, p. 49.
260
GIORGI, R., 2003. Santos. Barcelona: Electa, p. 48.
89
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
A cena do painel alude ao episódio milagroso em torno da figura de São Bartolomeu, que se
desenrolou no mosteiro de Santa Clara de Coimbra. Segundo relatou Frei Manoel da
Esperança em 1666, quando o surto de peste que se alastrava pela Europa chegou a Coimbra,
as clarissas dirigiram as suas orações aos apóstolos no sentido de identificar a qual deveriam
recorrer para se livrarem do mal que se adivinhava pela cidade. Acendendo círios com os
doze nomes, fora o de São Bartolomeu o último a se apagar, elegendo-o como seu
advogado261. Contudo, por volta de 1480, as freiras insistiam em sair do mosteiro com medo
da peste que prevalecia: “(…) Mas o Senhor, q nesta grãde mercé queria dar muita parte a
sua Mãe clemêtissima, permitio q o mal fosse lavrando, & as freiras assombradas das muitas
mortes, que viaõ, tratassem jâ de fugirem pera casa de seus paes. Resistio em quanto pode a
zelosa Abadessa, mas vencida da sua necessidade, & importunas instancias chegou á grade
pera ordenar a ida pelo modo, q foise mais acertado. Neste tempo lhe aparecéo hû pobre na
mesma casa da grade, que era de gracioso aspecto, como qué represétava hû mêsageiro do
Ceo. Cõsolou a na sua tribulação, & cõfortãdoa muito na cõfiãça de Deos, lhe disse estas
palavras. «Mandai rezar todos os dias no coro esta santa devação da Virgem Senhora nossa,
que vos dou escrita neste pergaminho, & logo vereis as suas misericordias.» Não fez mais a
Abadessa, que receber o escrito, quando o portador se escondéo de seus olhos, sem aver hûa
pessoa, que ou d’antes, ou depois o visse, nê conhecesse. Por onde se entêdéo, que era S.
Bertholameo, Advogado do mosteiro, & seu Padroeiro santo, o qual da parte da Emperatriz
dos Anjos lhe trouxêra a receita milagrosa contra os males da peste. O pergaminho se
guarda entre as outras Reliquias, em Custodia de prata, com duas figuras de joelhos, feitas
do mesmo metal: hûa do S. Apostolo: outra desta Abadessa. Tem pouco mais de três dedos
em largo, & meio palmo de comprido. Contém a Antifona, & a Oração seguintes, escritas de
boa letra. «Stella coeli extirpavit, (…)» Sucedeo este caso milagroso primeiro que se contasse
“(…) de repente vio, q lhe entrava em casa o mesmo fogo de peste, q já tinha abrazado a cidade. Morrèrão
alguas freiras, outras estavão feridas; & todas intimidadas pediaõ cõ muitas lagrimas à Majestade divina, que
embainhasse logo a espada de sua indignação. Pera isso buscâraõ muitos remedios de devações, & penitencias,
que lhes saïaõ em vaõ, atè virem a concordar entre si, que tomassem por advogado a hum dos Santos Apostolos,
o qual seria aquelle, cujo cirio ardédo em o altar durasse mais que os outros. Com esta resoluçaõ acendèraõ
doze cirios iguaes, & do mesmo pezo, em que estavaõ escritos os nomes dos ditos doze Apostolos; & prostradas
de joelhos, em quanto elles ardiaõ, derretéraõ suas almas em ferventes orações. Foraõse todos gastando, &
somente o de S. Bertholameu durou ainda mais têpo. Quando viraõ o sucesso, ficáraõ muito elegres em rezaõ de
que a Rainha Santa fora singular devota deste sagrado Apostolo por se aver recebido na sua Igreja em a Vila de
Trancoso com ElRei seu marido D.Dinyz. Demais que o mosteiro estava edificado nos limites da parrochia, que
elle tem em Coimbra, onde se guarda hûa relíquia sua. E alentadas por todas estas rezões, cõ grãde
contentamento estregaraõ a saúde, & a vida na sua intercessaõ. (…)”ESPERANÇA, F. M. d., 1666. Historia
Serafica da Ordem dos Frades Menores de S.Francisco na Provincia de Portugal. Segunda Parte, que conta os
seus progressos no Estado de tres Custodias, principio de Provincia, & Reforma Observante. Lisboa: Oficina de
Antonio Craesbeeck de Mello, p. 62.
261
90
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
o ano de 1480, (…)”262. Conta-se que a peste sessou com o entoar do cântico, voltando mais
tarde em 1598 mas sem afectar o mosteiro. Foi a partir deste episódio que as clarissas de
Coimbra reconheceram São Bartolomeu como seu protector, dando destaque à sua imagem
em dois altares (um na igreja e outro no coro) onde entoavam diariamente a Antífona e oração
mariana; mensalmente uma missa cantada; e anualmente celebravam a sua festa com
procissão e jantar oferecido aos pobres em honra do Apóstolo263.
Desta forma, a iconografia representada no painel é exclusiva da casa clarissa de Coimbra
sendo apenas figurada no seu contexto particular. Como referiu Frei Manoel da Esperança,
eram dedicados ao apóstolo dois altares do mosteiro velho e que não se conhece paradeiro.
Dado e seu contexto e circunstância, pode-se dizer que o retábulo de São Bartolomeu na
igreja de Santa Clara-a-Nova apresenta uma representação única que não se figurou em mais
nenhum outro mosteiro franciscano.
262
263
ESPERANÇA, F. M. d., 1666. Historia Serafica da Ordem dos Frades Menores de S.Francisco, pp. 62-65.
ESPERANÇA, F. M. d., 1666. Historia Serafica da Ordem dos Frades Menores de S.Francisco, pp. 65-66.
91
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.3.6. Painel de São Pedro de Alcântara
Imagem 214 – Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa Clara-aNova264.
O painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja não consta do contrato de
1692 (imagem 213). Santa Teresa, no canto inferior esquerdo, é interrompida na sua escrita
pela aparição de São Pedro de Alcântara que ocupa mais de metade do painel envolto de
nuvens e anjos (imagem 214). Ao fundo, a paisagem é representada com um sol encoberto
pela metade por montanhas, por uma igreja e por dois franciscanos que caminham lado a lado
estando a figura aureolada do lado esquerdo apontando para o céu e segurando uma vara na
mão esquerda (imagem 215). A santa carmelita, envolta de uma estrutura arquitectural em
formato de L, traja o hábito da sua ordem, estando ajoelhada junto a uma mesa de toalha
vermelha com um livro aberto, uma pena e um tinteiro, representada com auréola de santo e
abrindo os braços em gesto de surpresa (imagem 216). De igual modo se encontra o santo
franciscano, que abre os seus braços olhando para Santa Teresa por baixo de si (imagem 217).
Circundando-o, os agitados anjos e cabeças de anjo aladas celebram a glória do santo,
envoltos em nuvens. Os anjos alados seguram sete objectos simbólicos relacionados com os
atributos de São Pedro de Alcântara representando: uma cruz (imagem 218), uma palma
264
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
92
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
(imagem 219), uma coroa de rosas (imagem 220), um ramo de lírio (imagem 221), um livro
(imagem 222), o cinto de corda franciscano (imagem 223), e cilício e disciplinas com as quais
o santo se martirizava265 (imagem 224). A composição apresenta um grande sentido de
agitação e movimento.
Segundo António Nogueira Gonçalves, em 1947, no Inventário Artístico de Portugal, o
relevo sobre a porta retrata a aparição de Santo António a Santa Teresa266. Contudo, não se
encontra nenhuma referência a essa aparição nem uma ligação aparente entre Santa Teresa
(carmelita) e Santo António (franciscano). Gonçalo Gomes Figueiredo em 2008, no trabalho
que desenvolveu para a disciplina de Arte Religiosa II, orientado por António Filipe Pimentel,
identificou-o como São Pedro de Alcântara267. Esta identificação parece a que melhor se
enquadra uma vez que São Pedro de Alcântara foi orientador espiritual, amigo e confidente de
Santa Teresa de Ávila268, faleceu primeiro que a santa e apareceu-lhe em visões após a sua
morte269. Salvador Andrés Ordax, em 1982, em artigo no Boletín del Seminario de Estudios
de Arte y Arqueología, faz menção a este painel confirmando a cena retratada como a
aparição de São Pedro de Alcântara a Santa Teresa de Ávila270. Santa Teresa é identificada
pelo hábito carmelita, pela pena e o livro, remetendo para a sua vastíssima produção
literária271. São Pedro de Alcântara veste o seu traje franciscano e é identificado pelos
atributos que os anjos seguram. A cena do fundo remete para um milagre da vida do santo em
que este caminhou acompanhado sobre as águas do rio Guadiana272.
Como refere Salvador Andrés Ordax, poucos são os estudos feitos sobre a iconografia e as
associações entre Santa Teresa e São Pedro de Alcântara273. Por isso, a identificação do tema
do painel revelou-se tão difícil. Contudo, no artigo Iconografia Teresiano-Alcantarina,
Salvador Andrés Ordax executa uma análise criteriosa sobre os temas principais das
importantes relações transcendentais entre os dois santos. Alerta-se para a aposta
Segundo Frei Antonio Corredor García, o santo flagelava-se duas vezes por dia e usou “(…) cilício de folha
de lata (…)” por vinte anos. GARCÍA, F. A. C., 2006. São Pedro de Alcântara. Cucujães: Editorial Missões, p.
14.
266
CORREIA, V., 1947. Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra. Lisboa: Academia Nacional de
Belas Artes, p. 78.
267
FIGUEIREDO, G. G., 2008. Os retábulos da Igreja de Santa Clara-A-Nova. Trabalho de Arte Religiosa II,
apresentado à FLUC. Coimbra: s.n., p. 7.
268
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos: hagiológico, iconográfico, de atributos, de artes e profissões,
de padroados, de compositores, de música religiosa. Porto: Lello & Irmão, p. 119.
269
DIAS, M. S., 2012. A Imitação de Cristo (Vidas de Santos). Coimbra: G.C. Gráfica de Coimbra, Lda., p. 125.
270
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina". In: Boletín del Seminario de Estudios de
Arte y Arqueología. Valladolid: Universidad de Valladolid, pp. 301-326.
271
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos…, p. 137.
272
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, p. 319.
273
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, p. 301.
265
93
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
maioritariamente franciscana dada a estes temas, numa tentativa de glorificação e importante
influência que o santo franciscano executou sobre a reformadora da ordem das carmelitas
descalças, sendo esta a própria autora de escritos referentes ao santo que, a par com outras
fontes literárias de autores como Frei Juan de Santa María e Frei Juan de San Bernardo,
revelaram-se num importante apoio biográfico para os processos de beatificação e
canonização do santo274.
Santa Teresa foi a fundadora da “(…) Ordem Reformada das Carmelitas Descalças (…)”275,
nasceu a 28 de Março de 1515 em Ávila (Espanha) e entrou para o convento carmelita de
Ávila em 1535276. Depois de retornar ao convento após um isolamento, dedicou-se à oração e
à leitura. Foi durante esses anos que começaram as suas visões e experiências místicas, as
quais foram relatadas por ela nos diversos escritos e obras literárias que executou ao longo da
sua vida. A partir de 1560 começa a reformar a ordem carmelita, remetendo-a para as suas
origens277, e a lutar para a fundação do futuro Carmelo de São José de Ávila, inaugurado a 24
de Agosto de 1562278. Veio a falecer em Alba pela noite de 4 de Outubro de 1582279. Foi
beatificada em 1614 por Paulo V e canonizada em 1622 pelo papa Gregório XV280. Ao longo
da sua vida foram inúmeros os relatos de visões e aparições a que assistiu, referindo que São
Pedro de Alcântara lhe apareceu três vezes depois que este falecera281. A primeira aparição de
São Pedro a Santa Teresa ocorreu a 18 de Outubro de 1562, data da morte do santo, onde a
santa relata que lhe apareceu dizendo que ia descansar, figurando-se envolto de luz e glória,
chegando a conversar com ela sobre “(…) la gloria que goçavan sus potencias, y como se
hallava ya en estado seguro, y le declaro la celsitud a que le auia conseguido com la
constancia de la pureça virginal; los triunfos de la guerra de las passiones naturales; y los
deleytes que goçavan los sentidos com las delicias de el Parayso; y vltimamente como los
rigores de su penitencia, cilicios, açotes, ayunos, y mortificaciones le auian adquirido
dichoso y dilatado Reyno en la celestial Jerusalem, y como posseía en si mismo tanto premio
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, p. 303.
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos…, p. 137.
276
GIORGI, R., 2003. Santos. Barcelona: Electa, p. 337.
277
Uma vida de reclusão e solidão numa silenciosa comunidade pouco numerosa.
278
PINTO, A. M. M., 2011. A possibilidade da fé: Santa Teresa de Jesus, processos antropológicos e místicos
Teresianos. Marco de Canaveses: Edições Carmelo, pp. 27-28.
279
PINTO, A. M. M., 2011. A possibilidade da fé: Santa Teresa de Jesus,…, p. 30.
280
PINTO, A. M. M., 2011. A possibilidade da fé: Santa Teresa de Jesus,…, p. 30.
281
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, p. 317.
274
275
94
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
y gloria (…)”282. O santo despediu-se dizendo:“(…) Felizes sofrimentos e penitências na
terra, que me conseguiram tão grandes prêmios no céu (…)”283.
São Pedro de Alcântara nasceu em Alcântara (Espanha) no ano de 1499 e colocaram-lhe o
nome de Juan de Sanabria Garcia Garavito. Ao longo da sua vida, sempre prestara vocação
para a religião e cedo deixou os estudos para ingressar pela vida religiosa, tomando o hábito
franciscano em 1515 e alterando o seu nome para Pedro de Alcântara284. Depressa teve
destaque dentro da ordem, cumprindo fielmente as regras de pobreza franciscana e
procurando afastar-se ao máximo dos prazeres terrenos, agonizando voluntariamente o seu
corpo. Era a alma que lhe preocupava e que se revelava de maior importância, de tal forma
que a sua pregação se tornava tão transcendental que chegava a comover os mais incrédulos,
sendo vários os relatos dos seus êxtases285. Foi um santo de grande austeridade na sua
penitência, passando dias sem comer e sem dormir, andando sempre descalço e pouco
agasalhado, mutilando-se e atormentando-se frequentemente e nunca se deitando para dormir.
Foi pregador tanto em Espanha como em Portugal e, a partir de 1560, teve grande influência
junto a Santa Teresa de Ávila. Tornou-se seu conselheiro, amigo e confidente, foi fundador da
ordem dos franciscanos descalços influenciando também a formação da ordem descalça das
carmelitas286. Veio a falecer em Ávila em 1562. A sua vida mística, de grandes feitos e
milagres valeu-lhe a beatificação no ano de 1622 no dia 18 de Abril pelo papa Gregório XV e
a sua canonização em 1669 a 28 de Abril pelo papa Clemente IX.
O tema da aparição de São Pedro de Alcântara a Santa Teresa adquiriu grande projecção a
partir da data da canonização do santo, em 1669. Anteriormente, apenas encontramos
referência a uma pintura (actualmente de paradeiro desconhecido) de Vicente de la Barbiera,
executada em 1633 para a nova igreja de Santo António de Pádua (Palermo)287. Salvador
Andrés Ordax dá-nos conta, aquando das festas comemorativas da sua canonização, de pelo
menos três obras relativas a este tema: um quadro executado para um altar mandado erguer
pelos frades carmelitas descalços de San Cristóbal (Boadilla del Monte, Madrid); uma
escultura de um altar que foi colocado diante da igreja de San Felipe, ao lado de Santa Cruz
282
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, p. 318.
Anon., 2008. Biografia de São Pedro de Alcântara. [Online]
Available at: http://dialogos.files.wordpress.com/2008/09/pedro-de-alcantara_biografia.pdf
[Acedido em 27 Junho 2015].
284
GARCÍA, F. A. C., 2006. São Pedro de Alcântara. Cucujães: Editorial Missões, pp. 7-9.
285
GARCÍA, F. A. C., 2006. São Pedro de Alcântara. Cucujães: Editorial Missões, p. 10.
286
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, pp. 301-302.
287
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, p. 318.
283
95
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
(Málaga); e uma gravura em cobre de Pedro de Villafranca Malagón (imagem 225)288. De
todas, apenas chegou até hoje a gravura, muito provavelmente as outras duas obras foram
executadas para serem efémeras, com vista a ornamentar a celebração enunciada. A gravura
foi publicada primeiramente em 1669 no livro Historia y admirable vida del glorioso padre S.
Pedro de Alcántara, por sus Heroycas Vistudes, Milagros… e em 1670 no livro Triunfos
gloriosos, epitalâmios sacros, pomposos y solemnes aparatos, aclamación alegre, que se
celebraron año M.DC.LXIX en la Imperial y Coronada Villa de Madrid… a la canonizacion
solemne de… S. Pedro de Alcántara289. As gravuras eram um elemento fundamental de
divulgação iconográfica; de fácil transporte, a sua influência alastrou-se além-fronteiras. De
igual modo, a gravura de Pedro de Villafranca Malagón foi base de referência para várias
obras, incluindo o painel alusivo a São Pedro de Alcântara de Santa Clara-a-Nova.
É nítida a cópia fiel desta gravura na pintura de Diego de Borgraf, datada de 1677 e executada
para a sacristia da igreja de San Francisco, também conhecida como catedral de Tlaxcala
(Puebla) (imagem 226)290. Também de grande semelhança com a gravura de Pedro de
Villafranca Malagón é o painel que se encontra a rematar o portal principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova (imagem 213 e 214) diferindo apenas pela introdução figurada de uma igreja
(imagem 215) e pela exclusão dos dois anjos músicos que se encontram à esquerda de São
Pedro de Alcântara na gravura (imagem 225). Pressente-se que essa introdução celebre o novo
templo franciscano, tal como as carmelitas celebravam em 1630 o convento de Santa Cruz do
Buçaco.
Salvador Andrés Ordax dá-nos conta de outras obras relativas ao mesmo tema como o quadro
de Claudio Coello sobre a visão de Santa Teresa, pertencente à colecção da Marquesa de
Alamos, em Jerez de la Frontera (imagem 227); a gravura de 1716 de Westerhout; a estampa
de Schmitner; a de Juan Daniel de Montealegre; e, recentemente o fresco do claustro de Santo
António de Ávila, realizado por um noviço franciscano em 1957291. Dentro das obras de
Claudio Coello destaca-se ainda o quadro sobre o Milagre de São Pedro de Alcântara
(imagem 228), onde este caminha sobre um rio com um companheiro, pertencente à
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, p. 319.
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, p. 320.
290
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, p. 320.
291
ANDRÉS ORDAX, S., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina”…, pp. 320-321.
288
289
96
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Pinacoteca Antigua, em Munich, e que reproduz o mesmo tema que nos aparece em miniatura
no lado inferior direito do painel do portal da igreja de Santa Clara-a-Nova (imagem 215)292.
A implementação deste painel no ciclo retabular da igreja de Santa Clara de Coimbra, vem
comemorar, não só a canonização do santo franciscano, mas também celebrar a relação entre
as duas ordens (a reformada ordem das carmelitas descalças, influenciada pelos ideários
franciscanos) por via da reforma espiritual.
292
GAYA NUÑO, J. A., 1957. Claudio Coello. Madrid: C.S.I.C., Instituto Diego Velázquez, p. 22, 37 e lám. 38.
97
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.4. Personagens litúrgicas
3.2.4.1. Painel da Nossa Senhora da Conceição
Imagem 229 – Painel do primeiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-a-Nova293.
“(…) o pr.º de jmaijem de Nosa Sn.ª da Comseisão com todos os tributos tudo de meo Relego
(…)” 294
Como é exigido em contrato, no primeiro retábulo lateral do lado do evangelho figura Nossa
Senhora da Conceição, com nimbo de doze estrelas, que se encontra de pé, olhando o
horizonte, com as mãos postas em oração, em cima de uma lua equilibrada sobre três cabeças
de anjo que assentam sobre uma esfera azul, rodeada de uma serpente, estando esta alinhada
sobre um pedestal, como que se de uma estátua de vulto se tratasse (imagem 229). Como
fundo, nuvens e raios de luz e glória saem por detrás da Senhora rodeando-a. À sua volta
distribuem-se seis anjos que seguram, cada um, diferentes símbolos. No lado direito, o anjo de
293
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
294
98
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
cima segura um ramo de oliveira (imagem 230), por baixo dele o anjo carrega um espelho
(imagem 231) e o de baixo trás uma fonte (imagem 232). No lado esquerdo, e de cima para
baixo, os atributos que os anjos guardam são uma folha de palmeira (imagem 233), uma torre
(imagem 234) e uma casa (imagem 235). Na edícula de remate do retábulo encontram-se
lírios (imagem 236).
O estudo sobre a iconografia de Nossa Senhora já se encontra aprofundado pela tese de
mestrado de Cristina Maria Sequeira Vouga, A Virgem apocalíptica na imaginaria
portuguesa da produção pós tridentina: Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora da
Esperança: expectação na diocese de Viseu, de 2008. Segundo a autora, as representações
alusivas à Virgem Maria já aparecem no século II e o seu culto começou a ser praticado desde
o século IV295. Contudo, a imagem da Imaculada Conceição que comumente é aceite
actualmente deriva de um protótipo que se começou a difundir em Portugal no século XVII e
que advém da representação da Virgem Apocalíptica presente no território nacional desde o
século XII296.
A iconografia da Imaculada Conceição tem por base a aceitação do dogma da sua concepção
que desencadeou cerca de dezassete séculos de discussão, tendo ficado totalmente
estabelecido e aceite apenas em 8 de Dezembro de 1854. A discussão em torno do dogma
desencadeia-se a partir da controvérsia lançada por S. Justino, S. Ireneu e S. Tertuliano que
estabelece uma antítese entre Eva e Maria, nos finais do século II e inícios do século III297.
Para estes teólogos, Maria seria o início de uma Nova Era pois, ao contrário de Eva, Maria
não desobedeceu a Deus e, por isso, tornara-se imaculada. Séculos mais tarde, esta teoria foi
posta em causa por S. Agostinho e seus discípulos (S. Leão Magno, S. Fulgêncio e S. Beda
Venerável) que defendiam que, sendo Maria descendente de Eva, era igualmente portadora do
pecado original. Apesar das teorias contra, há registos de celebrações em torno da Imaculada
Concepção desde o século VII. As comemorações em torno da imagem da Virgem já vêm a
ser praticadas desde o século VI com a celebração do dia da sua morte e mais tarde a
introdução da Purificação, Anunciação e Natividade. Foi no Oriente que se iniciou o festejo
da concepção de Santa Ana, a 9 de Dezembro, em torno do século VII, alastrada no mesmo
século até Roma, onde se celebrou a festa da Imaculada. Contudo, só no século IX é que
295
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa da produção pós tridentina:
Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Esperança: expectação na diocese de Viseu. Coimbra:
Dissertação de mestrado em História da Arte, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, p.
21.
296
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, p. 22.
297
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, p. 25.
99
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
aparecem no ocidente referências à celebração da Conceição de Maria e dois séculos depois é
acolhida na Inglaterra298.
No século XII em Inglaterra, S. Anselmo de Aosta defendia a tese da purificação da Virgem
antes da concepção de Jesus Cristo. Maria nascera com o pecado original mas, para puder
conceber Jesus, fora purificada por Deus para que Cristo nascesse sem a herança do pecado
original. Já o seu discípulo Aedmero defende a concepção Imaculada de Maria e S. Bernardo
encontra-se, no mesmo século, opositor à celebração do momento da Conceição de Maria pois
se tratar do culto de um acto pecaminoso299.
Em Paris do século XIII interpretava-se que o culto à Imaculada Conceição era inconveniente
e que só Cristo fora concebido sem pecado, o que provocou uma discussão, sugerida por
Alexandre de Hales, em torno da definição do momento da santificação de Maria. Para S.
Tomás de Aquino, a Virgem fora santificada antes do seu nascimento e depois de assumir o
pecado original300. Já S. Boaventura lança a hipótese desta nem ter chegado a contrair o
pecado original, solenizando em 1263 a sua anual celebração a 8 de Dezembro. Por sua vez,
Henrique de Gante propõe duas leituras: que por um lado Maria é concebida do pecado mas
que, por outro, aquando da recepção da alma esta já venha com a graça santificadora da
Virgem. Contudo, João Duns Escoto argumenta que Maria fora preservada imune do pecado
original pois só assim se explicaria a perfeição de Cristo A teoria de Escoto tornou-se a oficial
da Universidade de Paris, determinando a festa da Imaculada Concepção em 1496. Era esta a
tese que fora seguida por todas as ordens (principalmente pelos franciscanos) nos finais do
século XIV à excepção dos dominicanos que abraçaram as teorias de Alberto Magno e S.
Tomás de Aquino301.
A 17 de Outubro de 1439 decreta-se no Concílio da Basileia que Maria fora imune do pecado
original. 37 anos depois, Sisto IV publica uma série de constituições que vão ao encontro
dessa teoria, condenando as heresias que fossem contra essa ideia. No século XVI fica
aprovado na sessão V do Concílio de Trento que Maria não fora sujeita ao pecado original e
que, por isso, adquirira um lugar distinto e privilegiado entre os homens302.
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, p. 26.
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, pp. 27-28.
300
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, p. 28.
301
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, pp. 29-30.
302
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, pp. 30-31.
298
299
100
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Na Península Ibérica, as questões sobre a imaculidade mariana encontravam-se em discussão
acesa no século XVII e, neste contexto, Filipe II constitui a Real Junta da Imaculada
Conceição em 1615 com vista a apaziguar essa polémica, pedindo ao papa Paulo V a
definição do dogma da Imaculada Maria que, em 6 de Agosto do ano seguinte, lhe envia o
Regis Pacifi onde ordena o cumprimento do decreto do Concílio de Trento e suas
constituições e em 1617 publica o Decreto Santissimus Dominus nostros proibindo a
divulgação da teoria de que a Virgem fora concebida em pecado. O rei, indignado com a
resposta pede a todas as Universidades que enviem missivas ao papa que sustentem o seu
pedido inicial (a Universidade de Coimbra colaborou nesse sentido por requerimento de 21 de
Novembro de 1617). Apenas cinco anos depois é publicado o Decreto Sanctissimus pelo Papa
Gregório XV proibindo afirmar-se que a Virgem fora gerada em pecado, com excepção dos
dominicanos. A situação não ficara esclarecida pois a 8 de Dezembro de 1661 Alexandre VII,
a pedido do rei espanhol Filipe VI, decreta a Solicitudo omnium onde clarifica a essência dos
decretos tridentinos e das leis doutrinais relativas à concepção da Virgem, promovendo o
culto e comemoração da Virgem Imaculada, impondo a sua celebração e determinando penas
a quem discordasse303.
A celebração da Imaculada Conceição de Maria foi generalizada depois da publicação da bula
Commissi nobis, em 1708, por Clemente XI. Mesmo já sendo aceite e festejada, só no século
XIX se esclarece o dogma da Imaculada Conceição através da bula Ineffabilis Deus,
publicada pelo papa Pio IX a 8 de Dezembro de 1854304.
No decorrer deste longo processo a iconografia da Imaculada Conceição foi-se consolidando
tornando-se vasta e recorrente. Em Portugal, o culto à Imaculada Conceição iniciou-se no
século XII-XIII pela introdução da sua celebração (iniciada pelo primeiro Bispo de Lisboa no
século XII) e tendo como seu principal difusor a ordem franciscana305. Mais tarde, no século
XVII, a Imaculada Conceição torna-se uma figura de relevo pois é elevada a padroeira de
Portugal a 16 de Março de 1646, por intenção do rei D. João IV306. Este desígnio do rei
copiava a devoção à Virgem Maria dos primeiros reis de Portugal numa afirmação de poder
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, pp. 31-32.
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, pp. 32-33.
305
OSSWALD, C., 2013. "A Imaculada Conceição na pintura e na escultura – contextualização históricohagiográfica; a formação de um dogma". In: Santa Beatriz da Silva. s.l.:s.n., pp. 398-399.
306
OSSWALD, C., 2013. "A Imaculada Conceição na pintura e na escultura …, p. 400.
303
304
101
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restaurado, longe das reminiscências do reinado anterior, como símbolo do início de uma
Nova Era307.
É neste sentido que se explica a representação de Nossa Senhora na igreja de Santa Clara-aNova. A imagem do painel sugere uma versão correspondente à iconografia da Virgem
Imaculada intitulada de Tota Pulchra, nome derivado do versículo em latim: “(…) toda bela
és tu, ó minha amada, e em ti defeito não há (…)”308 (Ct 4,7) que alude à sua beleza pura e
imaculada309. Essa tipologia representa a imagem de Nossa Senhora rodeada dos seus
atributos e metáforas bíblicas inspiradas no Cântico dos Cânticos. O primeiro a identificar a
relação desses textos com a mãe de Cristo fora San Bernardo de Claraval, no século XII e, no
mesmo século, Abelardo relaciona o verso da Tota Pulchra com a concepção da Virgem310.
Segundo Juan Miguel González Gómez, foi a partir do século XVI que este tipo de
representação se começou a expandir tornando-se a preferida depois do Concílio de Trento,
pois reproduzia uma concepção pura e divina, envolta por uma mística sagrada longe de
qualquer indício de pecado.
Antes da definição do modelo iconográfico da Virgem Tota Pulchra, a representação da
concepção de Maria era relacionada com a cena do abraço de Santa Ana e São Joaquim em
frente à Porta Dourada. Contudo, esse esquema foi sendo banido por fazer referência a um
momento carnal e impuro, indo contra a teoria de que a concepção da Virgem ocorrera sem
pecado. Desta forma, pretendia-se representar a Virgem na sua plenitude imaculada, longe
ainda do lugar terreno e rodeada dos símbolos que aludem à sua beleza e pureza divina,
representante de uma Nova Eva. Suzanne Stratton vê na representação alemã da
Ahrenkleidjungfrau de 1450-1460 a reminiscência da primeira alusão à representação de
Maria Tota Pulchra, onde é representada vestida como a esposa do Cântico dos Cânticos, e
nas ladainhas marianas como a de Loreto a primeira fonte literária que fundamenta a
simbologia a ela associada311.
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, pp. 40-43.
ed. Difusora Bíblica, 2000. Bíblia Sagrada. Lisboa/Fátima: Difusora Bíblica.
309
GONZÁLEZ GÓMEZ, J. M., 2004. "Reflejos de la Perfecta Hermosura. Escultura, iconografía y devoción
inmaculista en Sevilla.". In: Inmaculada: 150 años de la proclamación del dogma. [catálogo de la exposición].
Córdoba: Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur, p. 118.
310
STRATTON, S., 1988. "La Inmaculada Concepción en el arte español". [Online]
Available at: http://www.fuesp.com/pdfs_revistas/cai/2/cai-2-1.pdf
[Acedido em 22 Julho 2015].
311
STRATTON, S., 1988. "La Inmaculada Concepción en el arte español". [Online]
Available at: http://www.fuesp.com/pdfs_revistas/cai/2/cai-2-1.pdf
[Acedido em 22 Julho 2015].
307
308
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
As primeiras representações da Virgem Maria rodeada dos seus atributos e símbolos bíblicos
remontam aos finais do século XV e adquirem o seu auge ao longo dos séculos XVI-XVII312.
Contudo, já anteriormente se começam a formular relações com alguns dos seus atributos
como alertam Margarita Llorens Herrero e Miguel Ángel Català Gorgues, apontando como
exemplos a representação de Maria na capela de Notre Dame da igreja de Cahors, de 1484;
uma pintura de 1492 pertencente ao The National Gallery em Londres da autoria de Carlo
Crivelli; e o retábulo de Santa Ana do século XV de Rumold de Laubach exposto no Museu
de Francfort313. Estes autores alertam também para uma pintura preservada no Palácio
Episcopal de Palma de Maiorca data de inícios do século XV representando a figura da
virgem rodeada de alguns atributos e rematada com a inscrição de “(…) Tota pulchra e
samica nostra et macula originalis non est in te Mater Dei (…)”314.
A inicial difusão do protótipo iconográfico de Maria Tota Pulchra deveu-se à circulação da
sua representação em livros de horas dos inícios do século XVI como confirma a gravura de
1503 pertencente ao livro Heures de la Vierge á l’Usage de Rouen, impresso por Antoine
Verard em Paris (imagem 237)315. Esta gravura foi reproduzida por várias vezes em outros
livros, circulando e influenciando diversas obras. Serviu de base para a execução do painel da
Virgem no retábulo-mor da igreja de San Saturnino em Artajona (Navarra), de 1505 (imagem
238), e no retábulo do lado da epístola da igreja da Santa Maria de Muro de Aguas, de
1549316.
Um dos artistas que mais produziu esta iconografia foi o valenciano Juan de Juanes (imagem
240) que, baseando-se nas visões do jesuíta P. Martín Alberro e nas descrições da abadessa
Isabel de Villena, executou inúmeras representações317; a pertencente à igreja da Companhia
de Jesus de Valencia (imagem 241), de semelhante composição à que se encontra no Museu
de L’Almudí em Valencia; e a da igreja da Concepção em Sot de Ferrer incluindo Santa Ana e
São Joaquim (imagem 247).
Durante o século XVI reproduziram-se imagens da Virgem envolta dos símbolos alusivos ao
Cântico dos Cânticos com base nas primeiras Tota Pulchras em representações como a que se
GONZÁLEZ GÓMEZ, J. M., 2004. "Reflejos de la Perfecta Hermosura…, p. 118.
LLORENS HERRERO, M. & CATALÁ GORGUES, M. Á., 2007. La inmaculada concepción en la historia,
la literatura y el arte del pueblo valenciano. Valencia: Generalitat Valenciana, p. 79.
314
LLORENS HERRERO, M. & CATALÁ GORGUES, M. Á., 2007. La inmaculada…, p. 80.
315
HERAS Y NÚÑEZ, M. d. l. A. d. l., 1994. "La Virgen "tota pulchra" en el arte riojano del siglo XVI".
Berceo, nº 126, pp. 37-38.
316
HERAS Y NÚÑEZ, M. d. l. A. d. l., 1994. "La Virgen "tota pulchra"…, pp. 38-39.
317
GONZÁLEZ GÓMEZ, J. M., 2004. "Reflejos de la Perfecta Hermosura…, p. 118.
312
313
103
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
encontra no cadeiral do coro da igreja de Amiens, de 1508318; a que se encontra no Breviário
de Grimani de 1510319; o relevo de 1544-1546 do cadeiral do coro da basílica do Pilar em
Zaragoza, da autoria de Juan Moreto, Esteban de Obray e Nicolás Lobato320; a do retábulomor de 1550 da igreja paroquial da Assunção em Trasobares (Zaragoza)321; a que foi
representada no altar da igreja de Córdova322; a do retábulo-mor de 1563-1571 da igreja de
Sunijana de Morillas da autoria de Juan de Salazar, Tomás de Oñate e Andrés de Miñano323; a
do retábulo do século XVI da ermita da Conceição de Enciso324, entre outras (imagens 239250). No século XVI persiste a composição difundida pela gravura de 1503 mas começa a
aparecer uma nova incorporação dos símbolos que se transferem para a paisagem de fundo
como é exemplo a pintura de 1589 da Imaculada Concepção de Cristoval Gomez (imagem
244).
Ao longo dos séculos XVII-XVIII continua a adoptar-se a composição quinhentista da
Virgem Tota Pulchra como acontece no retábulo lateral da Imaculada Conceição de 1616 na
Ermita do Santo Cristo de Labastida325 (imagem 252), na pintura do século XVII pertencente
à igreja de San Esteban de Eguino326, na pintura da Imaculada Conceição do século XVII do
convento de Santa Engracia de Olite em Navarra327, entre outros. Contudo, essa composição
vai adquirindo uma tendência para misturar os atributos na cena de fundo (imagens 251-267).
Em Santa Clara-a-Nova, a Tota Pulchra do século XVII aí representada adquire influências
das antigas representações iconográficas deste tema com a variante de que os símbolos se
encontram sustentados por anjos, caso que não acontece nas gravuras do século XVI mas que
não é estranho a esta iconografia pois os anjos já aparecem a executar essa função numa Tota
Pulchra do século XVI, pertencente ao Museu Nacional de Virreinato em Tepotzotlán
(imagem 246). Mais frequentemente os anjos irão marcar presença na exposição dos atributos
em obras posteriores como a Imaculada Conceição de 1701 de Juan Correa do Convento das
318
ESCOBAR CORREA, J. G., 2012. Ave María, gratia plena: iconología e iconografía de la inmaculada
concepción. Medellín.: Maestría thesis, Universidad Nacional de Colombia, p. 94.
319
ESCOBAR CORREA, J. G., 2012. Ave María, gratia plena…, p. 99.
320
ESCOBAR CORREA, J. G., 2012. Ave María, gratia plena…, p. 99.
321
ESCOBAR CORREA, J. G., 2012. Ave María, gratia plena…, p. 100.
322
ESCOBAR CORREA, J. G., 2012. Ave María, gratia plena…, p. 100.
323
SÁENZ PASCUAL, R., 2005. "La iconografía de la Inmaculada Concepción en la pintura renacentista de la
actual diócesis de Vitoria". In: La Inmaculada Concepción en España: religiosidad, historia y arte : actas del
simposium. Vol. 2. s.l.:s.n., p. 1094.
324
HERAS Y NÚÑEZ, M. d. l. A. d. l., 1994. "La Virgen "tota pulchra"…, p. 42.
325
SÁENZ PASCUAL, R., 2005. "La iconografía de la Inmaculada Concepción en la pintura renacentista de la
actual diócesis de Vitoria". In: La Inmaculada Concepción en España: religiosidad, historia y arte : actas del
simposium. Vol. 2. s.l.:s.n., pp. 1101-1103.
326
SÁENZ PASCUAL, R., 2005. "La iconografía de la Inmaculada Concepción…, p. 1096.
327
SÁENZ PASCUAL, R., 2005. "La iconografía de la Inmaculada Concepción…, p. 1098.
104
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Madres Dominicas em Tudela (imagem 258), a pintura de José de Páez datada de 1770
(imagem 259), ou a gravura da valenciana da Puríssima Concepção de c. 1810 (imagem 266).
Os atributos associados à representação da Concepção de Maria são diversos e não
apresentam nenhuma constante nas representações da Tota Pulchra328. Os escolhidos para os
anjos no retábulo de Nossa Senhora da Conceição da igreja de Santa Clara-a-Nova foram a
palmeira, o ramo de oliveira, o espelho, a fonte, a torre e a casa, acrescentando ainda os lírios
do remate da composição. Os símbolos ligados à vegetação são os mais comuns329 pois
remetem para os elementos de um jardim, associados à esposa do Cântico dos Cânticos: “(…)
És um jardim fechado, minha irmã e minha esposa, um jardim fechado, uma fonte selada. Os
teus rebentos são um pomar de romãzeiras com frutos deliciosos, com alfenas e nardos,
nardo e açafrão, cálamo e canela, com toda a espécie de árvores de incenso, mirra e aloés,
com todos os bálsamos escolhidos. (…)”(Ct. 4, 12-14).
Segundo Marco Antonio Pérez Pérez, a palmeira aparece associada à sabedoria, vitória,
justiça e perfeição330, pois “(…) Os justos florescerão como a palmeira e crescerão como os
cedros do Líbano. (…)” (Sl. 92, 13) e a sabedoria falou dizendo que crescera “(…) como a
palmeira de En-Guédi, como as roseiras de Jericó, como uma formosa oliveira na planície,
(…)” (Sir. 24, 14). A oliveira, associada igualmente à sabedoria, representa um sinal de paz
como refere Cristina Osswald, sendo representada a ser oferecida à Virgem pelo anjo Gabriel
nas primeiras representações de Anunciações331.
O espelho, símbolo de justiça e verdade, é visto ainda por Marco Antonio Pérez Pérez como
sinónimo de perfeição332 e por Cristina Osswald de virgindade333. Nas escrituras, ele é
relacionado à sabedoria: “(…) Ela [a sabedoria] é um reflexo da luz eterna, um espelho
imaculado da actividade de Deus e uma imagem da sua bondade. (…)” (Sb. 7, 26).
A fonte que o último anjo segura no lado direito da Virgem faz alusão à água símbolo de vida
e elemento purificante334, identificado também na descrição da beleza da esposa do Cântico
328
STRATTON, S., 1988. "La Inmaculada Concepción en el arte español". [Online]
Available at: http://www.fuesp.com/pdfs_revistas/cai/2/cai-2-1.pdf
[Acedido em 22 Julho 2015].
329
OSSWALD, C., 2013. "A Imaculada Conceição na pintura e na escultura …, p. 410.
330
PÉREZ PÉREZ, M. A., 2004. "La simbología de la Inmaculada". In: Inmaculada: 150 años de la
proclamación del dogma. [catálogo de la exposición]. Córdova: Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur,
pp. 76-79.
331
OSSWALD, C., 2013. "A Imaculada Conceição na pintura e na escultura …, p. 411.
332
PÉREZ PÉREZ, M. A., 2004. "La simbología de la Inmaculada"…, pp. 75-76.
333
OSSWALD, C., 2013. "A Imaculada Conceição na pintura e na escultura …, p. 410.
334
PÉREZ PÉREZ, M. A., 2004. "La simbología de la Inmaculada"…, p. 74.
105
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
dos Cânticos como sendo “(…) um jardim fechado, minha irmã e minha esposa, um jardim
fechado, uma fonte selada.(…)” (Ct. 4, 12) e uma “(…) fonte de jardim, nascente de água
viva que jorra desde o Líbano. (…)”(Ct. 4, 15).
Tal como a fonte, também a torre que o segundo anjo do lado esquerdo do painel carrega é
referida no Cântico dos Cânticos como sendo a Torre de David, “(…) O teu pescoço é como a
torre de David erguida para troféus: dela pendem mil escudos, tudo broquéis dos heróis.
(…)”(Ct. 4, 4), representando beleza, dignidade e firmeza na fé em Deus335, mas também
simbolizando a vigilância e união entre Deus e o Homem336.
O último anjo do lado esquerdo carrega uma casa com uma porta, símbolo da casa de Deus
“(…) Aqui é a casa de Deus, aqui é a porta do céu.(…)” (Gn. 28, 17)337.
Os lírios presentes na edícula que remata o retábulo fazem lusão à imaculada virgindade,
beleza e pureza da Virgem338 pois “(…) Tal como um lírio entre os cardos é a minha amada
entre as jovens. (…)” (Ct. 2, 2)339.
A representação de Nossa Senhora corresponde a uma imagem tipificada alusiva à Virgem
Apocalíptica340 relatada por São João Evangelista como “(…)uma Mulher vestida de sol, com
a Lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça. (…)” (Ap. 12,1),
acompanhada de um globo com um dragão pois “(…) Quando o Dragão se viu precipitado na
terra, lançou-se na perseguição da Mulher que tinha dado à luz um Menino (…)” (Ap. 12,
13). Ainda sobre o elemento da lua e do sol, o Cântico dos Cânticos refere “(…) Quem é essa
que desponta como a aurora, bela como a Lua, fulgurante como o Sol, terrível como as
coisas grandiosas (…)” (Ct. 6, 10).
Este modelo iconográfico da Imaculada Concepção só se tornou definitivo depois do Concílio
de Trento341 e difundido através de tratados como o do pintor Francisco Pacheco de 1649342.
No seu livro Arte de la Pintura refere que a imagem da Imaculada Concepção se deverá
PÉREZ PÉREZ, M. A., 2004. "La simbología de la Inmaculada"…, pp. 79-80.
OSSWALD, C., 2013. "A Imaculada Conceição na pintura e na escultura …, p. 411.
337
GONZÁLEZ MORENO, F., 2005. "Tota pulchra es amica mea et macula non est in te: Azulejería talaverana
inmaculista". In: La Inmaculada Concepción en España: religiosidad, historia y arte: actas del simposium. Vol.
2. s.l.:s.n., p. 880.
338
PÉREZ PÉREZ, M. A., 2004. "La simbología de la Inmaculada"…, pp. 80-81.
339
OSSWALD, C., 2013. "A Imaculada Conceição na pintura e na escultura …, p. 411.
340
VOUGA, C. M. S., 2008. A Virgem apocalíptica na imaginaria portuguesa…, pp. 21-23.
341
STRATTON, S., 1988. "La Inmaculada Concepción en el arte español". [Online]
Available at: http://www.fuesp.com/pdfs_revistas/cai/2/cai-2-1.pdf
[Acedido em 22 Julho 2015].
342
OSSWALD, C., 2013. "A Imaculada Conceição na pintura e na escultura …, p. 401.
335
336
106
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
representar “(…) en la flor de su edad, de doce a trece años, hermosísima niña, lindos y
graves ojos, nariz y boca perfectísima y rosadas mexillas, los belíssimos cabellos tendidos, de
color de oro; (…) Hase de pintar com túnica blanca y manto azul, que así apareció esta
Señora a doña Beatriz de Silva, portuguesa, que se recogió después en Santo Domingo el
Real de Toledo a fundar la religión de la Concepción Purísima, que confirmo el Papa Julio
II, año de 1511; vestida del sol, un sol ovado de ocre y blanco, que cerque toda la imagem,
unido dulcemente com el cielo; coronada de estrelas; doce estrelas compartidas en un círculo
(…) debaxo de los pies, la luna (…) Adórnase com serafines y com ángeles enteros que tienen
algunos de los atributos (…)”343.
É sobre este modelo que a figura de Nossa Senhora é representada no centro do painel do
retábulo lateral da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova com o acrescento de que toda a
figuração assenta sobre um pedestal como se fosse uma escultura de vulto, à semelhança da
Nossa Senhora do retábulo que foi feito para o mesmo mosteiro no século XVII e que
actualmente se encontra no Museu Nacional Machado de Castro (imagem 268). Contudo,
Francisco Pacheco sugere a representação da “(…) media luna com las puntas abaxo.
(…)”344, pormenor que não é tido em consideração em Santa Clara de Coimbra. Este
conselho, seguiu a teoria publicada em 1614 pelo jesuíta P. Luis del Alcázar onde defende que
“(…) es evidente entre los doctos matemáticos, que si el sol y la luna se carean, ambas
puntas de la luna han de verse hacia abaxo, de suerte, que la mujer no estaba sobre el
cóncavo, sino sobre el convexo (…)”345. Como se entende, esta percepção académica da
representação da lua adquire domínios matemáticos e astrológicos que não se seguiram em
Santa Clara mas se imprimiam na cidade universitária como figura a Nossa Senhora da Sé
Velha (imagem 269).
343
PACHECO, F., 1990. Arte de la Pintura. Madrid: Catedra, pp. 576-577.
PACHECO, F., 1990. Arte de la Pintura…, p. 577.
345
PACHECO, F., 1990. Arte de la Pintura…, p. 577.
344
107
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.4.2. Painel de São Pedro
Imagem 270 – Painel do segundo retábulo lateral do lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova346.
“(…) e o seg.º será da jmaijem de sam Pedro também de meo Relego (…)” 347
No segundo retábulo lateral do lado do evangelho figura-se Cristo de pé a entregar as chaves a
São Pedro que se ajoelha à sua frente, e que confere uma nítida diagonal compositiva,
acompanhados de duas figuras que testemunham o acto (imagem 270). Como fundo, foi
representada uma igreja e árvores, introduzindo-se uma palmeira no lado direito do painel.
Carlos Moura, no seu artigo para a História da Arte Portuguesa, relaciona a estética da igreja
deste painel com as que Giotto pintou em Assis348. Na edícula de remate encontra-se
representado uma tiara papal (imagem 271).
A cena do painel deste retábulo retrata o episódio bíblico da entrega das chaves ao apóstolo
São Pedro. Essa passagem desenrola-se quando Cristo se reúne com os apóstolos perto de
Cesareia de Filipe onde, segundo São Mateus, anuncia: “(…) Tu és Pedro, e sobre esta Pedra
edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as
346
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
348
MOURA, C., 1986. "Uma poética da refulgência: a escultura e a talha dourada". In: História da Arte em
Portugal - O limiar do barroco. Lisboa: Publicações Alfa, p. 106-107.
347
108
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que
desligares na terra será desligado no Céu. (…)” (Mt. 16, 18-19).
Pescador de profissão, Pedro nascera em Betsaida com o nome de Simão349. Quando o seu
irmão André lhe deu a conhecer Jesus Cristo, Pedro era já casado e residia em Cafarnaum
(região vizinha à sua aldeia de origem)350. No primeiro contacto que teve com o Messias,
Cristo chama-o de Cefas (Pedro) e depressa se converte a seu discípulo, acompanhando-o na
sua jornada351. É o primeiro nomeado para o grupo dos doze apóstolos de Jesus Cristo,
seguindo fervorosamente o seu mestre durante dois anos. É no monte Hermon que Cristo
declara que Pedro é a pedra da sua Igreja e confia-lhe as chaves do céu. Certo dia, ao recusar
que o seu mestre lhe lavasse os pés e de afirmar que jamais o abandonaria, Cristo repreende-o
dizendo que ele o negaria por três vezes, facto que se veio a confirmar mais tarde e que lhe
conferiu remorsos352 para o resto da vida. A forte devoção que transmitia pelo Messias levouo a golpear a orelha direita de um dos guardas que prendiam Cristo, em defesa do seu
Salvador. Após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, Pedro pretendia regressar à sua vida
piscatória mas, depois de ter uma visão do seu mestre, permaneceu em Jerusalém a pregar a
palavra de Deus. Segundo Tiago de Voragine, S. Pedro segue até Roma um falso profeta que
conhece em Jerusalém com o nome de Simão353. Permanece em Roma até ao fim dos seus
dias, pregando durante vinte cinco anos354. Tiago de Voragine conta que os santos Pedro e
Paulo uniram forças contra o mago Simão acabando por vencê-lo à vista de todos. Contudo,
Simão tinha-se tornado companheiro do imperador de Roma Nero e este, ao saber da sua
morte, ordena a captura e execução de Pedro e Paulo355. Durante o seu cativeiro, Pedro
converte os seus carrascos que o deixam sair em liberdade mas, após uma visão, Pedro volta à
cidade para enfrentar o seu martírio com dignidade sendo cruxificado de cabeça para baixo
por não ser digno de morrer como o seu mestre356.
A ordem dada em contrato para a elaboração deste painel não foi precisa quanto à sua
composição o que conferiu liberdade aos artistas para a sua execução. É fácil entender a
349
GIORGI, R., 2003. Santos. Barcelona: Electa, p. 293.
dir. BERGSTROM, Magnus, 1900?. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, ilustrada com cêrca de
15.000 gravuras e 400 estampas a côres. Volume XX. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, p. 825.
351
dir. BERGSTROM, Magnus, 1900?. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira…, p. 825.
352
O arrependimento de S. Pedro foi grandemente representado a partir dos finais do século XVI como uma
prova da fragilidade humana que procurava o sentimento da piedade cristã nos espectadores. MÂLE, E., 1985. El
Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 88.
353
VORAGINE, T. d., 2004. Legenda Áurea. Porto: Ed. Civilização, pp. 328-330.
354
VORAGINE, T. d., 2004. Legenda Áurea…, p. 330.
355
VORAGINE, T. d., 2004. Legenda Áurea…, pp. 330-332.
356
VORAGINE, T. d., 2004. Legenda Áurea…, pp. 332-334.
350
109
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
escolha dos entalhadores para ilustrar São Pedro neste retábulo uma vez que, na iconografia
do santo, o tema da entrega das chaves é aquele que mais vezes é representado. Isto acontece
porque este episódio representa uma duplicidade dogmática: não só marca o ponto
fundacional da Igreja, como inicia em Pedro o ofício do papado357. Assim, são apresentados
no retábulo de São Pedro da igreja de Santa Clara-a-Nova esses dois dogmas ilustrados tando
na representação da igreja no fundo do painel, como na tiara papal presente na edícula de
remate. A pesquisa desta temática no catálogo coletivo on-line dos Museus portugueses,
MatrizNet
(http://www.matriznet.dgpc.pt/),
elucida
a
preferência
portuguesa
pela
representação da figura do santo sozinho com o atributo das chaves, não contendo nenhum
registo da iconografia da entrega das chaves a São Pedro.
S. Pedro é iconograficamente representado de cabelos e barba curta e arredondada. Por vezes
veste hábito de papa, outras vezes apresenta-se vestido de apóstolo com túnica e manto,
identificado pelos seus atributos: as chaves, a barca de pescador, o peixe, o galo, as cadeias, a
cruz invertida e/ou a cruz papal de três ramos358. É também comumente representado junto a
S. Paulo, como é exemplo a gravura do livro Breuiariu[m] secu[n]du[m] usu[m] insignis
monasterii s[an]ct[a]e crucis coli[m]brie[n]sis ordinis diui Augustini, de 1531 (imagem
272).
Em resposta ao ataque reformador do século XVI, Roma fez difundir provas da passagem do
primeiro papa na cidade, descredibilizando os argumentos protestantes e fazendo crescer por
toda a Europa iconografia alusiva ao santo, concentrando o seu foco de difusão na Basílica de
S. Pedro, construção que se agiganta na paisagem como afirmação da legitimidade do
papado359. Vários foram os episódios retratados da vida do santo, contudo, é o episódio da
entrega das chaves que mais vezes se repete, aparecendo desde as iluminuras medievais até
aos nossos dias (imagens 274-284). Muitas das vezes, o santo é representado ajoelhado
(embora nem sempre essa solução seja aplicada como se comprova pela imagem 273
representando uma iluminura do início do século XI do pergaminho Perikopenbuch Heinrichs
II, onde o santo se encontra de pé perante Jesus), recebendo simbolicamente as chaves das
mãos de Cristo e acompanhado de apóstolos que testemunham essa entrega.
357
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII: Italia, Francia, España, Flandres. Madrid:
Ed.Encuentro, p. 83.
358
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos: hagiológico, iconográfico, de atributos, de artes e profissões,
de padroados, de compositores, de música religiosa. Porto: Lello & Irmão, p. 118.
359
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, pp. 81-83.
110
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Em Santa Clara-a-Nova o tema ofereceu liberdade ao artista na execução de uma iconografia
que lhe era conhecida pela sua recorrência e relevância dentro das igrejas do século XVII.
Apesar de se cingir aos elementos base desse episódio, reduzindo-se o número de apóstolos, a
sua simplicidade é enriquecida pela experimentação de elementos exóticos como a árvore da
direita.
111
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.5. Retábulos colaterais
Os retábulos colaterais da igreja de Santa Clara-a-Nova são dedicados às duas principais
solenidades da Igreja Católica: o baptismo e a eucaristia. Uma vez que se trata de celebrações
originárias dos textos sagrados, foram consideradas por Lutero como os únicos dois
sacramentos do cristianismo360. Para tais representações, usaram-se (em Santa Clara de
Coimbra) momentos da vida de Cristo e da Virgem. Do lado do Evangelho encontra-se
representado o Baptismo de Cristo e, do lado da Epístola, encontra-se referenciado o
momento da Comunhão da Virgem.
3.2.5.1. Painel do Baptismo
Imagem 286 – Painel do retábulo colateral do lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova361.
“(…) o prº da parte dr.ª do Altar mor será de sam joão baptista e meterão nelle o painel
principal hum que está já feito na jgreija velha e o aComodarão em o d.º Retabolo o melhor
que puder ser, e temdo alguma jmaigem serão obrigados a Comsertarem na de sorte que
360
361
CARMONA MUELA, J., 2001. Iconografía Cristiana. Guía básica para estudiantes. Madrid: Istmo, p. 115.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
112
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
fique Com toda a prefeicão, e em Riba no seg.º painel lhe porão hûm livro e hum Cordr.º tudo
bem guarnesido(…)” 362
O painel do retábulo colateral do lado do evangelho é, assim, composto por cinco figuras
masculinas (imagens 285-286). Ao centro, o Baptista do lado direito, de barba e cabelos
longos, veste capa e túnica feita de peles esfarrapadas e eleva uma concha sobre Cristo
desnudado e ajoelhado a seus pés que se encontra no centro de toda a composição,
ligeiramente inclinado dentro de água e com as mãos cruzadas sobre o peito. A acompanhar
estes, dois anjos assistem à cena no lado esquerdo do painel segurando as roupagens de
Cristo. A rematar a acção, a quinta figura representa Deus Pai que presencia o acontecimento
envolto de nuvens com dois anjos e dois querubins a acompanhá-lo. Por baixo deste e ainda
entre as nuvens, o Espírito Santo, virado para as personagens em baixo, lança raios de luz em
direcção à cena central. Como fundo, o painel retrata uma paisagem citadina, ladeada de
árvores e, em baixo, encontra-se representado o rio Jordão, correndo entre rochas sobre as
quais foi esculpido um lagarto no lado esquerdo, enquanto no lado direito se prolongaram as
raízes das árvores. Ao centro, entre as duas figuras principais, representaram-se dois lírios
brancos, símbolos de dupla pureza (a de Cristo e a de João Baptista). Sobre o rio e em
miniatura, encontramos uma pequena embarcação com um pescador (possível alusão a S.
Pedro) acompanhada de quatro peixes que sobem ao topo da água. A figura de Deus e das
testemunhas aladas contrasta com as representações de nudez, que denunciam o carácter
terreno das outras personagens, trabalhadas através de musculatura definida, demonstrando o
domínio do artista em relação ao conhecimento do corpo humano. A Santíssima Trindade
representada pelo Pai, o Filho e o Espirito santo é aqui representada numa verticalidade
centrada a meio do painel que difere das diagonais que se estruturam, mais ou menos
marcadas, nos restantes painéis de Santa Clara-a-Nova. Na edícula de remate podemos
observar o cordeiro do Agnus Dei; deitado sobre um livro, que denuncia o carácter profético
do santo; segurando o estandarte vermelho que comumente se associa a São João Baptista e
que por regra contém a inscrição “Ecce Homo”, mas que aqui não é visível363 (imagem 287).
362
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
363
TAVARES, J. C., 1990. Dicionário de Santos: hagiológico, iconográfico, de atributos, de artes e profissões,
de padroados, de compositores, de música religiosa. Porto: Lello & Irmão, pp. 82-83.
113
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Ao contrário dos restantes retábulos da nave da igreja, as tábuas que compõem este painel
estão dispostas na horizontal. Isto acontece pois, tal como é referido em contrato, esta
composição retabular é resultado do reaproveitamento de um painel já existente anteriormente
executado para um retábulo da antiga igreja de Santa Clara, e em que os entalhadores foram
obrigados a reformular a cena consoante as condições da obra anterior. O mais provável é,
portanto, que o antigo painel já estaria estruturado com as tábuas na horizontal, tendo os
artistas que se adaptar ao arranjo pré-existente. Repare-se que os veios dos diferentes
tabuados do painel não cortam a direito a composição, denunciando as prováveis alterações
que lhe foram feitas para aproveitar o velho painel. A figura de Cristo, de São João Baptista e
dos anjos figurados à esquerda do painel encontram-se com um recorte que os encaixa no
ritmo dos relevos mas que não acompanha as linhas horizontais das tábuas. Seriam estas as
personagens que se mantiveram do anterior retábulo?
A cena do painel retabular representa a passagem bíblica do Baptismo de Cristo, relatada nas
escrituras sagradas, no momento em que João baptiza Jesus no rio Jordão, descendo sobre eles
o Espírito Santo (em forma de pomba branca) ao rasgarem-se os céus para a aclamação do
Filho de Deus. Tal como relata, a título de exemplo, São Mateus: “Então, veio Jesus da
Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. João opunha-se, dizendo: «Eu é
que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» Jesus, porém, respondeulhe: «Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» João, então,
concordou./ Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o
Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do Céu dizia:
«Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado.»” (Mt. 3, 13-17).
São João Baptista fora o único filho do sacerdote Zacarias e da prima da Virgem Maria,
Isabel. O seu nascimento fora anunciado a seu pai pelo arcanjo Gabriel quando este se
encontrava no templo de Jerusalém. Ao pedir um sinal da palavra de Deus, Zacarias fica
mudo até ao nascimento da criança, aquando da nomeação do seu nome. Este milagre é
identificado como “Benedictus” e, junto com o “Magnificat”, proclamado no milagre da
visita de Maria a Isabel, formam “(…) dois dos mais emblemáticos hinos bíblicos (…)”364. A
três meses do nascimento de João, Maria vai visitar a sua prima Isabel, auxiliando-a até ao
final da gravidez365. A aproximação e saudação da Virgem fez purificar o santo dentro do seio
364
SILVA, A. J., 2012. Os nossos santos e beatos: e outros, que Portugal adotou. Lisboa: A Esfera dos Livros,
p. 106.
365
VORÀGINE, J., 1982. La Leyenda Dorada. Madrid: Alianza Editorial, p. 318.
114
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
maternal que saltou de alegria com a proximidade a Cristo. As escrituras não nos fizeram
chegar qualquer informação sobre a sua infância, apenas que partiu cedo de casa dos pais
dirigindo-se para o deserto, adoptando uma vida de penitência366. Levando uma vida
santificada onde procurou a perfeição espiritual, recebeu o dom do conhecimento e da
profetização e seguiu pregando, convertendo e baptizando os crentes. Fora o último profeta do
Antigo Testamento e o mensageiro do Novo, preparando o advento de Cristo. É confrontado
pelo seu primo no Jordão que lhe pede para ser baptizado, cedendo contrariado ao pedido do
Filho de Deus. Mais tarde é preso por Herodes Antipas quando o acusa de adultério, morrendo
decapitado a pedido de Salomé, tornando-se no primeiro mártir do cristianismo.
Esta temática foi reproduzida até à exaustão, considerada como uma das cenas mais
importantes da vida de Cristo pois retrata o momento do início da sua pregação até ao
derradeiro destino na cruz. Simboliza a cerimónia de aceitação do novo membro que é
purificado pela água e renasce como homem novo367. Apesar de, nos séculos anteriores, a
representação do Baptismo de Cristo sobreviver fiel às escrituras, persistindo no tempo até
aos dias de hoje, a arte do século XVII introduziu algumas novidades nessa representação, e
nas cenas da vida de Cristo em geral368. Emile Mâle detecta essencialmente duas alterações
nas composições do Baptismo a partir de Seiscentos. A primeira deveu-se ao nível do
vestuário que cobre o Filho de Deus, indo ao encontro da intenção da Contra-reforma de
cobrir a nudez das figuras. Assim, adoptaram-se outras estratégias de vestuário que não se
cingissem ao pequeno pano que usualmente se figurava nas representações anteriores, ou
mesmo a sua completa nudez como acontece, por exemplo, nos mosaicos do baptistério de
Ravena, do século V (imagens 288-289). A partir do século XVII a figura de Cristo aparecenos vestido com o seu manto e túnica, mas com as vestes abertas mostrando o seu tronco nu,
como já anteriormente havia sido experimentado na obra de 1584 do pintor italiano Annibale
Carracci para a igreja de São Gregório, em Bolonha (Itália) (imagem 290)369. A outra
modificação diz respeito ao carácter humilde que a figura do filho de Deus passa a adoptar em
confronto com a imagem de grandeza que os séculos anteriores lhe reservaram. Ao invés de
ser representado de pé, superior a São João Baptista, é agora posicionado abaixo deste,
inclinando-se para receber o baptismo de seu primo, numa atitude de humildade, colocando as
366
GIORGI, R., 2003. Santos. Barcelona: Electa, p. 195.
CARMONA MUELA, J., 2001. Iconografía Cristiana..., p. 115.
368
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII: Italia, Francia, España, Flandres. Madrid:
Ed.Encuentro, pp. 295-297.
369
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 211.
367
115
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
mãos sobre o peito, como um qualquer pecador370. Em Santa Clara mantive-se a representação
desnuda de Cristo, coberto com um único pano branco (que usualmente se figurava nas
representações dos séculos anteriores) apesar de já se encontrar em posição de humildade,
num patamar inferior a São João Baptista e com as mãos cruzadas sobre o peito. Seria essa
posição adoptada posteriormente na reformulação do novo retábulo? Ou também estaria
Cristo num patamar inferior no seu anterior painel? E será o seu vestuário o indício de que
esta figura sobrevivera do retábulo anterior?
A composição de todo o painel adquire semelhanças com a pintura de Giovanni Bellini, de
1500 na igreja de Santa Corona (Itália) (imagem 291) ou com a pintura que se encontra no
retábulo da capela de São João Baptista, na igreja da Venerável Ordem Terceira de S.
Francisco no Porto, datada do século XVI (imagem 292). Em todas existe um eixo central que
une a Santíssima Trindade e divide do lado direito São João Baptista e do lado esquerdo as
testemunhas que presenciam o acto. As parecenças são mais evidentes entre a obra de
Giovanni Bellini e o painel de Santa Clara pelo mesmo cruzamento das mãos de Cristo, a
mesma posição da pomba e a mesma representação de Deus Pai rodeado de cabeças aladas.
É notável no painel do Baptismo de Santa Clara-a-Nova a nítida composição das estratégias
de incrementação do anterior painel que fora regido por modelos do século XV-XVI, e que se
destaca da sensibilidade artística dos restantes retábulos do conjunto da igreja.
370
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 210.
116
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.2.5.2. Painel da Comunhão
Imagem 294 - Painel do Retábulo colateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova371.
“(…) e o outro altar ou Retabolo colatral será de sam João evamgelista feito de meo Relego
estando o samto dando a Comunhão a nossa Sn.ª Com o altar e todas as mais jmagens que se
puderem aComodar para semelhante acto e emsima no seg.º painel lhe porão huma Aguia
guarnecida em Redondo (…)”372
No painel do retábulo colateral do lado da epístola figura um altar acompanhado de dois
anjos, São João Evangelista, Nossa Senhora e duas personagens que a precedem (imagens
293-294). O retábulo do altar representado no painel é composto por duas pilastras e um arco
de volta perfeita que emolduram um crucifixo. Em frente à mesa de altar decorada com duas
velas e um cálice eucarístico, as três figuras femininas ajoelham-se perante o Apóstolo que
veste alva, estola e manípulo segurando a hóstia nas mãos. Ao fundo de três degraus, dois
anjos segurando círios, ajoelham-se perante a cena. Na edícula de remate encontra-se
representada uma águia (imagem 295). Como consta em contrato, a cena do painel faz alusão
ao momento da comunhão da Virgem dado por São João Evangelista.
371
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692. BRANDÃO, D. d. P., 1984. Obra de talha
dourada…, pp. 754-757.
372
117
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Tal como seu pai e seu irmão mais velho, S. João era pescador na Galileia, filho de Zebedeu e
Salomé373. Pertenceu ao grupo dos doze apóstolos de Cristo e, depois da ressurreição de seu
mestre, permaneceu uma temporada na Ásia, lugar onde espalhou a palavra de Deus e fundou
diversas igrejas374. Era ainda primo de Jesus por parte da mãe e, por isso, considerado como o
discípulo predilecto de Cristo. João Evangelista é autor do Evangelho Segundo São João,
sendo-lhe atribuídos também três cartas e o Apocalipse.375 O Evangelho segundo São João foi
redigido entre o ano 90 e 100 e relata a vida de Cristo. Contudo, em comparação com os
outros evangelhos, este encontra-se escrito com uma linguagem muito mais abstracta e
espiritual. O tema principal que aborda é a fé, tratando sempre de desvendar o conteúdo das
palavras de Jesus.376 O seu conteúdo espiritual elevado faz com que seja assimilado a um voo
de uma águia e, por isso, o seu atributo é a águia, tal como é representada no remate do
retábulo.
O tema da comunhão da Virgem dada por S. João Evangelista é um episódio que não consta
na biografia do santo. Contudo, sabemos que Maria foi-lhe confiada por Cristo às portas da
sua morte377 como relata S. João no seu Evangelho: “(…) Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua
mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!» Depois, disse o
discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua. (…)”(Jo.
19, 26-27).
A cena retratada no painel é um tema pouco conhecido e representado. Ele aparece-nos em
contexto das Reformas protestantes quando as questões relativas ao sacramento da eucaristia
são questionadas. Isto porque a cena da primeira eucaristia, a última ceia, representada desde
os primórdios do cristianismo, se caracterizava por fixar o momento em que Cristo anuncia a
traição de um dos apóstolos e não o momento em que consagra e distribui o pão e o vinho.
Esse tema só irá conhecer a sua primeira representação no século XV, mas os artistas nunca se
desprendem da antiga representação. Só a partir da segunda metade do século XVI é que
começa a crescer o número de representações relativas ao momento da consagração da
eucaristia378.
373
dir. BERGSTROM, Magnus, 1900?. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, ilustrada com cêrca de
15.000 gravuras e 400 estampas a côres. Volume XIV. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, p. 279.
374
VORAGINE, T. d., 2004. Legenda Áurea. Porto: Ed. Civilização, p. 84.
375
ZUFFI, S., 2003. Episodios y personajes del evangelio - Los diccionarios del arte. Barcelona: s.n., p. 22.
376
CARMONA MUELA, J., 2001. Iconografía Cristiana. …, p. 62.
377
VORAGINE, T. d., 2004. Legenda Áurea. Porto: Ed. Civilização, p. 84.
378
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII: Italia, Francia, España, Flandres. Madrid:
Ed.Encuentro, p. 90.
118
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Associadas às representações do sacramento do corpo e sangue de Cristo surgem as da
comunhão. Durante a Idade Média, foram escassas as obras relativas a esse momento que vão
progressivamente ganhando lugar na arte dos séculos XV e XVI, tornando-se frequentes no
século XVII. Exemplos disso são o quadro flamengo do século XV de Joos van Wassenhove
pertencente à Galleria Nazionale delle Marche em Urbino (imagem 296) e os exemplos
referidos por Emile Mâle, como o quadro do século XVI de Tintoretto relativo à última ceia
(imagem 297); o quadro de cerca de 1600 pintado por Baroccio para a igreja de Santa Maria
de Minerva em Roma; o quadro espanhol de Ribera sobre a comunhão dos apóstolos, de
1638-1651, pertencente à Certosa e Museo di San Martino, em Nápoles (imagem 298); e o
quadro francês de J. B. Corneille379.
Para além da cena da comunhão dos apóstolos administrada por Jesus Cristo, foram
acarinhadas outras representações sobre o tema da comunhão como é o caso da comunhão dos
santos, onde se apresenta a imagem dos santos no leito da sua morte a receberem o corpo de
Cristo pela última vez, ou as comunhões referentes aos êxtases, visões e milagres dos santos
das diversas ordens religiosas380.
Mais rara mas usual é a excepcional iconografia da comunhão da Virgem por S. João.
Segundo Emile Mâle este tema aparece em obras como o quadro seiscentista de J. B.
Speranza para a igreja de Santa Lúcia em Selci (Roma), a pintura do século XVII de
Romanelli para as carmelitas de Regina Coeli na Via Lungara, que se conhece devido a uma
gravura de Bolswert, e uma representação no Hospital San Jaime em Aix-en-Provence381.
Alusivo a este tema, conhece-se também a pintura do século XVII de um retábulo do mosteiro
de Santa Paula em Sevilha da autoria de Alonso Cano (imagem 299)382. No mesmo espírito
compositivo, mas representando San Pedro Pascual, santo valenciano da Ordem da
Misericórdia, encontra-mos o fresco do tecto da capela da comunhão da Parroquia de San
Pedro Apóstol de Buñol (imagem 300)383.
Na própria igreja de Santa Clara-a-Nova encontramos o mesmo tema numa pintura do coro
baixo. Adoçada ao terceiro arco toral da nave lateral do lado da epístola, encontra-se uma
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 91.
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, pp. 91-93.
381
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 93.
382
www.iglesiasanpedroapostol.com, s.d. La Comunión de la Santísima Virgen. [Online]
Available at: http://www.iglesiasanpedroapostol.com/frescos-iglesia-pedro-apostol-santisima-virgen.php
[Acedido em 2 Agosto 2015].
383
www.iglesiasanpedroapostol.com, s.d. La Comunión de la Santísima Virgen. [Online]
Available at: http://www.iglesiasanpedroapostol.com/frescos-iglesia-pedro-apostol-santisima-virgen.php
[Acedido em 2 Agosto 2015].
379
380
119
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
pintura em madeira representando o que parece ser a comunhão da Virgem por S. João
Evangelista (imagens 301-302). A pintura faz alusão a Nossa Senhora ajoelhada recebendo a
hóstia do apóstolo, acompanhados de dois acólitos segurando círios envoltos numa cena de
interior com altar simples com cruz e dossel em madeira (imagem 302). Toda a composição é
ladeada por duas pilastras, estando a divisão coberta por um tecido vermelho, com uma janela
e uma porta representadas no fundo da cena. Não se conhece a autoria ou data desta pintura,
contudo, encontra-se uma inscrição no remate da pilastra desse mesmo arco onde se lê:
“ESTE RETABULO MANDO FAZER AMº D/MARIANNA VALLASQUES NO ANNO
DE 1740” e que pode elucidar a sua data (imagem 303).
120
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.3. Retábulo gémeo da igreja
Imagem 304 – Parede de separação dos coros na igreja de Santa Clara-a-Nova, fotografado a partir da nave da
igreja384.
A rematar a parede de separação dos coros no fundo da igreja encontra-se o retábulo gémeo
do coro alto (imagens 304-307). Este retábulo tem como objectivo a exposição do Santíssimo
Sacramento num lugar estratégico que possibilite a visibilidade e proximidade com a nave e o
coro-alto, simultaneamente. É no altar do Santíssimo, de duas faces, que se condensa a
ligação entre a igreja de fora e a igreja de dentro.
O retábulo desenvolve-se sob um arco abatido onde dois anjos ajoelhados sustentam as
mísulas de suporte da composição, constituída por uma dupla repetição de colunas e frontão
interrompido de volutas. Esta composição repete-se no lado do coro diferindo no tema
representado na porta do sacrário (imagem 308).
Esta estratégia segue os ideários do Concílio de Trento em expor o Santíssimo Sacramento na
igreja de fora385. Esta solução permitia às freiras seguir as regras do concílio ao mesmo tempo
que o conservam perto de si.
Não foi encontrada qualquer documentação relativa a este retábulo386, contudo, tanto Vergílio
Correia como Nelson Correia Borges, datam a sua composição do século XVII,
contemporâneos aos retábulos da nave, “(…) mas de fase anterior (…)”387.
384
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
GOMES, P. V. (2000). As igrejas conventuais de freiras carmelitas descalças em Portugal e algumas notas
sobre arquitectura de igrejas de freiras. Porto, p. 95.
386
BORGES, N. C. (2003). "A talha". In Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos. Lisboa:
Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 71.
387
CORREIA, V. (1947). Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra. Lisboa: Academia Nacional de
Belas Artes, p.78.
385
121
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
122
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
3.4. O majestático conjunto de talha da igreja
O mundo retabular da igreja de Santa Clara-a-Nova é vinculado a um programa político
subjacente, seja na capela-mor, pela imposição régia aliada aos valores nacionais que
estimulam e enquadram a câmara do relicário que, muito mais que guardar o corpo de uma
santa clarissa, protege a lembrança da ancestral linhagem régia portuguesa; seja no
homogéneo conjunto da nave, que multiplica e celebra os ideários da Pós-Restauração. O
ciclo retabular é desta forma formulado no sentido de conferir à igreja a riqueza e “(…)
majestade de hu palácio Regio (…)”388, digno de albergar uma rainha.
Toda a narrativa retabular compõe-se segundo uma geografia hierárquica, coroada pela
capela-mor - onde se concentra o núcleo primordial de uma igreja que se rege em torno da
relíquia do corpo santo - e sucedido pelos retábulos colaterais de expressividade póstridentina, na celebração da Eucaristia: através do sacramento da Comunhão, do lado da
Epístola; e do Baptismo, do lado do Evangelho.
A parede oeste da igreja funciona como o lado nobre, pois é a lateral que o espectador observa
primeiro ao entrar no edifício, incorporando os temas mais caros da ordem, iniciando
hierarquicamente a narrativa com o retábulo de S. Francisco, seguido de Santo António. A
Rainha Santa Isabel encontra-se em terceiro lugar, numa posição central, precedida dos dois
santos mais importantes da ordem e seguida de seu marido, com S. Luís de Tolosa, e de S.
João Capistrano.
Ao entrar na igreja, o lado do evangelho passa despercebido numa primeira instância e, por
isso, foi reservado a temáticas diversas. As duas cenas do lado do altar destinam-se à
representação da padroeira do reino, Nª Srª da Conceição, e da primeira entidade papal, o
apóstolo S. Pedro. Depois da porta encontram-se cenas relativas à ordem franciscana,
nomeadamente, a devoção das clarissas de Coimbra pelo apóstolo S. Bartolomeu e a
enigmática representação de Santa Coleta. O painel sobre a porta, que não consta em contrato,
evoca São Pedro de Alcântara na sua associação a Santa Teresa de Ávila, incorporando uma
discreta celebração da construção da nova igreja clarissa.
388
SOLEDADE, F. F. d., 1721. Historia Serafica Chronologica da Ordem de S. Francisco na Provincia de
Portugal. Tomo V. Lisboa: Officina de Antonio Pedrozo Galram, p. 1015.
123
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
De igual forma, a parede de separação dos coros, que não continha inicialmente retabulária,
encontra-se destinada a duas representações celebrativas dos fundadores: S. Francisco e S.
Isabel. A Rainha Santa é duplamente representada no mesmo ciclo retabular, tal como
acontece com o santo fundador da ordem, equiparando-se a ele. No conjunto dos painéis da
nave ignora-se qualquer associação à fundadora da ordem feminina que apenas tem lugar na
pequena escultura do retábulo-mor e nas pinturas da igreja (a da parede de separação dos
coros e as da capela-mor). Porventura, uma ausência que teria a intenção de silenciar a
existência de S. Clara, com a finalidade de elevar a Rainha Santa Isabel a um estatuto
equiparado ao da primeira clarissa da ordem.
Ao nível da temática, aquela que se revelou mais recorrente na época conferiu aos
entalhadores uma maior liberdade compositiva e iconográfica, concedida pela forte aposta em
diagonais marcadas e de maior movimento, demonstrando a qualidade técnica dos seus
autores. Por outro lado, os temas menos difundidos, obrigou os artistas a apegarem-se à
iconografia e gravuras existentes para a elaboração dos relevos, limitando a desenvoltura
artística. O retábulo do Baptismo, de tema comum, foge a esta regra por cingir em contrato a
adopção de um painel antigo, limitando a liberdade compositiva dos autores. Em suma,
encontramos na nova igreja de Santa Clara de Coimbra um ciclo retabular homogéneo, de
coerência discursiva e estética, que incorpora as preferências da ordem e responde aos
desígnios régios.
124
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
4. O circuito laboral da retabulária da igreja
Antes de se iniciar este capítulo, tal como alerta Natália Marinho Ferreira Alves, há que ter
em atenção um conjunto de aspectos que dificultam este e qualquer estudo sobre talha: o
desaparecimento e/ou substituição das máquinas retabulares; as descontextualizações actuais
de alguns retábulos; o anonimato e/ou falhas documentais que impossibilitam a correcta
identificação dos autores; a execução de obras em parceria, que não deixam definir a
expressividade individual dos artistas; e as diferentes tipologias retabulares que dificultam o
paralelo entre as obras389.
4.1. Domingos Lopes (e Manuel Moreira)
A responsabilidade da máquina central de toda a igreja recaiu sobre o entalhador Domingos
Lopes e o arquitecto Mateus do Couto390. O retábulo da capela-mor, de finais do século XVII,
é envolto por uma narrativa que evoca os restaurados valores nacionais e foi confiada a uma
mão-de-obra prestigiada, do melhor em território português. Não se conhecem até hoje os
documentos relativos a este contrato. Contudo, em 2003 Nelson Correia Borges identificou a
autoria do retábulo através de um documento pertencente ao Arquivo Nacional da Torre do
Tombo, com a data de 23 de Fevereiro de 1693, relativo a um erro no projecto da capela-mor,
onde coloca em confronto o arquitecto Mateus do Couto e o comissário de obras, denunciando
o autor do retábulo na altura em que este já se encontrava pronto, apesar de ainda não se ter
concluído a capela. A execução da estrutura retabular ficara a cargo do “(…) mestre portuense
Domingos Lopes (…)”391, sendo que, a 17 de Dezembro do mesmo ano, esta já estaria
montada na igreja, faltando concluir apenas os painéis da câmara tumular e do trono.
Conclusão que foi executada pelo seu colaborador Manuel Moreira, que o substituiu quando
389
ALVES, N. M. (2001). A Escola de Talha Portuense e a sua Influência no Norte de Portugal. Lisboa:
Edições Inapa, p. 48.
390
Nelson Correia Borges lança a hipótese do arquitecto Mateus do Couto ter feito o risco do retábulo-mor da
igreja, tal como o fez para os retábulos da nave. Apesar disso, foi da sua responsabilidade a empreitada de obras
da igreja de Santa Clara-a-Nova. BORGES, N. C. (s.d.). A Arte nas Festas do Casamento de D.Pedro II: Lisboa,
1687. Porto: Paisagem Editora, p. 82.
391
BORGES, N. C. (2003). "A talha". In Monumentos: revista semestral de edifícios e monumentos. Lisboa:
Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, p. 71.
125
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
este precisou de se “(…) ausentar para o Porto (…)”392. A falta de mais documentação sobre
este retábulo não permite a correcta datação da encomenda e execução da sua estrutura
podendo concluir-se que por volta do final do ano de 1693 e inícios de 1694, o retábulo se
dava por concluído.
Natural do Porto, Domingos Lopes foi morador na Rua da Porta Nova e na Rua da Ponte
Nova, exercendo a sua actividade entre 1668 e 1696393. Foi um artista polivalente pois
dominava o trabalho das diferentes etapas do processo da talha, aparecendo nominado na
documentação de mestre arquitecto (encarregue do risco), entalhador (encarregue da talha),
imaginário e escultor (encarregue de esculpir as imagens dos santos), ensamblador
(encarregue da montagem das peças de uma estrutura retabular) e mestre carpinteiro
(encarregue do trabalho da madeira)394. A documentação também refere que em 1675
trabalharam como oficiais na sua oficina Manuel Álvares e Manuel Dias e, em 1696, o
aprendiz Manuel de Gouveia395. Como era comum acontecer, também Domingos Lopes
executou parceria para a execução dos Retábulos da Sé do Porto, em 1682, com Domingos
Nunes396. A sua fama levou-o a ser chamado a trabalhar num vasto perímetro geográfico,
entre Braga e Aveiro (imagens 309-310)397.
No trabalho de Natália Alves relativo a este artista, nunca é referida a empreitada na igreja de
Santa Clara de Coimbra398, ou, muito menos, a da igreja do mosteiro de Santa Maria de Cós
(que Nelson Correia Borges identifica como sendo da mesma autoria)399. O contrato de
execução para o retábulo de Santa Maria de Cós (em Alcobaça), encontrado por Vítor Serrão,
foi celebrado em Lisboa a 9 de Março de 1676 com “(…) Domingos Lopes mestre marceneiro
e entalhador morador nesta Cidade junto ao mosteiro da trindade (…)”400.
O estudo das obras de talha de Lisboa e seus artífices correspondentes a este período, é da
autoria de Sílvia Maria da Silva Ferreira, na sua tese de doutoramento, de 2009, A Talha
Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras. Segundo a autora, Domingos Lopes
BORGES, N. C. (2003). "A talha"…, p. 71.
ALVES, N. M. (2001). A Escola de Talha Portuense …, p. 52.
394
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: artistas e clientela, materiais e técnica.
Porto: Câmara Municipal do Porto Arquivo Histórico, pp. 61-62.
395
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: …, p. 89.
396
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: …, p. 99.
397
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: …, pp. 117, 119-122.
398
A autora baseia-se em documentação do Porto.
399
“(…) o retábulo-mor do Mosteiro de Santa Maria de Cós, feito em 1676 pelo mesmo Domingos Lopes (…)”
BORGES, N. C. (2003). "A talha"…, p. 71.
400
PINA, Cristina Maria André e GOMES, Sousa Saul António. (1998). Intimidade e Encanto: O Mosteiro
Cisterciense de Sª. Maria de Cós (Alcobaça). Leiria: Edições Magno, pp. 151, 427-429.
392
393
126
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
aparece a residir na Rua ou Travessa da Trindade401, junto ao mosteiro da Santíssima
Trindade em Lisboa402, trabalhando entre 1671-1693 (tabela 2) nos retábulos para as capelasmores das igrejas do Mosteiro de Cós (imagem 312), do convento de S. Bernardo de
Portalegre403 e do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova (imagem 311). Assim, entende-se que
Nelson Correia Borges terá confundido os dois artistas, identificando-o como sendo natural
do Porto em vez de Lisboa, tal como Sílvia Ferreira avança: “(…) Este Domingos Lopes
deverá ser um homónimo do Porto.(…)”404. Repare-se que das poucas obras que lhe foram
atribuídas, todas são dirigidas para a capela-mor das igrejas, lugar que inevitavelmente
merecia uma atenção qualificada. Esse aspecto é denunciador de lacunas de variada ordem,
uma vez que não se entende como a pouca empreitada do artista é dirigida apenas para
estruturas de tão elevada exigência. Pois certamente se encontraria, dentro dos circuitos
artísticos da capital, uma habilidade técnica mais abrangente.
Apresentando-se de forma inédita na presente dissertação, a transcrição dos excertos onde o
nome de Domingos Lopes é referido, nos documentos relativos às obras do mosteiro de Santa
Clara de Coimbra (avançados por Nelson Correia Borges e gentilmente cedidos no presente
ano por Sílvia Ferreira), revelou-se esclarecedora da sua autoria. No documento lavrado em
Santa Clara-a-Nova no dia 17 de Dezembro de 1693, refere-se que “(…) o retabolo da
capella mor estava assentado e lhe faltavam sette pesas a saber trez paineis na forma dos
outros que estavão assentados e quatro no trono dous por banda e acabar as portas
guarnecelas e pregalas com suas machofemias e cavadas pelas costas e pregar as fixaduras e
faltando alguma couza de perfeicam na ditta obra que seja correspondente á traça por estar
presente o mestre della Domingos Lopes e se queria abzentar para sua caza que tem na
cidade do Porto por elle foi ditto que elle deixava em seu nome para fazer a obra asima
referida a Manuel Moreira oficial de intalhador que asestio na manufactura do ditto retabolo
(…)”405 (documento 1). Ainda no mesmo documento, o autor do retábulo-mor da nova igreja
Aparece referido que fora morador: “(…)na Rua da Oliveira, freguesia da Santíssima Trindade (…)”, “(…)
junto à igreja do mosteiro da Santíssima Trindade (…)” ou na “(…) Travessa da Trindade (…)”. FERREIRA,
S. M. (2009). A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras. Volume II. Lisboa: Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa, pp. 497-498.
402
A autora faz também referência à confluência de entalhadores na zona do Bairro Alto, local onde morava
Domingos Lopes. FERREIRA, S. M. (2009). A Talha Barroca de Lisboa… Volume I…, p. 100.
403
O segundo contrato para a feitura de um retábulo para a capela-mor desta igreja fora celebrado com
Domingos Lopes um ano depois de se ter comprometido com o mesmo procurador, Frei Bento da Silva, a
executar o retábulo-mor para a igreja de Santa Maria de Cós. Contudo, não nos chegou até hoje qualquer
referência que nos possa levar a uma interpretação do retábulo de Portalegre. FERREIRA, S. M. (2009). A Talha
Barroca de Lisboa… Volume I…, pp. 402-405.
404
FERREIRA, S. M. (2009). A Talha Barroca de Lisboa… Volume II…, p. 498.
405
ANTT. (1693). “Obras no convento de Santa Clara”. In Conselho da Fazenda, L.º 182, fl. 211.
401
127
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
de Santa Clara de Coimbra é denominado de capitão, arquitecto e mestre, referindo-se que
morava no Porto: “(…) ao capitão Domingos Lopes Arquitecto e mestre que fes o retabolo
para a capella mor morador na cidade do Porto, (…)”406 (documento 1). A transcrição destas
passagens não oferece dúvidas quanto à identificação de Domingos Lopes como sendo o
entalhador do Porto (e não o de Lisboa com o mesmo nome), denominado de mestre
arquitecto e capitão que confirmam a sua polivalência, como Natália Alves anunciara.
Das obras atribuídas a Domingos Lopes do Porto, encomendam-lhe retábulos em dez igrejas:
capela de Jesus em Aveiro407 (1668), igreja da Santa Casa da Misericórdia no Porto408 (1669),
igreja de Ovar409 (1681), Sé do Porto410 (1682), igreja de S. João de Ovil em Baião (1683),
igreja do mosteiro da Serra do Pilar em Vila Nova de Gaia (1684), igreja do convento de
Santo Elói411 (1685), igreja de São Vítor em Braga (1689), igreja do convento de Santa Clara
em Vila do Conde412 (1691), igreja de Nossa Senhora da Vitória no Porto413 (1694). Das obras
que ainda subsistem e que se tem acesso, entende-se uma maior aproximação plástica entre o
retábulo de Coimbra e os retábulos do entalhador do Porto, do que com as obras do artista de
Lisboa.
No retábulo-mor do portuense Domingos Lopes pertencente à capela de Nossa Senhora do
Amparo na igreja do mosteiro da Serra do Pilar (contratado a 5 de Fevereiro de 1684)
(imagens 317-320) comprova-se uma maior afinidade plástica com o retábulo de Santa Clara
de Coimbra. No mesmo sentido, o retábulo da igreja de S. Vítor em Braga (contratado a 8 de
Setembro de 1689 e alterado pelo mesmo em 1691) (imagens 321-330) vem reforçar as
semelhanças com a plasticidade decorativa do retábulo de Coimbra. Em ambos os retábulos,
as soluções decorativas das colunas torsas envolvem e preenchem o espaço do fuste com uma
maior densidade, tal como acontece em Santa Clara-a-Nova. Essa plasticidade adquire uma
maior discrepância estética em comparação à do retábulo da igreja de Santa Maria de Cós
(imagens 331-341). Apesar de não se identificar soluções estéticas idênticas, muito porque a
complexa estrutura retabular carecia da convergência de diferentes trabalhadores, constata-se
uma clara semelhança denunciadora da mesma escola laboral. A confirmação da autoria de
ANTT. (1693). “Obras no convento de Santa Clara”. In Conselho da Fazenda, L.º 182, fl. 213.
A obra “(…) não teve efeito (…)”ALVES, N. M. (2001). A Escola de Talha Portuense …, p. 53.
408
A obra fora executada para a sacristia.
409
Posteriormente alterada.
410
Não se especifica em qual retábulo trabalhou.
411
O convento de Santo Elói encontra-se actualmente convertido em um hotel.
412
O convento de Santa Clara de Vila do Conde encontra-se actualmente em obras, sendo que na igreja aberta ao
público não se identifica qualquer obra significativa em talha.
413
O retábulo-mor que ai se encontra adquire plasticidades estéticas do século seguinte (imagens 313-316).
406
407
128
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Domingos Lopes do Porto no retábulo de Santa Clara-a-Nova é reforçada pelo confronto
produtivo entre as obras das duas oficinas, elucidando a discrepância plástica entre as
empreitadas dos diferentes autores.
Relativamente à figura de Manuel Moreira, ela aparece associada ao retábulo de uma forma
muito secundária pois vem apenas substituir o autor da obra na altura em que este tivera que
se ausentar, não interferindo directamente no entalhe da estrutura, mas sim na montagem. É
identificado como “(…)Manuel Moreira oficial de intalhador que asestio na manufactura do
ditto retabolo (…)”414. Para além de ser apresentado como mero oficial, não se conhece
nenhuma obra da sua autoria nem de qualquer documento que enuncie o nome deste Manuel
Moreira, que veio fazer trabalho de ensamblador no retábulo-mor da igreja de Santa Clara-aNova.
Desta forma, a execução do relicário régio fora executada por mão-de-obra portuense.
Domingos Lopes, executou o retábulo de Santa Clara-a-Nova nos anos términos da sua
actividade laboral (conhecida até hoje), denunciando que dominava uma área geográfica mais
vasta do que a anunciada por Natália Alves.
414
ANTT. (1693). “Obras no convento de Santa Clara”. In Conselho da Fazenda, L.º 182, fl. 211.
129
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
130
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
4.2. António Gomes e Domingos Nunes
O conjunto retabular da nave da igreja conta com a mão do prestigiado entalhador António
Gomes que liderou a oficina que executou algumas das mais importantes obras do Norte do
país. Natural do Porto na freguesia de São Miguel da Lama, Couto de Landim (Santo Tirso),
foi filho de Francisco Gomes e de Maria Fernandes. Foi casado com Isabel Luís e, vendo-se
na condição de viúvo, uniu-se matrimonialmente de novo com Isabel do Vale. Iniciou a sua
carreira como aprendiz de seu irmão Manuel Gomes, partindo para a cidade do Porto onde
chegou a morar na Rua da Porta de Carros, Rocio de São Bento das Freiras, Rua das Flores,
Rua Nova do Bonjardim e na Rua do Paraíso. Trabalhou com o entalhador portuense João
Nunes e, posteriormente, com Domingos Lopes, na condição de obreiro415. Ao longo dos
documentos relativos ao seu trabalho aparece referido como mestre arquitecto, entalhador,
escultor, imaginário, ensamblador e torneiro (que trabalha a madeira com torno)416. A sua
oficina é a que tem mais dados relativos aos seus aprendizes e oficiais. Foram registados
como seus aprendizes José (em 1670), Manuel Francisco (em 1690) e Roque Moreira dos
Santos (em 1725). Como seus oficiais estiveram, em 1689, Francisco Correia e Francisco
Ferreira; e em 1691, João Vieira e Francisco Ferreira. À data do contrato dos retábulos de
Santa Clara de Coimbra (1692), duplica-se o número de oficiais associados à sua oficina,
devido ao aumento de produção, registando-se os nomes de António de Paiva Aguiar, Manuel
Carvalho, Manuel Soares de Carvalho e Francisco Coelho417. Contendo um amplo raio de
actuação entre Vilar de Frades e Sertã418, faz diversas parcerias ao longo da sua vida,
nomeadamente com Domingos Nunes, João da Costa, Manuel da Fonseca, Filipe da Silva,
Caetano da Silva Pinto e José Correia419.
O seu parceiro de longa data, Domingos Nunes, também autor do conjunto da nave, foi
morador do Porto entre 1675 e 1705 na Rua das Flores, Rua Nova do Paraíso, Rua Nova do
Bonjardim e Rua de Fora de Porta de Carros, e aparece designado de entalhador, escultor,
415
ALVES, N. M. (2001). A Escola de Talha Portuense e a sua Influência no Norte de Portugal. Lisboa:
Edições Inapa, p. 57.
416
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: artistas e clientela, materiais e técnica.
Porto: Câmara Municipal do Porto Arquivo Histórico, p. 61.
417
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca…p. 89.
418
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca…pp. 117, 123-126.
419
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca…pp. 96-98.
131
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
imaginário e ensamblador420. Domingos Nunes tinha como aprendiz na sua oficina, em 1692,
Bento Ferreira e, dois anos depois, ainda lhe era conferida essa designação421. Ao longo da
sua vida, trabalhou como parceiro de António Gomes, Domingos Lopes e António Azevedo
Fernandes422.
Os entalhadores e imaginários dos retábulos da nave da igreja do mosteiro de Santa Clara-aNova têm um percurso similar e trabalharam muitas vezes em conjunto em encomendas de
diversas zonas entre Sertã e Vilar de Frades (imagens 342-343)423. Segundo Natália Marinho
Ferreira Alves, este tipo de parcerias foi recorrente entre os artistas dos séculos XVII e
XVIII424. Ao longo das suas obras (tabela 3), António Gomes e Domingos Nunes aparecem
associados em nove dos seus trabalhos concentrados no início das suas carreiras, mais
concretamente entre 1678 e 1696, como mostra a seguinte tabela:
Tabela 1 – Tabela que elenca os trabalhos de parceria entre António Gomes e Domingos Nunes.
Trabalhos de parceria entre António Gomes e Domingos Nunes:
1678, 19 de Dezembro
Obra do sepulcro da Sé de Lamego (Lamego)
1679, 16 de Dezembro
Retábulo mor da igreja do convento de Santo António (Aveiro)
1680, 15 de Junho
Retábulo mor da igreja do colégio de Nossa Senhora da Graça (Porto)
1683-1684
Retábulo e forro da capela-mor da igreja da Venerável Ordem Terceira de
S.Francisco (Porto)
1684, 26 de Julho
Retábulo mor da igreja do colégio de S. Bento (Coimbra)
1685, 1 de Agosto
Retábulo, tribuna e trono da capela-mor da igreja matriz (Sertã)
1687, 13 de Fevereiro
Retábulo, tribuna e sacrário da igreja matriz (Cernache do Bonjardim)
1692, 28 de Outubro
Retábulos laterais e colaterais da igreja do mosteiro de Santa Clara (Coimbra)
1696, 7 de Agosto
Retábulo e tribuna da igreja do convento de Vilar de Frades (Vilar de Frades)
De todas as obras acima mencionadas, é em Santa Clara-a-Nova que se dá especial ênfase ao trabalho
de painéis de relevo (imagem 344). Na maioria das suas obras encontra-se uma fraca aposta em
painéis com relevos sendo o mais frequente a execução de retábulos para emoldurar esculturas, como
ALVES, N. M. (2001). A Escola de Talha Portuense e a sua Influência no Norte de Portugal…, p. 62.
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca…p. 89.
422
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca…pp. 98-99.
423
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca…pp. 123-129.
424
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca…pp. 94-103.
420
421
132
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
acontece, a título de exemplo, no retábulo e tribuna da capela-mor da igreja do convento de Arouca, de
1701; no retábulo mor da igreja de Leça da Palmeira, em Matosinhos, de 1701 (imagens 345-346); em
quatro retábulos encomendados para a igreja do convento de Vila da Feira, em Santa Maria da Feira,
de 1702425; nos retábulos colaterais, frontais e frontispícios da igreja de Pena Maior, em Paços de
Ferreira, de 1704 (imagem 347).
Na oficina laboral destes dois artistas é rara a implementação de painéis figurativos. Quando o fazem,
adquirem uma escala inferior aos de Santa Clara de Coimbra, como acontece, a título de exemplo, nos
espaldares do cadeiral do coro da igreja do mosteiro de S. Bento da Vitória, de 1704 (imagens 348352); no retábulo-mor da igreja de Miragaia, de 1719-1722 e 1724 (imagens 353-363); e no da igreja
do mosteiro de Jesus em Aveiro, de 1725 (imagens 364-370). Em S. Bento da Vitória, os relevos do
espaldar, que funcionam (tal como em Santa Clara-a-Nova) como autênticas telas, apesar de se
encontrarem em grande número, não atingem as proporções dimensionais dos de Coimbra. Em
Miragaia a talha enche todo o revestimento da capela, pautada por dez painéis (duas cartelas
figurativas de médio tamanho, seis pequenas e duas de alto-relevo) que se destacam entre toda a
decoração da capela, mas sem atingirem tamanhos elevados. Em Aveiro, a talha da capela-mor, tal
como em Miragaia, alastra-se por toda a sua extensão, enquadrando relevos figurativos entre os vãos
de limitadas dimensões.
Em Santa Clara de Coimbra essa modalidade foi explorada ao máximo pelos autores que puderam
obter maior liberdade e escala na sua execução, contrariamente ao que acontece nos seus trabalhos
onde os painéis de relevos são escaços e de tamanho reduzido. Os entalhadores portuenses António
Gomes e Domingos Nunes, tiveram em Santa Clara a oportunidade de exploração de um incomparável
trabalho de painéis figurativos em relevo numa escala única em todo o reino.
425
Não se conseguem identificar, entre os retábulos da igreja matriz de Vila da Feira, em Santa Maria da Feira,
os quatro encomendados em 1702, da autoria de Domingos Nunes.
133
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
134
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
4.3. A confluência de artistas da escola de talha do Porto
Como seria de esperar de uma encomenda régia, a escolha por artistas conceituados mobilizou
até Coimbra mestres oriundos da mais conceituada escola de talha deste período. Na nova
igreja de Santa Clara, o gosto régio pelas formas tratadísticas foi impresso aos entalhadores do
Porto pelas plantas de Mateus do Couto426. Contudo, a rigidez do traçado não impediu a
agitação das linhas sinuosas da talha, conseguindo estabelecer harmoniosa comunhão.
A cidade do Porto tornou-se um dos principais centros prestigiados de talha de todo o país,
ganhando maior relevância a partir do último quartel do século XVII. Liderando o mercado
por mais de um século, elegiam-se matérias-primas da mais alta qualidade para a criação de
obras de grande criatividade e perfeccionismo (tornando-se essas as principais características
da escola de talha portuenses). Com o acentuar da preferência por igrejas revestidas a ouro,
cresceu o volume das encomendas, o que obrigou os artistas à criação de parcerias entre eles,
para conseguirem dar maior vazão aos inúmeros pedidos427.
Natália Marinho Ferreira Alves é a figura incontornável sobre o estudo da escola de talha do
Porto, exemplarmente alcançado pela sua tese de doutoramento, A arte da talha no Porto na
época barroca: artistas e clientela, materiais e técnica (1989), e complementado por vários
outros trabalhos da sua autoria como: A apoteose do barroco nas igrejas dos conventos
femininos portugueses (1992); A evolução da talha dourada no interior das igrejas
portuenses (1995); ou o livro A Escola de Talha Portuense e a sua Influência no Norte de
Portugal (2001). Neste seu último trabalho, selecciona quatro oficinas do Porto que tinham à
sua frente as mais conhecidas figuras de renome da talha do país a partir da década de 70 do
século XVII. Três das quais trabalharam com o objectivo de conferir à nova igreja de Santa
Clara de Coimbra um majestático conjunto retabular de talha dourada: Domingos Lopes,
Domingos Nunes e António Gomes.
Nos séculos XVII e XVIII, a fama do Porto no epicentro da arte da talha de Portugal
expandiu-se por um vasto raio de actuação ultrapassando as fronteiras da cidade e dominando
A transcrição do contrato de encomenda dos retábulos de 1692 refere que “(…) estava Contratado com os
ditos An.tº gomes, e Dominguos Nunes … faserem honse Retabolos … acabados na forma das Plantas que estão
feitas e assinadas por Matheus do Couto(…)”.BRANDÃO, D. d. (1984). Obra de talha dourada,…, 754-757.
426
427
ALVES, N. M. (2001). A Escola de Talha Portuense e a sua Influência no Norte de Portugal. Lisboa:
Edições Inapa, p. 47.
135
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
mais de metade do território428. A procura pela qualidade e elevado nível técnico de talha
concentrou no norte do país o seu centro de criação e exportação das majestáticas estruturas
que se destinavam a aquecer e inundar de ouro o interior das igrejas portuguesas.
Agrupam-se, assim, na nova igreja de Santa Clara de Coimbra, modelos ensaiados na mais
prestigiada escola de talha do país, associada à difusão de ideários nacionais. A fama da
escola do Porto alastrou-se até Lisboa onde a empreitada régia confiara a encomenda coimbrã
aos maiores nomes do mercado da talha do seu tempo.
428
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: artistas e clientela, materiais e técnica .
Porto: Câmara Municipal do Porto Arquivo Histórico, pp, 229-230.
136
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Conclusão
Esta investigação centrou-se no estudo do ciclo retabular da igreja de Santa Clara-a-Nova.
Analisou-se o programa retabular inscrito, explorando os aspectos iconográficos que serviram
de modelo aos diferentes retábulos, e estabeleceu-se o confronto produtivo entre as obras
afins e produzidas no mesmo circuito laboral. Por este caminho, tentou responder-se à
pergunta de investigação norteadora deste trabalho: "O que reflecte o ciclo retabular da igreja
de Santa Clara-a-Nova?"
Neste sentido, percorreu-se um trajeto introdutório de contextualização e enquadramento que
passou pela análise da estratégia política implícita na cenografia do mosteiro, traduzindo-se na
estrutura palacial do dormitório e no portal do panteão que aqui se constitui, imprimindo o
poder do Rei sobre a cidade, na legitimação da dinastia portuguesa e da linhagem régia
nacional. Objetivou-se a compreensão da demorada empreitada de construção do novo
cenóbio, constantemente acompanhada pelos vários monarcas que, desde cedo, demonstraram
o seu interesse na construção. A observação do sentido arquitectural e decorativo da igreja
permitiu o registo de uma síntese de influências nacionais, também aliada a uma propaganda
política que alastrou tanto externa como internamente.
A análise criteriosa do programa retabular no interior da igreja permitiu verificar que as 16
obras de talha, correspondendo aos ideários tridentinos, foram especialmente elaboradas para
aquele espaço e reflectem uma abordagem catequética em torno da relíquia da Rainha Santa
Isabel, da componente litúrgica da Igreja e da vida dos santos franciscanos (chegando a
introduzir-se iconografia exclusiva daquela casa religiosa).
No retábulo relicário e eucarístico da capela-mor, interligam-se as necessidades cerimoniais e
os anseios políticos e devocionais, em confronto directo com o retábulo gémeo do coro-alto
que expõe o Santíssimo Sacramento num lugar estratégico, respondendo às necessidades da
igreja de dentro e da igreja de fora. Da análise do retábulo-mor, apurou-se a originalidade
decorativa da estrutura através da incorporação de reminiscências decorativas na tipologia da
composição da coluna, conseguindo agrupar as necessidades cerimoniais com os anseios
políticos e devocionais. Já o estudo do retábulo gémeo carece de ser aprofundado,
necessitando de uma investigação que vá ao encontro do confronto deste tipo de solução em
outras comunidades religiosas femininas.
138
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
A homogeneidade da nave da igreja adquire características tratadísticas do século anterior,
dinamizadas pela utilização de colunas torsas decoradas com parras de uvas, fénixes e anjos,
de acordo com as orientações pós-tridentinas. A iniciar hierarquicamente o ciclo franciscano,
a análise do retábulo do santo fundador da ordem, de temática obrigatória e recorrente,
revelou-se proporcionador da liberdade do artista, permitindo-lhe a oportunidade para mostrar
a desenvoltura expressa na qualidade técnica. A escolha de uma iconografia frequente não
ofereceu dúvidas aos imaginários quanto à sua representação. Porém, nem sempre o tema
escolhido é do conhecimento comum e, por isso, é essencial o suporte iconográfico relativo ao
assunto a tratar, como se apurou no painel da visita do papa Nicolau V ao túmulo de S.
Francisco. O retábulo da aparição do Menino a Santo António, num ambiente íntimo e de
oração, oferece uma relação distanciada entre ambos, constatando-se a agitação conferida
pelas linhas movimentadas das constantes diagonais. O tema da santa padroeira aparece
referenciado em dois painéis da igreja, denunciando a sua importância e valor. Entendeu-se
que o painel da entrega das rosas em Alenquer representa um milagre pouco difundido, em
contraposição com o que se encontra no painel da Santa Rainha, no fundo da igreja, que
encerra o protótipo iconográfico celebrativo difundido aquando da sua canonização. A
devoção da Rainha Santa Isabel a S. Luís de Tolosa é exposta no painel em que este salva D.
Dinis de um javali, denunciando o desconhecimento da morfologia do animal da lenda (o
urso, que se encontrava em extinção). O retábulo de São João Capistrano terá seguido as
linhas gerais da pintura do retábulo do coro-alto (carecendo da sua correcta identificação, que
por razões tipológicas não foi abrangida neste trabalho). No retábulo que inicialmente estava
destinado a Santa Catarina de Bolonha figura Santa Coleta Boylet, celebrando o momento em
que esta recebe das mãos do papa a autorização para a reforma da ordem franciscana. O
episódio de São Bartolomeu a entregar a antífona Stella Coeli às clarissas de Coimbra ganhou
destaque num painel da igreja, figurando uma representação exclusiva da casa coimbrã. O
tema da aparição de São Pedro de Alcântara a Santa Teresa remata o ciclo franciscano onde se
celebra a canonização do santo e a relação entre as duas ordens, guiando-se pela gravura de
Pedro de Villafranca Malagón, e introduzindo a referência comemorativa da nova igreja.
O ciclo de temática litúrgica inicia-se com os retábulos colaterais da igreja, dedicados ao
baptismo e à eucaristia. No painel do Baptismo de Cristo incorpora-se uma estrutura já
existente, como exigido em contrato. Já no painel da comunhão da Virgem dada por S. João
figura-se uma iconografia pouco recorrente (mas usada também numa pintura que se encontra
no coro-baixo do mesmo mosteiro). A representação da Virgem Tota Pulchra segue modelos
139
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
que lhe são próximos e que correspondiam ao património da casa. A entrega das chaves a S.
Pedro revela-se original e exótica, representando um tema comum cuja execução ofereceu
liberdade ao artista.
A investigação permitiu concluir que a retabulária da igreja foi executada por mão-de-obra
portuense. Avançou-se a proveniência do entalhador do retábulo-mor, Domingos Lopes,
expandindo a área geográfica da sua actuação, através da inédita exploração da transcrição
dos documentos originais (gentilmente cedidos pela Doutora Sílvia Ferreira). Através da
análise e comparação dos vários autores, veio a verificar-se que o retábulo-mor é da autoria de
Domingos Lopes do Porto e não o de Lisboa. O conjunto da nave foi confiado a António
Gomes e Domingos Nunes, como comprova o contrato de 1692, apurando-se que obtiveram
uma maior escala de execução de painéis figurativos em relevo. O gosto régio pelas formas
tratadísticas foi impresso aos entalhadores do Porto pelas plantas de Mateus do Couto,
contudo, a rigidez do traçado não impediu a agitação das linhas sinuosas da talha,
conseguindo estabelecer harmoniosa comunhão. Agrupam-se, assim, na nova igreja de Santa
Clara de Coimbra, modelos ensaiados na mais prestigiada escola de talha do país, associada à
difusão de ideários nacionais. A fama da escola do Porto alastrou até Lisboa onde a
encomenda régia confiara a empreitada coimbrã aos maiores nomes do mercado da talha do
seu tempo. As dificuldades de acesso a todas as obras impossibilitaram o confronto entre os
retábulos existentes das diferentes oficinas confluentes na igreja de Santa Clara-a-Nova.
O estudo iconográfico revelou-se essencial para a descoberta da mensagem retabular. No que
toca às temáticas mais frequentes, o estudo de Emile Mâle foi essencial na correcta
interpretação iconográfica dos painéis da nave da igreja. Se, por um lado, os temas menos
comuns ofereceram dificuldades na sua interpretação, por outro, abriram novos horizontes
para a aposta no seu estudo. Demonstrou-se que o conjunto retabular da igreja de Santa Claraa-Nova resultou numa abordagem única em Portugal e, apesar da longevidade do mosteiro,
ainda encerra enigmas e levanta questões pertinentes à comunidade científica. Importa
ressaltar que esta investigação não encerra o tema, mas apresenta oportunidades para novos e
mais profundos trabalhos, especialmente a partir dos pontos já citados sobre os quais não foi
possível aqui aprofundar, bem como a escolha enigmática da representação de Santa Coleta.
Seria enriquecedor também o confronto temático entre as outras casas franciscanas.
O ciclo retabular da igreja de Santa Clara-a-Nova reflecte uma campanha política (que
alastrou a todo o mosteiro), aliada aos ideários tridentinos que proliferavam à luz do seu
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
tempo, traduzindo-se numa aposta de temática litúrgica e franciscana, sempre objectivada
para uma abordagem que beneficiava a história da instituição, sendo o seu objectivo
primordial a glorificação da relíquia sagrada do corpo da Rainha Santa.
Com organização hierárquica, a abordagem retabular da igreja de Santa Clara-a-Nova servia
uma dupla finalidade (Panteão e Palácio). Em louvor a uma casa religiosa regida pelas novas
exigências devocionais, pretendia engrandecer-se o seu maior tesouro (de cariz régio). Para
tal, organizou-se o discurso retabular proporcionando um eixo longitudinal, ligando o
retábulo-mor ao retábulo gémeo do coro-alto (funcionando como pólos de actuação entre a
igreja de dentro e a igreja de fora); rodeado por dois grandes ciclos iconográficos
subjacentes: os litúrgicos (que traduzem nos retábulos colaterais a comemoração da Eucarístia
e que se complementam com as representações da santa padroeira do reino e do primeiro
papa); e os franciscanos (conjugando temática obrigatória com outras da preferência da casa,
resultando em abordagens únicas e exclusivas para aquela igreja). As formas académicas da
capital foram impressas aos entalhadores do Porto que souberam agitá-las com a força da
decoração da talha, resultando obras inovadoras, coerentes e homogéneas.
Com o objectivo em colaborar em futuras investigações, indicam-se alguns tópicos temáticos
que carecem de estudo e que seria interessante explorar: a iconografia clarissa em Portugal; a
retabulária em madeira de Coimbra; e o alargamento do estudo a todo o património artístico
de Santa Clara-a-Nova. O principal contributo deste trabalho será abrir novos capítulos de
investigação acerca do conjunto retabular da igreja de Santa Clara-a-Nova, da arte religiosa
em Portugal e da relevância dos mosteiros femininos na promoção da arte ao serviço da fé no
espaço português, para além de fornecer ferramentas essenciais à melhor exposição e
interpretação do património da igreja de Santa Clara-a-Nova.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
164
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Anexos
165
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 2 – Retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova (na imagem as esculturas de
S. Francisco e de Santa Clara foram retiradas)429.
429
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
166
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 3 – Pormenor do altar e embasamento do retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Claraa-Nova430.
Imagem 4 – Pormenor do relicário central do retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-aNova com a imagem de vulto de Teixeira Lopes do século XIX431.
430
431
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
167
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 4 – Colunas do retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova432.
432
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
168
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 5 – Pormenor do último terço das colunas do retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa
Clara-a-Nova do lado do evangelho433.
Imagem 6 - Pormenor das mísulas que sustentam as colunas do retábulo-mor da igreja do mosteiro de
Santa Clara-a-Nova do lado da epístola434.
433
434
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
169
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 7 – Arquivoltas do retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova435.
Imagem 8 – Pormenor do remate do retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova onde é
representado o brasão régio436.
435
436
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
170
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 9 – Pormenor da câmara relicária escoltada lateralmente por esculturas de S.Francisco e Santa
Clara no retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova437.
Imagem 10 – Pormenor do trono do retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova438.
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438
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
171
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 11 – Pormenor do trono do retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova439.
Imagem 12 – Pormenor da lateral do trono do retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-aNova onde se pode ver os anjos laterias440.
439
440
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
172
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 13 – Pormenor do retábulo colateral do lado da epístola na igreja da Venerável Ordem
Terceira de S. Francisco no Porto441.
Imagem 14 - Retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Maria de Cós, em Alcobaça (Leiria), datado
de 1676 e da autoria de Domingos Lopes442.
441
Foto de 2015 da minha autoria.
S.I.P.A., s.d. Mosteiro de Santa Maria de Cós / Igreja de Santa Maria de Cós. [Online]
Available at: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPAArchives.aspx?id=092910cf-8eaa-4aa296d9-994cc361eaf1&nipa=IPA.00003313
[Acedido em 2 Novembro 2015].
442
173
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 15 - Retábulo-mor da igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, em Lisboa
(1688)443.
Imagem 16 - Retábulo-mor da igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, em Lisboa
(1688)444.
443
444
Foto de 2004 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
Foto de 2004 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
174
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 17 - Retábulo-mor da igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, em Lisboa
(1688)445.
445
Foto de 2004 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
175
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 18 – Panorâmica do interior da igreja do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova feita a partir da
cabeceira.446
Imagem 19 – Interior da nave única da igreja do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova a partir do canto do
lado do evangelho.447
Imagem 20 – Repetição do esquema compositivo do portal nos retábulos do interior da igreja do
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova448.
446
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
448
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
447
176
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
177
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 21 – Transcrição do contrato de 28 de Outubro de 1692 de onze retábulos (dois colaterais e
nove laterais) para a igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova aos mestres imaginários António
Gomes e Domingos Nunes.449
449
BRANDÃO, D. d. (1984). Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na diocese do Porto:
documentação. Porto: Diocese do Porto, pp. 754-757.
178
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 22 – Foto dos retábulos colaterais da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Na esquerda
o retábulo do lado do evangelho e do lado direito o da epístola450.
450
Fotos de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
179
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 23 - Retábulo mor da igreja de Nossa Senhora da Luz em Carnide (Lisboa), 1575-1592451.
451
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…
180
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 24 - Desenho de autor anónimo pertencente ao Museu Nacional de Arte Antiga, de meados do
século XVII452.
452
SMITH, R. C., 1995-96. Inventário: A Talha em Portugal…
181
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 25 – Colunas do retábulo da capela-mor da catedral de Santiago de Compostela453.
Imagem 26 – Planta e localização dos retábulos da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova454.
453
Fundación Catedral de Santiago, 2013. Capilla Mayor. [Online]
Available at: http://www.catedraldesantiago.es/es/arquitectura#
[Acedido em 20 Junho 2015].
454
Imagem numerada e legendada por mim usando foto retirada de S.I.P.A., 2003. Mosteiro de Santa Clara-aNova / Mosteiro de Santa Isabel / Santuário da Rainha Santa Isabel. [Online]
Available at: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2678
[Acedido em 27 Janeiro 2015].
182
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 27 - retábulo da estigmatização de São Francisco de Assis na igreja do mosteiro de Santa
Clara-a-Nova455.
Imagem 28 – Relevo da estigmatização de São Francisco de Assis, da igreja do mosteiro de Santa
Clara-a-Nova456.
455
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
183
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 29 – Símbolos de São Francisco de Assis na edícula de remate do retábulo da estigmatização
de São Francisco de Assis, na igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova457.
Imagem 30 – Pintura sobre madeira alusiva à vida de São Francisco de Assis, 1235, na Igreja de San
Francesco, Pescia. “A pintura de São Francisco é um dos primeiros retábulos dedicados ao santo, que
foi canonizado em 1228 (…)”458. À direita, pormenor da representação da estigmatização de S.
Francisco onde este se apresenta ajoelhado.
456
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
458
Anon., s.d. Berlinghieri, Bonaventura. [Online]
Available at: http://www.wga.hu/html_m/b/berlingh/stfranci.html
[Acedido em 21 Junho 2014].
457
184
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 31 – Pintura de São Francisco recebendo os estigmas, de Giotto, de cerca de 1300, em Paris,
Louvre459.
Imagem 32 – Vitral de São Francisco recebendo os estigmas, de Erfurt, de cerca de 1235-1245, na
Igreja dos Franciscanos, Barfüsser-Kirche, Chever, Alemanha460.
459
Anon., s.d. A estigmatização de São Francisco (Louvre). [Online]
Available at: http://www.artble.com/artists/giotto_di_bondone/paintings/stigmatization_of_st_francis_(louvre)
[Acedido em 21 Junho 2014].
460
CESAR, A. M., 2010. Pinturas da estigmatização de São Francisco de Assis…, p. 8.
185
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 33– Pintura sobre madeira da estigmatização de São Francisco, de Domenico Veneziano, de
cerca de 1445, no National Gallery of Art, Washington, EUA461.
Imagem 34– Pintura da estigmatização de São Francisco (1576-1638), de Vicente Carducho, do
Hospital da V.O.T. de San Francisco de Asis, Madrid, Espanha462.
461
462
CESAR, A. M., 2010. Pinturas da estigmatização de São Francisco de Assis…, p.8.
CESAR, A. M., 2010. Pinturas da estigmatização de São Francisco de Assis…, p.10.
186
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 35 – “Giambattista Piazzetta, Éxtasis de san Francisco, 1729, Vicenza, Palacio Chiericati,
Pinacoteca Civica.”463.
Imagem 36 – Fresco da estigmatização de São Francisco (1325-1328), de Giotto di Bondone, na
Capela Bardi, S. Croce, Florença464.
463
GIORGI, R., 2003. Santos. Barcelona: Electa, pp. 136-137.
187
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 37 – Gravura da folha de rosto da obra Compendio e sumario de confessores, tirado de toda a
substancia do manual / copilado & abreviado por hum religioso frade menor, da ordê de S. Francisco
da Prouincia da Piedade, de 1571465.
464
Anon., s.d. Estigmatização de São Francisco. [Online]
Available at: http://www.mare.art.br/detalhe.asp?idobra=3259
[Acedido em 21 Junho 2014].
465
ALMA MATER - Biblioteca Digital de Fundo Antigo da Universidade de Coimbra, 1571. COMPENDIO E
SUMARIO DE CONFESSORES, TIRADO DE TODA A SUBSTANCIA DO MANUAL. [Online]
Available at:
http://almamater.uc.pt/wrapper.asp?t=Compendio+e+sumario+de+confessores%2C+tirado+de+toda+a+substanc
ia+do+manual&d=http%3A%2F%2Fbdigital%2Esib%2Euc%2Ept%2Fbg6%2FUCBG-JF-42-2-
188
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 38 - Gravura da folha de rosto da obra Explicaçam da segvnda regra de S. Clara, de 1621466.
3%2FglobalItems%2Ehtml
[Acedido em 21 Junho 2014].
466
ALMA MATER - Biblioteca Digital de Fundo Antigo da Universidade de Coimbra, 1621. Explicaçam da
segvnda regra de S. Clara. [Online]
Available at:
http://almamater.uc.pt/wrapper.asp?t=Explica%E7%E3o+da+segunda+regra+de+Santa+Clara&d=http%3A%2F
%2Fbdigital%2Esib%2Euc%2Ept%2Fbduc%2FBiblioteca%5FDigital%5FUCFL%2Fdigicult%2FUCFL%2DCF
%2DF%2D4%2D5%2FglobalItems%2Ehtml
[Acedido em 21 Junho 2014].
189
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 39 - Gravura da folha de rosto da obra Missae propriae festorum ordinis fratrum minorum ...,
de 1675467.
467
ALMA MATER - Biblioteca Digital de Fundo Antigo da Universidade de Coimbra, 1675. Missae propriae
festorum ordinis fratrum minorum .... [Online]
Available at:
http://almamater.uc.pt/wrapper.asp?t=Missae+propriae+festorum+ordinis+fratrum+minorum%2E%2E&d=http%
3A%2F%2Fbdigital%2Esib%2Euc%2Ept%2Fbg1%2FUCBG-R-40-11%2FUCBG-R-4011_item1%2Findex%2Ehtml
[Acedido em 21 Junho 2014].
190
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 5 – Estampa da estigmatização de São Francisco, do Mestre E. S468.
Imagem 41- Gravura pertencente ao livro Tractato delli defecti della mesa utile perli sacerdoti
semplici... Francesco della Piaza de 1503469.
468
BATORÉO, M. L. V., 2011. Os 'primitivos portugueses' e a gravura do norte da Europa: a utilização
instrumental de fontes gráficas. Casal de Cambra: Caleidoscópio, pp. 162 e 196.
469
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
191
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 42 - Gravura pertencente ao livro Privilegia et indulge[n]tie fratrum minorum ordinis sancti
fra[n]cisci cu[m] regula eiusdem de 1508470.
Imagem 43 - Gravura pertencente ao livro Constitutiones Alexandrinae Fratrum Minorum de 1509471.
470
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
471
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
192
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 44 - Gravura pertencente ao livro Questi sono il Fioreti de Sancto Francesco de 1509472.
Imagem 45 - Gravura pertencente ao livro Firmame[n]ta trium ordinu[m] Beatissimi Patris nostri
Francisci de 1512473.
472
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
193
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 46 - Gravura pertencente ao livro Enchiridion: sive interrogatoriu[m] p[er]utile p[ro]
a[nim]ab[us] rege[n]dis... de 1513474.
Imagem 47 - Gravura pertencente ao livro Defensorium elucidatiuum Obserua[n]tie Regularis
Fratrum Minorum/ editu[m] a Reuere[n]do P. Bonifacio, Provincie Fra[n]cie ministro de 1516475.
473
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
474
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
194
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 48 - Gravura pertencente ao livro Questio sup[er] regula[m] Sancti Fra[n]cisci ad littera[m]/
...Gilberti Nicolai..., Fratru[m] Mi[n]oru[m] de Observa[n]tia Cismo[n]tano[rum]... de 1516476.
475
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
476
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
195
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 49 - Gravura pertencente ao livro Compendium privilegiorum Fratrum Minorum, necnon &
aliorum fratrum mendicantium ordine alphabetico congestum de 1532477.
477
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
196
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 50 - Gravura pertencente ao livro Compendium privilegiorum Fratrum Minorum, necnon &
aliorum fratrum mendicantium ordine alphabetico congestum de 1532478.
Imagem 51 - Gravura pertencente ao livro Compe[n]dium privilegiorum Fratrum Minorum: necnon
[et] aliorum fratrum mendicantiu[m] ordine alphabetico congetu[m] de 1532479.
478
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
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SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
197
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 52 - Gravura pertencente ao livro Compe[n]dium priuilegiorum Fratrum Minorum: necnon
[et] aliorum fratrum mendicantiu[m] ordine alphabetico congestu[m] de 1532480.
Imagem 53 - Gravura pertencente ao livro Expositione de la Regula di Frati Menori de 1533481.
480
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
198
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 54 - Gravura pertencente ao livro Oeconomia concionalis super evangeliis Quadragesimae de
1551482.
Imagem 55 - Gravura pertencente ao livro Statuta Generalia Ordinis Sancti Francisci Regularis
Observantiae:... de 1554483.
481
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
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SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
199
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 56 - Gravura pertencente ao livro Constitutiones piae pro reformatione fratrum S. Francisci
Conventualium de 1565484.
Imagem 57 - Gravura pertencente ao livro Tabula Capituli Generalis Romani. Ordinis Fratrum
Minorum S. Francisci de observantia de 1575485.
483
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
484
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
200
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 58 - Gravura pertencente ao livro Compendium privilegiorum Fratrum Minorum, necnon et
aliorum fratrum mendicantium, ordine alphabetico congestum:... de 1578486.
.
Imagem 59 - Gravura pertencente ao livro Historiarum seraphicae religionis, libri tres ... de 1586487.
485
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
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Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
201
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 60 - Gravura pertencente ao livro Constitutiones Alexandrinae Fratrum Minorum de 1587488.
Imagem 61 - Gravura pertencente ao livro Dardi del divin amore de 1593489.
487
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
488
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
202
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 62- Gravura pertencente ao livro Dardi del divin amore de 1593490.
Imagem 63 - Gravura pertencente ao livro S. Francisci historia de 1594491.
489
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
490
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
203
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 64 - Gravura pertencente ao livro Esposizione della Regola de'frati minori di S. Francesco:
con licenzia de superiori de 1594492.
Imagem 65 - Gravura pertencente ao livro Tractado sobre el Ave Maria: con dos tablas copiosissimas
de la Sagrada Scriptura y de los sermones de todo el ano... de 1596493.
491
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
492
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
204
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 66 - Gravura pertencente ao livro Statuta Constitutiones, et decreta generalia familiae
cismontanae S. Franc. de Obervantia... de 1596. À direita, pormenor da representação da
estigmatização de S. Francisco494.
Imagem 67 - Gravura pertencente ao livro Interrogatorio utile, & necessario per li R. Padre
Confessori de 1597495.
493
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
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Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
205
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 68 - Gravura pertencente ao livro Croniche de gli ordine instituiti dal P.S. Francesco de
1597-1608496.
Imagem 69 - Gravura pertencente ao livro Magni S. Francisci vita de 1603497.
495
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
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SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
206
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 70 - Gravura pertencente ao livro Vita del Serafico P.S. Francesco de 1604498.
497
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
498
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
207
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 71 - Gravura pertencente ao livro Chronica de la Provincia de San Ioseph de los Descalcos
de la Orden de los Menores de nuestro seraphico padre S. Francisco;... de 1615-1618499.
499
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
208
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 72 - Gravura pertencente ao livro De vita S.P. Francisci liber de 1616500.
Imagem 73 - Gravura pertencente ao livro Discursos predicables de las excellencias del nombre de
Iesus: y de los nombres, y atributos de Christos... de 1619501.
500
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
501
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
209
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 74- Gravura pertencente ao livro Descrizione delle stimmate del nostro serafico padre san
Francesco: raccolta dal Martirologio... de 1621502.
502
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
210
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 75 - Gravura pertencente ao livro Regla, y constituciones de la venerable orden tercera de
penitencia,… de 1623503.
503
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
211
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 76 - Gravura pertencente ao livro Apologeticus de praetenso monachatu…. de 1625504.
504
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
212
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 77 - Gravura pertencente ao livro Bref discours et abrege de la vie, vertus, & miracles
du...Jacques de la Marque de 1625505.
505
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
213
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 78 - Gravura pertencente ao livro Floretum Alvernium: in quo de serafici patriarchae
Francisci praestantia luculenter, ac pie disseritur de 1626506.
Imagem 79 - Gravura pertencente ao livro Trattato della vita attiva, o del vero acquisto della virtu
christiane... de 1629507.
506
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
507
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
214
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 80 - Gravura pertencente ao livro Apodixis sanctitatis et puritatis B. Francisci de 1630508.
508
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
215
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 81- Gravura pertencente ao livro De Reguliere Constitutien Van de Religiuesen Van de
Penitentie Van het Gereformeerde Derde Orden van den Glorieufen Seraphiken Vader S. Franciscus
de 1632509.
509
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
216
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 82 - Gravura pertencente ao livro Tabula, et constitutione celeberrimi Capituli Generalis
totius Ordinis Minorum... de 1633510.
510
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
217
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 83 - Gravura pertencente ao livro Seraphici patris S. Francisci ordinis minorum fondatoris
admiranda historia de cerca de 1600511.
Imagem 84- Gravura pertencente ao livro Seraphici patris S. Francisci, Ordinis Minorum fondatoris
Admiranda historia de cerca de 1634512.
511
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
512
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Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
218
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Imagem 85 - Gravura pertencente ao livro Regla segona del glorios pare Saint Francesch, donada a la
gloriosa Santa Clara y confirmada per lo santissim pare Papa Innocencio Quart de 1644513.
Imagem 86 - Gravura pertencente ao livro Missae propriae festorum Ordinis Fratrum Minorum: ad
formam Missalis Romani, ex decreto sacrosancti Concilii Tridentini restituti... de 1644514.
513
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
514
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Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
219
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 87 - Gravura pertencente ao livro Histoire admirable de la vie du pere seraphic S. Francois
de 1646515.
Imagem 88 - Gravura pertencente ao livro Le Tableau de la Croix Represente dans les Ceremonies de
la ste. messe, ensemble le tresor de la devotion aux sou frances de Nre. S.I.C. le tout enrichi de belles
figures de 1653516.
515
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
220
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Imagem 89 - Gravura pertencente ao livro Tractatus de Ioannis Scoti....vita, patria.... de 1656517.
516
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
517
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Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
221
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Imagem 90 - Gravura pertencente ao livro Tabula celeberrrimi Capituli Generalis Ordinis Fratrum
Minorum Regularis Observantiae s.p.n. Francisci de 1664518.
518
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
222
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 91 - Gravura pertencente ao livro Epitome del viage que hizo a marrvecos el padre fr.
Francisco de la concepcio[n], consultor del santo oficio, padre, y difinidor de la Santa Provincia de S.
Diego de Andalucia de 1675519.
519
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
223
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 92 - Gravura pertencente ao livro Tractatus unicus veritatem fundamentalium Ordinis
Minorum Conventualium de 1693520.
520
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
224
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Imagem 93 - Gravura pertencente ao livro Historia cronologica della provincia di Syria, e Terre Santa
di Gierusalemme... de 1694521.
521
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
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Imagem 94 - Gravura pertencente ao livro Constitutiones Urbanae: necnon sedis apostolicae decreta
ad seraphicam minorum conventuralium religionarum spectantia de 1702. À direita, pormenor da
representação da estigmatização de S. Francisco522.
Imagem 95 - Gravura pertencente ao livro Missae propriae sanctorum Fratrum Minorum S.P.M.
Francisci: ad formam Missalis Romani:...de 1702523.
522
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
523
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Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
226
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 96 - Gravura pertencente ao livro Processionale et chorale ad norma missalis ac ritualis S
Romanae Ecclesiae in usum Fratrum Minorum Recollectorum de 1707524.
Imagem 97 - Gravura pertencente ao livro Kleines Regelbuchlein oder kurze Verfassung der heiligen
Regel des dritten Ordens Sti. Francisci, sammt den Ordenssatzungen...de 1735525.
524
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
525
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
227
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 98 - Gravura pertencente ao livro Constitutiones urbanae fratrum ordinis minorum S.P.
Francisci conventualium de 1736. À direita, pormenor da representação da estigmatização de S.
Francisco526.
Imagem 99 - Gravura pertencente ao livro Ratiocinium juventutis Franciscanae, sive Disquisitiones
historico-theologicae super regulam, constitutiones & statum Ordinis Nostri Seraphici Fratrum
Minorum S. Francisci Conventualium de 1740527.
526
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
228
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 100 - Gravura pertencente ao livro Colleccam regular da explicacam...S. Francisco de
1747528.
Imagem 101 - Gravura pertencente ao livro Encomia coelituum, digesta per singulos anni menses &
dies de 1763529.
527
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
528
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
229
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 102- Gravura pertencente ao livro Regla y testamento de N.S.P S. Francisco sem data530.
529
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
530
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
230
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
lmagem 103 – Painel sem altar localizado no fundo da igreja, do lado da epístola, relativo à visita do
papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco no mosteiro de Santa Clara-a-Nova531.
531
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
231
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
lmagem 104 – Relevo do painel sem altar localizado no fundo da igreja, do lado da epístola, relativo à
visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco no mosteiro de Santa Clara-a-Nova de Santa
Clara-a-Nova532.
lmagem 105 – Pormenor do relevo do painel sem altar localizado no fundo da igreja, do lado da
epístola, relativo à visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco no mosteiro de Santa Clara-aNova de Santa Clara-a-Nova533.
532
MOURA, C., 1986. "Uma poética da refulgência: a escultura e a talha dourada". In: História da Arte em
Portugal - O limiar do barroco. Lisboa: Publicações Alfa, p. 107.
533
MOURA, C., 1986. "Uma poética da refulgência: a escultura e a talha dourada"…, p. 107.
232
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
lmagem 106 – Edícula que remata o painel sem altar localizado no fundo da igreja, do lado da epístola,
relativo à canonização de São Francisco no mosteiro de Santa Clara-a-Nova de Santa Clara-a-Nova534.
Imagem 107 – Quadro de Hyre de 1630 para a igreja dos frades capuchinhos de Marais (Paris)535.
534
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Musée du Louvre, s.d. Laurent de LA HYRE. [Online]
Available at: http://cartelfr.louvre.fr/cartelfr/visite?srv=car_not_frame&idNotice=1126
[Acedido em 03 Dezembro 2015].
535
233
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 108 – Gravura pertencente ao livro Histoire admirable de la vie du pere seraphic S. Francois
de Paul Weerts, 1646536.
Imagem 109 - Composição azulejar do século XVIII que se encontra no lado da epístola da igreja do
convento do Desagrado do Santíssimo Sacramento do Louriçal537.
536
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
537
Foto de 2014 da minha autoria.
234
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 110 – Desenho preparatório, pertencente à Galeria Albertina, em Viena, para a pintura que
estaria no claustro de S. Francisco de Madrid538.
Imagem 111 – Relevo da visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco, pertencente ao convento
de S. Francisco de Leiria, datado do século XVII, e actualmente localizado perto da Câmara Municipal
de Leiria, no cruzamento entre a Rua dos Mártires e a Rua de Alcobaça539.
538
539
PACHECO, F., 1990. Arte de la Pintura…, pp. 699-700.
Foto de 2015 da minha autoria.
235
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 112– Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova540.
Imagem 113 - Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova541
540
541
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
236
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 114 - Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova542
Imagem 115 - Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova543
542
543
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
237
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 116 - Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova544
Imagem 117 - Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-aNova545.
544
545
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
238
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 118- Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova546.
Imagem 119 – Edícula do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-aNova547.
Imagem 120 – Igreja do Espirito Santo em Alenquer548.
546
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
548
S.I.P.A., 2002. Capela e Albergaria do Espírito Santo / Capela e Albergaria do Paço da Rainha Santa Isabel.
[Online]
Available at: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6614
[Acedido em 10 Novembro 2015].
547
239
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 121 - Gravura do livro Breuiariu[m] secu[n]du[m] usu[m] insignis monasterii s[an]ct[a]e
crucis coli[m]brie[n]sis ordinis diui Augustini, de 1531549
Imagem 122 – Pequeno retábulo devocional dedicado à Rainha Santa Isabel datado de cerca de
1540/50, pertencente ao Museu Nacional Machado de Castro550.
549
Igreja Católica, 1531. Breuiariu[m] secu[n]du[m] usu[m] insignis monasterii s[an]ct[a]e crucis
coli[m]brie[n]sis ordinis diui Augustini.. Coimbra: per Germanum Galhardu[m].
550
MatrizNet. DGPC, s.d. [Online]
Available at: http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=159763
[Acedido em 11 Novembro 2015].
240
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 123 – Estampa da Rainha Santa Isabel datada 1567 pertencente ao livro: ROSÁRIO, Fr.
Diogo do, Histórias das vidas & feitos heróicos & vidas insignes dos sanctos, Braga, António de
Mariz, 1567, p. 39551.
Imagem 124 – Gravura da Santa Isabel de Portugal, datada de 1569 pertencente ao livro Officium
Sanctae Elisabeth Portugaliae quõdam Regenae. Secnudü [sic] cõsuetudine[m] ordinis
Cistercieñ[sis]552.
551
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel, Infanta de
Aragón y Reina de Portugal. Volume I. Zaragoza: Diputación Provincial, p. 168.
552
Igreja Católica, 1569. Officium Sanctae Elisabeth Portugaliae quõdam Regenae. Secnudü [sic]
cõsuetudine[m] ordinis Cistercieñ[sis]. João Álvares ed. Coimbra: s.n.
241
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 125 – Gravura de 1590 da Rainha assistindo à construção do hospício junto ao seu paço de
Santa Clara de Coimbra, pertencente ao livro: Flos Sanctorum das vidas e obras insignes dos sanctos,
Lisboa, Baltazar Ribeiro, 1590, fol. 233 v.553.
Imagem 126 – Gravura da Rainha Santa Isabel datada de 1598, pertencente ao livro: MARIZ, Pedro
de, Dialogos de Varia Historia…, Coimbra, António de Mariz, 1598, a seguir ao fol. 91 v.554.
553
554
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel…, p. 169.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel…, p. 170.
242
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 127 – Pintura da Rainha Santa Isabel de finais do século XVII e inícios do século XVIII,
pertencente à igreja paroquial da Puebla de Alfindén, em Zaragoza555.
Imagem 128 – Gravura de 1681 da Santa Isabel de Portugal, pertencente ao livro: ROSARIO, Frey
Diogo do, Flos sanctorum : historia das vidas de Christo S.N. e de sua Santissima MÃY, Vidas dos
Santos e suas festas repartidas pellos doze mezes: Com sermões, & Praticas que servem para muytas
Festas do Anno556.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel…, pp. 94-95.
ROSARIO, F. D. d., 1681. Flos sanctorum : historia das vidas de Christo S.N. e de sua Santissima MÃY,
Vidas dos Santos e suas festas repartidas pellos doze mezes: Com sermões, & Praticas que servem para muytas
Festas do Anno. [Online]
Available at: https://archive.org/stream/flossanctorumhis00rosa#page/n9/mode/2up
[Acedido em 11 Novembro 2015].
555
556
243
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 129 – Pintura da Rainha Isabel de Portugal, da primeira metade do século XVIII, pertencente
ao palácio episcopal de Albarracín, em Teruel557.
Imagem 130 – Escultura de Isabel de Aragão da primeira metade do século XVIII, pertencente ao
Museu Nacional Machado de Castro558.
557
558
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel…, pp. 100-101.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel…, pp. 139-140.
244
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 131 – Pintura de Santa Isabel cuidando de uma doente, datada de 1887, da autoria de
Bernardino Montañés Pérez, pertencente à Diputación Provincial de Zaragoza559.
Imagem 132 – Escultura da Rainha Santa Isabel da autoria de Teixeira Lopes, de 1896, pertencente ao
mosteiro de Santa Clara-a-Nova e colocada no altar-mor560.
559
560
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel…, pp. 106-108.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
245
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 133 – Pintura de 1670/80 da autoria de Bento Coelho da Silveira representando “Santa Isabel
e o Milagre das Rosas de Alenquer” na igreja matriz de Salvaterra de Magos (Santarém)561.
Imagem 134 – Painel central do retábulo da Rainha Santa localizado no lado do evangelho no coroalto do mosteiro de Santa Clara-a-Nova562.
561
562
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel…, pp. 102-103.
Foto de 2015 da minha autoria.
246
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 135 - Painel central do retábulo da Rainha Santa localizado no lado do evangelho no coroalto do mosteiro de Santa Clara-a-Nova563.
563
Foto de 2015 da minha autoria.
247
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 136 - retábulo que se encontra no fundo da igreja, na parede de separação dos coros, no lado
do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova564.
Imagem 137 – Painel do retábulo que se encontra no fundo da igreja, na parede de separação dos
coros, no lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova565.
564
565
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
248
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 138 – Edícula do retábulo que se encontra no fundo da igreja, na parede de separação dos
coros, no lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova566.
Imagem 139 – Túmulo de pedra da Rainha Santa Isabel do século XIV567.
566
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
MACEDO, F. P. d., 1999. "O Túmulo Gótico de Santa Isabel". In: Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel,
Infanta de Aragón y Reina de Portugal. Volume II. Zaragoza: Diputación Provincial, p. 97.
567
249
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 140 – Gravura de 1560 do livro AFONSO, Diogo, Vida & milagres da gloriosa Raynha
Sancta Ysabel, molher do catholico Rey dõ Dinis sexto de Portugal. Com o compromisso da cõfraria
do seu nome, & graças a ella concedidas, feito por Ioam da Barreyra568.
Imagem 141 – Iluminura de 1592 do Livro que fala da boa vida que fez a Rainha de Portugal, Dª.
Isabel, e dos seus bons feitos e milagres em sua vida e depois da sua morte, pertencente ao Museu
Nacional Machado de Castro569.
568
AFONSO, D., 1560. Vida & milagres da gloriosa Raynha Sancta Ysabel, molher do catholico Rey dõ Dinis
sexto de Portugal. Com o compromisso da cõfraria do seu nome, & graças a ella concedidas.. s.l.:por Ioam da
Barreyra.
569
Museu Nacional Machado de Castro, s.d. Livro Antigo. [Online]
Available at: http://www.museumachadocastro.pt/ptPT/coleccoes/outrasseccoes/livro%20antigo/ImageDetail.aspx?id=238
[Acedido em 13 Novembro 2015].
250
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 142 – Gravura de 1621 da S. Isabel, pertencente à colecção Armando Carneiro da Silva,
Coimbra570.
Imagem 143 – Gravura da Rainha Lusitana S. Isabel do livro CARAMUEL, Philippus Prudens Caroli
V…, 1639, p. 40571.
570
571
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: ... Volume I..., pp. 171-172.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa:... Volume II…, p. 61.
251
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 144 – Desenho aguarelado de 1631 do livro Triunfos de la Nobleza Lusitana y origen de sus
blazones, de António Soares de Albergaria, pertencente à Biblioteca Nacional de Lisboa572
Imagem 145 – Gravura de Santa Isabel de 1649, pertencente ao livro de Burvenich, Adam, Vierfacher
Geistlicher... Coln: Peter Metternich vor den Augustineren573.
572
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: ... Volume I..., p. 41.
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/Whole_Books/vierfacherpost/pages/338.htm
[Acedido em 11 Novembro 2015].
573
252
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 146 - Gravura celebrativa da canonização da Santa Isabel de Portugal de 1649, pertencente ao
livro de Burvenich, Adam, Vierfacher Geistlicher... Coln: Peter Metternich vor den Augustineren574.
Imagem 147 – Gravura de S. Isabel da Hungria de 1587, pertencente ao livro do Bispo de Mantua,
Francesco Gonzaga, De origine seraphicae religionis Fra[n]ciscanae, Rome : Ex Typographia
Dominici Basae575.
574
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/Whole_Books/vierfacherpost/pages/239.htm
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575
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at:
http://web.sbu.edu/friedsam/scan/whole_books/f%2010,320%20de%20origine%20post/pages/P.%200516%20%20Elizabeth%2C%20of%20Hungary%2C%20Saint%20.htm
[Acedido em 14 Novembro 2015].
253
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 148 – Medalhão de S. Isabel da primeira metade do século XVII, pertencente ao Museu
Nacional Machado de Castro576.
Imagem 149 – Pintura de Santa Isabel de Aragão da primeira metade do século XVII, pertencente ao
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova577.
Imagem 150 – Pintura de S. Isabel do século XVII, pertencente à Academia das Ciências de Lisboa578.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: ... Volume I…, pp. 224-225.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: ... Volume I…, pp. 92-93.
578
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: ... Volume I…, pp. 92-93.
576
577
254
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 151 – Pintura do século XVII representando a Rainha Santa Isabel, pertencente ao Convento
de Santa Clara de Huesca (Espanha)579.
Imagem 152 – Pintura da Rainha Santa do século XVII, pertencente ao Museu de Évora580.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: .... Volume II…, p. 174.
MatrizNet. DGPC, s.d. N.º de Inventário: ME 4465. [Online]
Available at: http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=19034
[Acedido em 13 Novembro 2015].
579
580
255
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 153 – Pintura da Rainha Santa Isabel do século XVII, pertencente ao Museu Grão Vasco581.
Imagem 154 – Pintura da Rainha Santa do século XVII, pertencente ao Museu de Évora582.
581
MatrizNet. DGPC, s.d. N.º de Inventário: 2240. [Online]
Available at: http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=208424
[Acedido em 13 Novembro 2015].
582
MatrizNet. DGPC, s.d. N.º de Inventário: ME 889. [Online]
Available at: http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=18112
[Acedido em 13 Novembro 2015].
256
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 155 – Pintura de finais do século XVII da Rainha Santa, pertencente ao Museu de
Zaragosa583.
Imagem 156– Pintura de S. Isabel de finais do século XVII e inícios do século XVIII, pertencente ao
Museu de Évora584.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: …Volume I..., pp. 96-98.
MatrizNet. DGPC, s.d. N.º de Inventário: ME 18359. [Online]
Available at: http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=34133
[Acedido em 13 Novembro 2015].
583
584
257
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 157– Pintura de S. Isabel datada de 1701-1750, pertencente ao Museu da Guarda585.
Imagem 158 – Pintura da primeira metade do século XVIII, pertencente à Diputación Provincial de
Zaragoza586.
585
MatrizNet. DGPC, s.d. N.º de Inventário: 314. [Online]
Available at:
http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=772&EntSep=5#gotoPosition
[Acedido em 13 Novembro 2015].
586
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa:... Volume I…, p. 99.
258
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 159 – Gravura de S. Isabel do século XVIII, pertencente ao Museu Nacional Machado de
Castro587.
Imagem 160 – Pintura da Rainha Santa repartindo as esmolas, datada de 1799, pertencente ao Museu
Nacional de Arte Antiga588.
587
588
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: ... Volume I…, pp. 177-178.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: ... Volume I…, pp. 104-105.
259
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 161 – Gravura da Rainha Santa Isabel datada de 1815/25, pertencente à Colecção Armando
Carneiro da Silva589.
Imagem 162 – Escultura da Rainha Santa Isabel do século XVII, pertencente ao Museu Grão Vasco590.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: ... Volume I…, p. 183.
MatrizNet. DGPC, s.d. N.º de Inventário: 1027. [Online]
Available at: http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=207925
[Acedido em 13 Novembro 2015].
589
590
260
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 163 – Escultura da Rainha Santa dos inícios do século XVII, pertencente à Capela privativa
do Reitor da Universidade de Coimbra591.
Imagem 164 – Escultura da Rainha Santa do século XVII, pertencente ao Museu Nacional Machado
de Castro592.
org. por la Diputación Provincial de Zaragoza, 1999. Imagen de la Reina Santa: Santa Isabel, ... Volume I. …,
p. 138.
591
261
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 165 - Painel do retábulo de Santo António na igreja de Santa Clara-a-Nova593.
Imagem 166 – Edícula de remate do retábulo de Santo António na igreja de Santa Clara-a-Nova594.
592
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
594
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
593
262
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 167 - Santo António representado com um livro e um cruxifixo no canto superior esquerdo da
gravura. Gravura e pormenor pertencentes ao livro Compendium privilegiorum Fratrum Minorum,
necnon et aliorum fratrum mendicantium, ordine alphabetico congestum:..., de 1578, Paris595.
Imagem 168 – Santo António representado com o menino e flor-de-lis no lado esquerdo da gravura.
Gravura pertencente ao livro B. P. Francisci Assisiatis opuscula: nunc primum collecta, tribus tomis
distincta, notis et commentarijs asceticis illustrata, de 1623596.
595
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
596
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
263
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 169 - Santo António representado com o menino e flor-de-lis no lado direito da gravura.
Gravura pertencente ao livro Primus Sententiarum, de 1627597.
Imagem 170 - Santo António representado com o menino e flor-de-lis no lado direito da gravura.
Gravura pertencente ao livro Mensa mystica: in qua eucharisticus cibus suauitate varia quinquaginta
sermonum degustandus proponitur..., de 1639598.
597
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
598
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
264
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 171 – Pormenor do Santo António representado com o menino. Gravura pertencente ao livro
Speculum spirituale, De humanae vitae miseriis, De miris mortis effectib[us] et diffuse, De excellentiis
purgatorii, de 1642599.
Imagem 172 - Pormenor do Santo António representado com o menino e flor-de-lis. Gravura
pertencente ao livro Instruttione de' Cordigeri del serafico P. S. Francesco d'Assisi, e de' superiori
erigenti, aggreganti, communicanti le gratie spirituali, e che guidano le compagnie, de 1644600.
599
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
600
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
265
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 173 - Pormenor do Santo António representado com o menino e flor-de-lis. Gravura
pertencente ao livro Disputationes logicales collectae ex doctrina Scoti..., de 1646601.
Imagem 174 - Santo António representado com o menino e um cruxifico. Gravura pertencente ao livro
Le tableau de la croix represente dans les ceremonies de la ste. messe, enemble le tresor de la
devotion aux sou frances de Nre. S.I.C. le tout enrichi de belles figures, de 1653602.
601
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
602
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
266
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 175 - Santo António representado com o menino e flor-de-lis. Gravura pertencente ao livro
Relazioni del gran Santo di Padova Antonio, de 1654603.
Imagem 176 - Santo António representado com o menino. Gravura pertencente ao livro D. Antonii de
Padua Serm. Quadrag[esimalis]..., de 1649604.
603
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
604
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
267
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 177 – Aparição do menino a Santo António. Gravura pertencente ao livro Relazioni del gran
Santo di Padova Antonio, de 1654605.
Imagem 178 – Quadro de Santo António do século XVII pertencente à capela de Santo António da
igreja de Cosmo e Damião, em Roma606.
605
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
606
Imagem retirada de: ranciscanfriarstor, s.d. Basilica of Sts. Cosmas & Damian - Paintings. [Online]
Available at: http://www.franciscanfriarstor.com/archive/theorder/Basilica/stf_basilica_paintings.htm
[Acedido em 9 Julho 2015].
268
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 179 – Quadro da aparição do Menino Jesus a Santo António do pintor espanhol Murillo, de
1656, pertencente à igreja de Sevilha607.
Imagem 180 – Quadro de Santo António de Pádua com o Menino, de 1665, do autor espanhol Murillo,
no Museo de Bellas Artes de Sevilla608.
607
Imagem retirada de: wikipedia.org, 2010. La visión de San Antonio de Padua. [Online]
Available at: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Lavisi%C3%B3ndeSanAntonio.JPG
[Acedido em 9 Julho 2015].
608
Imagem retirada de: Museo de Bellas Artes de Sevilla, s.d. San Antonio de Padua con el Niño. [Online]
Available at:
http://www.juntadeandalucia.es/culturaydeporte/museos/MBASE/index.jsp?redirect=S2_3_1_1.jsp&idpieza=20
&pagina=2
[Acedido em 9 Julho 2015].
269
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 181 – Quadro sobre a visão de Santo António de Murillo, século XVII609.
Imagem 182 – Quadro sobre Santo António de Pádua e o Menino Jesus de Murillo, século XVII,
Museu de Sevilha610.
609
LEBRÓN, J. M., 2011. Bartolome Esteban Murillo, cuadros, pinturas. [Online]
Available at: http://ermundodemanue.blogspot.pt/2011/06/bartolome-esteban-murillo-cuadros.html
[Acedido em 10 Julho 2015].
610
MÂLE, E., 1985. El Barroco, arte religioso del siglo XVII…, p. 181.
270
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 183 – Quadro de Van Duck representado a Virgem entregando o Menino Jesus a Santo
António611
Imagem 184 - Aparição do menino a Santo António. Gravura pertencente ao livro Vita e miracoli del
gloriosissimo Taumaturgo Santo Antonio de Padova, de 1829612.
611
Imagem retirada de: Vas Honorabile, 2013. Santo Antônio e a Virgem Maria. [Online]
Available at: http://vashonorabile.blogspot.pt/2013/06/santo-antonio-e-virgem-maria.html
[Acedido em 9 Julho 2015].
612
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 9 Julho 2015].
271
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 185 - Painel do retábulo dedicado a S. Luís de Tolosa na igreja de Santa Clara-a-Nova613.
Imagem 186 – Edícula do painel do retábulo dedicado a S. Luís de Tolosa na igreja de Santa Clara-aNova614.
613
614
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
272
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 187 – À esquerda: pormenor da representação de S. Luís de Tolosa. À direita: túmulo pétreo
da Rainha Santa Isabel, atribuído a Mestre Pero, de inícios do século XIV615.
Imagem 188 – Túmulo do século XIV do rei D. Dinis no mosteiro de São Dinis em Odivelas616.
Imagem 189 – Pormenor da representação do urso em cima de um homem no túmulo do rei D. Dinis
no mosteiro de São Dinis, em Odivelas617.
MACEDO, F. P. d., 1999. "O Túmulo Gótico de Santa Isabel"…, p. 101.
VAZ, M. M., 2014. O túmulo do Rei D. Dinis. [Online]
Available at: http://capeiaarraiana.pt/2014/03/09/73057/
[Acedido em 07 Julho 2015].
617
VAZ, M. M., 2014. O túmulo do Rei D. Dinis. [Online]
Available at: http://capeiaarraiana.pt/2014/03/09/73057/
[Acedido em 07 Julho 2015].
615
616
273
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 190 – Tela a óleo de autor desconhecido pertencente à igreja matriz de Baleizão
representando S. Luís de Tolosa a salvar o rei D. Dinis do ataque do urso618.
Imagem 191 – Painel do retábulo dedicado a S. João Capristano na igreja de Santa Clara-a-Nova619.
618
619
CIDRAES, M. d. L., 2013. Encantamentos, milagres e outros prodígios… , p. 16.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
274
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 192 - Edícula do retábulo dedicado a S. João Capristano na igreja de Santa Clara-a-Nova 620
Imagem 193 – Gravura pertencente ao livro Historiarum seraphicae religionis, libri tres ..., 1586621.
620
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
621
275
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 194 – Gravura pertencente ao livro Primus Sententiarum, 1627622. Pormenor, á direita, da
representação de S. João Capestrano.
Imagem 195 – Gravura pertencente ao livro Facies nascentis & succrescentis Provinciae SeraphicoAustriacae Strictoris Obseravantiae, seu, Compendiosa descriptio reformatae ejusdem provinciae FF.
Minorum, variis monumentis & notulis antiquioribus, nunc primo repertis expolita & venustata,
1743623.
622
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
623
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
276
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 196 – Gravura pertencente ao livro Synoptico-memorialis catalogus Observantis Minorum
Provinciae S. Ioannis a Capistrano, olim Bosnae Argentinae; a dimidio seculi XIII. usque recentem
aetatem, ex archivo et chronicis eiusdem recusus, 1823624.
Imagem 197 – São João Capestrano representado com capacete militar625.
624
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at: http://web.sbu.edu/friedsam/scan/
[Acedido em 12 Junho 2015].
625
Imagem retirada de Tiago, 2014. São João de Capistrano, O.F.M. - Patrono dos Capelães Militares e dos
Juristas - 23 de Outubro. [Online]
Available at: http://santossanctorum.blogspot.pt/2014/10/sao-joao-de-capistrano-ofm-patrono-dos.html
[Acedido em 6 Julho 2015].
277
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 198 – São João Capestrano representado com armadura e espada na mão626.
Imagem 199 – Púlpito de São João na Catedral de Viena, séc. XVIII, onde o santo é representado a
espezinhar um infiel627.
626
Imagem retirada de Tiago, 2014. São João de Capistrano, O.F.M. - Patrono dos Capelães Militares e dos
Juristas - 23 de Outubro. [Online]
Available at: http://santossanctorum.blogspot.pt/2014/10/sao-joao-de-capistrano-ofm-patrono-dos.html
[Acedido em 6 Julho 2015].
627
Imagem retirada de Tiago, 2014. São João de Capistrano, O.F.M. - Patrono dos Capelães Militares e dos
Juristas - 23 de Outubro. [Online]
Available at: http://santossanctorum.blogspot.pt/2014/10/sao-joao-de-capistrano-ofm-patrono-dos.html
[Acedido em 6 Julho 2015].
278
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 200 – São João Capestrano representado com a Nossa Senhora628.
Imagem 201 – Retábulo de “(…) São Bernardino de Sena (…)” do coro-alto do mosteiro de Santa
Clara-a-Nova629.
628
Imagem retirada de Tiago, 2014. São João de Capistrano, O.F.M. - Patrono dos Capelães Militares e dos
Juristas - 23 de Outubro. [Online]
Available at: http://santossanctorum.blogspot.pt/2014/10/sao-joao-de-capistrano-ofm-patrono-dos.html
[Acedido em 6 Julho 2015].
629
BORGES, N. C., 2003. “A talha”…, p. 66.
279
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 202 – Painel do retábulo dedicado a Santa Coleta na igreja de Santa Clara-a-Nova 630.
630
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
280
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 203 – Pormenor do painel do retábulo dedicado a Santa Coleta na igreja de Santa Clara-aNova 631.
Imagem 204 – Edícula de remate do retábulo dedicado a Santa Coleta na igreja de Santa Clara-aNova632.
631
632
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
281
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 205 – Gravura de autor e proveniência desconhecidas, representando a visita de Santa Coleta,
de Frei Henrique de Baume e da Baronesa de Brissay ao papa Bento XIII, em Nice, acompanhados por
outras duas figuras633.
Imagem 206 – Painel do terceiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-aNova634.
633
POMPERMAYER, Ê., LISBOA, M. & SOLIGO, S. M., s.d. Iconografia. [Online]
Available at: http://coletadecorbie.blogspot.pt/p/iconografia.html
[Acedido em 30 Junho 2015].
634
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
282
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 207 – Pormenor do painel do terceiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa
Clara-a-Nova635.
Imagem 208 – Edícula do terceiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-aNova636.
635
636
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
283
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 209 – Gravura do livro Breuiariu[m] secu[n]du[m] usu[m] insignis monasterii s[an]ct[a]e
crucis coli[m]brie[n]sis ordinis diui Augustini, de 1531637.
637
Igreja Católica, 1531. Breuiariu[m] secu[n]du[m] usu[m] insignis monasterii s[an]ct[a]e crucis
coli[m]brie[n]sis ordinis diui Augustini.. Coimbra: per Germanum Galhardu[m], p. 458.
284
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 210 – Gravura do livro Oratorio de religiosos y exercício de virtuosos, de 1542638.
638
GUEVARA, A. d., 1542. Oratorio de religiosos y exercício de virtuosos. Valladolid: Juan de Villaquiran,
impressor, p. cvj.
285
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 211 – Pintura de São Bartolomeu do século XV-XVI, pertencente ao Museu Nacional
Machado de Castro639.
Imagem 212 – Escultura do martírio de São Bartolomeu, de João de Ruão, do século XVI, pertencente
ao Museu Nacional Machado de Castro640.
639
M.N.M.C., s.d. S. Bartolomeu. [Online]
Available at: http://www.museumachadocastro.pt/pt-PT/coleccoes/Pintura/assvirg/ContentDetail.aspx?id=957
[Acedido em 15 Julho 2015].
640
Foto de 2015 da minha autoria.
286
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 213 – Painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa Clara-a-Nova641.
Imagem 214 – Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova642.
641
642
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
287
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 215 - Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova643.
Imagem 216 - Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova644.
643
644
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
288
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 217 - Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova645.
Imagem 218- Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova646.
645
646
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
289
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 219 - Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova647.
Imagem 220- Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova648.
647
648
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
290
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 221 - Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova649.
Imagem 222 - Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova650.
649
650
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
291
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 223 - Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova651.
Imagem 224 - Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa
Clara-a-Nova652.
651
652
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
292
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 225 - Gravura em cobre de Pedro de Villafranca Malagón, de 1669653.
653
ORDAX, S. A., 1982. "Iconografia Teresiano-Alcantarina". In: Boletín del Seminario de Estudios de Arte y
Arqueología. Valladolid: Universidad de Valladolid, p. 326.
293
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 226 – Pintura de Diego de Borgraf, datada de 1677 e executada para a sacristia da igreja de
San Francisco, também conhecida como catedral de Tlaxcala (Puebla)654.
654
HERRERA, T. J., 2012. La Aparición de San Pedro de Alcántara a Sta. Teresa de Jesús, Diego de Borgraf,
Catedral de Tlaxcala, Tlaxcala.. [Online]
Available at: https://www.flickr.com/photos/tachidin/6674879965
[Acedido em 27 Junho 2015].
294
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 227 – Quadro sobre a visão de Santa Teresa da autoria de Claudio Coello, pertencente à
Colecção Marquesa de los Alamos, em Jerez de la Frontera (Cádiz)655.
655
GAYA NUÑO, J. A., 1957. Claudio Coello. Madrid: C.S.I.C., Instituto Diego Velázquez, p. 22, 37 e Lám 39.
295
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 228– Quadro sobre o Milagre de São Pedro de Alcântara onde caminha sobre um rio com um
companheiro da autoria de Claudio Coello, pertencente à Pinacoteca Antigua, em Munich656.
656
GAYA NUÑO, J. A., 1957. Claudio Coello. Madrid: C.S.I.C., Instituto Diego Velázquez, p. 22, 37 e lám. 38.
296
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 229 – Painel do primeiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-aNova657.
Imagem 230 – Pormenor do painel: anjo com ramo de oliveira658.
657
658
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
297
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 231 - Pormenor do painel: anjo com espelho 659.
Imagem 232 - Pormenor do painel: anjo com fonte 660.
659
660
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
298
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 233 - Pormenor do painel: anjo com folha de palmeira 661.
Imagem 234 - Pormenor do painel: anjo com torre 662.
661
662
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
299
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 235 - Pormenor do painel: anjo com casa 663.
Imagem 236 - Edícula do primeiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-aNova664.
663
664
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
300
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 237 – gravura de 1503 pertencente ao livro Heures de la Vierge á l’Usage de Rouen,
impresso por Antoine Verard em Paris665.
Imagem 238 – Retábulo-mor da igreja de San Saturnino (Artajona)666.
665
la bibliothèque André-Desguine, s.d. Un livre d'heures. [Online]
Available at: http://bibliotheque-desguine.hauts-de-seine.net/Ressources/Desguine/Pdf/B00160.pdf
[Acedido em 28 Julho 2015].
666
Gran Enciplopedia Navarra, s.d. Artajona. [Online]
Available at: http://www.enciclopedianavarra.com/navarra/artajona/2110/1&print=1?op=EMA
[Acedido em 29 Julho 2015].
301
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 239– Gravura da Virgem Tota Pulchra de 1510 impressa por Gillet Hardouyn em Paris667.
Imagem 240 – Pintura da Tota Pulchra de Juan de Juanes datada de cerca de 1540668.
667
Universidad de Navarra, s.d. Exposición virtual: Tota pulchra. [Online]
Available at: http://www.unav.es/biblioteca/fondoantiguo/hufaexp07/hufaexp07p19.html
[Acedido em 29 Julho 2015].
668
Dornicke, 2010. File:Juan de Juanes - Inmaculada Concepción.JPG. [Online]
Available at: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Juan_de_Juanes__Inmaculada_Concepci%C3%B3n.JPG
[Acedido em 30 Julho 2015].
302
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 241– Tota Pulchra de Juan de Juanes na igreja da Companhia de Jesus de Valencia669.
Imagem 242 – Tota Pulchra datada da segunda metade do século XVI de autor anónimo, no Museu de
L’Almudí (Valencia)670.
669
LLORENS HERRERO, M. & CATALÁ GORGUES, M. Á., 2004. "La Inmaculada Concepción en la Pintura
Valenciana". In: Inmaculada: 150 años de la proclamación del dogma. [catálogo de la exposición]. Córdova:
Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur, p. 159.
670
LLORENS HERRERO, M. & CATALÁ GORGUES, M. Á., 2004. "La Inmaculada…, pp. 214-215.
303
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 243 – Gravura pertencente ao livro De origine seraphicae religionis Fra[n]ciscanae de
1587671.
Imagem 244 – Imaculada Concepção de 1589 de Cristoval Gomez (Sevilha)672.
671
SPAETH, P. J., s.d. Franciscan Engravings & Woodcuts. [Online]
Available at:
http://web.sbu.edu/friedsam/scan/whole_books/f%2010,320%20de%20origine%20post/pages/P.%200860%20%20PROVINCE%20OF%20CONCEPTION.htm
[Acedido em 29 Julho 2015].
672
org. Santa Iglesia Catedral Metropolitana, 2004. Inmaculada: 150 años de la proclamación del dogma.
[catálogo de la exposición]. Córdova: Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur, pp. 222-223.
304
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 245 – Tota Pulchra de c. 1600 pertencente ao Mosteiro de Santa Maria de Jesus em
Sevilha673.
Imagem 246- Tota Pulchra do século XVI pertencente ao Museu Nacional de Virreinato
(Tepotzotlán)674.
673
org. Santa Iglesia Catedral Metropolitana, 2004. Inmaculada: 150 años de la proclamación del dogma.
[catálogo de la exposición]. Córdova: Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur, pp. 230-231.
305
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 247 – Imaculada Concepção do século XVI atribuída a Juan de Juanes na igreja da
Concepção (Sot de Ferrer)675.
Imagem 248 – pintura espanhola do século XVI676.
674
Tumblr, s.d. tota pulchra. [Online]
Available at: https://www.tumblr.com/search/tota%20pulchra
[Acedido em 29 Julho 2015].
675
Tumblr, s.d. tota pulchra. [Online]
Available at: https://www.tumblr.com/search/tota%20pulchra
[Acedido em 29 Julho 2015].
306
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 249 – Alegoria da Imaculada Conceição triunfando sobre o pecado de finais do século XVI
pertencente ao Mosteiro de Santa Paula em Sevilha677
Imagem 250 – Tímpano do portal principal da igreja de Palma de Maiorca do século XVI-XVII678.
676
Anon., 2014. All about Mary. [Online]
Available at: http://allaboutmary.tumblr.com/post/104671899897/tota-pulchra-es-amiga-mea-et-macula-non-estin
[Acedido em 29 Julho 2015].
677
org. Santa Iglesia Catedral Metropolitana, 2004. Inmaculada: 150 años de la proclamación del dogma.
[catálogo de la exposición]. Córdova: Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur, pp. 234-235.
307
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 251 – Imaculada Concepção de 1600-1650 de José de Ribera pertencente ao Museu do Prado
(Madrid)679.
678
Rick, 2005. Tota pulchra es. [Online]
Available at: http://www.flickriver.com/photos/rickstl/768427088/
[Acedido em 29 Julho 2015].
679
Tumblr, s.d. tota pulchra. [Online]
Available at: https://www.tumblr.com/search/tota%20pulchra
[Acedido em 29 Julho 2015].
308
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 252 - Retábulo lateral da Imaculada Conceição de 1616 na Ermita do Santo Cristo de
Labastida680.
Imagem 253– Tota Pulchra de c. 1620 de Giuseppe Caesari na paroquia de Santo Domingo de
Guzmán (Huelva)681.
SÁENZ PASCUAL, R., 2005. "La iconografía de la Inmaculada Concepción…, p. 1102.
org. Santa Iglesia Catedral Metropolitana, 2004. Inmaculada: 150 años de la proclamación del dogma.
[catálogo de la exposición]. Córdova: Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur, pp. 238-239.
680
681
309
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 254 – Imagem da Imaculada Conceição de 1621 de autor anónimo pertencente à Catedral de
Sevilha682.
Imagem 255 – Virgem Tota Pulchra de 1625, Valencia683.
Imagem 256 – Imaculada Concepção de 1675 pertencente à igreja-museu de Santa Clara (Bogotá)684.
682
org. Santa Iglesia Catedral Metropolitana, 2004. Inmaculada: 150 años de la proclamación del dogma.
[catálogo de la exposición]. Córdova: Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur, pp. 240-241.
683
org. Santa Iglesia Catedral Metropolitana, 2004. Inmaculada: 150 años de la proclamación del dogma.
[catálogo de la exposición]. Córdova: Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur, pp. 218-219.
310
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 257 – Imaculada Concepção de 1675-1700 pertencente à Fraternidade dos doze apóstolos de
Lima (Lima)685.
Imagem 258 – Imaculada Conceição de 1701 de Juan Correa no Convento das Madres Dominicas
(Tudela)686.
684
Tumblr, s.d. tota pulchra. [Online]
Available at: https://www.tumblr.com/search/tota%20pulchra
[Acedido em 29 Julho 2015].
685
Tumblr, s.d. tota pulchra. [Online]
Available at: https://www.tumblr.com/search/tota%20pulchra
[Acedido em 29 Julho 2015].
311
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 259 – Pintura da Tota Pulchra de 1770 do pintor José de Páez 687.
Imagem 260 – Imagem de 1777 da Imaculada Conceição Tota Pulchra de Francisco Reiter688.
686
Tumblr, s.d. tota pulchra. [Online]
Available at: https://www.tumblr.com/search/tota%20pulchra
[Acedido em 29 Julho 2015].
687
Colección Andrés Blaisten, s.d. José de Páez , 1720-1790. [Online]
Available at: http://www.museoblaisten.com/v2008/indexESP.asp?myURL=artistDetailSpanish&artistId=54
[Acedido em 29 Julho 2015].
312
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 261 – Painel azulejar da Imaculada Conceição de 1783 pertencente ao Museu de L’Almudí
(Valencia)689.
Imagem 262 – Imaculada Conceição de 1790 atribuída a Manuel de Samaniego no Museu do Banco
Central de Ecuador (Quito)690.
688
NALÓN RAMOS, M., 2013. La obra pictórica de Francisco Reiter en la Balesquida. [Online]
Available at: http://antiguascofradias.blogspot.pt/2013/05/la-obra-pictorica-de-francisco-reiter.html
[Acedido em 29 Julho 2015].
689
PÉREZ PÉREZ, M. A., 2004. "La simbología de la Inmaculada". In: Inmaculada: 150 años de la
proclamación del dogma. [catálogo de la exposición]. Córdova: Publicaciones Obra Social y Cultural Cajasur,
p. 73.
313
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 263 – Imaculada Concepção peruana do século XVIII pertencente ao Museu de Arte Colonial
de Bogotá691.
Imagem 264- Gravura da Puríssima Concepção de 1797 (Valencia)692.
690
Tumblr, s.d. tota pulchra. [Online]
Available at: https://www.tumblr.com/search/tota%20pulchra
[Acedido em 29 Julho 2015].
691
Luis Bernardo Vélez Saldarriaga, 2013. Autor: Taller peruano. Título: Inmaculada Concepción, (Tota
Pulchra) Época: Siglo XVIII. Piedra de huamanga policromada.. [Online]
Available at: https://www.flickr.com/photos/ludovicoh/8698620683/in/photostream/
[Acedido em 29 Julho 2015].
692
Universidad de Navarra, s.d. Peleguer y Tossar, Manuel. Purisima Concepcion Patrona de España y sus
Indias que se venera en el Rl Conv.º de S. Francisco de V.ª. [Valencia] : Sale a expensas de su Archi-cofadria
314
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 265– Gravura da Puríssima Concepção de c.1800 de Tomás López Enguídanos (Valencia)693.
Imagem 266 – Gravura da Puríssima Concepção de c. 1810 (Valencia)694.
(sic), 1797. EST 301.081. [Online]
Available at: http://www.unav.es/biblioteca/fondoantiguo/hufaexp07/imagenes/hufaexp07-39g.jpg
[Acedido em 29 Julho 2015].
693
Universidad de Navarra, s.d. López Enguídanos, Tomás. La Purisima Concepcion. [Valencia : A expensas de
su Esclavitud, ca.1800]. EST 301.665. [Online]
Available at: http://www.unav.es/biblioteca/fondoantiguo/hufaexp07/imagenes/hufaexp07-39ag.jpg
[Acedido em 29 Julho 2015].
694
Universidad de Navarra, s.d. Sigüenza y Ortiz, Mariano. La Purisima Concepcion: que se venera en el R.l
Conv.to de S.n Francisco de Val.a. [Valencia : A expensas de su Illt.e Archi-Cofradia, ca.1810]. EST 301.787.
[Online]
315
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 267 – Relevo representando a Tota Pulchra sem data ou autor695.
Imagem 268– Pormenor e Retábulo da Nossa Senhora da Conceição do século XVII executado por
Manuel da Rocha, pertencente o Mosteiro de Santa Clara e actualmente exposto no Museu Nacional
Machado de Castro696.
Available at: http://www.unav.es/biblioteca/fondoantiguo/hufaexp07/imagenes/hufaexp07-84g.jpg
[Acedido em 29 julho 2015].
695
Juan Fco, 2013. Tota Pulchra. [Online]
Available at: http://deassidoyotrosecos.blogspot.pt/2013/08/tota-pulchra.html
[Acedido em 29 Julho 2015].
696
Foto de 2015 da minha autoria.
316
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 269 – Nossa Senhora da Conceição, de 1684-1691, atribuída ao escultor Frei Cipriano da
Cruz e ao pintor Manuel Ferreira, pertencente à Sé Velha de Coimbra697.
Imagem 270 – Painel do segundo retábulo lateral do lado do evangelho da igreja de Santa Clara-aNova698.
697
698
LE GAC, A. & ALCOFORADO, A., 2003. Frei Cipriano da Cruz em Coimbra. Coimbra: s.n, p. 131.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
317
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 271 – Edícula de remate do segundo retábulo lateral do lado do evangelho da igreja de Santa
Clara-a-Nova699.
Imagem 272 - Gravura do livro Breuiariu[m] secu[n]du[m] usu[m] insignis monasterii s[an]ct[a]e
crucis coli[m]brie[n]sis ordinis diui Augustini, de 1531700.
699
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Igreja Católica, 1531. Breuiariu[m] secu[n]du[m] usu[m] insignis monasterii s[an]ct[a]e crucis
coli[m]brie[n]sis ordinis diui Augustini.. Coimbra: per Germanum Galhardu[m].
700
318
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 273 – Iluminura do início do século XI do pergaminho Perikopenbuch Heinrichs II701.
Imagem 274 - Cristo entregando as chaves a São Pedro no vitral da Basílica de Paray-le-Monial, em
França702.
701
York Project, 2013. Meister des Perikopenbuches Heinrichs II.: Perikopenbuch Heinrichs II., Szene: Der Hl.
Petrus empfängt die Schlüssel. [Online]
Available at: http://www.malerei-meisterwerke.de/bilder/meister-des-perikopenbuches-heinrichs-ii.perikopenbuch-heinrichs-ii.-szene-der-hl.-petrus-empfaengt-die-schluessel-06541.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
702
Arcos de Pilares, 2013. As Colunas da Igreja. [Online]
Available at: http://www.sendarium.com/2013_06_01_archive.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
319
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 275 – Pintura de Cristo entregando as chaves a S. Pedro de Lorenzo Veneziano, 1370703.
Imagem 276 – Fresco da Capela Sistina representando Cristo a entregar as chaves a S. Pedro de Pietro
Perugino, 1480-1482704.
703
CAMPOS, T., 2012. Salve, São Pedro !. [Online]
Available at: http://tulacampos.blogspot.pt/2012/07/salve-sao-pedro.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
704
York Project, 2013. Pietro Perugino: Fresken in der Sixtinischen Kapelle, Szene: Christus übergibt Petrus
den Schlüssel zum Himmelreich. [Online]
Available at: http://www.malerei-meisterwerke.de/bilder/pietro-perugino-fresken-in-der-sixtinischen-kapelleszene-christus-uebergibt-petrus-den-schluessel-zum-himmelreich-07344.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
320
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 277 – Pormenor do painel onde aparece a Virgem e o Menino Jesus a entregarem a chaves a
S. Pedro vestido de papa de Carlo Crivelli, 1488705.
Imagem 278 – Pintura da entrega das chaves a S. Pedro de Raffaello Sanzio, 1515, Londres706.
705
York Project, 2013. Carlo Crivelli: Die Übergabe des Schlüssels, Szene: Thronendende Madonna mit
Christuskind, welches Hl. Petrus den Schlüssel übergibt. [Online]
Available at: http://www.malerei-meisterwerke.de/bilder/carlo-crivelli-die-uebergabe-des-schluessels-szenethronendende-madonna-mit-christuskind-welches-hl.-petrus-den-schluessel-uebergibt-02170.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
706
CAMPOS, T., 2012. Salve, São Pedro !. [Online]
Available at: http://tulacampos.blogspot.pt/2012/07/salve-sao-pedro.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
321
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 279 – Tapeçaria do Vaticano de Cristo entregando as chaves a S. Pedro707.
Imagem 280 - Mosaico de Cristo entregando as chaves a S. Pedro da Basílica de São Pedro, Roma708.
707
CAMPOS, T., 2012. Salve, São Pedro !. [Online]
Available at: http://tulacampos.blogspot.pt/2012/07/salve-sao-pedro.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
708
NAVES, N. d. M., s.d. Mosaico Romano e Mosaico Bizantino. [Online]
Available at: http://noelianaves.blogspot.pt/p/mosaico-romano-e-mosaico-bizantino.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
322
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 281 – Pintura restaurada encontrada no arco do cruzeiro da Catedral Metropolitana de
Florianópolis (Brasil) do século XVII709.
Imagem 282 – Cristo entregando as chaves a S. Pedro de Nicholas Poussin, século XVII,
Edimburgo710.
709
BASTOS, A., 2012. Após quase seis anos de restauração, painel embeleza Catedral Metropolitana de
Florianópolis. [Online]
Available at: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2012/05/apos-quase-seis-anos-derestauracao-painel-embeleza-catedral-metropolitana-de-florianopolis-3749948.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
710
CAMPOS, T., 2012. Salve, São Pedro !. [Online]
Available at: http://tulacampos.blogspot.pt/2012/07/salve-sao-pedro.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
323
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 283 – Pintura da entrega das chaves a S. Pedro de Peter Paul Rubens, século XVII711.
Imagem 284 – Pintura de S. Pedro recebendo as chaves de Jean Restout, 1738, igreja Saint-Pierre-duMartroi712.
711
CAMPOS, T., 2012. Salve, São Pedro !. [Online]
Available at: http://tulacampos.blogspot.pt/2012/07/salve-sao-pedro.html
[Acedido em 17 Julho 2015].
712
Ministère de la culture, s.d. Base Mémoire: Archives photographiques. [Online]
Available at:
http://www.culture.gouv.fr/public/mistral/memsmn_fr?ACTION=CHERCHER&FIELD_98=OBJT&VALUE_9
8=%20huile%20sur%20toile%20par%20Jean%20Restout&DOM=All&REL_SPECIFIC=3
[Acedido em 17 Julho 2015].
324
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 285 – Retábulo colateral do lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova713.
Imagem 286 – Painel do retábulo colateral do lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova714.
713
714
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
325
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 287 – Edícula do retábulo colateral do lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova715.
Imagem 288 - Mosaico do baptistério Ortodoxo de Ravena (Itália), do século V716.
715
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, 2013. O Batismo de Jesus nos mosaicos de Ravena. [Online]
Available at: http://www.snpcultura.org/batismo_Jesus_mosaicos_ravena.html
[Acedido em 8 Novembro 2015].
716
326
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 289 – Mosaico do Baptistério Ariano de Ravena (Itália) do século V717.
Imagem 290 – Pintura do baptismo de Cristo718.
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, 2013. O Batismo de Jesus nos mosaicos de Ravena…
J.Luis, 2015. CARRACCI, Annibale. [Online] Available at: http://www.foroxerbar.com/viewtopic.php?t=6001
[Acedido em 8 Novembro 2015].
717
718
327
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 291 – Pintura a óleo sobre tela do artista Giovanni Bellini datada de 1500 para a igreja de
Santa Corona, em Vicenza (Itália)719.
Imagem 292 – Pintura do retábulo da capela de São João Baptista, na igreja da Venerável Ordem
Terceira de S. Francisco no Porto, datada do primeiro quartel do século XVI720.
719
Anon., s.d. "Batismo de Cristo", óleo sobre tela por Giovanni Bellini (1430-1516, Italy). [Online] Available
at: http://pt.wahooart.com/@@/8Y32QL-Giovanni-Bellini-Batismo-de-Cristo [Acedido em 6 Novembro 2015].
720
Foto de 2015 da minha autoria.
328
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 293 – Retábulo colateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova721.
Imagem 294 - Painel do Retábulo colateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova722.
721
722
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
329
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 295 – Edícula do retábulo colateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova723.
Imagem 296 – Pintura flamenga da Comunhão dos Apóstolos do autor Joos van Wassenhove
pertencente à Galleria Nazionale delle Marche, em Urbino724.
723
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
RATZINGER, J., 2005. El Papa Benedicto XVI sobre las imágenes del Compendio del Catecismo 2005.
Sandro Magister. [Online]
Available at: https://catequeticaquilmes.wordpress.com/2005/03/20/el-papa-sobre-las-imagenes-del-compendiodel-catecismo-sandro-magister/
[Acedido em 2 Agosto 2015].
724
330
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 297 – A Última Ceia de Tintoretto, entre 1592 e 1594, em San Giorgio Maggiore, Venice725.
Imagem 298 – Representação da Comunhão dos Apóstolos de 1638-1651, do autor espanhol Ribera
pertencente à Certosa e Museo di San Martino, em Nápoles726.
725
The Web Gallery of Art, s.d. The Last Supper. [Online]
Available at: http://www.wga.hu/art/t/tintoret/5_1580s/3lastsup.jpg
[Acedido em 02 Agosto 2015].
726
Artehistoria Proyectos Digitales, S. L., s.d. Comunión de los apóstoles. [Online]
Available at: http://www.artehistoria.com/v2/obras/10727.htm
[Acedido em 2 Agosto 2015].
331
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 299 – Pintura da Comunhão da Virgem dada por S. João Evangelista, do século XVII, de um
retábulo do mosteiro de Santa Paula em Sevilha e da autoria de Alonso Cano, pertencente ao Museu
Nacional de San Carlos, no México727.
Imagem 300 - Fresco do tecto da capela da comunhão da Parroquia de San Pedro Apóstol de Buñol728.
727
Dornicke, 2010. File:Alonso Cano - São João Evangelista dando a comunhão à Virgem.JPG. [Online]
Available at: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alonso_Cano__S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_Evangelista_dando_a_comunh%C3%A3o_%C3%A0_Virgem.JPG
[Acedido em 2 Agosto 2015].
728
www.iglesiasanpedroapostol.com, s.d. La Comunión de la Santísima Virgen. [Online]
Available at: http://www.iglesiasanpedroapostol.com/frescos-iglesia-pedro-apostol-santisima-virgen.php
[Acedido em 2 Agosto 2015].
332
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 301 - Pinturas do coro baixo adoçadas ao terceiro arco toral da nave lateral do lado da
epístola, na igreja de Santa Clara-a-Nova729.
Imagem 302 - Pintura em madeira do coro baixo adoçada ao terceiro arco toral da nave lateral do lado
da epístola, representando a comunhão da Virgem por S. João Evangelista, na igreja de Santa Clara-aNova730.
729
730
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
333
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 303 – Inscrição na pilastra do terceiro arco toral da nave lateral do lado da epístola, na igreja
de Santa Clara-a-Nova731.
Imagem 304 – Parede de separação dos coros na igreja de Santa Clara-a-Nova, fotografado a partir da
nave da igreja732.
731
732
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
334
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 305 – Retábulo gémeo do lado da igreja em exposição no cimo da parede de separação dos
coros na igreja de Santa Clara-a-Nova, fotografado a partir da nave da igreja733.
Imagem 306 –Parede de separação entre os coros e a igreja de Santa Clara-a-Nova, fotografado a partir
do coro alto734.
733
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
S.I.P.A., 2003. Mosteiro de Santa Clara-a-Nova / Mosteiro de Santa Isabel / Santuário da Rainha Santa
Isabel. [Online]
Available at: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2678
[Acedido em 27 Janeiro 2015].
734
335
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 307 – Retábulo gémeo do lado do coro alto em exposição no cimo da parede de separação
entre os coros e a igreja de Santa Clara-a-Nova735.
Imagem 308 – Porta do sacrário do retábulo gémeo do lado do coro alto736.
735
S.I.P.A., 2003. Mosteiro de Santa Clara-a-Nova / Mosteiro de Santa Isabel / Santuário da Rainha Santa
Isabel. [Online]
Available at: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2678
[Acedido em 27 Janeiro 2015].
736
Foto de 2015 da minha autoria.
336
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 309 – Mapa da localização das empreitadas de Domingos Lopes737.
737
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: …, p. 122.
337
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 310 – Tabela das empreitadas de Domingos Lopes do Porto, ordenadas cronologicamente738.
738
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: …, pp. 119-121.
338
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Tabela 2 – Tabela baseada na referência do nome deste artista em documentos oficiais, avançados na
tese de doutoramento de Sílvia Ferreira739.
Domingos Lopes (de Lisboa)
1671 - 6 de Abril
1676 – 9 de Março
1676 – 16 de Agosto
1677 – 30 de Maio
1678 – 20 de Fevereiro
1693 – 23 de Fevereiro
Adere à irmandade de Nossa Senhora da Doutrina da Igreja de São
Roque
Retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Maria de Cós
Tem como fiadores: o pintor de têmpera André de Matos e o
marceneiro Manuel Ferreira
Retábulo para a capela-mor da igreja do convento de S. Bernardo de
Portalegre
Adere à irmandade de Nosso Senhor dos Passos da Graça
É referido o seu nome como autor do retábulo-mor da igreja do
mosteiro de Santa Clara-a-Nova em Coimbra
Imagem 311 – Retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova (na imagem as esculturas de
S. Francisco e de Santa Clara foram retiradas)740.
739
740
FERREIRA, S. M. (2009). A Talha Barroca de Lisboa… Volume II…, pp.497- 498.
Foto de 2015 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
339
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 312 - Retábulo-mor da igreja do mosteiro de Santa Maria de Cós, em Alcobaça (Leiria),
datado de 1676 e da autoria de Domingos Lopes741.
741
S.I.P.A., s.d. Mosteiro de Santa Maria de Cós / Igreja de Santa Maria de Cós. [Online]
Available at: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPAArchives.aspx?id=092910cf-8eaa-4aa296d9-994cc361eaf1&nipa=IPA.00003313
[Acedido em 2 Novembro 2015].
340
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Documento 1 - ANTT, Conselho da Fazenda, “Obras no convento de Santa Clara”, L.º 182, fl. 211742.
“Treslado do termo seguinte que mandou fazer o Reverendo Padre Frei Antonio da
Persiuncula commesario das obras do novo convento de santa Clara sobre o assentamento
do retabolo da capella mor da ditta igreja
Aos dezassete dias do mez de Dezembro de seiscentos e noventa e três anos neste real
convento de Santa Clara em a sella do Reverendo Padre commissario das ditas obras ahj por
elle foi mandado fazer a mim escrivão o termo seguinte que vem a ser, que porquanto o
retabolo da capella mor estava assentado e lhe faltavam sette pesas a saber trez paineis na
forma dos outros que estavão assentados e quatro no trono dous por banda e acabar as
portas guarnecelas e pregalas com suas machofemias e cavadas pelas costas e pregar as
fixaduras e faltando alguma couza de perfeicam na ditta obra que seja correspondente á
traça por estar presente o mestre della Domingos Lopes e se queria abzentar para sua caza
que tem na cidade do Porto por elle foi ditto que elle deixava em seu nome para fazer a obra
asima referida a Manuel Moreira oficial de intalhador que asestio na manufactura do ditto
retabolo (…)
Surgiram dúvidas sobre se o retábulo feito por Domingos Lopes caberia na capela-mor
desenhada por Mateus do Couto
“Treslado do auto que mandou fazer o Reverendo Padre Frei Antonio da Persiuncula
commisario das obras do novo convento de santa Clara seguinte,
“O mestre de pedraria destas obras Manoel Fernandes Sugeiro e ao de carpintaria Elias
Alveres, e ao capitão Domingos Lopes Arquitecto e mestre que fes o retabolo para a capella
mor morador na cidade do Porto, e a João Pereira outrossim mestre arquitecto morador no
Coutto de Landim, que he o que fes o retabolo do mosteiro de Sam Jorge e outros muitos
nesta comarqua de Coimbra…” fl. 213
742
Transcrição gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
341
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 313 – Retábulo-mor da igreja de Nossa Senhora da Vitória no Porto743.
Imagem 314 - Retábulo-mor da igreja de Nossa Senhora da Vitória no Porto744.
743
744
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
342
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 315 - Retábulo-mor da igreja de Nossa Senhora da Vitória no Porto745.
Imagem 316 - Retábulo-mor da igreja de Nossa Senhora da Vitória no Porto746.
745
746
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
343
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 317 – Retábulo da capela de Nossa Senhora do Amparo na igreja do mosteiro da Serra do
Pilar, em Vila Nova de Gaia747.
Imagem 318 - Retábulo da capela de Nossa Senhora do Amparo na igreja do mosteiro da Serra do
Pilar, em Vila Nova de Gaia748.
747
748
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
344
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 319 - Retábulo da capela de Nossa Senhora do Amparo na igreja do mosteiro da Serra do
Pilar, em Vila Nova de Gaia749.
Imagem 320 - Retábulo da capela de Nossa Senhora do Amparo na igreja do mosteiro da Serra do
Pilar, em Vila Nova de Gaia750.
749
750
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
345
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 321 – Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga751.
Imagem 322 - Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga752.
751
752
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
346
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 323 - Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga753.
Imagem 324 - Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga754.
753
754
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
347
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 325 - Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga755.
Imagem 326 - Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga756.
755
756
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
348
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 327 - Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga757.
Imagem 328 - Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga758.
757
758
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
349
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 329 - Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga759.
Imagem 330 - Retábulo-mor da igreja de S. Vítor em Braga760.
759
760
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
350
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 331 – Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça761.
Imagem 332 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça762.
761
762
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
351
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 333 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça763.
Imagem 334 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça764.
763
764
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
352
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 335 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça765.
Imagem 336 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça766.
765
766
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
353
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 337 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça767.
Imagem 338 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça768.
767
768
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
354
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 339 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça769.
Imagem 340 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça770.
769
770
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
355
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 341 - Retábulo-mor da igreja de Santa Maria de Cós, em Alcobaça771.
771
Foto de 2008 gentilmente cedida por Sílvia Ferreira.
356
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 342 – Mapa da localização das empreitadas de António Gomes772.
772
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: …, p. 126.
357
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 343 - Mapa da localização das empreitadas de Domingos Nunes773.
773
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca: …, p. 129.
358
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Tabela 3 - Tabela de comparação entre as obras de António Gomes e Domingos Nunes baseadas
nas tabelas providenciadas por Natália Marinho Ferreira Alves774:
António Gomes
1678, 19 de Dezembro - Obra do sepulcro
da Sé de Lamego
1679, 16 de Dezembro - Retábulo mor da
igreja do convento de Santo António
(Aveiro)
1680, 15 de Junho - Retábulo mor da igreja
do colégio de Nossa Senhora da Graça
(Porto)
1683-1684 - Retábulo e forro da capela mor
da igreja da Venerável Ordem Terceira de
S.Francisco (Porto)
1684, 26 de Julho - Retábulo mor da igreja
do colégio de S.Bento (Coimbra)
1685, 1 de Agosto - Retábulo, tribuna e
trono da capela mor da igreja matriz
(Sertã)
1687, 13 de Fevereiro - Retábulo, tribuna e
sacrário da igreja matriz (Cernache do
Bonjardim)
1692, 2 de Abril (antes de) - Obra de talha
para a Sé (Coimbra)
1692, 2 de Abril - Obra de talha da capela
mor da igreja do mosteiro da Serra do
Pilar (Vila Nova de Gaia)
1692, 28 de Outubro - Retábulos laterais e
colaterais da igreja do mosteiro de Santa
Clara (Coimbra)
Domingos Nunes
1678, 19 de Dezembro - Obra do sepulcro da
Sé de Lamego
1679, 16 de Dezembro - Retábulo mor da
igreja do convento de Santo António (Aveiro)
1680, 15 de Junho - Retábulo mor da igreja
do colégio de Nossa Senhora da Graça (Porto)
1680-1684 - Talha diversa para a
Congregação do Oratório (Porto)
1682, 19 de Janeiro - Retábulos (seis) da Sé
do Porto
1682, 30 de Dezembro - Retábulos (dois) da
Sé do Porto
1683-1684 - Retábulo e forro da capela mor
da igreja da Venerável Ordem Terceira de
S.Francisco (Porto)
1684, 26 de Julho - Retábulo mor da igreja
do colégio de S.Bento (Coimbra)
1685, 1 de Agosto - Retábulo, tribuna e trono
da capela mor da igreja matriz (Sertã)
1687, 13 de Fevereiro - Retábulo, tribuna e
sacrário da igreja matriz (Cernache do
Bonjardim)
1692, 28 de Outubro - Retábulos laterais e
colaterais da igreja do mosteiro de Santa Clara
(Coimbra)
1693, 2 de Maio - Grades do coro e um
oratório do mosteiro de Santo Tirso (Santo
Tirso)
1696, 7 de Agosto - Retábulo e tribuna da 1696, 7 de Agosto - Retábulo e tribuna da
igreja do convento de Vilar de Frades igreja do convento de Vilar de Frades (Vilar
de Frades)
(Vilar de Frades)
1697, 6 de Agosto - Retábulo mor da igreja
de Cacia (Aveiro)
1701, 28 de Fevereiro - Retábulo e tribuna
da capela mor da igreja do convento de
Arouca (Arouca)
1701, 3 de Setembro - Retábulo mor da igreja
de Leça da Palmeira (Matosinhos)
1702, 12 de Outubro - Retábulo e outra
774
ALVES, N. M. (1989). A arte da talha no Porto na época barroca…pp. 123-129.
359
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
talha da capela de Jesus do convento de S.
Domingos (Aveiro)
1702, 3 de Novembro - Retábulos (quatro)
para a igreja do convento de Vila da Feira
(Santa Maria da Feira)
1704, 13 de Março - Grades da igreja do
mosteiro de Santa Clara-a-Nova (Coimbra)
1704, 17 de Junho - Retábulos colaterais,
frontais e frontispícios da igreja de Pena
Maior (Paços de Ferreira)
1704, 2 de Setembro - Obra do coro (e outra
talha) na igreja do mosteiro de S.Bento da
Vitória (Porto)
1705, 18 de Fevereiro - Retábulo de Nossa
Senhora da Nazaré da igreja dos Congregados
(Porto)
1709, 17 de Abril - Retábulos mor e
colaterais da igreja do convento das
Carmelitas Descalças (Aveiro)
1711, 28 de Março - Talha diversa da
capela mor e dois púlpitos da igreja do
mosteiro da Serra do Pilar (Vila Nova de
Gaia)
1717, 5 de Agosto - Retábulo e frontal de
Nossa Senhora da Conceição da igreja da
Venerável Ordem Terceira de S.Francisco
(Porto)
1718, 27 de Fevereiro - Talha da igreja do
convento de S.Bento da Avé Maria (Porto)
1718, 4 de Novembro - Retábulo e frontal
de Santa Rosa de Viterbo da igreja da
Venerável Ordem Terceira de S.Francisco
(Porto)
1718, 9 de Novembro - Talha da capela de
Nossa Senhora da Conceição ou da
“Árvore de Jessé” da igreja do convento de
S.Francisco (Porto)
1719-1722 - Retábulo e credências da
capela do Hospital do Espírito Santo de
Miragaia (Porto)
1722, 8 de Fevereiro - Talha do coro e
cadeiral do convento de Arouca (Arouca)
1724, 7 de Setembro - Retábulo, tribuna,
sacrário e banqueta da capela mor da
igreja de Miragaia (Porto)
1725, 7 e 19 de Fevereiro - Talha da capela
mor da igreja do mosteiro de Jesus
(Aveiro)
1730, 6 de Outubro - Retábulos (quatro) da
igreja da Venerável Ordem Terceira de
S.Domingos (Porto)
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 344 – Conjunto retabular da nave da igreja de Santa Clara-a-Nova executado por António
Gomes e Domingos Nunes em 1692775.
Imagem 345 – Retábulo-mor da igreja de Leça da Palmeira, em Matosinhos, de 1701, encomendado a
Domingos Nunes776.
775
776
Foto de 2014 cedida por Anabela Maria R. A. Carvalho.
Foto de autor de 2015.
361
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 346 – Retábulo-mor da igreja de Leça da Palmeira, em Matosinhos, de 1701, encomendado a
Domingos Nunes777.
Imagem 347 - Retábulos colaterais, frontais e frontispícios da igreja de Pena Maior, em Paços de
Ferreira, de 1704, encomendado a António Gomes778.
777
778
Foto de autor de 2015.
Foto de autor de 2015.
362
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 348 - Espaldares do cadeiral do coro da igreja do mosteiro de S. Bento da Vitória, de 1704,
contratados a Domingos Nunes779.
Imagem 349 - Espaldares do cadeiral do coro da igreja do mosteiro de S. Bento da Vitória, de 1704,
contratados a Domingos Nunes780.
779
780
SMITH, R. C. (1968). Cadeirais de Portugal. …, p. 58.
SMITH, R. C. (1968). Cadeirais de Portugal. …, p. 59.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 350 - Espaldares do cadeiral do coro da igreja do mosteiro de S. Bento da Vitória, de 1704,
contratados a Domingos Nunes781.
Imagem 351 - Espaldares do cadeiral do coro da igreja do mosteiro de S. Bento da Vitória, de 1704,
contratados a Domingos Nunes782.
781
782
SMITH, R. C. (1968). Cadeirais de Portugal. …, p. 60.
SMITH, R. C. (1968). Cadeirais de Portugal. …, p. 61.
364
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 352 – Painel figurativo de São Bento nas silvas, do espaldar do cadeiral do coro da igreja do
mosteiro de S. Bento da Vitória, de 1704, contratados a Domingos Nunes783.
Imagem 353 – Retábulo-mor da igreja de Miragaia, com contratos assinados em 1719-1722 e 1724
com António Gomes784.
783
784
SMITH, R. C. (1968). Cadeirais de Portugal. …, p. 62.
Foto de 2015 da minha autoria.
365
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 354 – Painel de relevo no lado do evangelho do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes785.
Imagem 355 - Painel de relevo no lado do evangelho do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes786.
Imagem 356 - Painel de relevo no lado do evangelho do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes787.
785
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
787
Foto de 2015 da minha autoria.
786
366
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 357 - Painel de relevo no lado do evangelho do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes788.
Imagem 358 - Painel de relevo no lado do evangelho do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes789.
788
789
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
367
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Imagem 359 - Painel de relevo no lado da epístola do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes790.
Imagem 360 - Painel de relevo no lado da epístola do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes791.
Imagem 361 - Painel de relevo no lado da epístola do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes792.
790
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
792
Foto de 2015 da minha autoria.
791
368
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 362 - Painel de relevo no lado da epístola do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes793.
Imagem 363 - Painel de relevo no lado da epístola do retábulo-mor da igreja de Miragaia, com
contratos assinados em 1719-1722 e 1724 com António Gomes794.
793
794
Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
369
Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 364 – Retábulo-mor da igreja do mosteiro de Jesus em Aveiro, de 1725, da autoria de
António Gomes795.
Imagem 365 – Painel do lado do evangelho no retábulo-mor da igreja do mosteiro de Jesus em Aveiro,
de 1725, da autoria de António Gomes796.
795
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Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 366 - Painel do lado do evangelho no retábulo-mor da igreja do mosteiro de Jesus em Aveiro,
de 1725, da autoria de António Gomes797.
Imagem 367 - Painel do lado do evangelho no retábulo-mor da igreja do mosteiro de Jesus em Aveiro,
de 1725, da autoria de António Gomes798.
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Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 368 - Painel do lado da epístola no retábulo-mor da igreja do mosteiro de Jesus em Aveiro, de
1725, da autoria de António Gomes799.
Imagem 369 - Painel do lado da epístola no retábulo-mor da igreja do mosteiro de Jesus em Aveiro, de
1725, da autoria de António Gomes800.
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Foto de 2015 da minha autoria.
Foto de 2015 da minha autoria.
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Os Retábulos da Nova Igreja de Santa Clara em Coimbra | Ana Rita Amado Carvalho
Imagem 370 - Painel do lado da epístola no retábulo-mor da igreja do mosteiro de Jesus em Aveiro, de
1725, da autoria de António Gomes801.
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Foto de 2015 da minha autoria.
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