José Soares de Araújo e Manuel Furtado de Mendonça: de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida
481
José Soares de Araújo
e Manuel Furtado de Mendonça:
de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida *
EDUARDO PIRES DE OLIVEIRA 1
MARIA CLÁUDIA ALMEIDA ORLANDO MAGNANI
2
Resumo
No arraial do Tijuco, (atual Diamantina) nas Minas Gerais do
século XVIII, se fixou um artista bracarense que veio a ser uma das
figuras mais instigantes da pintura colonial. José Soares de Araújo,
um pintor ilusionista requintado emergiu das recentes pesquisas
como um artista completo, hábil em diferentes linguagens e um
homem influente no seu tempo. Com uma suposta formação erudita
trazida da sua terra natal, exerceu na colônia muitos papéis. Guardamor, pintor, arquiteto, administrador de trabalhos artísticos, professor
de pintura. De família de poucos recursos em Braga, tornou-se
abastado, atuante e com uma especial mobilidade nas esferas sociais,
algumas delas habitualmente intransponíveis. Trouxe para o Tijuco a
pintura de quadratura, sem igual na região das Minas. Este trabalho
pretende mostrar, por meio de uma foto retratando uma pintura
bracarense de um tecto da Sé Catedral de Braga que não existe
mais, a possível influência do pintor minhoto Manuel Furtado e do
Jesuíta Andrea Pozzo na arte pictórica de José Soares de Araújo.
Palavras-chave: Arte colonial, Pintura, Quadratura.
1*
11
12
Comunicação apresentada na 38.ª Semana do Aleijadinho – 5.º Colóquio Internacional
de História de Arte. Ouro Preto, Minas Gerais, 16 a 21 de Novembro de 2015. Organização:
Perspectiva Pictorium / Universidade Federal de Minas Gerais.
epoedardo@gmail.com
magnani@redecitel.com.br
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
481
02-12-2015, 11:35
482
BRACARA AUGUSTA
Abstract
In the town then known as Arraial do Tijuco (now Diamantina),
in the state Minas Gerais in the eighteenth century, José Soares de
Araújo, an artist from Braga, Portugal came to live and eventually
became one of the most intriguing figures of colonial painting. From
recent research, we know that he was an exquisite illusionist painter,
a complete artist skilled in different artistic media and an influential
man in his day. He is thought to have been broadly educated in the
arts in his homeland, as he was able to play many erudite roles in
the colony. Guarda mor, painter, architect, art curator, professor of
painting. Although from a family of scarce means in Braga, he
became quite wealthy and socially mobile in the colony, ascending
the social ladder through spheres usually thought insurmountable.
He is credited for bringing the technique of faux architecture or
trompe l’oeil to the painting of the Tijuco region, in a way unsurpassed
in Minas Gerais. This work attempts to demonstrate, through a
photograph of a painting in Braga Cathedral that no longer exists,
the possible influence of Minho painter Manuel Furtado and of the
Jesuit Andrea Pozzo in the pictorial art of José Soares de Araújo.
Keywords: Colonial Art, Painting, Faux architecture.
No arraial do Tijuco, nas Minas Gerais do século XVIII, se fixou
um artista bracarense que veio a ser uma das figuras mais instigantes da pintura colonial brasileira. Um pintor ilusionista requintado
emergiu das recentes pesquisas como um artista completo, hábil em
diferentes linguagens e um homem influente no seu tempo. Com uma
suposta formação erudita trazida da sua terra natal, exerceu na
colônia muitos papéis. Guarda-mor, pintor, arquiteto, administrador
de trabalhos artísticos, professor de pintura. Oriundo de uma família
de poucos recursos em Braga, tornou-se abastado, atuante e com
uma especial mobilidade nas esferas sociais, algumas delas habitualmente intransponíveis. Trouxe para o Tijuco a pintura de quadratura, sem igual na região das Minas. Esta pintura refinada traz a
interrogação sobre a sua formação em Braga, sobre suas influências
e sobre os fatores que poderiam ter determinado as suas escolhas
artísticas. O que ele teria vivido e visto em Portugal e como teria se
formado seu gosto e seu olhar? Há a possibilidade de que esse
gosto e esse olhar tenham se educado e se apurado a partir de
vivências específicas em Braga, especialmente com os jesuítas.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
482
02-12-2015, 11:35
José Soares de Araújo e Manuel Furtado de Mendonça: de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida
483
Apesar dos esforços empetrados para se conseguir informações sobre a vida de José Soares de Araújo em sua cidade natal,
pouco se pôde inferir. Ali, as informações sobre esse artista são
escassas. Nada foi encontrado relativo a uma possível formação
artística ou a qualquer documento que o vinculasse à pintura ou
qualquer outra linguagem artística, nem tampouco qualquer documento relativo ao seu deslocamento para o Brasil foi identificado.
Não há registros de datas precisas para esses eventos. A pressuposição da sua formação artística antes de chegar à colônia é cabível,
uma vez que o requinte da sua pintura assim o sugere. Não só o
requinte, como a exclusividade de determinadas características
extremamente eruditas, sem igual nas Minas Gerais. Tendo em vista
o fato de ter-se ele dedicado à pintura pouco tempo após sua
chegada à colônia, ou pelo menos, pouco tempo depois da data do
primeiro registro da sua presença no arraial do Tijuco, atual cidade
de Diamantina, levanta-se a hipótese de que este pintor tenha se
formado antes da grande viagem.
É sabido que em Braga no século XVIII, ao lado de um forte
comércio e indústria havia também oficinas nas quais se podem
supor que o pintor bracarense pudesse ter-se instruído, quiçá como
um artista completo: pintor, dourador, entalhador e arquiteto. A existência de artistas que trabalhavam em distintas atividades como
desenho, talha, arquitetura não eram incomuns. No entanto, nada se
pôde encontrar que comprovasse que José Soares tivesse frequentado alguma dessas oficinas, ou que tivesse se instruído nas artes
de alguma maneira formal. Mesmo ali na sua cidade natal em Portugal, o único documento encontrado foi a sua certidão de batismo
na Igreja de São Victor, constante do Arquivo Distrital3.
A despeito da carência de documentos e de informações precisas, a compreensão da sociedade bracarense do século XVIII,
pode nos dar pistas sobre o que o artista teria vivido em sua terra.
A cidade de Braga foi sede da mais antiga diocese portuguesa. Os
arcebispos dali, até o século XVIII, ocuparam lugar da maior importância. Foi ainda o centro da região mais populosa de Portugal.
13
Esse documento fora já identificado e transcrito por Antônio Fernando B. Santos em sua
dissertação de mestrado intitulada A Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Diamantina
e as Pinturas Ilusionistas de Jozé Soares de Araújo: identificação e caracterização, que
foi apresentada no Departamento de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes da UFMG
em 2002. Em Investigação recente in loco verificamos a inexistência de outros documentos
quaisquer naquela cidade referentes a José Soares de Araújo.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
483
02-12-2015, 11:35
484
BRACARA AUGUSTA
Neste contexto, a arte nas suas distintas linguagens teve uma importância considerável.
A respeito da sua saída de Portugal, ou ainda de uma possível
concessão de autorização para viagem, não foram encontrados quaisquer registros. Na sua certidão de batismo tem-se a informação de
onde morava a família Soares de Araújo em Braga no momento do
nascimento de José Soares. Conquanto não exista uma definição do
tipo social do comerciante bracarense, é possível imaginar como teria
sido exteriormente a casa que os abrigava. A rua onde moravam não
possuía casas condizentes com aquelas de comerciantes mais abastados – com varandas e coberturas de gelosias. Essa informação é
definitivamente sugestiva da situação socioeconômica da sua família. A
referida rua, segundo consta no documento de batismo, é a Rua Nova
do Bico. No século XVIII, essa era uma rua periférica na cidade de
Braga: uma via de acesso à principal estrada que dava para o norte.
De uma maneira geral as casas ali eram baixas e pequenas, do tipo
porta/janela. Dentre as casas do período, esse tipo era sem dúvida o
mais simples. Ali só habitariam pessoas pobres. Tratava-se realmente
da periferia da cidade. A rua com a qual ela se entronca e que dá
acesso ao centro da cidade, chama-se Rua das Palhotas, um nome
bem sugestivo, que ainda hoje é considerada uma rua pobre.
No que concerne à sua vida na colônia, o primeiro registro
encontrado data de 15 de abril de 1759. Aqui referimo-nos à apresentação da sua patente de irmão na Ordem Terceira de Nossa
Senhora do Carmo 4. Alguns anos mais tarde, em 19 de agosto 1766,
ele recebeu a patente de Guarda-mor substituto 5. Ser guarda-mor
nas Minas, não exigia como condição sine qua non uma situação de
privilégio social ou econômica anterior. Desta forma, uma pessoa de
poucas posses poderia assumir este cargo, que pelas suas atribuições significava um considerável poder. Guarda-mor das minas e
águas minerais foi um cargo criado em 1679 cuja nomeação se dava
pelo Provedor das Minas. O cargo acumulava várias funções, dentre
as quais a concessão de licença a quem quisesse se dedicar a
descobrir minas6.
14
15
16
Arquivo da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, Diamantina. Livro dos Irmãos
Professos desta Venerável Ordem 3.ª de Nossa Senhora do Monte do Carmo deste
Arraial do Tijuco, fls. 5v.
Arquivo Público Mineiro, Códice n.º 147, Registro de Provisão e Nombramentos, Carta
Patente passada em Vila Rica e registrada às folhas 82-83v.
SALGADO, Graça et ali. Fiscais e Meirinhos: administração no Brasil colonial. Editora
Nova Fronteira/INL, Rio de Janeiro: 1985
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
484
02-12-2015, 11:35
José Soares de Araújo e Manuel Furtado de Mendonça: de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida
485
Ao lado da pressuposição de que José Soares não fosse um
homem rico em Portugal, tem-se a informação documentada de que
no Tijuco ele se tornou um homem influente e acumulou apreciável
número de posses. O seu testamento, que traz a data de 20 de abril
de 1789, é um documento que afiança uma situação socioeconômica
nada ordinária no Tijuco. No referido testamento, que se encontra
na Biblioteca Antônio Torres, em Diamantina, após declarar que é
natural da cidade de Braga, filho legítimo de Bento Soares e de
Tereza de Araújo já falecidos e, ainda, que nunca fora casado nem
tivera filhos, ele informa que possui bens como casas, uma chácara,
uma lavra e uma roça. Igualmente ilustrativo de sua riqueza e de
grande interesse para a temática aqui abordada é a posse de 22
escravos (dentre os quais se destacam João Camundongo com princípio de pintar e Vidal mulato, pintor e dourador) e ainda outros
objetos de ouro e prata. A documentação é bastante eloquente no
sentido de comprovar a boa situação socioeconômica de José Soares na colônia, ao contrário do que se pode supor sobre sua família
em Portugal.
Se abordarmos especificamente a pintura, no caso de José
Soares de Araújo, temos poucos elementos que nos apontem características claramente ou especificamente bracarenses no seu trabalho. É exatamente sobre um desses elementos, poucos, mas eloquentes,
que trataremos aqui. A dificuldade vai além da lacuna documental.
Por ter sido Braga uma cidade bastante rica e sede de um arcebispado de grande importância – houve entre os arcebispos de Braga
membros da Família Real – a renovação artística se fez notar.
Assim, os tetos das igrejas em sua maioria não mantiveram suas
pinturas do período do Barroco ou do Rococó. Com isso, fica restrita
a possibilidade de intelecção a respeito dos tipos de pinturas que
existiam ali.
Que pinturas José Soares de Araújo teria visto em Portugal?
Que outras imagens poderiam ter influenciado suas pinturas? Fato é
que a escolha de José Soares é a pintura de falsa arquitetura, ou
quadratura. É esta pintura, com o consequente e deliberado engano
do olho que o pintor bracarense leva para o Tijuco. Os efeitos
monumentais e impressionantes da quadratura estão relacionados à
afirmação e imposição de um determinado poder 7. Atravessando o
17
RAGGI, Giuseppina. Italia & Portogallo: un incrocio di sguardi sull’arte della quadratura,
in G. Sabatini, M.G. Russo, A. Viola, N. Alessandrini (org),”Di buon affetto e commerzio”:
relações luso-italianas nos séculos XV-XVIII, Lisboa: 2012.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
485
02-12-2015, 11:35
486
BRACARA AUGUSTA
Atlântico, levada para a colônia portuguesa na América, esteve sempre associada à busca do apreço público por parte das ordens
religiosas e da sua intenção de afirmação de superioridade de umas
sobre as outras. Destarte pode-se pensar que a escolha de José
Soares de Araújo tenha como um dos fatores determinantes a rivalidade entre as ordens religiosas terceiras.
Em Braga, como foi dito, a renovação foi possível pela importância e riqueza da sua arquidiocese. Neste sentido, pouco sobrou
do que havia como pinturas de tetos nas igrejas em se tratando do
período em que ali habitou José Soares de Araújo. Existe uma
fotografia, feita por Manuel Carneiro, em 1903 c., constante no seu
arquivo no Museu Nogueira da Silva em Braga, que retrata o teto do
coro alto da Sé desta cidade. Esta pintura, feita por Manoel Furtado
de Mendonça entre 1737 e 1738, veio abaixo, juntamente com o
teto, em 1960, sendo impossível a sua recuperação. Pela imagem
pode-se notar uma pintura de falsa arquitetura, com elementos que
também se encontram na pintura de José Soares de Araújo e remetem inegavelmente ao trabalho do jesuíta Andrea Pozzo. É notável a
grande semelhança entre o desenho e a volumetria do falso entablamento da pintura da Sé de Braga, da pintura da nave central da
Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Diamantina, pintada por José
Soares e do desenho do Tratado de Pintura e Arquitetura de Andrea
Pozzo e ainda do seu desenho que se encontra The National Gallery, em Washington. Trata-se da Illusionistic Architecture for the
Vault of San Ignazio, 1685/1690. (Cf. Figura n.º 04.) Outras semelhanças também podem ser citadas, como a utilização das falsas
colunas aos pares, presente tanto nas pinturas do José Soares,
quanto na obra de Pozzo.
Não é de admirar que só em data relativamente recente tenha
sido identificada esta pintura imensa que era o motivo de uma fotografia. É certo que se conheciam vários exemplares dessa fotografia,
uns em mau estado e uma em razoável condição de conservação;
também se sabia que o seu autor era um comerciante de Braga,
Manuel Carneiro. E com alguma especulação poder-se-ia localizá-la
algures, talvez como um dos tectos da Sé Catedral de Braga.
Tudo, porém, ficaria resolvido quando fizemos uma investigação na Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, no
decorrer de obras de intervenção na Catedral de Braga. As dúvidas
ficaram todas resolvidas quando pudemos compulsar o enorme dossiê da Catedral, um restauro iniciado em 1931 e que se estenderia
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
486
02-12-2015, 11:35
José Soares de Araújo e Manuel Furtado de Mendonça: de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida
487
por algumas dezenas de anos, tal a complexidade da intervenção e
a extensão dos trabalhos.
É importante aqui balizar-se muito rapidamente a filosofia dos
restauros que naquela data começaram a ser levados a cabo, de
forma sistemática, em Portugal.
A Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais foi
criada e desenvolvida em pleno período de ascensão do chamado
Estado Novo. Com uma filosofia que entroncava noutras que remontavam a vários séculos atrás, os monumentos mais importantes do
país eram ou os mais antigos ou, então, os que estavam ligados a
períodos ou personagens que tinham tido a maior relevância na
história de Portugal. Num país profundamente católico – quase se
pode dizer, pese o exagero, governado pela Igreja Católica – em que
o todo-poderoso primeiro-ministro Salazar tinha sido seminarista, a
Sé Catedral de Braga era, também por essa razão, considerada um
dos monumentos mais relevantes do país.
Não será, portanto, de admirar, que o restauro da mais antiga
Catedral de Portugal tenha sido um dos primeiros levados a cabo
pela recém-criada Direção-Geral e que tenha ido no sentido de lhe
devolver todas a aparência pétrea e, mais ainda, uma enorme verosimilhança medieval, sobretudo românica. Daí que se estranhe –
embora nos regozijemos com esse facto – que neste restauro se
tenha preservado o extraordinário conjunto do coro alto, do período
barroco. Esse restauro deu ao edifício a aparência que ainda hoje
mantém, a de um edifício sobretudo românico.
O coro alto foi desenvolvido em pleno período de Sé Vacante,
isto é, num momento em que já há alguns anos a Sé não estava a
ser governada por um arcebispo. Esse período foi muito longo, de
13 anos, entre 1728 a 1741. Nos anos em que governou o arcebispo antecessor, D. Rodrigo de Moura Teles (1704-1728) e nestes de
Sé Vacante, a Sé transformou-se interiormente: as pedras, isto é, as
paredes exteriores mantinham a estrutura medieval e renascentista;
o interior foi profundamente alterado, recebeu um sem fim de retábulos, as paredes laterais foram parcialmente cobertas com altos
alizares de azulejos e todos os tectos foram pintados. Uma nova
reforma operada na década de 1780 destruiu grande parte desta
obra barroca, mas não tocou em nada do coro alto, talvez pela
excepcional qualidade das obras que o compunham.
Não é, portanto, de admirar que mais tarde, no restauro dos
Monumentos Nacionais também não se tenha mexido nesta parte do
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
487
02-12-2015, 11:35
488
BRACARA AUGUSTA
templo. Mas se não foi intervencionado, se não se alterou, também
não se fizeram obras de beneficiação. Por essa razão não é de
admirar que um dia, em Março de 1960, o grande teto do coro-alto
tenha desabado, perdendo-se com ele a enorme pintura de perspectiva que Manuel Furtado de Mendonça tinha executado no final
da década de 1730 e que a fotografia que agora se apresenta
desvenda.
Valeu para a preservação da sua memória as fotografias que
no início do século XX Manoel Carneiro tinha feito e, na década de
1930, o inventário fotográfico que Domingos Alvão fizera para os
Monumentos Nacionais, como natural trabalho prévio antes da intervenção.
Valeram apenas as fotografias porque desta pintura não ficara
nenhuma memória escrita. O Âlbum da Sé de Braga”, editado por
Manoel Carneiro8, não só era apenas fotográfico como também não
mostrava nenhuma foto do coro alto. A monografia A Cathedral Santa
Maria de Braga, editada em 1922, da autoria do Padre Manuel
Aguiar Barreiros, então o responsável pela Sé, apenas referia as
pinturas muitíssimo de raspão:
Tal é a exeburância das talhas, dos dourados, das pinturas decorativas e da riqueza de madeiras que enchem nada
menos do que os dois tramos mais próximos da entrada principal 9.
Mais tarde, já em 1970, Robert Smith apenas se referiu muito
levemente à pintura em perspectiva da abóbada do lanternim, acrescentando depois em nota que não se conhecia o seu autor 10. Além
disso, reproduziu parcialmente essa pintura que representa os
Esponsais da Virgem.
A única publicação que refere explicitamente a pintura perdida
é um recentíssimo Guia em que se lamenta a sua perda:
No teto, como que a tudo presidindo, e continuando a
arquitetura, está uma pintura a fresco, de arquiteturas em
perspetiva, tendo no centro uma representação dos “Esponsais
18
19
CARNEIRO, Manoel – Âlbum da Sé de Braga. Braga, Manoel Carneiro, 1904 (?).
BARREIROS, Manuel Aguiar – A Cathedral Santa Maria de Braga.Estudos críticos
Archeologico-artisticos. Porto, Marques de Abreu, 1922, p. 48.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
488
02-12-2015, 11:35
José Soares de Araújo e Manuel Furtado de Mendonça: de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida
489
da Virgem” (1737?), da autoria de Manuel Furtado de Mendonça. Pena é que se tenha perdido em 1960 o grande tecto
que existia sobre o cadeiral, em que continuando a usar a
técnica do trompe l’oeil o pintor usava do artifício do quadro
recolocado, no que deveria ter sido um dos mais belos e
complexos tetos portugueses deste estilo11.
Após a queda, o tecto foi consolidado e recoberto por uma
pintura simplesmente branca. Lamentavelmente, no final da década
de 1990, o tecto recebeu a pintura actual, de qualidade muito questionável e sem qualquer paralelo com a pintura de Manuel Furtado
de Mendonça.
Cabem aqui algumas palavras sobre deste pintor. É um daqueles artistas de qualidades multifacetadas que continuamente se adaptou
ao gosto do encomendador. Tanto fazia obra de douramento como
de pintura de telas, ou de tectos. E, aqui, ainda temos que distinguir
entre tectos de caixotões de madeira, em que se pedia que se
executasse uma espécie de quadro em cada um dos espaços; tectos
de carácter eminentemente decorativos como, por exemplo, os que
poderá ter feito em Braga na capela-mor da igreja do convento
beneditino feminino do Salvador ou no salão nobre do Palácio dos
Biscainhos; e tectos de arquitecturas de perspectiva como o que
ainda existe no lanternim sobre os órgãos da Sé de Braga e, sobretudo, o interessantíssimo tecto que cobria o coro alto da mesma Sé,
infelizmente destruído em 1960.
Na capela de Nossa Senhora da Boa Morte (Correlhã, Ponte de
Lima) pintou em 1732-1733 os caixotões do tecto da capela-mor –
hoje perdidos – com um tema possivelmente mariano, no que poderá
ter repetido a receita que utilizara no convento beneditino feminino
de Barcelos alguns anos antes. Não excluímos que tenha sido autor
de outras telas ou, muito possivelmente, de várias tábuas mandadas
fazer para ali naquele mesmo ano; mas a documentação é muito
10
11
SMITH, Robert C. – Marceliano de Araújo. Escultor bracarense. Porto, Nelita editora,
1970, p. 42 e p. 83, nota 6, em que diz: A pintura, representando as Bodas da Virgem,
é anónima.
OLIVEIRA, Eduardo Pires de; SILVA, Libório Manuel – Guia da Sé de Braga/Guide to
Braga cathedral. Vila Nova de Famalicão, Centro Atlântico, L.da 2015, p. 114. Na página
115 reproduz-se a pintura dos Esponsais da Virgem.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
489
02-12-2015, 11:35
490
BRACARA AUGUSTA
pouco clara. Infelizmente não resta nenhum dos trabalhos que ali
executou 12.
A sua obra é conhecida desde o ano de 1722 data em que, em
parceria com outros mestres da sua cidade do Porto, arrematou o
douramento da renovada Capela do Santíssimo Sacramento, na Sé
de Braga13, trabalho que viria a abandonar no ano seguinte 14. No
mesmo dia em que largou a obra da Catedral, foi-lhe entregue o
douramento do retábulo de Santo António 15, na igreja de S. Vicente,
também em Braga, onde realizou mais outra obra menor.
Em 1725 pintou a tribuna da igreja do Bom Jesus da Cruz, em
Barcelos16. E, no ano seguinte, esteve envolvido com obras de enorme vulto no mosteiro de Santa Maria de Bouro (Amares), na pintura
e douramento de “quatro retábulos, frontais e forros das capelas da
igreja e catorze imagens das mesmas capelas e forros da igreja e
cúpula, estante da capela maior e dos altares de baixo ”17. Não sabemos, contudo, se esteve só nesta intervenção ou se contou com a
colaboração de outros colegas.
Em Julho de 1728 voltou a trabalhar em Barcelos, envolvendo-se, de novo, em obra de caixotões, os do tecto do corpo do templo
do convento beneditino, actual igreja do Terço, onde também executou algumas outras obras na sacristia e templo18. No ano de 1732
continuou com este tipo de trabalho, mas desta vez no outro lado do
rio Cávado, na igreja matriz da freguesia de Barcelinhos 19. O gosto
pelos textos de caixotões fora há muito, cerca de seis décadas,
abandonado em Braga. Mas se é certo que Braga não era um
12
13
14
15
16
17
18
19
Sobre esta capela veja-se: OLIVEIRA, Eduardo Pires – O Santuário de Nossa Senhora
da Boa Morte (Correlhã, Ponte de Lima) (no prelo).
29 de Agosto de 1722 – Contrato de obra de douramento do retábulo da capela do
Santíssimo Sacramento da Santa Sé desta cidade da mesa da confraria da dita capela
com Francisco de Mesquita e outros da cidade do Porto. ADB. Tabelião Público de
Braga, 2.ª Série, vol. 77, fls. 96v-98.
4 de Julho de 1723 – Distrate de escritura do douramento do retábulo do Santíssimo
Sacramento da Santa Sé Primaz dos juízes e oficiais da dita confraria.... ADB.
Tabelião Público de Braga 2.ª Série, vol. 78, fls. 102v-103.
Igreja de S. Vicente. Irmandade de S. Vicente. Vol. 3357. Livro 4º dos termos 1720-1736, fól. 65.
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira – Barcelos. Lisboa, Ed. Presença, 1990, p. 67.
ADB. Monástico Conventual. Mosteiro de Bouro (Amares). CI 47, fól. 11v.
ADB. Nota de Barcelos, vol. 180, fls. 134-135v. Publicado por VINHAS, Joaquim Alves
– A igreja de Nossa Senhora do Terço de Barcelos, na história e na arte nos inícios
do século XVIII – Iconografia dos seus emblemas. “Barcellos Revista”, Barcelos,
2.ª série, 7, 1996, pp. 74-75.
ADB. Nota Barcelos, vol. 850, fls. 119-120.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
490
02-12-2015, 11:35
José Soares de Araújo e Manuel Furtado de Mendonça: de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida
491
mercado que nas artes da pintura se pudesse considerar muito
evoluído, em Barcelos e Barcelinhos, povoações situadas a apenas
20 quilómetros, estava-se perante outro mercado, muito menos evoluído, de fortíssimo cariz regional, embora a povoação de Barcelos
tivesse uma certa expressão humana, pudesse mesmo ser considerada uma das maiores do Minho. Mas de um Minho profundamente
rural.
Nos anos de 1730 e 1735 Manuel Furtado de Mendonça trabalhou em Fão (Esposende), primeiro para dourar o retábulo e a
tribuna do altar-mor da igreja do santuário do Bom Jesus20, depois
para pintar a tribuna do altar das Almas de outra igreja, a matriz21.
Neste último ano sabê-lo-emos também a pintar várias telas para a
sacristia do convento da Costa (Guimarães), dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, e um retrato da rainha D. Mafalda, mulher
do primeiro rei português, D. Afonso Henriques22.
E foi no final desta década que executou a sua obra mais
conhecida, o douramento dos órgãos da Sé Catedral de Braga e a
pintura dos tectos do lanternim e coro alto, trabalho em que recebia
a fabulosa quantia de 1$000 réis por dia 23 e lhe era permitido estar
acolitado por uma grande quantidade de ajudantes, que também
eram pagos pelo Cabido 24. Entretanto, no ano de 1733 deve ter
dourado, juntamente com seu irmão Luís, um dos retábulos da igreja
da Ordem Terceira de São Francisco, também da cidade de Braga 25.
Pelo caminho ficaram outras duas obras maiores, estas atribuídas pois ainda não se encontrou qualquer documentação sobre elas,
as dos tectos da capela-mor do convento do Salvador e do salão
nobre do palácio dos Biscainhos, ambas em Braga.
20
21
22
23
24
25
ADB. Nota Esposende, vol. 238, fls. 93-94.
ADB. Nota Esposende, vol. 245, fls. 101v-102v.
SERRÃO, Vítor – As oficinas de Guimarães nos séculos XVI-XVIII e as colecções de
Pintura do Museu Alberto Sampaio. In: A colecção de pintura do Museu Alberto
Sampaio: séculos XVI-XVIII. Lisboa, Instituto Português de Museus, 1996, p. 106.
Nesta data um pintor/dourador de grande qualidade poderia receber um valor máximo
de $240 réis. A paga que recebia na Sé Catedral de Braga era, portanto, quatro vezes
superior ao máximo que se poderia pagar. Mas deve dizer-se que estava em consonância
com os valores recebidos pelos outros dois interventores nesta obra, o escultor/
/entalhador Marceliano de Araújo e o organeiro galego Simão Fontanes.
DODERER, Gerhard – Os órgãos da Sé Catedral de Braga. Lisboa, Barklays Bank,
1992, p. 12.
Arquivo da Ordem Terceira de S. Francisco, Braga. Igreja dos Terceiros. Livro de
recibo e despesa 1708-1739, fls. 70v-73.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
491
02-12-2015, 11:35
492
BRACARA AUGUSTA
Sobre a sua vida pessoal conhece-se muito pouco. Sabe-se
que era casado com Josefa Maria, que com ele assinou no ano de
1733 uma «doação, dote e património» feita a seu irmão António da
Silva Furtado de Mendonça26 . E em 1739 pediu autorização para
erigir uma capela junto à sua casa da Minhoteira, em Fragoso,
Barcelos. Não resta nenhuma memória desta capela; a casa anexa
é extremamente simples27 .
Ao contrário da esmagadora maioria dos demais artistas,
Manuel Furtado de Mendonça já beneficiou de alguma atenção da
história de arte portuguesa, nomeadamente de Magno Morais Melo28
e, sobretudo, de Vítor Serrão que nos dá dois apontamentos preciosos, embora curtos, sobre a globalidade da sua obra. Num, relativo à grande pintura sobre tela da rainha D. Mafalda, datada (1735)
e assinada, diz-nos que esta obra atesta no seu desenho, caracterização minuciosa dos adereços aristocráticos, na paisagem e no
sentido quente da cor, as qualidades plásticas, ingénuas mas de
forte sabor decorativo29. Noutro local 30 destaca-o no contexto do Norte
português e assinala possíveis origens da sua pintura de perspectiva, em que naturalmente se incluem estas duas do coro alto da
Catedral – de que, porém, não conheceu a que agora se apresenta
– que remete para modelos de gravura francesa (tectos da capela
do convento do Salvador e do salão nobre do palácio dos Biscainhos, ambos em Braga) e reveladores de uma “cultura pozzesca”
que se sente nas arquitecturas fingidas… em que explora, caso raro
entre nós, a “dupla perspectiva ilusória” do quadro dentro do quadro, no painel dos Esponsais da Virgem, da Sé Catedral de Braga,
que uma corte angelical desenhada em escorço apresenta aos assistentes.
26
27
28
29
30
11 de Setembro de 1733. Doação, dote e património que faz Manuel Furtado de
Mendonça e sua mulher Josefa Maria da freguesia de Fragoso a seu irmão e cunhado
António da Silva Furtado Mendonça. ADB. Nota Barcelos, vol. 858, fls. 135-136v.
14 de Junho de 1739. Registo de papeis para a fábrica da capela que de novo quer
erigir Manuel Furtado Mendonça, mestre das pinturas da Sé Primaz, na freguesia de
S. Pedro de Fragoso com a invocação de Sta Luzia e de Jesus, Maria e José na sua
quinta. ADB. Registo Geral, vol. 98, fls. 200v-214v.
Magno Morais Melo – Manuel Furtado e a pintura de tectos joaninos em Braga. “Minia”.
Braga, 3.ª série, 3, 1995, pp. 157-188.
De Vítor SERRÃO veja-se As oficinas de Guimarães nos séculos XVI-XVIII e as
colecções de Pintura do Museu Alberto Sampaio. In: A colecção de pintura do Museu
Alberto Sampaio: séculos XVI-XVIII. Lisboa, Instituto Português de Museus, 1996,
p. 106.
História de arte em Portugal: o Barroco. Lisboa, Ed. Presença, 2003, p. 259-260.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
492
02-12-2015, 11:35
José Soares de Araújo e Manuel Furtado de Mendonça: de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida
493
Pese as grandes lacunas ainda existentes no preenchimento
do seu percurso artístico, Manuel Furtado de Mendonça já era merecedor de uma monografia que analisasse a sua vida e obra,
porque se afirmou, pela sua grande mobilidade, um verdadeiro mestre regional que tanto trabalhou para personalidades relevantes,
como cónegos, monges, freiras e outro tipo de encomendadores.
A globalidade e variedade da sua obra mostram-nos bem qual
era o estado da pintura na mais importante metrópole religiosa
portuguesa, o arcebispado de Braga, situado no extremo norte do
país, bem longe da capital, Lisboa.
A fotografia de Manuel Carneiro resgata o elo entre a pintura
de Manuel Furtado de Mendonça em Braga e a de José Soares de
Araújo na colônia portuguesa da América. Ligando-os está a presença do Jesuíta Andrea Pozzo31 que alinhava os elementos pictóricos entre os dois pintores que se manifestaram em universos tão
distintos:
31
POZZO, Andrea. Perspectiva Pictorum et Architectorum, Andreae Putei e Societate
Jesu. Pars Secunda. Ex Typographya Jo: Jacobi Komarek Boeemi, propè SS. Vicentinum,
& Anastasium in Trivio.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
493
02-12-2015, 11:35
494
BRACARA AUGUSTA
Figura 1: Comparativo entre Forro da nave central do Carmo de Diamantina, pintado por
José Soares de Araújo; Pozzo, Andrea. Prospettiva de Pittori e Architetti. Parte Prima;
e o Coro alto da Sé de Braga pintado por Manuel Furtado.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
494
02-12-2015, 11:35
José Soares de Araújo e Manuel Furtado de Mendonça: de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida
495
Figura 2: Fotografria de Manuel Carneiro do Coro alto da Sé de Braga pintado por Manuel
Furtado. Arquivo Manoel Carneiro ASPA/Museu Nogueira da Silva.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
495
02-12-2015, 11:35
496
BRACARA AUGUSTA
Figura 3: Comparativo entre detalhe da Fotografria de Manuel Carneiro do Coro alto da
Sé de Braga pintado por Manuel Furtado e Andrea Pozzo, Tratado de Pintura e Arquitetura,
imagem XCIX.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
496
02-12-2015, 11:35
José Soares de Araújo e Manuel Furtado de Mendonça: de Braga ao Tijuco.
Reflexões sobre uma pintura perdida
497
Figura 4: Comparativo entre Andrea Pozzo, llusionistic Architecture for the Vault of San
Ignazio, 1685/1690. Pen and gray and brown ink with gray wash on two joined sheets of
heavy laid paper overall, in The National Gallery, Washingtone e fotografria de Manuel
Carneiro do Coro alto da Sé de Braga pintado por Manuel Furtado.
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
497
02-12-2015, 11:35
498
10_15_JOSE_SOARES_DE_ARAUJO.pmd
BRACARA AUGUSTA
498
02-12-2015, 11:35
503
Índice
Índice
Nota de Apresentação .....................................
DIRECTOR ........................................................
3
A diocese de Ceuta na solicitude pastoral de
D. Frei Justo Baldino (1478-1493) ..........
JOSÉ MARQUES ..............................................
5
Ainda a Reforma Católica na região de Vila
Verde (Deado). As visitações de S. Pedro
de Valbom (1556-1579) ..............................
FRANQUELIM N EIVA SOARES ............................
35
Pedra a pedra: pedreiros galegos na
arquitetura minhota do século XVIII .........
EDUARDO PIRES
Os tumultos entre Braga-Guimarães de
28-11-1885 .....................................................
LUÍS MIGUEL P. G. CARDOSO
A espiritualidade franciscana na poesia de
Frei Agostinho da Cruz (1540-1619) ......
MARIA
O PRP em Braga na 1.ª República: sucesso
eleitoral num ambiente adverso ................
AMADEU J. C. SOUSA ................................... 377
«O Arcebispo D. Frei Agostinho de Jesus e
a Semana Santa em Braga» .....................
RUI F ERREIRA ................................................ 391
Frei Jerónimo Baía por terras do Minho .....
LUÍS
José Soares de Araújo e Manuel Furtado de
Mendonça: de Braga ao Tijuco. Reflexões
sobre uma pintura perdida ........................
EDUARDO PIRES DE O LIVEIRA E
MARIA CLÁUDIA ALMEIDA ORLANDO MAGNANI 481
Recensões ..........................................................
LUÍS
DA
DA
DA
DE
OLIVEIRA ......................... 155
DE
MENEZES 269
CONCEIÇÃO CAMPS ........................ 365
SILVA PEREIRA ................................. 449
SILVA PEREIRA ................................. 499