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Copyright do Texto © 2021 Os autores
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Social
Prof. Me. Jose Elyton Batista dos Santos – Universidade Federal de Sergipe
Prof. Me. José Luiz Leonardo de Araujo Pimenta – Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria
Uruguay
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Profª Ma. Juliana Thaisa Rodrigues Pacheco – Universidade Estadual de Ponta Grossa
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Prof. Dr. Kárpio Márcio de Siqueira – Universidade do Estado da Bahia
Profª Drª Karina de Araújo Dias – Prefeitura Municipal de Florianópolis
Prof. Dr. Lázaro Castro Silva Nascimento – Laboratório de Fenomenologia & Subjetividade/UFPR
Prof. Me. Leonardo Tullio – Universidade Estadual de Ponta Grossa
Profª Ma. Lilian Coelho de Freitas – Instituto Federal do Pará
Profª Ma. Lilian de Souza – Faculdade de Tecnologia de Itu
Profª Ma. Liliani Aparecida Sereno Fontes de Medeiros – Consórcio CEDERJ
Profª Drª Lívia do Carmo Silva – Universidade Federal de Goiás
Prof. Dr. Lucio Marques Vieira Souza – Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura de
Sergipe
Prof. Dr. Luan Vinicius Bernardelli – Universidade Estadual do Paraná
Profª Ma. Luana Ferreira dos Santos – Universidade Estadual de Santa Cruz
Profª Ma. Luana Vieira Toledo – Universidade Federal de Viçosa
Prof. Me. Luis Henrique Almeida Castro – Universidade Federal da Grande Dourados
Prof. Me. Luiz Renato da Silva Rocha – Faculdade de Música do Espírito Santo
Profª Ma. Luma Sarai de Oliveira – Universidade Estadual de Campinas
Prof. Dr. Michel da Costa – Universidade Metropolitana de Santos
Prof. Me. Marcelo da Fonseca Ferreira da Silva – Governo do Estado do Espírito Santo
Prof. Dr. Marcelo Máximo Purificação – Fundação Integrada Municipal de Ensino Superior
Prof. Me. Marcos Aurelio Alves e Silva – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
Profª Ma. Maria Elanny Damasceno Silva – Universidade Federal do Ceará
Profª Ma. Marileila Marques Toledo – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Prof. Dr. Pedro Henrique Abreu Moura – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
Prof. Me. Pedro Panhoca da Silva – Universidade Presbiteriana Mackenzie
Profª Drª Poliana Arruda Fajardo – Universidade Federal de São Carlos
Prof. Me. Rafael Cunha Ferro – Universidade Anhembi Morumbi
Prof. Me. Ricardo Sérgio da Silva – Universidade Federal de Pernambuco
Prof. Me. Renan Monteiro do Nascimento – Universidade de Brasília
Prof. Me. Renato Faria da Gama – Instituto Gama – Medicina Personalizada e Integrativa
Profª Ma. Renata Luciane Polsaque Young Blood – UniSecal
Prof. Me. Robson Lucas Soares da Silva – Universidade Federal da Paraíba
Prof. Me. Sebastião André Barbosa Junior – Universidade Federal Rural de Pernambuco
Profª Ma. Silene Ribeiro Miranda Barbosa – Consultoria Brasileira de Ensino, Pesquisa e Extensão
Profª Ma. Solange Aparecida de Souza Monteiro – Instituto Federal de São Paulo
Profª Ma. Taiane Aparecida Ribeiro Nepomoceno – Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Prof. Me. Tallys Newton Fernandes de Matos – Faculdade Regional Jaguaribana
Profª Ma. Thatianny Jasmine Castro Martins de Carvalho – Universidade Federal do Piauí
Prof. Me. Tiago Silvio Dedoné – Colégio ECEL Positivo
Prof. Dr. Welleson Feitosa Gazel – Universidade Paulista
Engenharia agronômica: ambientes agrícolas e seus campos de atuação 2
Bibliotecária:
Diagramação:
Correção:
Edição de Arte:
Revisão:
Organizadora:
Janaina Ramos
Camila Alves de Cremo
Maiara Ferreira
Luiza Alves Batista
Os Autores
Tamara Rocha dos Santos
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
E57
Engenharia agronômica: ambientes agrícolas e seus campos
de atuação 2 / Organizadora Tamara Rocha dos
Santos. – Ponta Grossa - PR: Atena, 2021.
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5983-045-9
DOI 10.22533/at.ed.459210405
1. Agronomia. I. Santos, Tamara Rocha dos
(Organizadora). II. Título.
CDD 630
Elaborado por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
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Ponta Grossa – Paraná – Brasil
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DECLARAÇÃO DOS AUTORES
Os autores desta obra: 1. Atestam não possuir qualquer interesse comercial que constitua um
conflito de interesses em relação ao artigo científico publicado; 2. Declaram que participaram
ativamente da construção dos respectivos manuscritos, preferencialmente na: a) Concepção
do estudo, e/ou aquisição de dados, e/ou análise e interpretação de dados; b) Elaboração do
artigo ou revisão com vistas a tornar o material intelectualmente relevante; c) Aprovação final
do manuscrito para submissão.; 3. Certificam que os artigos científicos publicados estão
completamente isentos de dados e/ou resultados fraudulentos; 4. Confirmam a citação e a
referência correta de todos os dados e de interpretações de dados de outras pesquisas; 5.
Reconhecem terem informado todas as fontes de financiamento recebidas para a consecução
da pesquisa.
APRESENTAÇÃO
A “Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação” é
uma obra que apresenta dentro de seu contexto amplas visões que reflete em ambientes
agrícolas e seus campos de atuação trazendo inovações tecnológicas e sustentáveis que
proporciona em melhorias sociais, ambientais e econômicas para toda comunidade agrária.
A coleção é baseada na discussão científica através de diversos trabalhos que
constitui seus capítulos. Os volumes abordam de modo agrupado e multidisciplinar
pesquisas, trabalhos, revisões e relatos de que trilham nos vários caminhos da Engenharia
Agronômica.
O objetivo principal foi apresentar de modo agrupado e conciso a diversidade e
amplitude de estudos desenvolvidos em inúmeras instituições de ensino e pesquisa do
país. Inicialmente são apresentados trabalhos relacionados a sustentabilidade, envolvendo
questões agroecológicas, produção orgânica e natural, e suas relações sociais. Em
seguida são contemplados estudos acerca de inovações tecnológicas do meio rural, que
abrange qualidade de sementes, nutrição mineral, mecanização, genética, dentre outros.
Na sequência são expostos trabalhos voltados à irrigação e manejo do solo, envolvendo
processos hídricos, sistemas agroflorestais e adubação.
A obra apresenta-se como atual, com pesquisas modernas e de grande relevância
para o país. Apresenta distintos temas interessantes, discutidos aqui com a proposta de
basear o conhecimento de acadêmicos, mestres, doutores e todos que de algum modo se
dedicam pela Engenharia Agronômica. Abrange todas regiões do país, valorizando seus
diferentes climas e hábitos.
Inicialmente
são
apresentados
trabalhos
relacionados
a
sustentabilidade,
envolvendo questões agroecológicas, produção orgânica e natural, e suas relações sociais.
Em seguida são contemplados estudos acerca de inovações tecnológicas do meio rural, que
abrange qualidade de sementes, nutrição mineral, mecanização, genética, dentre outros.
Na sequência são expostos trabalhos voltados à irrigação e manejo do solo, envolvendo
processos hídricos, sistemas agroflorestais e adubação.
Assim a obra Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de
Atuação expõe um conceito bem fundamentado nos resultados práticos atingidos pelos
diversos educadores e acadêmicos que desenvolveram arduamente seus trabalhos aqui
apresentados de modo claro e didático. Sabe-se da importância da divulgação científica,
portanto ressalta-se também a organização da Atena Editora habilitada a oferecer uma
plataforma segura e transparente para os pesquisadores exibirem e disseminarem seus
resultados.
Tamara Rocha dos Santos
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 1
COMPARAÇÃO DO FLORENCIMENTO
CONVENCIONAL
Nathan Aparecido Grigoleto
Cesar Cayque de Andrade Gomes
Luiz Miguel de Barros
Luciana Teixeira de Paula
DO
TOMATE
HIDROPÔNICO
COM
O
DOI 10.22533/at.ed.4592104051
CAPÍTULO 2 ................................................................................................................. 6
HÁBITOS DE HIGIENE DE MANIPULADORES DE ALIMENTOS NO CONTEXTO
DOMÉSTICO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Rodrigo Vieira Apolonio
Andressa Nilce Cabral
Deise Gazineu Coraça
Carolina de Oliveira Virgolino Coelho
Cristina Vitor de Lima
Daiane Lima Martins
Ana Paula de Oliveira Pinheiro
Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes Faria
DOI 10.22533/at.ed.4592104052
CAPÍTULO 3 ...............................................................................................................22
ESTIMATIVA DA EMISSÃO DE CARBONO EQUIVALENTE A PARTIR DO USO DE
FERTILIZANTES NITROGENADOS NA CAFEICULTURA: ESTUDO DE CASO
Beatriz Regina de Oliveira Anderson
Geraldo Gomes de Oliveira Júnior
Daniela Ferreira Cardoso
Luciana Maria Vieira Lopes
Lucas Eduardo de Oliveira Aparecido
Patrícia Ribeiro do Valle Coutinho
DOI 10.22533/at.ed.4592104053
CAPÍTULO 4 ...............................................................................................................29
EFEITO DA PLICAÇÃO DE NUTRIENTES VIA FOLIAR E NO PAINEL DE SANGRIA NA
CULTURA DA SERINGUEIRA
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Mariana Ayres Rodrigues
Anita Schmidek
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
Antonio Lúcio Mello Martins
José Antonio Alberto da Silva
Marcelo Henrique de Faria
Fernando Bergantini Miguel
Monica Helena Martins
DOI 10.22533/at.ed.4592104054
SUMÁRIO
CAPÍTULO 5 ...............................................................................................................35
INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SOBRE COMPOSIÇÃO QUÍMICA, NA REGIÃO
DO INFRAVERMELHO, DE BIOCARVÃO PRODUZIDO A PARTIR DE CASCAS DE
CUPUAÇU
Fabrício Marinho Lisbôa
Selma de Oliveira Freitas
Michelle Silva Ramos
Melissa Andrade Zamai
Michely Andrade Zamai
DOI 10.22533/at.ed.4592104055
CAPÍTULO 6 ...............................................................................................................44
DIVERSIDADE DOS GRUPOS FUNCIONAIS DA FAUNA EDÁFICA SOB DIFERENTES
SISTEMAS DE PLANTIO DE MILHO
Gabriela Gonçalves Costa
João Henrique Araújo de Albuquerque
Antonio Hyago Mendes Gonçalves
Sérgio Manoel Alencar Sousa
José Jonas Gomes Cavalcante
Cícero Aparecido Ferreira Araújo
Eduardo Oliveira Nascimento
Kaline Oliveira da Silva
Cicero Cordeiro Pinheiro
Márcio Godofrêdo Rocha Lobato
Sebastião Cavalcante de Sousa
DOI 10.22533/at.ed.4592104056
CAPÍTULO 7 ...............................................................................................................52
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE UM PREBIÓTICO NO DESEMPENHO DE LEITÕES
DESMAMADOS
Eduardo Miotto Ternus
Fabrizzio Matté
Lucas Piroca
Thalita Malta
DOI 10.22533/at.ed.4592104057
CAPÍTULO 8 ...............................................................................................................60
CARACTERIZAÇÃO
DOS
PADRÕES
DE
DISTRIBUIÇÃO
ESPACIAL
DA
PRODUTIVIDADE DE GRÃOS POR MEIO DE MÉTODO SUPERVISIONADO E NÃO
SUPEVISIONADO
Gislaine S. Pereira
Leandro M. Gimenez
DOI 10.22533/at.ed.4592104058
CAPÍTULO 9 ...............................................................................................................70
EXPRESSION OF ACCUMULATED NITROGEN AND BIOMASS IN INOCULATED AND
COINOCULATED SOYBEAN IN SUGARCANE REFORM AREAS
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
SUMÁRIO
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Fernando Bergantini Miguel
José Antonio Alberto da Silva
Anita Schmidek
Marcelo Henrique de Faria
Marcelo Ticelli
DOI 10.22533/at.ed.4592104059
CAPÍTULO 10.............................................................................................................87
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA EM GUAÍRA E
VOTUPORANGA, ESTADO DE SÃO PAULO, EM 2019
Fernando Bergantini Miguel
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Anita Schmidek
José Antonio Alberto da Silva
Marcelo Henrique de Faria
Marcelo Ticelli
DOI 10.22533/at.ed.45921040510
CAPÍTULO 11 .............................................................................................................95
IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO TÉCNICO E GERENCIAMENTO DA SANGRIA
NOS SERINGAIS
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Antonio Lúcio Mello Martins
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
Anita Schmidek
Fernando Bergantini Miguel
José Antonio Alberto da Silva
Marcelo Henrique de Faria
Regina Kitagawa Grizotto
Marcelo Ticelli
DOI 10.22533/at.ed.45921040511
CAPÍTULO 12...........................................................................................................100
DETERMINAÇÃO DE TEORES DE CLOROFILAS E CAROTENOIDES EM ALFACE,
RÚCULA E CEBOLINHA
Lucas Alves Dias
Sérgio Shigueo Omura
Brenda Garcia
Rafael Eduardo Vansolini de Oliveira
Mírian da Silva Costa Pereira
DOI 10.22533/at.ed.45921040512
CAPÍTULO 13...........................................................................................................106
INFLUÊNCIA DA ALTURA DE POSICIONAMENTO E COR DAS ARMADILHAS NA
CAPTURA DE INSETOS
Rute Moreira Goveia
SUMÁRIO
Lawrência Maria Conceição de Oliveira
Elaine de Novais Chaves
Domingas Nilcely Farias da Conceição
Darcy Alves do Bomfim
Geslanny Oliveira Sousa
DOI 10.22533/at.ed.45921040513
CAPÍTULO 14........................................................................................................... 115
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA (Glycine max) SUBMETIDAS
A DIFERENTES INSETICIDAS EM TRATAMENTO DE SEMENTES E PERÍODOS DE
ARMAZENAMENTO
Gabriel Perez Ciscon
Nair Mieko Takaki Bellettini (in memoriam)
Silvestre Bellettini
João Henrique Sobjeiro Andrzejewski
Mathias Aparecido Alves
Luis Gustavo Perez de Oliveira
DOI 10.22533/at.ed.45921040514
CAPÍTULO 15...........................................................................................................124
VANTAGENS DA PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE MUDAS DE SERINGUEIRA EM
SUBSTRATO E BANCADA SUSPENSA
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Antonio Lúcio Mello Martins
Marli Dias Mascarenhas Oliveira
Oswaldo Vischi Filho
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
Anita Schmidek
Fernando Bergantini Miguel
José Antonio Alberto da Silva
Marcelo Henrique de Faria
Maria Argentina Nunes de Mattos
DOI 10.22533/at.ed.45921040515
CAPÍTULO 16...........................................................................................................133
ÍNDICE DE CLOROFILA EM Acmella oleracea SUBMETIDO À CONDIÇÕES DE
ESTRESSES POR SALINIDADE E SECA
Jhonatah Albuquerque Gomes
Rafael Magalhães de Aragão
Pedro Moreira de Souza Júnior
Marília de Freitas Cabral Aragão
Evely Juliana da Silva Oliveira
Danielle Siqueira da Silva Margalho
DOI 10.22533/at.ed.45921040516
CAPÍTULO 17...........................................................................................................140
ANÁLISE MULTIVARIADA NO ESTUDO DA INTERAÇÃO CULTIVARES, BACTÉRIAS E
SUMÁRIO
MICRONUTRIENTES NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE SOJA
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Fernando Bergantini Miguel
José Antonio Alberto da Silva
Marcelo Henrique de Faria
Regina Kitagawa Grizotto
Marcelo Ticelli
Anita Schmidek
DOI 10.22533/at.ed.45921040517
CAPÍTULO 18...........................................................................................................154
EFECTO DEL TOSTADOR EN EL PERFIL DE TUESTE EN CAFÉ ESPECIAL CON
DIFERENTE TAMAÑO
Guillermo Vargas-Elías
Carlos Cerdas Gerena
Sergio Barrantes Montoya
Jorge Castillo Vives
Fabiola Rojas Vásquez
DOI 10.22533/at.ed.45921040518
CAPÍTULO 19...........................................................................................................163
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES E CRESCIMENTO INICIAL
DE MUDAS DE Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna
João Victor da Silva Martins
Daniele Batista Araújo
Priscila Duarte Silva
Felipe Marinho Coutinho de Souza
Caíke de Sousa Pereira
José Manoel Ferreira de Lima Cruz
Adjair José da Silva
DOI 10.22533/at.ed.45921040519
CAPÍTULO 20...........................................................................................................169
PROJETO CONCEITUAL DE UMA ESTEIRA SELETORA DE CAFÉ DESENVOLVIDA A
PARTIR DE UM SENSOR DE COR INTEGRADO COM A PLATAFORMA ARDUÍNO
Alexander Carvalho Ramos
Igor Santos de Melo
Myrna Martins Santos Moreira
Suelen Marques de Oliveira Durão
Anderson Gomide Costa
Marcus Vinícius Morais de Oliveira
DOI 10.22533/at.ed.45921040520
CAPÍTULO 21...........................................................................................................175
VARIAÇÃO ESTACIONAL DAS BACIAS LEITEIRAS EM FUNÇÃO DAS ANÁLISES
ECONÔMICO-FINANCEIRAS NO BRASIL E NAS PROPRIEDADES RURAIS
Fernanda Giácomo Ragazzi
SUMÁRIO
Thérèsse Camille Nascimento Holmström
Dayane Aparecida Santos
Nelma Pinheiro Fragata
Elisa Cristina Modesto
DOI 10.22533/at.ed.45921040521
CAPÍTULO 22...........................................................................................................189
CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO APLICADO ÀS PERDAS NA COLHEITA
MECANIZADA DE CANA-DE-AÇÚCAR EM FUNÇÃO DO EXTRATOR PRIMÁRIO
Rodrigo Silva Alves
Victor Augusto da Costa Escarela
Flavio Junior Pichioni
Thiago Orlando Costa Barboza
Paulo Ricardo Alves dos Santos
Carlos Alessandro Chioderoli
DOI 10.22533/at.ed.45921040522
CAPÍTULO 23...........................................................................................................194
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA TRATADAS COM REGULADOR
VEGETAL PRODUZIDO A PARTIR DE LEVEDURA
Thaís Weber
Daiane Aparecida Weber
Bianca Pierina Carraro
Silvia Renata Machado Coelho
Odair José Kuhn
Thais Duquesne Falco
Diego Campeol
DOI 10.22533/at.ed.45921040523
CAPÍTULO 24...........................................................................................................205
PRODUTIVIDADE DE CANA-DE-AÇÚCAR DESTINADA À FORRAGEM ADUBADA COM
DIFERENTES TIPOS DE ESTERCO
Jonathan Bernardo Barboza
Vitor da Silva Rodrigues
Micaela Silva Coelho
Maria Izabel de Almeida Leite
Alan Keis Chaves de Almeida
Luzia Keli da Silva Coura
Laurenio Ventura Ferreira
Valéria Fernandes de Oliveira Sousa
Idelvan José da Silva
Cassiano Nogueira de Lacerda
Eliene Araújo Fernandes
DOI 10.22533/at.ed.45921040524
CAPÍTULO 25...........................................................................................................213
ALGORITMO DE MAPEAMENTO ESPECTRAL DE CICATRIZES DE QUEIMADAS NA
SUMÁRIO
CAATINGA ATRAVÉS DE DADOS ORBITAIS MODIS E OLI
José Galdino de Oliveira Júnior
Jadiene Moura dos Santos
Julyane Silva Mendes Polycarpo
José Rafael Ferreira de Gouveia
Pabrício Marcos Oliveira Lopes
Geber Barbosa de Albuquerque Moura
Cristina Rodrigues Nascimento
DOI 10.22533/at.ed.45921040525
CAPÍTULO 26...........................................................................................................222
PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA: QUALIDADE DO PROCESSO EM TRÊS
VELOCIDADES OPERACIONAIS
Thiago Orlando Costa Barboza
Rodrigo Silva Alves
Layane Aparecida Mendes dos Santos
Victor Augusto da Costa Escarela
Pedro Henrique Silva Guimarães Cruz
Carlos Alessandro Chioderoli
DOI 10.22533/at.ed.45921040526
CAPÍTULO 27...........................................................................................................228
MICROPROPAGAÇÃO DE GENÓTIPOS DE GÉRBERA A PARTIR DE FOLHA
PECIOLADA
Tarcisio Rangel do Couto
João Sebastião de Paula Araujo
DOI 10.22533/at.ed.45921040527
SOBRE A ORGANIZADORA...................................................................................243
ÍNDICE REMISSIVO .................................................................................................244
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
COMPARAÇÃO DO FLORENCIMENTO DO TOMATE
HIDROPÔNICO COM O CONVENCIONAL
Data de aceite: 03/05/2021
Nathan Aparecido Grigoleto
http://lattes.cnpq.br/2398533181410352
vinte e quatro dias, resultou em uma eficácia
de quinze dias adiantado,se comparado com o
sistema de cultivo convencional.
PALAVRAS-CHAVE: Tomate, hidroponia, tipos
de cultivo.
Cesar Cayque de Andrade Gomes
http://lattes.cnpq.br/5689257127790642
Luiz Miguel de Barros
http://lattes.cnpq.br/4730382979012706
Luciana Teixeira de Paula
http://lattes.cnpq.br/0709552327247223
RESUMO: Com as inovações na agricultura do
nosso país, o agricultor vem desenvolvendo
frequentemente
sistemas
de
cultivos
diferenciados. Alguns tipos de cultivos são
desenvolvidos para diminuir os custos, outros
com o intuito de produzir em maior quantidade
e em menos tempo. Visando esses tipos de
cultivos, um dos mais eficientes e com custo de
montagem acessível, é o sistema hidropônico
que se trata de uma fertirrigação: componentes
nutritivos levados até as plantas, através dos
sistemas de irrigações. Devido esse sistema dar
um resultado eficaz, atribuímos a ideia de induzir
essa maneira de cultivo no plantio convencional
na cultura do tomate (Solanumlycopersicum). Foi
utilizado vinte mudas de tomate, onde colocadas
na hidroponia, juntamente com uma solução
nutritiva apropriada para sua cultura. A mesma
em forma de sais solúveis em água, foi elaborada
através de recomendações via internet. O
acompanhamento do desenvolvimento das
mudas até seu florescimento, que ocorreu com
ABSTRACT: With the innovations in agriculture
in our country, the farmer has been developing
more and more differentiated cropping systems
every day. Some crops developed to reduce
costs, others due to low labor. Aimingat these
types of cultivation, one of the most efficient
and with an affordable assembly cost, it is the
hydroponic system that is a fertigation: nutritious
components, brought to the plants, through the
irrigation systems. Because this system gives an
effective result, we attribute the idea of inducing
this way of cultivation in conventional planting in
tomato culture (Solanum lycopersicum). Twenty
tomato seedlings were used, where placed in
hydroponics, together with an appropriate nutrient
solution for tomato cultivation. The same in the
form of water-soluble salts, was acquired via the
internet. The monitoring of the development of
the seedlings until their flowering, which occurred
within 24 days, resulted in an efficiency of 15 days
earlier, compared to the conventional cultivation
system.
KEYWORDS: Tomato, hydroponics, types of
cultivation.
INTRODUÇÃO
No Brasil, a produção da cultura do
tomateiro (Solanum lycopersicum) da família
das Solanáceas, da qual também fazem parte a
batata, a berinjela, a pimenta, o pimentão, entre
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 1
1
outras hortaliças, se concentram nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do
Sul, Rio de Janeiro e Goiás. Essa produção é corresponde à 80% do volume comercializado.
Entretanto, ainda que em menor escala, planta-se tomate nos demais Estados brasileiros.
(Lúcio Brunale 1993).
Com as inovações e técnicas de cultivo no Brasil, um dos mais comuns e mais
utilizados em hortaliças é o cultivo hidropônico. Com facilidade de montagem,pouco custo
de investimento e uma boa rentabilidade, sendo uma saída para quem tem pouco espaço
de terreno e pensa em cultivar hortaliças, entre outros cultivares. Nos dias atuais o cultivo
hidropônico é tão comum, que em várias culturas foram implantadas esse meio de cultivo
e deram resultados excelentes.
O cultivo hidropônico do tomateiro é uma técnica com a qual pode-se obter maior
produtividade e melhoria no controle de diversos fatores durante o ciclo produtivo. (Furlani
et al., 1999; Cometti, 2003)
Os cultivos hidropônicos possibilitam a obtenção de produtos de boa qualidade
quando comparados aos sistemas convencionais, devido a maior uniformidade na colheita
e eficiência no uso da água para fins de irrigação. (Faquin et al., 1996; Teixeira 1996)
OBJETIVO
O presente trabalho teve como principal objetivo identificar os benefícios do cultivo
do tomate através da hidroponia.
Comparando com o cultivo do tomate convencional, analisando o progresso dos
estágios da cultura, como o período de tempo até seu florescimento, sendo este um fator
muito importante para a formulação dos resultados.
Avaliar o desenvolvimento das raízes, onde é de grande importância, por ser o local
onde ocorre a maior absorção dos nutrientes nesse tipo de cultivo.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em zona urbana, na cidade de Tabapuã-SP, do dia04/07/2018
à 16/08/2018. Foram formadas oitenta mudas de tomate (Solanum lycopersicum)da
variedade MILAGOS, produzido pela SAKATA SEED SUDAMERICA. Posteriormente
selecionando vinte mudas mais sadias para a realização do experimento.
A hidroponia foi feita por fluxo laminar NFT (O sistema hidropônico NFT é umatécnica
de cultivo em água, no qual as plantas crescem tendo o seu sistema radicular dentro de
um canal ou canaleta através do qual circula uma solução nutritiva composta de água e
nutrientes).
Foram utilizados canos de PVC de 4 polegadas (10,6cm) com furos de 54 milímetros.
As mudas foram colocadas nos canos com quinze dias após o plantio em bandejas,
sustentadas por copos descartáveis com furos no fundo.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 1
2
Os canos tinham o tamanho de 3 metros, tendo estes inclinação para que a água
retornasse ao reservatório pela força da gravidade. Com declive padrão para o tomateiro,
de 2 centímetros por metro, totalizando 6 centímetros por cano. As mudas foram inseridas
com espaçamento de 60 centímetros entre elas, como ilustra a imagem abaixo:
1
Mangueira que leva solução nutritiva até os canos.
2
Tambor com solução nutritiva.
3
Copos descartáveis onde ficaram suspensas as mudas.
4
Canos de PVC onde corre a lâmina d’água com nutrientes
A solução nutritiva foi composta por sulfato de potássio, nitrato de potássio, nitrato
de magnésio, coquetel de micronutrientes, fósforo, ferro e cálcio.
A solução é recomendada para um tambor de 500 litros. Saturamos esses sais
dividindo por 10, para um tambor de 50 litros. Foi realizado uma medição de 3 em 3 dias
da condutividade elétrica (Milisiemens), e através desta foi medido os sais compostos na
água. Esses “sais” são os nutrientes dissolvidos em água que nutre as plantas, foram
medidos através de um aparelho de chama CONDUTIVÍMETRO (medidor de concentração
de sais que tem em determinada solução).
A condutividade chegava a sua menor concentração de sais medindo 1,2 milisiemens
ao 3º dia, e ao seu pico maior após adicionar nutrientes chegou a 2,1 milisiemens.
Os nutrientes vieram em forma de “pó” solúvel em água. Segue abaixo a tabela em
g (gramas) que demonstra a quantidade dos nutrientes em 500 litros d’água e seu resultado
após saturar para 50 litros:
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 1
3
Qtd
em
Litros
Cálcio
Fósforo
Sulfato
de
potássio
Nitrato
de potássio
Nitrato de
Magnésio
Ferro
Micro
Nutrientes
500L
340g
134g
100g
150g
50g
15g
15g
50L
34g
13,4g
10g
15g
5g
1,5g
1,5g
Para fazer a água se locomover do reservatório para os canos, foi utilizado uma
bomba de aquário com vazão de 90 L/m, formando assim uma lâmina d’água nos canos,
a bomba ficou ligada em todo o período do experimento por 24 horas, sem desligamento.
Dessa forma o tomate de maneira alguma ficou sem solução nutritiva circulando entre eles,
e assim foi feito do começo ao fim do experimento.
RESULTADOEDISCUSSÕES
De acordo com a TAKAGAKI HORTALIÇAS, os tomates apresentam suas primeiras
flores entre 45 a 50 dias após o transplante de mudas. Comparado com os dados coletados
no decorrer do trabalho, os tomates cultivados começaram o seu florescimento no dia
30/07/18, ou seja, 24 dias após serem transplantados para o sistema hidropônico.
Analisando também o sistema radicular do tomate hidropônico, que em média
chegaram aos seus 90 centímetros, podemos identificar um grande desempenho comparado
com dados do BOLETIM CIENTIFICO DO INSTITUTO AGRONÔMICO DO ESTADO DE
SÃO PAULO, as raízes no sistema convencional não ultrapassam os 75 centímetros. Segue
abaixo o gráfico com os dados estatísticos da comparação entre os 2 sistemas de cultivo.
CONCLUSÕES
Com resultados significativos, os dados coletados no presente trabalho, mostram
que o tomate hidropônico tem um florescimento precoce se comparado ao convencional,
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 1
4
ou seja, também será antecipada a frutificação dos mesmos. O seu desempenho no
desenvolvimento de raízes também demonstra um resultado surpreendente, onde as
mesmas podem chegar à 15 centímetros a mais do que no cultivo convencional, aumentando
a sua capacidade de absorção dos nutrientes.
Com isso, conseguimos concluir a grande eficácia no cultivo do tomate hidropônico,
onde comparado ao cultivado convencionalmente, conduz uma produção em menor período
de tempo.
REFERÊNCIAS
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças.-Brasília:
EMBRAPA·SPI, Lúcio Brunale 1993.
FURLANI PR;SILVEIRA LCP; BOLONHEZI D; FAQUIN V. 1999. Cultivo hidropônico de plantas.
Campinas: Instituto Agronômico. 50p. (Boletim técnico, 180)
FAQUIN V;FURTINI NETO AE; VILELA LAA. 1996. Produção de alface em hidroponia. Lavras: UFLA.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 1
5
CAPÍTULO 2
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
HÁBITOS DE HIGIENE DE MANIPULADORES
DE ALIMENTOS NO CONTEXTO DOMÉSTICO
DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Cristina Vitor de Lima
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 26/03/2021
Rodrigo Vieira Apolonio
Programa de Pós-graduação em Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso - IFMT
Cuiabá – MT
http://lattes.cnpq.br/6471729534761183
Andressa Nilce Cabral
Programa de Pós-graduação em Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso - IFMT
Cuiabá – MT
http://lattes.cnpq.br/2918466511775372
Deise Gazineu Coraça
Programa de Pós-graduação em Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso - IFMT
Cuiabá – MT
http://lattes.cnpq.br/8900988912715205
Carolina de Oliveira Virgolino Coelho
Discentes - Programa de Pós-graduação em
Ciência e Tecnologia de Alimentos, Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Mato Grosso - IFMT
Cuiabá – MT
http://lattes.cnpq.br/7914405504033661
Programa de Pós-graduação em Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso - IFMT
Cuiabá – MT
http://lattes.cnpq.br/7902777889043005
Daiane Lima Martins
Programa de Pós-graduação em Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso - IFMT
Cuiabá – MT
http://lattes.cnpq.br/1898233382567425
Ana Paula de Oliveira Pinheiro
Programa de Pós-graduação em Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso - IFMT
Cuiabá – MT
http://lattes.cnpq.br/2925234725006342
Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes Faria
Programa de Pós-graduação em Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso - IFMT
Cuiabá – MT
http://lattes.cnpq.br/0343631478123162
RESUMO: Os alimentos são facilmente expostos
à contaminação, por isso é preciso que eles
sejam corretamente higienizados, manipulados
e conservados. Higienização e a sanitização
adequada dos alimentos em ambiente domiciliar
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 2
6
contribuem positivamente na saúde pública reduzindo casos de agravos à saúde e até
mesmo internação. O objetivo do presente estudo foi analisar a aplicação das boas práticas
de manipulação, higienização e sanitização dos alimentos frescos e embalados em ambiente
domiciliar. Os dados foram coletados a partir de formulário online com a participação de
260 voluntários. O formulário abordou questões sociodemográficas, hábitos de higiene e
aplicação das boas práticas na manipulação dos alimentos. Entre os participantes, observouse que 78% são do sexo feminino, 47,69% se declararam casados ou em união consensual,
com ensino superior incompleto (27,7%). A maioria (65%) não mora com menor de 10 anos
ou maiores de 60 anos (77%). A higienização das mãos é realizada ao longo do dia para
58% dos participantes, principalmente antes das refeições (91%) e após tocar a superfície
da embalagem (68%). O distanciamento social, uso de máscaras e lavagem frequente das
mãos estão entre as medidas de mitigação no combate à transmissão do SARS-CoV-2. Entre
os entrevistados, 41,0% afirmaram que não evitam conversar durante o ato de preparo dos
alimentos e 56% higienizam frutas e verduras antes do armazenamento na geladeira, apenas
com água e sabão (29%) e 44% não higienizam alimentos embalados (latas e embalagens
plásticas). A geladeira é higienizada apenas com água e sabão para 74% dos participantes.
Conclui-se que as boas práticas de manipulação de alimentos e tópicos de educação em
saúde não estão disseminadas entre a população, mesmo com a facilidade no acesso de
diversos manuais de instruções de agências especializadas.
PALAVRAS-CHAVE: Alimentação, Coronavírus, Segurança dos alimentos.
HYGIENE HABITS OF FOOD HANDLERS IN THE DOMESTIC CONTEXT
DURING THE COVID-19 PANDEMIC
ABSTRACT: Food is easily exposed to contamination, so it needs to be properly sanitized,
handled and preserved. Hygiene and adequate sanitation of food in the home environment
contribute positively to public health by reducing cases of health problems and even
hospitalization. The aim of the present study was to analyze the application of good practices
for handling, sanitizing and sanitizing fresh and packaged food in a home environment. The
data were collected from an online form with the participation of 260 volunteers. The form
addressed sociodemographic issues, hygiene habits and application of good practices in food
handling. Among the participants, it was observed that 78% are female, 47.69% declared
themselves married or in a consensual union, with incomplete higher education (27.7%). The
majority (65%) do not live with children under 10 or over 60 (77%). Hand hygiene is carried
out throughout the day for 58% of participants, mainly before meals (91%) and after touching
the surface of the packaging (68%). Social detachment, wearing masks and frequent hand
washing are among the mitigation measures to combat the transmission of SARS-CoV-2.
Among the interviewees, 41.0% stated that they do not avoid talking during the act of preparing
food and 56% sanitize fruits and vegetables before storage in the refrigerator, only with water
and soap (29%) and 44% do not sanitize packaged foods (cans and plastic packaging). The
refrigerator is sanitized only with water and soap for 74% of the participants. It is concluded
that good practices in food handling and health education topics are not widespread among
the population, even with the ease of accessing several instruction manuals from specialized
agencies.
KEYWORDS: Food, Coronavirus, Food safety.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 2
7
1 | INTRODUÇÃO
1.1 Doenças transmitidas por alimentos
Sabe-se que patógenos alimentares precisam necessariamente ser ingeridos pelo
indivíduo para desencadear uma doença alimentar. Esses agentes causadores de doenças
seguem a rota fecal-oral, cujo veículos de transmissão são desde insetos, água e dedos
de manipuladores com hábito de higiene insatisfatórios, que por sua vez contaminam os
alimentos, utensílios, pequenos objetos e embalagens, que seguindo a rota fecal-oral,
chegam até a boca causando doenças (JAY, 2005).
O modo de contaminação dos alimentos pode ocorrer quando as Boas Práticas
não são aplicadas, microrganismos indesejáveis podem migrar para alimento quando
ele entra em contato com fontes de contaminação, como solo, água não potável, pragas
urbanas, manipuladores sem asseio pessoal, falta de higienização de utensílios. Depois de
contaminado o alimento se torna um transmissor de doenças (DTA’s) (ANVISA, 2016). As
doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) podem ser causadas por substâncias tóxicas,
parasitas, bactérias e toxinas. Os agentes etiológicos de origem bacteriana são os mais
comuns (OLIVEIRA et al., 2010).
As doenças transmitidas por alimentos podem apresentar desde sintomas leves
e temporários, que não são limitantes para o indivíduo, até sintomas mais graves,
que exigem a internação hospitalar e podem levar à morte. Por esse motivo, houve a
necessidade de elencar os microrganismos quanto ao perigo que representam à saúde
humana. Microrganismos com risco considerado médio que podem ou não necessitar
de hospitalização, mas com disseminação potencialmente extensa são Escherichia coli
enteropatogênicas, Salmonella spp, Listeria monocytogenes, Streptococcus pyogenes
(AMORIM, 2012).
As doenças que são transmitidas por alimentos têm relação com fatores que
contribuem para sua ocorrência, dentre eles, as mãos dos manipuladores como fonte
de patógenos contaminantes. Os microrganismos estão por toda parte e lidar com esse
problema, é lidar com hábitos que necessitam ser mudados para fins de melhorar a
segurança do alimento, inclusive no âmbito doméstico (FORSYTHE, 2013).
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, entre o período de 2007 a
2016, a contaminação no ambiente domiciliar foi responsável por 38,9% dos casos de de
toxinfecções alimentares. Dentre os agentes envolvidos nos surtos, os microrganismos
foram identificados em 90,5% dos casos, sendo a Salmonella spp a mais identificada,
seguida por Escherichia coli e Staphylococcus aureus em número de casos (BRASIL,
2016).
Além de poder resultar até em morte, as DTA’s podem incapacitar a pessoa de
retornar ao trabalho ou de cuidar das obrigações diárias, durante a recuperação, as
atividades da pessoa afetada pode ficar limitada devido aos sintomas (RANTHUM, 2002).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 2
8
1.2 A pandemia de Sars-Cov-2 versus alimentos
A pandemia causada pelo COVID-19 tem trazido muitas preocupações para a
população global, desde o seu começo em 2019 até dezembro de 2020 mais de 45 milhões
de pessoas foram infectadas causando mais de 1 milhão de mortes (OMS, 2020). Sem uma
previsão clara para o fim dessa pandemia, seus efeitos têm afetado muitos setores além
da saúde pública, como as indústrias e comércios, mercado de trabalho, meio ambiente e
política, entre outros. De forma geral a pandemia tem alterado a forma como o ser humano
se relaciona com o ambiente onde está inserido bem como nos hábitos de consumo, como
por exemplo, na adoção de novos hábitos de higiene alimentar (BURLEA-SCHIOPOIU et
al., 2021).
Com avanço da pandemia algumas questões sobre segurança dos alimentos foram
evidenciadas, visto que se baseia em quatro pilares fundamentais: disponibilidade, acesso,
consumo e estabilidade. Os prejuízos das atividades de transporte, exportação e importação,
restrição da circulação de pessoas, fechamento de atividades do setor alimentício, entre
outros, trouxeram grandes impactos nos pilares que sustentam a segurança alimentar
(LABORDE et al. , 2020). Em especial ao consumo, novas medidas começaram a ser
tomadas pela população de maneira a garantir a ingestão de alimentos mais seguros em
seus lares (HAN et al., 2021).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diante das informações divulgadas
relacionadas aos alimentos e no cenário pandêmico atual, reitera que os alimentos não
configuram uma via de transmissão para COVID-19 (OMS, 2020). No entanto, frente a
persistência do vírus no ambiente e em superfícies de contato com o alimento, como plástico
e papel (VAN DOREMALEN et al., 2020) têm-se um cenário preocupante relacionado aos
hábitos higiênicos domésticos do consumidor o que pode configurar um potencial rota de
transmissão para a COVID-19 (HAN et al.,2021).
Em ambiente doméstico, é mais comum do que em ambiente industrial a ocorrência
de contaminação cruzada, ou seja, a migração de microrganismos patogênicos de um
alimento para o outro por intermédio de superfícies, utensílios e pelas mãos do manipulador.
Na cozinha é comum encontrar objetos variados, como, decorações e outros tipos de
materiais (OLIVEIRA, 2017).
A higiene pessoal e principalmente das mãos é uma ação preventiva no combate
aos novo coronavírus. Kratzel et al. (2020), demonstraram que o uso de álcoois em duas
formulações sugeridas pela OMS é eficiente para inativar o vírus SARS-CoV-2. Outros
meios de desinfecção como a aplicação de luz ultravioleta (UV), banho-maria quente com
água a 56 °C por 30 minutos, desinfetantes contendo cloro, ácido peracético ou etanol 75%
podem inativar o vírus com eficácia (YAN et al., 2020).
A água e sabão possuem baixa eficiência comparados com outros métodos de
higienizar as mãos, mas mesmo assim, reduzem o número de microrganismos e vírus pela
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 2
9
remoção mecânica. E mesmo a higienização das mãos sendo um método muito eficaz para
o combate da proliferação do vírus, a higiene bucal também se faz necessária para reduzir
a infecção e propagação da COVID-19 (BAINS & BAINS, 2020; KAMPF & KRAMER, 2004).
A contaminação dos alimentos frescos pode ocorrer, no campo a partir do solo, da
matéria orgânica, de fertilizantes orgânicos, da água de rega, dos insetos e animais ou
contato humano, nas condutas e práticas póscolheita ou da falta eficiente nas
fases de
processamento (HEATON & JONES, 2008; FERNANDES et al., 2014).
Entre os microrganismos patogênicos de origem alimentar destacamse Salmonellas
spp, estirpes enteropatogénicas de Escherichia coli, Listeria monocytogenes, Campylobacter
jejuni e Shigella spp (RICO et al., 2007; WARRINER et al., 2009).
Dessa forma, a prática de lavagem associada ao emprego de soluções desinfetantes
é classificada a única forma do processo na qual pode ser obtido a redução no número de
microrganismos, colaborando assim, para a segurança de frutas e hortaliças (COSSU et
al., 2017). No entanto, a ineficiência das etapas de higienização e desinfecção influenciarão
diretamente a qualidade microbiológica do produto final (OLAIMAT & HOLLEY, 2012).
A lavagem com água potável elimina os componentes do solo e alguns patogênicos,
porém não é suficiente para diminuir significativamente a carga microbiana (JOSHI et al.,
2013). Os desinfetantes utilizados na indústria alimentar, em especial em produtos frescos,
são os constituídos à base de cloro e clorados (ÁLVARO et al., 2009). Além da sua facilidade
e praticidade de utilização, possui baixo custo, alta ação antimicrobiana e completa diluição
em água, fazendo com que sejam utilizados de modo frequente (SELMA et al., 2008; GIL
et al., 2009; JOSÉ et al., 2014a).
1.3 A higiene das superfícies e utensílios
Sabe-se que não são apenas a má higienização das mãos ou aplicação incorreta
dos processos de cozimento dos alimentos que podem causar a contaminação de
microrganismos. As superfícies, utensílios e eletrodomésticos que entram em contato com
os alimentos também são comprovadamente fatores de risco de contaminação. Portanto,
a limpeza e higienização são fundamentais para obtenção da segurança dos alimentos
(SOUZA et al, 2015).
Superfícies como papel de impressão ou tecido em 3 horas após a exposição e
de madeira e tecido em dois dias após a exposição, não possibilitaram a recuperação do
vírus. No entanto, o SARS-CoV-2 sobreviveu quatro dias em vidro e cédulas e sete dias em
aço inoxidável e plástico. A pesquisa também apresentou um dado alarmante quanto ao
descarte de materiais, constando que um título significativo de vírus (2,79 ± 0,46 log TCID 50
/ ml) ainda sobrevivia na camada externa de uma máscara cirúrgica mesmo após sete dias
da inoculação, sugerindo precaução ao descartá-la (CHIN et al., 2020).
Em outra pesquisa, onde se analisou a persistência de HuCoVs em diferentes
tipos de superfície inanimada, os autores constataram períodos infecciosos variando
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de 2 horas a nove dias. Este estudo também apontou que certas condições ambientais,
como temperatura e umidade, podem influenciar a viabilidade dos vírus. Temperaturas
entre 30 e 40°C diminuíram a duração da sobrevivência dos coronavírus em superfícies,
mas permaneceram viáveis à 4°C por até 9 dias (KAMPF et al., 2020). Estas informações
apresentadas em literatura reforçam e deixam evidente que o contato frequente com
fômites e outros objetos configura uma fonte efetiva de transmissão viral, além do controle
ineficiente da temperatura do cozimento, resfriamento e estocagem dos alimentos, falha no
processo, contaminação cruzada e higiene pessoal do manipulador. Portanto, no âmbito
doméstico a higiene é crucial para promoção e manutenção de uma boa saúde, sendo
recomendável a correta higiene dos alimentos antes de guardá-los na geladeira e/ou
armários após sua aquisição em mercados (FORSYTHE, 2013; IFH, 2019; LEITE et al.,
2020).
A redução da carga microbiana possivelmente presente nos alimentos frescos
e nas embalagens de alimentos em geral é alcançada através da aplicação correta de
manipulação em todas as etapas ao qual o alimento é exposto, assim, no âmbito doméstico
a higiene desses produtos deve seguir etapas de lavagem e sanitização para garantir a
redução da contaminação por patógenos (FORSYTHE, 2013).
É conhecido que os hábitos higiênicos têm eficácia significativa na redução de
propagação de várias doenças, sendo os hábitos de higiene domésticos as primeiras
medidas usadas como defesa em casos como de uma pandemia, por exemplo. A higiene
de embalagens de alimentos, de frutas e vegetais é de fundamental importância para
minimizar riscos de se contrair uma doença. É importante ressaltar que tais alimentos e
as próprias embalagens dos alimentos podem também ser acometidos até mesmo pelo
coronavírus, porém não há confirmação científica da transmissão da doença do alimento
ao homem (IFH, 2019: RIZOU et al., 2020: ANVISA, 2020).
Com base nas informações apresentadas e considerando a importância da
higienização e sanitização adequada dos alimentos, objetivou-se neste estudo analisar
a aplicação das boas práticas de manipulação, higienização e sanitização dos alimentos
frescos e embalados em ambiente domiciliar.
2 | METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada em fevereiro de 2021 e os dados foram coletados por
formulário online. O formulário foi composto por 20 questões, sendo elas abertas, de
múltipla escolha e dicotômica abordando questões sociodemográficas, boas práticas na
manipulação dos alimentos, higienização e sanitização de alimentos frescos e embalados
bem como formas de armazenamento. A amostragem foi realizada de forma aleatória, os
dados obtidos foram analisados por estatística descritiva e os resultados expressos em
porcentagem.
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3 | RESULTADO E DISCUSSÃO
Participaram da pesquisa 260 voluntários, distribuídos entre Mato Grosso (194
participantes), Maranhão (15 participantes), São Paulo (14 participantes) e de outros
Estados (37 participantes). A maioria dos entrevistados são do sexo feminino (78%), com
idade entre 18 e 34 anos (55%), casados ou em união consensual (47,69%), conforme se
observa na tabela 1.
Características
sociodemográficas
Idade
Estado civil
Escolaridade
Faixa etária (anos)
%
18 e 34
55%
35 a 44
27
45 a 59
15%
> 60
3
casados ou em união consensual
47,69%
solteiros
44,61%
divorciado
6,9
viúvo
0,8
ensino fundamental e/ou ensino médio incompleto
3,3
ensino médio completo e/ou ensino superior incompleto
39,9%
ensino superior completo e/ou pós-graduação incompleta
32,7%
pós-graduação completa
22,3%
Tabela 1. Características sociodemográficas de manipuladores de alimentos em ambiente
domiciliar
Quando questionados sobre a escolaridade, 39,9% declararam terem concluído o
ensino médio ou com nível superior incompleto. No entanto, os participantes que concluíram
ensino superior ou com pós-graduação incompleta somaram 32,7% entre os entrevistados
(Tabela 1).
De acordo com o IBGE (2011) 51,5% da população são do gênero feminino e a faixa
etária dos jovens abrange 40,2%, a dos adultos 50,5%, e a dos idosos, 9,3% do total da
população. Enquanto de acordo com IBGE (2017), 51% da população brasileira de 25 anos
ou mais possui o ensino fundamental completo, 26,3% tinham ensino médio completo e
15,3% ensino superior. Dados semelhantes a pesquisa, exceto pelo grau de escolaridade
dos participantes.
Tiellet et al. (2007) relatam que o nível de discernimento sobre a importância das
atividades relacionadas à várias áreas de conhecimento estão vinculadas como nível de
aprendizagem saúde e ao bem-estar estão relacionados com o nível de escolaridade e as
habilidades cognitivas do indivíduo responsável pelo ambiente domiciliar.
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O número de pessoas residindo no mesmo ambiente variou entre 2 (25% dos
participantes) a 4 pessoas (29% dos participantes). Além disso, 65% dos contribuintes
declararam não ter nenhum morador menor de 10 anos em sua residência ou maiores
de 60 anos (77%), conforme tabela 2. Dados semelhantes ao da população brasileira, o
número baixo de idosos, reflete que o Brasil tem uma população jovem, e os dados de
número de moradores menores de 10 anos reflete a taxa de natalidade caiu nos últimos
anos (IBGE, 2011).
Características sociodemográfica
Moradores no domicilio
Menores de 10 anos no domicílio
Maiores de 60 anos no domicílio
Quantidade
%
1
5
2
25
3
29
4
29
5
8
>5
4
0
65
1
25
2
8
3
1
4
1
5
0
0
77
1
16
2
7
3
0
Tabela 2. Número de moradores nos ambientes domiciliares menores de 10 anos ou maiores
de 60 anos
Sobre higienizar as mãos ao longo do dia, 58% das pessoas afirmaram realizar a
higienização acima de 10 vezes ao dia. Outros 25% afirmaram que lavam as mãos entre
6 e 9 vezes ao longo do dia. Observou-se que 91% das pessoas possuem o hábito de
higienizar as mãos antes das refeições e 9% apenas que não possuem esse hábito.
Ao tocar a superfície da embalagem e em seguida consumir o alimento, 68% dos
participantes responderam higienizam as mãos, 18% disseram que às vezes higienizam
e 14% afirmaram que não, tocam a superfície da embalagem e consomem o alimento
sem higienizar. Superfícies de utensílios, equipamentos e embalagens de alimentos podem
conter o vírus se não forem bem higienizadas, evidenciando a importância da higienização
das embalagens como medida para mitigação da doença (MORAWSKA & MILTON, 2020).
A lavagem frequente das mãos é uma dentre as medidas de mitigação no combate
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à transmissão do SARS-CoV-2. Rodrigues et al. (2021) observaram que 78% aumentaram
a frequência e o tempo de duração de lavagem das mãos em estudos sobre higiene e
mudança de hábitos durante a pandemia da COVID-19 o que demonstra a necessidade de
mudança de hábitos para auxiliar na prevenção de doenças vinculadas à higiene pessoal.
A frequência de lavagem das mãos se torna ainda maior antes das refeições, 91%
dos respondentes afirmaram terem o hábito de lavarem as mãos antes das refeições.
Porém, após tossir, espirrar, assoar ou coçar o nariz 13% afirmaram lavar as mãos às vezes
e 5% afirmaram que não realizam a lavagem das mãos, considerando que a transmissão
do vírus SARS-CoV-2 pode se dar através de gotículas de salivas expelidas, que pode ser
transmitido de indivíduo para indivíduo ou por meio de objetos contaminados (OMS, 2020;
LI et al, 2020).
Quando questionados quanto à higiene das mãos após tocar ou coçar os olhos,
52% das pessoas afirmaram realizar a lavagem das mãos e 25% realizam apenas às vezes
enquanto que 61,0% afirmaram que higienizam as mãos ao tocar a boca. Em um estudo
realizado por Araújo et al., (2020) os autores relatam que a detecção da presença do
SARS-CoV-2 em secreções oculares é um assunto controverso, apesar da principal fonte
de contaminação estar associado às vias respiratórias, o vírus é altamente transmissível e
o contato com as secreções oculares pode representar um risco.
Em relação ao ato de falar enquanto prepara os alimentos, 41,0% afirmaram que
não evitam conversar durante o ato de preparo dos alimentos; 32,0% evitam conversar
enquanto preparam os alimentos e 27,0% disseram que às vezes conversam durante a
preparação deles. Após espirrar, tossir, coçar ou assoar o nariz enquanto preparam os
alimentos, 82,0% confirmaram que higienizam as mãos.
O ato de conversar enquanto prepara os alimentos foi verificado por Medeiros et.
al (2017), que o considera uma ação inadequada por poder contaminar os alimentos com
as bactérias presentes nas gotículas de saliva e observou que isso acontece de forma
recorrente por manipuladores de alimentos. E de acordo com Deon et. al. (2014) as pessoas,
no geral, não têm conhecimento de como manipular adequadamente os alimentos, pois
não fazem ideia da existência de microrganismos que podem contaminar o alimento e
relevam os cuidados essenciais com a higiene pessoal e do ambiente enquanto preparam
alimentos.
Quando indagado se as pessoas tinham o hábito de lavar as mãos após manipular
alimentos crus, 92,0% confirmaram que possuem esse hábito. Apenas 6,0% lavam as
vezes e 2,0% afirmaram que não lavam após manipular esses alimentos in natura.
Shapiro et. al. (2011) cita a Teoria do Comportamento Planejado, onde, devido
às crenças relacionadas ao comportamento o indivíduo acaba executando a ação, pois
relaciona a ação com aquilo que ele acredita, o que pode ser atinente com o resultado
obtido nesse estudo, onde 92% das pessoas afirmaram higienizar as mãos após tocar em
alimentos crus.
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De acordo com Kennedy et al. (2011), o contato direto das mãos com os alimentos
crus e cozidos é um ponto crítico para a contaminação cruzada dos alimentos.
Deon et. al. (2014) concluiu em um estudo que os manipuladores de alimentos em
domicílios na cidade de Santa Maria (RS) não possuem noções básicas de manipulação
segura dos alimentos, assim como não associam as doenças transmitidas por alimentos
ao consumo de alimentos em casa. Porém, demonstraram interesse em aprender sobre o
assunto.
Quando questionados sobre a higienização de frutas e verduras antes da
armazenagem na geladeira, a maioria (56%) dos entrevistados disseram que o fazem, o que
demonstra que a maioria dos entrevistados estão conscientes de que possa existir riscos
potenciais de contaminação desses alimentos e é necessário a aplicação da higienização
antes de guardá-los em suas geladeiras. Porém, 27% dos participantes disseram que
não higienizam esses alimentos antes de guardá-los. A higienização e sanitização das
geladeiras, onde se armazenam alimentos frescos, devem ser feitas em uma frequência
semanal. No entanto, 43% dos participantes responderam que realizam a cada 30 dias,
34% higienizam a cada 15 dias, 13% responderam que de vez em quando e 10% a cada
6 meses apenas. Além da falta de limpeza, a deficiência desse processo e temperatura
irregular também podem influenciar na proliferação de bactérias aeróbias psicrotróficas,
coliformes, Staphylococcus aureus, Listeria e Salmonella (MACÍAS-RODRÍGUEZ et al.,
2013).
Em relação à COVID-19, Chin et al (2020) apontam que o vírus da doença, o SARSCoV-2, permanece altamente estável por mais de duas semanas quando submetido a uma
temperatura de 4°C. Porém a infecção pelo consumo ou manuseio de alimentos ou de suas
embalagens, apresenta probabilidade de risco insignificante ou muito baixa (OAKENFULL
& WILSON, 2020). É importante dizer que casos de transmissão de patógenos por frutas
e vegetais é recorrente e a natureza desses produtos resulta em alto risco microbiológico.
As fontes de contaminação desses alimentos são variadas e vale ressaltar que como não
são aplicados tratamentos letais para destruição de microrganismos patogênicos, estes,
tornam-se importante veículos de transmissão de bactérias, vírus e outros patógenos de
doença de origem alimentar.
Em relação ao produto utilizado para higienização da geladeira, 74% utilizam água
e sabão, 15% disseram utilizar outros produtos não relacionados, 6% utilizam álcool 70% e
5% realizam a limpeza com vinagre e bicarbonato de sódio.
A higiene das geladeiras deve ser realizada com frequência, já que são uma fonte
potencial de contaminação por patógenos para alimentos.
Quando perguntado se possuíam o hábito antes mesmo da pandemia de COVID-19,
de higienizar os alimentos frescos, como frutas e folhosos antes de guardá-los, com
empate, 42% afirmaram que já tinham esse hábito e 42% não realizavam a higienização. E
16% afirmaram que às vezes higienizavam esses alimentos para guardá-los.
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Quanto às mesmas práticas de higiene antes do período da pandemia do COVID-19,
o número de participantes que higienizam as frutas, verduras e folhas representaram 42%,
ou seja, o cuidado com a higiene desses alimentos foi considerado menor se comparado
com o resultado no período de pandemia, o que evidencia que as práticas de higiene dos
alimentos também ganharam destaque.
No quesito sanitização de frutas, verduras e legumes, 29% disseram realizar apenas
com água e sabão; 25% com água e hipoclorito de sódio; 22% utilizam água, sabão e água
sanitária, 22% fazem apenas com água e 2% não fazem a higienização.
Lavar as frutas e os vegetais com água e posterior imersão em água e hipoclorito é
o recomendado, pois este tratamento assegura boa parte da redução dos microrganismos
presentes nestes alimentos (COSSU et al., 2017).
A higienização das embalagens dos alimentos antes de serem armazenados no
ambiente doméstico, em conjunto com as demais práticas, atuam como formas eficazes de
prevenção frente à transmissão do SARS-CoV-2 (HAN et al., 2021). Neste sentido, cabe
atenção frente ao percentual de pessoas que relataram não realizar esta operação, que
representa a maior parcela da pesquisa, apesar da diferença ser de 3% quando comparada
com as pessoas que realizam a higienização.
Em relação a higienização dos alimentos embalados, também foi perguntado se as
pessoas realizavam essa higienização para guardar em seus armários antes mesmo da
pandemia de COVID-19, 77% responderam que não realizavam e 23% responderam que
realizam sim a limpeza das embalagens antes da pandemia de COVID-19.
A partir de tais resultados, pode-se observar que aproximadamente 80% das
pessoas não possuíam o hábito de higienização dos alimentos embalados, o que reduziu
(praticamente) pela metade frente às orientações, bem como a disseminação de informações
referentes às formas de transmissão do vírus. Neste sentido, têm-se uma resposta positiva,
quando observados hábitos anteriores.
No entanto, vale ressaltar que ainda existem lacunas, seja nas orientações ou no
recebimento e entendimento dos consumidores, de modo que o percentual de pessoas que
realizam a higienização atualmente, frente ao cenário em que vivemos, seja maior do que o
apresentado. Neste sentido, se os produtos tivessem medidas satisfatórias, como lavagem
das mesmas com água e sabão ou que fossem borrifadas com álcool 70% ou solução
clorada, o risco de transmissão poderia ser reduzido (BRASIL, 2020).
Sobre a higienização de maçanetas de portas, de geladeira e de torneiras, 39%
responderam que às vezes realizam essa higienização, 32% afirmaram que não fazem a
limpeza desses locais e 29% afirmaram que realizam sim a higienização de maçanetas
de portas, geladeiras e torneiras. Observou-se maior cuidado coma higienização de
superfícies, utensílios e eletrodomésticos em que 77% dos participantes afirmaram
higienizar superfícies antes de usá-los no preparo de alimentos.
Coelho e colaboradores (2010), identificaram a presença de microrganismos
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mesófilos aeróbicos e bactérias do grupo Bacillus cereus nas superfícies de bancadas,
utensílios e equipamentos de restaurantes comerciais. Os autores concluíram que, mesmo
com a higienização rotineira, medidas mais eficazes de controle devem ser adotadas. Isso,
por conta da inadequação de 71% das amostras de superfícies de bancadas e utensílios
para microrganismos mesófilos aeróbios e mesmo obtendo ausência de B. cereus em 69%
dessas mesmas amostras.
4 | CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos, observa-se que os assuntos relacionados às
boas práticas de manipulação de alimentos e tópicos de educação em saúde não são
disseminados entre a população, mesmo com a disponibilidade de diversos manuais de
instruções de agências mundiais especializadas, faz-se importante a divulgação mais
enfática de informações básicas direcionadas para sociedade em geral para fins de
aplicação no âmbito doméstico.
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Capítulo 2
20
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 2
21
CAPÍTULO 3
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
ESTIMATIVA DA EMISSÃO DE CARBONO
EQUIVALENTE A PARTIR DO USO DE
FERTILIZANTES NITROGENADOS NA
CAFEICULTURA: ESTUDO DE CASO
Patrícia Ribeiro do Valle Coutinho
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 10/03/2021
Beatriz Regina de Oliveira Anderson
Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Sul de Minas Gerais IFSULDEMINAS
Muzambinho - Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/7530146015296436
Geraldo Gomes de Oliveira Júnior
Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Sul de Minas Gerais IFSULDEMINAS
Muzambinho - Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/9496893511394203
Daniela Ferreira Cardoso
Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Sul de Minas Gerais IFSULDEMINAS
Muzambinho - Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/1621996607404669
Luciana Maria Vieira Lopes
Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Sul de Minas Gerais IFSULDEMINAS
Muzambinho - Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/5810824240604347
Lucas Eduardo de Oliveira Aparecido
Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Sul de Minas Gerais IFSULDEMINAS
Muzambinho - Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/1805687336632729
Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Sul de Minas Gerais IFSULDEMINAS
Muzambinho - Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/2146333328487914
RESUMO: O nitrogênio (N) é um nutriente
exigido em grande quantidade pela cultura do
cafeeiro. Entretanto, as adubações nitrogenadas
contribuem para as emissões de gases de efeito
estufa (GEE) na agricultura. Neste sentido,
objetivou-se, no presente estudo de caso,
estimar a emissão de carbono equivalente a
partir do uso de fertilizantes nitrogenados em
lavoura cafeeira de primeira safra. O estudo foi
realizado no centro de validação tecnológica
do IFSULDEMINAS, através do levantamento
da quantidade de Nitrogênio (N) utilizado para
adubação com fertilizantes sintéticos desde o
plantio (2017) a primeira colheita (2019). Para
realização dos cálculos da emissão de oxido
nitroso (N2O), utilizou-se o fator de emissão do
Intergovernmental Panel on Climate Change
(IPCC). Os valores obtidos foram convertidos
em carbono equivalente (CO2 eq) a partir da
multiplicação dos resultados pelo ajuste N-N2O
e potencial de aquecimento global (PAG) do
N2O. Os resultados demonstram que do plantio
(2017) à primeira colheita (2019) foi estimada
uma emissão total de 1.807,3 Kg CO2 eq ha-1,
com uma pegada do carbono da primeira safra,
de 3,01 Kg CO2 eq por Kg café.
PALAVRAS - CHAVE: Adubação; Gases de
Efeito Estufa; Oxido nitroso.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 3
22
ESTIMATION OF EQUIVALENT CARBON EMISSION FROM THE USE OF
NITROGEN FERTILIZERS IN COFFEE: CASE STUDY
ABSTRACT: Nitrogen (N) is a nutrient required in large quantities by the coffee crop. However,
nitrogen fertilizers contribute to greenhouse gas (GHG) emissions in agriculture. In this sense,
the objective of this case study was to estimate the equivalent carbon emission from the use
of nitrogen fertilizers in first-crop coffee crops. The study was carried out at the technological
validation center of IFSULDEMINAS, by surveying the amount of Nitrogen (N) used for
fertilizing with synthetic fertilizers from planting (2017) to the first harvest (2019). To perform
the nitrous oxide (N2O) emission calculations, the emission factor of the Intergovernmental
Panel on Climate Change (IPCC) was used. The values obtained were converted into carbon
equivalent (CO2 eq) from the multiplication of the results by the N-N2O adjustment and the
global warming potential (GWP) of the N2O. The results show that from planting (2017) to the
first harvest (2019) a total emission of 1,807.3 Kg CO2 eq ha-1 was estimated, with a carbon
footprint of the first harvest of 3.01 Kg CO2 eq per Kg coffee.
KEYWORDS: Fertilization; Greenhouse gases; Nitrous oxide.
1 | INTRODUÇÃO
O efeito estufa é um processo natural e benéfico que permitiu a vida no planeta Terra
(PILECCO, 2013). No entanto, as atividades antrópicas têm contribuído para aumentar a
concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, o que pode quebrar o equilíbrio
de entrada e saída de energia no planeta.
Os principais gases relacionados às atividades agrícolas são o dióxido de carbono
CO2, metano CH4 e oxido nitroso N2O (SIGNOR; PISSIONI, CERRI, 2014). Dentre estes
gases, o N2O tem merecido destaque, visto que mesmo sendo encontrado em pequenas
quantidades na atmosfera, possui um potencial de aquecimento global (PAG) de 298 vezes
maior que CO2 (SIGNOR; CERRI, 2013).
Estimativas sugerem que as atividades agrícolas mundiais contribuam com
aproximadamente 75% das emissões de CO2, 91% das emissões de CH4 e 94% das
emissões de N2O, considerando também a conversão de áreas florestais para uso agrícola
(BAYER et al., 2011). Signor e Cerri (2013) afirmaram que qualquer estratégia que tenha
como objetivo reduzir as emissões de GEE deve concentrar atenção na agricultura, uma
vez que esta é a principal fonte de emissão de N2O.
A cafeicultura é uma das mais importantes culturas agrícolas brasileiras, sendo
o Brasil considerado o maior produtor e o segundo maior consumidor mundial de café,
possuindo influência direta e indireta no mercado global (REICHMAN, 2018; HAJJAR et
al., 2019). Em Minas Gerais, concentra-se a maior área de cultivo da espécie arábica, com
cerca de 1,21 milhão de hectares, representando 69,6% da área cultivada com café no
Brasil (CONAB, 2019).
Entretanto, vale destacar que nos processos produtivos a cafeicultura também
contribui para a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) de forma direta ou indireta em
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 3
23
várias atividades tais como: consumo de combustível fóssil, utilização de energia elétrica,
utilização de corretivos e fertilizantes (BELIZARIO, 2013; OLIVEIRA JUNIOR et al., 2015).
O nitrogênio (N) é um dos nutrientes mais exigidos pela cultura do cafeeiro, atuando
no crescimento da vegetação, formação de botões florais, componente da clorofila,
constituição de aminoácidos e proteínas (MALAVOLTA, 1993; CERRI et al., 2013).
No entanto, a partir dos processos de adubação pode ocorrer a emissão de N2O
principalmente como resultado dos processos de nitrificação e desnitrificação. A nitrificação
consiste basicamente na oxidação da amônia em (NH4+) em Nitrito (NO2-) e Nitrato (NO3-).
Já a desnitrificação constitui em um processo de redução de NO3-→NO2-→NO→N2O→N2
sendo influenciada pela umidade, temperatura, presença de oxigênio, relação carbono
nitrogênio (SIGNOR; CERRI, 2013) e biomassa microbiana do solo (SILVA et al., 2016).
É importante destacar que a produção deste gás, além de ter efeitos adversos sobre o
aquecimento global, também resulta na perda de nitrogênio (N) disponível no solo que seria
destinado as plantas (BEAULIEU et al., 2011). Muito embora as condições edafoclimáticas
possam influenciar diretamente na emissão de N2O, a realização de estudos preliminares
que tenham como propósito estimarem as emissões de GEE apresenta-se como primeiro
passo para a busca de uma cafeicultura de baixa emissão de carbono. Neste sentido,
objetivou-se no presente estudo estimar a emissão do carbono equivalente, a partir do uso
de fertilizantes nitrogenados na cafeicultura.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo de caso ocorreu no Centro de Validação Tecnológica (CVT) do
IFSULDEMINAS, localizado na cidade de Guaxupé no sul de Minas Gerais (Figura 1),
a partir do levantamento das adubações nitrogenadas que foram realizadas no talhão
conhecido como “Café 2017”, cultivar: Catuaí Vermelho IAC 144, espaçamento 3,5 x 0,69
m, com produção de 10 sacas por hectare.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 3
24
Figura 1 - Localização Geográfica do Local do Estudo
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
Considerando que a lavoura foi implantada no ano de 2017, foram levantados dados
referentes às adubações nitrogenadas com fertilizantes sintéticos convencionais desde o
plantio até a primeira colheita (Tabela 1).
Ano
Fonte
Nitrogênio (N)
2017
Nitrato de Amônio (33-00-00)
2018
Nitrato de Amônio (33-00-00)
2019
Nitrato de Amônio (27-00-00)
Tabela 1 - Adubações e fontes de nitrogênio utilizados.
Após levantamento foi realizada a estimadas das emissões de Kg N2O e convertidas
em Kg CO2 eq, por meio da seguinte expressão:
Onde:
N - Quantidade total de nitrogênio em Kg ha ano -1;
FE - Fator de emissão do nitrogênio 0,01 Kg N2O - N/Kg N (IPCC, 2006);
44/28 - Razão da conversão de N - N2O (IPCC, 2006);
PAG - Potencial de aquecimento global (265) do N2O (MYHRE et al., 2013).
Em seguida, determinou-se a pegada do carbono dividindo-se a quantidade total
de Kg CO2 eq estimada pela produção da 1ª safra. Ao conjunto de dados finais obtidos, foi
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 3
25
aplicada a estatística descritiva, determinando-se a frequência relativa percentual (fr%).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos da estimativa total da emissão de Kg CO2 eq ha-1 decorrentes
das adubações nitrogenadas com fertilizantes sintéticos estão apresentados na tabela 2.
Quantidade (Kg N
ha-1)*
Kg N2O ha-1 **
Kg CO2 eq ha-1 (1)
Fr % (2)
2017
62,11
0,97
257,05
14,22
2018
124,23
1,95
516,75
28,59
Ano
2019
248,46
3,90
1.033,50
57,18
Total
434,80
6,82
1,807,3
100%
*Quilogramas de Nitrogênio por hectare; **Quilogramas de Oxido Nitroso por hectare utilizando
fator de emissão do IPCC e ajuste N-N2O 44/28; (1) Quilogramas de carbono equivalente por
hectare; (2) Frequência relativa percentual;
Tabela 2 - Estimativa da emissão Kg CO2 eq ha-1 das adubações nitrogenadas com
fertilizantes sintéticos
Considerando o período compreendido entre o plantio (2017) e a primeira colheita
(2019), foi estimada uma emissão total de 1.807,3 Kg CO2 eq ha-1 decorrente das adubações
nitrogenadas (Tabela 2). Oliveira Junior et al. (2015), realizando estudo sobre a emissão
de Gases de Efeito Estufa (GEE), na cultura do cafeeiro, determinaram que o consumo de
fertilizantes apresentou-se como sendo a maior fonte de emissão de CO2 eq com 1.010 Kg
CO2 eq ha -1.
É importante ressaltar que as emissões de N2O para atmosfera significa perda de
nitrogênio (N) do sistema solo planta. Cantarella e Montezano (2010) afirmaram que o
nitrogênio perdido do sistema solo planta, tanto por lixiviação quanto em formas gasosas,
pode apresentar impactos ambientais e econômicos associados a este elemento na
agricultura.
As maiores estimativas de emissões ocorreram no ano de 2019 representando
57,18% do total emitido ao longo do período 2017 a 2019. Isto ocorreu porque a cada
ano após o plantio dobrou-se a quantidade de nitrogênio em função do desenvolvimento
da planta e produção de frutos. Considerando o total de emissão estimada, a pegada do
carbono da primeira safra, do uso dos fertilizantes nitrogenados foi de 180,73 Kg CO2 eq
por saca de café de 60 kg, o que representa 3,01 Kg CO2 eq por Kg de café.
Os resultados reforçam que quanto maior for a produtividade por hectare com a
mesma quantidade de N, menor será a pegada do carbono. No entanto vale ressaltar que
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 3
26
a produtividade considerada no presente estudo refere-se à primeira safra em lavoura com
apenas 2 anos e 4 meses. De acordo com Soares (2016), as utilizações dos fertilizantes
de liberação lenta estabilizados apresentam-se como sendo uma das possíveis estratégias
para reduzir as emissões de N2O e melhora no aproveitamento do N pelas culturas agrícolas.
O incentivo a boas práticas de manejo para o uso eficiente de fertilizantes por meio
da aplicação da fonte correta de nutriente, na dose certa e época certa é muito necessário
para combinar o melhor desempenho econômico e ambiental (FIXEN, 2014). Em uma
época que vem crescendo mundialmente a busca por produtos agrícolas sustentáveis,
compreender o perfil das emissões de GEE torna-se de extrema importância para refinar
as informações obtidas e contribuir para uma cafeicultura de baixo impacto ambiental.
4 | CONCLUSÃO
Foi estimado que do plantio à primeira colheita, as adubações nitrogenadas
contribuíram com 1.807,3 Kg CO2 eq ha-1.
A pegada do carbono para a primeira safra do uso de fertilizantes nitrogenados foi
de 3,01 Kg CO2 eq por Kg café.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Engenheira Agrônoma Eduarda Oliveira do Centro de Validação
Tecnológica (CVT) do IFSULDEMINAS e o Prof. Felipe Campos Figueiredo pelo
fornecimento dos dados para a realização do presente trabalho.
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 3
28
CAPÍTULO 4
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
EFEITO DA PLICAÇÃO DE NUTRIENTES VIA
FOLIAR E NO PAINEL DE SANGRIA NA CULTURA DA
SERINGUEIRA
Fernando Bergantini Miguel
Data de aceite: 03/05/2021
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0002-4778-8961
Data de submissão: 08/03/2021
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Monica Helena Martins
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0001-5797-6264
APTA Polo Regional Centro Norte
Pindorama/SP
ORCID ID – 0000-0001-8858-0609
Mariana Ayres Rodrigues
USP – Universidade de São Paulo
Piracicaba/SP
http://lattes.cnpq.br/3287476344709233
Anita Schmidek
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/3709782731891847
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID - 0000-0002-2954-2693
Antonio Lúcio Mello Martins
APTA Polo Regional Centro Norte
Pindorama/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/1092498137289104
José Antonio Alberto da Silva
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/1398758607886303
Marcelo Henrique de Faria
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/4131019883040512
RESUMO: O aumento da produtividade da
borracha natural é extremamente importante
para o Brasil, visto que sua atual produção
atende em torno de 35% da demanda interna. O
objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito
da aplicação de nutrientes via foliar, em seringais
em produção, visando aumento da produtividade.
A adubação correta das plantas de seringueira
é essencial para uma nutrição equilibrada que
se reflete em crescimento e produtividade e
tem diferentes objetivos de acordo com as
fases do seringal. O experimento foi instalado
numa propriedade localizada no município de
Colômbia/SP, no clone RRIM -600 em plantas
com 13 anos de idade. Os lotes de sangria foram
constituídos por 1300 plantas/dia e o sistema
adotado para tal finalidade foi o D7. Num dos
tratamentos, foram realizadas pulverizações
foliares, com turbo atomizador de 2000 L, nos
meses de maio, setembro e novembro de 2011
e janeiro e março de 2012, além de aplicações
mensais de nutrientes nos painéis de sangria.
A produção obtida no tratamento que recebeu
programa nutricional composto de adubação
convencional, adubação foliar e aplicação nos
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 4
29
painéis, apresentou um incremento médio de 20 % sobre a produção de borracha em relação
à testemunha que recebeu somente adubação convencional. Este experimento foi realizado
em um ano agrícola apenas, e pode ter sofrido efeito de variações de outros fatores, como
por exemplo variações climáticas e maior ou menor intensidade de pragas e/ou doenças.
PALAVRAS-CHAVE: Seringueira, nutrição foliar, produtividade.
EFFECT OF NUTRIENT APPLICATION ON LEAFS ANDA TAPPING PANEL ON
THE CULTURE OF RUBBER TREE
ABSTRACT: The increase in the productivity of natural rubber is extremely important for Brazil
since its current production meets around 35% of the domestic demand. The objective of the
present paper was to evaluate the effect of nutrients application via leaf on the production of
rubber plantations, aiming at increasing productivity. The correct fertilization of rubber plants
is essential for balanced nutrition that is reflected in growth and productivity and has different
objectives according to the phases of the rubber plantation. The experiment was installed in
a property located in Colombia / SP, on a 13 year old on the RRIM-600 clone. Bleeding lots
consisted of 1300 plants/day and the system adopted for this purpose was D7. In one of the
treatments, foliar sprayings were carried out, with a turbo atomizer of 2000 L, in the months
of May, September and November 2011 and January and March 2012, in addition to monthly
applications of nutrients in the tapping panels. It was observed an average increase of 20%
regarding rubber production obtained in the treatment that received a nutritional program
composed of conventional fertilization, foliar fertilization and application in the panels,
compared to the control that received only conventional fertilization. This experiment was
carried out only in one agricultural year only and may have suffered the effect of variations
from other factors, such as climatic variations and greater or lesser intensity of pests and/or
diseases.
KEYWORDS: Rubber tree, leaf nutrition, productivity.
1 | INTRODUÇÃO
O aumento da produtividade da borracha natural é extremamente importante para o
Brasil, visto que sua atual produção não atende plenamente a demanda interna. A despeito
de todo o avanço obtido com pesquisas nacionais, o Brasil ainda não consegue suprir
o mercado interno de látex, necessitando importar em torno de 60% do que consome.
Em São Paulo, a heveicultura tornou-se uma das poucas opções de cultivo permanente
para sustentação do desenvolvimento de várias regiões e é crescente e notória sua
expansão para novas áreas. É uma atividade que demanda um investimento à longo prazo
necessitando de utilização e aplicação de nutrientes de baixo custo, via folha e no painel
de sangria da seringueira, que garantam melhor nutrição para planta, associada ao uso de
fertilizantes via solo e consequentemente, melhorem as condições nutricionais das plantas,
o enfolhamento e a produtividade.
A prática da adubação foliar no Brasil tem sido bastante intensificada nos últimos
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 4
30
anos em várias culturas. O valor verdadeiro da nutrição foliar está na suplementação da
adubação no solo (macronutrientes) e na correção mais rápida de deficiências eventuais
ou sistemáticas, (ANDA, 1975). Quando existem problemas de fixação de nutrientes pelo
solo, as adubações foliares constituem o meio mais eficaz de fornecimento de nutrientes às
culturas, (TISDALE & NELSON, 1970).
Os nutrientes aplicados via foliar podem ter sua absorção via cuticular e estomática
(FAQUIN, 2005). São vários os fatores externos do ambiente e internos da planta que
afetam a eficiência da adubação via folha. Nas condições atuais da agricultura brasileira, a
adubação foliar é aplicada simultaneamente nos momentos de aplicação dos fitossanitários,
fazendo com que a aplicação de nutrientes via folha, na maioria das vezes não se adeque
às necessidades da planta ou mesmo para maior eficiência do uso do nutriente.
De acordo com o objetivo da adubação foliar, pode-se dividi-las de maneira
preventiva, corretiva, substitutiva, complementar e suplementar no estádio reprodutivo.
Na adubação foliar preventiva, ocorre a aplicação de nutrientes sem nem mesmo ter sido
identificada sua necessidade. Já a adubação foliar corretiva, faz-se quando há a constatação
de uma deficiência nutricional, aplicando-se apenas o nutriente específico, tornando uma
ferramenta fundamental, por possibilitar correção rápida e efetiva da deficiência. Também
pode-se utilizar a aplicação foliar substitutiva, que consiste em substituir uma aplicação que
poderia ter sido feita via solo, ou a aplicação foliar complementar, que visa reforçar uma
aplicação que foi feita via solo (ROSOLEM, 2002).
A adubação correta das plantas de seringueira é essencial para uma nutrição
equilibrada que se reflete em crescimento e produtividade e tem diferentes objetivos de
acordo com as fases do seringal. Na fase de formação do seringal, a adubação tem por
principal objetivo a redução do período de imaturidade, ou seja, a antecipação do início
da fase produtiva (Bataglia e Santos, 1998). A seringueira jovem cresce rapidamente em
fluxos contínuos até o 4o ou 5o ano após a enxertia. A aplicação de pequenas doses de
fertilizantes em curta freqüência de tempo é benéfica ao desenvolvimento da planta e
oferece uma fonte contínua de nutrientes, ao mesmo tempo em que reduz perdas por
lixiviação ou por lavagem superficial (Gonçalves et al., 2001).
Durante a fase de implantação da cultura e de explotação ou sangria, alguns
problemas relacionados à fatores climáticos e/ou ambientais, bem como ao manejo
incorreto da cultura, podem ocorrer. Em áreas comercialmente exploradas, devido à falta
de gerenciamento agrícola, uso indiscriminado de estimulantes e inúmeros ferimentos
provocados pela faca de sangria com conseqüente entrada de patógenos, têm causado
problemas de secamento de painel e diminuição da produção de borracha. Estas árvores
com problemas de secamento não produzem latéx, resultando em menor produtividade. Em
casos extremos, dependendo da porcentagem de árvores com secamento, a exploração
se torna inviável.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de nutrientes tanto
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 4
31
nas folhas como em painéis em seringais em produção, visando aumento da produtividade.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado numa propriedade localizada no município de Colômbia/
SP, no clone RRIM -600, em plantas com 13 anos de idade, tendo início no mês de
outubro, sendo que à partir do mês de dezembro foi feita a primeira entrega de borracha e
acompanhamento da produção mensal.
O sistema de sangria adotado no experimento foi o D7/6 que consiste em sangrar 6
tarefas semanais, e descansar no domingo. Cada tarefa era composta de 1300 plantas. No
sistema de sangria relatado, a aplicação do Ethrel foi realizada a cada 30 dias, considerando
os critérios que devem ser obedecidos para seu uso, como por exemplo a verificação da
umidade do solo.
No tratamento nutricional foram feitas aplicações mensais de alguns produtos nos
painéis de sangria, além de adubações foliares, para verificar incremento na produção, ao
longo do tempo. A produção deste tratamento foi comparada com a produção do tratamento
convencional. Nas duas circunstâncias foram utilizadas o mesmo número de árvores em
sangria, todas elas com a mesma idade e a sangria realizada pelo mesmo sangrador.
O experimento teve início no mês de outubro, sendo que à partir do mês de dezembro
foi feita a primeira entrega de borracha e acompanhamento da produção mensal. Em todos
os tratamentos foram feitas as adubações de solo nos meses de novembro, janeiro e
março, de acordo com análise de solo.
No tratamento nutricional foram feitas além das adubações de solo regulares,
aplicações mensais no painel de sangria dos seguintes produtos: 100 mL de Reduphol
plus + 20 mL de ML-4 + 6 L de Ubyphós + K, diluídos em 12 L de água. Também foram
realizadas pulverizações foliares, com turbo atomizador de 2000 L, nos meses de maio,
setembro e novembro de 2011 e janeiro e março de 2012, sendo que a primeira, a terceira
e quinta pulverizações foram realizadas com os seguintes produtos: 4 kg de MS-28 + 4 L
de L-15 e a segunda e quarta pulverizações foram feitas com: 200 mL de Reduphol plus +
4 kg de MS-2 + 4 L de Ubyphós + K.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
O experimento começou no mês de outubro de 2011 e à partir de dezembro
começaram as pesagens e entregas de produção.
Os resultados encontram-se apresentados na Tabela abaixo.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 4
32
Meses
Dezembro de 2011
Produção (kg)
Diferença de Produção
(%)
Trat. Convencional
Trat. nutricional
1450 kg
1697 kg
17%
Janeiro de 2012
711 kg
874 kg
23%
Fevereiro de 2012
1344 kg
1680 kg
25%
Março de 2012
1733 kg
2063 kg
19%
Abril de 2012
1271 kg
1563 kg
23%
Maio de 2012
1152 kg
1348 kg
17%
Junho de 2012
2348 kg
2864 kg
22%
Julho de 2012
1672 kg
2006 kg
20%
A produção de borracha na área onde foi usado tratamento convencional foi de
11.681 kg de coágulo durante a safra, enquanto a área que recebeu o tratamento nutricional
produziu 14.095 kg de coágulo. Houve uma diferença de produção nestas áreas, da ordem
de aproximadamente 20,66 % onde foi feito além da adubação convencional, um programa
de nutrição via folha e painel de sangria.
Na ocasião, o valor gasto com todas as aplicações do tratamento nutricional na
área, considerando-se os produtos aplicados, quantidades e aplicação, resultaram num
total de R$ 1.300,00, visto que duas das aplicações foliares foram realizadas, com outras
operações para controle de pragas, no seringal.
O valor médio pago pelo coágulo durante a safra, nesta propriedade, foi de R$ 2,65.
Se considerarmos a produção obtida em cada área o valor recebido na área do tratamento
convencional de R$ 30.954,65 durante a safra contra um valor de R$ 37.351,75 para o
tratamento nutricional. Isto gera uma diferença bruta de R$ 6.39710. Considerando o valor
gasto com o tratamento na área e o valor recebido com a venda da produção, concluímos
que onde foi feito tratamento nutricional via folha e painel, houve um incremento real para
o produtor de R$ 5.097,10 na área em questão.
4 | CONCLUSÕES
Verificou-se incremento médio de 20 % sobre a produção de borracha no tratamento
que recebeu o programa nutricional. Convém frisar que o experimento foi realizado em um
ano agrícola apenas, podendo ter sofrido variações climáticas e efeito de maior ou menor
intensidade de ataque de pragas ou acometimento por doenças.
Outros estudos sobre adubações foliares e seus efeitos sobre a produção de
borracha natural devem ser realizados, principalmente em anos consecutivos a fim de se
isolar tais variáveis.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 4
33
AGRADECIMENTOS
Aos produtores, funcionários e sangradores que participaram e ajudaram na
realização do experimento;
À empresa Ubyfol pela parceria realizada;
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS (ANDA). Manual de adubação. São Paulo,
1975. 346 p.
BATAGLIA, O.C.; SANTOS, W.R. Nutrição e adubação de seringais em formação e produção.
Trabalho apresentado no I Ciclo de Palestras sobre a Heveicultura Paulista, Barretos, SP, 1998. 16p.
GONÇALVES, P.S.; BATAGLIA, O.C.; ORTOLANI, A.A.; FONSECA, F.S. Manual de heveicultura para
o Estado de São Paulo. Campinas: IAC, 2001. 78p. (Série Tecnologia APTA, Boletim Técnico IAC,
189).
FAQUIN, V. Nutrição mineral de plantas. Lavras: UFLA / FAEPE, 2005. - Curso de PósGraduação
“Lato Sensu” (Especialização) a Distância: Solos e Meio Ambiente.
ROSOLEM, C. A. Recomendação e aplicação de nutrientes via foliar. Lavras: Ufla/Faepe, 2002.
TISDALE, S. L. & NELSON, W. L. Fertilidad de los suelos y fertilizantes. Barcelona, Montaner y
Simón, 1970. 760p.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 4
34
CAPÍTULO 5
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SOBRE
COMPOSIÇÃO QUÍMICA, NA REGIÃO DO
INFRAVERMELHO, DE BIOCARVÃO PRODUZIDO A
PARTIR DE CASCAS DE CUPUAÇU
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 02/03/2021
Fabrício Marinho Lisbôa
Professor Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Rondônia
Ariquemes – Rondônia
https://orcid.org/0000-0002-3776-5168
Selma de Oliveira Freitas
Professora Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Rondônia
Ariquemes – Rondônia
https://orcid.org/0000-0003-1363-6131
Michelle Silva Ramos
Professora Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Rondônia
Ariquemes – Rondônia
https://orcid.org/0000-0002-8903-0489
Melissa Andrade Zamai
Estudante, Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Rondônia
Ariquemes – Rondônia
https://orcid.org/0000-0001-8759-4187
Michely Andrade Zamai
Estudante, Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Rondônia
Ariquemes – Rondônia
https://orcid.org/0000-0002-3439-4357
RESUMO: O biocarvão pode ser definido
como biomassa vegetal, que sofreu pirólise em
ambiente com baixo oxigênio, sendo considerado
como melhorador do solo, uma vez que pode
contribuir para suas características químicas,
físicas e biológicas. Diferentes materiais podem
ser utilizados na produção de biocarvão,
necessitando de estudo de caracterização antes
de sua recomendação. Assim, o objetivo desse
trabalho foi testar a influência das temperaturas:
300, 400 e 500 °C sobre a composição química,
na região do Infravermelho, de biocarvão
produzido a partir de cascas de cupuaçu
(Theobroma grandiflorum). As cascas de
cupuaçu foram secas em estufa a 105 °C por
48h. Em seguida, foram moídas. Os tratamentos
aplicados foram: o material original (controle);
material de pirólise à 300 °C; material de pirólise
à 400 °C e material de pirólise à 500 °C. A taxa
de aquecimento foi de 10 °C min-1 durante os
30 primeiros minutos, a partir de então, a taxa
foi elevada para aproximadamente 20 °C min1
até atingir a temperatura final desejada, após
o qual foi mantida por mais 15 minutos, quando
a reação foi considerada encerrada. Foram
determinados a massa remanescente, carbono,
nitrogênio, Polifenóis, Celulose e Lignina.
Além de Espectroscopia de infravermelho com
transformada de Fourier por refletância difusa.
O experimento foi conduzido em Delineamento
Inteiramente Casualizado, sendo aplicados
quatro tratamentos e três repetições. Todos os
resultados de caracterização do material foram
submetidos à análise de variância (ANOVA).
O aumento de temperatura proporcionou
diminuição da massa remanescente, da celulose
e polifenóis. Porém, houve aumento de Lignina,
Cinzas, Carbono e Nitrogênio. Todos os espectros
mostraram a banda 1.650 cm-1, 1.250 cm-1 e
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 5
35
1.720 cm-1. Porém, houve diminuição nas bandas 2.922 cm-1 e 1.050 cm-1, indicando que,
o aumento da temperatura proporcionou perda de água e redução de compostos alifáticos,
com aumento proporcional de compostos recalcitrantes.
PALAVRAS-CHAVE: Cinzas, DRIFT, pirólise, Theobroma grandiflorum.
INFLUENCE OF TEMPERATURE ON CHEMICAL COMPOSITION, IN THE
INFRARED REGION, OF BIOCHAR PRODUCED FROM CUPUAÇU PEEL
ABSTRACT: Biochar can be defined as plant biomass, which has undergone pyrolysis in an
environment with low oxygen, being considered as a soil improver, since it can contribute to
its chemical, physical and biological characteristics. Different materials can be used in the
production of biochar, requiring a characterization study before its recommendation. Thus,
the objective of this work was to test the influence of temperatures: 300, 400 and 500 °C
on the chemical composition, in the Infrared region, of biochar produced from cupuaçu peel
(Theobroma grandiflorum). The cupuaçu peel were dried in an oven at 105 °C for 48 hours.
Then they were ground. The treatments applied were: the original material (control); pyrolysis
material at 300 °C; pyrolysis material at 400 °C and pyrolysis material at 500 °C. The heating
rate was 10 °C min-1 during the first 30 minutes, from then on, the rate was increased to
approximately 20 °C min-1 until reaching the desired final temperature, after which it was
maintained for another 15 minutes, when the reaction was deemed to have ended. The
remaining mass, carbon, nitrogen, polyphenols, cellulose and lignin were determined. In
addition to Fourier transform infrared spectroscopy by diffuse reflectance. The experiment
was conducted in a completely randomized design, with four treatments and three replications
being applied. All results of characterization of the material were subjected to analysis of
variance (ANOVA). The increase in temperature provided a decrease in the remaining mass,
cellulose and polyphenols. However, there was an increase in Lignin, Ashes, Carbon and
Nitrogen. All spectra showed the band 1,650 cm-1, 1,250 cm-1 and 1,720 cm-1. However,
there was a decrease in the 2,922 cm-1 and 1,050 cm-1 bands, indicating that the increase in
temperature provided water loss and a reduction in aliphatic compounds, with a proportional
increase in recalcitrant compounds.
KEYWORDS: Ash, DRIFT, pyrolysis, Theobroma grandiflorum.
INTRODUÇÃO
A acumulação atmosférica de gases do efeito estufa, como dióxido de carbono
(CO2), vem aumentando desde 1970 (Revolução Industrial). Estima-se que a emissão
anual de CO2, a partir da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e outras formas
de uso terra, foi de aproximadamente 555 GtC, entre 1750 e 2011 (STOCKER et al., 2013).
Na atualidade a emissão de gases de efeito estufa vem atraindo grande atenção
devido ao aquecimento global e seus consequentes danos, sendo os gases mais reportados
CO2, CH4, N2O (SUN et al., 2014). No Brasil o CO2 tem maior participação entre os gases
de efeito estufa, com mais de 57%, sendo a agropecuária a atividade responsável pela
maior emissão desse gás (35%), seguida pela produção de energia (32%) e uso da terra e
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 5
36
queima de florestas (22%) (MCTI, 2013).
Uma das medidas recomendadas para armazenamento do carbono emitido é
sequestro de carbono no solo, o qual pode contribuir com quase 30% da acumulação,
sendo o uso de Biocarvão, uma das tecnologias recomendadas para isso (EDENHOFER
et al., 2015).
O biocarvão pode ser definido como biomassa vegetal, que sofreu pirólise em um
ambiente de oxigênio nulo ou baixo, sendo mais bem descrito com condicionar de solo.
Sugere-se que os componentes de carbono no biocarvão são altamente recalcitrantes,
com tempos de residência no solo reportados de 100 a 1.000 anos, aproximadamente 10
a 1.000 vezes maior do que o tempo de residência da maioria da matéria orgânica do solo
(VERHEIJEN et al., 2010).
Além de sua utilização na preservação do carbono, o biocarvão pode contribuir para
características químicas, físicas e, até mesmo, biológicas do solo. Para ser considerado
ideal, Rezende et al. (2011) destacaram que o biocarvão deve apresentar estrutura interna
inerte, que faz preservar (sequestrar) o carbono no solo por muitos anos, e estrutura externa
reativa para interagir com o ambiente. Entre essas interações, destaca-se a interação do
biocarvão com estruturas orgânicas do solo; retenção de água; retenção de íons H+ e OH-,
controlando o pH do solo; retenção de nutrientes que podem ser disponibilizados para as
plantas e retenção de elementos tóxicos (Al3+).
Inicialmente a combustão leva a perda de massa do material original, em função da
degradação de compostos voláteis, além da degradação de compostos como hemicelulose
e celulose, enquanto ocorre aumento proporcional de lignina. No entanto, inúmeras
propriedades positivas podem ser observadas após a pirólise, como: elevação do pH;
condutividade elétrica; capacidade de troca de cátions; aumento de macro e micronutrientes
e aumento da relação C:N (Verheijen et al., 2010; Conz, 2015). Além disso, a liberação de
materiais voláteis contribui para aumento da formação de poros que servem como habitat
para a microbiota do solo e retenção de água no mesmo.
As propriedades do biocarvão dependem da composição do material a ser utilizado
e da temperatura empregada. Quando a temperatura de pirólise é alta, menos biocarvão é
gerado e a microestrutura se desenvolve mais efetivamente. O carbono também é liberado
parcialmente como material volátil, mas outra parte dele permanece como carbono fixo.
Porém, se a temperatura for muito alta, a perda de carbono e outros elementos do grupo
funcional na superfície são excessivos (TAN et al., 2014).
De acordo com Bahng et al. (2009), as duas tecnologias mais comuns empregadas
para produção dos biocarvões são a pirólise e gasificação. Na pirólise a biomassa é elevada
a temperaturas que variam de 400 a 600 °C na ausência de oxigênio. Na gasificação a
biomassa é elevada a temperatura maior que 700 °C, produzindo gases como H2 e CO.
Dependendo das condições de operação, o processo de pirólise pode ser dividido em três
subclasses: pirólise lenta (aquecimento de ≈ 500 °C e taxa de aquecimento de 0,1-1 °C S-1),
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 5
37
pirólise rápida (aquecimento de 600-1000 °C e taxa de aquecimento de 10-200 °C S-1) e
pirólise flash (aquecimento de 800-1000 °C e taxa de aquecimento de >1000 °C S-1).
Utilizando as temperaturas de pirólise de 200, 300, 400 e 500 ºC, Chen et al. (2014),
reportaram aumento de pH, teor de cinzas, e carbono orgânico, enquanto os teores de
N, O, H diminuíram. Através de Ressonância Magnética Nuclear verificaram que houve
perda de estruturas como celulose e hemicelulose, e a concentração de grupos aromáticos
com o aumento de temperatura, esses grupos aromáticos são responsáveis pela maior
permanência do carbono no solo. Esses dados indicam que a melhor temperatura para
produção de biocavão encontra-se entre 500 a 700 °C.
Com relação aos diferentes materiais que podem ser utilizados na produção de
biocarvão, esses vêm sendo relatados os mais diversos, sendo necessário o estudo de
caracterização antes da recomendação mais precisa de diferentes biomassas.
Conz (2015), utilizando palha de cana-de-açúcar, casca de arroz, dejetos de galinhas
e serragem, encontrou resultados satisfatórios para todos os biocarvões caracterizados.
Todos exibiram propriedades de interesse agrícola, com aplicação voltada para fertilidade
do solo (conteúdo de nutrientes e elevado pH) bem como o armazenamento do carbono no
solo (carbono fixo, teor de carbono, grau de aromatização das moléculas). E, ao averiguar
os materiais sob ponto de vista da fertilidade, os biocarvões de dejeto de galinha e palha
de cana-de-açúcar assemelham-se por apresentarem conteúdo mais elevado de macro e
micronutrientes, bem como pH e condutividade elétrica. Por sua vez, Alvum et al. (2011)
observaram, em geral, maior concentração de nutrientes em biocarvões produzidos a partir
de mandioca, folhas de café e folhas de bananeira.
Assim, o objetivo desse trabalho foi testar a influência das temperaturas: 300, 400 e
500 °C sobre a composição química, na região do Infravermelho, de biocarvão produzido a
partir de cascas de cupuaçu (Theobroma grandiflorum).
MATERIAL E MÉTODOS
Teste de Temperatura
As cascas de cupuaçu (Theobroma grandiflorum) foram secas em estufa a 105 °C
por 48 h, até obtenção de massa constante. Em seguida, as cascas foram moídas em um
moinho de facas Willey (SL-32 Solab). Após o qual, as amostras estavam prontas para
serem submetidas aos tratamentos.
Com base na literatura consultada, as temperaturas utilizadas como tratamentos
para degradação dos componentes vegetais foram, respectivamente: 300 °C; 400 °C e 500
°C (CHEN et al., 2014). Essas temperaturas foram selecionadas por terem apresentado os
melhores resultados em outros estudos, além de facilitar as comparações.
A taxa de aquecimento foi de 10 °C min-1 durante os 30 primeiros minutos, a partir de
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 5
38
então, a taxa foi aumentada para aproximadamente 20 °C min-1 até atingir a temperatura final
desejada. Ao alcançar o valor desejado de temperatura, a mesma foi mantida constante por
15 minutos, quando a reação foi considerada encerrada (CONZ, 2015). Após esfriamento
em dessecador, o material obtido foi armazenado em ambiente hermeticamente fechado,
até as análises.
Massa remanescente (Mr)
A fim de se verificar a massa do material após a elevação da temperatura, foi
calculada a massa remanescente (Mr), dividindo a massa da amostra final pela massa da
amostra inicial, multiplicado por cem.
Análise de Carbono e Nitrogênio
A análise do carbono foi realizada por oxidação por dicromato em meio ácido,
determinada colorimetricamente a 600 nm (ANDERSON; INGRAM, 1992). A determinação
do nitrogênio foi realizada por meio de solubilização sulfúrica seguida do método Kjeldahl
(EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 2000).
Polifenóis, Celulose e Lignina
A determinação dos teores de moléculas recalcitrantes como Polifenóis, Celulose e
Lignina, foi realizada com base na solubilidade em solução detergente, segundo o método
de Robertson e Van Soest (1981).
Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier por refletância
difusa
As análises de Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier
foram conduzidas por Refletância Difusa usando espectrômetro Shimadzu (DRS-8000A).
Cada amostra foi misturada e triturada com brometo de potássio (KBr), após secagem em
estufa a 60 ° C, e a leitura realizada empregando 40 varreduras e resolução de 4 cm-1, na
faixa espectral de 4.000 a 400 cm-1. Os dados de espectro e intensidade de banda foram
obtidos pelo programa Shimadzu IR Solution 1.6 após ajustar a linha de base geral do
espectro em três pontos: 4.000, 2.000 e 400 cm-1.
Análise dos Resultados
O Experimento foi conduzido em Delineamento Inteiramente Casualizado, sendo
aplicados quatro tratamentos e três repetições. Os Tratamentos foram: o material original
(controle); material aquecido à 300 °C; material aquecido à 400 °C e material aquecido à
500 °C. Todos os resultados de caracterização do material foram submetidos à análise de
variância (ANOVA). No caso de efeitos significativos indicados na ANOVA, foram efetuadas
comparações de médias por teste de Tukey (α=5%).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 5
39
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diminuição da massa remanescente em função do aumento da temperatura,
variando de 32,3%, em 300 °C, a 17,7%, em 500 °C (Tabela 1). Esta redução foi superior a
80% em 500 °C. Zhao et al. (2018) caracterizando biocarvões de diferentes fontes vegetais,
obteve uma massa remanescente de, aproximadamente, 18 a 41%, a uma temperatura de
500 °C. Esse fato pode estar relacionado à perda de água, compostos voláteis e também
componentes complexos, como a celulose (ZHANG et al., 2020).
Conforme mostrado na tabela 1, a celulose e os polifenóis diminuíram com o aumento
da temperatura para 500 °C. Os polifenóis diminuíram de 8,4 g.kg-1 para 1,0 g.kg-1 e a
celulose diminuiu de 307,2 g.kg-1 para 13,2 g.kg-1. O comportamento oposto foi observado
para Lignina e Cinzas, aumentando os valores com o aumento da temperatura. A lignina
aumentou de 438,2 g.kg-1 para 896,4 g.kg-1 e as cinzas de 5,6 g.kg-1 para 19,1 g.kg-1. Como
houve diminuição da Massa Remanescente e de Polifenóis e Celulose, isso pode indicar
que havia maior participação de Lignina na composição das cinzas.
Os teores de carbono (C) foram menores no material verde, 424,5 g.kg-1,
aumentando significativamente em 500 °C para 465,5 g.kg-1. Entretanto, os maiores valores
foram observados nas temperaturas intermediárias de 300 e 400 °C (488,6 e 488,3 g.kg-1,
respectivamente). Também foi observado aumento para o nitrogênio (N), o qual aumentou
de 4,7 g.kg-1 para 6,6 g.kg-1, em 500 °C (Tabela 1). Esse comportamento pode estar
associado a um aumento nos valores de lignina, em relação ao material original. De acordo
com Zhang et al. (2020), isso indica que a estrutura aromática se forma em temperaturas
crescentes devido à decomposição da celulose e outras macromoléculas.
Variável
T000
T400
32,3a
T500
Mr (%)
-
22,8b
17,7c
Cinzas (g.kg-1)
-
5,6c
15,6b
19,1a
C(g.kg-1)
424,5c
488,6a
488,3a
465,5b
N (g.kg-1)
4,7c
7,8a
7,8a
6,6b
(1)
Pol (g.kg )
8,4a
1,2b
0,9c
1,0c
Cel (g.kg-1)
307,2a
44,3b
16,7c
13,2d
Lig (g.kg-1)
438,2d
922,7a
894,4c
896,4b
-1
(1)
T300
Médias seguidas de letras distintas, diferem entre si, nas linhas, pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade de erro.
Tabela 1. Valores de Massa Remanescente (Mr), Cinzas, Carbono (C), Nitrogênio (N),
Polifenóis (Pol), Celulose (Cel) e Lignina (Lig) em biocarvão produzido a partir de cascas de
cupuaçu submetida a diferentes temperaturas.
A Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier, por Refletância
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 5
40
Difusa, mostrou semelhanças entre os espectros a 300, 400 e 500 °C (Figura 1). Todos
os espectros mostraram a banda 1.650 cm-1 de vibração de estiramento de C=C em anel
aromático e vibração de estiramento de C=O em cetona e quinona (1.600-1.580 cm-1)
(Zang et al., 2020); e bandas 1.250 cm-1 de estiramento assimétrico de C-O-C; e 1.720 cm-1
relacionada à ligação C=O (BARBOSA, 2007).
Figura 1. Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier, por Refletância
Difusa, de biocarvão produzido a partir de casca de cupuaçu submetida a diferentes
temperaturas.
Esses espectros diferiram do material original quanto à presença da banda 3.300 cm1
, ligação H do grupo OH, indicando perda de água do material original, quando submetido
a diferentes temperaturas (WANG et al., 2013).
Houve diminuição nas bandas relacionadas aos grupos alifáticos como banda
2.922 cm-1, da vibração de estiramento assimétrico C–H (grupamento alifático); e banda
1.050 cm-1 de estiramento em C-O (BARBOSA, 2007). A diminuição dessas bandas está
relacionada à perda de compostos como celulose e polissacarídeos (WANG et al., 2013;
ZHANG et al., 2020), o que corrobora à diminuição de celulose e polifenóis após o aumento
da temperatura, observado na tabela 1.
A diminuição de compostos de água e carbono menos resistentes à temperatura
corrobora os dados, aqui apresentados, sobre a perda de massa do material quando
submetido a altas temperaturas e pode ser indicativo da perda de compostos como
polifenóis e celulose, que também diminuíram após a temperatura aumentar.
O aumento da temperatura, que proporciona a perda de OH e grupos alifáticos,
melhora a formação de poros devido ao desenvolvimento de estruturas em anel aromático
(WANG et al., 2013).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 5
41
CONCLUSÕES
O Aumento da temperatura aplicada sobre as cascas de cupuaçu, para produção de
biocarvão, proporcionou alterações em sua composição. Além da perda de água e redução
de compostos alifáticos, houve aumento proporcional de compostos recalcitrantes, como
a Lignina.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Instituto Federal de Rondônia (IFRO), Universidade
Federal de Rondônia (UNIR) e Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) pelo
apoio ao Projeto.
REFERÊNCIAS
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 5
43
CAPÍTULO 6
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
DIVERSIDADE DOS GRUPOS FUNCIONAIS DA
FAUNA EDÁFICA SOB DIFERENTES SISTEMAS DE
PLANTIO DE MILHO
Kaline Oliveira da Silva
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 12/02/2021
Universidade Federal do Cariri - UFCA
Mauriti – Ceará
http://lattes.cnpq.br/2159295960906250
Gabriela Gonçalves Costa
Cicero Cordeiro Pinheiro
Universidade Federal do Cariri
Várzea Alegre – Ceará
http://lattes.cnpq.br/7200935311308835
Universidade Federal do Cariri
Crato - Ceará
http://lattes.cnpq.br/3120411781798460
João Henrique Araújo de Albuquerque
Márcio Godofrêdo Rocha Lobato
Universidade Federal do Cariri
Crato – Ceará
http://lattes.cnpq.br/6920007195250866
Instituto Federal do Pará - Campus Óbidos
Óbidos - Pará
http://lattes.cnpq.br/3893611906872573
Antonio Hyago Mendes Gonçalves
Sebastião Cavalcante de Sousa
Universidade Federal do Cariri
Farias Brito – Ceará
http://lattes.cnpq.br/8770775730957013
Universidade Federal do Cariri
Crato - Ceará
http://lattes.cnpq.br/2412614791849127
Sérgio Manoel Alencar Sousa
Universidade Federal do Cariri
Mauriti – Ceará
http://lattes.cnpq.br/0825295451035003
José Jonas Gomes Cavalcante
Universidade Federal do Cariri
Juazeiro do Norte - Ceará
http://lattes.cnpq.br/0738177779195711
Cícero Aparecido Ferreira Araújo
Universidade Federal do Cariri
Crato - Ceará
http://lattes.cnpq.br/5887446046810771
Eduardo Oliveira Nascimento
Universidade Federal do Cariri - UFCA
Juazeiro do Norte - Ceará
http://lattes.cnpq.br/4176034690797643
RESUMO: A fauna edáfica influencia diretamente
na disponibilidade de matéria orgânica, onde
parte daqueles que compõem esta categoria
se alimentam dela e promovem a ciclagem de
nutrientes, favorecendo ou não o manejo de
culturas de interesse econômico. Este trabalho
avaliou a diversidade dos grupos funcionais da
fauna edáfica sob diferentes sistemas de plantio
de milho, coletados por meio de armadilha e
avaliadas classificando-as. O experimento foi
implantado no Centro de Ciências Agrárias e
da Biodiversidade da Universidade Federal do
Cariri, no ano de 2019. Foram selecionadas 4
áreas com diferentes manejos: plantio de milho
convencional e irrigado (PMCI); plantio de milho
convencional e sequeiro (PMCS); milho de
plantio direto em sequeiro (MPDS); e vegetação
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 6
44
tipo capoeira (VC). Em cada área foram instaladas armadilhas pitfall trap, com volume de
250ml e dispostas por caminhamento aleatório, contendo solução de formol a 4%. Após o
período de 7 dias, as armadilhas foram identificadas, separando e classificando seu conteúdo
de acordo com os grupos funcionais. Observou-se que no sistema PMCI a grande maioria
do material coletado, 93%, correspondia aos fitófagos, e 3% e 4%, a predadores e saprófitos
respectivamente. No sistema PMCS, 56% foram fitófagos e 44% predadores, não havendo
saprófitos. No sistema MPDS, 93% do material correspondia a fitófagos e 7% a predadores,
não havendo saprófitos. Por fim, na VC, 61% do material coletado eram de fitófagos, 38%
de predadores e 1% de saprófitos. Os resultados demonstram que o grupo de fitófagos foi
mais numeroso em todos os sistemas de plantio avaliados. Podendo isso ser explicado pelo
fato dos organismos da fauna edáfica possuírem comportamentos diferenciados, variando de
acordo com o sistema de plantio e manejo utilizado. O SPD e o sistema convencional irrigado
apresentaram maior abundância de fitófagos em relação aos demais sistemas avaliados por
conta de sua umidade elevada no solo.
PALAVRAS-CHAVE: Pitfall trap. Plantio Direto. Manejo do Solo. Mesofauna. Macrofauna.
DIVERSITY OF FUNCTIONAL GROUPS OF SOIL FAUNA UNDER DIFFERENT
CORN PLANTING SYSTEMS
ABSTRACT: The soil fauna directly influences the availability of organic matter, where part
of those that make up this category feed on it and promote the cycling of nutrients, favoring
or not the management of crops of economic interest. This work evaluated the diversity of
functional groups of soil fauna under different corn planting systems, collected by means
of traps and evaluated by classifying them. The experiment was implemented in the Centro
de Ciências Agrárias e da Biodiversidade of the Universidade Federal do Cariri, in the year
2019. Four areas with different management were selected: convencional and irrigated corn
plantation (CICP); conventional and rainfed system corn plantation (CRSCP); corn’s direct
plantation in rainfed system (CDPRS); and vegetation type capoeira (VTC). Pitfall traps were
installed in each area, with a volume of 250ml and arranged by randomized walk, containing
4% formaldehyde solution. After 7 days, the traps were identified, separated and classified
their content according to functional groups. It was observed that in the CICP system the
vast majority of the collected material, 93%, corresponded to phytophages, and 3% and 4%,
to predators and saprophytes, respectively. In the CRSCP system, 56% were phytophages
and 44% predators, with no saprophytes. In the CDPRS system, 93% of the material
corresponded to phytophages and 7% to predators, with no saprophytes. Finally, in the VTC,
61% of the collected material was phytophages, 38% predators and 1% saprophytes. The
results show that the group of phytophages was more numerous in all planting systems
evaluated. This can be explained by the fact that the organisms of the soil fauna have different
behaviors, varying according to the planting system and management used. The SPD and the
conventional irrigated system showed a greater abundance of phytophages than the other
systems evaluated because of its high soil moisture.
KEYWORDS: Pitfall trap. Direct Planting System. Soil Management. Soil Mesofauna. Soil
Macrofauna.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 6
45
1 | INTRODUÇÃO
Quando se refere à utilização do solo objetivando atingir maior produtividade, a fauna
edáfica é um elemento que recebe atenção insuficiente (BARETTA et al., 2011). Apesar
de os microrganismos serem os principais responsáveis pelo processo de mineralização
dos nutrientes no solo, é a fauna edáfica que executa o papel de regulação microbiana
(CORREIA & OLIVEIRA, 2005).
No que diz respeito à fauna edáfica, pode ser classificada em três níveis: macrofauna,
mesofauna e microfauna. A macrofauna possui importante função no crescimento vegetal,
pois, auxilia para a conservação da matéria orgânica e controla a estruturação do solo
através do restauro das propriedades físicas do solo (POMPEO et al., 2016).
Já a mesofauna do solo pode ser considerada um bioindicador da qualidade do
solo, pois além de ser uma comunidade muito sensível a variações sazonais e ao manejo
do solo, possui papel ativo na ciclagem de nutrientes através das relações de mutualismo
e predação de microrganismos edáficos (BERUDE et al.; 2015).
A microfauna, em razão do seu tamanho, não produz excrementos na forma sólida,
para atuar como estruturas no solo após sua decomposição. Apesar disso, essa classe de
organismos são de suma importância na dinâmica populacional de microrganismos e na
soltura de nutrientes imobilizados na biomassa microbiana (CORREIA & OLIVEIRA, 2005).
Organismos fitófagos são organismos que possuem como fonte de alimentação
plantas, em cultivos comerciais são considerados danosos e podem causar prejuízos se
em altas concentrações (MATRANGOLO; CRUZ; LÚCIA, 1997)
Insetos predadores são amplamente utilizados como controle de pragas como
alternativa ao uso de inseticidas, já que como o próprio nome diz, eles alimentam-se de
outros organismos considerados prejudiciais às plantas (GASSEN, 1986).
Os saprófitos agem como recicladores de nutrientes no solo. Eles atuam no processo
de decomposição da matéria orgânica, facilitando a absorção de nutrientes provenientes da
decomposição por outros organismos (FORZZA et al., 2010).
As atividades biorreguladoras desses organismos são concentradas na camada
superficial do solo, com até 15 cm de profundidade nos solos tropicais, e até 30 cm nos
solos de regiões temperadas (PRIMAVESI, 1990). A fauna edáfica influencia diretamente
na disponibilidade de matéria orgânica, já que boa parte daqueles que compõem esta
categoria se alimentam dela e promovem a ciclagem de nutrientes, favorecendo ou não
a instalação e manutenção de culturas de interesse econômico, portanto, a presença e
densidade deste grupo têm peso sobre o manejo a ser adotado.
A vegetação também possui papel importante na fauna edáfica, através dela
determina-se grande parte dos microrganismos que compõem a fauna do solo. As
propriedades e a quantidade do material resíduo, em particular ambientes de clima tropical,
podem exercer grande influência nas populações da macrofauna do solo, resultando em
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 6
46
diferentes mobilizações nos componentes nutritivos (WARREN & ZOU, 2002).
A fauna edáfica, apesar de ser uma temática de grande importância para a biologia
do solo, ainda é um eixo pouco explorado por parte dos pesquisadores. Visto isso, o
presente trabalho objetivou avaliar a diversidade dos grupos funcionais da fauna edáfica
sob diferentes sistemas de plantio de milho, capturadas de forma amostral por meio de
armadilha e avaliadas posteriormente classificando-as.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi implantado em 2019 em uma área experimental no Centro de
Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB) da Universidade Federal do Cariri (UFCA),
Campus Crato, Ceará, localizado a a 7º 13’ 56” de latitude Sul e 39º 22’ 11” de longitude
Oeste, com altitude média de aproximadamente 440 m. O clima da região é categorizado
segundo a classificação de Köppen (KÖPPEN & GEIGER, 1928) como tropical úmido com
estação seca, correspondente ao clima Aw. A precipitação média anual é de 1.047,9 mm e
temperatura média anual de 24,1 º C (SILVA et al., 2013). O solo da unidade experimental
é classificado segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos como Argissolo
Vermelho Amarelo (EMBRAPA SOLOS, 2018), com relevo suave ondulado e textura
arenosa.
Para a realização do experimento foram selecionadas quatro áreas com diferentes
manejos: Área 1 – plantio de milho convencional e irrigado – PMCI (Figura 2a); Área 2 –
plantio de milho convencional e sequeiro – PMCS (Figura 2b); Área 3 - milho de plantio
direto em sequeiro – MPDS (Figura 2c); e Área 4 - Vegetação capoeira – VC (Figura 2d).
Figura 2: diferentes áreas de manejo: (a) plantio de milho convencional, irrigado; (b) plantio de milho
convencional e sequeiro; (c) milho em plantio direto e em sequeiro e, (d) vegetação capoeira.
Fonte: os autores, 2019.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 6
47
Em cada área foram instaladas armadilhas do tipo pitfall trap (armadilha de queda),
feita de recipientes plásticos com capacidade de 250 ml, instalados com sua borda superior
na interface da superfície do solo, cobertas com pratos plásticos para protegê-los da ação
da chuva até o fim de sua permanência no campo, suspensos por três palitos ao redor da
armadilha, estando essa proteção a aproximadamente 25 centímetros do solo (Figura 1).
Foi também adicionada uma solução de formol a 4% para conservação da fauna coletada
no período de permanência do experimento no campo.
As armadilhas foram distribuídas nas áreas por caminhamento aleatório conforme
o descrito por Filizola et al. (2006) para coleta de amostra de solos, para que pudesse se
representar melhor a área como um todo, totalizando 4 armadilhas para cada sistema de
manejo estudado.
Figura 1: armadilha pitfall montada e instalada.
Fonte: os autores, 2019.
A coleta da fauna edáfica foi realizada no período de 10 a 17 de junho de 2019. Ao
final desse período, as armadilhas foram retiradas do campo, identificadas segundo as
áreas que foram instaladas e levadas ao laboratório de solos do CCAB/UFCA. Cada uma
das pitfall trap foi cuidadosamente examinada, tendo todo o material coletado separado por
categorias em fitófagos, predadores e saprófitos.
Para avaliação dos dados, foi realizado um cálculo simples de média para os
sistemas de manejo entre as 4 armadilhas de cada um deles. Em seguida, os dados em
porcentagem foram organizados em uma tabela e posteriormente projetados em um gráfico
de barras.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 6
48
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após avaliação das armadilhas, contagem e classificação do material, observou-se
que no sistema de manejo com o Plantio do Milho Convencional Irrigado a grande maioria
do material coletado, 93%, correspondia aos fitófagos, o restante 3% e 4%, a predadores e
saprófitos respectivamente (Tabela 1).
No Sistema Convencional de Sequeiro, foram encontrados 56% de fitófagos e 44%
de predadores, não havendo ocorrência de saprófitos (Tabela 1).
Avaliando o Sistema de Plantio Direto, 93% do material coletado correspondia a
fitófagos e 7% de predadores, não havendo também ocorrência de saprófitos (Tabela 1).
Por fim, na Capoeira, 61% do material coletado eram de fitófagos, 38% de predadores
e 1% de saprófitos (Tabela 1).
Sistemas de plantio
Fitófagos
Predadores
Saprófitos
Convencional Irrigado
93
3
4
Convencional Sequeiro
56
44
0
Plantio Direto
93
7
0
Capoeira
61
38
1
Tabela 1: distribuição relativa (%) de indivíduos para diferentes grupos funcionais.
Fonte: os autores, 2020.
Visto isso, os resultados demonstram que o grupo de fitófagos foi mais numeroso
em todos os sistemas de plantio avaliados, seguido de predadores e saprófitos (Gráfico 1).
Gráfico 1: distribuição da fauna (%) nos diferentes sistemas de manejo estudados.
Fonte: os autores, 2020.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 6
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Isso pode ser explicado pelo fato dos organismos da fauna edáfica possuírem
comportamentos diferenciados, variando de acordo com o sistema de plantio e manejo
utilizado. Alguns insetos-praga, como é o caso dos fitófagos, vão apresentar maiores
populações quando associados a monocultivos por conta da menor diversidade encontrada
nesses agroecossistemas, o que facilita que esses insetos encontrem seu hospedeiro
(TAHVANAINEN & ROOT, 1972). Portanto, tais efeitos podem esclarecer o alto índice
desses herbívoros nos sistemas de manejo estudados, principalmente no Plantio de Milho
Convencional Irrigado, onde esse índice chega a alcançar 93%.
Os fitófagos podem ter sido grandemente favorecidos no Sistema de Plantio Direto
por conta do maior índice de cobertura vegetal do solo constituindo uma das principais
fontes de alimento (COLEMAN & CROSSLEY 1995).
A contribuição da presença de palha na superfície para manter as taxas do acúmulo
de matéria orgânica e infiltração de água favorecem muito a fauna do solo (AGOSTINETTO
et al. 2000). Portanto, O Sistema Convencional Irrigado, com a manutenção da constante
umidade do solo, e o Sistema de Plantio Direto, com um maior índice cobertura vegetal,
são diretamente favorecidos com uma maior quantidade de indivíduos quando comparados
aos demais sistemas de manejo.
Na capoeira, notou-se uma diminuição da quantidade relativa de indivíduos quando
comparada aos outros sistemas de manejo. Por ser uma mata em regeneração, segundo
Rodrigues et al. (2010), ela é formada por clareiras por conta de seu dossel ainda não
estar, por vezes, completamente formada, o que vai facilitar a entrada de raios solares e a
passagem de chuva, acelerando assim a rápida decomposição do material encontrado no
solo, disponibilizando matéria orgânica com mais rapidez para o solo no local.
4 | CONCLUSÃO
O sistema de plantio direto e o sistema convencional irrigado apresentaram maior
abundância de fitófagos, e consequentemente maior quantidade de indivíduos da fauna
edáfica em relação aos demais sistemas avaliados por conta de sua maior do solo e maior
quantidade de matéria orgânica.
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 6
51
CAPÍTULO 7
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE UM PREBIÓTICO NO
DESEMPENHO DE LEITÕES DESMAMADOS
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 12/02/2021
Eduardo Miotto Ternus
Departamento técnico de Suínos Vetanco S/A
Chapecó – Santa Catarina
0000-0002-1372-9066
Fabrizzio Matté
Departamento técnico de Suínos Vetanco S/A
Chapecó – Santa Catarina
0000-0002-5308-5656
Lucas Piroca
Departamento Comercial de Suínos Vetanco
S/A
Chapecó – Santa Catarina
0000-0002-4207-9357
Thalita Malta
Departamento Regulatórios Vetanco S/A
Chapecó – Santa Catarina
0000-0002-2564-6938
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar
o desempenho e a saúde intestinal de leitões
desmamados submetidos ao uso de um aditivo
prebiótico durante a fase de maternidade,
bem como suas repercussões na ocorrência
e na intensidade das diarreias. Os tratamentos
experimentais corresponderam a: T1 - Controle
positivo (Gamaxine®); T2 - Controle negativo.
Foram utilizadas 86 leitegadas oriundas de
matrizes entre a primeira e sexta parição, de
forma equilibrada entre os tratamentos totalizando
1056 leitões. O desmame foi realizado aos
com 24 dias de idade média. Foram avaliados
o percentual de incidência de diarreia, peso
médio ao nascimento e desmame (individual
e da leitegada com a respectiva média), índice
de mortalidade e número de leitões medicados
para diarreia. Os tratamentos 1 e 2 apresentaram
uma taxa de mortalidade na maternidade de
7,8% e 10,69%, respectivamente, sendo uma
significativa diferença. A menor mortalidade em
T1 (Gamaxine®) resultou num maior número de
leitões desmamados neste tratamento. Assim,
os leitões tratados com o aditivo prebiótico neste
experimento apresentaram uma leitegada mais
pesada ao desmame, sendo 65,37 kg para T1
e 64,77 kg para T2 (p=0,05). O Tratamento 1
(Gamaxine®) teve menor incidência de diarreias
e menor porcentual de refugos. O desempenho
dos leitões tratados com o aditivo prebiótico na
maternidade foi significativamente superior aos
leitões do grupo controle, o que torna o uso
destes produtos alternativos uma alternativa
interessante na suinocultura atual.
PALAVRAS-CHAVE: Desempenho de leitões
desmamados, substituição de antimicrobianos,
uso de aditivos na suinocultura, prebióticos em
suínos, Bacillus subtilis.
EVALUATION OF THE EFFICACY OF A
PREBIOTIC IN THE PERFORMANCE OF
WEANED PIGLETS
ABSTRACT: The objective of this study was to
evaluate the performance and intestinal health of
weaned piglets submitted to the use of a prebiotic
additive during the maternity phase, as well as its
repercussions on the occurrence and intensity of
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 7
52
diarrhea. The experimental treatments corresponded to: T1 - Positive control (Gamaxine®);
T2 - Negative control. 86 litters from breeding stock between the first and sixth sows were
used, in a balanced way between treatments, totaling 1056 piglets. Weaning was performed
at 24 days of age. The percentage of diarrhea incidence, mean weight at birth and weaning
(individual and litter with the respective mean), mortality rate and number of piglets medicated
for diarrhea were evaluated. Treatments 1 and 2 had a maternity mortality rate of 7.8% and
10.69%, respectively, with a significant difference. The lower mortality in T1 (Gamaxine®)
resulted in a greater number of piglets weaned in this treatment. Thus, piglets treated with
the prebiotic additive in this experiment had a heavier litter at weaning, with 65.37 kg for T1
and 64.77 kg for T2 (p = 0.05). Treatment 1 (Gamaxine®) had a lower incidence of diarrhea
and a lower percentage of weak piglets. The performance of piglets treated with the prebiotic
additive in the maternity unit was significantly superior to piglets in the control group, which
makes the use of these alternative products an interesting alternative in current pig farming.
KEYWORDS: Performance of weaned piglets, replacement of antimicrobials, use of additives
in swine, prebiotics in pigs, Bacillus subtilis.
INTRODUÇÃO
Para concorrer de forma participativa no mercado internacional, a empresa suinícola
deve adaptar-se à tendência de não-utilização de antibióticos, mesmo conhecendo seus
benefícios no desempenho animal (Fedalto et al., 2002). Entre as vantagens da utilização
destes aditivos como promotores de crescimento, destacam-se a ausência do fenômeno
de resistência bacteriana e a manutenção da produtividade dos animais (Junqueira et al.,
2009).
Estima-se que o trato gastrointestinal (TGI) do suíno possui mais de 1000 espécies
de bactérias, que produzem mais de 2000 tipos de substâncias. Essas bactérias atuam
diretamente no hospedeiro e na microbiota intestinal, provocando ou não desequilíbrio da
flora intestinal. Além disso, a expressão de fatores de virulência por algumas bactérias
pode resultar em doença (Fouhse et al., 2016).
Vários microrganismos são usados como probióticos, entre eles, as bactérias nãoácido-lácticas, como os Bacillus, cuja principal vantagem é sua capacidade de esporular,
que lhes confere maior sobrevivência durante o trânsito estomacal e durante a elaboração,
o transporte e o armazenamento das rações (Cuevas et al., 2000). Como os Bacillus spp
são microrganismos não-colonizadores, seu principal modo de ação é a competição com
outras bactérias por nutrientes (Sanches et al., 2006).
Prebióticos, por definição, são ingredientes que não são digeridos pelas enzimas
digestivas do hospedeiro, mas que são fermentados pela flora bacteriana do trato digestório,
originando substâncias que estimulam seletivamente o crescimento e/ou atividade de
bactérias benéficas e inibem a colonização de bactérias patógenas ou indesejáveis (MAPA,
2004), resultando desta maneira em uma melhor saúde intestinal, que necessariamente irá
refletir na melhora da saúde geral do hospedeiro.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 7
53
A Modulação da microbiota intestinal e o aumento das concentrações de ácidos
graxos voláteis (AGV’s) no trato intestinal são os mais bem documentados e aceitos efeitos
dos prebióticos, desta forma, devido à sua capacidade de criar um ambiente intestinal
favorável para microbiota benéfica, temos um incremento na digestibilidade dos nutrientes
e redução de diarréia o que resulta em melhor desempenho dos animais (Liu et al., 2018).
O Gamaxine® é um aditivo prebiótico constituído por bactérias saprófitas inativadas e
parede celular de levedura que favorece o equilíbrio da microbiota intestinal, proporcionando
uma melhor proteção contra desafios entéricos e consequentemente melhorando o
desempenho dos animais.
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi realizado numa granja comercial com três sítios e 1500 matrizes,
localizada no estado de Minas Gerais (MG), com histórico de incidência de diarreias e a
média da mortalidade de maternidade ficando sempre acima dos 8%. Foram utilizadas
86 leitegadas oriundas de matrizes entre a primeira e sexta parição, as quais foram
randomizadas de forma equilibrada entre os tratamentos. O experimento foi composto de
dois tratamentos, caracterizados como Tratamento 1 (T1) os animais tratados com o aditivo
prebiótico (Gamaxine®) e Tratamento 2 (T2) o grupo controle, sem o fornecimento do aditivo
prebiótico. Assim, foram avaliados um total de 1056 leitões, divididos em 2 grupos. Os
leitões do T1, receberam 2ml de Gamaxine® por via oral logo após o nascimento (1ª dose)
e repetida dose de 2ml por via oral com 15 dias de vida (2ª dose). As matrizes entre terceira
e sexta parição foram consideradas de uma mesma categoria de parto, mas distribuídas de
forma equilibrada entre os tratamentos. Desta forma, quanto à ordem de parto, foi avaliado
o desempenho de matrizes de primeira, segunda e de terceira a sexta parições.
Todos os 1056 os leitões foram pesados ao nascer, individualmente, e identificados
com brincos (uma cor de brinco para cada tratamento) distribuídos respeitando o critério
da matriz de origem e peso ao desmame (aos 24 dias). Durante o experimento alguns
parâmetros foram avaliados diariamente e registrados em planilha específica seguindo
os seguintes critérios: percentual de incidência de diarreia, peso médio ao nascimento e
desmame (individual e da leitegada com a respectiva média), índice de mortalidade e o
número de leitões medicados para diarreia, sendo comparados entre os tratamentos.
Para análise do ganho de peso, o peso no quinto dia e peso ao desmame dos
leitões e leitegadas foram utilizados. Como covariáveis, o peso dos leitões ao nascer e
peso da leitegada ao nascimento, respectivamente. Todos os leitões que morreram também
foram pesados e identificados na planilha com a respectiva data do óbito. Após os partos
e o manejo de colostro, o excesso de leitões foi retirado das matrizes, permanecendo
apenas o número de leitões correspondentes ao número de tetas viáveis. Os dados obtidos
foram submetidos à análise de variância utilizando-se o Programa de Análise Estatística
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 7
54
e Genética – SAEG. Por se tratar de dois tratamentos, com coeficiente de variação para
as variáveis estudadas inferior a 15%, foi utilizado o teste t para comparação de médias
pela análise de variância. Para os dados que não permitiram análise paramétrica, foram
utilizados testes estatísticos não-paramétricos, como o teste de Qui-quadrado.
RESULTADO E DISCUSSÕES
O número de leitões por tratamento após homogeneização da leitegada foi de 12,19
e 12,39 leitões por matriz nos tratamentos 1 e 2, respectivamente. O peso médio individual
destes leitões foi de 1,31kg e 1,33 kg para os tratamentos 1 e 2, resultando em leitegadas
com peso total ao nascimento de 15,97 kg para T1 e 16,48 kg para T2.
Os tratamentos 1 e 2 desmamaram a média de 11,23 e 11,06 leitões, não havendo
diferença para a variável peso individual ao desmame (p=0,15), sendo 5,82 kg para T1 e
5,85 kg para T2, conforme pode ser observado na tabela 1.
TRATAMENTO
1
2
CV (%)
PESO NASCIMENTO
1,31 ± 0,36
1,37 ± 031
PESO AOS 24 DIAS
5,82 ± 1,60
5,85 ± 1,28
20,20
Letras maiúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa
(p<0,05)
Tabela 1 – Dados médios de pesos individuais (kg) ao nascimento e aos 24 dias (média ±
desvio padrão).
Quando se analisa a variável o peso individual ao desmame, é fundamental
considerar também a variável peso da leitegada, uma vez que este vai variar em função do
número de leitões desmamados/matriz. Desta maneira, é comum se observar na rotina das
granjas uma diferença no peso individual dos leitões ao desmame, havendo uma correlação
negativa entre número de leitões desmamados e peso ao desmame, sendo que esta não
foi observada no grupo T1, pois mesmo desmamando mais leitões que o grupo controle, o
peso individual do grupo tratado com o aditivo prebiótico (T1) continuou estatisticamente
igual.
A menor mortalidade de leitões na maternidade observada no T1 resultou em
um maior número de leitões desmamados neste tratamento quando comparado ao
grupo controle negativo (T2). Desta maneira, observamos diferença estatística entre os
tratamentos para a variável peso da leitegada ao desmame, sendo 65,37 kg para T1 e
64,77 kg para T2 (p=0,05), conforme pode ser visualizado na tabela 2.
Há uma correlação direta entre um melhor peso dos leitões ao desmame e seu
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 7
55
subsequente desempenho nas fases posteriores de recria e terminação, desta maneira,
se observa que leitões mais pesados ao desmame apresentam melhor desempenho e são
menos susceptíveis a distúrbios digestivos e a diarreia.
TRATAMENTO
1
2
CV (%)
PESO NASCIMENTO
15,97 ± 3,53
16,48 ± 3,51
PESO AOS 24 DIAS
65,37 ± 15,93 A
64,77 ± 12,89 B
15,34
Letras maiúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa
(p<0, 05).
Tabela 2 – Dados médios de pesos da leitegada (kg) ao nascimento e ao desmame (média ±
desvio padrão).
A ocorrência de diarreias foi numericamente maior no grupo controle (T2) para todo
o período experimental como pode ser observada na figura 1, sendo que as leitegadas
do grupo controle apresentaram em média 1,14% mais incidência de diarreias quando
comparadas a T1.
Incidência de Diarreias
15,5
15,00
15
14,5
14
13,86
13,5
T1
T2
Letras diferentes na coluna indicam diferença estatística (p < 0,05).
Figura 1 – Frequência de diarreias para todo período experimental
Em relação a variável mortalidade de maternidade, os tratamentos 1 e 2 apresentaram
mortalidades médias de 7,8% e 10,69%, respectivamente, como pode ser visto na figura 2.
Se observou uma significativa diferença a favor do grupo de leitões tratados com o aditivo
prebiótico, sendo que estas leitegadas apresentaram em média uma mortalidade menor
(2,89%) quando comparados as leitegadas do grupo controle.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 7
56
Percentual de Mortalidade na Maternidade
12
10,69
10
8
7,8
6
4
2
0
T1
T2
Letras diferentes na coluna indicam diferença estatística (p < 0,05).
Figura 2 – Taxa de mortalidade nos tratamentos.
Ao estratificar a mortalidade dos leitões na maternidade, foi observado que as
principais causas de mortalidade encontradas foram esmagamento, diarreia e fraco/refugo,
havendo um maior percentual de mortes por diarreia em T2 (9%) quando comparado ao
grupo de animais tratados com o aditivo prebiótico (6%).
Da mesma maneira, observou-se também que além da mortalidade maior e da maior
incidência de diarreias os animais do grupo controle (T2) apresentaram uma maior taxa de
refugagem (1,87%) como pode ser evidenciando na figura 3.
Percentual de Refugos
8
6,94
7
6
5,07
5
4
3
2
1
0
T1
T2
Letras diferentes na coluna indicam diferença estatística (p < 0,05).
Figura 3 – Taxa de refugo nos tratamentos
Os resultados obtidos neste trabalho corroboram com os resultados encontrados na
literatura, onde a adição de aditivos prebióticos às dietas de leitões também apresentaram
melhor desempenho, diminuíram a incidência de diarréia e melhoraram a morfologia do
intestino delgado (Liu et al., 2018; Tsiloyiannisy et al.,2006).
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57
CONCLUSÕES
Os leitões tratados com o aditivo prebiótico (Gamaxine®) apresentaram leitegadas
mais pesadas ao desmame. Somada a diferença de peso médio ao nascimento, as
leitegadas do grupo T1 foram desmamadas com 1.11Kg a mais na média, que o grupo
controle. Utilizando os números médios da granja onde foi realizado o experimento, ao
final de um ano essa diferença a maior de peso por leitegada desmamada representaria
aproximadamente 4 toneladas a mais de leitão desmamado.
As leitegadas do Tratamento 1 (Gamaxine®) apresentaram uma menor mortalidade
de maternidade (7,8%) em comparação ao grupo controle (10,69%), logo um maior
número de leitões desmamados, 11,23 contra 11,06. Mantida essa melhora de 0,17 leitões
desmamados por fêmea, ao final de um ano totalizaria aproximadamente 630 leitões
desmamados a mais na granja.
O Tratamento 1 (Gamaxine®) teve menor incidência de diarreias e menor porcentual
de refugos o que é um resultado extremamente importante para a sequência da cadeia
de produção, pois quanto maior o número de animais viáveis na creche e terminação,
melhores serão seus indicadores zootécnicos consequentemente mais baixo seu custo de
produção que é traduzido em maior ganho financeiro.
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CAPÍTULO 8
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CARACTERIZAÇÃO DOS PADRÕES DE
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA PRODUTIVIDADE DE
GRÃOS POR MEIO DE MÉTODO SUPERVISIONADO
E NÃO SUPEVISIONADO
Data de aceite: 03/05/2021
Gislaine S. Pereira
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Sistemas Agrícolas, Dpto de
Engenharia de Biossistemas, Esalq/USP
Piracicaba, SP
Leandro M. Gimenez
Professor Dr. do depto de Engenharia de
Biossistemas, Esalq/USP
Piracicaba, SP
RESUMO: Os mapas de produtividade
resultantes das operações de colheita não
garantem informações prontamente disponíveis
devido a presença de erros e da variabilidade
temporal. O uso de técnicas de processamento
destes dados para eliminar erros e identificar as
regiões com desempenho distinto e consistente
deve ser adotado. Os métodos mais simples
para o processamento de dados são os
supervisionados. Métodos não supervisionados
são propostos e entre eles o método MYPA
(Blasch et al.2020), que emprega a análise de
componentes principais e regressões, além do
agrupamento com uso de lógica fuzzy. Sendo
assim, o objetivo do trabalho foi avaliar o método
MYPA em comparação a um método de referência.
Um banco de dados contendo oito mapas das
culturas de milho e soja foi utilizado. Pode-se
observar que a técnica MYPA apresentou menor
variância relativa (0,12) comparado ao método
de referência (0,68). Na avaliação da qualidade
do agrupamento, realizada através de testes
de análise multivariada, o método de referência
obteve menor desempenho (Pillai = 0,23; Wilks’
λ= 0,78) que MYPA (Pillai = 1,14; Wilks’ λ= 0,07).
O uso da metodologia requer domínio de técnicas
estatísticas trazendo, entretanto, vantagens na
regionalização.
PALAVRAS-CHAVE: Mapas de colheita,
unidades de produtividade, análise de
componentes principais.
CHARACTERIZATION OF SPATIAL
DISTRIBUTION PATTERNS OF
GRAIN PRODUCTIVITY THROUGH A
SUPERVISED AND UNSUPPORTED
METHOD
ABSTRACT: Yield maps resulting from the
harvesting operations do not guarantee readily
available information due to the presence of
errors and temporal variability. Use of techniques
of processing this data to eliminate errors and
identify regions with distinct and consistent
performance should be adopted. The simplest
methods for data processing are supervised.
Unsupervised methods are proposed and among
them the MYPA method (Blasch et al., 2020),
which employs principal component analysis and
regressions, in addition to grouping using fuzzy
logic. Therefore, the aim of this study was to
evaluate the MYPA in comparison to a reference
method. A database containing eight yield maps
of the corn and soybean crops was used. It can be
seen that the MYPA showed less relative variance
(0.12) compared to the reference method (0.68).
In the evaluation of the quality of the cluster,
carried out through multivariate analysis tests,
the reference method obtained less performance
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 8
60
(Pillai = 0.23; Wilks ‘λ = 0.78) than MYPA (Pillai = 1.14; Wilks’ λ = 0.07). The methodology
requires experience with statistical analysis but offers advantages for zones delineation.
KEYWORDS: Yield map, management zones, principal components analysis.
INTRODUÇÃO
A produção de grãos é considerada uma das principais atividades agrícolas no
Brasil contribuindo para melhoria da economia do país. Com o passar dos anos e junto a
expansão das tecnologias, é possível monitorar o resultado da produção agrícola durante a
etapa de colheita, através da espacialização de dados, utilizados como fonte de informação
para a agricultura de precisão (AP). Os monitores de colheita, comercializados desde a
década de 90, possibilitam a obtenção da variabilidade espacial da produção a nível de
lavoura, podendo auxiliar os produtores agrícolas no manejo de áreas (Blasch et al., 2020).
Embora seja comum o uso desta informação como camada de resposta para a AP (McEntee
et al., 2019), a dificuldade por parte do produtor rural na interpretação e visualização do
comportamento espacial da produção, diante de uma série de safras ainda é uma restrição,
o que torna os mapas, muitas vezes subutilizados (Leroux et al., 2018; Blasch et al., 2020).
Pesquisas como a de Blackmore et al. (2003) e Xiang et al. (2007) mostraram
ser possível identificar unidades de produtividade com base na variabilidade espacial
e temporal de mapas de colheita, fazendo com que informações de produtividade
passem a ser utilizadas em diferentes práticas de gerenciamento das lavouras. Segundo
Blackmore et al. (2003), é necessário aplicar técnicas estatísticas, que permitam visualizar
características de interesse. Blasch et al. (2020), buscando compreender o comportamento
de séries temporais, desenvolveram uma metodologia para Análise Multitemporal dos
Padrões de Produtividade (Multi-temporal Yield Pattern Analysis - MYPA), o que auxiliou
na determinação de unidades de produtividade, minimizando a influência dos fatores que
afetam a produção agrícola, como clima e solo. De acordo com Blasch et al. (2020), o método
auxiliou na obtenção de regiões agrícolas homogêneas de maior e menor produtividade,
baseado em informações das séries temporais de várias safras e de diferentes culturas,
por meio da análise de componentes principais. Leroux et al. (2018), obtiveram unidades
de produtividade com uso da estabilidade espacial e temporal da produtividade de culturas,
através dos dados brutos de mapas de colheita de várias safras e de análise estatística
multivariada.
Técnicas para determinar a produtividade relativa ao longo das safras podem reduzir
as variações de produção em função do tipo de cultura, devido ao uso de ferramentas
estatísticas, que permitem obter regiões homogêneas dentro do talhão (Blasch et al., 2020).
Para as condições brasileiras, estudos têm buscado soluções no processamento de mapas
de colheita (Spezia et al., 2012), outros no mapeamento e regionalização de parâmetros de
importância para o gerenciamento das lavouras, como o zoneamento de variáveis de solo e
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 8
61
clima (Ricardo et al., 2016), utilizando métodos estatísticos (Bazzi et al., 2013). No entanto,
poucos são os estudos realizados para as lavouras brasileiras, muitas vezes pela ausência
de séries temporais de mapas de colheita, ou devido a subutilização das informações.
Sendo assim, é importante reforçar a necessidade de obtenção de resultados consistentes
dos padrões da produtividade e se estas mudanças são estáveis ou não com o passar
dos anos. De acordo com Ping e Dobermann (2005), estudos em diferentes safras e com
culturas distintas devem ser realizados para consolidação das técnicas utilizadas. Assim, o
objetivo do estudo foi explorar a estabilidade espacial e temporal de uma série histórica de
mapas de produtividade de grãos, baseando-se na variação relativa da produção durante
8 safras, através do uso de técnicas de agrupamento de unidades de produção e verificar
seus padrões de produtividade.
MATERIAL E MÉTODOS
Para o estudo foi utilizado um talhão de 20 hectares, localizado na região Noroeste
do Paraná (23°23’S, 52°15’O, 485 m). A área é destinada a produção de soja em safra
principal e milho segunda safra. A região possui clima subtropical úmido com verões
quentes (Cfa), temperatura média anual em torno de 20°C e precipitação anual entre 1300
a 1600 mm (Alvares et al., 2014).
Foram obtidos mapas de colheita das safras de 2015 a 2020 (Tabela 1), totalizando 8
safras, três de milho (2015, 2018 e 2019) e cinco de soja (2016, 2017, 2018, 2019 e 2020).
Os dados brutos foram filtrados com uso do software Mapfilter® para remoção de valores
discrepantes. Posteriormente, os dados de produtividade foram normalizados (Figura 2) e
importados para o software Vesper 1.62® (Minasny et al., 2005). A interpolação dos valores
de produtividade ocorreu por meio de krigagem em bloco (10 x 10 m), com uso de variograma
local em grade de 5 m x 5 m. Para todas as safras, os dados foram interpolados em grade
de mesmo tamanho, possibilitando a comparação entre as safras e as diferentes culturas.
Produção (t ha-1)
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
Milho - 2015
7,70
7,67
0,58
5,83
9,97
Soja - 2015/16
2,64
2,65
0,24
1,98
3,43
Soja - 2016/17
4,18
4,19
0,20
3,37
5,20
Soja - 2017/18
2,96
3,00
0,25
2,12
3,78
Milho - 2018
7,93
7,99
0,75
4,54
9,75
Soja - 2018/19
2,96
2,98
0,29
2,20
3,65
Milho - 2019
9,51
9,55
0,72
5,71
11,93
Soja - 2019/20
2,29
2,29
0,17
1,47
2,96
Tabela 1. Estatística descritiva da produtividade de safras de soja e milho (t ha -1) durante o
período de 2015 a 2020.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 8
62
No primeiro método analisado, MYPA, com os mapas de produtividade padronizados
das 8 safras, realizou-se uma análise de componentes principais (ACP) para verificar
possíveis outliers entre os dados (Figura 1). Foram realizadas duas iterações, sendo que
na primeira iteração (Figura 1A) foi possível observar um comportamento atípico para
os dados de produtividade normalizada (Prod) da safra de 2016/17 em comparação a
tendência das demais safras, sendo então eliminado do rol de dados. Após a eliminação
dos outliers, foram determinadas 7 camadas vetoriais para cada safra. Os vetores foram
convertidos em rasters de banda única e empilhados utilizando a função “stack” do pacote
RStoolbox (Leutner et al., 2018), na plataforma do Rstudio (R Core Team, 2020). O
empilhamento das camadas resultou na obtenção de um raster multibanda, contendo em
cada pixel a informação das 7 safras selecionadas. Determinou-se então a média (µ) e
o desvio padrão relativo (σ) do raster multibanda. Após a filtragem e processamento dos
dados para conversão em “layers”, iniciou-se duas etapas de tratamento para obtenção das
unidades de produtividade (Figura 2).
Figura 1. Análise de Componentes Principais (ACP) dos mapas de produtividade de grãos em
8 safras após primeira iteração (A) e de 7 safras após remoção de outliers e segunda iteração
(B).
A primeira etapa consistiu na análise de componentes principais do raster multibanda
através da função “rasterPCA”, utilizando o pacote RStoolbox. Foram obtidos seis rasters de
componentes principais (CP1 a CP6), utilizados para uma análise de regressão linear com
cada raster banda única da produtividade padronizada. Através do processo foi obtido o
coeficiente de determinação corrigido (R2) da regressão entre rasters (CP ´ Produtividade),
o que possibilitou a classificação/seleção de quais CP possuíam uma relação de pelo
menos 50% (R2 > 0,5) com a produção em cada uma das safras. Com a análise foi possível
obter quais CPs seriam utilizados para o agrupamento não supervisionado. O “layer” de s
representa a variação relativa da produção ao longo do tempo, sendo utilizado junto aos
CPs na obtenção das unidades de produtividade. O agrupamento não supervisionado foi
realizado através da técnica “k-means” utilizando o pacote cluster (Maechler et al., 2018).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 8
63
As unidades de produtividade no agrupamento não supervisionado foram classificadas
em regiões de Alta Produtividade (Estável ou Instável) e Baixa Produtividade (Estável ou
Instável). Toda a etapa 1 foi baseada em metodologia descrita em Blasch et al. (2020).
No método de referência foi realizada a classificação supervisionada das unidades
de produtividade, baseando-se no coeficiente de variação, e utilizando como camada
principal a média total (µ) da produtividade normalizada de todas as safras, classificadas
como Alta Produtividade (Estável ou Instável) e Baixa Produtividade (Estável ou Instável).
Foram obtidas 4 unidades de produtividade (k = 4), e após a obtenção dos grupos, foi
realizada uma análise de variância relativa (RV), e de qualidade do ajuste (Pillai e λ de
Wilk’s) para verificação qualidade dos agrupamentos.
Figura 2. Fluxograma das etapas de processamento dos mapas de colheita até a obtenção das
unidades de produtividade através de método não supervisionado (MYPA) e supervisionado
(REFERÊNCIA).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os padrões espaciais da produtividade normalizada para as 8 safras podem ser
visualizados em Figura 3. As safras 2017/18 e 2018/19 apresentaram padrões semelhantes
de produtividade, o mesmo para as safras 2018 e 2019. A safra 2016/17 foi considerada um
outlier durante o processo de análise de componentes principais (Figura 1), o que resultou
em sua retirada do conjunto de dados. Possivelmente a razão para esta eliminação são os
valores predominantemente baixos de produtividade (Figura 3) em comparação as demais
safras.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 8
64
Figura 3. Mapas de colheita padronizados das culturas de soja (2015/16, 2016/17, 2017/18,
2018/19 e 2019/20) e milho (2015, 2018 e 2019).
A variância explicada por cada um dos CPs é apresentada na Tabela 2. Os PCs 1 e
2 apresentaram mais de 48% da Var. Expl. da série temporal de produtividade. Apenas o
CP1 foi selecionado para etapa de agrupamento, baseado na premissa de que a regressão
linear entre a produtividade de cada safra apresentasse um R2>0,5.
Prod
CP 4
CP 5
µ
CP 1
CP 2
CP 3
CP 6
Milho 2015
0,1640
0,3984
0,1332
0,079
0,0635
0,1461
0,1670
Milho 2018
0,0813
0,1502
0,3715
0,2507
0,0815
0,0374
0,1272
Milho 2019
0,0817
0,4221
0,0851
0,2342
0,0636
0,0825
0,1704
Soja 2015/16
0,2777
0,0285
0,2709
<0,001
0,4058
0,0164
0,2159
Soja 2017/18
0,5152
0,2444
<0,001
0,0024
0,044
0,0727
0,3877
Soja 2018/19
0,5713
0,1195
0,0674
0,0112
0,052
0,0466
0,3142
Soja 2019/20
0,1495
0,1574
0,2421
0,351
0,0102
0,0546
0,1244
Var Expl. (%)
26
22
17
13
10
6
-
*Var Exp. corresponde a variância explicada de cada um dos componentes principais.
Tabela 2. Coeficiente de determinação ajustado (R2) dos modelos de regressão linear entre
a produtividade normalizada em cada safra e componentes principais (CPs ´ Prod), e a
produtividade normalizada média (µ ´ Prod).
Ainda em relação à análise de componentes principais (Figura 4), é possível
observar uma alta tendência a correlação espacial, explicada pelo CP1 e em relação as
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 8
65
regiões de baixo produtividade das safras 2017/18 e 2018/19. O padrão foi confirmado
através do coeficiente de determinação (R2) da análise de regressão nas diferentes safras
(Tabela 2). Ao observar os demais CPs a correlação se torna inversa ao do CP1, sendo
possível visualizar padrões distintos.
Figura 4. Padrões Espaciais dos Componentes Principais (CP1 a CP6) ao longo de 7 safras.
Foram determinadas 4 unidades de produtividade pelo método não supervisionado
e supervisionado (Figura 5). Nos dois agrupamentos foi possível observar semelhanças no
zoneamento das regiões. Na Figura 5A as unidades de produtividade foram mais contíguas
e extensas. Ao avaliar o percentual de área coberta por cada unidade de produtividade, a
região de alto e estável produtividade apresentou predominância com 33% do talhão para
os grupos não supervisionados. As demais unidades neste agrupamento apresentaram
19 (Alto + Inst), 23 (Baixo + Inst) e 25% (Baixo + Est) da área total do talhão. Embora não
tenha sido avaliado a quantidade ideal de unidades de produtividade, é possível observar
em ambos os mapas a separação de duas regiões de alta e baixa produtividade.
O diferencial observado entre os agrupamentos é que o primeiro apresentou uma
alta produtividade na região central do talhão, porém instável, em que o aumento da
estabilidade ocorreu a medida em que se chegou nas regiões periféricas, representado
pela unidade de alta, porém estável. As regiões de baixa se tornaram instáveis a medida
em que se aproxima das regiões limites do talhão.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 8
66
Com a Figura 5B, foi possível confirmar através do agrupamento que estas regiões
de alta tendem a ser maiores no meio do talhão para as extremidades, ou seja, possuem
áreas com produtividade muito acima do limite superior e vão se tornando menores a medida
em que se aproxima das regiões de limite do talhão, seguindo a tendência de produtividade
alto > acima > abaixo > baixo. O percentual de cobrimento da área por cada unidade de
produtividade foi de 30% (Baixo), 28% (Abaixo), 23% (Acima) e 19% (Alto). Segundo Ping
e Dorbemann (2005), as unidades de produtividade devem ser amplas dentro do talhão, o
que neste estudo correspondeu à metodologia de agrupamento não supervisionada.
Figura 5. Unidades de produtividade (k = 4) obtidas através de agrupamento não
supervisionado baseado na metodologia MYPA (A) e supervisionado com base na distância
interquartil (B).
O desvio padrão médio das unidades de produção nos dois agrupamentos
foram semelhantes (Tabela 3). Ao avaliar a variância relativa - RV, a metodologia MYPA
apresentou um índice de 0,12, o que poderia indicar o melhor desempenho do agrupamento
em comparação ao método de referência (RV = 0,64). Os índices de Pillai e Wilk’s
podem confirmar a qualidade de ajuste das unidades para MYPA. O valor de Pillai para a
metodologia de referência (Pillai = 0,23) foi menor do que no método não supervisionado
(Pillai = 1,14). Um maior índice de Pillai representa um melhor ajuste (Blasch et al., 2020).
Já o índice de Wilks’ λ foi menor para MYPA com valor de 0,07 (Tabela 3), indicando alta
qualidade de ajuste para o agrupamento não supervisionado.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 8
67
Método de Referência
Multitemporal Yield Pattern Analysis
Unidade
Área
%
σméd
RV
Pillai
Wilks’ λ
Área
%
σméd
Alta + Est
33
0.0787
35
0.0719
Alta + Inst
19
0.0930
16
0.1270
Baixa + Inst
23
0.1234
30
0.1173
Baixa + Est
25
0.0916
19
0.0736
0.1168
1.1440
0.0719
RV
0.63652
Pillai
Wilks’ λ
0.2293
0.7773
Tabela 3. Avaliação do desempenho das metodologias de agrupamento MYPA e de Referência
na geração de unidades de produtividade.
CONCLUSÕES
O uso de técnicas na interpretação de unidades de produtividade, possibilitou
visualizar os padrões em um período de cinco anos em que havia a disponibilidade de
8 mapas. O método MYPA apresentou melhor desempenho em comparação ao método
de referência. Sendo assim, as informações obtidas podem ser suporte juntamente com
outros parâmetros de solo e clima, para auxiliar o produtor no gerenciamento da produção
agrícola.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a consultoria Farmer’s na disponibilização de banco de
dados utilizado para emprego das metodologias aqui descritas.
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Capítulo 8
69
CAPÍTULO 9
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
EXPRESSION OF ACCUMULATED NITROGEN AND
BIOMASS IN INOCULATED AND COINOCULATED
SOYBEAN IN SUGARCANE REFORM AREAS
Data de aceite: 03/05/2021
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID - 0000-0002-2954-2693
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0001-5797-6264
Fernando Bergantini Miguel
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0002-4778-8961
José Antonio Alberto da Silva
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/1398758607886303
Anita Schmidek
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/3709782731891847
Marcelo Henrique de Faria
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/4131019883040512
Marcelo Ticelli
APTA UPD Tatuí
Tatuí/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/3709782731891847
RESUMO: Objetivou avaliar a biomassa seca
radicular, da parte aérea e nitrogênio acumulado
na parte aérea de diferentes cultivares de soja em
resposta a três tratamentos testados: inoculação,
coinoculação ambos no sulco de semeadura e
controle sem adição de insumos biológicos. Dois
experimentos foram instalados, sendo um na
Estação Experimental de Citricultura (EECB), em
Bebedouro-SP, e o outro em uma propriedade
particular em Tanabi-SP, ambos em semeadura
direta na palhada de cana-de-açúcar. O esquema
adotado dos experimentos foi o de parcelões
demonstrativos. Realizou-se uma análise de
variância individual para cada experimento,
sendo as fontes de variação para as análises
estatísticas compostas por fatorial simples com
sete cultivares de soja e os três tratamentos já
supracitados e três repetições. Para semeadura
das cultivares, utilizou-se de uma semeadoraadubadora de 9 linhas e espaçamento entre
linhas de 0,5 m por cultivar. A cada 50 metros do
tiro da semeadora-adubadora foram distribuídos
os tratamentos na seguinte ordem: inoculação,
controle e coinoculação no sulco por meio de
pulverizador acoplado ao equipamento. No início
do florescimento, foram realizadas coletas de
plantas a campo por parcela experimental para
avaliação dos parâmetros. Verificou-se que as
cultivares se posicionaram quanto a expressão
dos parâmetros de modo diferenciado nos
diferentes locais de avaliação. Exceto a cultivar
SYN 15640 IPRO que em ambos os locais
esteve no ranking das cultivares de melhor
resposta quanto a prática da coinoculação no
sulco incrementando a biomassa seca radicular.
Conclui-se que estudos que envolvam a
identificação de genótipos com maior capacidade
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
70
de fixação biológica de nitrogênio avaliados pelos parâmetros utilizados no presente estudo,
são de suma importância para melhor compreensão do processo e na escolha de cultivares
com maior capacidade simbiótica para uso em áreas de reforma de canavial.
PALAVRAS-CHAVE: Glycine max L., Azospirillum, Bradyrhizobium, renovação de canavial,
fixação biológica de nitrogênio.
EXPRESSÃO DO NITROGÊNIO ACUMULADO E BIOMASSA EM SOJA
INOCULADA E COINOCULADA NO SULCO EM ÁREAS DE REFORMA DE
CANAVIAL
ABSTRACT: The objective was to evaluate the dry root and leaf biomass, and nitrogen
accumulated in the leaf of different soybean cultivars in response to three tested treatments:
inoculation, co-inoculation both in the sowing furrow and control without the addition of
bacteria. Two experiments were installed, one in the Estação Experimental de Citricultura
de Bebedouro (EECB), in Bebedouro-SP, and the other in a private farm in Tanabi-SP, both
in direct seeding in sugarcane straw. The scheme adopted for the experiments was that of
“Strip tests”. An individual analysis of variance was performed for each experiment, with
the sources of variation for the statistical analysis composed of simple factorial with seven
soybean cultivars and the three treatments already mentioned and with three replications. For
sowing the cultivars, a 9-row seeder-fertilizer was used and 0.5 m between rows per cultivar.
Every 50 meters of the shot from the seeder-fertilizer machine, treatments were distributed
in the following order: inoculation, control and co-inoculation in the furrow by means of a
sprayer attached to the equipment. At the beginning of flowering, collections of plants in the
field were carried out per experimental plot to evaluate the parameters. It was found that the
cultivars were positioned regarding the expression of the parameters in a different way in the
different evaluation sites. Except for the SYN 15640 IPRO cultivar, which in both places was
in the ranking of the best response cultivars regarding the practice of coinoculation in the
furrow, increasing root dry biomass. It is concluded that studies that involve the identification
of genotypes with greater capacity for biological nitrogen fixation evaluated by the parameters
used in the present study, are of paramount importance for better understanding of the process
and in the choice of cultivars with greater symbiotic capacity for use in areas of sugarcane
reform.
KEYWORDS: Glycine max L., Azospirillum, Bradyrhizobium, no-till in sugar cane, biological
nitrogen fixation.
1 | INTRODUÇÃO
A soja [Glycine max (L.) Merrill] tem se destacado no cenário mundial, por ser a
principal oleaginosa cultivada, estando o Brasil como segundo maior produtor mundial
do grão. No ano agrícola 2018/2019 a área cultivada no país foi de 35,9 milhões de
hectares, o que correspondeu a um aumento de 2% em relação a safra anterior, com uma
produção nacional de 115 milhões de toneladas (CONAB, 2019). O estado de São Paulo foi
responsável pelo plantio de 996,2 mil ha, com produtividade média de 3029 kg/ha (CONAB,
2019).
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Capítulo 9
71
Especificamente para o Estado de São Paulo, a soja tem sido alternativa crescente
em áreas de reforma de canavial (CANASAT, 2016). O cultivo dessa oleaginosa pode
elevar as médias de produtividade dos canaviais que vem diminuindo nos últimos anos.
No entanto, a média de produtividade de soja nessas áreas é baixa quando comparada
as produtividades obtidas com outras culturas antecessoras, indicando a ocorrência de
fatores restritivos a expressão do potencial produtivo das cultivares. Para obtenção de
altos rendimentos em soja todos os fatores de produção precisam ser favoráveis, sendo a
nutrição um dos principais fatores relacionado ao desempenho produtivo das lavouras de
soja.
O nitrogênio (N) é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura, pois
os grãos por serem muito ricos em proteínas, apresentam um teor médio de 6,5% de N.
Estima-se que para produzir 1000 kg de grãos são necessários aproximadamente 65 kg
de N. Além disso, pelo menos mais 15 kg de N para folhas, caule e raízes, totalizando,
portanto 80 kg de N. As principais fontes de N para a cultura da soja são os fertilizantes
nitrogenados e o N atmosférico que se torna disponível por meio da fixação biológica do
nitrogênio (FBN) efetuado por bactérias (HUNGRIA; CAMPO; MENDES, 2007; HUNGRIA;
NOGUEIRA; ARAUJO, 2015).
No Brasil, devido à eficiência da FBN, a inoculação, ou seja, o acréscimo de bactérias
do gênero Bradyrhizobium no momento da semeadura substitui totalmente a necessidade
de fertilizantes nitrogenados nas lavouras de soja (HUNGRIA et al., 2017). Por outro lado,
na busca por estratégias com vistas no incremento da eficiência da FBN na cultura da soja,
tem sido apontado o potencial de associar outros gêneros de bactérias fixadoras de N2,
como a do gênero Azospirillum com o Bradyrhizobium, sendo essa técnica denominada de
coinoculação ou inoculação mista (QUADROS et al., 2020).
Nesse sentido, o trabalho objetivou avaliar parâmetros relacionados a fixação
biológica de nitrogênio em diferentes cultivares de soja submetidas a três tratamentos
testados: inoculação e coinoculação no sulco de semeadura e controle sem adição de
insumos biológicos, em dois experimentos conduzidos em áreas de renovação de canavial
no Estado de São Paulo.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram instalados em condições de campo, um em área experimental
da EECB (Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro), no dia 13 de novembro de
2018, localizada no município de Bebedouro-SP e o outro em propriedade particular no
dia 01 de novembro de 2018, em área de renovação de canavial, emTanabi-SP, ambos
sob semeadura direta na palha de cana-de-açúcar. Os mesmos foram instalados no
esquema de faixas ou parcelões demonstrativos sendo implementado como um fatorial
simples 7x 3 no delineamento experimental de blocos ao acaso, com três repetições, ou
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
72
seja, para cada um, foi feita uma análise de variância individual. Desta forma, as fontes
de variação da análise de variância foram compostas por sete cultivares: BRS 7380 RR,
TMG 7063 IPRO, TMG 7062 IPRO, SYN 13610 IPRO, SYN 15640 IPRO, M 6410 IPRO e
NS 7007 IPRO e dos três tratamentos: inoculação no sulco de semeadura, controle sem
inoculação e coinoculação também no sulco de semeadura. É importante ressaltar que foi
realizado o ajuste da densidade de semeadura para as diferentes cultivares de acordo com
a porcentagem de germinação fornecida pelo fabricante.
Para isso, utilizou-se de semeadora-adubadora de 9 linhas, sendo realizado um
tiro para cada cultivar com densidade de semeadura ajustada previamente na semeadora
adubadora com espaçamento entre linhas de 0,5 m. A cada 50 m do tiro da semeadoraadubadora foram distribuídos os tratamentos de: coinoculação no sulco, inoculação no
sulco e controle não inoculado.
Quanto a prática de coinoculação foi utilizada uma formulação da empresa Stoller
do Brasil Ltda que contêm os dois gêneros de bactérias e, sendo que a mesma possui
Bradyrhizobium japonicum SEMIA 5079 na concentração de 1x 109 UFC mL-1 e Azospirillum
brasilense (cepas AbV5 e AbV6) na concentração de 1 x 107 UFC mL-1, na dose recomendada
de 0,5 L ha-1. O inoculante para inoculação com Bradyrhizobium no sulco de semeadura
utilizado foi o Masterfix L® Soja na dose 0,8 L ha-1, ou seja, sete a seis doses a mais que
é o normalmente indicado no tratamento de sementes (0,1 a 0,2 L ha-1). No estádio de
desenvolvimento V5 (FEHR; CAVINESS, 1977) foram aplicados os micronutrientes cobalto
e molibdênio via pulverização foliar, em todos os tratamentos inclusive no controle, na dose
de 0,1 L ha-1.
A aplicação dos inoculantes para inoculação e coinoculação foi realizada através
de pulverizador acoplado a semeadora-adubadora. Foram adotados alguns cuidados
para garantir uma maior eficiência dos tratamentos, como preparo da calda a sombra,
averiguação do pH da calda e calibração adequada dos bicos de pulverização para
distribuição uniforme dos inoculantes, ou seja, foi realizada a adoção de boas práticas de
inoculação e coinoculação para o sucesso do processo e visando garantir a sobrevivência
das bactérias contidas nos inoculantes.
No início do florescimento, aproximadamente no estádio fenológico R1 a R2, foram
coletadas 3 plantas por parcela experimental e levadas adequadamente e devidamente
identificadas para o laboratório da APTA Regional – Polo Alta Mogiana, Colina-SP para
avaliação da massa seca da parte aérea (MSPA) e da raiz (MSR) em g planta-1, sendo o
teor de nitrogênio na parte aérea (NPA) em g.kg-1. A parte aérea e raízes foram separadas
e foi efetuada a secagem em estufa a 65 °C por 48 h para obtenção de peso constante,
em seguida as plantas foram pesadas em balança semianalítica para determinar a massa
seca da parte aérea e raízes. O nitrogênio da parte aérea (NPA) foi obtido a partir de 0,2 g
de amostra de MSPA, pelo método de digestão sulfúrica a 450 °C e destilação pelo método
de Kjeldahl.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
73
Todas as técnicas de cultivo de soja, como escolha da cultivar, época de semeadura,
adubação de base, população de plantas, controle de plantas daninhas insetos e doenças,
seguiram as recomendações técnicas para a cultura da soja da EMBRAPA (2013).
Para os parâmetros foram realizadas as transformações Box-Cox estimadas e
aplicadas como proposto por Hawkins e Weisberg (2017), sendo os valores das médias
mantidos na escala original. Já as variâncias, desvios padrões, coeficientes de variação,
DMS, análises de variância e comparações de médias foram calculados com os dados
transformados. Posteriormente foram verificadas a normalidade dos resíduos pelo teste de
Shapiro-Wilk a 5% de probabilidade (ROYSTON, 1995). E também a Homocedasticidade
por meio da homogeneidade de variâncias pelo teste de Levene a 5% de probabilidade
(GASTWIRTH et al., 2009). Quando diferenças significativas foram detectadas na análise
de variância, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As
análises foram executadas com auxílio do Software AgroEstat versão online (MALDONADO
JUNIOR, 2019).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 consta o resumo da análise de variância e médias gerais obtidas nos
parâmetros avaliados no início do florescimento no experimento instalado em área de
renovação de canavial em Bebedouro-SP.
Nota-se efeitos altamente significativos dos fatores cultivares (C), tratamentos (T) e
interação CxT para os três parâmetros avaliados (Tabela 1).
PARÂMETROS
MSR1
MSPA1
NPA1
---------------------g. planta-1------------------
g.kg-1
CULTIVARES (C)
BRS 7380 RR
3,59ab
15,63 c
25,36 c
TMG 7063 IPRO
3,68ab
21,11 a
28,49 ab
TMG 7062 IPRO
3,21cd
18,94 b
27,53 abc
SYN 13610 IPRO
3,37 bc
21,96 a
25,91 bc
SYN 15640 IPRO
3,94 a
19,11 b
29,38 a
M 6410 IPRO
3,22 cd
17,93b c
26,60 abc
NS 7007 IPRO
3,05 d
17,26b c
27,33 abc
F (C)
13,75**
21,34**
4,15**
Coinoculação no sulco
3,59 b
18,87 b
28,73 a
Inoculação no sulco
3,91 a
21,52a
28,51 a
Controle
2,81 c
16,16 c
24,44 b
F(T)
141,12**
74,27**
30,77**
TRATAMENTO (T)
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
74
F Interações
CxT
8,65**
3,00**
4,75**
Média geral
3,44
18,85
27,23
CV (%)
2,02
7,55
3,11
1
Médias de três repetições seguidas da mesma letra minúscula na coluna não diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; NPA = teor de nitrogênio
total na parte aérea; MSPA = massa seca da parte aérea; MSR = massa seca da raiz; 1 Média
respectivamente de três plantas por repetição.
Tabela 1. Parâmetros relacionados a fixação biológica de nitrogênio, avaliados no estádio
fenológico R1-R2 em experimento conduzido em área de reforma de canavial na Estação
Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB), safra 2018/19.
Quanto ao efeito de cultivares (tabela 1), destacaram-se apresentando maiores
médias gerais quanto a MSPA as cultivares SYN 13610 IPRO e TMG 7063 IPRO em
relação as demais, mostrando respectivamente, 21,96 g planta-1 e 21,11 g planta-1. Em
relação a MSR nota-se que a cultivar SYN 16540 IPRO foi estatisticamente superior as
outras cultivares testadas e apresentou 3,94 g planta-1 e a cultivar obtentora do menor valor
médio de biomassa radicular foi a NS 7007 IPRO com 3,05 g planta-1. Quando se analisa
o nitrogênio total acumulado na parte aérea (NPA) cinco cultivares foram equivalentes
estatisticamente (TMG 7063 IPRO, TMG 7062 IPRO, SYN 15640 IPRO, M 6410 IPRO e
NS 7007 IPRO) com média das cultivares de 27,87 g.kg-1 e foram superiores no acúmulo de
nitrogênio na parte aérea em relação as cultivares BRS 7380 RR e SYN 13610 IPRO que
detiveram respectivamente, 25,36 e 25,91 g.kg-1.
Analisando o efeito de tratamentos (tabela 1), nota-se que a prática da inoculação
em soja (Bradyrhizobium) na dose de inoculante comercial de 0,8 L ha-1 no sulco de
semeadura proporcionou a melhor resposta para MSR e MSPA, entretanto, foi equivalente
a coinoculação (Bradyrhizobium + Azospirillum) no sulco de semeadura na dose de 0,5 L
ha-1 para NPA. Por sua vez, o controle não inoculado com bactérias quando comparado as
demais práticas, como era de se esperar, mostrou na média geral as piores respostas, ou
seja, menores médias em termos de MSPA, MSR e NPA.
Possíveis causas da prática de coinoculação para os parâmetros MSPA e MSR não
terem sido superiores quando comparados a inoculação, provavelmente estão associadas
ao fato de que o inoculante para a coinoculação que apresenta os dois gêneros de bactérias
em sua constituição no mesmo produto, por conta da dose de aplicação que foi de 0,5 L ha-1
proporcionou no sulco de semeadura a adição de apenas três doses de bactérias do gênero
Bradyrhizobium, ao qual, foi tida como insuficiente nesse tipo de forma de aplicação de
inoculantes, uma vez que, a literatura tem recomendado o uso de maiores doses em sulco
(EMPRAPA, 2018). Por outro lado, apesar de ter sido utilizada duas doses de Azospirillum
que consiste no recomendado, não foi possível no estádio fenológico em que foi realizada
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
75
a coleta das plantas verificar o efeito desse gênero de bactérias tidas como promotoras de
crescimento vegetal (BPCV) atuarem incrementando significativamente esses parâmetros,
visto que os resultados obtidos nesse trabalho demonstraram que a inoculação a base de
Bradyrhizobium foi superior estatisticamente a coinoculação. Mesmo assim, como já foi
ressaltado acima, para NPA, a coinoculação e inoculação tiveram equivalência estatística e
superioridade de ambos tratamentos em relação ao controle não inoculado. Os resultados
obtidos corroboram com a Embrapa (2018) que recomenda para obtenção de uma eficiente
inoculação no sulco de semeadura, deve-se aplicar o inoculante líquido diluído em água
(aproximadamente 50 litros/ha) e que a dose do inoculante, seja seis vezes superior à
indicada para o tratamento padrão nas sementes, com o objetivo de compensar a baixa
sobrevivência das bactérias, ocasionada por fatores adversos, como temperaturas elevadas
do solo, déficit hídrico, acidez, solos arenosos e competição entre colônias de bactérias
nativas e as selecionadas.
Na tabela 2 no desdobramento da interação tratamentos dentro de cultivares,
verificou-se que com a prática da coinoculação no sulco de semeadura, apenas a cultivar
SYN 15640 IPRO foi superior estatisticamente quanto a MSR diferindo estatisticamente
das outras cultivares testadas, com média de 4,77 g.planta-1; a TMG 7063 IPRO, SYN
13610 IPRO e SYN 15640 IPRO (com média de 21,66 g planta-1) não diferiram entre si
e proporcionaram maiores valores médios para MSPA quando comparada as outras
cultivares; já as cultivares NS 7007 IPRO, TMG 7063 IPRO, TMG 7062 IPRO, SYN 13610
IPRO, SYN 15640 IPRO e M 6410 IPRO cuja média geral das seis cultivares foi de 29,37
g.kg-1 foram equivalentes estatisticamente entre si e superiores a BRS 7380 RR que
deteve 24,93 g.kg-1 para NPA. Bulegon et al. (2015), verificaram resposta diferenciada dos
genótipos de soja BMX Turbo e Coodetec 250 à inoculação de sementes com bactérias do
gênero B. japonicum ou A. brasilense no nitrogênio total na parte aérea.
Por outro lado, com o uso da prática da inoculação no sulco de semeadura na dose
de 0,8 L ha-1 foi verificado superioridade estatística das cultivares BRS 7380 RR (4,28 g
planta-1), TMG 7063 IPRO (4,53 g planta-1) e SYN 16540 IPRO (4,47 g planta-1) que foram
equivalentes estatisticamente e superiores as outras quanto a MSR que detiveram valor
médio de 3,52 g planta-1; já, as duas cultivares da TMG e a SYN 13610 IPRO tiveram
igualdade estatística e foram superiores quanto a MSPA, com média de 23,78 g.planta-1;
seis cultivares com exceção da BRS 7380 RR não diferiram estatisticamente entre si e
foram superiores a essa cultivar em relação ao NPA. Ainda em relação a esse parâmetro
nota-se média das cultivares de 28,84 g.kg-1 , enquanto a BRS 7380 RR obteve 25,93 g.kg-1
de nitrogênio total acumulado na parte aérea;
No caso específico do controle não inoculado nota-se no presente trabalho que
as cultivares testadas não se diferenciaram estatisticamente quanto a MSR; Já, as duas
cultivares da TMG, SYN 13610 IPRO e M 6410 IPRO destacaram-se com superioridade
estatística em relação as demais quanto a MSPA, apresentaram média de 21,78 g planta-1;
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
76
as quatro cultivares BRS 7380 RR, TMG 7063 IPRO, TMG 7062 IPRO e SYN 15640 IPRO
não diferiram estatisticamente entre si e foram superiores as demais apresentando maiores
teores de nitrogênio acumulado na parte aérea (NPA) com média de 26,47 g.kg-1.
Ainda na Tabela 2 em relação ao comportamento de cada cultivar em resposta aos
tratamentos testados, nota-se que, para a cultivar BRS 7380RR, a inoculação no sulco foi
superior a, que por sua vez foi superior ao controle não inoculado quanto aos parâmetros
MSR e MSPA.
MSR 1
Cultivares (C)
F
------------------- g.planta-1-----------------Tratamentos(T)
COIN
I
C
-
BRS 7380 RR
3,67 b B
4,28 ab A
2,81 a C
33,09**
TMG 7063 IPRO
3,58 b B
4,53 a A
2,93 a C
34,00**
TMG 7062 IPRO
3,62 b A
3,29 c A
2,73 a B
14,51**
SYN 13610 IPRO
3,37 bc A
3,79 bc A
2,96 a B
11,20**
SYN 15640 IPRO
4,77 a A
4,47 a A
2,57 a B
83,67**
M 6410 IPRO
3,15 b c AB
3,54 c A
2,99 a B
5,43**
NS 7007 IPRO
2,99 c B
3,46 c A
2,70 a B
11,10**
F
16,36**
12,53**
2,15NS
MSPA
------------------- g.planta-1-----------------Tratamentos(T)
COIN
I
C
F
BRS 7380 RR
16,22 c B
19,33 c A
11,33 c C
18,64**
TMG 7063 IPRO
22,22 a A
24,44 a A
16,67 ab B
26,30**
TMG 7062 IPRO
17,28 bc B
23,11 ab A
16,44 ab B
20,95**
SYN 13610 IPRO
22,33 a AB
23,78 ab A
19,78 a B
7,22**
SYN 15640 IPRO
20,44 ab A
20,89 bc A
16,00 b B
10,59**
M 6410 IPRO
17,11 bc A
19,56 c A
17,11 ab A
2,88NS
NS 7007 IPRO
16,44 c B
19,56 c A
15,78 b B
5,65**
F
11,29**
8,69**
7,35**
NPA
-----------------------------------g kg-1---------------------------Tratamentos(T)
COIN
I
C
F
BRS 7380 RR
24,93 b A
25,93 b A
25,20 abc A
0,20ns
TMG 7063 IPRO
27,53 ab A
29,73 a A
28,20 a A
0,70ns
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
77
TMG 7062 IPRO
29,80 ab A
27,33 ab AB
24,87 abc B
4,33*
SYN 13610 IPRO
28,40 ab A
26,47 ab AB
22,87 bcd B
6,11**
SYN 15640 IPRO
28,60 ab A
31,93 a A
27,60 ab A
3,14ns
M 6410 IPRO
29,27 ab A
30,33 ab A
20,20 d B
25,27**
NS 7007 IPRO
32,60 a A
27,87 ab B
22,13 cd C
19,53**
F
3,50**
3,04*
7,12**
Médias de três repetições seguidas pelas mesmas letras minúsculas na coluna e maiúsculas
na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; I = Inoculação no
sulco de semeadura com inoculante a base de Bradyrhizobium; C = Controle sem inoculação;
COI = Coinoculação com uso de inoculante contendo bactérias do gênero Bradyrhizobium e
Azospirillum no sulco de semeadura; MSR, MSPA e NPA = massa seca da raiz, da parte aérea
e nitrogênio acumulado na parte aérea, respectivamente.
Tabela 2. Desdobramento da interação para os parâmetros MSR, MSPA e NPA avaliados
no estádio fenológico R1-R2 em diferentes cultivares de soja submetidas a três tratamentos
envolvendo inoculação, coinoculação no sulco de semeadura e controle. Bebedouro-SP. Ano
agrícola 2018/19.
Por outro lado, considerando essa mesma cultivar os três tratamentos não se
diferenciaram para NPA. Esses resultados demostram que essa cultivar não responde as
práticas de inoculação e coinoculação no sulco de semeadura em termos de N acumulado
foliar.
Na cultivar TMG 7063 IPRO, a inoculação foi superior a coinoculação que por
sua vez foi superior ao controle não inoculado para MSR; a inoculação e coinoculacão
realizadas no sulco de semeadura foram equivalentes estatisticamente e superiores ao
controle para MSPA; e os três tratamentos não se diferenciaram estatisticamente para
NPA. Assim, no caso específico dessa cultivar nota-se que cada parâmetro responde de
maneira diferenciada quanto as práticas de uso de inoculantes utilizadas no presente
estudo. Um fato interessante é que a coinoculação no sulco para a TMG 7063 IPRO
não promoveu o maior incremento em termos de MSR quando comparado a inoculação.
Segundo Hungria; Nogueira (2014) em estudos conduzidos a campo demonstram que a
coinoculação promove vários benefícios como: aumento do sistema radicular possibilitando
maior aproveitamento dos fertilizantes. Pelo fato da bactéria do gênero Azospirillum ter
duas vertentes de ação, sendo a primeira realizar a FBN e a segunda atuar na síntese
de fitohôrmonios de crescimento vegetal (SPAEPEN; VANDERLEYDEN, 2015) era de se
esperar uma maior biomassa seca radicular quando comparada a inoculação com somente
Bradyrhizobium, por conta de atuar formando um sistema radicular mais volumoso.
Em se tratando da cultivar TMG 7062 IPRO, a inoculação e coinoculação foram
equivalentes estatisticamente e superiores ao controle para MSR e NPA. A inoculação
foi superior a coinoculação que por sua vez foi equivalente ao controle não inoculado
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
78
para MSPA. Esses resultados concordam com Braccini et al (2006) que em estudo sobre
inoculação padrão nas sementes, coinoculação nas sementes e no sulco de semeadura em
soja verificaram em relação a avaliação em R1 da MSPA que a inoculação e coinoculação
não se difererenciaram quanto a esse parâmetro.
Para a cultivar SYN 13610 IPRO, a inoculação e coinoculacão foram equivalentes
estatisticamente e superiores ao controle para os três parâmetros avaliados. Em relação
a SYN 15640 IPRO, a inoculação e coinoculacão foram equivalentes estatisticamente
e superiores ao controle para MSR e MSPA, por outro lado, os três tratamentos não
se diferenciaram para NPA. Quando se analisa a cultivar M 6410 IPRO, a inoculação e
coinoculacão foram equivalentes estatisticamente e superiores ao controle para MSR e
NPA, e os três tratamentos não se diferenciaram para MSPA.
Para a cultivar NS 7007 IPRO, a coinoculação no sulco de semeadura com valor
médio de 32,60 g.kg
-1
mostrou superioridade estatística para NPA, quando comparada a
inoculação no sulco que deteve 27,87 g.kg -1, que foi superior ao controle não inoculado
com valor médio de 22,13 g.kg -1; O fato do NPA ter sido superior com a adoção da prática
da coinoculação especificamente para essa cultivar, corrobora com os resultados obtidos
por Fukami et al. (2017) e Marques et al. (2017) que relatam a melhor absorção e/ou
aproveitamento de agua e nutrientes, devido a produção de fitohormônios pelas bactérias
do gênero Azospirillum; Já, a inoculação foi superior a coinoculação que por sua vez foi
equivalente ao controle não inoculado para MSR e MSPA.
Na Tabela 3 consta o resumo da análise de variância e médias gerais obtidas nos
parâmetros avaliados no início do florescimento considerando sete cultivares de soja,
em relação ao uso de três tratamentos: prática de coinoculação e inoculação no sulco de
semeadura e controle não inoculado, em experimento instalado em área de renovação de
canavial situado no município de Tanabi-SP.
Nota-se efeitos altamente significativos dos fatores cultivares (C), tratamentos (T)
e interação CxT para dois parâmetros avaliados, com exceção de MSPA para o fator (C) e
CxT que foi não significativo (Tabela 3).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
79
PARÂMETROS
MSR1
MSPA1
--------------------g. planta -------------------------1
NPA
g.kg-1
CULTIVARES (C)
BRS 7380 RR
1,08 cd
7,93 a
35,16 c
TMG 7063 IPRO
1,12 bcd
8,30 a
38,06 b
TMG 7062 IPRO
1,04 d
8,07 a
37,51 b
SYN 13610 IPRO
1,28 a
9,00 a
37,21 b
SYN 15640 IPRO
1,20 abc
7,93 a
42,03 a
M 6410 IPRO
1,24 ab
8,59 a
34,71 c
NS 7007 IPRO
1,09 cd
8,67 a
38,33 b
F (C)
9,35**
1,15ns
25,39**
1,27 a
8,49 a
40,03a
TRATAMENTO (T)
Coinoculação no sulco
Inoculação no sulco
1,22 a
8,91 a
37,91 b
Controle
0,97 b
7,67 b
34,78 c
F(T)
66,56**
7,16**
74,83**
F Interações
CxT
7,65**
1,23ns
45,36**
Média geral
1,15
8,35
37,57
CV (%)
58,97
5,16
1,60
1
Médias de três repetições seguidas da mesma letra minúscula na coluna não diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; MSPA = massa seca da
parte aérea; MSR = massa seca da raiz; NPA = nitrogênio acumulado na parte aérea; 1 Média
respectivamente de três plantas por repetição.
Tabela 3. Parâmetros relacionados a fixação biológica de nitrogênio, avaliados no estádio
fenológico R1-R2 em experimento conduzido em área de reforma de canavial em propriedade
particular em Tanabi-SP, safra 2018/19.
Na Tabela 3 quando se analisa a MSR, nota-se que as cultivares SYN 13610 IPRO,
SYN 15640 IPRO e M 6410 IPRO, tiveram igualdade estatística e foram superiores as
demais cultivares de uso no ensaio, sendo essas três com maiores valores de massa seca
radicular com média de 1,24 g.planta-1 e as cultivares obtentoras do menor valor médio
de biomassa radicular foram a TMG 7062 IPRO que obteve 1,04 g.planta-1, apesar de não
diferir estatisticamente pelo teste de tukey das cvs. BRS 7380 RR, TMG 7063 IPRO e NS
7007 IPRO. Em relação a MSPA, não houve comportamento diferenciado de cultivares para
esse parâmetro. Quando se analisa o NPA, nota-se que a cultivar SYN 15640 IPRO deteve
o maior acúmulo de nitrogênio foliar em relação as outras cultivares testadas com valor
médio de 42,03 g.kg-1. Ainda em relação a esse parâmetro verificou-se que as cultivares
TMG 7063 IPRO, TMG 7062 IPRO, SYN 13610 IPRO e NS 7007 IPRO, não diferiram
entre si e posicionaram-se como intermediárias no acúmulo de nitrogênio na parte aérea,
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
80
sendo a média dessas cultivares de 37,78 g.kg-1 e com menor valor médio de NPA ficou a
cultivar M 6410 IPRO com 34,71 g.kg-1. Efetuando-se uma comparação com o experimento
realizado na EECB, nota-se comportamento diferenciado das cultivares nas médias dos
tratamentos testados para todos os parâmetros avaliados em relação aos resultados
obtidos no experimento de Tanabi. A única semelhança encontrada foi para a cultivar SYN
15640 IPRO que em ambos experimentos esteve associada aos maiores valores médios
quanto a MSR e NPA.
Analisando o efeito de tratamentos na média geral do experimento realizado em
Tanabi-SP (tabela 3), nota-se que a prática da coinoculação no sulco de semeadura
em soja (Bradyrhizobium + Azospirillum) na dose de formulação comercial de 0,5 L
ha-1 proporcionou a melhor resposta no teor de nitrogênio na parte aérea (NPA), sendo
superior a inoculação que por sua vez, foi superior ao controle; entretanto, foi equivalente
a inoculação (Bradyrhizobium) no sulco de semeadura na dose de 0,8 L ha-1 e ambas
superiores ao controle para os parâmetros MSR e MSPA. Em relação ao experimento
efetuado na EECB (Tabela 1), nota-se que situação diferente foi verificada, ou seja para
MSR e MSPA a inoculação foi superior a coinoculação que foi superior ao controle não
inoculado. Já, para NPA, notas que as duas práticas de adição de insumos biológicos via
sulco de semeadura foram equivalentes estatisticamente entre si e superiores ao controle
não inoculado. Também na média geral dos experimentos verifica-se que em Tanabi,
apresentou-se com 10,34 g.kg-1 a mais para NPA, porém com 2,29 e 10,5 g.planta-1 a
menos para respectivamente MSR e MSPA.
Na Tabela 4 no desdobramento da interação tratamentos dentro de cultivares, as
cultivares SYN 13610 IPRO, SYN 15640 IPRO e M 6410 IPRO tiveram igualdade estatística
e responderam melhor ao uso da prática da coinoculação no sulco de plantio em relação
as outras cultivares quanto a MSR, com média dessas três cultivares de 1,50 g.planta-1;
a TMG 7063 IPRO apresentou quando associada a prática de coinoculação no sulco de
semeadura o maior médio acúmulo de nitrogênio na parte aérea (51,20 g.kg-1) e as cultivares
analisadas nesse experimento tiveram o mesmo comportamento dentro da coinoculação
para MSPA. É importante ressaltar que caracteres com relação direta e indireta a FBN não
têm sido contemplados pelos programas de melhoramento genético de soja, o que implica
na necessidade de pesquisas que abordem a correlação entre FBN e produtividade em um
grupo de genótipos representativos da espécie. O próximo passo para elevar a atividade
da FBN, consiste na seleção de cultivares de soja, visando possíveis indicações de
estratégias para o melhoramento (TORRES, et al., 2015; SCICLAIR E NOGUEIRA, 2018).
Em comparação com os resultados obtidos na Tabela 2 para o experimento realizado na
EECB nota-se que as cultivares se posicionaram quanto a expressão dos parâmetros de
modo diferenciado nos diferentes locais de avaliação. Exceto a cultivar SYN 15640 IPRO
que em ambos locais esteve no ranking das cultivares de melhor resposta quanto a prática
da coinoculação no sulco incrementando a MSR.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
81
MSR 1
Cultivares (C)
F
-1
------------------- g.planta -----------------Tratamentos(T)
COIN
I
C
-
BRS 7380 RR
1,06 b B
1,25 ab A
0,92 a B
10,09**
TMG 7063 IPRO
1,10 b AB
1,23 ab A
1,02 a B
4,22*
TMG 7062 IPRO
1,03 b A
1,12 ab A
0,96 a A
2,20 ns
SYN 13610 IPRO
1,49 a A
1,31 a A
1,03 a B
19,78**
SYN 15640 IPRO
1,55 a A
1,04 b B
1,01 a B
34,78**
M 6410 IPRO
1,47 a A
1,33 a A
0,93 a B
29,90**
NS 7007 IPRO
1,15 b A
1,23 ab A
0,89 a B
11,48**
F
19,51**
3,99**
1,15ns
MSPA
------------------- g.planta-1-----------------Tratamentos(T)
COIN
I
C
F
BRS 7380 RR
8,22 a A
8,45 a A
7,11 a A
1,74 ns
TMG 7063 IPRO
8,00 a A
8,45 a A
8,45 a A
0,24 ns
TMG 7062 IPRO
8,22 a A
7,66 a A
8,33 a A
0,39 ns
SYN 13610 IPRO
9,44 a A
9,78 a A
7,78 a A
2,47 ns
SYN 15640 IPRO
7,56 a A
8,67 a A
7,56 a A
1,15ns
M 6410 IPRO
9,11 a AB
9,56 a A
7,11 a B
4,67*
NS 7007 IPRO
8,89 a AB
9,78 a A
7,33 a B
3,86*
F
1,12 ns
1,50 ns
0,99 ns
NPA
g.kg-1
Tratamentos(T)
COIN
I
C
F
BRS 7380 RR
35,93 c A
35,00 cd A
34,53 ab A
0,88 ns
TMG 7063 IPRO
51,20 a A
32,07 d B
31,73 b B
183,50 **
TMG 7062 IPRO
35,93 c B
41,60 b A
35,00 a B
20,68**
SYN 13610 IPRO
42,87 b A
34,07 cd B
34,70 ab B
38,82**
SYN 15640 IPRO
39,47 b B
51,15 a A
35,47 a C
90,13**
M 6410 IPRO
33,67 c A
35,00 cd A
35,47 a A
1,65ns
NS 7007 IPRO
41,13 b A
36,47 c B
36,59 a B
11,32**
F
49,56**
62,20**
4,34**
-
Médias de três repetições seguidas pelas mesmas letras minúsculas na coluna e maiúsculas
na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; I = Inoculação no
sulco de semeadura com inoculante a base de Bradyrhizobium; C = Controle sem inoculação;
COI = Coinoculação com uso de inoculante contendo bactérias do gênero Bradyrhizobium e
Azospirillum no sulco de semeadura; MSR, MSPA e NPA = massa seca da raiz, da parte aérea,
nitrogênio acumulado na parte aérea, respectivamente.
Tabela 4. Desdobramento da interação para MSR, MSPA e NPA avaliados no estádio fenológico
R1-R2 em diferentes cultivares de soja submetidas a três tratamentos envolvendo inoculação e
coinoculação no sulco de semeadura e controle. Tanabi-SP. Ano agrícola 2018/19.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
82
Ainda na Tabela 4 com a prática da inoculação no sulco de semeadura na dose
de 0,8 L ha-1 foi verificado que a SYN 13610 IPRO e M 6410 IPRO se destacaram e não
se diferenciaram estatisticamente entre si e de outras quatro cultivares para MSR; as
cultivares nessa prática não tiveram comportamento diferenciado quanto a MSPA; a SYN
15640 IPRO foi o destaque quando em associação a prática da inoculação, em relação
as outras seis cultivares analisadas, apresentando maior NPA com valor médio de 51,15
g.kg-1; por outro lado, a TMG 7063 IPRO, deteve o menor acúmulo de nitrogênio foliar com
valor médio de 32,07 g.kg-1. Comparando-se ambos os experimentos (Tabelas 2 e 4), sob
inoculação nota-se que as cultivares tiveram comportamento totalmente diferenciado para
os três parâmetros avaliados
No caso específico de não adição de bactérias nas diferentes cultivares testadas,
nota-se no presente trabalho que todas as cultivares testadas não mostraram diferenças
no comportamento das cultivares para MSR e MSPA; para NPA obteve-se a situação de
que com exceção da TMG 7063 IPRO com 31,73 g.kg-1 as demais cultivares analisadas
não diferenciaram entre si e foram superiores quanto a esse parâmetro. Esse resultado
obtido para NPA demonstra que a TMG 7063 IPRO provavelmente tem menor capacidade
de absorção de N que as outras cultivares analisadas no presente trabalho quando na
presença de bactérias nativas ou naturalizadas no solo, uma vez, que nesse tratamento
não foi adicionado insumos biológicos. Na comparação dos experimentos (Tabela 2 e 4),
nota-se que com exceção do parâmetro MSR que em ambos locais, as cultivares avaliadas
se comportaram de forma semelhante, e apenas para a cultivar TMG 7063 IPRO que foi
rankeada entre as de maior incremento quanto a NPA quando na ausência de adição de
insumos biológicos, para MSPA, os resultados foram divergentes nos diferentes locais.
Ainda na Tabela 4 quando se considera o comportamento de cada cultivar em
resposta aos três tratamentos testados, observa-se que na cultivar BRS 7380RR, a
inoculação no sulco foi superior estatisticamente aos demais tratamentos testados que
não diferiram entre si para MSR; os três tratamentos testados foram equivalentes entre
si para MSPA e NPA. Especificamente para a cultivar BRS 7380 RR verificou-se que a
mesma tem bom sinergismo com as bactérias do gênero Bradyrhizobium atuando no
incremento do parâmetro MSR e por outro lado a cultivar não respondeu positivamente em
relação aos diferentes tratamentos testados quanto ao NPA e MSPA. Em relação a Tabela
2, experimento realizado na EECB, os resultados de ambos locais foram semelhantes para
MSR e NPA.
Em relação a cultivar TMG 7063 IPRO verificou-se que a coinoculação no sulco
de semeadura foi superior estatisticamente quando comparado aos demais tratamentos
analisados para NPA; também essa prática foi equivalente estatisticamente a inoculação
no sulco e superior ao controle não inoculado para MSR e por fim nessa mesma cultivar os
três tratamentos tiveram igualdade estatística para MSPA. Em se tratando da cultivar TMG
7062 IPRO, nota-se que para MSR e MSPA os tratamentos não se diferenciaram entre si,
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
83
deste modo, e para NPA a inoculação no sulco foi superior as demais práticas utilizadas
(Tabela 4). Para a cultivar SYN 13610 IPRO nota-se que a prática de coinoculação no
sulco de semeadura teve igualdade estatística a inoculação e foram superiores ao controle
sem adição de bactérias para MSR. |A coinoculação destacou-se e foi superior em relação
aos demais tratamentos para acúmulo de nitrogênio na parte aérea (NPA); e para MSPA os
três tratamentos testados tiveram igualdade estatística. Nesse caso específico, quando se
efetua uma comparação entre locais avaliados, nota-se expressão semelhante apenas do
parâmetro MSR (Tabelas 2 e 4). Já, a cultivar SYN 15640 IPRO, a coinoculação no sulco foi
superior estatisticamente aos demais tratamentos testados para MSR. Já, a inoculação no
sulco teve melhor desempenho sendo superior a coinoculação que foi superior ao controle
quando se considera o NPA. E em relação a MSPA, os tratamentos não se diferenciaram
estatisticamente. Quando se analisa a cultivar M 6410 IPRO, a coinoculação no sulco foi
equivalente a inoculação e ambas superiores ao controle para MSR e MSPA e os tratamentos
não se diferenciaram estatisticamente para NPA. Na comparação entre locais, nota-se que
apenas o parâmetro MSR teve comportamento semelhante tanto em Tanabi, como em
Bebedouro (Tabelas 4 e 2). Para a cultivar NS 7007 IPRO, a coinoculação foi equivalente a
inoculação para MSR, MSPA e coinoculação foi superior aos demais tratamentos testados
para NPA. Já, em relação a expressão dos parâmetros nos dois locais, nota-se semelhança
apenas para NPA, na qual a prática de coinoculação no sulco de semeadura proporcionou
maior incremento em relação aos outros tratamentos testados em ambos os locais. Já,
para as cultivares TMG 7063 IPRO e TMG 7062 IPRO e SYN 15640 IPRO verificou-se que
a expressão dos três parâmetros foi diferente nos diferentes locais de avaliação (Tabelas
2 e 4).
4 | CONCLUSÕES
Houve comportamento diferenciado na expressão dos parâmetros massa seca
radicular, da parte aérea e nitrogênio acumulado na parte aérea nos diferentes experimentos,
tanto para cultivares, bem como, para tratamentos testados;
Apesar das cultivares comerciais serem em sua maioria oriundas de cruzamentos
aparentados, foram verificadas diferenças marcantes, o que evidencia a existência de
variabilidade genética a ser explorada, para MSR, MSPA e NPA verificados em ambos os
locais de avaliação;
O desenvolvimento de estudos que envolvam a identificação de genótipos com
maior capacidade de FBN avaliados pelos parâmetros MSR, MSPA e NPA, são de suma
importância para melhor compreensão do processo e na escolha de cultivares com maior
capacidade simbiótica para uso em áreas de reforma de canavial.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
84
REFERÊNCIAS
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 9
86
CAPÍTULO 10
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE
MILHO SAFRINHA EM GUAÍRA E VOTUPORANGA,
ESTADO DE SÃO PAULO, EM 2019
Data de aceite: 03/05/2021
Fernando Bergantini Miguel
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0002-4778-8961
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID - 0000-0002-2954-2693
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0001-5797-6264
Anita Schmidek
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/3709782731891847
José Antonio Alberto da Silva
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/1398758607886303
Marcelo Henrique de Faria
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/4131019883040512
Marcelo Ticelli
APTA UPD Tatuí
Tatuí/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/3709782731891847
enfezamentos/viroses têm causado prejuízos
expressivos nos cultivos de milho, em particular
nas regiões quentes onde a cultura é cultivada em
mais de uma safra ao ano. Estas doenças podem
reduzir em até 70% a produção de grãos da planta
doente, comparada à planta sadia, em cultivar
susceptível às doenças. O presente trabalho
visa continuar as avaliações agronômicas e de
resistência ao complexo enfezamento/mosaico
das cultivares de milho disponíveis no mercado,
incluindo os novos lançamentos. Nos últimos três
anos agravaram-se o complexo dessa doença na
região Noroeste do estado de São Paulo, nesse
sentido foram instalados dois experimentos,
um em Votuporanga SP e outro em Guaira SP.
As avaliações da incidência de enfezamento
foram realizadas no estádio de grãos pastosos
a farináceos. Os resultados foram submetidos
à análise de variância e as médias agrupadas
pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Em Guaíra a média de plantas com sintomas de
enfezamentos e viroses foi próxima a 25% com
alguns cultivares apresentando valores superiores
a 40% de plantas sintomáticas, enquanto em
Votuporanga o nível de enfezamento e viroses
foi similar aos observados no ensaio de Guaíra
com valores em torno de 25% de plantas com
sintomas. As cultivares NS 90 PRO2 e 2A401
PW obtiveram maior produtividade nos dois
ambientes e NS 90 PRO2, JM 2M88, GNZ 7210
PRO2, AG 7098 PRO2, 2A401 PW e 3754 PWU
apresentaram a menor proporção de plantas com
sintomas de enfezamento e viroses.
PALAVRAS-CHAVE: Zea mays L, enfezamento
e viroses, cultivares, resistência.
RESUMO: As doenças do milho denominadas
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 10
87
AGRONOMIC PERFORMANCE OF SAFRINHA MAIZE CULTIVARS IN GUAÍRA
AND VOTUPORANGA, STATE OF SÃO PAULO, IN 2019
ABSTRACT: Corn diseases called stunts and virus have caused significant losses in corn
crops, particularly in hot regions where the crop is grown in more than one crop a year. These
diseases can reduce the grain production of the sick plant by up to 70%, compared to the
healthy plant, in a cultivar susceptible to diseases. The present work aims to continue the
agronomic and resistance evaluations to the complex stinking / mosaic of the corn cultivars
available on the market, including the new launches. In the last three years, the complex of
this disease has worsened in the Northwest region of the São Paulo state. In this sense, two
experiments were installed, one in Votuporanga and the other in Guaira, both in São Paulo
state. Assessments of the incidence of stunting were carried out at the stage of grains from
dough to flour. The results were submitted to analysis of variance and the means grouped by
the Scott-Knott test at 5% probability. In the Guaíra trial, the average of plants with symptoms
of stunting and viruses was close to 25% with some cultivars showing values above 40% of
symptomatic plants, while in the Votuporanga trial the level of stunting and viruses was similar
to those observed in the Guaíra trial with values around 25% of plants with symptoms. The
cultivars NS 90 PRO2 and 2A401 PW had higher productivity in both environments and NS
90 PRO2, JM 2M88, GNZ 7210 PRO2, AG 7098 PRO2, 2A401 PW and 3754 PWU showed
the lowest proportion of plants with symptoms of stunting and viruses.
KEYWORDS: Zea mays L ,grain productivity, stunting and viruses, cultivars, resistance.
1 | INTRODUÇÃO
O sistema de produção do milho safrinha consolidou-se no Brasil nas últimas três
décadas como alternativa de sucessão à cultura da soja. No estado de São Paulo, em
2019, a segunda safra deverá produzir próximo de 2,6 milhões de toneladas em uma área
de 495 mil hectares, sendo estimado um crescimento de 52,1 % na produção em relação à
safra anterior (CONAB, 2019).
O uso de cultivares de alta produtividade e adaptadas às condições locais permite o
melhor aproveitamento dos fatores de produção, além de minimizar as perdas por estresses
ambientais e, também, possibilita a escolha de cultivar com maiores níveis de resistência
a doenças.
Nos últimos três anos agravaram-se o complexo enfezamento e viroses na cultura
do milho na região Noroeste do estado de São Paulo. Fantin et al. (2017) verificaram que
existe ampla diversidade de níveis de resistência entre cultivares de milho, sendo que a
cada 1% de aumento da incidência de plantas com enfezamento, há, em média, ocorre a
perda de 0,87% na produtividade.
A escolha da cultivar deve atender às especificidades de cada região e do sistema
de produção local, uma vez que não existe uma cultivar superior em todas para as
características. Os trabalhos realizados por Duarte et al. (2005; 2007; 2009; 2011) geraram
informações sobre o potencial produtivo e as limitações de cada cultivar no noroeste
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 10
88
paulista.
O presente trabalho visa continuar as avaliações agronômicas e de resistência ao
complexo enfezamento/mosaico das cultivares de milho disponíveis no mercado, incluindo
os novos lançamentos.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Na safrinha de 2019 foram instalados dois experimentos. Um em Votuporanga – SP,
em 15/03/2019, sob o sistema de preparo convencional do solo com uma aragem seguida
de gradagem niveladora, após a cultura do Amendoim. Outro em Guaíra sob sistema plantio
direto após cultura da soja. Foram utilizadas 34 cultivares de milho (conforme Tabela 1 e 2)
em delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições. Cada parcela foi constituída
por quatro linhas de 5,0 m, espaçadas de 0,80 m, sendo as duas linhas centrais a parcela
útil. A população de plantas estabelecida após desbaste foi de 55 mil plantas por hectare.
Em Votuporanga a adubação de semeadura foi realizada com 300 kg ha-1 do
formulado NPK 8-28-16. A adubação de cobertura foi realizada quando as plantas estavam
com quatro folhas completamente desenvolvida com 250 kg ha-1 do formulado 15-00-15.
Em Guaíra foi utilizado 500 kg ha-1 do formulado 2-18-18 na semeadura e 400 kg ha-1 de
20-05-20 em cobertura.
Os ensaios foram mantidos livre da interferência de plantas daninhas com uso 3,0
L kg ha-1 do herbicida atrazina. O tratamento de sementes para controle de pragas foi
feito com Tiametoxam e, também, foram empregados inseticidas, via pulverização, para
controle de lagarta-do-cartucho. Em Votuporanga, utilizou-se um produto comercial com o
ingrediente ativo flubendiamida e cipermetrina e em Guaíra o espinosade.
As avaliações da incidência de enfezamento, em ambos os locais, foram realizadas
no estádio de grãos pastosos a farináceos. Estas se deram pela contagem de plantas
sintomáticas na parcela útil e obtenção da porcentagem de plantas doentes.
Foram avaliadas nas duas linhas uteis de cada parcela o número de plantas
quebradas, a altura de plantas e de espigas, o rendimento de grãos nas espigas e a
produtividade de grãos. Para o cálculo da produtividade, os grãos foram pesados e a
umidade determinada para obter valor corrigido a 13%.
Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias agrupadas pelo
teste Scott-Knott a 5% de probabilidade
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em Guaíra o ensaio alcançou produtividade superior a 7 toneladas de grãos por
hectare, com destaque para as cultivares AG7098 e NS PRO2, seguidas de 3554 PWU,
2A401 PW, e CD 3612 PW com produtividades superiores às demais (Tabela 1). Destacase a amplitude de produtividade superior a 64% entre a cultivar (AG7098 PRO2) mais
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 10
89
e menos produtiva (LG36610 PRO3). O histórico da produtividade de grãos entre as
cultivares avaliadas pelo Programa Milho IAC em vários ambientes de produção na região
Noroeste do Estado de São Paulo indica amplitude entre 30 e 34% na (Duarte, et al, 2005;
Duarte, et al, 2007; Duarte, et al, 2011). Em 2019, a maior amplitude da produtividade entre
os cultivares se deve à elevada incidência e severidade de enfezamento e aos diferentes
níveis de resistência das cultivares. Fantin, et al, (2017) verificaram relação direta para o
intervalo de até 60% de plantas sintomáticas. Em Guaíra a média de plantas com sintomas
de enfezamentos e viroses foi próxima a 25% com alguns cultivares apresentando valores
superiores a 40% de plantas sintomáticas. Neste sentido, as cultivares que sobressaíram
em produtividade neste ensaio aliaram a melhor adaptação ao ambiente e o maior nível de
tolerância ao enfezamento/viroses.
Altura da
Cultivares
Altura da
Plantas
Enfezamento
Planta
Espiga
Quebradas
e Viroses
cm
cm
%
%
Massa de
Rendimento
Grãos
de Grãos
kg.ha-1
%
AG 7098 PRO2
239
a
141
a
0,5
B
11,0
d
7.708
a
76,5
a
NS 90 PRO2
236
a
137
a
0,0
B
9,3
d
7.475
a
75,5
a
3754 PWU
229
a
118
b
7,5
B
13,5
d
6.876
b
77,8
a
2A401 PW
224
b
115
b
11,5
B
16,0
d
6.709
b
78,5
a
CD 3612 PW
226
b
125
b
35,8
A
17,0
d
6.639
b
77,5
a
GNZ 7210 PRO2
220
b
124
b
6,5
B
12,3
d
6.387
c
75,3
a
P 3898
230
a
118
b
11,3
B
16,8
d
6.274
c
73,8
b
FS 500 PW
216
b
113
b
21,0
a
20,5
d
6.094
c
79,8
a
JM 2M88
229
a
131
a
3,0
b
9,5
d
6.075
c
74,0
b
HL 1730 PRO2
219
b
118
b
4,0
b
17,8
d
5.962
c
77,8
a
BM 815 PRO2
233
a
125
b
6,0
b
21,0
d
5.926
c
69,8
c
MG 580 PW
210
b
111
b
25,5
a
14,5
d
5.867
c
78,0
a
DKB 335 PRO3
235
a
131
a
4,0
b
18,0
d
5.820
c
80,3
a
PZ316
220
b
116
b
3,3
b
21,3
d
5.379
d
71,0
b
JM 4M50
224
b
124
b
3,0
b
20,3
d
5.223
d
72,8
b
MG 545 PW
223
b
116
b
9,8
b
25,0
d
5.135
d
72,8
b
K 9606 VIP3
230
a
123
b
3,8
b
31,5
c
5.066
d
76,3
a
AG 8480 PRO3
224
b
123
b
8,0
b
15,0
d
5.008
d
76,5
a
JM 2M91 PRO3
218
b
118
b
15,8
b
20,0
d
5.007
d
76,5
a
DKB 360 PRO3
238
a
129
a
15,5
b
30,5
c
4.948
d
77,3
a
JM 2M77
244
a
141
a
5,0
b
30,0
c
4.891
d
76,0
a
LG 3055 PRO3
235
a
131
a
2,8
b
42,8
b
4.870
d
75,8
a
30A37 PWU
209
b
108
b
40,5
a
39,5
b
4.753
d
73,3
b
IAC 8053
230
a
129
a
5,3
b
23,0
d
4.702
d
71,8
b
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 10
90
DKB 255 PRO3
226
b
121
b
5,0
b
34,0
c
4.664
d
78,3
a
IAC 8046 X
239
a
134
a
IAC 8098
224
b
121
b
12,5
b
23,0
d
4.519
d
73,5
b
6,3
b
25,0
d
4.514
d
72,3
b
PZ 240
209
b
108
AL Avaré
225
b
123
b
20,3
a
30,0
c
4.367
d
66,5
c
b
4,8
b
33,0
c
4.105
e
71,3
b
ADV 9345 PRO3
225
b
120
b
28,0
a
43,8
b
4.011
e
74,0
b
AL Piratininga
243
a
136
a
13,8
b
20,8
d
3.873
e
68,5
c
AG 8700 PRO3
224
b
115
b
25,8
a
59,3
a
3.468
f
75,3
a
30S31 VYHR
235
a
130
a
36,5
a
30,5
c
3.431
f
69,0
c
LG 36610 PRO3
216
b
114
b
19,5
a
45,8
b
2.747
f
75,0
a
Médias
227
123
12,4
24,7
5.250
74,6
C.V. (%)
4,1
6,9
137,4
38,0
10,3
4,4
Dms Tukey 5%
25,7
23,7
47,7
26,3
1.510
9,1
Obs: médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de
agrupamento de médias de Scott-Knott a 5%.
Tabela 1 - Médias da altura da planta e da espiga, plantas quebradas, plantas com sintomas
de enfezamento e/ou viroses, massa de grãos a 13% de umidade e rendimento de grãos na
espiga com palha, em Guaíra, na safrinha 2019
Um ponto importante que deve ser considerado na escolha de cultivar é o índice
de plantas quebradas uma vez que estas configuram em perdas na colheita. No ensaio,
mesmo essas plantas são colhidas manualmente e, neste caso, deve-se se considerar a
produtividade de grãos e o índice de plantas quebradas para tomada de decisão sobre
a cultivar. Verifica-se na Tabela 1 que muitas cultivares apresentaram altos índices de
quebramento com algumas superando 30% das plantas.
No ensaio realizado em Votuporanga o nível de enfezamento e viroses foi similar aos
observados no ensaio de Guaíra com valores em torno de 25% de plantas com sintomas,
conforme Tabela 2. Todavia, a média de produtividade deste ensaio foi de 2,1 toneladas de
grãos, enquanto que o de Guaíra produziu 5,2 toneladas de grãos. Contudo, a amplitude
de produtividade grãos entre cultivar mais e o menos produtivo foi em torno de 67%, similar
ao observado no ensaio de Guaíra. O principal fator para baixa produtividade das cultivares
foi o estresse hídrico em decorrência de veranico desde o florescimento das plantas até
o enchimento dos grãos. Esse fator dificultou a avaliação das plantas com sintomas de
enfezamento e viroses, tornando essa avaliação menos precisa e contribuindo para que a
produtividade não tivesse boa associação com o índice de plantas sintomáticas.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 10
91
Cultivares
Altura da
Planta
cm
Altura da
Espiga
Rendimento
de Grãos
Cm
%
Enfezamento
e virose
Massa de Grãos
%
Kg.ha-1
DKB 335 PRO3
189
a
101
c
69
a
12,2
d
3.243
a
HL 1730 PRO2
174
b
97
c
67
b
19,4
c
2.922
a
2A401 PW
174
b
75
d
70
a
5,3
d
2.889
a
MG 545 PW
173
b
88
d
69
a
12,3
d
2.887
a
BM 815 PRO2
190
a
94
c
67
b
23,0
c
2.781
a
MG 580 PW
170
b
81
d
72
a
12,0
d
2.747
a
NS 90 PRO2
179
a
106
b
61
c
8,0
d
2.704
a
K 9606 VIP3
188
a
94
c
61
c
40,1
b
2.489
b
AG 7098 PRO2
181
a
103
b
65
b
10,0
d
2.456
b
JM 2M88
171
b
83
d
65
b
8,0
d
2.407
b
PZ316
164
c
88
d
61
c
21,2
c
2.406
b
JM 4M50
175
b
96
c
64
b
15,3
d
2.397
b
JM 2M91 PRO3
180
a
91
d
63
b
27,0
c
2.274
b
30A37 PWU
162
c
74
d
66
b
7,0
d
2.267
b
GNZ 7210 PRO2
177
a
96
c
66
b
8,0
d
2.258
b
CD 3612 PW
161
c
87
d
66
b
17,1
c
2.246
b
3754 PWU
170
b
84
d
61
c
16,1
d
2.208
b
P 3898
191
a
101
c
66
b
23,2
c
2.168
b
AG 8480 PRO3
164
c
83
d
63
b
24,1
c
2.167
b
LG 3055 PRO3
186
a
108
b
60
c
46,4
a
2.104
b
FS 500 PW
172
b
86
d
61
c
11,0
d
2.004
c
AG 8700 PRO3
178
a
85
d
64
b
59,0
a
1.997
c
DKB 360 PRO3
181
a
84
d
65
b
37,0
b
1.996
c
IAC 8098
183
a
96
c
61
c
37,6
b
1.944
c
DKB 255 PRO3
173
b
78
d
66
b
32,2
b
1.895
c
IAC 8046 X
179
a
89
d
64
b
17,0
d
1.754
c
IAC 8053
182
a
94
c
62
c
21,0
c
1.718
c
PZ 240
150
c
82
d
54
d
38,3
b
1.693
c
JM 2M77
185
a
99
c
66
b
54,0
a
1.608
c
AL Avaré
186
a
105
b
60
c
26,1
c
1.578
c
ADV 9345 PRO3
163
c
80
d
62
c
36,4
b
1.559
c
AL Piratininga
192
a
121
a
59
c
27,0
c
1.465
c
30S31 VYHR
172
b
85
d
48
e
32,0
b
1.180
c
LG 36610 PRO3
173
b
85
d
61
c
56,4
a
1.063
c
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 10
92
Médias
176
91
63
24,7
2.161
C.V. (%)
6
9
5
35,0
22
Dms Tukey a 5%
28
22
10
24,2
1.303
Obs: médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de
agrupamento de médias de Scott-Knott a 5%.
Tabela 2 - Médias da altura de planta e da espiga, rendimento de grãos na espiga com palha,
plantas com sintomas de enfezamento e viroses, massa de grãos a 13% de umidade, em
Votuporanga – SP, do ensaio de safrinha 2019
As cultivares DKB 335 PRO3, 2A401 PW, MG 545 PW, MG 580 PW, NS 90 PRO2,
HL 1730 PRO2 e BM 815 PRO2, foram as mais produtivas, sendo que as quatro primeiras
se destacaram também entre as mais resistentes ao complexo enfezamento e viroses.
Os resultados deste trabalho reforçam a necessidade de realizar ensaios
regionalizados para conhecer quais são as cultivares do mercado mais adaptadas aos
ambientes de produção e com resistência às doenças de ocorrência regional.
4 | CONCLUSÕES
O enfezamento e as viroses contribuíram para a grande amplitude de produtividade
entre os cultivares em função da elevada incidência e grande diferença nos níveis de
resistência.
NS 90 PRO2 e 2A401 PW foram comuns no grupo das cultivares com maior
produtividade nos dois ambientes e NS 90 PRO2, JM 2M88, GNZ 7210 PRO2, AG 7098
PRO2, 2A401 PW e 3754 PWU apresentaram a menor proporção de plantas com sintomas
de enfezamento e viroses.
REFERÊNCIAS
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DUARTE, P. A. et al., Adaptação de cultivares de milho safrinha na região paulista do vale do
Paranapanema em 2004 e 2005. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE MILHO SAFRINHA – RUMO A
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DUARTE, A.P.; SAWAZAKI, E.; GALLO, P.B.; FREITAS, R.S.; FANTIN, G.M.; PATERNIANI, M. E. A. G.
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Agropecuária Oeste, 2007, v. 89. p.291-296.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 10
93
DUARTE, A. P.; FREITAS, R.S.; GALLO, P.B.; TICELLI, M.; SAWAZAKI, E.; FANTIN, G.M.; CRUZ, F.A.;
LEÃO, P.C.L; MARTINS, F.M.; BORGES, W.L.B. Desempenho Agronômico de Cultivares de milho
safrinha na Região Norte/Noroeste do Estado de São Paulo em 2008 e 2009. In: X SEMINÁRIO
NACIONAL DE MILHO SAFRINHA, 2009, 10, Rio Verde-GO, 2009 Anais... Rio Verde: FESURV –
Universidade de Rio Verde, 2009, p. 311-318.
DUARTE, A. P; DUARTE, A. P.; FREITAS, R.S.; GALLO, P.B.; TICELLI, M.; SAWAZAKI, E.; FANTIN,
G.M.; CRUZ, F.A.; LEÃO, P.C.L; BORGES, W.L.B.; MARTINS, F.M. Milho safrinha na Região
Norte/Oeste do Estado de São Paulo: Avaliação de cultivares transgênicas em 2010 e 2011. In:
SEMINÁRIO NACIONAL DE MILHO SAFRINHA – De Safrinha a Grande Safra, XI, 2011, Lucas do Rio
Verde. Anais... Lucas do Rio Verde: Fundação Rio Verde, 2011, p. 179-185.
FANTIN. G. M.; DUARTE, A.P. DESUÓ, D.R.; STRADA, W.L.; GALLO, P. B.; FREITAS, R.S. Incidência
de enfezamento e danos a produtividade de cultivares superprecoces de milho safrinha no
Estado de São Paulo. In: SEMINARIO NACIONAL DE MILHO SAFRINHA – CONSTRUINDO
SISTEMAS DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEIS E RENOVÁVEIS, XIV, 2017, Cuiabá, Anais... CuiabáMT: Associação Brasileira de Milho e Sorgo, 2017, p. 293-298.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 10
94
CAPÍTULO 11
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO TÉCNICO E
GERENCIAMENTO DA SANGRIA NOS SERINGAIS
Regina Kitagawa Grizotto
Data de aceite: 03/05/2021
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/2809175495850519
Data de submissão 12/02/2021
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Marcelo Ticelli
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0001-5797-6264
APTA UPD Tatuí
Tatuí/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/3709782731891847
Antonio Lúcio Mello Martins
APTA Polo Regional Centro Norte
Pindorama/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/1092498137289104
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID - 0000-0002-2954-2693
Anita Schmidek
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/3709782731891847
Fernando Bergantini Miguel
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0002-4778-8961
José Antonio Alberto da Silva
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/1398758607886303
Marcelo Henrique de Faria
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/4131019883040512
RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi de
demonstrar a importância do acompanhamento
técnico nas operações relacionadas à sangria e
gestão do seringal e desenvolver uma ficha de
avaliação de sangria que foi aplicada à campo
para melhoria de produtividade, gerenciamento e
aumento da vida útil do seringal. O experimento
foi conduzido numa propriedade no município
de Barretos, em um seringal do clone RRIM600, com 15 anos de idade. Foram avaliados
4 sangradores, durante uma safra, nos anos
agrícolas 2008/2009, sendo o sistema de sangria
adotado: D/4. Foram realizadas avaliações
mensais, sobre todos os fatores que influenciam
diretamente na produção e aumento da vida útil
do seringal. Constatou-se no experimento em
questão, que houve aumento de produtividade
na safra 2008/09, com relação as safras
anteriores; e que as avaliações desenvolveram
nos sangradores uma maior conscientização
quanto; a espessura da casca a ser retirada
por sangria, quanto a profundidade de sangria,
quanto ao risco de ferimentos e entrada de
fungo, aumentando assim: a vida útil do seringal
e diminuindo o índice de secamento de painel.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 11
95
PALAVRAS-CHAVE: Sangria da seringueira, ficha de avaliação, gerenciamento do seringal.
IMPORTANCE OF TECHNICAL FOLLOW-UP AND BLOOD MANAGEMENT IN
THE RUBBER TREES CROP
ABSTRACT: The objective of the present work was to demonstrate the importance of technical
monitoring in operations related to bleeding and management of the rubber tree and to develop
a bleeding evaluation form that was applied to the field to improve productivity, management
and increase the useful life of the rubber tree. The experiment was conducted on a farm
located near Barretos, in a rubber tree crop formed with the RRIM-600 clone, aged 15 years.
Four bleeders were evaluated during a harvest in the 2008/2009 agricultural years, with the
D/4 bleeding system adopted. Monthly evaluations were carried out on all factors that directly
influence production and increase the useful life of the rubber tree plantation. It was found in
the experiment that there was an increase in productivity in the 2008/09 harvest, regarding the
previous harvests; and that the evaluations developed in the bleeders developed awareness
by the bleeders regarding the thickness of the bark to be removed by bleeding, the depth of
bleeding, the risk of injury and fungus entry, thus increasing the useful life of the rubber tree
and decreasing the index of panel drying.
KEYWORDS: Bleeding from the rubber tree, evaluation form, management of the rubber tree.
1 | INTRODUÇÃO
A seringueira, pertence ao gênero Hevea, da familia Euphorbiaceae, que possui a
Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Müell. Arg., como a espécie mais importante do
gênero (GONÇALVES et al., 2002).
A Hevea brasiliensis é uma planta de ciclo perene, de origem tropical, cultivada e
utilizada de modo extrativo, com a finalidade de produção de borracha natural (CAMPELO
JÚNIOR, 2000). A produção de borracha natural no Brasil, em 2018, foi de 333.117
toneladas, sendo a área destinada para colheita de 153.179 hectares e o Estado de São
Paulo, maior produtor nacional e possui, 49,1% de toda área brasileira destinada à colheita
(75.179 hectares) e 68,2% do volume produzido (227.163 toneladas) de látex coagulado
(OLIVEIRA & GONÇALVES, 2020).
A sangria da seringueira determina a vida útil do seringal e sua produtividade,
(Bernardes et al., 2000). O sistema de explotação da seringueira, comumente chamado
de sangria, é o resultado da combinação entre o sistema de sangria - comprimento
e frequência do corte - e a intensidade de estimulação - concentração e quantidade de
estimulantes, local de aplicação e frequência e época de aplicação (REVISTA CAMPO E
NEGÓCIO, 2009).
Em geral, a sangria do seringal começa entre seis e oito anos após o plantio,
dependendo do nível de manejo empregado, do desenvolvimento alcançado e do limite
mínimo de circunferência do tronco a 1,30 m do solo (45 ou 50 cm). Alguns produtores
adotam a circunferência mínima de 50 cm, para garantir maior espessura da casca e
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 11
96
menores danos no painel, por causa de problemas inicias com a qualidade da sangria.
Embora a literatura estabeleça a porcentagem mínima de 50% de plantas aptas para
viabilizar o início da sangria, esse padrão pode variar em função do preço da borracha e do
custo da mão-de-obra (BERNARDES et al., 1995; GONÇALVES et al., 2010; GONÇALVES
et al., 2001).
Até os anos 70, a sangria dos seringais cultivados era feita pelo sistema S/2, d/2,
isto é, em meia espiral descendente, a cada dois dias e sem o uso de estimulantes. A partir
dos anos 80, com a adoção generalizada da estimulação do fluxo de látex com Ethephon,
a sangria passou a ser feita em S/2, d/3 ou d/4, visando não ao aumento da produção de
látex, mas à economia com a redução da mão-de-obra de sangria que passou a ser feita
não mais em dias alternados, mas a cada três ou quatro dias.
De acordo com Gonçalves et al. (2000), a explotação do seringal, operação
popularmente conhecida como sangria, é um ponto importante na heveicultura, e representa
60% dos custos totais da borracha produzida, além de determinar a vida útil das árvores e
a produtividade. O incremento de produtividade, pela adoção de métodos apropriados de
explotação, é uma das soluções para se alcançar maiores ganhos líquidos (RAJAGOPAL
et al., 2004).
Alguns fatores relacionados à sangria interferem diretamente na produção de látex e
na durabilidade do seringal. Dentre estes, a profundidade de sangria, consumo de casca por
sangria, declividade de corte, ferimentos, frequência de sangria e estimulação e controle de
doenças de painel, são os mais impactantes na produção e longevidade do seringal.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido numa propriedade no município de Barretos, em
um seringal, sendo o clone: RRIM-600, com 15 anos de idade, desde sua implantação
(7/8 anos de sangria). Nesta propriedade, foram treinados e avaliados 4 sangradores,
durante uma safra, nos anos agrícolas 2008/2009, sendo o sistema de sangria adotado:
D/4. Primeiramente, foi desenvolvida uma ficha de avaliação de sangria com a qual,
acompanhava-se: a profundidade do corte de sangria, a espessura da casca retirada por
sangria, a declividade do corte, presença de ferimentos causados por faca, produtividade,
limpeza de canecas e bicas, tratamento de fungos no painel, avanço de geratrizes e
outros. Depois foi feito o treinamento dos sangradores através de uma palestra, onde
foram mencionados todos os itens relacionados à sangria e gerenciamento que interferem
diretamente na produção e via útil do seringal. A planilha desenvolvida foi mostrada aos
sangradores e os itens que seriam avaliados mensalmente foram bordados durante a
apresentação. Existe uma recomendação técnica com relação à profundidade de sangria,
consumo de casca por sangria, declividade, controle de fungos de painel e intervalo de
aplicação do estimulante em função do sistema de sangria adotado em cada propriedade
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 11
97
rural, de acordo com suas particularidades. Todas estas recomendações foram, passadas
aos sangradores e mensalmente, foram feitas as avaliações num determinado número de
árvores escolhidas ao acaso dentro de cada tarefa de cada sangrador, sendo avaliados
todos os itens descritos acima. Com relação aos itens: profundidade de sangria e espessura
de casca a ser retirada por sangria, considerou-se:
•
a espessura da casca a ser retirada por sangria: no experimento em questão,
foi definido que seria permitido retirar de 1,5 a 2,00 mm de casca por sangria, de
forma que o consumo de casca no final da safra no sistema adotado não seria
maior que 12 cm por safra;
•
a profundidade de sangria: foi determinado que a profundidade de sangria deveria estar entre 1,5 a 2,0 mm. Profundidade mais próximas ao câmbio da planta
(1,0 mm), porém sem ferimentos, seriam permitidas. Profundidades superiores
a 2,5 mm seriam comunicadas e os sangradores deveriam corrigir imediatamente, pois quanto mais perto da “madeira” maior o número de vasos laticíferos
e maior a produção;
Como cada sangrador, tinha 4 tarefas em sangria, e cada tarefa tinha de 900 à
1000 árvores em sangria. Avaliava-se 10 plantas ao acaso dentro de cada tarefa, de cada
sangrador. Totalizando 40 árvores por sangrador/mês.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
De posse dos dados de produtividade de safras anteriores, onde foi adotado o
mesmo sistema de sangria e foram usados os mesmos sangradores, porém sem avaliações
periódicas de qualidade de sangria e gerenciamento do seringal, foi realizada uma análise
comparativa entre duas safras (2007/2008 – safra sem acompanhamento e sem ficha
avaliação e safra 2008/2009 – safra com acompanhamento e ficha de avaliação).
Através da análise das fichas de avaliações e entregas mensais de borracha
(coágulo), constatou-se no experimento em questão, que houve um aumento de 23%
com relação à produtividade na safra 2008/09; e que as avaliações desenvolveram nos
sangradores uma maior conscientização com relação aos itens avaliados que estão
diretamente relacionados à produção e longevidade do seringal.
Com relação a espessura da casca a ser retirada por sangria: no experimento em
questão, foi observado que na safra de 2007/2008, utilizando-se do mesmo sistema de
sangria, sangradores e mesmo número de sangrias/ano/tarefa, houve um consumo de casca
anual médio de 18 cm de painel, contra 11,5 cm na safra 2008/2009, onde os sangradores
estavam sendo acompanhados e monitorados mensalmente. O consumo de casca, está
diretamente relacionado à vida útil do seringal. Quanto mais casca for consumida numa
safra, menor é a vida útil do seringal.
Analisando-se a profundidade de sangria foi observado que os sangradores que
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 11
98
trabalharam com profundidades em torno de 1,2 a 1,5 mm obtiveram maior produção;
Profundidades mais baixas (0,5 a 1,00 mm) existe maior risco de ferimentos e entrada de
fungo de painel.
Com relação à frequência de sangria, uso correto de estimulante e demais itens que
interferem na produção e durabilidade do seringal, como: avanço de geratrizes, sangria
de ré, limpeza de bicas, e etc, notou-se que quando há acompanhamento técnico mensal,
existe um maior cuidado e responsabilidade dos sangradores, com relação à prática de
sangria e consequentemente isto interfere na produção e conservação dos seringais.
4 | CONCLUSÕES
É de extrema importância o gerenciamento e o acompanhamento técnico das
atividades de sangria para obtenção de maiores produtividades e garantia de maior vida
útil dos seringais.
REFERÊNCIAS
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Firestone do Brasil, 1995. 20p.
BERNARDES, M.S.; CASTRO, P.R. de C. e; MARTINS, A.N.; VIRGENS FILHO, A. de C. Fatores
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econômico de clones de seringueira. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, p.1081- 1091, 2000.
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Instituto Agronômico, 2001. 78p.
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planalto de São Paulo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, n. 2, fev. 2002.
GONÇALVES, E. C. P.; et al. Manual Técnico CATI: A cultura da seringueira para o estado de São
Paulo. 2. ed. Campinas: Centro de Comunicação Rural, 2010.
OLIVEIRA, M.D.M; GONÇALVES, E.C.P. Impactos do SarS-CoV-2 na Produção de Borracha Natural no
Estado de São Paulo. Análises e Indicadores do Agronegócio, v.5, n.8, p. 1-9, 2020.
RAJAGOPAL, R.; VIJAYAKUMAR, K.R.; THOMAS K.U.; KARUNAICHAMY, K. Effect of judicious
ethephon application on yield response of Hevea brasiliensis (Clone RRII 105) under ½S d/3 6d/7
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REVISTA CAMPOS E NEGÓCIOS. Você sabe como sangrar a seringueira? Ano IV N 48 2009,
Uberlândia, MG. Disponível em:< http://www.revistacampoenegocios.com.br/anteriores/05-09/index.
php?referencia=em_negrito03> Acesso em: 14 nov. 2009.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 11
99
CAPÍTULO 12
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
DETERMINAÇÃO DE TEORES DE CLOROFILAS
E CAROTENOIDES EM ALFACE, RÚCULA E
CEBOLINHA
Data de aceite: 03/05/2021
Lucas Alves Dias
Universidade dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri / Campus Unaí / Instituto de Ciências
Agrárias
Unaí – MG, Brasil
http://lattes.cnpq.br/1835920035229625
Sérgio Shigueo Omura
Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri / Campus Unaí /
Instituto de Ciências Agrárias
Unaí – MG, Brasil
http://lattes.cnpq.br/6084065081004341
Brenda Garcia
Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri / Campus Unaí /
Instituto de Ciências Agrárias
Unaí – MG, Brasil
http://lattes.cnpq.br/1560072135627104
RESUMO: Devido ao aumento considerável de
consumidores de hortaliças e a sua importância
para a saúde humana, faz-se necessário a
realização de estudos que avaliem a qualidade
destas hortaliças. Geralmente, altos teores de
clorofilas representam um critério indireto para
a seleção de plantas com maiores teores de
carotenoides. De modo geral, quanto mais verde
for a coloração da hortaliça, maior será o teor
de clorofilas. Este trabalho teve como objetivo
determinar os teores de clorofilas e carotenoides
em hortaliças folhosas, especialmente alface,
rúcula e cebolinha, comercializadas em Unaí/MG.
Tal fato foi comprovado durante este experimento,
onde a cebolinha foi a hortaliça com maior teor
de clorofilas totais. Com a continuidade do
levantamento dessas informações, será possível
auxiliar a decisão de compra dos consumidores
com relação ao consumo de hortaliças ricas em
carotenoides e clorofilas.
PALAVRAS-CHAVE:
Hortaliças,
clorofilas,
carotenoides.
Rafael Eduardo Vansolini de Oliveira
Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri / Campus Unaí /
Instituto de Ciências Agrárias
Unaí – MG, Brasil
http://lattes.cnpq.br/2633967795246708
Mírian da Silva Costa Pereira
Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri / Campus Unaí /
Instituto de Ciências Agrárias
Unaí – MG, Brasil
http://lattes.cnpq.br/1328127213991175
DETERMINATION OF CHLOROPHYLLS
AND CAROTENOIDS CONTENTS IN
LETTUCE, ARUGULA AND CHIVE
ABSTRACT: Due to the considerable increase
in consumers of vegetables and their importance
for human health, it is necessary to carry out
studies to assess the quality of these vegetables.
Generally, high levels of chlorophylls represent
an indirect criterion for the selection of plants with
higher levels of carotenoids. In general, how much
greener the vegetable, higher the chlorophyll
content. This study aimed to determine the levels
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 12
100
of chlorophylls and carotenoids in leafy vegetables, especially lettuce, arugula and chives, sold
in Unaí/MG. This fact was proven during this experiment, where chives were the vegetable
with the highest content of total chlorophylls. With the continuation of the data survey, it will
be possible to assist the consumers purchase decision with respect to the consumption of
vegetables rich in carotenoids and chlorophylls.
KEYWORDS: Vegetables, chlorophylls, carotenoids.
INTRODUÇÃO
O consumo e o cultivo de hortaliças no Brasil para fins de subsistência foram
relatados pelo padre Fernão Cardim em seus escritos que remetem as últimas duas
décadas do século XV. (MADEIRA, 2008). A produção de hortaliças no Brasil supera a de
grãos e de oleaginosas sendo cerca de 15 bilhões de reais, permitindo que o país ocupe a
12ª posição no ranking de produtores mundiais de hortaliças com produção estimada em 2
bilhões de toneladas (FAO,2006).
Estes produtos geralmente são comercializados em feiras livres, sacolões e por
vendedores ambulantes. Dentre eles, estão três hortaliças comumente consumidas na
mesa dos brasileiros: alface, rúcula e cebolinha. Estas três destacam-se entre as 50
hortaliças mais apreciadas no país (EMBRAPA, 2016).
A alface (Lactuca sativa) é consumida em larga escala e a hortaliça mais escolhida
pelos consumidores mundiais. A alface apresenta ótimos valores nutricionais, sendo fonte
da provitamina A, além de fornecer sais minerais e vitaminas (CASSETARI, 2012). A rúcula
(Eruca sativa) tem origem do Mediterrâneo e da Ásia Ocidental. Rica em proteínas e
vitaminas A e C, sais minerais, potássio e ferro. É adaptada a clima fresco, possui sabor
forte, amargo e picante. É consumida normalmente em saladas na forma crua, com ou
sem a utilização de temperos (TRANI, 1998). Outra hortaliça bastante utilizada no Brasil
é a cebolinha (Allium fistulosum). Esta hortaliça é usada como condimento e cultivada por
pequenos olericultores (HEREDIA, 2003).
Estudos relacionados a absorção destes alimentos por organismos humanos e
animais apontam a eficiência dos carotenoides na prevenção do câncer, correspondendo
positivamente aos resultados quanto à atuação protetora de carcinogênese. A clorofila
também está associada aos carotenoides estudados desde os anos 80 (GOMES, 2007).
As clorofilas são pigmentos naturais abundantes nas plantas e ocorrem nos
cloroplastos das folhas e em outros tecidos vegetais. Estudos realizados com diferentes
variedades de plantas caracterizam que os pigmentos clorofilianos são os mesmos. As
diferenças na cor do vegetal são devido a presença e a distribuição variável de outros
pigmentos associados como carotenoides (ELBE, 2000).
Existem duas formas naturais de clorofilas, sendo classificadas como a e b. Estas
estruturas se diferem ligeiramente e são encontradas na proporção de 2,5 a 3,5:1. São
compostos insolúveis em água, ou seja, hidrofóbicos, e sua principal função é converter
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 12
101
energia luminosa em energia química, processo que ocorre nos cloroplastos (ESKIN, 1990;
STREIT, 2005).
A quantidade e a qualidade de clorofilas nas plantas indicam o estado nutricional
das mesmas. Já os carotenoides, juntamente com as vitaminas, são substâncias que agem
como agentes antioxidantes em meios biológicos.
Sendo assim, este trabalho objetiva avaliar os teores de clorofilas e carotenoides em
algumas hortaliças folhosas, como alface, rúcula e cebolinha.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Laboratório de Química do Instituto de Ciências Agrárias
(ICA) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) - Campus
Unaí/MG. As hortaliças folhosas são de origem orgânica foram doadas por um produtor
local. As hortaliças analisadas foram: alface repolhuda lisa (Lactuca sativa), rúcula (Eruca
sativa) e cebolinha (Allium fistulosum). As referidas amostras foram higienizadas em água
corrente para a retirada de impurezas macroscópicas. Os teores de clorofilas a, b, clorofila
total e carotenoides foram determinados através do método de extração usando acetona
80% (LICHTENTALER; WELBURN, 1983). Foram utilizados 0,5 g de cada hortaliça folhosa,
na forma de discos de 1 cm. Os discos foram transferidos para 05 tubos de ensaio/hortaliça
e permaneceram por 24 horas em câmara fria (3ºC), protegidos da luz. Posteriormente,
os extratos foram filtrados e os volumes foram medidos e transferidos para cubetas de
vidro. Em seguida, as leituras foram feitas em espectrofotômetro (FEMTO 700 PLUS)
nos comprimentos de onda de 645, 652 e 663 nm para as clorofilas e 470 nm para os
carotenoides. Este procedimento foi realizado em quintuplicada.
Sequencialmente, os teores de clorofilas (WHITHAN et al.; 1971) e carotenoides
(LICHTENTALER; WELBURN, 1983) foram calculados de acordo com as seguintes
equações usando os valores médios de massa, volume e absorbância:
Clorofila a = [(12,7 * A663 – 2,69 * A645) * V] / 1000 * W
Clorofila b = [(22,9 * A645 – 4,68 * A663) * V] / 1000 * W
Clorofila total = [(A652 * 1000) * (V / 1000 * W)] / 34,5
Carotenoides = [(1000 * A470 – 3,27 * Cl a – 104 * Cl b) / 229] / 1000 * W
Onde:
A = absorbância no comprimento de onda indicado.
V = volume final (mL) do extrato (pigmentos + solução extratora).
W = matéria fresca (g) do material vegetal utilizado.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 12
102
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Através dos resultados obtidos descritos na Tabela 1, é possível observar que os
níveis de clorofilas variaram consideravelmente entre as três cultivares selecionadas, tal
como foi observado em estudos realizados por Lee (1988). A eficiência fotossintética das
plantas, bem como a sua adaptabilidade aos mais diferentes ambientes, é influenciada
diretamente pelos teores de clorofilas nas folhas, segundo Engel e Poggiani (1991).
Os teores de clorofilas estão relacionados positivamente com o teor de nitrogênio
(N), e podem funcionar como um indicativo para a predição da quantidade deste elemento
nas folhas (HURTATO, 2011), uma vez que o nitrogênio é constituinte do anel porfirínico
presente na molécula de clorofila, como descrevem Taiz e Ziegler (2004).
Analisando a Tabela 1, o maior teor de clorofila total foi encontrado na cebolinha,
seguida da rúcula e alface. As diferenças entre os valores médios para o teor de clorofila
total variaram de um mínimo de 0,0726 mg.g─1 para a alface, até um máximo de 0,1317
mg.g─1 para a cebolinha (Tabela 1).
Estudos realizados por Lee (1988) mostraram que o teor de clorofila varia muito entre
as espécies. Além disso, de acordo com Engel e Poggiani (1991), a eficiência fotossintética
está ligada ao teor de clorofila das plantas, afetando o crescimento e influenciando na
adaptabilidade das mesmas aos diversos ambientes.
A Tabela 1 demonstra a predominância da clorofila a em relação a clorofila b. Tal fato
se justifica devido a clorofila a ser o principal pigmento envolvido na fotossíntese, enquanto
que os demais pigmentos (clorofila b e carotenoides) auxiliam na absorção de luz e na
transferência da energia radiante para os centros de reação, sendo assim chamados de
pigmentos acessórios (TAIZ & ZIEGER, 2004).
Clorofila a (mg.
g─1)
Clorofila b
(mg.g─1)
Clorofilas totais
(mg.g─1)
Carotenoides
totais (mg.g─1)
Alface
0,0463
0,0162
0,0726
0,0027
Rúcula
0,0606
0,0254
0,1004
0,0024
Cebolinha
0,0781
0,0354
0,1317
0,0025
Tabela 1. Teores de clorofilas a, b e total e carotenoides nas cultivares alface, rúcula e
cebolinha.
O maior teor de carotenoides totais foi evidenciado na alface (Tabela 1), bem como
observado por Tawata (2010), o qual verificou que esta hortaliça apesenta quantidades
apreciáveis deste pigmento.
Os resultados obtidos demonstraram que não foi encontrado um comportamento
semelhante entre os valores das clorofilas medidos e os teores de carotenoides. A cebolinha
apresentou o maior teor de clorofilas totais, entretanto foi a alface que demonstrou o maior
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 12
103
teor de carotenoides. O mesmo foi encontrado em alguns estudos realizados por Cassetari
(2012).
A coloração das folhas varia com o teor de clorofila, governando o grau da cor verde,
e com o teor de antocianina, governando a presença, modelo e distribuição da coloração
vermelha (RYDER, 1999). Durante os experimentos, observou-se que a cebolinha
apresentou a coloração verde mais intensa e, tal fato foi comprovado com o maior teor de
clorofila (Tabela 1).
Os pigmentos envolvidos na fotossíntese são as clorofilas a e b, os carotenoides e
as ficobilinas. Exceto a clorofila a, os demais pigmentos são chamados de acessórios. É a
partir da molécula de clorofila que os elétrons provenientes da água são transferidos para
a cadeia transportadora de elétrons da fotossíntese (KLUGE, 2004).
CONCLUSÕES
O método de extração empregado neste estudo não apresentou a eficiência
desejada, demonstrando pequenos teores de clorofilas e carotenoides nas hortaliças
estudadas. Pretende-se alterar o método e realizar novos experimentos com o intuito de
aumentar os teores destes pigmentos e verificar a correlação positiva entre os teores de
clorofilas e carotenoides. Geralmente, altos teores de clorofilas representam um critério
indireto para a seleção de plantas com maiores teores de carotenoides.
De modo geral, quanto mais verde for a coloração da hortaliça, maior será o teor
de clorofilas. Tal fato foi comprovado durante este experimento, onde a cebolinha foi a
hortaliça com maior teor de clorofilas totais.
A continuidade deste experimento poderá auxiliar, futuramente, na decisão de
compra dos consumidores de hortaliças em Unaí/MG.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Instituto de Ciências Agrárias/ICA da UFVJM e à PróReitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG/UFVJM) pela concessão de bolsa de
Iniciação Científica.
REFERÊNCIAS
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 12
104
ENGEL, V.L.; POGGIANI, F. Estudo da concentração de clorofila nas folhas e seu espectro de
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 12
105
CAPÍTULO 13
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
INFLUÊNCIA DA ALTURA DE POSICIONAMENTO E
COR DAS ARMADILHAS NA CAPTURA DE INSETOS
Data de aceite: 03/05/2021
Rute Moreira Goveia
http://lattes.cnpq.br/6955309053934694
Lawrência Maria Conceição de Oliveira
http://lattes.cnpq.br/7699876730144645
Elaine de Novais Chaves
http://lattes.cnpq.br/5786582985907102
Domingas Nilcely Farias da Conceição
http://lattes.cnpq.br/9204278334633363
Darcy Alves do Bomfim
http://lattes.cnpq.br/9183045318537713
Geslanny Oliveira Sousa
http://lattes.cnpq.br/7134076593545605
RESUMO: As pragas interferem diretamente
na produtividade da fruticultura brasileira,
afetando a qualidade final do produto, sendo
necessário o uso de defensivos agrícolas para
que sejam controladas. Logo, com o intuito de
reduzir os impactos ambientais, torna-se viável
a utilização de meios alternativos de controle,
como armadilhas coloridas. Com isso, o objetivo
foi avaliar a influência da cor e da altura das
armadilhas na captura de insetos. O estudo foi
desenvolvido no setor de fruticultura do IFTO
- Campus Araguatins, na linha de cupuaçu,
consorciado com banana, espaçadas 21,0 m
entre si onde foram distribuídas armadilhas
de garrafas transparentes com metade da sua
capacidade com solução de água e detergente.
As amostragens dos insetos foram feitas
semanalmente durante o período de maio/2019
a junho/2019, totalizando 4 coletas. Usou-se
o DIC com esquema fatorial 5 (cores: amarelo,
azul, preto, vermelho e transparente) x 2 (altura:
1,0 m e 2,5 m), com duas repetições das cores
em cada altura. Os exemplares coletados
foram identificados a nível de Ordem, mantidos
em álcool 70% e depositados no Laboratório
de Entomologia do campus. Os dados foram
analisados pela ANOVA e as médias comparadas
através do Teste de Tukey a 5% de probabilidade,
utilizando o software AgroEstat 1.0. Foram
encontradas 10 ordens de um total de 460
indivíduos coletadas ao longo de quatro semanas
de estudo. Entre esses, Diptera foi considerada a
ordem com maior abundância. Observou-se que
o número de insetos capturados não influenciou
os resultados, sendo eles estatisticamente iguais,
quanto à altura, cor de armadilha e interação
entre essas duas variáveis.
PALAVRAS-CHAVE: Armadilhas coloridas,
interação cor x altura, Musa spp, Theobroma
grandiflorum.
INFLUENCE OF POSITIONING HEIGHT
AND TRAPS COLOR ON INSECT
CAPTURE
ABSTRACT: Pests directly interfere with the
productivity of Brazilian fruit production, affecting
the final quality of the product, making it necessary
to use pesticides to control them. Therefore,
in order to reduce environmental impacts, it is
feasible to use alternative means of control, such
as colored traps. With that, the objective was to
evaluate the influence of the color and height of
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 13
106
the traps in the capture of insects. The study was carried out in the fruit industry of IFTO Campus Araguatins, on the cupuaçu line, intercropped with banana, spaced 21.0m apart,
where traps of transparent bottles with half of their capacity with water and detergent solution
were distributed. Insect samplings were made weekly during the period from May/2019 to
June/2019, totaling 4 collections. DIC with a factorial scheme 5 (colors: yellow, blue, black, red
and transparent) x 2 (height: 1.0 m and 2.5 m) was used, with two repetitions of colors at each
height. The collected individuals were identified at the Order level, stored in 70% alcohol and
deposited at the campus Entomology Laboratory. The data were analyzed using ANOVA and
as means compared using the Tukey test at 5% probability, using the AgroEstat 1.0 software.
10 orders from a total of 460 individuals were found over the course of four weeks of study.
Among these, Diptera was considered the order with the highest abundance. It was observed
that the number of insects captured did not influence the results, they were statistically equal,
in terms of height, trap color and interaction between these two variables.
KEYWORDS: Colorful traps, color x height interaction, Musa spp, Theobroma grandiflorum.
1 | INTRODUÇÃO
A fruticultura brasileira tem-se destacado internacionalmente, sendo o Brasil o
terceiro maior produtor mundial de frutas, com um total de 41,5 milhões de toneladas
produzidas (SEBRAE, 2016; SOBRINHO et al, 1998). Entre os problemas de ordem
tecnológica que interferem no desenvolvimento da fruticultura, os relacionados com as
pragas possuem destaque altamente relevante, pois afetam diretamente na qualidade final
do produto e pelos severos requerimentos fitossanitários por parte dos países importadores
(SOBRINHO et al, 1998).
A banana (Musa spp, Linnaeus 1753) é a fruta fresca mais consumida no mundo, se
destacando como uma das principais no agronegócio internacional (FIORAVANÇO, 2003).
No Brasil, a cultura da banana tem elevado destaque, sendo o país o quarto produtor
mundial de banana, com uma produção de 6.778,043 milhões de toneladas na safra de
2017, proporcionando estímulos ao seu plantio e ao seu desenvolvimento tecnológico
(IBGE, 2017; LIMA et al, 2012).
A cultura do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum) tem
conquistado espaço na fruticultura internacional e nacional, com destaque para a região
Norte do país, onde a mesma possui grande importância social (PRIMO, 2017). Devido ao
aumento da demanda de mercado, principalmente para o comércio de polpa, tem-se feito
investimentos para a substituição do extrativismo para a forma domesticada da cultura do
cupuaçu (GONDIM et al, 2001).
O cupuaçu tem sido bastante utilizado em consórcios, seja com espécies florestais
ou frutíferas, com destaque para o consórcio com a cultura da banana (PRIMO, 2017).
Os consórcios de plantas permitem o cultivo de duas ou mais espécies vegetais em uma
mesma área, aproximando o local de plantio do ambiente natural, proporcionando assim
determinado equilíbrio (SILVA, 2011). Outro benefício desta consorciação é em relação a
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 13
107
incidência de insetos-pragas, que é menos intenso em comparação com cultivos solteiros
(LEITE e MEIRA, 2016).
Mesmo com a adoção das práticas de manejo nas culturas, o ataque de pragas pode
ocorrer, sendo necessária a utilização de defensivos agrícolas para prevenir e controlar
esses indivíduos. A utilização desses produtos acarreta problemas aos seres humanos, aos
animais e a natureza (OTCA, 2019). Em decorrência disso, outras formas menos nocivas,
aos animais e ao ambiente, passaram a ser utilizadas, como controle biológico, controle
manual, barreiras vivas, extrato de plantas, armadilhas luminosas, adesivas, coloridas,
entre outros (EMBRAPA INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA, 2006).
A utilização de armadilhas coloridas na captura de insetos é um método que
atualmente vem sendo bastante utilizado, com comprovada influência de determinadas
cores em relação a captura de grupos específicos de insetos (FRAGA et al, 2011; SANTOS
et al, 2008; BAVARESCO et al, 2005). Segundo Fraga et al. (2011) os insetos são atraídos
ou repelidos por vários comprimentos de ondas eletromagnéticas coloridas policromáticas,
porém há divergência na determinação da cor policromática mais atrativa para algumas
espécies.
Outro fator que influencia na captura de insetos é a altura de posicionamento das
armadilhas, sendo que muitas vezes a altura ideal para a instalação das armadilhas está
diretamente relacionada ao porte da cultura considerada (BAVARESCO et al, 2005). Esses
mesmos autores relatam que armadilhas posicionadas a 2,5 m acima do nível do solo foi
significativamente maior na captura Argyrotaenia sphaleropa, enquanto, Peres Filho et al.
(2012) e Flechtmann et al. (1997) verificaram uma captura de Bostrichidae significativamente
maior na altura de 2,0 m.
Desse modo, o presente estudo teve como objetivo verificar a influência da cor e
altura da armadilha na captura da população de insetos presentes na consorciação de
banana com cupuaçu no IFTO-Campus Araguatins.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido no IFTO - Campus Araguatins, localizado no povoado
Santa Teresa, Km 05 – zona rural, cidade de Araguatins, Estado do Tocantins.
Foram distribuídas armadilhas no setor de fruticultura (AG III): no consórcio de
cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Malvaceae)) com banana (Musa spp. (Musaceae)). O
clima da região segundo a classificação de Koppen é do tipo AW – Tropical de verão úmido
e período de estiagem no inverno, onde a precipitação média anual apresenta variação em
torno de 1.500 a 2.100 mm (JÚNIOR, 2016).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 13
108
Figura 1. Localização do experimento, seguido da distribuição das armadilhas no consórcio de
banana com cupuaçu. Araguatins – TO.
Fonte: Rute Moreira Goveia
As amostragens dos insetos foram feitas semanalmente durante o período de
maio/2019 a junho/2019, totalizando 4 coletas. Para isso, utilizou-se armadilhas coloridas
com espaçamento de 21 metros entre si, posicionadas nas árvores de cupuaçu que estão
localizadas entre duas linhas de bananeiras. Essas armadilhas consistem de garrafas
transparentes de polietileno tereftalato (PET) de 20 cm de comprimento e de 9,5 cm de
diâmetro, pintadas com tinta spray (Figura 2 e 3), preenchidas metade da capacidade
com solução de água e gotas de detergente, para quebra da tensão superficial da água
(BERNARDO, 2014).
O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com esquema fatorial 5 (cor)
x 2 (altura). Assim, utilizou-se as cores amarela, azul, preta, vermelha e transparente
(armadilha testemunha), sendo distribuídas ao acaso nas alturas de 1,0 m (no caule da
planta) e 2,5 m (copa da planta), por incluir o intervalo citado por Flechtmann et al (1997),
de modo que cada cor foi repetida duas vezes em cada altura.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 13
109
Figura 2. Exemplos de algumas armadilhas coloridas instaladas a respectivamente, 1 metro e
2,5 metros de altura.
Fonte: Elaine de Novais Chaves
Inicialmente, separou-se os exemplares coletados em morfoespécies, que
posteriormente foram quantificados e identificados a nível de ordem com o auxílio de chaves
dicotômicas. Em seguida, armazenou-se os espécimes no Laboratório de Entomologia do
IFTO - Campus Araguatins mantidos em álcool 70%.
Os dados foram analisados pela análise de variância (ANOVA) e as médias
comparadas através do Teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o software
AgroEstat 1.0, a fim de avaliar o efeito da cor, da altura e da interação entre ambos quanto
a captura de insetos.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontradas 10 ordens de um total de 460 indivíduos coletadas ao longo de
quatro semanas de estudo. Entre as quais, Diptera foi considerada a ordem mais abundante,
apresentando 237 indivíduos, sendo responsável por 51,522% do total, seguida da ordem
Hymenopteracom 170 indivíduos, correspondendo a 36,957% (Tabela 1).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 13
110
Ordens
NI
%
Diptera
237
51,522
Hymenoptera
170
36,957
Isoptera
17
3,696
Coleoptera
13
2,826
Hemiptera
7
1,522
Lepidoptera
7
1,522
Orthoptera
3
0,652
Neuroptera
3
0,652
Blattodea
2
0,435
Thysanoptera
1
0,217
Total de indivíduos
460
Total de ordens
10
H’ ± IC
1.1622 ± 0,018975
E
0.990975
Ordens predominantes em negrito. NI = Número de indivíduos; (%) = porcentagem do número de
indivíduos de cada ordem em relação ao total de indivíduos capturados; H’ = Índice de Diversidade
de Shannon-Weaner; E = Índice de Equitabilidade; IC = Intervalo de confiança a 95%.
Tabela 1. Resultado da análise de fauna das ordens de insetos capturadas em armadilhas
coloridas, de 23 de maio a 13 de junho, Araguatins, TO.
Considerando as duas alturas em que as armadilhas foram instaladas, observou-se
que na altura de 1,0 m foram capturados um total de 258 indivíduos de 9 ordens. Já na
altura de 2,5 m capturou-se 202 indivíduos de 10 ordens.
Verificou-se que todas as armadilhas, distribuídas em cinco cores diferentes
(amarelo, azul, verde, preto e transparente) capturaram insetos. No entanto, quando foi
feita a análise de variância não houve diferença significativa na quantidade de insetos
coletados pelas armadilhas quanto às diferentes cores e a alturas (Tabela 2).
NTI
Fontes de
Variação
GL
QM
F
P
ALTURA
1
156,8000
0,84NS
0,3803
COR
4
148,6250
0,80NS
0,5528
ALTURA X
COR
4
35,42500
0,19NS
0,9380
RESÍDUO
10
186,1000
-
-
NTI - Número Total de Indivíduos.
NS
– Não significativo a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Análise de variância em relação à altura e cor da armadilha para captura de insetos, quanto
ao número total de indivíduos coletados, de 23 de maio/2019 a 13 de junho/2019, Araguatins, TO.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 13
111
Ao estudarem os adultos da lagarta - das - fruteiras (Argyrotaenia sphaleropa)
Bavaresco et. al (2005), observaram que a quantidade de indivíduos capturados nas
armadilhas posicionadas a 2,5 m acima do nível do solo foi significativamente maior que a
0,5, 1,0 e 1,5 m de altura. Segundo esse mesmo autor, a altura ideal para a instalação das
armadilhas está diretamente relacionada ao porte da cultura considerada.
Do mesmo modo, Silveira et al (2017) afirmam que a altura das armadilhas
influenciou a captura de Dinoderus minutus. Essas foram instaladas a 1,5 m e 2,5 m, no
entanto, um maior número de insetos foi encontrado nas armadilhas instaladas a 2,5 m do
solo. Esse fato pode ser explicado devido ao encontro dos parceiros sexuais nessa faixa
de altura do bambu.
No que se refere a cor das armadilhas, Silveira et al (2017) não detectaram influência
da cor das armadilhas na captura de carunchos do bambu (Dinoderus minutus), pois foi
observada uma quantidade de carunchos capturados semelhante em todas as armadilhas,
independente da cor. O que pode ser explicado por Bavaresco et. al (2005), pois enfatizam
que o modo como as armadilhas utilizadas foram pintadas pode interferir na captura dos
insetos, pois existe a possibilidade de que algumas características da tinta utilizada tenham
interferido na captura.
Convém notarmos que ao analisar cada ordem separadamente, observou-se que o
número de insetos capturados não influenciou os resultados, sendo eles estatisticamente
iguais, quanto à altura, cor de armadilha e a interação entre essas duas variáveis (Tabela 3).
Fontes de
variação
Altura
Hymenoptera
F
0,78
P
NS
Cor
0,37NS
Altura
X
Cor
0,32NS
Fontes de
variação
Altura
Diptera
F
Hemiptera
P
0,398
0,11
NS
0,825
1,98NS
0,857
0,51NS
F
P
0,746
1,00
NS
0,174
0,72NS
0,732
0,17NS
Thysanoptera
F
P
0,340
1,00
NS
0,596
1,00NS
0,950
1,00NS
Isoptera
F
P
0,340
1,65
NS
0,227
0,451
0,85NS
0,526
0,451
0,38NS
0,819
Orthoptera
Neuroptera
Coleoptera
Lepidoptera
Blattodea
F
F
F
F
F
0,33
P
NS
Cor
1,33NS
Altura
X
Cor
0,33NS
NS
P
0,576
0,20
NS
0,323
0,80NS
0,849
1,20NS
P
0,664
1,92
NS
0,552
2,31NS
0,369
1,54NS
P
0,195
0,50
NS
0,129
1,12NS
0,264
0,50NS
P
0,495
0,00
NS
1,000
0,398
0,75NS
0,580
0,736
1,25NS
0,351
– Não significativo a 5% de probabilidade. F - Teste F. P - Probabilidade.
Tabela 3. Análise de variância em relação à altura e cor da armadilha para coleta de insetos,
quanto às ordens de indivíduos capturados.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 13
112
Por esse motivo, Flechtmann et. al (1997), ao analisarem estatisticamente os
totais de Bostrichidae capturados em cada altura de armadilha, constatou uma captura
significativamente maior na altura de 2,0 m. Justificando esses dados, pois foi capturado
um alto número de espécimes de Bostrychopsis uncinata, os autores constataram que o
baixo número de exemplares capturados das outras espécies não permitiu que houvesse
diferenciação a nível estatístico entre alturas de armadilhas, pois aparentemente, ao menos
para algumas delas, a altura preferencial de voo deve ser a uma faixa superior a 1,0 m.
4 | CONCLUSÃO
A altura das armadilhas não influenciou na quantidade de insetos coletados e
as diferentes cores das armadilhas não apresentaram resultados significativos, sendo
estatisticamente iguais.
Portanto, não houve interação entre as cores e as diferentes alturas quanto ao
número de insetos coletados. Assim, as armadilhas mostraram eficiência na captura de
insetos, independentemente da cor ou altura utilizada.
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Capítulo 13
114
CAPÍTULO 14
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE
SOJA (Glycine max) SUBMETIDAS A DIFERENTES
INSETICIDAS EM TRATAMENTO DE SEMENTES E
PERÍODOS DE ARMAZENAMENTO
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 05/02/2021
Gabriel Perez Ciscon
Universidade Estadual do Norte do Paraná Campus Luiz Meneghel
Bandeirantes - Paraná
http://lattes.cnpq.br/3624440462254699
Nair Mieko Takaki Bellettini (in memoriam)
Universidade Estadual do Norte do Paraná Campus Luiz Meneghel
Bandeirantes - Paraná
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Silvestre Bellettini
Universidade Estadual do Norte do Paraná Campus Luiz Meneghel
Bandeirantes – Paraná
http://lattes.cnpq.br/0540747739983343
João Henrique Sobjeiro Andrzejewski
Universidade Estadual do Norte do Paraná Campus Luiz Meneghel
Bandeirantes – Paraná
http://lattes.cnpq.br/6834801690645936
Mathias Aparecido Alves
Universidade Estadual do Norte do Paraná Campus Luiz Meneghel
Bandeirantes – Paraná
http://lattes.cnpq.br/3650483703229938
Luis Gustavo Perez de Oliveira
Universidade Estadual do Norte do Paraná Campus Luiz Meneghel
Bandeirantes - Paraná
http://lattes.cnpq.br/1426519693896193
RESUMO: Avaliou – se na Universidade
Estadual do Norte do Paraná, Campus Luiz
Meneghel, Bandeirantes – PR, inseticidas em
tratamento de sementes nos cultivares de soja,
Monsoy 6410 IPRO e Monsoy 5917 IPRO em
diferentes tempos de armazenamento. Foram
utilizados 6 tratamentos com 4 repetições sendo:
piraclostrobina + tiofanato metílico + fipronil
(Standak Top 200 mL); ciantraniliprole (Fortenza
600 FS 200 mL); clorantraniliprole (Dermacor
100 mL); imidacloprido + tiodicarbe (Cropstar 700
mL); tiametoxam (Cruiser 350 FS 300 mL / 100 Kg
de sementes) e testemunha (sem tratamento de
semente) .Utilizou - se bandejas com 36 células
por repetição nos tempos 0, 20, 40, 60, 80 e 100
dias de armazenamento, para avaliar plantas
emergidas aos 8 dias após cada instalação e
papel umedecido em água deionizada contendo
50 sementes de cada cultivar por repetição para
o teste de germinação e teste de envelhecimento
acelerado. Concluiu – se que: a) No teste
de germinação, a porcentagem de plântulas
normais obtidas por ocasião da primeira
contagem na cultivar Monsoy 6410 IPRO diferiu
estatisticamente em relação à cultivar Monsoy
5917 IPRO. b) A porcentagem de sementes
infectadas por fungos após serem submetidas ao
envelhecimento acelerado, foi maior na cultivar
Monsoy 5917 IPRO, diferindo estatisticamente
da cultivar Monsoy 6410 IPRO. c) Os diferentes
tratamentos de sementes com inseticidas,
diminuíram a porcentagem de plantas emergidas
ao longo do tempo de armazenamento em
condições ambientais não controladas. d) O teor
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 14
115
de água das sementes submetidas aos tratamentos com diferentes inseticidas oscilaram ao
longo do tempo de armazenamento em condições ambientais não controladas.
PALAVRAS-CHAVE: Germinação, emergência, deterioração.
PHYSIOLOGICAL QUALITY OF SOYBEAN SEEDS (Glycine max) SUBMITTED
TO DIFFERENT INSECTICIDES IN SEED TREATMENT AND STORAGE
PERIODS
ABSTRACT: The State University of Northern Paraná, Campus Luiz Meneghel, Bandeirantes
– PR, evaluated a treatment of insecticides in a soybean seed cultivation, Monsoy 6410 IPRO
and Monsoy 5917 IPRO at different storage times. Were used 6 different treatments with
4 replications them being: pyraclostrobin + methyl thiophanate + fipronil (Standak Top 200
mL); cyantraniliprole (Fortenza 600 FS 200 mL); chloranthraniliprole (Dermacor 100 mL);
imidacloprid + thiodicarb (Cropstar 700 mL); thiametoxam (Cruiser 350 FS 300 mL / 100 Kg
of seeds) and control (without seed treatment). Trays with 36 cells were used per repetition in
times of 0, 20, 40, 60, 80 and 100 days of storage, to evaluate the plants emerged at 8 days
after each installation then the paper is moistened in deionized water containing 50 seeds
of each cultivation by repetition for the germination test and accelerated aging test. It was
concluded that: a) In the germination test, the percentage of normal seedlings obtained during
the first count in cultivation Monsoy 6410 IPRO statistically different in relation to cultivate
Monsoy 5917 IPRO. b) The percentage of seeds infected by fungi after being submitted to the
accelerated aging was higher in cultivation Monsoy 5917 IPRO, differing statistically different
from cultivation Monsoy 6410 IPRO. c) The different treatments of seeds with insecticides,
decreased the percentage of plants emerged during the storage time in uncontrolled
environmental conditions. d) The water content of the seeds submitted to treatments with
different insecticides fluctuated over the storage time in uncontrolled environmental conditions.
KEYWORDS: Germination, emergency, deterioration.
1 | INTRODUÇÃO
Desde o ponto de maturidade fisiológica no campo de produção até o período
de plantio há a deterioração da semente pelo processo natural de envelhecimento e
após a semeadura, ficam vulneráveis ao ataque de pragas e patógenos, o que afeta o
seu desempenho genético e fisiológico, diminuindo a sua germinação e alterando a
uniformidade de emergência de plântulas. Com o objetivo de proteger a cultura desde
semente até o estágio inicial de desenvolvimento, faz-se necessário o tratamento com
produtos fitossanitários como fungicidas e inseticidas (LUDWIG et al., 2011; PEREIRA et
al., 2011).
Tavares et al. (2007) observaram efeito favorável com a aplicação do tiametoxam,
com aumento da área foliar e radicular de plantas de soja tratadas com esse inseticida, que
tem efeito indireto na cultura, aumentando a produção de hormônios fazendo com que a
planta apresenta maior vigor, germinação e desenvolvimento de raízes.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 14
116
Segundo TeKrony (1995), o teste de envelhecimento acelerado é reconhecido como
um dos mais populares para a avaliação do vigor de sementes de várias espécies, sendo
capaz de predizer o potencial de armazenamento delas.
O experimento foi instalado com o objetivo de avaliar diferentes inseticidas em
tratamento de sementes de soja sob determinados períodos de armazenamento.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Universidade Estadual
do Norte do Paraná, Campus Luiz Meneghel - Bandeirantes-PR, com sementes de soja
cultivar Monsoy 6410 IPRO e Monsoy 5917 IPRO produzidas na safra 2018/2019. Utilizouse delineamento experimental em blocos ao acaso onde foram atribuídos às bandejas 6
tratamentos com 4 repetições sendo: piraclostrobina + tiofanato metílico + fipronil (Standak
Top 200 mL); ciantraniliprole (Fortenza 600 FS 200 mL); clorantraniliprole (Dermacor 100
mL); imidacloprido + tiodicarbe (Cropstar 700 mL); tiametoxam (Cruiser 350 FS 300 mL /
100 Kg de sementes) e testemunha (sem tratamento de semente).
O tratamento das sementes foi realizado manualmente utilizando sacos plásticos,
adicionando-se 500 g de sementes por tratamento e os respectivos inseticidas. Os
sacos plásticos foram insuflados de ar e agitados durante dois minutos para garantir a
homogeneização das sementes e em seguida secadas a sombra, posteriormente foram
embaladas em sacos de papel e armazenadas em condições ambientais não controladas.
Nos períodos de 0, 20, 40, 60, 80 e 100 dias após o tratamento, foi avaliado a
qualidade fisiológica das sementes através do teste de emergência em bandejas e a
determinação do grau de umidade pelo método de estufa a alta temperatura (BRASIL,
2009).
Para o teste de germinação com acondicionamento dos rolos de papel em sacos
plásticos, foram instalados 4 repetições de 50 sementes para cada cultivar, em rolos de
papel umedecidos com água deionizada, na proporção de 2,5 vezes o peso do papel seco,
à temperatura de 25ºC. A contagem foi feita aos 7 dias contabilizando-se, a porcentagem
de plântulas normais, anormais, sementes mortas e infectadas por fungos. (BRASIL, 1992).
Para o teste de envelhecimento acelerado, foram instalados com 4 repetições de
50 sementes para cada cultivar, em rolos de papel umedecidos com água deionizada,
na proporção de 2,5 vezes o peso do papel seco, à temperatura constante de 41 ºC e
100 % de umidade relativa (UR) do ar por um período de 48 h. A contagem foi feita aos 2
dias contabilizando-se, a porcentagem de plântulas normais, anormais, sementes mortas e
infectadas por fungos (EMBRAPA, 2003).
Para a análise estatística, utilizou-se os dados originais aplicando-se o teste F e
Scott-Knott (CANTIERI et al., 2001).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 14
117
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
No que diz respeito ao teste de germinação com acondicionamento dos rolos de
papel em sacos plásticos (Tabela 1), a cultivar Monsoy 6410 IPRO apresentou diferença
estatística com maior porcentagem de plântulas normais obtidas por ocasião da primeira
contagem, embora a porcentagem de plântulas normais, anormais e infectadas por fungos
tenha sido maior na cultivar Monsoy 5917 IPRO, não houve diferença estatística. Para
Pollock (1974) e ISTA (2004), a umidade excessiva no acondicionamento das sementes
podem limitar a aeração e prejudicar a germinação.
Teste de germinação (%)
Cultivar
PCG
Normais
Anormais
Morta
Fungos
Monsoy 6410 IPRO
90,5a
10a
4a
-
6a
Monsoy 5917 IPRO
63b
22a
17,5a
-
19a
Valores seguidos de mesma letra, na vertical, não diferem entre si pelo teste de Scott-knott a
5% de probabilidade
Tabela 1. Porcentagem de germinação
No teste de envelhecimento acelerado (Tabela 2), a porcentagem de plântulas
infectadas por fungos e a porcentagem de plântulas normais e anormais apresentaram
diferença significativa entre as cultivares, embora a porcentagem de sementes mortas tenha
apresentado maior valor para a cultivar Monsoy 6410 IPRO, não houve diferença estatística
entre os lotes concordando com Carvalho e Nakagawa (2012), condições quentes e úmidas
podem comprometer severamente a germinação e o vigor das sementes, uma vez que a
respiração intensa pode consumir quase todo o material de reserva.
Teste de envelhecimento acelerado (%)
Cultivar
Normais
Anormais
Morta
Fungos
Monsoy 6410 IPRO
11,5a
63a
5,5a
20b
Monsoy 5917 IPRO
0b
7,5b
0a
92,5a
Valores seguidos de mesma letra, na vertical, não diferem entre si pelo teste de Scott-knott a
5% de probabilidade.
Tabela 2. Porcentagem de germinação de sementes submetidas ao envelhecimento acelerado
Em relação a porcentagem de emergência na cultivar Monsoy 6410 IPRO (Tabela 3
e Figura 1), todos os tratamentos obtiveram maiores resultados aos 0 e 20 DAT (Dias após
o tratamento de sementes) diferindo estatisticamente aos 40, 60, 80 e 100 DAT, Standak
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Capítulo 14
118
Top e Fortenza apresentaram menores porcentagem de emergência aos 60 e 100 DAT,
Dermacor apresentou diferença estatística, principalmente nos tempos de armazenamento
60, 80 e 100 DAT, Cropstar apresentou o menor porcentagem de emergência aos 100 DAT
diferindo significativamente dos demais tempos de armazenamento, Cruiser, 40, 60, 80
e 100 DAT apresentou diferença significativa de 0 e 20 DAT, concordando com Fessel et
al. (2003) ao verificarem que o vigor das sementes diminuiu com o aumento do tempo de
armazenamento das sementes tratadas. Na testemunha, 40 e 100 DAT obtiveram menores
resultados quanto à porcentagem de emergência.
Cultivar
Monsoy
6410 IPRO
Tratamento
Tempo de armazenamento (Dias)
0
20
40
60
80
1. Standak Top
75,7a
73,6a
2.Fortenza
86,1a
73,6a
100
44,5c
25,7d
53,5b
22,2d
42,4b
22,9c
39,6b
13,2c
3.Dermacor
86,8a
77,1a
58,3b
36,1c
41,7c
17,4c
4.Cropstar
78,5a
81,3a
40,3b
42,4b
34,0b
9,0c
5.Cruiser
80,6a
70,2a
34,7b
27,1b
47,2b
19,5b
6.Testemunha
92,4a
91,7a
52,8c
69,5b
70,8b
41,0c
Valores seguidos de mesma letra minúscula, na horizontal, não diferem entre si pelo teste de
Scott-knott a 5% de probabilidade.
Tabela 3. Porcentagem de plantas emergidas nos tratamentos em função do tempo de
armazenamento.
Figura 1. Porcentagem de plantas emergidas nos tratamentos em função do tempo de
armazenamento para a cultivar Monsoy 6410 IPRO.
Na porcentagem de emergência da cultivar Monsoy 5917 IPRO (Tabela 4 e Figura
2), Standak Top e Cruiser apresentaram diferença estatística principalmente aos 40, 60
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 14
119
e 100 DAT, Fortenza aos 0 e 20 DAT diferiu estatisticamente dos demais, Dermacor e
Cropstar foram superiores aos demais tempos de armazenamento somente ao 0 DAT. Para
Horii et al. (2007), inseticidas como o tiametoxam podem auxiliar na rota metabólica da
pentose fosfato, favorecendo a hidrólise de reservas e aumentando a disponibilidade de
energia para o processo de germinação e emergência da plântula. Na testemunha houve
diferença estatística principalmente aos 40 e 60 DAT e 0 DAT foi superior aos demais
tempos de armazenamento.
Cultivar
Tratamento
Monsoy
5917 IPRO
Tempo de armazenamento (Dias)
0
20
40
60
80
1. Standak Top
77,8a
70,8a
28,5c
27,1c
50,7b
25,0c
100
2.Fortenza
74,3a
64,6a
16,0b
18,1b
18,8b
8,4b
3.Dermacor
75,0a
54,2b
9,7c
9,1c
14,6c
18,1c
4.Cropstar
85,4a
72,9b
25,7c
20,9c
27,8c
17,4c
5.Cruiser
75,7a
66,0a
12,5c
16,7c
24,3b
9,0c
6.Testemunha
89,6a
72,2b
37,5e
25,7e
56,3c
43,8d
Valores seguidos de mesma letra minúscula, na horizontal, não diferem entre si pelo teste de
Scott-knott a 5% de probabilidade.
Tabela 4. Porcentagem de plantas emergidas nos tratamentos em função do tempo de
armazenamento.
Figura 2. Porcentagem de plantas emergidas nos tratamentos em função do tempo de
armazenamento para a cultivar Monsoy 5917 IPRO.
No que se refere ao teor de água em sementes da cultivar Monsoy 6410 IPRO
submetida aos tratamentos com diferentes inseticidas (Tabela 5 e Figura 3), Standak
Top diferiu estatisticamente principalmente aos 0, 20, e 100 DAT Fortenza e Cropstar
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 14
120
não apresentaram diferença estatística embora obtiveram maior valor aos 40 e 80 DAT,
respectivamente, Dermacor diferiu significativamente aos 60, 80 e 100 DAT, aumentando
o teor de água em função do tempo de armazenamento, Cruiser apresentou diferença
estatística principalmente aos 100 DAT, a testemunha obteve maior valor aos 60 DAT,
concordando com Krzyzanowski et al. (1991), valores oscilando para mais ou para menos,
indica maior grau de deterioração das sementes.
Cultivar
Tratamento
1. Standak Top
Monsoy
6410 IPRO
Tempo de armazenamento (Dias)
0
5,4c
20
5,7c
40
6,7a
60
6,2b
80
6,2b
100
5,6c
2.Fortenza
6,1a
5,9a
6,9a
5,9a
6,3a
5,4a
3.Dermacor
6,2b
6,4b
6,5b
7,2a
7,5a
7,5a
4.Cropstar
6,2a
5,9a
6,3a
6,8a
7,4a
6,8a
5.Cruiser
6,2a
5,8b
6,3a
6,1a
6,2a
5,4c
6.Testemunha
6,0b
6,1b
6,0b
6,8a
5,8b
6,0b
Valores seguidos de mesma letra minúscula, na horizontal, não diferem entre si pelo teste de
Scott-knott a 5% de probabilidade.
Tabela 5. Porcentagem de umidade dos tratamentos nos diferentes tempos de armazenamento.
Figura 3. Porcentagem de umidade dos tratamentos nos diferentes tempos de armazenamento
para a cultivar Monsoy 6410 IPRO.
A porcentagem de umidade de sementes da cultivar Monsoy 5917 IPRO submetida
aos tratamentos com diferentes inseticidas (Tabela 6 e Figura 4), somente Standak Top
apresentou diferença estatística no teor de umidade em função do tempo de armazenamento,
oscilando os valores entre 0 e 100 DAT, para Grabe (1989), a diminuição da massa das
sementes durante a secagem é devida à perda de água e outros compostos voláteis.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 14
121
Cultivar
Tratamento
Monsoy
5917 IPRO
Tempo de armazenamento (Dias)
0
20
40
60
80
100
1. Standak Top
5,4b
5,6b
6,5a
6,1a
5,7b
5,4b
2.Fortenza
6,0a
5,8a
6,9a
6,3a
5,8a
4,9a
3.Dermacor
6,0a
6,1a
6,0a
6,7a
5,7a
7,1a
4.Cropstar
5,6a
5,8a
6,1a
6,2a
6,1a
5,7a
5.Cruiser
5,9a
5,8a
6,3a
6,4a
6,1a
6,2a
6.Testemunha
5,8a
5,9a
5,8a
6,7a
5,0a
6,0a
Valores seguidos de mesma letra minúscula, na horizontal, não diferem entre si pelo teste de
Scott-knott a 5% de probabilidade.
Tabela 6. Porcentagem de umidade dos tratamentos nos diferentes tempos de armazenamento.
Figura 4. Porcentagem de umidade dos tratamentos nos diferentes tempos de armazenamento
para a cultivar Monsoy 5917 IPRO.
4 | CONCLUSÕES
a) No teste de germinação, a porcentagem de plântulas normais obtidas por
ocasião da primeira contagem foi maior na cultivar Monsoy 6410 IPRO, diferindo
estatisticamente da cultivar Monsoy 5917 IPRO.
b) A porcentagem de sementes infectadas por fungos após serem submetidas
ao envelhecimento acelerado, foi maior na cultivar Monsoy 5917 IPRO, diferindo
estatisticamente da cultivar Monsoy 6410 IPRO.
c) Os diferentes tratamentos de sementes com inseticidas, diminuíram a porcentagem
de plantas emergidas ao longo do tempo de armazenamento em condições
ambientais não controladas, tornando inviável o tratamento e armazenamento de
sementes em tempos superiores a 20 dias antes da semeadura.
d) O teor de água das sementes submetidas aos tratamentos com diferentes
inseticidas oscilaram ao longo do tempo de armazenamento em condições
ambientais não controladas.
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Capítulo 14
122
AGRADECIMENTOS
A Fundação Araucária pela concessão da bolsa de apoio e subsídio.
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SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365 p.
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PEREIRA, C.E.; GUIMARÃES, R.M.; VIEIRA, A.R.; EVANGELISTA, J.R.E.; OLIVEIRA, G.E. Tratamento
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 14
123
CAPÍTULO 15
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
VANTAGENS DA PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE
MUDAS DE SERINGUEIRA EM SUBSTRATO E
BANCADA SUSPENSA
José Antonio Alberto da Silva
Data de aceite: 03/05/2021
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/1398758607886303
Data de submissão 05/02/2021
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Marcelo Henrique de Faria
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0001-5797-6264
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/4131019883040512
Antonio Lúcio Mello Martins
Maria Argentina Nunes de Mattos
APTA Polo Regional Centro Norte
Pindorama/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/1092498137289104
Coordenadoria De Defesa Agropecuária
São José do Rio Preto/SP
ORCID ID – 0000-0003-2499-6642
Marli Dias Mascarenhas Oliveira
APTA – Instituto De Economia Agrícola
São Paulo/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/6205294317598755
Oswaldo Vischi Filho
Coordenadoria De Defesa Agropecuária
Campinas/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/0022605834673448
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID - 0000-0002-2954-2693
Anita Schmidek
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
http://Lattes.Cnpq.Br/3709782731891847
Fernando Bergantini Miguel
APTA Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
ORCID ID – 0000-0002-4778-8961
RESUMO: A produtividade e rentabilidade
dos seringais dependem fundamentalmente
de manejo adequado. A produção de mudas
de qualidade é fator essencial para o sucesso
da implantação da cultura, dado seu período
produtivo bastante longevo. As boas práticas
agrícolas iniciam-se nos viveiros, desde a
escolha das sementes até a comercialização
das mudas. Os materiais de propagação de
sementes e borbulhas devem apresentar boa
qualidade física, fisiológica e sanitária, além
de origem genética conhecida e comprovada.
Informações sobre tecnologias para produção de
mudas são essenciais para estabelecimento do
cultivo, mudas de baixa qualidade comprometem
o crescimento e desempenho da planta no
campo. Os objetivos do presente trabalho
foram: acompanhar a produção de mudas de
seringueira em bancada suspensa e substrato
em viveiristas na região de Barretos – SP e
plantios destas mudas no campo nesta região,
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 15
124
para comprovação das vantagens deste novo sistema de produção.
PALAVRAS-CHAVE: Mudas de seringueira, rastreabilidade genética, vantagens.
ADVANTAGES OF THE PRODUCTION AND USE OF RUBBER TREES
SEEDLINGS DEVELOPED UNDER SUBSTRATE AND SUSPENDED
WORKBENCH
ABSTRACT: The productivity and profitability of rubber plantations fundamentally depend on
proper handling. The production of quality seedlings is an essential factor for the successful
implantation of the crop, given its long-lived productive period. Good agricultural practices start
in nurseries, from the choice of seeds to the commercialization of seedlings. The propagation
material of seeds and bubbles must present good physical, physiological and sanitary quality,
in addition to the known and proven genetic origin. Information on technologies for seedling
production is essential for establishing the crop, low quality seedlings compromise the growth
and performance of the plant in the field. The objectives of this work were: to monitor the
production of rubber tree seedlings in suspended bench and substrate in nurseries in the
region of Barretos - SP and planting these seedlings in the field in this region, to prove the
advantages of this new production system.
KEYWORDS: Rubber tree seedlings, genetic traceability, advantages.
1 | INTRODUÇÃO
Após a publicação da Instrução Normativa nº 29 em 05 de agosto de 2009,
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sobre produção e
comercialização de mudas de seringueira (BRASIL, 2009), o estado de São Paulo, num
trabalho conjunto da Coordenadoria de Defesa Agropecuária e da UNESP (Jaboticabal
e Botucatu) iniciou um levantamento em viveiros de mudas de seringueira nas regiões
de maior produção no estado, onde, constatou-se que 74% das amostras de raízes das
mudas dos viveiros de chão, estavam contaminadas com nematóides. A partir disto, em
22 de novembro de 2013 foi publicada a Resolução 154 da SAA- SP, em atendimento à
Normativa Federal e em benefício e proteção tanto de Viveiristas quanto de Heveicultores
no que tange a sanidade e qualidade genética das mudas. Para que o Viveirista não
corra risco de ter sua produção comprometida, a Resolução estadual exige que as mudas
sejam em bancada suspensa e utilizando-se substrato visto que é quase impossível
produzir no solo, mudas sem nematóides. Se no laudo apresentado pelo viveirista, houver
a constatação de nematóide, estas deverão ser queimadas, o que geraria um prejuízo
grande ao viveirista. Por outro lado, o produtor rural também estará sendo beneficiado,
pois na maioria das vezes é através das mudas que ocorre a disseminação de nematóides
prejudiciais a seringueira, na sua propriedade. A nova proposta de produção de mudas
de seringueira no sistema de bancadas e substrato, prevê a existência de rastreabilidade
da comprovação genética de sementes, das borbulhas e das mudas. Melhor qualidade
genética dos materiais reprodutivos, melhor qualidade fitossanitária das mudas, vigoroso
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 15
125
sistema radicular, precocidade na produção das mudas, melhor pegamento das mudas em
plantio de campo são requisitos fundamentais para implantação e uniformidade do seringal
(BRITO, 2013). O método tradicional de cultivo de mudas de seringueira (viveiro de chão)
apresenta pontos negativos como: perda de raízes ao arrancá-las do solo para plantio
definitivo; falta de herbicida seletivo, alto custo para controle, sendo necessária a proteção
da muda na aplicação; os tratos culturais em viveiros em nível de solo são mais onerosos
e demandam uso intensivo de mão-de-obra em posição desconfortável, sendo menos
produtiva; riscos relativos à disseminação de nematóides ou plantas daninhas presentes no
solo, podendo afetar o desempenho do futuro do seringal (ZAMUNÈR FILHO et al., 2012).
Por outro lado, a produção e utilização de mudas de seringueira produzidas em bancada
suspensa e substrato, apresenta inúmeras vantagens como: rastreabilidade das sementes,
das borbulhas e das mudas; melhor qualidade genética dos materiais reprodutivos; melhor
qualidade fitossanitária das mudas; vigoroso sistema radicular; precocidade na produção
das mudas; melhor “pegamento” das mudas no plantio de campo e maior uniformidade do
seringal (MARTINS et al; 2013, BRITO et al; 2017). Gonçalves et al. (2017), identificaram os
fatores principais para se obter sucesso na produção de mudas de seringueira utilizando-se
substrato e bancada. De acordo com Oliveira et al (2017), o custo de produção da muda de
bancada supensa é de R$ 4,17 e, o valor que as mesmas vêm sendo comercializadas no
estado de São Paulo, varia entre R$ 8,00 a R$ 10,00 por muda.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Durante cinco anos consecutivos, foram feitos acompanhamentos em Viveristas
que produziram mudas de bancada suspensa em São Paulo, principalmente na região de
Barretos, para comprovar as inúmeras vantagens que este tipo de muda apresenta em
comparação as mudas produzidas convencionalmente (mudas de chão).
Além disto, no período, foram realizados experimentos pela equipe da Secretaria
de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e acompanhamento de áreas que foram
implantadas utilizando-se mudas de seringueira de bancada suspensa, para que se
pudesse comprovar as principais vantagens desta com relação à produção de mudas
tradicionais (produzidas na terra). Os pontos analisados foram: as unidades de produção
(viveiros) eram cadastradas e possuíam RENASEM, onde havia sido feita aquisição de
material genético para produção das mudas, qualidade sanitária (disseminação de pragas
e doenças) limitantes à cultura da seringueira, sistema radicular das mudas. A implantação
de novos seringais utilizando este tipo de mudas também foi estudada para que fosse
determinado as vantagens que estas oferecem aos produtores em comparação as mudas
convencionais, neste aspecto, levou-se em consideração: transporte e distribuição destas
no campo (tempo, rendimento, não destorroamento), pegamento das mesmas, porcentagem
de replantio, desenvolvimento no campo, uniformidade do seringal.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 15
126
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante este período estudos sobre as vantagens das mudas de bancada e
substrato foram feitas tanto no âmbito da produção como no da utilização, sendo elas
bastante importantes no sistema de produção, visto que a cultura é perene, e que a muda
de boa qualidade é fator primordial para garantir sucesso do futuro seringal. Neste sentido
alguns pontos relevantes neste processo são:
Perfil do viveirista: com o novo modelo de produção de mudas, os viveiristas
que atualmente se encontram no mercado, são mais tecnificados e conscientes quanto
aos critérios de produção se atentando para mudas de maior qualidade. No sistema
convencional, qualquer um, produzia mudas de seringueira, com o crescimento e expansão
da cultura, surgiram muitos, que estavam produzindo mudas até em terrenos nas cidades,
sem se preocupar com a qualidade das mudas produzidas. Cadastramento dos viveiros:
inúmeros viveiros de seringueira (mudas de chão) estavam produzindo clandestinamente,
sem cadastro nos Órgãos Governamentais (MAPA e CDA), em contra partida, todos os
viveiros suspensos encontram-se devidamente cadastrados, e desta forma, cumprindo
toda obrigatoriedade que isto impõe sobre as normas de produção. Aquisição do material
genético para produção das mudas (sementes, borbulhas): os viveiristas que migraram
para o novo sistema desde a compra das sementes, procuravam adquirir material genético
de campos de sementes Cadastrados no MAPA e na CDA, bem como, borbulhas de jardins
clonais regularizados. No sistema convencional havia coleta de sementes em qualquer local
e o material utilizado para propagação genética (borbulha) era adquirido sem exigência
de comprovação de origem genética. Além destes benefícios o sistema de produção de
mudas em bancada suspensa e substrato apresenta outras vantagens com relação à
ergonometria (posição de trabalho dos funcionários). Os mesmos trabalham numa posição
mais cômoda e favorável desde a semeadura, repicagem, enxertia e comercialização das
mudas (Figuras:1, 2 e 3). No quesito controle de plantas daninhas, o fato do substrato ser
inerte, reduz a mão de obra para controle do “mato” e a utilização de herbicidas.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 15
127
Figura 1: Semeadura no germinador
Figura 2: Repicagem das plântulas para as sacolas
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Capítulo 15
128
Figura 3: Realização da enxertia dos porta-enxertos de seringueira
Porém, o maior benefício do sistema, é: evitar a disseminação de nematóides (pragas
consideradas limitantes à cultura da seringueira) de acordo com Oliveira e Oliveira, 2019.
No sistema convencional (mudas de chão) é quase impossível produzir uma muda isenta de
nematóides, por outro lado, o uso de substrato, e de técnicas de manejo, garantem que uma
muda assim produzida, não tenha contaminação. Como a maioria dos viveiros é no chão e
sempre no mesmo lugar, a população de nematóides vem aumentando exponencialmente
e os prejuízos estão se refletindo no campo e no bolso dos produtores. Nos últimos 5 anos
seringais em diferentes regiões tem sofrido com ataque de nematóides e em alguns casos,
nematóides associados à outros fungos (Coletotrichum e Lassiodiplodia) e coleobrocas.
Estes ataques e interações tem feito com que alguns produtores perdessem números de
plantas consideráveis e os estudos, tem apontado que a maior causa desta disseminação
tem sido através da aquisição de mudas contaminadas (COELHO 2017). Já na implantação
dos seringais, as vantagens começam no carregamento, descarregamento, transporte e
distribuição no campo. As sacolas são mais leves e o rendimento destas atividades é maior,
devido ao abundante sistema radicular (Figura4), estas mudas não destorroam quando
são transportadas e distribuídas no campo. O pegamento das mesmas é muito superior
ao das mudas convencionais (mudas produzidas no chão) e a necessidade de replantio
muito menor (de 1 a 3 % de replantio), reduzindo os custos de implantação e garantindo a
homogeneidade do seringal. O desenvolvimento das mudas no campo e a uniformidade do
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Capítulo 15
129
seringal são superiores aos plantios convencionais (Figura 5).
Figura 4: Abundante sistema radicular quando comparado à muda convencional.
Figura 5: Homogeneidade do plantio, desenvolvimento das plantas.
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Capítulo 15
130
4 | CONCLUSÕES
As principais vantagens das mudas de bancada suspensa são: sanidade e
rastreabilidade genética. Além disto, este sistema, proporciona mudas com elevado
desempenho no campo em virtude do amplo sistema radicular que apresentam quando
comparadas às mudas produzidas no chão e antecipação de entrada de sangria e retorno
de investimento.
AGRADECIMENTOS
Ao Eng. Agronômo Paulo Fernando de Brito, diretor aposentado da CDA – Barretos,
que iniciou todos os trabalhos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo,
sobre produção de mudas de bancada suspensa;
À Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro e aos Engenheiros Agronômos:
Eduardo Toller Reiff e Luiz Gustavo Parolin, por todo apoio nos experimentos que foram
realizados dentro da E.E.C.B;
Às empresas: BioCross e Produqímica pela participação, juntos aos experimentos
que foram realizados na E.E.C.B;
Aos Viveiristas e Produtores que auxiliaram nas pesquisas e nos deixaram
acompanhar seus Viveiros de Produção e as áreas de plantio;
Aos técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e técnicos
independentes que trabalham no setor heveícola;
REFERÊNCIAS
A IMPORTÂNCIA da borracha natural. Instituto Agronômico (IAC). Campinas, 2015. Disponível em:
http://iac.impulsahost.com.br/areasdepesquisa/seringueira/importancia.php. Acesso em: 22 jun. 2017.
BRASIL, MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 29, 05
de agosto de 2009. Dispõe sobre as normas para a produção de sementes e de mudas de seringueira
(Hevea spp).
Brito, P. F. Produção de mudas de seringueira em bancadas e substrato. III Encontro Técnico
Nacional de Heveicultura, 21 e 22 de novembro de 2013, Barretos(SP).
Brito, P.F, Martins, A. L. Mello.; DeLuca, C. A.; Gonçalves, E. C. P. Produção de mudas de
seringueira em bancadas e substrato. 2017, 52p. Campinas (SP).
COELHO, L. Morte descendente de plantas de Seringueira (Hevea brasiliensis) e origem de
mudas. São Paulo: Defesa Agropecuária, jan. 2018. 7 p. (Nota Técnica).
GONÇALVES, E. C. P.; MARTINS, A. L. M.; DELLA NINA, L. C. Diagnóstico dos viveiros suspensos de
mudas de seringueira no estado de São Paulo. Pesquisa & Tecnologia, Campinas, v. 14, n. 2, p. 1-12,
2017
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Capítulo 15
131
INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA, 2019. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html. Acesso em: fev. 2019.
MARTINS, A. L. MELLO.; DELUCA, C. A.; GONÇALVES, E. C. P.; BRITO, P.F. Produção de mudas
de seringueira em bancadas e substrato. 2013, 17p. Campinas (SP).
PAES-TAKAHASHI, V. S. et al. Ocorrência de nematoides em viveiros de produção de mudas de
seringueira no estado de São Paulo. Nematropica, s. l., v. 46, n. 2, p. 132-137, 2016.
OLIVEIRA, M. D. M. et al. Custo de implantação, produção e rentabilidade do cultivo da seringueira
no estado de São Paulo, 2016. Informações Econômicas, São Paulo, v. 47, n. 1, p. 31-49, jan./mar.
2017.
OLIVEIRA, M. D. M.; OLIVEIRA, C.M.G. Nematóides em Seringueiras: Um relato de baixa
rentabilidade. Análises e Indicadores do Agronegócio, v. 14, n.7, julho 2019.
RIPPEL, M.M; BRAGANÇA, F.C. Borracha Natural e nanocompósitos com argila. Quím. Nova, v.
32, n.3, pg. 818-826, 2009.
ZAMUNÉR FILHO, A. N.; VENTURIN, N; PEREIRA, A. V.; PEREIRA, E. B. C.; MACEDO, R. L. G.
Doses of controlled-release fertilizer for production of rubber tree rootstocks. Revista Cerne, LavrasMG, v.18, n.2, p.239-245, 2012.
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Capítulo 15
132
CAPÍTULO 16
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
ÍNDICE DE CLOROFILA EM Acmella oleracea
SUBMETIDO À CONDIÇÕES DE ESTRESSES POR
SALINIDADE E SECA
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 05/02/2021
Jhonatah Albuquerque Gomes
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capanema-PA
http://lattes.cnpq.br/3551741764979279
Rafael Magalhães de Aragão
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capanema-PA
http://lattes.cnpq.br/4991886853359622
Pedro Moreira de Souza Júnior
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capanema-PA
http://lattes.cnpq.br/3194428833833524
Marília de Freitas Cabral Aragão
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza-CE
http://lattes.cnpq.br/7071237462670046
Evely Juliana da Silva Oliveira
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capanema-PA
http://lattes.cnpq.br/3556071431339880
Danielle Siqueira da Silva Margalho
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capanema-PA
http://lattes.cnpq.br/5087838111907178
RESUMO: O Jambu (Acmelllla olleracea) é
uma hortaliça comum na região amazônica
amplamente cultivada no estado do Pará.
Sua produção é bastante intensa na região
Norte do País, devido as condições ambientais
apresentarem
elevadas
temperaturas
e
umidade e, percebe-se, que grande parte dos
cultivos ocorrem sob condições preservadas,
adotando os próprios locais de ocorrência
natural da espécie como sítios de produção,
principalmente, por pequenos agricultores.
Entretanto, pouco é compreendido se o jambu
cultivado sob condições contrastantes, ou seja,
fora das características ambientais desejáveis
e naturais, podem apresentar melhorias ou
não em suas propriedades químicas e em seu
índice de clorofila. O presente estudo teve como
objetivo avaliar o índice de clorofila no jambu sob
condições abióticas contrastantes.
PALAVRAS-CHAVE: Jambu, clorofila, salinidade
e déficit hídrico
CHLOROPHYLL INDEX IN Acmella
oleracea SUBMITTED TO SALINITY AND
DROUGHT STRESS CONDITIONS
ABSTRACT: Jambu (Acmelllla olleracea) is a
common vegetable in the Amazon region, widely
cultivated in the state of Pará. Its production is
possible due to environmental conditions such as
high temperatures and humidity. A large part of
its production occurs in preserved environmental
conditions, adopting the natural occurrence of the
species as a place of production, mainly by small
and family farmers. However, little is known if
jambu species can be grown under contrasting
environmental conditions, mainly under different
environmental characteristics such as salinity
and drought. Thus, it is necessary to understand
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 16
133
whether this species has satisfactory answers about its chemical properties and, particularly,
its chlorophyll index. Therefore, the study aimed to evaluate the chlorophyll index and fresh
biomassin under two abiotic conditions, salinity and drought.
KEYWORDS: Acmella oleracea, chlorophyll, salt stress and water deficit
1 | INTRODUÇÃO
O Jambu (Acmella oleracea) é uma planta nativa do Brasil, com grande valor cultural
na gastronomia amazônica, principalmente, para o estado do Pará e, de grande destaque
nas áreas cosméticas e farmacêuticas devido suas propriedades químicas (VILLACHICA
et al., 1996). Por ser uma planta típica de clima tropical úmido, sua produção é bastante
intensa na região Norte do País, devido as condições ambientais apresentarem elevadas
temperaturas e umidade.
Alguns estudos biométricos relatam que esta cultura pode atingir até 40 cm de altura
com características de espécie herbácea, raízes ramificadas e a sua reprodução pode
se dar tanto por semente, quanto por estaquia (ALBURQUERQUE, 1989). No caso de
reprodução por sementes, a germinação ocorre entre 5 ~ 7 dias e o seu ciclo se completa
em aproximadamente 90 dias (Sawaki, 2000).
Em termos eco fisiológicos, a maior parte das terras cultiváveis do mundo encontrase sob algum tipo de estresse ambiental, sendo que somente cerca de 10% delas podem
ser consideradas livres destes estresses (MONTEIRO, 2008). Isso pode ser mais agravante
quando analisamos os ecossistemas que, mesmos que ainda preservados, não estão livres
de sofrerem os efeitos dos estresses abióticos e, consequentemente, poderá resultar na
extinção de espécies nativas de seus locais naturais. Paralelamente, quando consideramos
a cultura do jambu na região Norte do Brasil, percebe-se que ainda podemos encontrar o
seu cultivo sob condições preservadas, na qual os próprios locais de ocorrência natural
da espécie são utilizados como sítios de produção por pequenos agricultores, mesmo que
de forma tecnificada (GUSMÃO, 2011). Contudo, devido ao destaque das propriedades
gastronômicas e farmacêuticas desta espécie, a sua produção tecnificada foi também
intensificada, como uma solução alternativa para alavancar a sua comercialização.
Uma temática importante para a cultura do jambu é natureza de suas folhas, pois as
mesmas são as mais utilizadas no consumo alimentar. Contudo, a busca por informações
fisiológicas a respeito das folhas de jambu ainda é escassa, principalmente, sob condições
ambientais específicas. A exemplo temos as características das moléculas de clorofila, nas
quais são os principais pigmentos responsáveis pela captação da energia luminosa para
fotossíntese, bem como na obtenção da energia química na forma de ATP e NADPH para
a fixação do carbono (Taiz & Zeiger, 2017). Neste sentido, a determinação dos teores de
clorofila da folha é um tema importante, pois a atividade fotossintética auxilia, direta e
indiretamente, na liberação de esqueletos de carbono para a síntese de moléculas com
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Capítulo 16
134
propriedades gastronômicas e farmacológicas, como por exemplo o espilantol. Logo, o
estudo fisiológico das folhas é de grande importância para o estabelecimento desta cultura,
principalmente, pelo seu principal atrativo comercial que é a própria folha.
Em outros aspectos, podemos citar os estresses abióticos, pois os mesmos podem
afetar a produção vegetal, principalmente, se esta for cultivada em ambientes distintos de sua
naturalidade, sendo que muitas vezes esses estresses são completamente desconhecidos
(“estresse invisível”) induzindo uma interação genótipo x ambiente (CASTRO, 2001;
LOPES et al., 1997). Entretanto, para que qualquer produção vegetal obtenha sucesso
na produção de biomassa, seja em quantidade e/ou qualidade, é necessário conhecer as
melhores condições ambientais e eco fisiológicas da espécie cultivada (PINA, 2015).
Assim como a maioria das espécies vegetais amazônicas, o jambu é uma planta
que requer água disponível e apresenta redução do desenvolvimento em solos secos e
compactados (Villachica,1996). Além disso, sabe-se que para a produção de mudas de
jambu, os solos devem serem bem drenados e ricos em nutrientes (CARDOSO; OLIVEIRA,
2004). No entanto, poucos estudos reportam os motivos fisiológicos pelos quais está
espécie apresenta sensibilidade às condições hídricas e minerais dos solos.
Mesmo sob por se tratar de uma região úmida, a Amazônia, especialmente, na região
nordeste do estado do Pará, apresenta períodos de sazonalidade entre período chuvoso e o
período seco, na qual os solos passam a apresentarem potenciais hídricos mais negativos
e, consequentemente, o aumento da concentração de sais no solo. Considerando que o
Nordeste do Pará possui estas características ambientais, o presente estudo objetivou
avaliar os índices de clorofila em folhas de jambu submetidos a dois níveis de fatores de
estresse, seca e salinidade.
2 | METODOLOGIA
O estudo experimental foi conduzido na região Nordeste do estado do Pará, no
município de Igarapé-Açu, onde encontra-se instalada a Fazenda Escola de Igarapé-Açu
(FEIGA) da Universidade Federal Rural da Amazônia. Em termos de clima, a temperatura
desta cidade varia de 22 °C a 32 °C e raramente é inferior a 21 °C ou superior a 34 °C,
destacando também que, a região fica encoberta por nuvens, cerca de 18% ao dia, com
uma média de precipitação anual de 404 milímetros; a sensação de umidade nesta cidade,
pode ser considerada como abafado, opressivo ou extremamente úmido, sem variações
abruptas, permanecendo cerca de 100%, o ano inteiro (MERRA, 2018).
Para a produção das mudas de jambu, realizou-se a semeadura em bandejas com
50 células contendo como substrato areia: compostagem de rejeito de caroço do açaí
(1:1). Após o período de germinação (5-7 dias/ DAS), as mudas passaram por um período
de independência e amadurecimento dos cotilédones (15 dias) e, posteriormente, foram
transplantadas definitivamente para vasos com volume de 10 litros, perfazendo duas plantas/
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 16
135
vaso. O experimento teve uma duração de 90 dias considerando o início da semeadura. Os
estresses abióticos aplicados foram: (1) controle, (2) déficit hídrico e (3) salinidade. Para o
tratamento para déficit hídrico, a irrigação foi controlada tendo como método a suspensão
da rega, na qual a molhação com água destilada ocorreu em intervalo de 48 h, em volumes
de 300 mL por vaso. O tratamento de salinidade foi realizado com irrigação diária de 400 ml
de água contendo 100 mM de cloreto de sódio (NaCl) e o tratamento controle (referência)
consistiu da aplicação diária de 400 ml de água destilada.
Para o cálculo dos volumes diários de irrigação por vaso, utilizou-se o método
da curva de retenção de água, considerando a características do substrato. Os vasos
continham como substrato uma mistura de solo (Latossolo amarelo distrófico, predominante
na região): compostagem de rejeito de caroço do açaí: cama de frango, na proporção de
3:1:1. A coleta de dados foi realizada semanalmente, através de mensurações biométricas.
Os índices de clorofila foram obtidos com o auxílio do equipamento Medidor portátil modelo
SPAD-502 usando a diferença de densidade ótica de dois comprimentos de onda (Índice
SPAD). Todos os resultados foram submetidos a uma análise de variância e teste de tukey,
a 5% de significância.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os testes estatísticos evidenciaram que os três tratamentos (controle, salinidade e
estresse hídrico) não apresentaram discrepâncias para o índice SPAD de clorofila (tabela
1). Contudo, no tratamento de salinidade foi observado redução significativa do teor de
clorofila com leituras médias de 38,06. Estudos elaborados por Engel e Poggiani (2012)
utilizando a cultura de milho híbrido pionner, para fins de comparar o teor de clorofila
laboratorial com o teor de clorofila obtidos por medidor portátil, observaram que em solos
onde havia alto teor de NaCl retidos na matriz do solo, o nível de clorofila foi reduzido.
Tratamentos
Controle
Seca
Salinidade
Índice de clorofila/significância
39,78 AB
43,23 A
38,06 B
Tabela 1: Análise estatística da significância do teor de clorofila (índice SPAD). Diferentes letras
maiúsculas representam diferença significativas de biomassa fresca entre os tratamentos
(p<0,05).
O elemento sódio Na+ pode aumentar a espessura da dupla camada iônica difusa,
o que facilita a expansão das argilas, reduzindo o espaço poroso, e assim dificultando a
drenagem de água no solo. O Na+ pode também reduzir a absorção de água para a planta,
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 16
136
uma vez que reduz o potencial de solutos do solo, bem como de nutrientes importantes
para o desenvolvimento da planta, como o magnésio Mg2+, que participa da composição
da molécula de clorofila. Neste caso, os cátions Na+ e Mg2+ podem competir por sítios
de absorção radicular. Além disso, fisiologicamente, o excesso de NaCl pode influenciar
no balanço de íons, potencial hídrico, nutrição mineral, fechamento estomático, eficiência
fotossintética e alocação e utilização de carbono (Flower et al., 1986; Bethke & Drew, 1992).
45
lai
f
o
r
lo
c 40
e
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D
A
P
S 35
e
ic
d
n
Í
30
Controle
Seca
Salinidade
Figura 1: gráfico contendo a representatividade do índice SPAD de clorofila dentre os
tratamentos acompanhados do desvio padrão amostral.
O tratamento de salinidade apresentou maior teor de clorofila, com índice SPAD
43,23±1,5. Esses dados corroboram com Silva et al. (1998), na qual estudando a variação
diurna da transpiração do amendoim irrigado e não irrigado, observaram que o máximo
teor de clorofila foi encontrado no tratamento que recebeu menor quantidade de água.
Isso evidencia que, sob condições de deficiência hídrica, a abertura dos estômatos não
ocorre somente em resposta à radiação solar, mas, sobretudo, em função do potencial
hídrico do solo, conforme Dube et al. (1974). Segundo Turner (1974), a redução do
potencial hídrico concentra o nível de solutos no solo, causando a redução de absorção de
nutrientes essenciais, como o N, que é responsável por parte da cor verde presente nas
folhas. Em nosso estudo, o tratamento controle mostrou índice de clorofila 38,78±1,5 não
apresentando diferença significativa (p>0,05) ao tratamento de estresse salino 38,06±1,1.
O teor de biomassa fresca para folha, caule e raiz foi maior para o tratamento de
controle, seguido de salinidade e seca, respectivamente (Figura 2). Os dados apontam
que o jambu apresentou menor sensibilidade à salinidade, haja vista que, este tratamento
apresentou uma média de biomassa de 406 g/planta, muito próximo ao controle que
apresentou média de 475g/planta. As plantas submetidas à seca apresentaram apenas
uma média de 333g/planta. Segundo Viégas (2011), são característicos de latossolos em
condições naturais, apresentar os macros e micronutrientes que são essenciais para as
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 16
137
plantas, entretanto, estes nutrientes podem permanecerem adsorvidos ao solo, caso a
disponibilidade de água seja reduzida no mesmo. Ressalta-se que a limitação de água
foi mais limitante ao ganho de biomassa em comparação ao estresse salino induzido
NaCl, contribuindo para uma diferença significativa entre controle, seca e salinidade para
biomassa fresca de folhas e caules. A exceção ocorreu para a biomassa fresca de raiz,
que não diferiu entre controle e salinidade, mas somente em comparação ao tratamento
de seca.
280
A
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(
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B
240
B
200
160
C
A
120
A
A
B
80
40
B
C
Controle
Seca
Folha
244,17
164,30
Salinidade
206,25
Caule
135,27
100,49
110,91
Raiz
95,87
67,93
88,95
Figura 2: Produção de biomassa fresca em jambu. Diferentes letras maiúsculas representam
diferença significativas de biomassa fresca entre os tratamentos (p<0,05).
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo mostra que plantas de jambu modulam seus níveis de clorofila em
condições de estresse abiótico por déficit hídrico e seca, com maior redução de biomassa.
Contudo, a condição induzida pela seca foi mais limitante do que o estresse salino no
desenvolvimento de biomassa fresca de Acmella oleraceae.
REFERÊNCIAS
Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 16
139
CAPÍTULO 17
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
ANÁLISE MULTIVARIADA NO ESTUDO DA
INTERAÇÃO CULTIVARES, BACTÉRIAS E
MICRONUTRIENTES NO DESENVOLVIMENTO
INICIAL DE SOJA
Anita Schmidek
Data de aceite: 03/05/2021
Apta Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
Http://Lattes.cnpq.br/3709782731891847
Data de submissão 05/02/2021
Ivana Marino Bárbaro-Torneli
Apta Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
Orcid Id - 0000-0002-2954-2693
Elaine Cristine Piffer Gonçalves
Apta Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
Orcid Id – 0000-0001-5797-6264
Fernando Bergantini Miguel
Apta Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
Orcid Id – 0000-0002-4778-8961
José Antonio Alberto da Silva
Apta Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
Http://Lattes.cnpq.br/1398758607886303
Marcelo Henrique de Faria
Apta Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
Http://Lattes.cnpq.br/4131019883040512
Regina Kitagawa Grizotto
Apta Polo Regional Alta Mogiana
Colina/SP
Http://Lattes.cnpq.br/2809175495850519
Marcelo Ticelli
Upd
Tatuí/SP
Orcid Id – 0000-0003-0751-6512
RESUMO: O presente trabalho objetivou estudar
os efeitos da interação entre cultivares, tipos de
bactérias e aplicação ou não de micronutrientes
no
desenvolvimento
inicial
(germinação,
parâmetros de crescimento e nodulação) de
plântulas cultivadas em vasos com solo de área
experimental já cultivado com a cultura, em casa de
vegetação. Os experimentos foram instalados no
Pólo Alta Mogiana - APTA, situado em Colina/SP.
Os 32 tratamentos testados seguiram o esquema
fatorial 4x4x2, que constituíram da combinação
de quatro cultivares de soja, quatro tipos de
bactérias e ausência ou presença de aplicação de
micronutrientes nas sementes em delineamento
em blocos casualizados. As avaliações foram
realizadas aos 5, 8 e 32 dias após a semeadura.
As análises multivariadas complementaram o
presente trabalho com informações adicionais
relevantes com concordância nas duas
abordagens de componentes principais e método
de agrupamento de k-means. Os tratamentos
que envolveram as cultivares 5D634 RR e NS
7338 IPRO tanto na inoculação tradicional como
na co-inoculação e na ausência de aplicação de
micronutrientes nas sementes se destacaram
e foram superiores quanto a germinação,
nodulação e variáveis de desenvolvimento inicial
de soja.
PALAVRAS-CHAVE:
Glycine
max
(L),
Azospirillum, Bradyrhizobium, cobalto, molibdênio
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
140
MULTIVARIATE ANALYSIS IN THE STUDY OF CULTIVARS, BACTERIA AND
MICRONUTRIENTS INTERACTION IN THE INITIAL DEVELOPMENT OF
SOYBEAN
ABSTRACT: The following work was to study the effects of interaction between cultivars,
bacterial types and application of micronutrients in the initial development (germination,
growth and nodulation parameters) of seedlings grown under pots with soil of experimental
area already cultivated with the crop, in greenhouse. The experiments were installed, at the
Polo Alta Mogiana- APTA, located in Colina/SP. The 32 treatments tested followed the 4x4x2
factorial scheme, which consisted of the combination of four soybean cultivars, four types of
bacteria and absence or presence of micronutrient application in the seeds. In experiments in
pots it was a randomized block design. The multivariate analysis complemented the present
work with relevant additional information with concordance in the two main component
approaches and k-means grouping method. The treatments involving the cultivars 5D634
RR and NS 7338 IPRO in the traditional inoculation as well as the co-inoculation and in the
absence of application of micronutrients in the seeds stood out and were superior as regards
the germination, nodulation and initial developmental variables of soybean.
KEYWORDS: Glycine max (L), Azospirillum, Bradyrhizobium, cobalt, molibdenium.
1 | INTRODUÇÃO
O Brasil e a Argentina, ocupam posição de destaque quando o tema é o desempenho
satisfatório do processo de fixação biológica de nitrogênio em soja, sendo que esta prática
permite a obtenção de produtividades que ultrapassam 5000 kg ha-1 (LIBÓRIO, 2019).
Com a finalidade de maximizar os ganhos obtidos com a inoculação, a quase uma
década, foi validada pela pesquisa uma nova ferramenta, denominada de coinoculação ou
inoculação mista. A prática de coinoculação, consiste na junção de inoculantes contendo as
bactérias do gênero Bradyrhizobium e do gênero Azospirillum brasilense.
O gênero Azospirillum, pertence ao grupo das bactérias promotoras de crescimento
vegetal de plantas (BPCP), que possuem como principais características a capacidade
de fixação biológica de nitrogênio, o aumento da atividade da redutase do nitrato quando
crescem endofiticamente nas plantas e a produção de fitohormônios como auxinas,
citocininas, giberelinas e etileno (TIEN et al., 1979; BOTINI et al., 1989; STRZELCZYK;
KAMPERT, 1994; CASSÁN et al., 2008; HUERGO et al., 2008). Nesse gênero específico
de bactérias, não existe o estímulo para produção de nódulos nos vegetais, optando por
colonizar áreas superficiais (TORTORA et al., 2012), ou mesmo, se locomover internamente
via xilema e floema (RONCATO-MACCARI et al., 2003).
As auxinas ou mais especificamente o ácido 3-indol acético (AIA), apresentam
diversas funções no crescimento e desenvolvimento das plantas, estando presente na
maioria dos estádios do ciclo de vida de um vegetal, da germinação a senescência. Este
grupo hormonal regula alguns processos, tais como: dominância apical, abscisão foliar,
formação de raízes laterais e diferenciação vascular (TAIZ; ZEIGER, 2013). Segundo os
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
141
mesmos autores giberelinas e citocininas estão diretamente ligadas ao alongamento celular
e a juvenilidade da planta, acarretando incremento de porte e longevidade do vegetal.
Por sua vez, os micronutrientes Cobalto (Co) e Molibdênio (Mo) possuem grande
importância no processo de FBN. O Co na fixação biológica atua na coenzima cobamida,
precursora da leghemoglobina e, portanto, indispensável ao processo biológico. Salientase que um cuidado especial deve ser dado no fornecimento desse micronutriente, pois
qualquer excesso resulta facilmente em toxicidade. O Mo é um componente da enzima
nitrogenase e, portanto, essencial ao processo de fixação de N2. Deficiências de Co e,
principalmente, de Mo têm sido relatadas com maior frequência, tornando-se um dos
principais fatores limitantes à fixação do N2 na cultura da soja. (HUNGRIA et al., 2007).
Ainda nessa vertente, para maximização da fixação biológica de nitrogênio em
soja com vistas em incrementos nos patamares de produtividade, pesquisas envolvendo
a identificação de caracteres que auxiliem no processo de seleção de genótipos mais
eficientes quanto a capacidade simbiótica devem ser contemplados pelos programas de
melhoramento genético de soja, necessitando-se para isso, de uma maior compreensão da
interação entre diferentes genótipos e bactérias envolvidas no processo (BÁRBARO et al.,
2009). Ressalta-se também a necessidade de pesquisas com semelhante finalidade para
a prática de co-inoculação, dada sua recente confirmação de eficiência agronômica no
Brasil e que ainda se mostra com grande variabilidade nos resultados obtidos na literatura
(ZUFFO et al., 2015; ZUFFO et al., 2016).
Por outro lado, técnicas multivariadas são importantes ferramentas para avaliar
a diversidade genética, visando a classificação de germoplasmas, ordenação das
variabilidades contidas em acessos e na análise das relações genéticas entre características
e material genético existente (IQBAL et al., 2008).
Diante do exposto, os objetivos deste estudo foram avaliar os efeitos da interação
entre cultivares de soja, tipos de bactérias e micronutrientes no desenvolvimento inicial de
plântulas cultivadas em duas condições por meio de análises multivariadas.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Antes da instalação dos experimentos, foram coletadas amostras de solo de área
experimental pertencente a APTA, Pólo Regional da Alta Mogiana, Colina-SP, já cultivada
com a cultura da soja, para posterior análise química e física, além da contagem de bactérias
Bradyrhizobium e bactérias diazotróficas associativas do solo discriminada na Tabela 1.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
142
Identificação
da amostra
Umidade do solo
Bactérias Totais
%
APTA
Bactérias
Bradyrhizobium
Bactérias
Diazotróficas
UFC g-1 solo seco
11,63
8,23 x 106
2,14 x 107
1,1 x 106
UFC – Unidade formadora de colônias
Tabela 1. Resultados da contagem de bactérias do gênero Bradyrhizobium e bactérias
diazotróficas de solo de área experimental da APTA. Colina-SP. Ano agrícola 2015/16.
O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho distrófico. De acordo com o
laudo de análise química e física do solo, obtiveram-se os seguintes resultados: pH (CaCl2)
= 5,21; M.O. = 22,50 g dm-3; CO = 13 g dm-3 ; P = 18,54 mg dm-3 ; K = 3,04 mmolc dm-3; Ca
= 18,67 mmolc dm-3; Mg = 12,86 mmolc dm-3; H + Al = 27,46 mmolc dm-3; SB = 34,58 mmolc
dm-3; CTC= 62,04 mmolc dm-3 e V = 55,73%, S = 3,57 mg dm-3, Zn = 0,70 mgdm-3, B= 0,18
mg dm-3, Mn = 12,70 mg dm-3, Cu = 0,45 mg dm-3 e Fe = 30,81 mg dm-3; Areia Total = 804 g
kg de solo; Argila = 150 g kg de solo e Silte = 45 g kg de solo. Em porcentagem: Areia Total
= 80,40 % (Areia grossa = 55,50 % + Areia fina = 24,90%); Argila = 15,00%; Silte = 4,50.
Os experimentos foram instalados na segunda quinzena de novembro de 2015, em
condições de casa de vegetação pertencentes ao Pólo Regional da Alta Mogiana, da APTA,
em Colina, SP. Os vasos plásticos de 5 L de capacidade foram preenchidos com o solo de
área experimental já cultivado com soja devidamente corrigido, além de receber adubação
N-P-K com uso da fórmula 4-20-20 nas doses calculadas conforme o laudo de análise
química do solo supracitadas.
Os tratamentos seguiram o esquema fatorial 4x4x2, que constituíram da combinação
de quatro cultivares comerciais de soja sendo: Brasmax Flecha IPRO, BMX Potência
RR, 5D634 RR e NS 7338 IPRO, quatro tipos de bactérias [Testemunha, Bradyrhizobium
(inoculação tradicional), Azospirillum e Bradyrhizobium + Azospirillum (co-inoculação)] e
ausência e presença de aplicação de micronutrientes cobalto e molibdênio nas sementes,
discriminados na Tabela 2.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
143
Tratamento
Código
Cultivar
Tipo de bactéria
Micronutrientes
FTAM
1
Brasmax Flecha IPRO
Testemunha
Ausência
FTPM
2
Brasmax Flecha IPRO
Testemunha
Presença
FBAM
3
Brasmax Flecha IPRO
Bradyrhizobium
Ausência
FBPM
4
Brasmax Flecha IPRO
Bradyrhizobium
Presença
FAAM
5
Brasmax Flecha IPRO
Azospirillum
Ausência
FAPM
6
Brasmax Flecha IPRO
Azospirillum
Presença
FBAAM
7
Brasmax Flecha IPRO
Brady + Azos
Ausência
FBAPM
8
Brasmax Flecha IPRO
Brady + Azos
Presença
PTAM
9
BMX Pôtencia RR
Testemunha
Ausência
PTPM
10
BMX Pôtencia RR
Testemunha
Presença
PBAM
11
BMX Pôtencia RR
Bradyrhizobium
Ausência
PBPM
12
BMX Pôtencia RR
Bradyrhizobium
Presença
PAAM
13
BMX Pôtencia RR
Azospirillum
Ausência
PAPM
14
BMX Pôtencia RR
Azospirillum
Presença
PBAAM
15
BMX Pôtencia RR
Brady + Azos
Ausência
PBAPM
16
BMX Pôtencia RR
Brady + Azos
Presença
DTAM
17
5D634 RR
Testemunha
Ausência
DTPM
18
5D634 RR
Testemunha
Presença
DBAM
19
5D634 RR
Bradyrhizobium
Ausência
DBPM
20
5D634 RR
Bradyrhizobium
Presença
DAAM
21
5D634 RR
Azospirillum
Ausência
DAPM
22
5D634 RR
Azospirillum
Presença
DBAAM
23
5D634 RR
Brady + Azos
Ausência
DBAPM
24
5D634 RR
Brady + Azos
Presença
NTAM
25
NS 7338 IPRO
Testemunha
Ausência
NTPM
26
NS 7338 IPRO
Testemunha
Presença
NBAM
27
NS 7338 IPRO
Bradyrhizobium
Ausência
NBPM
28
NS 7338 IPRO
Bradyrhizobium
Presença
NAAM
29
NS 7338 IPRO
Azospirillum
Ausência
NAPM
30
NS 7338 IPRO
Azospirillum
Presença
NBAAM
31
NS 7338 IPRO
Brady + Azos
Ausência
NBAPM
32
NS 7338 IPRO
Brady + Azos
Presença
F = Brasmax Flecha IPRO; P = BMX Potência RR; D = 5D634 RR; N = NS7338 IPRO; T
= testemunha; B = Bradyrhizobium (inoculação tradicional); A = Azospirillum (inoculação
gramíneas); BA = coinoculação; AM e PM = ausência e presença de micronutrientes.
Tabela 2. Identificação dos 32 tratamentos utilizados no presente trabalho envolvendo a
interação de cultivares, tipos de bactérias e ausência e presença de micronutrientes.
O delineamento foi o de blocos casualizados, com parcela experimental constituída
por um vaso com 30 sementes, desbastando-se para 16 plântulas; e posteriormente 8
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
144
plântulas finais, respectivamente, para as avaliações realizadas aos 8 e 32 dias após a
semeadura (DAS), com quatro repetições
Para o tratamento das sementes, foram utilizados inoculantes comerciais Biomax®
Premium Líquido para a cultura da soja contendo bactérias do gênero Bradyrhizobium
e para gramíneas Biomax® Premium Milho com as bactérias do gênero Azospirillum
brasilense, nas doses recomendadas pelo fabricante de 60 mL/50kg e 150 mL/20kg de
sementes respectivamente. Na co-inoculação das sementes, utilizou-se metade da dose
de ambos os inoculantes. A aplicação de produto contendo os micronutrientes 1,5% de Co
e 15% de Mo foi realizada antes da inoculação na dose de 100 mL ha-1.
Todas as sementes foram previamente tratadas, alguns dias antes da semeadura,
com inseticida/fungicida, Standak Top na dose de 2 mL kg-1 de sementes, sendo os
inoculantes aplicados por último, no dia da semeadura. Além disso, foram adotados alguns
cuidados para garantir uma maior eficiência dos inoculantes, como inoculação das sementes
realizada à sombra e distribuição uniforme dos inoculantes em todas as sementes.
Foram avaliadas a porcentagem de germinação aos 5 e 8 DAS conforme as
recomendações de BRASIL (2009), e avaliações biométricas referentes ao comprimento
de raiz e parte aérea (CR e CPA) em cm e massa seca da parte aérea e raiz (MSPA e
MSR) em g planta-1 aos 8 DAS. Além dessas, avaliou-se as mesmas variáveis aos 32 DAS,
bem como, o número de nódulos (NNOD) em unidade planta-1 e a massa seca de nódulos
(MSNNOD) em mg. planta-1.
Em relação as análises exploratórias multivariadas, somente os dados médios das
variáveis avaliadas foram utilizados no presente trabalho.
Inicialmente os mesmos foram padronizados resultando em média igual a zero
e variância igual a um para todas as variáveis, de acordo com a equação: Zij = Xij – Xj/
Sj, onde: j = 1,2,...., p características; i= 1,2, ......,n, objetos; Xj e Sj = média e o desvio
padrão da coluna j. Posteriormente, foram estudadas duas abordagens exploratórias a
saber: componentes principais e análise de agrupamento pelo método não hierárquico,
de k-médias. A semelhança entre os tratamentos foi medida pela distância Euclidiana e a
ligação média entre os grupos foi realizada pelo método de Ward, para estabelecimento
prévio do número de grupos. Na análise de componentes principais, os autovalores foram
extraídos a partir da matriz de covariância que geraram os autovetores denominados de
componentes principais, que são determinados a partir da equação característica da matriz
(FERRAUDO, 2014).
Para o cálculo dos componentes principais, a variabilidade foi decomposta em
quatro autovetores (componentes principais) construídos com os autovalores da matriz de
covariância, que são combinações lineares das variáveis originais buscando maximizar a
informação relevante (HAIR et al., 2009). Para o cálculo da proporção da variância total
contida em cada componente principal tem-se a expressão: CPh = ƛh/traço (C) 100, onde: C
= matriz de covariâncias dos dados originais padronizados; ƛh = h-ésima raiz característica
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
145
(autovalor) da Matriz C, Traço (C) = ƛ1 + ƛ2...+ ƛh. São considerados somente autovalores
acima de 1 ou muito próximos, pois geram componentes com quantidade relevante de
informação das variáveis originais. Para aqueles abaixo de 1 a quantidade de informação
retida no componente não é relevante (KAISER, 1958). A correlação dos caracteres com
os componentes principais foi calculada pela fórmula: rxj (CPh) = aih√ ƛh/Sj, onde: Sj = desvio
padrão da variável j; aih = coeficiente da variável j no h-ésimo componente principal; ƛh =
h-ésima raiz característica (autovalor) da matriz de covariância.
Na análise de agrupamento não hierárquico das variáveis avaliadas em vasos
pelo método k-médias utilizou-se um número de clusters previamente determinado para
o cálculo dos pontos que representam os “centros” destes clusters, sendo: E = Ʃkk=1Ʃx1ECk
d(xi, xok), onde: xok = centróide do cluster Ck; d(xi, xok) = distância entre os pontos xi e xok.
O centróide pode ser a média ou a mediana de um grupo de pontos. Sendo que, o objetivo
do k-médias é minimizar a distância entre cada ponto e o seu respectivo centróide (HAIR
et al., 2009).
Todos as análises multivariadas foram realizadas utilizando-se o software Statistica
versão 10 (STASOFT, 2010).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de componentes principais resultou em quatro componentes principais
(CP), os quais explicaram 80,738% da variância (Tabela 3).
Número do
autovalor
Autovalor
Variância Total
(%)
Autovalor
acumulado
Variância
acumulada (%)
1
4,277
35,640
4,277
35,640
2
2,284
19,036
6,561
54,677
3
1,893
15,776
8,454
70,453
4
1,234
10,285
9,689
80,738
5
0,704
5,867
10,393
86,605
6
0,580
4,833
10,973
91,438
7
0,335
2,789
11,307
94,227
8
0,226
1,887
11,534
96,114
9
0,193
1,610
11,727
97,724
10
0,155
1,295
11,882
99,020
11
0,093
0,772
11,975
99,792
12
0,025
0,208
12,000
100,000
Tabela 3. Matriz de autovetores e estatísticas dos doze caracteres avaliados em resposta aos
diferentes tratamentos envolvendo cultivares, tipos de bactérias e micronutrientes em condição
de vasos em casa de vegetação.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
146
As variáveis de maior contribuição na discriminação dos tratamentos em CP1 foram
CR32, MSPA32, MSR32, CPA8, CR8, MSR8 e G5, seguido pelo CP2 com MSPA8, G5 e
G8. O CP3 foi explicado pela nodulação e CP4 por CPA 32 (Tabelas3 e 4). Assim, todos os
caracteres apresentaram correlação nos quatro componentes principais e são importantes
na avaliação do desenvolvimento inicial de soja no presente trabalho. Toller et al. (2009)
em estudo com a finalidade de se avaliar parâmetros de fixação biológica de nitrogênio em
15 cultivares convencionais de soja, verificaram que maiores valores de número e massa
seca nodular foram obtidos nas cultivares IAC 23 e M-SOY5942. Para a massa seca da raiz
destacaram-se as cultivares BRS 133 e BRS 184, e para massa seca da parte aérea a BRS
184. Em relação às estimativas de correlações os melhores resultados foram obtidos para
número de nódulos vs. massa seca nodular e massa da raiz x massa seca da parte aérea.
Caracteres
CP1
CP2
CP3
CP4
CPA32
-0,417
0,008
-0,273
-0,772
CR32
-0,651
-0,114
-0,303
-0,451
NNOD32
-0,192
-0,210
-0,843
0,149
MSPA32
0,794
0,420
-0,179
-0,072
MSR32
0,833
0,370
-0,054
-0,032
MNOD 32
-0,230
-0,243
-0,728
0,466
CPA8
-0,840
0,201
0,290
0,021
CR8
0,630
0,529
-0,096
-0,236
MSPA8
0,116
0,720
-0,569
-0,013
MSR8
-0,667
0,465
-0,081
-0,090
G5
-0,624
0,605
0,106
0,194
G8
-0,561
0,657
0,128
0,298
Tabela 4. Coeficientes de correlação entre as variáveis e os quatro componentes principais que
retiveram a maior quantidade de informação relevante.
Segundo Ferraudo (2014) são consideradas variáveis importantes aquelas
que apresentam valores de correlação acima de 0,6, independentemente do sinal.
Ressalta-se também, que as correlações de sinais iguais significam que as variáveis
são correlacionadas positivamente, e as com sinais opostos negativamente (HAIR et al.,
2009), evidenciando que todos os caracteres considerados importantes no CP2 e CP3 se
relacionam positivamente, excetuando-se apenas o CP1, em que CR32, CPA8, MSR8 e
G5 correlacionaram positivamente entre si e inversamente com os caracteres MSPA32,
MSR32 e CR8.
O plano bidimensional formado pelos componentes CP1 (35,64%) e CP2 (19,04%) no
total reteve 54,68% da variância original (Figura 5). Observa-se, que a distribuição de cada
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
147
tratamento é de acordo com um plano de fator de coordenadas, considerando, a relação
entre as variáveis. Pode se verificar, que alguns tratamentos se localizaram no centro do
plano, dentro da delimitação das escalas pré-definidas. Isto demonstra, que nesse grupo
não há muitas diferenças entre os tratamentos, ou seja, os valores dos caracteres estão
situados em uma faixa de amplitude que não os caracterizam como superiores um dos
outros, podendo-se se dizer que há certa homogeneidade dentro deste grupo. Entretanto,
foram observados em 29, 23, 19, 18 e 31 que corresponde respectivamente as interações
ou tratamentos: NAAM, DBAAM, DBAM, DTPM e NBAPM maior especificidade para G5,
MSR8, CPA8; 25 – NTAM e 27- NBAM para CPA 32 e CR 32; bem como o tratamento 28
(NBPM) para NNOD32 e MSNOD32; e 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 respectivamente, (FTAM, FTPM,
FBAM, FBPM, FAAM, FAPM, FBAAM e FBAPM) para MSPA 32 e MSR 32 (Figura 5).
Estes resultados concordam com os achados por Bohrer; Hungria, (1998) que
verificaram diferenças marcantes entre as cultivares quanto ao potencial de nodulação e
fixação de nitrogênio, e constataram que a quantificação da massa seca da parte aérea é
um bom parâmetro para a seleção das simbioses mais promissoras de soja.
O plano bidimensional formado pela (CP1 x CP3) reteve no total 51,42%, sendo
os tratamentos 29, 25, 18 e 21 (NAAM, NTAM, DTPM e DAAM) melhor discriminados
para a variável CPA8; 23, 27, 31 e 19 (DBAAM, NBAM, NBAAM e DBAM) para CR32,
CPA32, CPA32, NNOD32 e MSNNOD32; 10, 12, 5, 2 e 16 (PTPM, PBPM, FAAM, FTPAM e
PBAPM para MSR32; 8- FBAPM, 4- FBPM, 7- FBAAM e 3 FBAM foram discriminados pelas
variáveis CR8 e MSPA 32 (Figura 6).
Por último, o plano bidimensional formado pelos componentes CP1 (35,64%) e CP4
(10,29%) reteve no total 45,93 % da variância original (Figura 7). Os tratamentos 31e 18,
respectivamente NBAAM e DTPM foram mais específicos para G8 e G5; 29 – NAAM, 27NBAM, 19- DBAM, 21-DAAM, 23-DBAAM e 25- NTAM para CPA8, MSPA8 e CR32; 22DAPM para CPA32 e tratamentos 12, 10, 3,7,8,4,5,2,1 e 6 (PBPM, PTPM, FBAM, FBAAM,
FBAPM, FBPM, FAAM, FTPM, FTAM e FAPM para MSR32 e MSPA32.
A grande variabilidade existente entre as estirpes que nodulam a soja (CARVALHO,
2003) quanto à eficiência do processo simbiótico (ARAÚJO; HUNGRIA, 1999), gera
diferentes interações entre bactérias e genótipos de plantas de soja (BOHRER; HUNGRIA,
1998), corroborando com os resultados obtidos pelos 3 gráficos biplots de dispersão dos
diferentes tratamentos (Figuras 1, 2 e 3) deste trabalho.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
148
Figura 1. Gráfico biplot com a dispersão dos 32 tratamentos envolvendo quatro cultivares de
soja, 4 tipos de bactérias e ausência e presença de micronutrientes em Vso em função dos
componentes principais CP1 x CP2, com projeção dos vetores das variáveis avaliadas aos
8 e 32 dias após semeadura: G5 e G8 = porcentagem de germinação aos 5 e 8 dias após a
semeadura; CPA8 e CPA 32 = comprimento da parte áerea; CR 8 e CR 32= comprimento da
raiz; MSPA 8 e MSPA 32 = massa seca da parte aérea; MSR 8 e MSR 32 = massa seca da raiz;
NNOD32 = número de nódulos e MSNOD 32= massa seca de nódulos.
Figura 2. Gráfico biplot com a dispersão dos 32 tratamentos envolvendo quatro cultivares de
soja, 4 tipos de bactérias e ausência e presença de micronutrientes em Vso em função dos
componentes principais CP1 x CP3, com projeção dos vetores das variáveis avaliadas aos
8 e 32 dias após semeadura G5 e G8 = porcentagem de germinação aos 5 e 8 dias após a
semeadura; CPA = comprimento da parte áerea; CR = comprimento da raiz; MSPA = massa
seca da parte aérea; MSR = massa seca da raiz; NNOD = número de nódulos e MSNOD =
massa seca de nódulos.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
149
Figura 3. Gráfico biplot com a dispersão dos 32 tratamentos envolvendo quatro cultivares de
soja, 4 tipos de bactérias e ausência e presença de micronutrientes em Vso em função dos
componentes principais CP1 x CP4, com projeção dos vetores das variáveis avaliadas aos 8
e 32 dias após semeadura: CPA = comprimento da parte áerea; CR = comprimento da raiz;
MSPA = massa seca da parte aérea; MSR = massa seca da raiz; NNOD = número de nódulos
e MSNOD = massa seca de nódulos.
Os 32 tratamentos e doze caracteres avaliados em vasos, pelo agrupamento
prévio pelo método hierárquico de Ward, formaram nove clusters ou grupos, sendo este
agrupamento realizado a partir do ponto de corte no dendograma a 18,18 %, onde foram
observadas mudanças bruscas de níveis. Esta pressuposição foi utilizada para realização
posterior do método não hierárquico de k-médias (Figura 8).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
150
F = Brasmax Flecha IPRO; P = BMX Potência RR; D = 5D634 RR; N = NS7338 IPRO; T
= testemunha; B = Bradyrhizobium (inoculação tradicional); A = Azospirillum (inoculação
gramíneas); BA = coinoculação; AM e PM = ausência e presença de micronutrientes.
Figura 4. Gráfico do perfil da distribuição dos centróides dos grupos na análise de
agrupamento por k- médias formados a partir das variáveis: G 5 e G8 = porcentagem de
germinação avaliada aos 5 e 8 dias após a semeadura (das); CPA8 e CPA 32 = comprimento
da parte aérea avaliada aos 8 e 32 das; CR 8 e CR32 = comprimento da raiz aos 8 e 32 das;
NNOD 32 = número de nódulos avaliada aos 32 das; MSPA 8 e MSPA 32 = massa seca da
parte aérea avaliada aos 8 e 32 das; MSR 8 e MSR 32 = massa seca da raiz avaliada aos 8 e
32 dias após a semeadura e MSNNOD 32 = massa seca de nódulos avaliada aos 32 das em
condições de vasos com solo de área experimental cultivado com soja.
O grupo 1 foi formado pelos tratamentos DTPM, DAAM, NTAM, NAAM caracterizado
por apresentar maiores valores médios de CR 32, CPA8, MSR8, G5 e G8 (Figura 4).
Os tratamentos PBAAM e PBAPM formaram o grupo 2, que apresentou destaque
para os parâmetros de nodulação, com altos valores de NNOD32 e MSNNOD32. O grupo
3, representado pelos tratamentos FBAM, FBPM, FBAAM, FBAPM foi caracterizado por
valores de nodulação acima da média dos tratamentos, altos valores de MSPA tanto aos 8
e 32 dias após avaliação e CR8.
Com valores apenas de CPA aos 8 e 32 dias um pouco acima da média ficou o
grupo 4 descrito pelos tratamentos PAAM, DTAM, DBPM, DAPM e NTPM e NAPM. O grupo
5 formado pelos tratamentos DBAM, DBAAM, NBAM, NBAAM foi o melhor grupo, pois
apresentou valores acima da média para a maioria dos caracteres avaliados CPA32, CR32,
NNOD32, MNOD32, CPA8, MSPA8, MSR8, G5 e G8. O grupo 6 formado pelos tratamentos
PTAM e PBAM mostraram elevadas CR32 e MSRA32 e valores um pouco acima da média
para NNOD32, G5 e G8. E o grupo 7 formado por PTPM e PBPM foi caracterizado por
apresentar alta MSPA32 E MSR32. O grupo 8 foi formado por DBAPM, NBPM e NBAPM
com valores altos de CR32, NNOD32 e MSNOD 32 e por último o grupo nove composto por
FTAM, FTPM, FAAM e FAPM com valores adequados de MSPA32, CR8, MSPA8 E MSR32.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
151
Deste modo, pode-se observar que as análises exploratórias de componentes
principais e de agrupamento k-médias, foram eficientes no presente trabalho e se constituem
em uma ferramenta de suma importância para complementar informações quanto a
discriminação destes tratamentos em múltiplos caracteres envolvidos, concordando com
vários trabalhos de pesquisa que tem utilizado a técnica para estudos em soja. A literatura
relata que caracteres agronômicos que são submetidos à análise multivariada, possibilitam
a identificação de informações satisfatórias entre inúmeros caracteres, assim como nos
resultados obtidos por Reina et al. (2014) e Dallastra et al. (2014).
4 | CONCLUSÕES
As análises multivariadas foram eficientes e complementaram o presente trabalho
com informações adicionais;
As interações mais eficientes foram DBAM, DBAAM, NBAM e NBAAM.
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 17
153
CAPÍTULO 18
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
EFECTO DEL TOSTADOR EN EL PERFIL DE
TUESTE EN CAFÉ ESPECIAL CON DIFERENTE
TAMAÑO
Data de aceite: 03/05/2021
Guillermo Vargas-Elías
D.Sc., Profesor, CIGRAS-Universidad de Costa
Rica
https://orcid.org/0000-0001-8562-0062
Carlos Cerdas Gerena
Bach., Escuela de Ingeniería Agrícola y
Biosistemas, U.C.R
https://orcid.org/0000-0001-6237-6052
Sergio Barrantes Montoya
Bach., Escuela de Ingeniería Agrícola y
Biosistemas, U.C.R
https://orcid.org/0000-0002-1817-9155
Jorge Castillo Vives
Bach., Escuela de Agronomía. U.C.R
https://orcid.org/0000-0003-2787-2741
Fabiola Rojas Vásquez
Estudiante, Escuela de Agronomía, U.C.R
https://orcid.org/0000-0002-7891-9960
RESUMEN: El perfil de tueste del café se utiliza
para el análisis y la predicción del proceso,
depende de la temperatura del tostador, la masa
de los granos y del contenido de humedad
inicial. El objetivo fue determinar el efecto
de la temperatura del tostador en el perfil de
tueste para un mismo lote de granos de café
separados en cuatro tamaños. Se utilizó un
tostador convencional llevando los granos a 230
ºC en dos condiciones de apertura de la válvula
de gas parcial y totalmente abierta, se tostaron
granos de café arábica sin defectos con calidad
especial de la variedad Catuaí rojo, el registro
de la temperatura fue a partir de sensores
termopares en el interior del tostador en contacto
con el aire. El perfil de tueste no fue influenciado
por el tamaño de los granos en un mismo lote
en los calibres estudiados. La condición térmica
del tostador afectó significativamente el perfil
de tueste y las propiedades físicas del café. El
modelo exponencial-lineal de cuatro términos
fue adecuado para representar el perfil de tueste
en el 99,0 % de los datos en cada condición de
operación, el coeficiente del término lineal es un
indicador de la rapidez del proceso. El proceso
con la quema de gas completamente abierta es
1,5 veces más rápido que con la abertura parcial.
PALABRAS CLAVE: Proceso de torrefacción,
perfil de temperatura, tostador convencional.
EFEITO DA TEMPERATURA DO
TORRADOR NO PERFIL DE TORRA
EM CAFÉ ESPECIAL COM DIFERENTE
TAMANHO
RESUMO: O perfil de torra do café utiliza-se
para a análise e predição do processo, sua forma
depende da temperatura do torrador, da massa
dos grãos, do teor de água no início e pode ser
afetado pelo tamanho dos grãos. O objetivo foi
comparar o perfil da torra pelo efeito do tamanho
dos grãos de café em duas condições de operação
do torrador. Usou-se um torrador convencional
em duas condições do aquecimento, foram
torrados grãos de café arábica sem defeitos com
qualidade mole da variedade catuaí vermelho. O
registro da temperatura foi obtido no computador
pelos sensores de termocuplas em contato com
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 18
154
ar no interior do torrador. Observou-se que não houve diferença entre o perfil da torra entre
os grãos com tamanhos diversos. A operação do torrador teve efeito direto no tempo do
processo e nas propriedades físicas do café torrado. O perfil da torra foi estabelecido para
cada condição de temperatura do torrador pelo modelo exponencial-linear com quatro termos
e coeficiente de determinação acima de 99,0 %. O coeficiente do termo linear é um parâmetro
da rapidez do processo. O processo com a queima de gás completamente aberto foi 1,5
vezes mais rápido que o parcialmente aberto.
PALAVRAS-CHAVE: Coffea arabica, torrefação, cinética da torra, torrador convencional.
EFFECT OF ROASTER CONDITIONS OVER THE ROAST PROFILE IN
SPECIALTY COFFEE AT DIFFERENT SIZES
ABSTRACT: The coffee roast profile is used for the analysis and the prediction of the process,
the dependence of the roaster temperature, the mass of the coffee beans and the initial
moisture content. The objective was to determine the effect of roaster temperature on the
roast profile for the same batch of special quality coffee beans, separated into four different
sizes as well as unaltered samples from the batch. A conventional roaster was used under two
heating conditions, arabica coffee beans with special quality of the red Catuaí variety without
defects were roasted, the temperature recording was from thermal sensors inside the roaster
in contact with the chamber air. It was determined that there are no differences in roast profile
in relation to grain size and mix. The condition of the roaster has a significantly effect in the
roasting profile and the coffee physical properties. The four-term exponential-linear model fit
to represent the roast profile in 99.0% of the data in each operating condition. The coefficient
of the linear term is an indicator of the speed of the process. Gas opening fully open relative
to partial was 1.5 times faster than partially opened.
KEYWORDS: Coffea arabica, roasting process, temperature profile, drum roaster.
1 | INTRODUCCIÓN
La torrefacción es un proceso de aplicación de calor sobre los granos, dicho proceso
es complejo y envuelve tanto la transferencia de energía del tostador hacia los granos,
así como la transferencia de masa de los granos hacia al ambiente en forma de vapor y
compuestos volátiles (Fabbri et al., 2011). Según el grado de tueste del café dura de 8 a 15
min y de 180 a 240 ºC (OIC, 2017).
El grado de tueste es un parámetro importante a nivel sensorial y de mercado, para
determinar las características de sabor de los extractos a partir del café tostado, en los que
la mezcla de grados de tueste y velocidad de tueste, están asociados a los llamados cafés
de alta calidad (Clarke & Macrae, 1987). El tostador debe ser equipado por un termómetro
capaz de resistir entre 180 y 450 °C; además debe contar con un sistema para el registro
de la temperatura en el interior del tostador, así como un termómetro infrarrojo para medir la
temperatura de los granos en movimiento (Vargas-Elías, 2011). El perfil de tueste consta de
dos etapas y fue descrito con un modelo matemático en una combinación de tres términos
y cuatro coeficientes, para representar el decaimiento exponencial en una primera etapa y
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 18
155
el calentamiento lineal del tostador en la segunda etapa (Abarca, 2017).
Las condiciones de tostado tienen un gran impacto en las propiedades físicas y
químicas de los granos de café tostado, el modo de transferencia de calor y el perfil de
temperatura aplicado son los parámetros más críticos del proceso (Schenker, 2000). El
ajuste de modelos matemáticos al proceso de torrefacción proporciona parámetros para
el estudio de transferencia de calor y masa, para el dimensionamiento de los tostadores;
además de posibilitar la predicción de la calidad del producto final (Campos, 2016). Los
modelos desarrollados no incluyen la variación del tamaño, el objetivo fue determinar el
efecto de la temperatura del tostador en el perfil de tueste para un mismo lote de café en
cuatro tamaños de granos.
2 | MATERIAL Y MÉTODOS
Este trabajo fue desarrollado en el Centro de Investigaciones en Granos y Semillas
(CIGRAS) de la Universidad de Costa Rica. Se utilizó café (Coffea arabica) sin defectos con
calidad especial, variedad catuaí rojo, cultivado a 1800 m.s.n.m en proceso semi lavado
(red honey), con densidad aparente 689,2 ± 4,3 kg m-3 y contenido de humedad de 10,91
kg kg-1.
El proceso de torrefacción se realizó con un tostador convencional de producción
nacional BENDIG modelo ECO-20 rotativo, con quemador de gas constante, regulador de
presión y válvula de control. La medición de la temperatura interna se hizo con un sensor
termopar tipo K.
La torrefacción se realizó en dos condiciones de calentamiento del tostador, con
abertura parcial y otra con abertura total de gas. La distribución del tamaño en los granos
por lote fue de 36, 29, 22 y 13 % en cribas 16, 17, 18 y 19; respectivamente.
La temperatura al inicio de cada tueste fue 280 ± 1 °C y la extracción fue a 230°C.
Fueron tostadas diez muestras de 600 g por cada tamaño y una mezcla con las proporciones
indicadas de tamaño. Las pérdidas de masa fueron calculadas según la ecuación 1.
M = 100 (mi - mf)/mi
(1)
Donde, M es variación de la masa (%), m i es la masa inicial (g), m f es la masa
final (g).
El cambio en la densidad aparente se calculó según la ecuación 2,
D = 100 (di - df)/di
(2)
Donde, D es variación de la densidad aparente (%), el término di es la densidad
aparente inicial (kg m-3), df es la densidad aparente final de los granos tostados (kg m-3) .
La expansión aparente (%) de los granos tostados se determinó según la
ecuación 3.
E = 100 [(di mf / df mi ) - 1]
(3)
El perfil de temperatura es descrito por la ecuación 4, utilizado para el tueste
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 18
156
de granos tanto de café (Abarca, 2017) como de cacao (Vargas, 2019) en el tostador
convencional.
T = T0 + a [exp(-b t)]+ c (t)
(4)
Donde, T0 es la intersección con el eje de las ordenadas (°C), a es un coeficiente
(°C), b es el exponente del factor exponencial (min-1) y c es una tasa de calentamiento (°C
min-1).
Los coeficientes de la ecuación 4 fueron determinados por regresión no lineal en el
programa SigmaPlot14.
3 | RESULTADOS Y DISCUSIÓN
El tiempo de tueste es la variable de respuesta, depende de la condición térmica
del tostador y no del tamaño de los granos, como se observa en la Figura 1. La primera
condición del tostador con abertura parcial del gas, se obtuvo un tiempo promedio de 14,6
min y la desviación estándar de 0,31 min, que equivale aproximadamente a 19 segundos;
es decir, para un mismo lote los granos con tamaño entre 16 y 19 se obtuvieron diferencias
en el tiempo de tueste menores a 20 segundos.
Figura 1. Perfil de temperatura para el tueste por tamaño en café con forma plano convexo y
abertura parcial del gas en tostador convencional.
La segunda condición del tostador se obtuvo con la abertura de gas completamente
abierta y la duración promedio fue 9,2 min con una variación de 5 s entre los cuatro tamaños;
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 18
157
es decir; no se percibió el efecto del tamaño en el tiempo de tueste cuando se quemó gas
a la capacidad máxima.
Figura 2. Perfil de temperatura para el tueste en café por tamaño y con forma plano convexo
para la abertura total del gas en tostador convencional.
La variación en la abertura del gas generó una disminución del tiempo de 5,4
minutos y se invirtió aproximadamente 60 % más de tiempo con la abertura parcial del
gas. Sin embargo, los tiempos de tueste de esta investigación se encuentran dentro de las
recomendaciones para el tueste de granos de calidad (OIC, 2017).
El perfil de tueste es afectado por la condición térmica del tostador como se
observa en la Figura 3, la línea contínua representa a un ajuste general con todos los
datos, indiferentemente del tamaño y se establecieron los límites de confianza para cada
condición de operación del tostador.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 18
158
Figura 3. Ajuste del perfil de temperatura del tostador convencional con quema de gas en dos
condiciones para café con forma plano convexo.
Las condiciones de temperatura del tostador son similares al inicio y después de
1 min ocurrió una amplia divergencia. La temperatura mínima en la primera condición del
tostador fue de 183 °C a los 4 minutos y en la segunda condición fue de 195 °C a los 3,25
min, esto representa una diferencia de 13 °C y un desfase de 45 s entre las temperaturas
mínimas para cada proceso.
Los coeficientes de correlación (R2) fueron de 99,0 % para ambas condiciones de
operación del tostador, los coeficientes fueron determinados con desviación estándar de
2,00 y 1,75 respectivamente, según Cuadro 1.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 18
159
Cuadro 1. Parámetros estadísticos para el modelo ajustado al perfil del tueste de café en dos
condiciones de operación del tostador.
La diferencia entre el tiempo se debe principalmente a la tasa de calentamiento, con
4,84 y 7,28 °C min-1 para la primera y segunda condición del tostador respectivamente, la
proporción entre pendientes fue de 1,50 y la razón entre los tiempos de tueste fue 1,59; por
lo tanto, el coeficiente c es un indicador de la rapidez del proceso.
La diferencia entre la rapidez del proceso produce cambios en las propiedades
físicas de los granos de café tostado, como se describe en el Cuadro 2.
Cuadro 2. Propiedades físicas de los granos de café tostado para dos condiciones de
operación del tostador convencional.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 18
160
La pérdida de masa permite clasificar a los granos en tueste Medio y Medio claro
para la primera y segunda condición, respectivamente (Vargas-Elías, 2011). La diferencia
en la pérdida de masa fue en promedio de 2,14 % entre ambas condiciones y también los
granos tostados se diferenciaron por su densidad aparente en 3,5 % (Abarca, 2017).
La expansión aparente de los granos en la primera condición del tostador fue mayor
que en la segunda, lo que concuerda con otras investigaciones. Botelho (2012) obtuvo que
la expansión volumétrica se incrementa conforme se alcanza un mayor grado de tueste.
4 | CONCLUSIONES
No hubo diferencia en el perfil de tueste entre los granos con tamaños consecutivos.
La condición térmica del tostador afecta el perfil del tueste y a las propiedades
físicas del café tostado.
AGRADECIMIENTO
A la empresa familiar de Café los Cuarteles en Tarrazú de San Pablo de León Cortés.
REFERENCIAS
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convencional. 2017. Tesis de Licenciatura en Ingeniería Agrícola y Biosistemas, Universidad de Costa
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Capítulo 18
161
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www.kerwa.ucr.ac.cr/handle/10669/79255> Acceso en: Marzo, 2020.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 18
162
CAPÍTULO 19
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE
SEMENTES E CRESCIMENTO INICIAL DE MUDAS
DE Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna
Adjair José da Silva
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 04/02/2021
João Victor da Silva Martins
Universidade Federal da Paraíba – Programa
de Pós-Graduação em Agronomia
Areia-PB
http://lattes.cnpq.br/1325547505577529
Daniele Batista Araújo
Universidade Federal da Paraíba – Programa
de Pós-Graduação em Agronomia
Areia-PB
http://lattes.cnpq.br/0414481014142211
Priscila Duarte Silva
Universidade Federal da Paraíba – Programa
de Pós-Graduação em Agronomia
Areia-PB
http://lattes.cnpq.br/0609630446184047
Felipe Marinho Coutinho de Souza
Universidade Federal Rural de Pernambuco Programa de Pós-Graduação em Entomologia
Recife-PE
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0380292673553843
Caíke de Sousa Pereira
Universidade Federal da Paraíba – Programa
de Pós-Graduação em Agronomia
Areia-PB
http://lattes.cnpq.br/8945954778970044
José Manoel Ferreira de Lima Cruz
Universidade Federal da Paraíba – Programa
de Pós-Graduação em Agronomia
Areia-PB
http://lattes.cnpq.br/5452036626116089
Universidade Federal da Paraíba – Programa
de Pós-Graduação em Agronomia
Areia-PB
http://lattes.cnpq.br/1752715486124548
RESUMO: Para a formação de povoamentos
visando a restauração florestal, uma das
problemáticas encontradas é produção e
posterior qualidade de mudas. Dentre os fatores
que podem vir a afetar esta formação, a qualidade
das sementes assume fundamental importância
no processo, principalmente em relação à
germinação, vigor, e bem como avaliação inicial
das plântulas. Diante disso, o presente trabalho
teve como objetivo, avaliar os parâmetros
fisiológicos da qualidade de sementes, bem
como avaliação inicial de crescimento de mudas
de paineira. O experimento foi conduzido no
viveiro florestal pertencente ao departamento de
Fitotecnia e Ciências Ambientais da Universidade
Federal da Paraíba, Campus II, Areia-PB.
Foram realizados teste de emergência, primeira
contagem de emergência, e índice de velocidade
de emergência, índice de pega e crescimento
inicial das mudas a partir do número de folhas,
diâmetro do caule e crescimento das plântulas,
de paineira num período de 84 DAT. Para as
variáveis de qualidade fisiológica das sementes,
obteve-se emergência (EM) de 69%, primeira
contagem de emergência (PCE) de 61% e um
índice de velocidade de emergência (IVE) de
33,35%. Aos 84 dias as plântulas apresentaram
em média 5 folhas, diâmetro do caule obtendo
valores maiores do que 2 mm, o comprimento de
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 19
163
plantas ao final da avaliação as plântulas estavam com altura média de 12 cm. As sementes
apresentaram boas características fisiológicas e bom grau de uniformidade quanto as variáveis
estudas. As mudas apresentaram índice de pega de 100%, com elevada característica de
crescimento inicial, mesmo sendo afetadas pelo sombreamento local.
PALAVRAS-CHAVE: Paineira, qualidade de semente, reflorestamento.
SEEDS QUALITY PHYSIOLOGICAL EVALUATION AND INITIAL GROWTH OF
SEEDLINGS OF Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna
ABSTRACT: For the formation of stands aiming at forest restoration, one of the problems
encountered is production and subsequent quality of seedlings. Among the factors that may
affect this formation, the quality of the seeds assumes fundamental importance in the process,
mainly in relation to germination, vigor, and initial evaluation of the seedlings. On its view, the
present study aimed to evaluate the physiological parameters of seed quality, as well as the
initial growth evaluation of paineira seedlings. The experiment was conducted in the forest
nursery belonging to the departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais da Universidade
Federal da Paraíba, Campus II, Areia-PB. Emergency test, first emergency count, and
emergency speed index, catch index and initial growth of seedlings from the number of leaves,
stem diameter and seedling growth of paineira were performed in a period of 84 DAT. For the
variables of physiological quality of the seeds, an emergency (EM) of 69% was obtained, a
first emergency count (FEC) of 61% and an emergency speed index (ESI) of 33.35%. At 84
days, the seedlings had an average of 5 leaves, stem diameter obtaining values were greater
than 2 mm, the length of plants at the end of the evaluation, the seedlings had an average
height of 12 cm. The seeds showed good physiological characteristics and a good degree of
uniformity regarding the studied variables. The seedlings showed a 100% catch rate, with a
high initial growth characteristic, even though they were affected by local shading.
KEYWORDS: Paineira, seed quality, reforestation.
1 | INTRODUÇÃO
Para a formação de povoamentos visando a restauração florestal, uma das
problemáticas encontradas é produção e posterior qualidade de mudas. Concomitantemente
a isso, entra os fatores ambientais e as técnicas silviculturais, que compõem fatores
importantes para a minimizar os custos e diminuir o tempo de formação do povoamento
(LIMA FILHO et al., 2019). Uma das especiais mais utilizadas com a finalidade de
recomposição florestal, se destaca a Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna (paineira)
(RODRIGUES; BRANCALION; ISERNHAGEN, 2009).
A Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) (Paineira ou Barriguda) é uma espécie de porte arbóreo,
nativa, pertencente à família da Malvaceae com cerca de 15 a 30 m de altura, considerada
secundária, ocorre em vários estados do Brasil entre outros países. Em decorrência da
elevada adaptação e acelerado crescimento, é amplamente utilizada para reflorestamento
na e recuperação de áreas degradadas, além de ter sua importância econômica voltada
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 19
164
para paisagismo, na arborização rural e urbana, para produção de madeira e carvão
vegetal. (LAZAROTTO et al., 2011; SABONARO et al., 2015).
Todavia, a produção de mudas em viveiros florestais condicionadas a técnicas
silviculturais com o uso de sementeiras associadas ao transplantio é usada para acelerar a
produção das mudas. Em geral, este manejo visa proporcionar condições ideais acarretando
em um máximo crescimento, gerando plântulas de boa qualidade e que sejam obtidas em
um período mínimo de tempo (PINTO et al., 2016).
Em face disso, promover da qualidade das mudas aptas para o plantio, é datado
como sendo a capacidade das mesmas de resistirem às condições adversas encontradas
no campo e produzirem árvores vigorosas e com características desejáveis e para tanto
fatores como a qualidade das sementes afetam diretamente a formação das mudas
(CALDEIRA et al., 2013; LIMA FILHO et al., 2019).
Em detrimento disso, é sabido que a semente é o principal meio de multiplicação das
espécies arbóreas e, por isto, o conhecimento sobre produção e tecnologia de sementes
florestais assume importância fundamental no processo, principalmente em relação a
germinação, vigor, e bem como avaliação inicial das plântulas, culminado no no sucesso
da propagação da cultura no campo e estabelecimento das mesma (LAZAROTTO et al.,
2013). Diante disso o presente trabalho tem como objetivo, avaliar parâmetros fisiológicos
de sementes, bem como avaliação inicial de mudas de paineira.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no viveiro florestal pertencente ao departamento de
Fitotecnia e Ciências Ambientais da Universidade Federal da Paraíba, Campus II, Areia-PB,
no período de 14 de fevereiro até 26 de abril de 2019. As sementes foram coletadas e foram
oriundas de uma planta-matriz da espécie estudada que se encontra sob as coordenadas:
latitude 06º57’58’’S e longitude 035º42’55’’W.
O teste de emergência foi realizado de forma adaptada conforme BRASIL (2009).
Foram utilizadas 100 sementes, distribuídas em quatro repetições de 25 sementes,
onde foram colocadas em uma bandeja com areia lavada e umedecidas com água até a
saturação, com posteriores regas diárias. Foram feitas contagens do 8º ao 11º dia.
A primeira contagem de emergência foi conduzida conjuntamente com o teste de
emergência, onde se contabilizou as sementes emergidas no oitavo dia após a semeadura
(BRASIL, 2009). O índice de velocidade de emergência (IVE) foi conduzido em conjunto com
o teste de emergência, onde foi anotado diariamente o número de sementes emergidas.
O índice de emergência foi determinado de acordo com a fórmula proposta por
Maguire (1962):
IVE = E1+E2+E3...+Nn/ N1+N2+...Nn
Onde: IVG = índice de velocidade de emergência;
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 19
165
E1, E2 e En = número de sementes emergidas no primeiro, segundo e último dia;
N1, N2 e Nn = número de dias decorridos da semeadura à primeira, segunda e última
contagem.
Para a determinação de índice de pega das mudas as sementes foram semeadas
em canteiros contendo como substrato areia lavada. Dez dias após o semeio as plântulas
foram transplantas para sacos de polietileno de dimensão 15x20 cm, contendo como
terra preta, com alto teor de matéria orgânica. O transplanto foi realizado 10 dias após a
semeadura, totalizando 100 mudas transplantas. Transcorrido 8 dias, foi feita a avaliação
do índice de pega. A avaliação foi feita visualmente, caracterizando-se observando plantas
vivas e plantas mortas.
A avaliação do crescimento inicial das mudas foi feita conforme adapatação de
Marana et al (2008). As mesmas se iniciaram 21 dias após o transplantio (DAT) e se deram
de até o 84 DAT, totalizando 4 avaliações. Foram determinadas as seguintes características:
número de folhas (NF); altura da parte aérea (AP), expressa em cm, medida com régua
milimetrada, a partir do coleto até a gema apical; diâmetro do coleto (DC), expresso em mm,
medido utilizando-se um paquímetro digital (Paquímetro digital Leetools®) com precisão de
0,01mm. Foram avaliadas 100 mudas no total, e para expressar os resultados foi feito uma
média aritmética.
Os dados de crescimento foram submetidos á analise de regressão realizada no
programa Microsoft Excel 2010®.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para as variáveis de qualidade fisiológica das sementes, obteve-se uma emergência
(EM) de 69%, primeira contagem de emergência (PCE) de 61% e um índice de velocidade
de emergência (IVE) de 33,35%. Os valores encontrados são tidos como satisfatórios, tendo
em vista que é uma espécie florestal com sementes ortodoxas e que são caracterizadas por
terem baixa emergência.
Neto e De Paula (2017) avaliando a variabilidade entre 36 árvores matrizes de
Ceiba speciosa St. Hil para características de frutos e sementes, obtiveram para variáveis
fisiológicas de sementes, uma germinação variando de 29 a 100% de germinação e índice
de velocidade de germinação com dados transformados variando de 0,29 a 3,78. Esses
dados corroboram e evidenciam a alta variabilidade entre plantas matrizes e que culminam
em arvores com alto percentagem de emergência
Lemes (2011) avaliando a germinação das sementes em diferentes maturações do
fruto conseguiu índices de 83% para sementes oriundas de frutos com 163 dias após a
antese.
Para o índice de pega, obteve-se 100% para esta variável, dentro do período
avaliado. Tal característica é importante para mostrar a viabilidade da produção e manejo
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 19
166
de mudas em viveiro florestais, principalmente por ainda ser incipientes os trabalhos com
a espécie.
Figura 1: Análise de regressão, feitas a partir do número médio de folhas, diâmetro do caule e
comprimento de plantas variando os períodos de avaliação.
Na figura 1, mostra o número médio de folhas frente ao número dias após o
transplantio. A análise de regressão se ajustou ao modelo linear, sendo que aos 84 dias
a plântulas apresentaram em média 5 folhas. Esse número não foi maior, devido a alto
sombreamento no local onde se encontravam as mesmas.
Para variável diâmetro de caule, a mesma se ajustou a análise regressão linear,
obtendo valores maiores do que 2 mm de caule aos 84 dias após o transplantio. Para o
comprimento de plantas, os dados se ajustaram a analise regressão polinomial, e ao final
da avaliação as plântulas estavam com altura média de 12 cm.
Como já foi mencionado o desenvolvimento das plantas provavelmente foi afetada
pelo alto índice de sombreamento do local, porém os dados se mostraram muito favoráveis.
Guariz e colaboradores (2006) avaliando crescimento de mudas de paineira submetidas
a diferentes níveis de sombreamento, concluíram que altos níveis de sombreamento são
desfavoráveis ao crescimento e diâmetro da paineira. Alonso et al., (2018) avaliando os
substratos com diferentes proporções de biossólidos e fibra de coco no crescimento e
qualidade de mudas de Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna, verificaram que para altura
de planta e diâmetro do colo, o gráfico apresentou um padrão de crescimento linear quando
submetidos a regressão.
4 | CONCLUSÕES
Nas condições testadas, a sementes apresentaram boas características fisiológicas
e bom grau de uniformidade quanto as variáveis estudas.
As mudas apresentaram índice de pega de 100%, com elevadas características de
crescimento inicial, mesmo sendo afetadas pelo sombreamento local.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 19
167
REFERÊNCIAS
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Produção de mudas de Ceiba speciosa em diferentes volumes de tubetes utilizando o biossólido
como substrato. Ciência Florestal, v. 29, n. 1, p. 27-39, 2019.
MAGUIRE, J. D. Speed of Germination - Aid In: Selection And Evaluation for Seedling Emergence
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 19
168
CAPÍTULO 20
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
PROJETO CONCEITUAL DE UMA ESTEIRA
SELETORA DE CAFÉ DESENVOLVIDA A PARTIR
DE UM SENSOR DE COR INTEGRADO COM A
PLATAFORMA ARDUÍNO
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 10/11/2020
Alexander Carvalho Ramos
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica – Rio de Janeiro
http://lattes.cnpq.br/4401733476053456
Igor Santos de Melo
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica – Rio de Janeiro
http://lattes.cnpq.br/8873853941725259
Myrna Martins Santos Moreira
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica – Rio de Janeiro
http://lattes.cnpq.br/0734516494531925
Suelen Marques de Oliveira Durão
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica – Rio de Janeiro
http://lattes.cnpq.br/1691172878890748
Anderson Gomide Costa
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica – Rio de Janeiro
http://lattes.cnpq.br/6959807888629144
Marcus Vinícius Morais de Oliveira
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica – Rio de Janeiro
http://lattes.cnpq.br/6164315892344545
produtos e da produção no setor agroindustrial.
Devido ao alto custo e falta de capacitação
técnica, a acessibilidade de tecnologias voltadas
para o pequeno produtor é comprometida. Na
cultura do café, o uso de sistemas automatizados
visando a separação dos frutos de café, como
uma esteira seletora automática, pode possibilitar
uma classificação mais eficiente e menos
onerosa quando comparada a outras tecnologias
comumente utilizadas nesta etapa. O objetivo
do trabalho foi apresentar um projeto conceitual
de uma esteira seletora automatizada a partir de
um sensor de cor, que seja capaz de selecionar
de frutos de café de acordo com seu grau de
maturação. Uma matriz morfológica foi criada
para obter soluções para o desenvolvimento da
estrutura e mecanismos da esteira. A partir destas
soluções, foi gerado o projeto conceitual da
máquina utilizando o CAD 3D SolidWorks. Além
do mais, foi desenvolvido um algoritmo para ser
implementado em uma placa microcontroladora
Arduino Uno, visando a aquisição do sinal de
um sensor de cor e a tomada de decisão sobre
o destino do fruto na esteira em função da cor
associada a maturação. Espera-se que a partir
deste projeto conceitual possa-se gerar um
protótipo de uma esteira seletora de café de
baixo custo, eficaz e financeiramente acessível a
pequenos cafeicultores.
PALAVRAS–CHAVE: Automação, colorimetria,
pós-colheita.
RESUMO:
A
inserção
de
processos
automatizados na agricultura é cada vez mais
necessária para o aumento da qualidade dos
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 20
169
CONCEPTUAL DESIGN OF A COFFEE CONVEYOR BELT DEVELOPED FROM
A COLOR SENSOR INTEGRATED WITH THE ARDUINO PLATFORM
ABSTRACT: The insertion of automated processes in agriculture is increasingly necessary to
increase the quality of products and production in the agro-industrial sector. Due to the high
cost and lack of technical training, the accessibility of technologies aimed at small farmers
is compromised. In coffee culture, the use of automated systems to separate coffee fruits,
such as an automatic sorting mat, may enable a more efficient and less costly classification
when compared to other technologies commonly used in this stage. The objective of the work
reserarch was to present a conceptual design of an automatic selector conveyor belt, based
on a color sensor, which is capable of selecting coffee fruits according to their degree of
ripeness. A morphological matrix was created, to obtain solutions for the development of the
structure and mechanisms of the conveyor belt. From these solutions, the conceptual design
of the machine was generated using 3D CAD SolidWorks. Furthermore, an algorithm was
developed to be implemented on an Arduino Uno microcontroller board, aiming to acquire
the signal from a color sensor, and the decisions about the destination of the fruit on the
conveyor belt. It is expected that from this conceptual project it will be possible to generate
a prototype of a low cost, efficient and financially accessible coffee conveyor belt for small
coffee producers.
KEYWORDS: Automation, colorimetry, post-harvest.
1 | INTRODUÇÃO
O café brasileiro está entre as commidities mais importantes do mundo, sendo o
Brasil, o maior exportador mundial desse produto, gerando significativo impacto para a
economia nacional (FALEIROS & TOSI, 2019; LEME, 2016) e impulsionando o valor do
Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, o cultivo de alimentos por meio da agricultura
familiar possui grande representatividade na produção brasileira. Porém, a disponibilidade
de recursos tecnológicos acessíveis para esta demanda é baixa, fazendo com que a
produção seja realizada de forma manual (MENDONÇA, 2019).
A colheita seletiva do café tem como propósito principal a agregação de valor ao
produto e o incremento de produtividade, principalmente motivada pelos melhores preços
que diversos exportadores vêm praticando para o produto de qualidade (ROCHA et al.,
2009).
Utilizar a automação por meio de dispositivos de prototipação, como o Arduino, é
uma alternativa acessível e de fácil uso, quando comparado a outras placas com maior
poder de processamento (CUNHA & ROCHA, 2015), e que visa contribuir para a seleção
dos frutos com precisão. Veloso (2013), desenvolveu dois sistemas automatizados para
uma colhedora de café utilizada em regiões montanhosas com base no CLP (controlador
lógico programado) e no Arduino. Ao comparar os dois sistemas o autor indicou que o
Arduino obteve um bom aproveitamento, embora não tenha alcançado a precisão do CLP.
Leme (2016), também utilizou o Arduíno para automatizar processos envolvendo a
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 20
170
cultura cafeeira, a partir do desenvolvimento de um sistema de controle e gerencialmente
de dados de cafés especiais. A escolha foi devido ao seu baixo custo, fácil manuseio e
confiável caracterização de objetos.
Desta forma, visto o grande potencial de aplicação do microcontrolador Arduíno para
a cultura do café, este trabalho teve o objetivo de apresentar um projeto conceitual de
esteira seletora automatizada, a partir de um sensor de cor, que seja capaz de selecionar
frutos de café de acordo com seu grau de maturação.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de máquinas e mecanização, do
Departamento de Engenharia, pertencente ao Instituto de Tecnologia da UFRRJ, situado
no município de Seropédica – RJ. Primeiramente, foi desenvolvida uma matriz morfológica,
baseada em funções e soluções, como no trabalho de Oliveira et al., (2017) que utilizou
a matriz morfológica como técnica para desenvolver o conceito de um protótipo de uma
capinadora de plantas daninhas para canteiro de hortaliças. Dessa maneira, houve
discussões entre os integrantes do grupo de execução do projeto (brainstorming), visando
obter possibilidades de soluções para as diferentes funcionalidades do projeto.
Na matriz traçada, foram definidas soluções associadas as seguintes funções
inseridas no projeto: entrada dos frutos, transporte, seleção dos frutos, e armazenamento
dos frutos classificados. Após a apresentação de ao menos três possibilidades para cada
função do projeto, foram escolhidas as opções consideradas de mais fácil adaptação ao
projeto, construção e menor custo.
Diante destas informações, o projeto conceitual foi desenvolvido por meio da
ferramenta de CAD 3D SolidWorks, voltada a prototipagem virtual de projetos mecânicos.
Além do projeto conceitual, também foi desenvolvido um algoritmo para ser implementado
em uma placa microcontroladora Arduino Uno, por meio do Ambiente de desenvolvimento
Integrado (IDE), com linguagem em C++; para aquisição do sinal do sensor de cor, para
processamento da informação e tomada de decisão de acordo com o programado.
O sensor de cor utilizado foi o modelo TCS3472 da TAOS, que fornece um retorno
digital de vermelho, verde e azul. Sua função no circuito será a de obter leituras colorimétricas
dos níveis de vermelho, azul e verde dos frutos de café. Tais valores, serão relacionados ao
estádio de maturação dos frutos e utilizados para tomada de decisão do algoritmo.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1, é apresentado o fluxograma com as possibilidades selecionadas a
partir da matriz morfológica para o desenvolvimento da esteira seletora de café. Por meio
da ação gravitacional, espera-se que o funil permita a passagem de um fruto por vez, o
qual será deslocado para frente pela ação da esteira, possibilitando o declínio ao final
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 20
171
do seu percurso; e consequentemente, o movimento dos demais frutos no sistema. Ao
atingir o raio de alcance do sensor, os frutos serão classificados de acordo com sua cor,
e separados pela placa retangular controlada pelo servomotor, que estará instalado na
protoboard, e por conseguinte, ao Arduino, seguindo as recomendações de seu datasheet.
FIGURA 1. Fluxograma com as funções e soluções obtidas a partir da matriz morfológica para
desenvolvimento da esteira seletora de café.
Nas Figuras 2A e 2B é possível observar a vista isométrica, do projeto conceitual
desenvolvido no SolidWorks, sem medidas de projeto, do sistema que irá receber os frutos
colhidos, transportá-los ao separador e classificá-los em função da cor. A composição
prevista, contará com materiais metálicos e de marcenaria para os suportes do funil, assim
como para confecção da estrutura da esteira, além de lona de borracha para transporte dos
frutos. A futura prototipagem do projeto conceitual, objetivará a atingir tamanho compacto,
procurando atender a demanda dos produtores por dispositivos móveis e baixo custo.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 20
172
FIGURA 2. Vista isométrica do modelo desenvolvido na ferramenta de CAD 3D SolidWorks (A);
vista com lado em que o sensor será instalado destacado (B).
Na estrutura demonstrada o funil, será responsável pela entrada dos frutos.
Uma esteira será responsável pelo transporte dos frutos. Roletes, hastes cilíndricas e
engrenagens serão responsáveis pela transmissão do movimento gerado pelo motor, e,
por atrito, realizará o movimento da lona. Suportes laterais servirão para a fixação de toda
a estrutura de transporte dos frutos e suporte aos equipamentos eletrônicos localizado na
parte superior da estrutura. Hastes retangulares darão apoio ao funil, enquanto as placas
paralelas retangulares servirão como guia para os frutos a partir do momento de sua queda
na esteira. Por fim, outra placa retangular, sendo esta, o órgão ativo de separação dos
frutos, será inserida à frente na esteira.
O circuito eletrônico, será constituído por uma placa microcontroladora Arduino Uno,
que será responsável pela aquisição do sinal do sensor de cor, pelo processamento da
informação e tomada de decisão de acordo com o programado, realizando o envio do
sinal ao servomotor para que execute a separação dos frutos. Uma Protoboard de 400
pinos será a matriz de contatos do circuito, de modo a facilitar as ligações eletrônicas. Um
motor de corrente contínua 12V fornecerá a energia cinética necessária ao funcionamento
da esteira. Um servomotor será responsável pelo movimento da placa de separação dos
frutos a partir do sinal enviado pelo Arduino. Uma luz LED possibilitará a verificação do
funcionamento do circuito eletrônico de modo visual.
4 | CONCLUSÕES
As soluções propostas para as funções da esteira seletora de frutos do café foram
gerando um projeto conceitual de um sistema automatizado de classificação com base na
cor. Espera-se que a esteira seletora desenvolvida possibilite alta eficiência na operação
de classificação dos frutos de café em função da maturação e que seja financeiramente
acessível a pequenos cafeicultores.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 20
173
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e ao Grupo de
Automação, Mecanização e Máquinas Agrícolas – GAMMA.
REFERÊNCIAS
CUNHA, K. C. B. da; ROCHA, R.V. Automação no processo de irrigação na agricultura familiar
com plataforma Arduíno. Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar, Tupã, v.
1, n. 2, p. 62-74, 2015.
FALEIROS, R.N; TOSI, P. G. O Café no Brasil: Produção e Mercado Mundial na primeira metade
do século XX. História Econômica & História de Empresas, v. 22, p. 309-343, 2019.
LEME, D. S. Reconhecimento de padrões em torra de cafés especiais e integração de
informações no processo de análise sensorial. 2016. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Sistemas e Automação) – Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais. 2016. 143p.
OLIVEIRA, R. T. C. D., OLIVEIRA, M. V. M. D., BARROS, M. M., COSTA, A. G. Desenvolvimento de
um protótipo para remoção de plantas daninhas em canteiros de hortaliças. In: CONGRESSO DE
ENGENHARIA AGRÍCOLA – CONBEA, 46., 2017, Maceió. Anais: CONBEA, 2017.
MENDONÇA, A. T.; MENDONÇA, G. T. Automação no agronegócio de pequeno porte: protótipo
para seleção de morangos com uso de visão computacional e inteligência artificial. 2019.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Controle e Automação) – Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2019. 94p.
ROCHA, A. C. da; FORNAZIER, M. J.; COSTA, H.; PREZOTTI, L. C.; BOREL, R. M. A.; FERRAO, M.
A. G.; FONSECA, A. F. A. da. Colheita seletiva de café arábica em região de altitude do Estado do
Espírito Santo. In: 34° CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 2008, Caxambú MG. Anais. Brasília, DF: Embrapa Café, 2009.
VELOSO, G. V. Automação do sistema de direção de colhedora de café. 2013. Dissertação
(Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa- MG,
2013. 62p.
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Capítulo 20
174
CAPÍTULO 21
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
VARIAÇÃO ESTACIONAL DAS BACIAS LEITEIRAS
EM FUNÇÃO DAS ANÁLISES ECONÔMICOFINANCEIRAS NO BRASIL E NAS PROPRIEDADES
RURAIS
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 04/02/2021
Fernanda Giácomo Ragazzi
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
IZ-DPA
Seropédica/RJ
http://lattes.cnpq.br/5163727526055668
Thérèsse Camille Nascimento Holmström
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
IZ-DPA
Seropédica/RJ
http://lattes.cnpq.br/8222063891834662
Dayane Aparecida Santos
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
IZ-DPA
Seropédica/RJ
http://lattes.cnpq.br/6373271617531774
Nelma Pinheiro Fragata
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
IZ-DPA
Seropédica/RJ
http://lattes.cnpq.br/6238318220617766
Elisa Cristina Modesto
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, DZ
Porto Alegre, RS
http://lattes.cnpq.br/4560148363510585
RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi
avaliar o efeito das estações do ano nas regiões
brasileiras e os impactos gerados no custo de
produção e no resultado econômico-financeiro
das propriedades rurais nas diferentes bacias
leiteiras. Foi analisado um banco de dados
relativos à produtores de leite fornecedores de
uma indústria de transformação e produção de
lácteos de âmbito nacional, localizados nas
regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sul e Sudeste
em um período de 48 meses, totalizando 5.094
produtores. Utilizou-se o procedimento PROC
GLM do software SAS (versão 9.4), sendo os
resultados submetidos à análise de variância
e, quando significativo, foram realizadas
comparações múltiplas entre as médias dos
tratamentos pelo teste Tukey, a 5%. O indicador
margem bruta foi mais expressivo para os
produtores da bacia na região Sul nas quatro
estações do ano e na estação de outono para os
produtores na bacia Sudeste. O ROIC foi mais
expressivo para os produtores na região Sul. O
custo total foi maior para os produtores da região
Centro-Oeste e menores para os produtores
da região Sul. A alimentação concentrada
sofreu efeito estacional, sendo o insumo de
maior impacto no custo de produção entre os
produtores nas regiões Centro-Oeste e Sudeste
nas estações de inverno e primavera e entre
os produtores das regiões Nordeste e Sul, nas
estações de primavera e verão. O item mão de
obra permanente apresentou maior custo para os
produtores do Nordeste. Enfim, as estações do
ano interferiram diretamente no comportamento
dos custos e no resultado econômico-financeiro
das propriedades rurais em todas as regiões
leiteiras, de modo que apenas os produtores
da região Sul, apresentaram maior eficiência
e controle econômico quanto aos indicadores
analisados.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
175
PALAVRAS-CHAVE: Custos de produção. Pecuária leiteira. Regiões Brasileiras.
STATIONARY VARIATION OF MILK BASINS AS A FUNCTION OF ECONOMICFINANCIAL ANALYSIS IN BRAZIL AND RURAL PROPERTIES
ABSTRACT: The objective of the present work was to evaluate the effect of the seasons in
the Brazilian regions and the impacts generated in the production cost and in the economicfinancial result of the rural properties in the different dairy basins. A database was analyzed
on milk producers that are suppliers of a nationwide dairy processing and production industry,
located in the Midwest, Northeast, South and Southeast regions over a period of 48 months,
totaling 5,094 producers. The PROC GLM procedure of the SAS software (version 9.4) was
used, and the results were subjected to analysis of variance and, when significant, multiple
comparisons were made between the treatment means by the Tukey test, at 5%. The gross
margin indicator was more expressive for producers in the South region in the four seasons
and in the autumn season for producers in the Southeast basin. ROIC was more expressive
for producers in the South region. The total cost was higher for producers in the Midwest
region and lower for producers in the South region. Concentrated food suffered a seasonal
effect, with the input having the greatest impact on the cost of production between producers in
the Midwest and Southeast regions in the winter and spring seasons and between producers
in the Northeast and South regions, in the spring and summer seasons. The item permanent
labor had a higher cost for producers in the Northeast. Finally, the seasons directly interfered
in the behavior of costs and in the economic-financial result of rural properties in all dairy
regions, so that only producers in the South region showed greater efficiency and economic
control regarding the indicators analyzed.
KEYWORDS: Production costs. Dairy farming. Brazilian Regions.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento da cadeia produtiva do leite está intimamente relacionado com
as características geopolíticos, econômicas e sociais inerentes ao país de acordo com
as regiões existentes. De acordo com Soares (2012), essa concentração da produção de
leite em algumas regiões ocorreu em função da história da colonização do país, do clima
favorável a atividade leiteira e do baixo custo imputado para a mão de obra.
Atualmente, em função da produção estar amplamente difundida no país, para
manter-se na atividade com bons índices e ganhos financeiros, o conhecimento quanto ao
planejamento econômico e produtivo, deve estar presente dentro das propriedades rurais.
De acordo com Rodrigues et al. (2009) aproximadamente 70% dos produtores que têm
dificuldades no setor, não conseguem pagar os custos de produção envolvido na atividade
devido ao elevado montante de capital imobilizado em relação ao baixo nível de produção
em função da falta de ferramentas de controle gerencial.
A busca pela eficiência produtiva dentro das propriedades leiteiras tem exigido dos
produtores e dos técnicos conhecimento mais amplo da atividade, permitindo a permanência
das propriedades de forma competitiva no mercado.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
176
Diversas transformações na produção ao longo dos anos, dentre outros fatores, têm
contribuído para que os produtores de leite reflitam sobre a realidade de se administrar
bem a atividade tornando-se mais eficientes em função do controle dos custos e resultados
econômicos (GOMES, 2009). De acordo com Santos e Fonseca (2007), o estudo da
regionalização da produção de leite que é uma tarefa complexa e exige muitas análises,
é uma ferramenta importante por permitir a compreensão da esfera conjuntural dos
estados além de ampliar as projeções sobre o futuro do agronegócio no Brasil quanto a
comercialização de insumos e a variação sofrida dentro das propriedades rurais ano após
ano quanto a rebanho e as práticas de produção. Porém ainda são escassos os trabalhos
com esse enfoque científico.
Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito das estações do
ano nas regiões brasileiras e os impactos gerados no custo de produção e no resultado
econômico-financeiro das propriedades rurais nas diferentes bacias leiteiras.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi compilado e analisado um banco de dados relativos à produtores de leite
fornecedores de uma indústria de transformação e produção de lácteos de âmbito nacional
mediante a assinatura de um contrato de confidencialidade quanto ao anonimato da
empresa e nomes dos produtores utilizados neste trabalho. Foi disponibilizado o programa
computacional utilizado pelos técnicos da empresa e a partir de então, os dados de
interesse para o trabalho foram transpostos para o programa da Microsoft Excel® para a
elaboração das planilhas estatísticas.
O banco de dados foi atualizado todos os meses mediante as visitas dos técnicos
nas propriedades rurais pertencentes ao cadastro da empresa. Para este trabalho,
utilizou-se as informações mensais do banco de dados relativos ao período de 48 meses
(julho/2010 a junho/2014) de produtores localizados nas regiões Centro-Oeste, Nordeste,
Sudeste e Sul do país, onde a empresa possuía planta de captação de leite in natura. Foram
utilizados ao longo dos anos no presente trabalho, os produtores pertencentes a empresa
com o mínimo de 12 meses de informações disponíveis por ano, sendo um total de 5.094
(cinco mil e noventa e quatro) produtores selecionados de todas as bacias analisadas.
Para determinação dos resultados buscando avaliar a estacionalidade, as propriedades
rurais foram agrupadas através do programa da Microsoft Excel® iniciando pela bacia
leiteira de acordo com as respectivas regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul e, por
conseguinte, de acordo com as estações do ano: Inverno (junho, julho e agosto), Primavera
(setembro, outubro e novembro), Verão (dezembro, janeiro e fevereiro) e Outono (março,
abril e maio).
Para determinar a influência das estações do ano sobre as bacias leiteiras no
desempenho econômico e zootécnico, foram extraídos do banco de dados, informações
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
177
concernentes à composição relativa e absoluta dos elementos que compunham os custos
totais de produção, segundo a metodologia do profissional que desenvolveu o programa
computacional (BEZERRA, 2009). Para a análise de desempenho econômico foram
calculados os indicadores: Margem Bruta e Margem Líquida, de acordo com a metodologia
de Lopes e Carvalho (2001), além do indicador denominado de ROIC (Retorno sobre o
capital investido), fornecido diretamente pelo programa computacional. Os custos foram
classificados administrativamente e unicamente de acordo com a variação quantitativa
em custos que podem variar com o volume produzido (custos variáveis) ou que podem
permanecer constantes independentemente do volume produzido (custos fixos) de acordo
com a metodologia de Bezerra (2009). Eventualmente, alguns custos relacionados a
itens que subsidiam o processo de produção que podem ocorrer antes, durante, após
ou em duas ou mais dessas etapas, concomitantemente com o processo de produção,
são classificados como despesas, sendo as mais recorrentes destinadas a despesas
administrativas, financeiras ou marketing.
Para a análise estatística, utilizou-se o procedimento PROC GLM do software SAS
(Statistical Analysis System, versão 9.4). Os resultados foram submetidos à análise de
variância e, quando observado efeito significativo, realizaram-se comparações múltiplas
entre as médias dos tratamentos pelo teste Tukey, a 5% de significância.
em que Yi é o dado referente à i-ésima bacia leiteira; µ é a média geral observada;
β é o efeito do i-ésimo associado à bacia, γ é o efeito associado a estação do ano, α é o
efeito associado a planta e aγ é o efeito associado a interação planta e estação do ano e e
é o erro aleatório associado às variações nos dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve efeito da bacia leiteira e das estações do ano (P<0,05) com relação aos
indicadores de desempenho Margem Bruta, Margem Líquida e ROIC (Tabela 1) para os
produtores analisados nas diferentes regiões leiteiras.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
178
Margem Bruta (R$/L)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Centro-Oeste
0,21fg
0,20fg
0,19g
0,26def
Nordeste
0,27cdef
0,24efg
0,25defg
0,22fg
Sudeste
0,31cd
0,27def
0,30cde
0,35ab
Sul
0,38a
0,33bc
0,32bcd
0,36ab
Margem Líquida (R$/L)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Centro-Oeste
0,12a
0,17a
0,11a
0,18a
Nordeste
0,30a
0,24a
0,16a
0,20a
Sudeste
0,16a
0,14a
0,23a
0,23a
Sul
0,26a
0,22a
0,20a
0,22a
Retorno sobre o capital investido (%/mês)
Centro-Oeste
Inverno
Primavera
Verão
Outono
0,93de
1,03d
0,72e
0,92de
Nordeste
0,06h
0,04h
0,06h
0,06h
Sudeste
0,43f
0,41fg
0,36g
0,34g
Sul
1,61a
1,45ab
1,20c
1,28b
Médias na linha seguidas de letras distintas diferem entre si ao nível de 5%
Tabela 1. Margem Bruta, Margem Líquida e Retorno sobre o capital investido, nas diferentes
regiões do país, Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul
O indicador Margem Bruta por litro de leite, auxilia na verificação econômica da
atividade, permitindo analisar se a atividade está remunerando (MB > 0) ou endividando
(MB<0) aos produtores no curto prazo. Como os produtores nas diferentes regiões
leiteiras obtiveram Margens Brutas positivas, pode-se dizer que a atividade leiteira no
curto prazo, apresentou-se favorável ao crescimento da renda para esses produtores e
permitiu sua continuação ao longo dos anos analisados. Os resultados foram semelhantes
aos encontrados por Moraes (2004) em pesquisas regionais onde a atividade leiteira
apresentou margem bruta positiva. Em estudo realizado por Parré et al. (2010), os autores
verificaram que a região Sul apresentou muitos avanços na pecuária leiteira, principalmente
em questões de melhoria de tecnologias de produção, associadas a fatores técnicos e
organizacionais. Esse fato, também poderia ser a justificativa para a maior obtenção de
ganhos produtivos de Margem Bruta em relação aos demais produtores nas diferentes
regiões brasileiras.
O indicador Margem Bruta, sofreu efeito da estacionalidade da produção leiteira
nas diferentes regiões, possivelmente em função da demanda do leite in natura e pela
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
179
variação no preço do leite e dos insumos utilizados na produção. Outra possibilidade para
a estacionalidade da Margem Bruta para os produtores localizados na região Sudeste e na
região Sul pode ser explicada em função do maior preço recebido pelos produtores como
forma de incentivo para aumento da produção ao longo dos meses de produção (CEPEA,
2017).
Com o aumento da receita, tem-se uma maior diluição dos custos de produção, o
que não necessariamente indica que o custo diminuiu e sim que a margem de lucro está
maior (FASSIO et al., 2006; LOPES et al., 2007; PRADO et al., 2007).
Contudo, no Sul do país, tem-se a vantagem da possibilidade de uso de forrageiras
de inverno, além da produção a base de mão de obra familiar, que tornam a região no
momento de entressafra, eficiente quanto ao momento de valorização do preço do leite
nesses meses do ano (IPARDES, 2010).
Informações disponibilizadas pelo CEPEA (2017) mostraram que as estações de
outono e inverno são marcadas pela entressafra no país gerando oscilações com menores
captações de leite e maior demanda pelo mesmo, exigindo por parte das empresas,
aumento no preço do leite destinado ao produtor como forma de estimulo ao aumento da
produção de leite dentro das propriedades. Os produtores com melhor preparo poderão
aproveitar essa oportunidade do mercado no momento que ocorre alta nos preços do litro
do leite.
Na região Sul, com a utilização de forrageiras de inverno e do clima que favorecem
a produção, os produtores não sofrem o impacto negativo da sazonalidade. Já na região
Sudeste, nos meses de entressafra, de acordo com Yanaguizawa (2017), os baixos preços
de milho e do farelo de soja, contribuem para a redução no custo de produção nessa região,
principalmente os produtores com planejamento e melhor preparados para as variações no
mercado.
Não houve diferença estatística (P>0,05) na margem líquida entre os produtores nas
diferentes regiões e nem para o retorno sobre o capital investido (ROIC). Nas propriedades
localizadas na região Sul nas estações de inverno e primavera os resultados relativos ao
ROIC foram superiores em relação as demais regiões, sendo ainda superior aos valores
verificados para os produtores localizados na região Nordeste. Isso significou que para
cada real investido, os produtores da região Sul poderiam almejar um ganho de R$ 0,61 e
R$ 0,45 de retorno, respectivamente, no inverno e na primavera a partir do investimento de
R$ 1,00, enquanto nesta mesma estação, os produtores do Nordeste apresentaram ganhos
de R$ 0,06 e R$ 0,04.
Os maiores valores de ROIC obtidos pelos produtores na região Sul do Brasil podem
estar relacionados ao uso de sistemas de produção familiar que de acordo com Berro et al
(2014), permite que a produção de leite nesta região tenha melhor planejamento de suas
atividades com estruturas adequadas aos sistemas de produção para a região culminando
em maior rentabilidade econômica.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
180
Houve efeito significativo (P<0,05) da bacia e da estação do ano no custo total, no
custo médio, no custo variável, no custo fixo e nas despesas totais (Tabela 2).
Os produtores da região Sul apresentaram valores muito inferiores as demais regiões
com relação aos custos totais nas estações de outono, verão, primavera e inverno (Tabela
2). Neste item, estão alocados os somatórios dos custos fixos e dos custos variáveis. Tendo
os produtores da região Sul, apresentado os menores valores de custo total na atividade
leiteira ao longo dos anos.
Houve efeito da bacia e da estação do ano (P<0,05) nos custos médios dos
produtores analisados em todas as estações do ano para as regiões estudadas (Tabela 2).
O custo médio é usualmente utilizado como uma variável que diz respeito a quanto custa ao
produtor a produção de um litro de leite por dia. Este indicador é obtido a partir da divisão
do custo total pela produção de leite em litros. Sendo assim, os produtores da região
Centro-Oeste e os produtores localizados na região Sudeste, apresentaram os maiores
custos médios por litro de leite, sendo que na região Centro-Oeste o maior valor de customédio por litro foi obtido na estação de outono e para os produtores da região Sudeste, os
maiores valores formam obtidos nas estações de outono e de inverno. Esses resultados se
assemelham aos encontrados por Lopes et al. (2009), onde, analisando diferentes regiões,
verificaram que na região Sudeste, as médias de custos médios são superiores as demais
localidades avaliadas.
Custo total da atividade (R$/mês)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Centro-Oeste
22.390,31b
23.635,93ab
24.474,3a
26.339,9a
Nordeste
14.219,58cd
13.914,32d
13.392,81e
13.359,64ef
Sudeste
12.135,98f
13.165,13ef
14.340,95cd
15.561,79c
Sul
6.884,78g
7.075,28g
7.272,5g
7.467,2g
Custo Médio (R$/L/mês)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Centro-Oeste
0,84a
0,83ab
0,84a
0,85a
Nordeste
0,77c
0,77c
0,77c
0,79b
Sudeste
0,83ab
0,82ab
0,82ab
0,83ab
Sul
0,63d
0,64d
0,65d
0,66d
Custo Variável (R$/mês)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Centro-Oeste
16.581,62c
17.564,75bc
17.984,66b
19.393,74a
Nordeste
7.683,77g
7.749,38fg
7.702,9f
8.109,57ef
Sudeste
8.195,84e
8.892,87de
9.650,95de
10.453,31d
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Capítulo 21
181
Sul
5.396,14h
5.550,43h
5.721,95h
5.932,1h
Custo Fixo (R$/mês)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Centro-Oeste
4.728,28bc
4.920,43bc
5.254,35ab
5.602,84a
Nordeste
4.962,58b
4.728,95bc
4.464,48c
4.222,03cd
Sudeste
3.161,52e
3.404,01de
3.707,71de
4.007,22d
994,51f
1.018,3f
1.019,16f
1.004,55f
Sul
Despesas Totais (R$/mês)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Centro-Oeste
1.080,41ef
1.150,75e
1.235,3d
1.343,32c
Nordeste
1.573,23a
1.435,99b
1.225,44de
1.028,04f
Sudeste
778,62g
868,25g
982,28g
1.101,26ef
Sul
494,12h
506,54h
531,39h
530,54h
Médias na coluna seguidas de letras distintas diferem entre si ao nível de 5%
Tabela 2. Custo total da atividade, Custo médio, Custo variável, Custo fixo e Despesas totais,
nas diferentes regiões do país, Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul
O custo médio para os produtores localizados na região Sul, apresentaram
os menores valores na estação de inverno e maiores na estação de outono. Esses
resultados se assemelham aos do CEPEA (2014), ao divulgar que a região Sul, teve a
menor alta nos custos devido a um maior controle dos recursos empregados na produção,
contrabalanceando o aumento das cotações dos insumos em função do custo de produção.
Isso permitiu a essa região, uma margem positiva na produção de leite. De acordo com
dados disponibilizados pelo CEPEA (2014) em um estudo nacional, foi verificado que no
Centro-oeste, ocorreu o maior aumento nos custos nesta época do ano, influenciado pela
alta generalizada dos preços dos insumos de produção. Motivo pelo qual, os produtores
desta região podem estar em primeiro lugar como os detentores dos maiores custos de
produção apresentados neste trabalho nas diferentes estações do ano.
Com relação as despesas totais (Tabela 2), os produtores localizados na região
Nordeste na estação de inverno, apresentaram os maiores custos por mês. As despesas
totais neste trabalho são referentes ao custo total de produção diretamente associado com
o produto gerado dentro fazenda. São enquadrados como despesas totais os itens de
comercialização, administração, recursos financeiros e gastos extra caixa. Bezerra (2009)
atribuiu despesas como sendo os dispêndios com comercialização, transporte externo,
embalagens, taxas e comissões sobre vendas, despesas administrativas, contabilidade,
consultoria, energia elétrica, telefone, materiais de escritório, remuneração do produtor,
despesas legais não relacionadas ao trabalho, pagamentos mensais de associações,
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
182
cooperativas e sindicatos, viagens a serviço e retirada do proprietário.
Houve efeito significativo (P<0,05) da bacia e das estações do ano para os elementos
de custos de produção: Alimento concentrado, depreciação e corretivos, fertilizantes e
defensivos (Tabela 3).
Na região Centro-Oeste, os altos custos com alimentação concentrada (Tabela
3) podem estar relacionados com os maiores custos com a produção e distribuição
quantitativa dos grãos no manejo nutricional dos rebanhos que como consequência,
encarecem a atividade leiteira. Vale destacar que a alimentação concentrada é um item
de grande impacto econômico na atividade. De acordo com Reis et al. (2009), o manejo
nutricional apresenta-se como o principal fator responsável pelo desempenho produtivo e
pela lucratividade dos sistemas de produção, pois contribui como um dos insumos de maior
percentual do total de custos que envolve a atividade.
Em estudos realizados por Matos (2002), o autor encontrou que existe uma
relação economicamente viável entre os principais insumos utilizados nas propriedades
leiteiras. Para que uma propriedade seja economicamente positiva, o item alimentação
concentrada deve ser responsável por 25 a 35% dos custos totais de produção. Fazendo
esta relação de porcentagem para os produtores deste trabalho, verificou-se que apenas os
produtores localizados na bacia da região Centro-Oeste, apresentaram relação superior ao
preconizado por aquele autor (25 a 35%), com a alimentação concentrada representando
39% dos custos totais. Partindo do mesmo raciocínio, os produtores localizados na
região Sul apresentaram 35% dos custos despendidos com alimentação concentrada, os
produtores localizados na região Sudeste apresentaram 29% dos custos com alimentação
concentrada e os produtores localizados na região Nordeste, apresentaram 16% dos custos
com alimentação concentrada em relação aos custos de produção.
Alimento concentrado (R$/mês)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
9.223,19ab
9.729,76ab
10.206,67a
11.227,62a
Nordeste
2.985,80f
3.299,83ef
3.616,05e
4.143,88de
Sudeste
4.294,12d
4.602,35cd
4.948,92cd
5.328,67c
Sul
2.500,28g
2.600,99g
2.697,71g
2.786,59g
Centro-Oeste
Depreciação (R$/mês)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Centro-Oeste
1.261,75b
1.331,90ab
1.472,47a
1.665,75a
Nordeste
1.041,28d
949,50e
875,04ef
811,46ef
Sudeste
891,17d
966,64d
1.059,56cd
1.161,12c
Sul
594,98g
620,19g
627,67g
632,18g
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
183
Corretivos, fertilizantes e defensivos (R$/mês)
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Centro-Oeste
535,35de
691,37a
634,16c
550,71e
Nordeste
590,68cd
545,06de
458,87f
381,16g
Sudeste
512,94e
574,34d
598,96cd
588,5cd
Sul
668,36b
668,21b
646,90c
681,91ab
Médias na linha seguidas de letras distintas diferem entre si ao nível de 5%
Tabela 3. Alimento concentrado, Depreciação, Corretivos, fertilizantes e defensivos, nas
diferentes regiões do país, Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul
Martinez (2009) relata que aproximadamente dois terços dos custos de produção de
leite no Brasil são devidos a alimentação. A redução deste item, por exemplo utilizando os
sistemas a pasto, pode ser o caminho que leva a uma produção de leite economicamente
viável e sustentável. Segundo Factori et al. (2010), o sistema de produção de leite à pasto
é adequado ao país por demandar poucos investimentos inicias e ser adequado ao clima
e aos recursos disponíveis. Para tanto, todo e qualquer sistema requer planejamento e
acompanhamento dos custos, para que se tenha eficiência na utilização dos fatores de
produção visando redução dos custos de produção. De acordo com Silva et al. (2008),
a região sul do Brasil em virtude de sua localização geográfica, permite a utilização de
espécies forrageiras tropicais e subtropicais, bem como as espécies temperadas, o que
facilita a adoção de sistemas de produção animal em pastagens durante todo o ano,
reduzindo os custos de produção.
Houve efeito significativo (P<0,05) da bacia nos itens de custos relacionados a
vacinas e medicamentos, manutenção e reparos, mão de obra temporária e permanente,
serviços de terceiros e minerais (Tabela 4).
VM1
MR2
MT3
MP4
ST5
MN6
1.676,70a
623,85a
226,02b
3.566,43a
363,45a
565,80a
Nordeste
761,40b
434,44b
538,94a
3.536,54a
143,35bc
446,93b
Sudeste
764,36b
378,55c
225,05b
2.248,32b
193,72b
347,35c
Sul
357,10c
147,72d
74,57c
331,90c
137,80c
288,20d
Centro-Oeste
1,2,3,4,5,6
Valores expressos em R$/mês.
Médias na coluna seguidas de letras distintas diferem entre si ao nível de 5%
Tabela 4. Vacinas e medicamentos (VM), Manutenção e reparos (MR), Mão de obra temporária
(MT), Mão de obra permanente (MP), Serviços de terceiros (ST) e Minerais (MN), nas
diferentes regiões do país, Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
184
Os produtores localizados na região Centro-Oeste apresentaram os maiores valores
mensais em vacinas e medicamentos, manutenção e reparos, serviços de terceiros e
minerais. Com relação a mão de obra permanente, os produtores localizados na região
Centro-Oeste e na região Nordeste apresentaram os maiores custos mensais imputados
neste item. Com relação a mão de obra temporária, os produtores localizados na região
Nordeste apresentaram maior impacto no custo de produção. De acordo com Fernandes
et al. (2012), as práticas sanitárias são importantes na produção animal, visto que os
produtos de origem animal, podem ser fontes de infecção de micro-organismos com caráter
zoonótico, além de estarem ligados à eficiência econômica dos sistemas de produção.
Sendo assim, devem ser utilizados para melhorar a qualidade dos rebanhos e dos produtos
gerados dentro das propriedades rurais. Um outro insumo importante na produção de
leite e que possui um alto custo de aquisição, porém importante na produção animal, diz
respeito aos minerais destinados a alimentação dos rebanhos. De acordo com Peixoto et al.
(2005), o fornecimento deste insumo na alimentação deve ser realizado de forma objetiva,
planejada e contabilizada, levando-se em consideração a sanidade, a produtividade e o
aspecto econômico dos sistemas de produção.
Analisando a participação relativa da mão de obra permanente no custo total (Tabela
4), os produtores localizados na região Nordeste apresentaram média de 36% dos custos fixos
de produção apenas com a mão de obra permanente, seguidos dos produtores localizados
na região Centro-Oeste com 16%, pelos produtores localizados na região Sudeste com
15% e por último e menos expressivo, os produtores localizados na região Sul com 4% de
custos com mão de obra dentro dos custos fixos de produção. A menor utilização da mão
de obra permanente para os produtores da região Sul, de acordo com Matte e Jung (2017),
deve-se ao forte vínculo da produção leiteira com a agricultura familiar. O que pode estar
explicando o menor custo despendido com este item. Todos os produtores analisados no
presente trabalho independente da região leiteira analisada, apresentaram particularidades
quanto a seus sistemas de produção de forma regionalizada. Diferentes autores, citam
que a bovinocultura de leite nas regiões brasileiras, necessita de maiores informações
visando a obtenção de melhores ferramentas para geração de alternativas visando orientar
programas de assistência técnica e apoio a agricultores familiares, pecuárias e agricultores
(LEITE et al., 2004; MONTEIRO et al. 2007; SANTOS e AZEVEDO, 2009).
Em um levantamento bibliográfico realizado por Matte e Jung (2017), as publicações
sobre as regiões brasileiras, concentram 48% de trabalhos na região Sul voltados para
a qualidade do leite, melhoria dos rebanhos e a agricultura familiar, seguido da região
sudeste com 36% dos artigos com temas gerais e apenas 16% distribuído nas demais
regiões. Esses dados sugerem que apenas as regiões de maior produção e historicamente
tradicionais, são as regiões que mais se destacam no mercado nacional. Todas as regiões
onde a pecuária leiteira está presente, têm suas particularidades quanto aos sistemas de
produção, custos praticados ao longo dos anos e insumos disponibilizados para a atividade.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
185
Por conta disso, as mesmas devem ser avaliadas de forma a buscar a redução dos custos
e as maiores obtenções de receitas a partir da eficiência dentro das propriedades rurais.
CONCLUSÕES
As estações do ano interferiram diretamente no comportamento dos custos e no
resultado econômico-financeiro das propriedades rurais em todas as regiões leiteiras. Esse
resultado sugere que as variações existentes causam impactos nas receitas e nos custos
das propriedades rurais ao longo do ano.
Do ponto de vista econômico o custo total sofreu efeito da estacionalidade, sendo
mais elevados na estação de verão e outono nas propriedades das regiões Centro-Oeste,
Sudeste e Sul e na estação de inverno para os produtores nordestinos. Nos custos dos
principais elementos de despesa, a alimentação concentrada, a mão de obra permanente e
a depreciação foram, em ordem decrescente os itens de maior impacto.
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 21
188
CAPÍTULO 22
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO
APLICADO ÀS PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA
DE CANA-DE-AÇÚCAR EM FUNÇÃO DO EXTRATOR
PRIMÁRIO
Data de aceite: 03/05/2021
Data da submissão: 01/02/2021
Rodrigo Silva Alves
Universidade Federal do Triângulo Mineiro –
UFTM
Iturama - Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/8537823221681736
Victor Augusto da Costa Escarela
Universidade Federal do Triângulo Mineiro –
UFTM
Iturama – Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/751272904241435
Flavio Junior Pichioni
Universidade Federal do Triângulo Mineiro –
UFTM
Iturama – Minas Gerais
Thiago Orlando Costa Barboza
Universidade Federal do Triângulo Mineiro –
UFTM
Iturama – Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/7295109791233637
Paulo Ricardo Alves dos Santos
Universidade Federal do Ceará – UFC
Fortaleza – CE
http://lattes.cnpq.br/1601635585809337
Carlos Alessandro Chioderoli
Universidade Federal do Triângulo Mineiro –
UFTM
Iturama – Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/0616781392067509
RESUMO: Em decorrência da importância de
produção da cana-de-açúcar, é preconizada a
busca por ferramentas que auxiliam na solução
dos problemas encontrados em campo, sendo
um destes as perdas, as quais podem ser
visíveis ou invisíveis. O objetivo deste trabalho
foi a determinação das perdas das variáveis,
cana-ponta e toco, em três rotações do extrator
primário. O trabalho foi realizado em área agrícola
localizada no município de União de Minas – MG,
no mês de outubro de 2019, em solo de textura
argilosa, cultivar CTC 4, em canavial de primeiro
corte. Para determinar as perdas quantitativas
em função da altura do corte de base e cortador
de ponteiros ou despontador, foram quantificadas
por meio das variáveis cana-ponta e toco. Os
dados foram analisados através do Controle
Estatístico de Processo (CEP), por meio de
cartas de controle. Logo, é visível por meio das
cartas de controle e amplitude a variabilidade dos
dados nas maiores rotações, confirmando que,
a altura e qualidade do corte de base tem maior
influência às perdas em relação ao acionamento
desnecessário do despontador.
PALAVRAS-CHAVE: Colheita, controle de
qualidade, altura de corte.
STATISTICAL PROCESS CONTROL
APPLIED TO LOSSES IN MECHANIZED
HARVESTING OF SUGARCANE AS A
FUNCTION OF PRIMARY EXTRACTOR
ABSTRACT: Due to the importance of sugarcane
production, the search for tools that help in the
solution of problems encountered in the field is
recommended, one of which is losses, which can
be visible or invisible. The objective of this work
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 22
189
was to determine the losses of the variables, cane and stump, in three rotations of the primary
extractor. The work was carried out in an agricultural area located in the municipality of União
de Minas - MG, in the month of October 2019, in clayey soil, cultivar CTC 4, in the first cut
cane field. To determine the quantitative losses as a function of the height of the base cut and
pointer cutter or cutter, they were quantified using the variables cane-tip and stump. The data
were analyzed using the Statistical Process Control (CEP), using control charts. Therefore,
it is visible through the control and amplitude charts the variability of the data at the highest
rotations, confirming that the height and quality of the base cut has greater influence on the
losses in relation to the unnecessary triggering of the trimmer.
KEYWORDS: Harvest, quality control, cutting height.
1 | INTRODUÇÃO
São vários os fatores que influenciam em baixa qualidade das operações, e
tratando-se das operações que envolvem a produção de cana, a colheita é a responsável
pelas perdas, de modo a reduzir a lucratividade além de afetar a longevidade dos
canaviais caso não seja realizada adequadamente. Alguns dispositivos das colhedoras de
cana-de-açúcar merecem maior atenção devido ao problema que estes podem causar,
ressaltando as perdas por toco, que estão diretamente relacionadas com a maior altura
de corte, bem como pela deficiência do corte basal, resultando em matéria-prima perdida
no campo (VOLTARELLI, 2015), não podendo ser descartadas as perdas de cana-ponta,
caracterizada pelo acionamento do cortador de ponteiros, o qual se recomenda a não ser
acionado quando as plantas ultrapassam o dispositivo, visto que não há a necessidade
nem a conveniência de realizar o desponte (SILVA et al., 2008). Com isso, é de suma
importância a busca por instrumentos que monitorem as operações, a fim de corrigir os
erros que acometem as perdas de matéria-prima e depreciação das máquinas, destacando
o controle estatístico de processo (CEP). O objetivo do trabalho foi mensurar as variáveis
de perdas quantitativas de cana-ponta e toco, em kg ha-1, confirmando a influência da altura
do corte de base e acionamento do cortador de ponteiros, em função de três rotações do
extrator primário.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido em área agrícola do município de União de Minas,
MG, no mês de outubro de 2019, em dias sem precipitação, em solo com textura argilosa.
A cultivar de cana utilizada foi CTC 4, sob preparo de cultivo mínimo. Para a colheita da
cana-de-açúcar foi utilizada uma colhedora da marca Case IH- série A8000 com esteiras,
com 260 kW de potência no motor a 2.100 rpm, configurada com extrator primário com
diâmetro do ventilador de 1.280 mm, rotação de 600 a 1.110 rpm, apresenta peso total de
15.000 kg, logicamente foi mantido o mesmo operador em todos os tratamentos. Logo em
seguida a colheita foram amostrados 20 pontos amostrais para cada rotação, totalizando 60
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 22
190
pontos amostrais, em três rotações do extrator primário da colhedora (900 rpm, 1.000 rpm
e 1.100 rpm), na velocidade de 3,0 km h-1, onde foram quantificadas as perdas por malhas
quadradas de 13 m2, as avaliações das rotações de 900 e 1.100 rpm foram realizadas no
período da manhã, já a rotação de 1.000 rpm no período da tarde, devido a logística da
propriedade. As variáveis de determinação das perdas foram: cana-ponta, sendo parte do
colmo deixada sobre o solo e agregada ao ponteiro, e toco que corresponde a fração do
colmo cortada acima da superfície do solo, presa as raízes que não foram arrancadas,
de tamanho inferior ou igual a 20 cm (REIS, 2009). A coleta das perdas das variáveis
cana-ponta e toco teve como premissa constatar a importância da altura do corte de base
e influência do acionamento do cortador de ponteiros. Posteriormente, os dois tipos de
perdas foram separados e pesados em condição de campo. Com isso, os dados foram
extrapolados pelo software estatístico Minitab, para kg ha-1, estabelecendo as perdas
da operação de colheita da cultura da cana-de-açúcar em cada configuração do extrator
primário na área.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
As perdas decorrentes da variável toco (Figura 1), mantiveram-se sob controle
somente na menor rotação do extrator, de 900 rpm, a qual não registrou em nenhum ponto
as perdas por toco, no entanto as demais rotações, 1.000 e 1.100 rpm, ambas registraram
um ponto fora de controle, isso caracteriza-se como processo com certa instabilidade ou
problema no local de aferição do ponto. Ademais com enfoque na rotação intermediária
onde apresentou maior variabilidade, refletindo na carta de amplitude móvel, além do alto
valor de limite superior de controle. Com isso, é comprovado que as perdas por toco sofrem
influência direta da altura e qualidade do corte de base, o qual fez com que o volume de
perdas fosse maior na rotação intermediária seguida da maior rotação, justamente em local
do talhão com declividade um pouco mais acentuada além de facas mais desgastadas,
ao contrário da menor rotação que, não obteve perdas por toco, pois estava em terreno
mais plano, com facas menos desgastadas. De acordo com Salvi (2006) é de grande
importância a altura do corte de base em colheita mecanizada de cana-de-açúcar, visto
que afeta diretamente na qualidade e contribui para as perdas de matéria-prima, afetando a
longevidade do canavial, tal problema apoia-se a permanente preocupação dos fabricantes,
na busca por dispositivos que auxiliem os operadores no controle da altura do corte de
base.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 22
191
FIGURA 1. Perdas na forma de Toco em kg. ha-1; LSC: limite superior de controle; LIC: limite
inferior de controle (linhas pretas); X: média (linhas vermelhas).
Para o atributo cana-ponta (Figura 2), o processo esteve com pontos fora de controle
apenas nas rotações, 1.000 e 1.100 rpm, tais pontos demonstraram menor eficiência em
reduzir as perdas nestes processos com essas rotações, porém observando as cartas de
controle, a maior média seguida de certa variabilidade se encontra na rotação de 1.000
rpm, com pior resultado comparada a rotação de 1.100 rpm que, apesar de registrar um
ponto fora de controle apresentou média baixa, sendo influenciada por esse ponto apenas,
o qual a amostra por cana-ponta pode ter sido jogado para fora pelo extrator primário,
devido a rotação alta. Entretanto, para estas amostras de perdas quantificadas na rotação
intermediária, a responsabilidade cai sobre o cortador de ponteiros, o qual foi acionado
quando não era necessário, pois as plantas apresentavam altura acima do recomendado
para o desponte, assim evidenciando que o acionamento do cortador de ponteiros sem
necessidade influencia diretamente as perdas da variável cana-ponta.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 22
192
FIGURA 2. Perdas na forma de cana-ponta em kg.ha-1; LSC: limite superior de controle; LIC:
limite inferior de controle (linhas pretas); X: média (linhas vermelhas).
4 | CONCLUSÕES
As variáveis toco e cana-ponta, na configuração de 1.000 rpm registraram maior
volume de perdas, onde houve maior variabilidade, além de um ponto fora de controle para
toco, e dois para cana-ponta, os quais refletiram instabilidade dos processos nesses locais,
sob monitoramento do controle estatístico de processo.
REFERÊNCIAS
REIS. Gustavo Naves. Perdas na colheita mecanizada de cana-de-açúcar crua em função do
desgaste das facas do corte de base. Tese em Agronomia – Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias, Jaboticabal. 2009.
SALVI, J. V. Qualidade do corte de base de colhedoras de cana-de-açúcar. 2006. 90 f. Dissertação
(Mestrado), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba,
2006.
SILVA, R. P.; CORRÊA, C. F.; CORTEZ, J. W.; FURLANI, C. E. A. Controle estatístico aplicado ao
processo de colheita mecanizada de cana-de-açúcar. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 28, n. 2,
p. 292-304, 2008.
VOLTARELLI, M. A. Ferramentas da qualidade na colheita mecanizada de cana-de-açúcar.
Mestrado em Agronomia - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal. 2015.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 22
193
CAPÍTULO 23
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE
SOJA TRATADAS COM REGULADOR VEGETAL
PRODUZIDO A PARTIR DE LEVEDURA
Diego Campeol
Data de aceite: 03/05/2021
Centro Universitário FAG
Cascavel – Paraná
http://lattes.cnpq.br/7857697882694916
Data de submissão: 02/02/2021
Thaís Weber
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(Unioeste)
Cascavel – Paraná
http://lattes.cnpq.br/6547591865155007
Daiane Aparecida Weber
Centro Universitário FAG
Cascavel – Paraná
http://lattes.cnpq.br/8962257492676863
Bianca Pierina Carraro
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(Unioeste)
Cascavel – Paraná
http://lattes.cnpq.br/9658958506706190
Silvia Renata Machado Coelho
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(Unioeste)
Cascavel – Paraná
http://lattes.cnpq.br/3554106124561773
Odair José Kuhn
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(Unioeste)
Marechal Candido Rondon – Paraná
http://lattes.cnpq.br/0333372790090109
Thais Duquesne Falco
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(Unioeste)
Cascavel – Paraná
http://lattes.cnpq.br/1873323312804643
RESUMO: Potencializar a produção de soja em
uma menor área traz benefícios à agricultura
atual. O uso do tratamento de sementes com
bioestimulantes tem ganhado cada vez mais
espaço, porém, fontes naturais produtoras
de hormônios vegetais são necessárias para
equilibrar o ambiente. Assim, o presente estudo
avaliou os efeitos dos hormônios naturais
produzidos pela levedura Sporidiobolus johnsonii
e os fornecidos pelo bioestimulante sintético sobre
a germinação e qualidade fisiológica da soja. Os
experimentos foram conduzidos em laboratório
e a céu aberto em delineamento inteiramente
casualizado (DIC), sendo os tratamentos: T1 –
Testemunha em 1 mL de água destilada; T2 –
0,25 mL-1 de bioestimulante sintético comercial;
T3 – 0,025 g mL-1 e T4 – 0,050 g mL-1 do produto
da levedura Sporidiobolus johnsonii, com cinco
repetições de 20 sementes para cada tratamento.
Foram avaliados: germinação, comprimento da
raiz, comprimento da parte aérea, massa seca,
condutividade elétrica, velocidade de emergência
e índice de velocidade de emergência. Concluiuse que o produto da levedura Sporidiobolus
johnsonii, na dose de 0,050 g mL-1, aumenta o
Índice de Velocidade de Emergência (IVE), o que
indica maior qualidade fisiológica das semente
tratadas. Os demais parâmetros de germinados
como comprimento de raiz, comprimento da
parte aérea, massa seca, condutividade elétrica
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 23
194
e velocidade de emergência (VE) não diferiram entre si.
PALAVRAS-CHAVE: Sporidiobolus johnsonii, hormônios
germinação, velocidade de emergência.
vegetais,
bioestimulante,
PHYSIOLOGICAL QUALITY OF SOYBEAN SEEDS TREATED WITH VEGETABLE
REGULATOR PRODUCED FROM YEAST
ABSTRACT: Potentializing the production of soybeans brings benefits to the producer, in
this context, the use of seed treatment with biostimulants has gained more and more space,
in addition to it, the use of natural sources is necessary to balance the environment. Thus,
this study aims to evaluate the effects of the natural hormones produced by the yeast
Sporidiobolus johnsonii and those provided by the synthetic biostimulant on the germination
and physiological quality of soy. The experiments were conducted in a completely randomized
design, the treatments being: T1 – Control in 1 mL of distilled water; T2 – 0.25 mL-1 of
commercial synthetic biostimulant; T3 – 0.025 g mL-1 and T4 – 0.050 g mL-1 of the yeast
product Sporidiobolus johnsonii, with five replications of 20 seeds for each treatment.
Germination, root length, shoot length, dry mass, electrical conductivity, emergency speed
and emergency speed index were evaluated. It was concluded that the treatment with 0.050
g mL-1 of the yeast extract increased the seed emergence speed index, while the treatment
with synthetic biostimulant reduced this capacity, in the other parameters the treatments did
not differ between them.
KEYWORDS: Sporidiobolus johnsonii, plant hormones, biostimulants, germination,
emergency speed.
1 | INTRODUÇÃO
A soja (Glycine max (L.) Merril) se destaca pela sua importância no consumo mundial,
por constituir-se como matéria prima de diversos produtos presentes no cotidiano, além
de ser uma das maiores commodities agrícolas do Brasil. Isso gera a necessidade de se
conhecer e explorar mais tecnologias e gerar informações que potencializem a expressão
do rendimento da cultura, aumentando sua produção com qualidade e em menor área.
Rocha et al. (1996) mencionam que uma das etapas imprescindíveis na produção de
soja é o uso de sementes de qualidade, com viabilidade econômica para que os agricultores
estabeleçam suas lavouras. Podendo-se agregar a esta semente de qualidade produtos
que estimulem o melhor enraizamento.
Contudo, Loconto e Fouilleux (2019) relataram a transição da visão da sociedade
voltada para o meio agroecológico, estudando ciências da natureza e novas práticas. Silva
et al. (2007) expõe que a utilização de produtos naturais que possuam hormônios vegetais
ou exibam atividade reguladora quando aplicados às plantas tem ganhado maior espaço
na agricultura.
Nesse âmbito está o uso de leveduras na agricultura, grupo de microrganismos
amplamente difundidos em diversos ecossistemas com ampla biodiversidade (Tortora et
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Capítulo 23
195
al., 2012). Alguns estudos demonstram que as leveduras produzem compostos bioativos
importantes para as plantas, tais como fitormônios, aminoácidos, enzimas e vitaminas
(Mukherjee & Sen, 2015). Carvalho et al. (2020) relata que algumas leveduras reduzem a
severidade do crestamento bacteriano comum do feijoeiro, e ainda são capazes de atuar
como indutoras de crescimento, sendo uma destas leveduras a Sporidiobolus johnsonii.
A Sporidiobolus johnsonii é capaz de produzir a enzima Q10 (Renadive, Mehta &
George, 2011), que possui ação sobre as atividades da mitocôndria e potencial antioxidante
(Choi, Ryu & Seo, 2005). Carvalho et al. (2020) notaram que aplicação da levedura
aumentou o número de vagens do feijoeiro.
E ainda, sua capacidade de induzir o crescimento de plantas está ligada a produção
de hormônios vegetais, que segundo Taiz et al. (2017), em pequenas quantidades, podem
inibir ou regular qualitativamente o crescimento e desenvolvimento dos vegetais. Raven,
Evert e Eichhorn (2001) mencionam que as giberelinas desempenham papéis múltiplos
na quebra da dormência e na germinação de sementes, as auxinas são capazes de
desencadear a diferenciação celular, e aliada a estas estão as citocininas, as quais podem
regular a produção de raízes.
Vieira e Castro (2001) expõem que o uso de biorreguladores e bioestimulantes
vegetais, têm apresentado resultados favoráveis no aumento da produtividade. Um
bioestimulante comercial que possui 0,005 % de giberelina, 0,005 % de auxina e 0,009 %
de citocinina, tem sido muito difundido na produção agrícola em geral. Albrecht et al. (2012)
relata que o uso do composto mencionado influenciou na produtividade e incrementou
os teores de óleo e proteínas. Bertolin et al. (2010) obtiveram resultados no aumento do
número de vagens por planta e produtividade de grãos, tanto na aplicação foliar quanto via
semente.
Assim, o presente estudo avaliou os efeitos dos hormônios naturais produzidos pela
Sporidiobolus johnsonii sobre o potencial fisiológico das sementes de soja comparado a um
bioestimulante comercial.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos em duas etapas. As análises laboratoriais foram
realizadas no Laboratório de Avaliação de Sementes e Plantas (LASP) da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, no campus de Cascavel – Paraná, enquanto a
análise da emergência em areia foi realizada a céu aberto, no município de Campo Bonito
– Paraná (-25.020917, -53.014009). Ambos os ensaios ocorreram durante o mês de maio
de 2020.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), com
quatro tratamentos, contendo cinco repetições com 20 sementes cada, totalizando 100
sementes por tratamento, sendo os tratamentos: T1 – Testemunha em 1 mL de água
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Capítulo 23
196
destilada; T2 – 0,25 mL-1 do bioestimulante sintético comercial; T3 – 0,025 g mL-1 e T4 –
0,050 g mL-1 produto da levedura Sporidiobolus johnsonii. As sementes de soja utilizadas
foram da variedade NS 6909 IPRO, adquiridas comercialmente, com vigor de 90%.
O isolado da levedura Sporidiobolus johnsonii foi cedido pelo departamento de
Fitopatologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, campus de
Marechal Cândido Rondon – Paraná. A levedura foi isolada a partir de folhas da Bananeira
(Musa sp.) e preservada em tubos de ensaio contendo meio ágar-GYMP (20 g glicose, 20 g
extrato de malte, 5 g extrato de levedura, 2 g fosfato de sódio monobásico e 20 g de ágar),
coberto com óleo mineral estéril e mantido em refrigeração a 6oC.
O produto da levedura foi obtido através de cultivo em meio YEPG líquido, contendo
10 g de extrato de levedura, 20 g de peptona, 20 g de glicose, 1000 mL de água e mantido
em constante agitação (150 rpm) por 10 dias. Em seguida, o meio foi centrifugado a uma
rotação de 2000 rpm com coleta do sobrenadante, que na sequência foi congelado e
liofilizado. O produto da levedura foi submetido à análise laboratorial para verificação da
presença de hormônios vegetais.
Em laboratório, as sementes de soja foram tratadas com o produto da levedura S.
johnsonii, reconstituído em água destilada de acordo com cada dose. Para o tratamento
com o composto sintético (T2), a dose utilizada foi recomendada pelo fabricante e diluída
em 0,85 mL-1 de água destilada. Os tratamentos foram homogeneizados individualmente em
sacos plásticos do tipo zip lock, onde as sementes foram agitadas por 1 minuto, seguindo
para a secagem a temperatura ambiente.
Para o teste de germinação, foram dispostas 20 sementes de cada tratamento
sobre duas folhas de papel filtro (Germitest®), no sentido longitudinal (duas fileiras no terço
superior do papel) umedecidas com quantidade de água equivalente a 2,5 vezes a massa
do papel, e cobertas com uma terceira folha. Os rolos foram levados ao germinador a 25ºC
durante seis dias (Brasil, 2009). Para a avaliação da germinação seguiram-se os critérios
das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009), avaliando percentual de plântulas
germinadas e com auxilio de régua milimetrada realizou-se a medição do comprimento das
raízes e da parte aérea, expressos em centímetros.
Para a determinação da massa seca foram retirados os cotilédones e pesado o
restante da plântula em balança analítica, colocadas em sacos de papel e levadas para
secar em estufa com circulação forçada de ar a temperatura de 80 °C, por 24 horas,
segundo a metodologia de Nakagawa (1999). Em seguida, foi realizada a pesagem do
material seco, em balança analítica, obtendo-se então a massa seca, com precisão de
0,001 g. Os resultados foram expressos em gramas.
O teste de condutividade elétrica foi aplicado segundo o procedimento descrito
por Vieira (1994), realizado com cinco repetições de 20 sementes por tratamento, que
foram pesadas, colocadas para embeber em 30 mL de água deionizada e mantidas em
germinador a 25ºC, por 24 horas. Após a embebição, a condutividade elétrica da solução
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Capítulo 23
197
foi medida através de condutivímetro TEC-4MP TECNAL e os resultados expressos em
μS.cm-1.g-1.
Para determinação de emergência as unidades experimentais foram semeadas em
areia de granulometria média, primeiro uso e esterilizada em autoclave, distribuída em um
recipiente de madeira, com dimensões de 1 m de comprimento, 0,4 m de largura e 0,4 m de
profundidade. O experimento recebeu iluminação uniforme durante 12 dias, foi umedecido
com nebulizador, na quantidade de 1 L de água diário no período da manhã, e teve
temperaturas médias de 20oC durante os dias que permaneceu emergindo. As sementes
foram previamente tratadas em laboratório, como descrito anteriormente, e semeadas 20
sementes para as cinco repetições de cada tratamento.
Para a contagem, seguiu-se os critérios de Schuab et al. (2006), em que a contagem
iniciou-se a partir da primeira plântula emergida com os cotilédones acima do nível de
areia, e a partir disso, realizou-se a contagem diariamente, sem remover as plântulas.
Ao fim, gerou-se um valor cumulativo que foi subtraído da contagem de cada dia anterior,
obtendo assim o número exato de plântulas emergidas em cada dia.
Destes dados foram determinados Velocidade de Emergência (VE) (Edmond &
Drapala, 1958) e Índice de Velocidade de Emergência (IVE) (Maguire, 1962), com auxilio
das seguintes fórmulas:
em que:
G = número de plântulas emergidas observadas em cada contagem;
N = número de dias da semeadura a cada contagem.
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância, com auxílio do programa estatístico
SISVAR 5.6 (Ferreira, 2010).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise laboratorial do produto da levedura Sporidiobolus johnsonii indicou a
presença de 0,09 mg kg-1 de ácido giberélico, do tipo GA4, que segundo Picolotto, Bianchi e
Fachinello (2007), é capaz de fazer a indução e antecipação da germinação de sementes,
aumentando índices de velocidade de emergência.
Dentre as variáveis demonstradas na Tabela 1 e Tabela 2, o índice de velocidade
de emergência (IVE) apresentou efeitos significativos e indicou maior potencial de
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Capítulo 23
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emergência de sementes tratadas com 0,050 g mL-1 do produto da levedura S. johnsonii
(T4), quando comparado as demais variáveis. Os dados de germinados, comprimento de
raiz, comprimento de parte aérea, massa seca, condutividade elétrica e velocidade de
emergência (VE) não apresentaram diferenças significativas para os tratamentos testados.
Tratamentos
G (%)
CR (cm)
CPA (cm)
MS (g)
T1 – 1 mL de água destilada
96 a
17,90 a
12,38 a
0,88 a
T2 – 0,25 mL do bioestimulante sintético
95 a
20,53 a
11,79 a
0,89 a
T3 – 0,025 g mL-1 do produto da levedura
95 a
19,11 a
12,49 a
0,86 a
T4 – 0,050 g mL do produto da levedura
96 a
17,78 a
12,87 a
0,88 a
p-valor
0,98
0,06
0,37
0,95
CV (%)
5,17
8,72
7,62
9,12
DMS
8,94
2,97
1,71
0,14
-1
-1
*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de significância pelo
teste de Tukey. CV – Coeficiente de variação; DMS – Diferença mínima significativa.
Tabela 1 – Valores médios obtidos para germinação (G), comprimento médio de raiz (CR),
comprimento médio de parte aérea (CPA) e massa seca (MS).
Os dados de germinação, expressos na Tabela 1, demonstraram que os tratamentos
não diferiram entre si, já que todos obtiveram boa porcentagem de germinação. Em partes,
Schneider e Schimidt (1990) justificam que as giberelinas, quando fornecidas às plantas,
têm uma proporção que se tornar glicosilada, indisponível para o uso, o que expressa os
resultados de Carvalho (2017) que afirma a não interferência da S. johnsonii no crescimento
do feijoeiro. Nascimento e Mosquim (2004) apontam ainda que os hormônios vegetais
podem atuar sobre o desenvolvimento das sementes, entretanto, seus efeitos dependem
não só das quantidades, mas da interação que ocorre entre eles.
Quanto ao tratamento com o bioestimulante sintético (T2), não se sobressaiu no
parâmetro germinabilidade quando comparado aos demais, isso é demonstrado nos
resultados de Toledo, Fachin e Zucareli (2015) que não obtiveram resultados significativos
quanto ao aumento do potencial germinativo de sementes de soja esverdeadas. Já Binsfeld
et al. (2014) verificaram que o desempenho inicial das plântulas é potencializado pelo uso
do bioestimulante.
Quanto ao comprimento das raízes (Tabela 1), o uso do bioestimulante sintético (T2)
ocasionou maior desenvolvimento em termos absolutos, que pode ter sido influenciado
pela concentração de 0,009 % de citocinina presente em sua composição, hormônio este,
que segundo Taiz et al. (2017), tem efeito sobre a atividade meristemática. Porém, o
tratamento com bioestimulante sintético não teve grande significância, visto que todos os
tratamentos obtiveram desenvolvimento semelhante em números. Segundo Coll (2001) as
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Capítulo 23
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giberelinas não apresentam efeito sobre o crescimento das raízes. Nassar, EL-Tarabily e
Silvasithamparam (2005), testaram a levedura Williopsis saturnus em sementes de milho
e foi possível verificar melhora no desenvolvimento de brotos e raízes das plântulas, visto
que esta levedura produz ácido indolacético (AIA). Já Carvalho (2017) afirma que a S.
johnsonii é capaz de aumentar o volume de raízes em plantas de feijão.
Ao avaliar o comprimento da parte aérea, dados presentes na Tabela 1, notou-se
baixa variação entre os tratamentos, sendo o menor desenvolvimento do tratamento com
bioestimulante sintético (T2). Segundo Bertolin et al. (2010) a melhor resposta da planta
está na aplicação do bioestimulante na fase reprodutiva da soja, aumentando a inserção de
vagens e produtividade de grãos, confirmado também por Nascimento e Mosquim (2004),
que afirmam ação mais pronunciada da giberelina no crescimento do pericarpo das vagens.
Klahold et al. (2006) compartilha do mesmo resultado, notando o menor desenvolvimento
aéreo e da massa seca do caule no tratamento de sementes com o bioestimulante. Quanto
aos tratamentos 3 e 4, a base do produto da levedura, Carvalho (2017) com aplicações de
células da S. johnsonii não notou interferência no crescimento do feijoeiro.
A massa seca (Tabela 1) não mostrou significância entre os tratamentos com o
produto da levedura quando comparados entre si e comparados a testemunha em água
destilada (T1) e ao bioestimulante sintético (T2). Nascimento e Mosquim (2004), não
observaram alterações na massa seca de sementes de soja tratadas com giberelina do tipo
GA3. Mesmo em aplicações a campo, Carvalho (2017) não notou interação de aumento da
massa seca tanto da raiz quanto da parte aérea do feijão, tratado com S. johnsonii. Para o
bioestimulante sintético (T2), Moterle et al. (2011) relatam que doses crescentes do produto
não influenciam na germinação e massa seca das plântulas, entretanto podem aumentar o
vigor, o que não foi observado pela condutividade elétrica no presente estudo (Tabela 2).
Tratamentos
CE
(μS.cm-1.g-1)
VE (dias)
IVE
(dias)
T1 – 1 mL de água destilada
136,36 a
8,20 a
2,33 ab
T2 – 0,25 mL-1 do bioestimulante sintético
130,69 a
8,14 a
2,56 b
T3 – 0,025 g mL do produto da levedura
149,20 a
8,22 a
2,22 ab
T4 – 0,050 g mL-1 do produto da levedura
137,42 a
8,51 a
1,93 a
-1
p-valor
0,32
0,52
0,04
CV (%)
11,20
5,03
13,95
DMS
8,05
0,75
0,57
*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de significância pelo
teste de Tukey. CV – Coeficiente de variação; DMS – Diferença mínima significativa.
Tabela 2 – Valores médios da condutividade elétrica (CE), valores calculados para velocidade
de emergência (VE) e índice de velocidade de emergência (IVE).
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Quanto aos valores de condutividade elétrica, velocidade de emergência (VE)
e índice de velocidade de emergência (IVE) (Tabela 2), é importante ressaltar que sua
avaliação tem correlação negativa quanto aos demais dados (Tabela 1), pois nestes
resultados, quanto menor o valor, melhor o potencial fisiológico das sementes (Schuab et
al., 2006).
O teste de condutividade elétrica visa demonstrar vigor da semente após os
tratamentos, indicando a lixiviação de moléculas através dos tecidos da semente, assim,
quanto maior o valor expresso pelo condutivímetro, menor é o vigor. Os dados gerados
pelo teste não indicaram diferença significativa na condutividade elétrica das sementes
(Tabela 2). Vanzolini, Seneme e Silva (2006) sugerem também que produtos com fórmula
iônica, como micronutrientes, tendem a elevar a condutividade elétrica. Além disso, a
lixiviação identificada pela água deionizada pode indicar as perdas através dos tecidos da
semente, desta forma Taiz et al. (2017) expõem que as giberelinas podem enfraquecer a
camada do endosperma que envolve o embrião, realizando maior mobilização de reservas
energéticas. Ou seja, a presença da giberelina nos tratamentos 2, 3 e 4 favorece o aumento
da condutividade elétrica demonstrando redução no vigor das sementes.
Deve ser considerado que todo tratamento de sementes não depende exclusivamente
do potencial do produto utilizado, como relata Binfeld et al. (2014) em seu trabalho, que a
eficiência dos produtos testados sofreram influencia da qualidade fisiológica da semente.
Schuab et al. (2006) defendem que a interpretação dos resultados obtidos entre os testes
de laboratório e emergência em areia não devem considerar apenas análise de correção,
pois esta pode induzir a interpretação incorreta.
Para a Velocidade de Emergência (VE), Edmond e Drapala (1958) mencionam que
quanto menor o valor obtido pela fórmula melhor é a qualidade fisiológica da semente
testada. Expressos na Tabela 2, os tratamentos não diferiram entre si quanto à VE, mas
o menor valor obtido pelo cálculo foi das sementes tratadas com bioestimulante comercial
(T2), em contra partida, o Índice de Velocidade de Emergência (IVE) que demonstra o
número de dias para emergência da maior parte das plântulas, indicou o tratamento 2 com
o índice mais baixo, levando maior número de dias para ter a maior parte das plântulas
emergidas, enquanto o tratamento com 0,050 g mL-1 do produto da levedura S. johnsonii
(T4) obteve o IVE esperado, sendo semelhante ainda ao tratamento com 0,025 g mL-1 do
produto (T3) e também com a testemunha em água destilada (T1).
Taiz et al. (2017) relata que um dos maiores efeitos da giberelina é a capacidade
de promover a germinação de sementes, portanto, a maior dose de giberelina presente no
tratamento 4 potencializou a emergência das plântulas em menor tempo. Do mesmo modo,
em um estande a campo, quanto mais rápido o estabelecimento das plantas, melhor a sua
resistência ao ataque de pragas e doenças de solo. Quanto ao bioestimulante sintético (T2),
Ferreira et al. (2007) trabalhando com sementes de milho, verificou a baixa emergência de
plântulas em tratamento com o mesmo produto, também em milho, Oliveira e Cruz (1986)
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 23
201
relatam um eventual efeito fitotóxico dos tratamentos químicos sobre as sementes.
4 | CONCLUSÃO
O produto da levedura Sporidiobolus johnsonii, na dose de 0,050 g mL-1, aumenta
o Índice de Velocidade de Emergência (IVE), o que indica maior qualidade fisiológica das
semente tratadas.
Nos demais parâmetros de germinados, comprimento de raiz, comprimento da parte
aérea, massa seca, condutividade elétrica e Velocidade de Emergência (VE) os tratamentos
não diferiram entre si.
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Capítulo 23
204
CAPÍTULO 24
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
PRODUTIVIDADE DE CANA-DE-AÇÚCAR
DESTINADA À FORRAGEM ADUBADA COM
DIFERENTES TIPOS DE ESTERCO
Luzia Keli da Silva Coura
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 03/02/2021
Jonathan Bernardo Barboza
Discente do Curso de Agronomia da
Universidade Federal de Campina Grande/
Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar,
Campus de Pombal – PB
http://lattes.cnpq.br/7989809344020319
Vitor da Silva Rodrigues
Discente do Curso de Agronomia da
Universidade Federal de Campina Grande/
Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar,
Campus de Pombal – PB
https://orcid.org/0000-0002-5371-4942
Discente do Curso de Engenharia Ambiental
da Universidade Federal de Campina Grande/
Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar,
Campus de Pombal – PB
http://lattes.cnpq.br/0621129085880547
Laurenio Ventura Ferreira
Discente do Curso de Agronomia da
Universidade Federal de Campina Grande/
Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar,
Campus de Pombal – PB
http://lattes.cnpq.br/7063086334418641
Valéria Fernandes de Oliveira Sousa
Doutoranda pela Universidade Federal da
Paraíba, Campus II, Areia-PB
https://orcid.org/0000-0002-6124-0898
Micaela Silva Coelho
Idelvan José da Silva
Discente do Curso de Agronomia da
Universidade Federal de Campina Grande/
Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar,
Campus de Pombal – PB
http://lattes.cnpq.br/1752230516197243
Metrando pela Universidade Federal de
Campina Grande/Centro de Ciência e
Tecnologia Agroalimentar, Campus de Pombal
– PB
http://lattes.cnpq.br/5219270580469455
Maria Izabel de Almeida Leite
Cassiano Nogueira de Lacerda
Discente do Curso de Agronomia da
Universidade Federal de Campina Grande/
Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar,
Campus de Pombal – PB
http://lattes.cnpq.br/1366599503591295
Metrando pela Universidade Federal de
Campina Grande/Centro de Ciência e
Tecnologia Agroalimentar, Campus de Pombal
– PB.
http://lattes.cnpq.br/1870977553204323
Alan Keis Chaves de Almeida
Eliene Araújo Fernandes
Discente do Curso de Agronomia da
Universidade Federal de Campina Grande/
Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar,
Campus de Pombal – PB
http://lattes.cnpq.br/3313422693537427
Mestre em Horticultura Tropical pela
Universidade Federal de Campina Grande/
Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar,
Campus de Pombal – PB
http://lattes.cnpq.br/5009538185646608
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 24
205
RESUMO: A Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), além ter a importância na indústria
sucroalcooleira, também pode ser utilizada para alimentação animal. O referido trabalho teve
como objetivo avaliar a produtividade da cana-de-açúcar destinada à forragem com adubação
de diferentes tipos de estercos. O experimento foi desenvolvido na Universidade Federal de
Campina Grande, no Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar (CCTA), localizado no
município de Pombal, estado da Paraíba, Brasil (06º 46’ 13” S, 37º 48’ 06” W), onde foi feito o
plantio de toletes de cana-de-açúcar no dia 06 de outubro de 2019. Os tratamentos testados
foram distribuídos em quatro canteiros de 1m² onde no primeiro foi com esterco ovino, o
segundo com esterco bovino, o terceiro com esterco equino e o quarto sem esterco servido
como testemunha. Conclui-se que os estercos de uma forma geral, estimulam as atividades
microbiológicas do solo, o que proporciona um aumento na disponibilidade de nutrientes às
plantas.
PALAVRAS-CHAVE: Produção de cana-de-açúcar, Saccharum officinarum, Forragem.
SUGARCANE PRODUCTIVITY FOR FORAGE FERTILIZED WITH DIFFERENT
TYPES OF MANURE
ABSTRACT: Sugarcane (Saccharum officinarum), besides being important in the sugar
and alcohol industry, can also be used for animal feed. The purpose of this work was to
evaluate the productivity of sugarcane for forage with fertilization of different types of manure.
The experiment was developed at the Federal University of Campina Grande, at the Center
for Science and Agrifood Technology (CCTA), located in the municipality of Pombal, state
of Paraíba, Brazil (06º 46 ‘13 “S, 37º 48’ 06” W), where sugar cane tarts were planted on
October 6, 2019. The treatments tested were distributed in four beds of 1m² where the first
was with sheep manure, the second with cattle manure, the third with horse manure and the
room without dung served as a witness. It is concluded that manure in general, stimulates the
microbiological activities of the soil, which provides an increase in the availability of nutrients
to plants.
KEYWORDS: Sugar cane production, Saccharum officinarum, Forage.
INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) é uma cultura perene, relativamente fácil
de ser implantada e manejada, podendo atingir rendimentos de massa verde superiores a
120 t/ha/ano. Normalmente a maturação se dá durante o período seco, quando a oferta de
forragem das pastagens, é bastante limitada à produção animal. Portanto, a formação de um
canavial, representa uma medida apropriada e econômica para suplementação alimentar
do gado, neste período. A adequação de alguns fatores de produção são importantes para
a maximização da produção e longevidade do canavial como por exemplo: variedade
escolhida, fertilidade do solo, condições climáticas, práticas culturais, controle de pragas e
doenças e método de colheita. (TOWNSEND 2000).
Os novos conhecimentos na área de nutrição de ruminantes verificou-se que os
açúcares presentes na cana-de-açúcar são os principais responsáveis pelo fornecimento
de energia e pelo desempenho animal (RODRIGUES et ai. 2002).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 24
206
O esterco é um adubo orgânico de origem animal que é formado por excrementos
sólidos e líquidos dos animais, podendo estar misturado com restos vegetais além de a sua
composição ser muito variada; são ótimos fornecedores de nutrientes, inclusive o fósforo e
o potássio, onde são rapidamente disponíveis e não ficam na dependência da facilidade de
degradação dos compostos (EMBRAPA, 2005).
A cultura da cana-de-açúcar surgiu no Brasil em meados do século XVI pela
necessidade de se colonizar, defender e explorar as riquezas deste território – até então
sem tanta importância econômica para Portugal. Vários foram os motivos para a escolha da
cana, entre eles, a existência no Brasil do solo de massapê, propício para este cultivo. Além
disso, o açúcar era àquela época um produto muito bem cotado no comércio europeu, em
crescente consumo e capaz de gerar valiosos lucros, transformando-se assim no alicerce
econômico da colonização portuguesa no Brasil entre os séculos XVI e XVII (RODRIGUES,
2010). As primeiras mudas foram trazidas da Ilha da Madeira, em Portugal, no século XVI
por Martim Afonso de Souza, responsável pela instalação do primeiro engenho brasileiro
em São Vicente no ano de 1532 (MATTOS, 1942).
A cana-de-açúcar (Saccharum sp) é, atualmente, uma das principais e mais
importantes culturas no Brasil sendo o agronegócio sucroalcooleiro, segundo informações
do PROCANA (Programa da Cana-de-açúcar), responsável por aproximadamente 1,76%
do PIB nacional, de acordo com dados da safra 2008/2009. Este setor é também um dos
que mais empregam no país, gerando aproximadamente 4,5 milhões de empregos diretos
e indiretos, além de congregar mais de 72.000 agricultores e 373 usinas e destilarias, em
operação ou projeto (RODRIGUES, 2010).
O Brasil é o maior produtor de cana de açúcar do mundo. Com a cana de açúcar
há a produção de açúcar, álcool combustíveis e industriais, aguardente, cera, além de ser
consumida in natura. O bagaço da cana de açúcar é fonte para a produção de energia e
papel. A ponta da cana pode também ser utilizada como alimentação animal e para extração
de palmito para alimentação humana. Desta forma, a cana de açúcar é uma das mais
importantes culturas brasileiras, conforme LUCCHESI (1995); ARRUDA PINTO (2002).
Nas últimas décadas, o país aumentou consideravelmente sua produção de canade-açúcar, destacando-se entre as potências mundiais na área. Esta produção em larga
escala causou impactos na saúde do trabalhador rural (ABREU et al., 2019). Atualmente
a atividade canavieira tem grande expressão graças não só a produção de açúcar, mas
em especial a produção de etanol e energia elétrica graças a queima do bagaço da cana,
além de outros subprodutos que são utilizados como fertilizantes, como a vinhaça, a torta
de filtro e o próprio bagaço. (ANDRADE; DINIZ, 2007). Brasil é responsável por mais da
metade de todo o açúcar comercializado no mundo, sendo também o maior exportador de
etanol (AGRIC, 2015).
A adubação orgânica com esterco bovino é uma prática milenar, tendo perdido
prestígio com a introdução da adubação mineral, em meados do século 19, e retomado
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 24
207
a importância, nas últimas décadas, com o crescimento da preocupação com o ambiente,
com a alimentação saudável e com a necessidade de dar um destino apropriado às
grandes quantidades produzidas em alguns países (Holanda, 1990; Blaise et al., 2005;
Salazar et al., 2005). A utilização de adubos orgânicos de origem animal torna-se prática
útil e econômica para os pequenos e médios produtores de hortaliças, de vez que enseja
melhoria na fertilidade e na conservação do solo (Galvão et al., 1999).
O adubo orgânico existente nos solos consiste em uma mistura de produtos animais
e vegetais em vários estádios de decomposição, resultante da degradação química,
biológica e da atividade sintética dos microrganismos. A matéria orgânica é fonte de energia
e nutrientes para os organismos que participam de seu ciclo biológico, mantendo o solo em
estado dinâmico e exercendo importante papel em sua fertilidade (LANDGRAF;MESSIAS;
REZENDE, 2005). Sua decomposição é lenta e os nutrientes são liberados em menor
quantidade para as plantas. Por outro lado, contribuem para o acúmulo de matéria orgânica
no solo. Já os estercos líquidos liberam maior quantidade de nutrientes para as plantas
(BRAGA,2010).
O uso do esterco bovino na fertilização do solo pode proporcionar regularização na
disponibilidade dos nutrientes e favorecer maior produtividade das culturas, além de ser
amplamente utilizado em propriedades agrícolas familiares (MELO et al., 2011; SILVA et
al., 2011).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produtividade da cana-de-açúcar
destinada à forragem com adubação de diferentes tipos de estercos.
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido na Universidade Federal de Campina Grande,
no Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar (CCTA), localizado no município de
Pombal, estado da Paraíba, Brasil (06º46’13” S, 37º 48’ 06” W), onde foi feito o plantio de
toletes de cana-de-açúcar no dia 06 de outubro de 2019. Os tratamentos testados foram
distribuídos em 4 canteiros de 1m², onde no primeiro foi adubado com esterco ovino, o
segundo com esterco bovino, o terceiro com esterco equino e o quarto sem esterco, ou
seja, a testemunha.
A variedade da cana utilizada foi a RB92579. Os canteiros foram levantados a
uma altura de 30 cm do solo e incorporado 10 Kg de esterco seco e curtido, sendo, um
com esterco ovino, outro com esterco bovino, um terceiro com esterco equino e um ultimo
sem esterco servindo como testemunha. O plantio foi realizado em sucos de 15 cm de
profundidade no espaçamento de 90 cm entre linhas. Logo após o plantio foi posto na
superfície de todos os canteiros uma cobertura de material vegetal seco, que teve as
funções de reter umidade e dificultar a germinação de ervas daninhas. Ao nono dia após o
plantio as primeiras plantas de cana brotaram entre a cobertura vegetal.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 24
208
No trigésimo dia do plantio foi realizada uma avaliação das seguintes variáveis:
numero de folhas, numero de perfilho, altura de planta e diâmetro do colmo. Em seguida,
uma adubação de cobertura contendo o mesmo tipo e mesma quantidade de esterco da
adubação de fundação. No sexagésimo dia foi realizada uma segunda avaliação com as
mesmas variáveis, retirada às plantas e levadas para o laboratório de zootecnia, onde
foram pesadas e postas para secar em estufa a uma temperatura de 65ºC por 48hrs. Após
as 48hrs foi pesado novamente e retirado as médias.
O clima da região é caracterizado como clima tropical semiárido com estação seca
(classificação climática de koppen-geiger: aw) (FRANCISCO, 2015). Apresenta temperatura
média anual de 26,7°C, com máxima de 39ºC, com umidade relativa média de 50%. A
precipitação anual média é, aproximadamente, 700 a 800 mm, sendo registrado nos meses
de fevereiro a maio (ALMEIDA, 2016).
O solo no local da instalação do experimento é classificado como Latossolo Vermelho
Amarelo (EMBRAPA, 1999).
A água utilizada no experimento foi do sistema de abastecimento da CAGEPA. As
irrigações manualmente realizadas diariamente, duas vezes ao dia, sendo 20L/ canteiro /
dia.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Gráfico 1- Avaliação de produtividade com 30 dias de plantio com as variáveis de numero de
folhas, numero de perfilho, diâmetro do colmo e altura de planta.
Para a altura da planta e diâmetro do colmo, observou-se que as plantas adubadas
com esterco equino obtiveram melhores resultados. O tratamento com esterco bovino
obteve melhor media de número de perfilho. Para o número de folhas, não houve diferença
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 24
209
entre os tratamentos com esterco bovino e equino.
Gráfico 2- Avaliação de produtividade com 60 dias de plantio com as variáveis de numero de
folhas, numero de perfilho, diâmetro do colmo e altura de planta.
Aos 60 dias observou-se que a maior altura apresentada foi o esterco equino
bem como o diâmetro do colmo. Para o numero de folhas os estercos bovino e equino
apresentaram os mesmos resultados e para numero de perfilho o esterco bovino obteve a
maior media.
Gráfico 3- Avaliação das massas em (g): massa fresca folha, massa fresca da raiz, massa seca
da folha e massa seca de raízes.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 24
210
Para a avaliação de massa fresca folear, a melhor média foi as plantas adubadas
com esterco equino, logo seguida pelas plantas adubadas com esterco bovino. As raízes
que tiveram maior massa em relação a massa fresca foi as plantas com adubação com
esterco bovino.
Na avaliação de massa seca folear a maior massa foi as plantas adubadas com
esterco equino. E para a massa seca das raízes as plantas que foram as adubadas com
esterco bovino apresentaram maiores médias.
CONCLUSÃO
Conclui-se que os estercos de uma forma geral, estimulam as atividades
microbiológicas do solo, o que proporciona um aumento na disponibilidade de nutrientes
às plantas. Os dados evidenciam a significância dos tratamentos com estercos em relação
à testemunha. Portanto, os estercos são uma excelente fonte de adubação orgânica para
uma otimização na produção de cana-de-açúcar para destinação de forragem.
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Capítulo 24
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 24
212
CAPÍTULO 25
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
ALGORITMO DE MAPEAMENTO ESPECTRAL
DE CICATRIZES DE QUEIMADAS NA CAATINGA
ATRAVÉS DE DADOS ORBITAIS MODIS E OLI
Data de aceite: 03/05/2021
Geber Barbosa de Albuquerque Moura
Data de submissão: 02/02/2021
UFRPE – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DEPA - Departamento de
Agronomia
Recife, PE
http://lattes.cnpq.br/5290189594470508
José Galdino de Oliveira Júnior
UFRPE – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DEAGRI - Departamento de
Engenharia Agrícola
Recife, PE
http://lattes.cnpq.br/3514941731206738
Jadiene Moura dos Santos
UFRPE – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DCFL - Departamento de
Ciências Florestais
Recife, PE
http://lattes.cnpq.br/5414923091157764
Julyane Silva Mendes Polycarpo
UFRPE – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DTR - Departamento de
Tecnologia Rural
Recife, PE
http://lattes.cnpq.br/6485220445197373
José Rafael Ferreira de Gouveia
UFRPE – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DEAGRI - Departamento de
Engenharia Agrícola
Recife, PE
http://lattes.cnpq.br/5471553264542605
Pabrício Marcos Oliveira Lopes
UFRPE – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DEPA - Departamento de
Agronomia
Recife, PE
http://lattes.cnpq.br/0703321303981408
Cristina Rodrigues Nascimento
UFRPE – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DEPA - Departamento de
Agronomia
Recife, PE
http://lattes.cnpq.br/9289129949520610
RESUMO:
A
mesorregião
do
Sertão
Pernambucano apresenta condições climáticas
que afetam diretamente a produção agrícola,
pois apresenta um clima quente, seco e com
regime pluvial irregular. Em função dessas
características, o bioma predominante da região,
a Caatinga, torna-se mais vulnerável à ocorrência
de queimadas. Com a premissa de mapear e
monitorar a incidência de focos de calor nessa
mesorregião durante o período de oito anos
(2010 – 2017), este artigo teve como objetivo
caracterizar o perfil de cicatrizes de queimadas
e acompanhar o processo de regeneração
natural da superfície vegetal ao longo do
tempo. Baseando-se nos resultados originados
pelos softwares “ENVI” e “WEKA” – através do
processamento digital conjunto das imagens
de satélite (produtos MCD64A1, MOD13A3 e
LANDSAT 8/OLI), de dados de precipitação
mensal local e de arquivos vetoriais dos focos
de calor –, encontrou-se uma correlação de
0,792 entre estes dados indicando que as áreas
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 25
213
susceptíveis ao fogo variaram numa faixa espectral de NDVI de 0,39 a 0,61. Quanto à
validação desses dados encontrados, o mapeamento alcançou valores médios relevantes de
eficácia de detecção (48,92%) e de erro de omissão local (51,08%) para as áreas de queima.
Em relação à capacidade de regeneração vegetal, esta somente ocorreu em uma escala
bimensal atrelada a uma precipitação crítica de 50,55 mm.
PALAVRAS-CHAVE: Focos de calor, índices pluviométricos, sensoriamento remoto.
SPECTRAL MAPPING ALGORITHM FOR BURNING SCARS IN CAATINGA
THROUGH MODIS AND OLI ORBITAL DATA
ABSTRACT: The Sertão Pernambucano mesoregion has climatic conditions that directly
affect agricultural production, as it has a hot, dry climate with irregular rainfall. Due to these
characteristics, the region’s predominant biome, the Caatinga, becomes more vulnerable
to burning. With the premise of mapping and monitoring the incidence of hot spots in this
mesoregion during the period of eight years (2010 - 2017), this article aimed to characterize
the profile of scars from burning and to accompany the process of natural regeneration of the
plant surface along the over time. Based on the results originated by the “ENVI” and “WEKA”
software - through the joint digital processing of satellite images (MCD64A1, MOD13A3
and LANDSAT 8/OLI products), local monthly precipitation data and vector files of heat -, a
correlation of 0.792 was found between these data indicating that the areas susceptible to fire
varied in a spectral range of NDVI from 0.39 to 0.61. As for the validation of these data, the
mapping reached relevant average values of detection efficiency (48.92%) and local omission
error (51.08%) for the burning areas. Regarding the plant regeneration capacity, this only
occurred on a bimonthly scale linked to a critical rainfall of 50.55 mm.
KEYWORDS: Heat sources, rainfall indexes, remote sensing.
1 | INTRODUÇÃO
A mesorregião do Sertão Pernambucano está inserida em uma região com
predominância do bioma Caatinga. Este tipo de vegetação caracteriza-se por representar
o clima Semiárido: quente, seco e de regime pluvial irregular. Devido a essas condições
meteorológicas e climáticas, essa região torna-se mais suscetível à ocorrência de
queimadas, principalmente, nos períodos anuais onde são observados os menores índices
pluviométricos.
Silva & Baptista e Sousa et al. (2015) relataram que através de ferramentas de
geoprocessamento, como a mineração de dados e o Sensoriamento Remoto, é possível
analisar diretamente o grau de degradação ambiental e os efeitos posteriores causados
por queimadas. Pois, estes são capazes de fornecer informações espaço-temporais que
possibilitam a caracterização dos efeitos ecológicos, climáticos e químicos da atmosfera
gerados por tal evento (FERNANDES et al., 2016).
Portanto, o objetivo do artigo foi identificar a área efetivamente afetada pelo fogo
e acompanhar o processo de regeneração natural da superfície vegetal tomando como
referência os padrões com que as cicatrizes das queimadas ocorreram no campo e a
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 25
214
influência da precipitação local sob tal processo, a partir da análise espectral de dados
orbitais de baixa e alta resolução geométrica simultaneamente.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
A mesorregião do Sertão Pernambucano encontra-se localizada entre as
coordenadas geográficas 37°42’30” O a 40°43’30” O e 7°32’30” S a 9°3’0” S , onde
representa aproximadamente 39% da área total do estado (38.477 km2), com uma
população estimada de 1.039.733 de habitantes.
FIGURA 1. Localização Espacial da mesorregião do Sertão Pernambucano em uma imagem
MOD13A3 do mês de outubro de 2012.
Para a identificação do período mensal mais seco do ano (aquele que apresentaria
um maior potencial para eventos de queimadas), foram utilizados dados de precipitação
mensal da série temporal de 2010 a 2017, de dez municípios distribuídos espacialmente na
mesorregião do Sertão Pernambucano.
Após essa classificação climatológica, foram utilizados os seguintes dados para a
análise e monitoramento das áreas de queimadas: Imagens do produto MCD64A1 (GIGLIO
et al., 2018); Arquivos vetoriais relacionados à ocorrência de focos de calor disponibilizados
pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE); Imagens do produto MOD13A3 (DIDAN et al.,
2015); e Imagens LANDSAT 8/OLI (SCHROEDER et al., 2016; ZHU et al., 2017; GIGLIO
et al., 2018).
As imagens referentes aos meses mais secos da série temporal estudada foram
analisadas levando-se em consideração os seguintes parâmetros: Quantidade mensal de
focos de calor e de área queimada, menor presença de nuvens e o comportamento da
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 25
215
vegetação antes, durante e após a ocorrência do fogo mensalmente. O processamento
digital das imagens de satélite e dos arquivos vetoriais foi realizado no software ENVI
(Environment for Visualizing Images) – versão 4.2.
Para caracterização espectral das áreas susceptíveis à queima, foi utilizado o
algoritmo de classificação “REPTree” (lotado dentro do software de mineração de dados
– Waikato Environment for Knowledge Analysis – versão 3.9.2) na busca de padrões nos
pixels correspondentes às áreas de queima considerando as informações do índice NDVI
e da precipitação ocorrida no local (SOUSA et al., 2015).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Baseando-se na metodologia proposta por Xavier & Xavier (1999), foi executada a
técnica de Quantis numa série de dados de 30 anos (1985 – 2015) de valores médios de
precipitação anual observados em três municípios (Arcoverde, Ouricuri e Triunfo) para,
posteriormente, aplicá-la nos dados apresentados na Tabela 1.
Tais valores foram divididos em períodos “SECOS” (aqueles em que os totais de
precipitação foram menores ou iguais a frequência acumulada de ocorrência de 25% intervalo de valores inferiores ou iguais a 543,3 mm), “NORMAIS” (com probabilidade maior
que 25% e inferior a 75% - superiores a 543,3 mm e inferiores a 855,4 mm), e “CHUVOSOS”
(com probabilidade igual ou maior que 75% - iguais ou superiores a 855,4 mm).
Ano
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
PMA (mm)
1031,8
1007,2
327,2
641,1
668,1
593,7
434,7
430,3
Classe
C
C
S
N
N
N
S
S
Onde: PMA – Precipitação Média Anual, “C” – Ano chuvoso, “N” – Ano normal, “S” – Ano seco.
TABELA 1. Classificação a partir da técnica de Quantis da série temporal de 2010 a 2017.
Delimitações probabilísticas de valores semelhantes aos presentes na Tabela 1,
foram encontrados também por Monteiro et al. (2012) quando analisaram durante o mesmo
intervalo de tempo (30 anos – 1980 a 2009), a região do baixo curso do Rio Apodi localizado
no município de Mossoró/RN, também com clima semiárido.
Após essa análise climática, foi avaliada a associação dos pontos de calor (vetores)
com a área queimada nas imagens MCD64A1. A Figura 2 apresenta a imagem MCD64A1
do mês de novembro de 2011, onde em destaque pode-se notar os pixels que representam
potencial de pertencerem a uma área queimada no campo (em branco), se coincidirem com
a posição dos focos de calor (em vermelho).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 25
216
FIGURA 2. Imagem MCD64A1 do mês de novembro de 2011, apresentando em branco (áreas
com potencial de pertencerem a áreas de queimadas), e em vermelho (focos de calor ocorridos
no mês de novembro de 2011).
Objetivou-se utilizar os vetores dos meses que apresentaram maior incidência de
focos de calor, afim de que fossem alcançadas com facilidade maiores áreas de queimadas,
propiciando assim, uma melhor análise dos índices de NDVI através das imagens MOD13A3.
A Figura 3 apresenta a relação de capacidade de regeneração da vegetação afetada
pelo fogo ligada à influência da precipitação ocorrida no local e ao ano de ocorrência desses
focos de calor, gerada a partir do processamento digital dos dados orbitais desse produto
MODIS relacionados a essas áreas afetadas pelo fogo:
FIGURA 3. Análise dos Índices médios mensais NDVI (A) e pluviométrico (B) para os
municípios analisados antes, durante e após a ocorrência dos focos de calor.
Onde PMM – Precipitação Média Mensal (mm).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 25
217
De acordo com a Figura 3, somente o ano chuvoso de 2010 e os anos normais
(2014 e 2015) exibiram um comportamento espectral de expressiva progressão no índice
NDVI após o processo de queima, devido à precipitação considerável ocorrida no local.
Dito isso, foi observado que a precipitação é um fator importante que é capaz de influenciar
diretamente, em uma escala bimensal, no processo de regeneração da vegetação na área
analisada pelo estudo (PINHEIRO et al., 2017).
Através da análise desses dados no software WEKA, foi diagnosticada uma
correlação de (0,792) através do cruzamento dos dados do índice NDVI de queima com
o índice posterior a ela e o processo de regeneração vegetal. Os valores encontrados no
índice NDVI desses pixels pertencentes às áreas de queimadas variaram entre 0,39 e 0,61.
Lourenço et al. (2017) classificaram áreas de Caatinga natural através de imagens
LANDSAT 5/TM e observaram valores que variaram de 0,13 a 0,67. Tal estudo comprovou
que o produto MOD13A3 pode ter superestimado alguns valores de NDVI dentro da série
temporal analisada nesse estudo, devido a sua limitação quanto à resolução geométrica
(1 km).
Em contra partida, foi possível identificar que essas áreas só terão a capacidade
de regeneração ao longo do tempo se estiverem em uma faixa de valores entre 0,39 e
0,45, pois, acima disso, o índice NDVI apresentou uma regressão espectral após a
queimada (Figura 4A). Em relação ao processo de recuperação e/ou regeneração natural
da vegetação local após o evento de queimada (Figura 4B), foi expressa uma correlação
expressiva com a precipitação após o evento de queimada (C = 0,8797), indicando que
a regeneração dessas áreas somente ocorrerá se um valor mínimo de NDVI de 0,41 e a
precipitação crítica de 50,55 mm forem alcançados no local.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 25
218
FIGURA 4. Árvores de Decisão: Análises do índice NDVI mensal de queima e da capacidade
de regeneração vegetal (itens A e B, respectivamente).
A Figura 5 expressa a fase da validação desse mapeamento das áreas queimadas
que se refere ao comparativo quanto à eficiência espacial apresentada pelo algoritmo
MODIS em relação às imagens de referência LANDSAT 8/OLI em quatro anos específicos:
2013, 2015, 2016 e 2017 (municípios de Inajá, Triunfo, Flores e Itapetim, respectivamente).
Estes anos foram escolhidos entre os demais, devido às limitações temporais (escassez
de imagens no banco de dados de origem) e visuais (alta presença de nuvens e ruídos)
encontradas em alguns dados orbitais durante o estudo.
FIGURA 5. Representação espacial das áreas queimadas para os municípios de Inajá
(2013), Triunfo (2015), Flores (2016), e Itapetim (2017): Comparação em relação à resolução
geométrica das imagens LANDSAT 8/OLI (itens A, C, E e G) e MODIS (itens B, D, F e H).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 25
219
Através desses dados, foi possível perceber que o produto MCD64A1 apresentou
maior precisão espacial à medida que as áreas de queima aumentaram de dimensão
territorial (RUIZ et al., 2014; RAMO & CHUVIECO, 2017). Fato este, que é justificado na
Tabela 2, onde os altos erros de omissão local (79,99% e 75%) somente se sucederam
no município de Inajá no ano de 2013, pois, pôde-se perceber que este produto MODIS
não é capaz de identificar com exatidão a progressão espaço-temporal de queimadas que
apresentem dimensão territorial aproximadamente inferior a sua resolução espacial: 21,5
ha (ZHU et al., 2017; GIGLIO et al., 2018). Nos demais casos, essa situação se inverteu
consideravelmente.
AQ
(MODIS)
AQ
(LANDSAT)
DFD
(MODIS)
(ha)
DO (Focos
de calor /
INPE)
(ha)
Inajá
Inajá
21,5
107,3
21,5
85,9
Triunfo
386,4
493,7
30/11/2015
-
07/12/2015
78,26
21,74
Flores
214,7
364,9
11/10/2016
1
22/10/2016
58,83
41,17
Itapetim
107,3
171,7
01/11/2017
-
19/11/2017
62,51
37,49
Município
ED
EOL
(Dias)
DO
(LANDSAT
8 / OLI)
(%)
(%)
19/11/2013
4
10/12/2013
20,01
79,99
24/11/2013
2
10/12/2013
25,00
75,00
Onde: AQ – Área Queimada, ha – Hectares, DO – Data de Obtenção, DFD – Defasagem de
dias, ED – Eficácia de Detecção, EOL – Erro de Omissão Local.
TABELA 2. Eficácia de detecção de áreas queimadas pelo algoritmo gerado através das
imagens MCD64A1 em comparação às imagens LANDSAT 8/OLI.
4 | CONCLUSÕES
O algoritmo gerado foi capaz de caracterizar o comportamento da vegetação em
eventos de queimada para a área em estudo, com eficácia de detecção de 48,92% e erro
de omissão local de 51,08% (ambos, valores médios).
Foi observado também que a influência da precipitação só ocorre com um intervalo
superior a um ou dois meses e que o produto MOD13A3 demonstrou uma pequena limitação
operacional quanto à análise espectral das áreas de queima, provavelmente devido a sua
baixa resolução espacial e ao fato de que cerca de 80% dos dados obtidos nesse estudo
terem sido de anos chuvosos, tornando assim a presença de nuvens mais evidente.
Esse percentual elevado também revelou que a influência antrópica atuou
diretamente na geração de tal processo de degradação ambiental.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à UFRPE e ao CNPq (Processo 148852/2018-1) pelos
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 25
220
incentivos à pesquisa que viabilizaram a execução desse trabalho.
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Capítulo 25
221
CAPÍTULO 26
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA: QUALIDADE
DO PROCESSO EM TRÊS VELOCIDADES
OPERACIONAIS
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 02/02/2021
Thiago Orlando Costa Barboza
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
UFTM
Iturama - Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/7295109791233637
Rodrigo Silva Alves
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
UFTM
Iturama – Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/8537823221681736
Layane Aparecida Mendes dos Santos
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
UFTM
Iturama – Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/6640421337759746
Victor Augusto da Costa Escarela
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Iturama – Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/751272904241435
Pedro Henrique Silva Guimarães Cruz
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
UFTM
Iturama – Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/4956732283666113
Carlos Alessandro Chioderoli
Engenheiro Agrônomo, professor doutor
Mecanização Agrícola, Universidade Federal do
Triângulo Mineiro – UFTM
Iturama – Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/0616781392067509
RESUMO: Com a alta demanda da produção de
cana-de-açúcar associada as novas tecnologias
em máquinas, é indispensável o estudo das
máquinas em seu ambiente de trabalho visando
aumentar a produtividade e diminuir as perdas
nas lavouras de cana-de-açúcar, associando
com isso melhores velocidades operacionais.
Diante disso, o intuito desse trabalho foi avaliar
a variável perdas: lasca, pedaço solto e rebolo
repicado em kg ha-1, em função de diferentes
velocidades operacionais. O trabalho foi
desenvolvido em área agrícola localizada no
município de União de Minas – MG, no mês de
outubro, em solo de textura argilosa, cultivar CTC
4, em canavial de primeiro corte. Para classificar
as perdas foram adotados os parâmetros: lasca,
pedaço solto e rebolo repicado. O controle
estatístico de processo (CEP) é eficiente no
processo de gerenciamento de colheita, sendo
que a variável rebolo repicado foi a responsável
por demonstrar os maiores valores de perdas
em Kg ha-1 , sendo a velocidade de 2 km h-1 a
que proporcionou menores valores de perdas na
colheita mecanizada.
PALAVRAS-CHAVE:
Cana-de-açúcar,
colhedora, controle estatístico.
MECHANIZED HARVEST LOSSES:
QUALITY OF THE PROCESS AT THREE
OPERATIONAL SPEEDS
ABSTRACT: With the high demand for sugarcane
production associated with new technologies in
machines, it is essential to study the machines
in your work environment in order to increase
productivity and reduce losses in sugarcane
crops, thereby associating them better operating
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 26
222
speeds. In view of this, the purpose of this work was to evaluate the losses variable: splinter,
loose piece and grinding wheel in kg ha-1, according to different operational speeds. The work
was carried out in an agricultural area located in the municipality of União de Minas - MG, in
October, in clayey soil, cultivar CTC 4, in the first cut cane field. In order to classify the losses,
the following parameters were used: chip, loose piece and peaked wheel. Statistical process
control (CEP) is efficient in the harvest management process, and the peaked grinding
variable was responsible for showing the highest losses in Kg ha-1, with the speed of 2 km
h-1 at which provided lower losses in mechanized harvesting.
KEYWORDS: Sugarcane, harvester, statistical control.
1 | INTRODUÇÃO
O Brasil é um país que boa parte de sua economia é em função dos sistemas
agrícolas e pecuários, obtendo benefícios ao país. A safra de cana-de-açúcar no Brasil
será superior em relação à safra passada devido as condições climáticas das regiões em
que houve aumento das chuvas trazendo benefícios as lavouras. A estimativa realizada
relata que a produção pode chegar a 75.783 kg ha-1 (CONAB, 2020). Conforme a
chegada da modernização, as máquinas tomaram conta do campo substituindo o lugar
de trabalhadores devido a sua grande capacidade operacional, porém, mesmo com
tantas tecnologias, softwares, a regulagem incorreta pode ocasionar futuros problemas no
custo de manutenção das colhedoras, bem como perdas de cana-de-açúcar no processo
mecanizado de colheita. Para realização de uma boa colheita com melhor qualidade de
soqueira e menores perdas é necessário que se estabeleça velocidade operacional. De
acordo com Ripoli et al. (2001) notaram que a velocidade de 5,39 km h-1 é ideal para o
processo de colheita, reduzindo gastos e aumentando a eficiência da colhedora. Após o
processo de colheita, nota-se a campo as perdas visíveis que em função da má regulagem
da máquina bem como a velocidade operacional incorreta. Segundo Neves et al. (2006),
as perdas visíveis podem ser classificadas como: lasca, pedaço solto, rebolo repicado que
são em respostas da altura do corte basal. O controle estatístico de processo (CEP) são
técnicas estatísticas que auxiliam no processo de gerenciamento da colheita mecanizada,
visualizando erros oportunos e a possibilidade de identificação e correção do processo. O
objetivo desse trabalho foi avaliar a variável perdas: lasca, pedaço solto e rebolo repicado
em kg ha-1, em função de três velocidades operacionais.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido em área agrícola do município de União de Minas,
MG, no mês de outubro, em solo com textura argilosa. A cultivar de cana utilizada foi CTC
4, sob preparo de cultivo mínimo. Para a colheita da cana-de-açúcar foi utilizada uma
colhedora da marca Case IH- série A8000 com esteiras, com 260 kW de potência no motor
a 2.100 rpm, configurada com extrator primário com diâmetro do ventilador de 1.280 mm,
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 26
223
rotação de 600 a 1.110 rpm, apresenta peso total de 15.000 kg. Após a colheita foram
amostrados 60 pontos amostrais em três velocidades operacionais da colhedora (2 Km
h-1, 3 Km h-1 e 4 Km h-1), na rotação de 1100 RPM, onde foram quantificadas as perdas por
unidades amostrais com grandeza de 13 m2. As variáveis que foram determinadas as perdas
são: lasca, pedaço solto, rebolo repicado (REIS, 2009). A coleta das perdas em função
das diferentes velocidades da colhedora enfatiza a relevância da correta configuração
operacional da colhedora, a fim de reduzir o custo energético, bem como a redução das
perdas no campo. A posteriori, os diferentes tipos de perdas foram separados e pesados
em condição de campo. Assim sendo, os dados foram extrapolados por meio do software
estatístico Minitab, de modo a estabelecer as perdas referentes a operação de colheita da
cultura da cana-de-açúcar em três configurações de velocidade de operação da colhedora.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a elaboração das cartas de controle podemos analisar na variável rebolo
repicado (Figura 1), que nas diferentes velocidades os processos se mantiveram sob
controle. Na velocidade de 4 km h-1 o processo se mostrou com grande variabilidade
podendo ser notado pelas distâncias entre o limite superior de controle e limite inferior de
controle (LSC e LIC). Nota-se também que analisando a carta de amplitude na velocidade
de 2 km h-1 houve uma menor perda devido a atenção do operador, sendo que nesses
processos pode ocorrer perdas devido a desatenção do operador. Resultados semelhantes
foram observados por NORONHA et al. (2011) em que no período diurno houve menores
perdas de rebolo repicado devido a maior atenção do operador da colhedora, assim como
do operador do conjunto trator-transbordo. Com isso, podemos dizer que esta variável
analisada foi a que apresentou maiores perdas, sendo que em maiores velocidades pode
ter ocorrido a falta de atenção do operador, bem como, regulagens incorretas da máquina
ou fatores ambientais.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 26
224
2 km h^-1
3 km h^-1
4 km h^-1
4
LSC= 3.970
Kg ha^-1
3
_
X= 1.815
2
1
LIC= 0
0
1
7
13
19
25
31
37
43
49
55
O bse rvação
3
Amplitude Móvel
LSC= 2.648
2
__
AM = 0.811
1
LIC= 0
0
1
7
13
19
25
31
37
43
49
55
O bse rvação
FIGURA 1. Perdas por rebolo repicado em kg ha -1; Limite superior de controle (LSC); Limite
inferior de controle (LIC); média (X).
Na variável analisada pedaço solto (Figura 2), observamos que a carta não se
manteve estável uma vez que na velocidade de 2 km h-1 houve um ponto fora do limite
superior de controle, sendo apenas um ponto fora de controle pode-se considerar como
um valor discrepante devido a alguma intervenção no momento da análise em campo. No
entanto, quando analisamos a velocidade de 4 km h-1 houve uma menor amplitude entre o
limite superior e o limite inferior se mostrando mais estável nesta velocidade. Essa perda
está relacionada com o extrator primário uma vez que na velocidade inadequada esses
pedaços são lançados para fora do extrator. De acordo com Noronha et al. (2011), ao
observar pedaço solto em seus trabalhos comenta que este tipo de perda está relacionada
com o extrator primário, apontando que, quando a velocidade está muito elevada, o
rebolo repicado é sugado juntamente com a palhada e terra, sendo arremessado fora dos
limites dos transbordos como matéria estranha, em que o mesmo é semelhante ao rebolo
estilhaçado.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 26
225
3 km h^-1
2 km h^ - 1
4 km h^-1
2 ,0
Kg ha^-1
1,5
LSC= 1.213
1,0
_
X= 0.402
0 ,5
0 ,0
LIC= 0
1
7
13
19
25
31
37
43
49
55
O bs e rvação
Amplitude Móvel
2 ,0
1,5
1,0
LSC= 0.995
0 ,5
__
AM = 0.305
0 ,0
LIC= 0
1
7
13
19
25
31
37
43
49
55
O bs e rvação
FIGURA 2. Perdas por pedaço solto em kg ha-1, Limite superior de controle (LSC); Limite
inferior de controle (LIC); média (X).
Quando analisamos a variável lasca (Figura 3) na carta de controle que está
associado a velocidade do extrator de 1.100 rpm, podemos notar que nas diferentes
velocidadesa de 2 km h-1 e 4 km h-1 o processo se mostrou sob controle obtendo melhores
resultados com médias abaixo das outras variáveis estipulada, porém quando analisamos
a velocidade de 3 km h-1, a mesma está fora de controle. Apesar de haver um ponto fora
do limite superior de controle estabelecido pela carta na velocidade de 2 km h-1, a variável
perda por lasca foi a que apresentou os menores valores em cparação as demais.
2 km h^-1
3 km h^-1
4 km h^-1
Kg ha^-1
1,6
1,2
LSC= 0.986
0 ,8
_
X= 0.493
0 ,4
LIC= 0
0 ,0
1
7
13
19
25
31
37
43
49
55
O bs e rvação
Amplitude Móvel
1,0 0
0 ,75
LSC= 0.606
0 ,5 0
__
AM = 0.186
0 ,2 5
0 ,0 0
LIC= 0
1
7
13
19
25
31
37
43
49
55
O bs e rvação
FIGURA 3. Perdas por lasca em kg ha-1; Limite superior de controle (LSC); Limite inferior de
controle (LIC); média (X).
4 | CONCLUSÃO
A velocidade de 2 km h-1 proporciona menores valores de perdas na colheita
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 26
226
mecanizada de cana-de-açúcar. A variável rebolo repicado é responsável pelos maiores
valores de perdas em kg ha-1.
REFERÊNCIAS
CONAB, safra brasileira de cana-de-açúcar, boletim de cana-de-açúcar, p. 13. Acessado em 13 de
março de 2020, https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/cana.
NEVES, J.L.M.; MAGALHÃES, P.S.G.; MORAES, E.E.; ARAÚJO, F.V.M. Avaliação de perdas
invisíveis na colheita mecanizada em dois fluxos de massa de cana-de-açúcar. Engenharia
Agrícola, v.26, p.787-794, 2006.
NORONHA, R. H. F.; SILVA, R. P.; CHIODEROLI, C. A.; SANTOS, E. P.; CASSIA, M. T. Controle
estatístico aplicado ao processo de colheita mecanizada diurna e noturna de cana-de-açúcar.
Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 70, n. 4, p. 931-938, 2011.
REIS. G.N. Perdas na colheita mecanizada de cana-de-açúcar crua em função do desgaste
das facas do corte de base. Tese em Agronomia – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Jaboticabal. 2009.
RIPOLI, T.C.C.; CARVALHO FILHO, S.M.; MOLINA JÚNIOR, W.F.; RIPOLI, M.L.C. Desempenho
econômico de colhedora em cana crua. Engenharia Rural, Piracicaba, v. 12, p. 1-5, 2001.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 26
227
CAPÍTULO 27
DOI 10.22533/at.ed.00000000000
MICROPROPAGAÇÃO DE GENÓTIPOS DE
GÉRBERA A PARTIR DE FOLHA PECIOLADA
Data de aceite: 03/05/2021
Data de submissão: 27/01/2021
Tarcisio Rangel do Couto
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica – RJ
http://lattes.cnpq.br/1513281634608183
João Sebastião de Paula Araujo
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica – RJ
http://lattes.cnpq.br/4668715535047425
RESUMO: A gérbera (Gerbera jamesonii),
pertencente à família Asteraceae, é considerada
uma das flores de corte mais populares do
mundo, devido a diversidade de cores e formas
das flores. O método de propagação vegetativa
in vivo é feito pelo uso de estacas de rizoma, no
entanto, a multiplicação por meio deste método
é muito lenta para ser comercialmente viável.
A propagação vegetativa in vitro é comumente
usada para obtenção de novas mudas de
forma mais rápida e em larga escala. O objetivo
deste trabalho foi estabelecer um protocolo
de micropropagação de genótipos de gérbera.
Para a fase de estabelecimento in vitro foi
utilizado o meio MS e após 30 dias foi avaliada
a resposta morfogênica dos explantes. Na fase
de multiplicação foi montado o experimento em
DIC em fatorial 7x3x3, sendo os tratamentos
constituídos por sete genótipos de gérbera, três
concentrações de BAP - 6-benzilaminopurina
(2,22; 4,44 e 8,88 μmol L-1) e três concentrações
de ANA - ácido 1-naftalenoacético (0,0; 2,68
e 5,37 μmol L-1) com quatro repetições. Após
oito subcultivos (30 dias para cada), foi feita a
avaliação do número de brotações por explante.
Sete genótipos de gérbera pertencentes ao banco
de germoplasma da UFRRJ foram estabelecidos
in vitro utilizando folhas com pecíolo como
explante inicial. Na fase de multiplicação, a
combinação 8,88 μmol L-1 de BAP + 5,36 μmol
L-1 de ANA foi a mais eficiente para produção de
brotações para todos os genótipos.
PALAVRAS-CHAVE: Gerbera jamesonii Bolus
Ex. Hook, cultura de tecidos vegetais, propagação
vegetativa in vitro.
GERBERA GENOTYPES
MICROPROPAGATION FROM LEAF
PETIOLE
ABSTRACT: Gerbera (Gerbera jamesonii),
belonging to the Asteraceae family, is considered
one of the most popular cut flowers in the world,
due to the diversity of colors and shapes of
flowers. The vegetative method propagation
in vivo is done by the use of rhizome cuttings,
however, multiplication by this method is too slow
to be commercially viable. Vegetative in vitro
propagation is commonly used to obtain new
seedlings more quickly and on a large scale. The
objective of this work was to establish a gerbera
genotypes micropropagation protocol. For the in
vitro establishment, the MS medium was used
and after 30 days the morphogenic response
explants was evaluated. In the multiplication, the
experiment was set up in DIC factorial 7x3x3,
with the treatments consisting of seven gerbera
genotypes, three BAP - 6-benzylaminopurine
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
228
concentrations (2,22; 4,44 and 8,88 μmol L-1) and three ANA - 1-naphthaleneacetic acid
concentrations (0,0; 2,68 and 5,37 μmol L-1) with four repetitions. After eight subcultures (30
days for each), the number of shoots per explant was evaluated. Seven genotypes belonging
to the germplasm bank of UFRRJ were established in vitro using leaves with petiole as the
initial explant. In the multiplication, the combination 8,88 μmol L-1 BAP + 5,36 μmol L-1 ANA
was the most efficient for shoots production for all genotypes.
KEYWORDS: Gerbera jamesonii Bolus Ex. Hook, plant tissue culture, in vitro vegetative
propagation.
1 | INTRODUÇÃO
A gérbera é uma planta herbácea, pertencente à família Asteraceae e originária da
África do Sul. As folhas têm formato em roseta e das gemas axilares na base do pecíolo de
algumas delas evoluem os brotos florais que desenvolvem pedúnculos com inflorescência
terminal em capítulo. Nos últimos anos, houve um crescente interesse pelos tipos de
corte, pois suas flores mostram boa durabilidade e uma variação de cores que satisfaz os
mercados mais exigentes (INFOAGRO, 2018).
Rosa, alaranjada, branca, amarela e vermelha são as cores em ordem de preferência,
e a crescente tendência na diversidade é apresentada em mais de 300 variedades que
são lançadas a cada ano. Em função da variedade de cores, evidencia-se como cultura
de elevado valor comercial, tanto para o mercado interno quanto para a exportação, com
destaque nos principais centros de comercialização (REN et al., 2018).
Existem dois métodos para a propagação da gérbera: sexual e vegetativo. Por ser
uma espécie de polinização cruzada, a propagação via semente não é muito interessante
comercialmente, pelo fato de haver segregação na progênie o que torna a produção desta
pouco interessante dada à variação produzida. Por isso, o emprego da micropropagação
tem sido crescente para essa espécie, tornando-se uma alternativa bastante viável para
sua propagação assexual. O método mais indicado para o estabelecimento inicial da
cultura é o que emprega ápice meristemático. Entretanto, ele demanda um grande número
de plantas adultas, que são destruídas para o fornecimento de explantes iniciais (KUMARI
et al., 2018; PAWŁOWSKA et al., 2018). Dessa forma, a utilização de explantes como folhas
com pecíolo, representa uma alternativa de propagação vegetativa in vitro de gérbera.
A micropropagação exige um meio individual e otimizado e condições adequadas
de incubação, e tem permitido que a produção em escala comercial de gérbera seja feita
de forma planejada, o que permite ao produtor atender ao mercado durante praticamente
o ano inteiro. A cultura de tecidos vegetais auxilia também os programas de melhoramento
genético, o manejo, o intercâmbio e a conservação de germoplasma. Logo, a introdução
de técnicas biotecnológicas, como a propagação vegetativa in vitro, com potencial
para multiplicar genótipos superiores de forma rápida, mostra-se vantajosa e tem sido
dispensada grande atenção as pesquisas nesta área. Diversos estudos relacionados à
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
229
micropropagação dessa espécie vêm sendo realizados com a utilização de vários tipos de
fitorreguladores (auxinas, citocininas e ácido giberélico) e também o uso de diferentes tipos
de explantes (JUNGHANS; SOUZA, 2013; CARDOSO; SILVA, 2013).
Considerando a grande quantidade de cores e formas das flores de gérbera, além
do fato de serem plantas de elevado valor comercial, ações que envolvam a multiplicação
dessa espécie via propagação vegetativa e o conhecimento dos níveis de variabilidade
genética são imprescindíveis para delinear estratégias que visem à conservação em
coleções de germoplasma e o manejo sustentado, estabelecendo, com isso, as bases para
se iniciar um melhoramento genético de gérbera na UFRRJ.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi estabelecer um protocolo de
micropropagação de genótipos de gérbera usando folhas com pecíolo como explante inicial.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
As diferentes etapas dos experimentos foram realizadas no Laboratório de Cultura
de Tecidos Vegetais (LCTV), no Departamento de Fitotecnia, Instituto de Agronomia da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Seropédica, RJ.
O material vegetal utilizado como explante foi obtido de sete plantas matrizes de
genótipos de gérbera (‘Pacific’, ‘Igloo’, ‘Igor’, ‘Mephisto’, ‘Kozak’, gérbera amarela - “GA”,
gérbera rosa - “GR”, gérbera laranja - “GL”) mantidas em casa de vegetação no Setor de
Horticultura da UFRRJ.
Foram selecionadas, de plantas adultas, folhas jovens com pecíolo com tamanho
de aproximadamente 5 a 9 cm e com aparência saudável, sem manchas e sem sinais de
pragas e doenças (Figura 1). De todos os genótipos utilizados foram extraídas folhas de 15
plantas diferentes (repetições), e quatro folhas/planta, sendo 60 explantes por genótipo e
total de 840 explantes.
Após serem retiradas, as folhas foram colocadas em frasco com água e levadas ao
laboratório, em seguida, lavadas em água corrente, imersas em solução com detergente
neutro por 10 minutos sob agitação, enxaguadas em água corrente. Posteriormente, foram
transferidas para câmara de fluxo laminar e submetidas à desinfestação com álcool 70% por
1 minuto, seguido por hipoclorito de sódio comercial (Qboa®) a 0,75% e 3 gotas de Tween®
20 por 15 minutos, enxaguadas uma vez em água destilada autoclavada, submergidas
em solução de Virkon® a 0,50% por 10 minutos e quatro enxagues em água destilada
autoclavada nos tempos de 5, 5, 10 e 10 minutos.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
230
Figura 1. Explante folha peciolada utilizado no estabelecimento in vitro de sete genótipos de
gérbera.
Os explantes foram inoculados em frasco de vidro (120 x 25 mm) contendo 15
mL meio de cultura constituído pela formulação salina de MS e as vitaminas de White
(MURASHIGE e SKOOG, 1962) (Phytotecnology Laboratories®), 30 g L-1 de sacarose P.A
(Isofar®), na consistência sólida com 7,5 g L-1 de Agar (Vetec®), e o pH ajustado para 5,8
antes da adição do ágar e autoclavagem por 15 minutos a 1,0 atm. e 121 ºC.
Os frascos foram transferidos para sala de crescimento com fotoperíodo de 16:8
(luz:escuro), irradiância de 35 μmol m-2 s-1 fornecida por lâmpadas (OSRAM®, luz do dia). A
temperatura e umidade foi averiguada por um termoigrômetro (Instrutherm®). A temperatura
média foi de 25,60 oC e a umidade relativa média foi 61,83%. Após 30 dias foi feita a
avaliação da resposta morfogênica e a porcentagem de contaminação.
Após a fase de estabelecimento in vitro, iniciou-se a fase de multiplicação. Nesta
fase, foi montado o experimento em delineamento inteiramente casualizado em fatorial
7x3x3, sendo os tratamentos constituídos por sete genótipos de gérbera (‘Pacific’, ‘Igloo’,
‘Igor’, ‘Mephisto’, GA, GR, GL), três concentrações de BAP - 6-benzilaminopurina (2,22;
4,44 e 8,88 μmol L-1) e três concentrações de ANA - ácido 1-naftalenoacético (0,0; 2,68 e
5,37 μmol L-1) com quatro repetições. Cada parcela foi constituída por um frasco de vidro
(90 x 70 mm) com 30 mL de meio de cultura e contendo um explante.
O meio de cultura utilizado foi constituído pela formulação salina de MS e as vitaminas
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
231
de White (MURASHIGE e SKOOG, 1962) (Phytotecnology Laboratories®), 30 g L-1 de
sacarose P.A (Isofar®), suplementado com as diferentes combinações dos fitorreguladores
propostos, na consistência sólida com 7,5 g L-1 de Agar (Vetec®), e o pH ajustado para 5,8
antes da adição do ágar e autoclavagem por 15 minutos a 1,0 atm. e 121 ºC.
Os subcultivos foram realizados a cada 30 dias e em cada subcultivo as “massas”
de brotações foram separadas com auxílio de bisturi e transferidas, de acordo com a
quantidade produzida, para outros frascos de vidro (65 x 125 mm) com 40 mL de meio de
cultura conforme o tratamento. A cada subcultivo foi trocado o frasco de vidro com um meio
de cultura novo, mantendo a mesma composição e os tratamentos propostos.
Objetivando favorecer o desenvolvimento de brotações, em cada subcultivo foi
realizada a quebra da dominância apical das brotações. Este procedimento foi feito por
meio da inserção da lâmina do bisturi no centro da brotação para a destruir o meristema
apical. Para os calos, em cada subcultivo, estes foram transferidos de um frasco para outro.
Durante a fase de multiplicação os frascos foram mantidos em sala de crescimento nas
mesmas condições anteriores. Após oito subcultivos foram avaliados o número de brotações
formadas (taxa de multiplicação) de cada genótipo e a porcentagem de contaminação.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, averiguando-se a
normalidade pelo teste de Lilliefors e a homogeneidade pelo teste Shapiro-Wilk. Não
havendo restrições e quando verificada a significância nas interações ou nos fatores, foi
aplicado o teste de média de Tukey, adotando-se 5% de probabilidade. Foi utilizado o
software Sisvar® para as análises estatísticas e o programa Excel 2013 para elaboração
dos gráficos.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após 30 dias de estabelecimento in vitro, os genótipos de gérbera apresentaram alta
taxa de sobrevivência (acima de 85%).
Embora alguns genótipos tenham apresentado contaminações, o protocolo de
desinfestação utilizado neste trabalho foi o mais eficiente quando comparado a experimentos
executados anteriormente, em que variou-se o tipo de explante (capítulo floral jovem,
capítulo floral aberto, meristema apical de brotação) e desinfetante (dióxido de cloro, água
oxigenada e hipoclorito de cálcio) (dados não mostrados).
Os explantes que apresentaram resposta morfogênica em todos os genótipos foram
transferidos para meio de multiplicação (figura 2).
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
232
Figura 2. Explante folha peciolada com resposta morfogênica após 30 dias de estabelecimento
in vitro de sete genótipos de gérbera.
Os subcultivos foram realizados num período padrão a cada 30 dias, segundo
Murashige et al. (1974). Tais autores confirmaram que um período de cultivo in vitro de
plantas de gérbera superior a nove semanas pode resultar na deterioração dos tecidos
vegetais.
A tabela 1 mostra a ANOVA para o número de brotações obtidas após oito subcultivos
dos genótipos de gérbera nas diferentes combinações de BAP e ANA.
Fontes de Variação
GL
SQ
QM
Genótipo (GEN)
6
234994,325397
39165,720899*
BAP
2
843277,071429
421638,535714*
ANA
2
218829,309524
109414,654762*
GEN x BAP
12
94740,650794
7895,054233*
GEN x ANA
12
146425,579365
12202,131614*
BAP x ANA
4
767570,976190
191892,744048*
GEN x BAP x ANA
24
472264,301587
19677,679233*
Erro
189
15040,750000
79,580688
Total
251
2793142,964286
CV (%)
9,77
Média Geral
91,32
*Significativo pelo teste F (P≤0,05); SQ – Soma de quadrados; QM – Quadrado médio.
Tabela 1. Análise de variância para a número de brotações obtidas após oito subcultivos (fase
de multiplicação) de sete genótipos de gérbera.
De acordo com a análise de variância (Tabela 1) após oito subcultivos (fase de
multiplicação in vitro) foi possível observar diferença significativas entre os genótipos de
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
233
gérbera e as diferentes concentrações dos fitorreguladores BAP e ANA. Ao se analisar o
fator genótipo (GEN), BAP e ANA, constatou-se diferença significativa.
O genótipo ‘Mephisto’ produziu a maior quantidade média de brotações durante a
fase de multiplicação in vitro, sendo estatisticamente igual a GR e ‘Pacific’. Este resultado
demonstra que os genótipos de gérbera tiveram taxa de multiplicação diferente com a
mesma concentração de fitorregulador (Figura 3).
A concentração de BAP (8,88 μmol L-1) evidenciou a maior média de quantidade de
brotações após oito subcultivos da fase de multiplicação in vitro. Deve-se atentar que nesta
concentração foi produzido mais que o dobro de brotações da concentração 4,44 μmol L-1
de BAP (Figura 3).
Com relação ao fator ANA, observou-se que a concentração 0,0 μmol L-1 exibiu
a maior quantidade média de brotações, ou seja, a ausência de ANA não demonstrou
diminuição da taxa de multiplicação (Figura 3).
160
180
a
120
abc
100
bc
80
c
c
c
60
a
160
ab
40
Número de brotações
Número de brotações
140
20
140
120
100
80
b
60
c
40
20
0
0
PAC
IGL
IGO
MEP
GA
GR
2,22 μmol/L BAP
GL
4,44 μmol/L BAP
8,88 μmol/L BAP
140
a
Número de brotações
120
b
100
80
60
c
40
20
0
0,0 μmol/L ANA
2,68 μmol/L ANA
5,36 μmol/L ANA
Legenda: PAC-‘Pacific’, IGL-‘Igloo’, IGO-‘Igor’, MEP-‘Mephisto’, GA-gérbera amarela, GRgérbera rosa, GL-gérbera laranja. As letras diferem estatisticamente pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
Figura 3. Número de brotações obtidas após oito subcultivos da fase de multiplicação in vitro de
sete genótipos de gérbera em diferentes concentrações de BAP e ANA.
A tabela 2 apresenta o resultado da interação Genótipo x BAP.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
234
Tratamentos
2,22 μmol L-1 BAP
4,44 μmol L-1 BAP
8,88 μmol L-1 BAP
‘Pacific’
38,75 bC
81,25 bB
183,10 cA
‘Igloo’
23,34 cC
44,67 cB
128,50 eA
‘Igor’
47,00 abB
45,75 cB
165,50 dA
‘Mephisto’
52,75 aC
135,17 aB
227,84 bA
GA
21,34 cC
33,00 dB
109,84 fA
GR
48,67 abC
80,25 bB
258,50 aA
GL
26,42 cC
39,42 cdB
126,75 eA
Médias seguidas pelas letras minúsculas na coluna e maiúscula na linha diferem
estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Tabela 2. Resumo da interação Genótipo x BAP para o número de brotações obtidas após oito
subcultivos da fase de multiplicação in vitro de sete genótipos de gérbera.
De acordo com a tabela 2, observou-se diferenças entre os genótipos dentro de
cada concentração de BAP. Na concentração de 2,22 e 4,44 μmol L-1, o genótipo ‘Mephisto’
apresentou o maior número de brotações. Já na concentração de 8,88 μmol L-1 foi o
genótipo GR que produziu a maior quantidade de brotações.
Verificou-se que em todos os genótipos a concentração de 8,88 μmol L-1 de BAP foi
a que proporcionou a maior quantidade de brotações após os oito subcultivos da fase de
multiplicação in vitro. A concentração de 2,22 μmol L-1 de BAP foi a que menos contribuiu
para a produção de brotação dos genótipos.
A tabela 3 apresenta o resultado da interação Genótipo x ANA.
Tratamentos
0,0 μmol L-1 ANA
2,68 μmol L-1 ANA
5,36 μmol L-1 ANA
‘Pacific’
119,25 cA
70,84 abB
113,00 cA
‘Igloo’
91,50 dA
33,42 dC
71,58 eB
‘Igor’
112,67 cA
71,92 aB
73,67 eB
‘Mephisto’
168,25 bB
61,00 bC
186,50 aA
GA
75,58 eA
46,50 cB
42,10 fB
GR
215,67 aA
41,92 cdC
129,84 bB
GL
72,08 eB
35,75 cdC
84,75 dA
Médias seguidas pelas letras minúsculas na coluna e maiúscula na linha diferem
estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Tabela 3. Resumo da interação Genótipo x ANA para o número de brotações obtidas após
oito subcultivos da fase de multiplicação in vitro de sete genótipos de gérbera, Seropédica/RJ,
2018.
De acordo com a tabela 3, observou-se diferenças entre os genótipos dentro de cada
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
235
concentração de ANA. Com ausência de ANA o genótipo GR apresentou o maior número
de brotações. Na concentração de 2,68 μmol L-1, o genótipo ‘Igor’ exibiu a maior quantidade
de brotações e, na concentração de 5,36 μmol L-1, o genótipo ‘Mephisto’ produziu a maior
quantidade de brotações.
Dentro de cada genótipo observou-se resposta diferente aos níveis de ANA. Em
‘Pacific’, ‘Igloo’, ‘Igor’, GA e GR a ausência de ANA proporcionou a maior produção de
brotações após oito subcultivos. Já em ‘Mephisto’ e GL a concentração de 5,36 μmol L-1
produziu a maior quantidade de brotações.
Shabbir et al. (2012) utilizaram folha como explante na micropropagação da gérbera
‘Sunglow’, e também notaram a redução do número de brotações nos tratamentos em que
foram adicionados ANA. Os autores mostraram ainda que o BAP aumentou o número de
brotações, e estimulou a divisão celular, pois ele pode ser necessário para regular a síntese
das proteínas envolvidas na formação do fuso meiótico.
A tabela 4 apresenta o resultado da interação BAP x ANA.
0,0 μmol L-1 ANA
2,68 μmol L-1 ANA
2,22 μmol L BAP
79,96 cA
30,71 bB
0,00 cC
4,44 μmol L-1 BAP
149,42 aA
34,14 bB
13,35 bC
8,88 μmol L-1 BAP
137,03 bB
90,00 aC
287,25 aA
Tratamentos
-1
5,36 μmol L-1 ANA
Médias seguidas pelas letras minúsculas na coluna e maiúscula na linha diferem
estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Tabela 4. Resumo da interação BAP x ANA para o número de brotações obtidas após oito
subcultivos da fase de multiplicação in vitro de sete genótipos de gérbera, Seropédica/RJ,
2018.
De acordo com a tabela 4, observou-se diferenças significativas na produção de
brotações dentro das combinações de BAP e ANA. Na ausência de ANA, a concentração
de 4,44 μmol L-1 de BAP produziu a maior quantidade de brotações. E as concentrações
de 2,68 e 5,36 μmol L-1 de ANA combinadas com 8,88 μmol L-1 de BAP produziram a maior
quantidade de brotações.
Analisando cada concentração de BAP, verificou-se que nas concentrações de 2,22
e 4,44 μmol L-1 a maior produção de brotações foi na ausência de ANA e, na combinação
de 2,22 μmol L-1 BAP + 5,36 μmol L-1 ANA foi observado somente formação de calos. Esta
resposta foi constatada em todos os genótipos estudados (Figura 6). Na combinação de
4,44 μmol L-1 BAP + 5,36 μmol L-1 ANA também foi observado maior formação de calos
do que brotações (Figura 6). E a combinação 8,88 μmol L-1 BAP + 5,36 μmol L-1 ANA
apresentou a maior quantidade de brotações entre todas as combinações.
Vários fatores envolvidos na regeneração de brotações devem ser considerados,
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
236
incluindo o estágio de desenvolvimento das folhas, fitorreguladores no meio de cultura
e relação genótipo dependente (WINARTO; YUFDY, 2017). Existem várias pesquisas
relatando a micropropagação de gérbera, com variação de tipos de explante, porém, poucos
trabalhos relatam o uso da folha junto com pecíolo, como foi feito nas condições desse
trabalho, sendo o mais usual o uso separado da folha e pecíolo, com foco principalmente
para a embriogênese somática.
A
D
B
C
E
Figura 6. Resposta morfogênica de formação de calos na combinação BAP + ANA nos sete
genótipos de gérbera estudados. (A), (B), (C) e (E) Resposta da combinação 4,44 μmol L-1 BAP
+ 5,36 μmol L-1 ANA. (D) Reposta da combinação 2,22 μmol L-1 BAP + 5,36 μmol L-1 ANA.
A organogênese é caracterizada pela produção de uma estrutura unipolar em conexão
vascular com o tecido vascular pré-existente e ocorre com o subsequente desenvolvimento
de um primórdio de gema vegetativa ou raiz (KERBAUY, 2008). Essa expressão pode
acontecer de forma direta ou indireta. No primeiro caso, a partir do explante primário, dá-se
a formação de um órgão ou meristemóide. A forma indireta, por sua vez, ocorre a partir da
desdiferenciação do explante, resultando na formação de calos, que podem ser definidos
como a proliferação de massas de células não diferenciadas, conduzindo à formação de
meristemas morfogenéticos que originam raízes ou brotos (GRATTAPAGLIA; MACHADO,
1998).
A resposta morfogênica obtida com o explante de gérbera utilizado foi a indução
e proliferação de gemas adventícias. Segundo Hasbullah et al. (2008), na região basal
do pecíolo das folhas dessa espécie identifica-se elementos vasculares que contém
células competentes para diferenciação ou desdiferenciação quando ativadas pelos
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
237
fitorreguladores. Neste caso, de acordo com Guerra et al. (2017), dependendo da
concentração do fitorregulador empregado, essas células parenquimáticas próximas
dos feixes vasculares tornam-se meristemáticas e grupos celulares (meristemóides) se
desenvolvem de forma direta, que induz a formação de brotos. Essa resposta foi notada na
maioria dos tratamentos utilizados nesta pesquisa (Figura 7).
No entanto, conforme Guerra et al. (2017), a desdiferenciação das células
parenquimáticas e a organização dos meristemóides também pode ser induzida pelos
fitorreguladores a originar calos, sendo esta a forma indireta constatada em todos
genótipos, dependendo da combinação entre os fitorreguladores BAP e ANA, como descrito
anteriormente.
Rahman et al. (2014) utilizaram em seus estudos capítulo floral jovem, pedúnculo
floral e folha como explantes na micropropagação da gérbera com flor vermelha. Os
autores declararam que o tratamento com 8,88 μmol L-1 de BAP apontou a maior taxa de
multiplicação e que não houve diferença entre os tipos de explantes utilizados. Resultados
dos autores corroboraram com a presente pesquisa na obtenção de calos no tratamento
com auxina, porém é importante destacar que neste estudo foi utilizado folha com pecíolo
como explante.
Figura 7. Resposta morfogênica de indução e proliferação de gemas adventícias no explante
folha peciolada dos sete genótipos de gérbera estudados.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
238
Akter et al (2012), utilizaram em suas pesquisas vários explantes de gérbera
(capítulo floral jovem, pecíolo, pedúnculo floral e folha) para micropropagação. Esses
autores perceberam que todos explantes também formaram calos nos tratamentos com
BAP + ANA (μmol L-1): 2,22 + 2,68; 2,22 + 5,36. Dentre os explantes, relataram a maior taxa
de multiplicação naqueles oriundos de capítulo floral jovem.
Prasad (2014) estabeleceu um protocolo de micropropagação de gérbera via
embriogênese somática a partir de explantes oriundos de pedúnculo floral e folhas. Para
indução de calos, testou diferentes combinações de AIB (ácido indol-butírico), ANA e 2,4D e observou que explantes de folhas exibiram maior porcentagem de formação de calos
do que explantes oriundos de pedúnculo floral na concentração de 6,78 μmol L-1 de 2,4-D.
Para indução e formação de brotações, testou diferentes concentrações de BAP e cinetina
e confirmou a maior taxa de multiplicação na concentração de 6,66 μmol L-1 de BAP. Essa
concentração com maior taxa de multiplicação é próxima da utilizada nas condições dessa
pesquisa.
Resultados semelhantes foram encontrados por Aswath e Choudhary (2002), que
estabeleceram um protocolo de micropropagação das gérberas AV101 e AV108 (Shri
Ramco Biotech Ltda, Índia) via embriogênese somática a partir de folhas. Na fase de
obtenção dos calos, os autores verificaram que não houve diferença entre os genótipos
em questão e que a maior porcentagem de formação de calos foi obtida na concentração
de 1,77 μmol L-1 de BAP e 21,48 μmol L-1 de ANA. Para indução à brotação, testaram
diferentes combinações de BAP e ANA e descreveram que os genótipos manifestaram
diferentes repostas às combinações dos fitorreguladores, mas que o tratamento com 4,44
μmol L-1 de BAP e 10,75 μmol L-1 de ANA foi o que proporcionou a maior formação de brotos
e que não houve diferença entre os genótipos nessa combinação.
Hussein et al. (2008) utilizaram como explante folha com pecíolo de plantas já
estabelecidas in vitro para micropropagação da gérbera ‘SHTC3’ (SHTC Company, Egito),
e declararam que a concentração de 8,88 μmol L-1 de BAP proporcionou a maior taxa de
produção de brotos. Essa concentração de BAP também foi a mais eficiente na produção
de brotações nas condições deste trabalho.
De acordo com os dados investigados nesta pesquisa, os fitorreguladores induziram
os explantes à formação de calos, mas para a maioria dos tratamentos o estímulo induziu
a formação de brotações.
Hasbullah et al. (2008) utilizaram os explantes folhas, pecíolos e raízes de plantas
estabelecidas in vitro para regeneração de gérberas. Para formação de calos, notaram que
os explantes originados de folhas apresentaram maior taxa em meio MS suplementado
com BAP e 2,4-D. Para indução de brotações, os explantes oriundos de pecíolos formaram
mais brotos em meio suplementado com 8,88 μmol L-1 de BAP e 2,68 μmol L-1 de ANA. Essa
concentração também produziu brotações nas condições desse experimento, atentando-se
para o fato de ter sido utilizado folha com pecíolo como explante.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
239
A citocinina sozinha mostrou resposta significativa nas condições desta pesquisa
e proporcionou a produção de brotações. Por outro lado, quando foi adicionado a auxina
constatou-se uma maior produção de brotações, mostrando o efeito positivo da mesma.
George et al. (2008) mostraram que as auxinas (AIB, ANA e 2,4-D) estimulavam
diretamente as fases iniciais do alongamento celular, fazendo com que as células responsivas
transportassem ativamente íons de hidrogênio para fora da célula e diminuíssem o pH
em torno das células. Esta acidificação da região da parede celular ativa proteínas de
afrouxamento de parede conhecidas como “expansões” para permitir o deslizamento de
microfibrilas de celulose na parede celular e quebra de ligações em polissacarídeos de
parede, permitindo que estas se estiquem mais facilmente e aumentem o crescimento da
brotação mais rapidamente.
As auxinas controlam dois processos principais em colaboração com as citocininas,
isto é, o ciclo celular e a divisão celular por um lado e o alongamento celular por outro. A
relação auxina/citocinina representa um sinal importante na formação do fenótipo celular
e também no surgimento e manutenção do processo de divisão celular. A ativação do
alongamento celular pela auxina é mediada pelo aumento do efluxo de prótons. Divisões
celulares normais requerem sincronia entre a fase S e a divisão celular, sugerindo que
os níveis de auxina e citocinina nas culturas precisam ser cuidadosamente combinados
(George et al., 2008).
Orlikowska et al. (1999) utilizaram folha com pecíolo como explante inicial e
avaliaram a multiplicação in vitro das cultivares de gérbera ‘Boy’, ‘Mariola’, ‘Rebecca’,
‘Amber’, ‘Ferrari’, ‘Sundance’ e ‘Tamara’ em diferentes combinações de fitorreguladores.
Os autores concluíram que existe a relação genótipo-dependente entre as cultivares e que
todos genótipos exibiram maior taxa de multiplicação nas combinações de 4,44 μmol L-1 de
BAP + 0,34 μmol L-1 de AIA, sendo que ‘Mariola’ foi mais produtivo que os demais. Assim,
mostraram o maior efeito da indução de brotações devido a presença da auxina.
4 | CONCLUSÃO
Estabeleceu-se a micropropagação de sete genótipos de gérbera (‘Pacific’, ‘Igloo’,
‘Igor’, ‘Mephisto’, GA, GR e GL) a partir do explante folha peciolada.
A combinação 8,88 μmol L-1 BAP + 5,36 μmol L-1 ANA mostrou-se eficiente para
produção de brotos em todos os sete genótipos de gérbera estudados.
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Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Capítulo 27
242
SOBRE A ORGANIZADORA
TAMARA ROCHA DOS SANTOS - Possui graduação em Agroecologia pela Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (2015), mestrado em Agroecologia pela Universidade
Federal de Viçosa (2017) e doutorado em Agronomia pela Universidade Federal de Goiás
(2020). Tem experiência na área de Ciências Agrárias, com ênfase em Agroecologia, atuando
principalmente na área de agricultura familiar, produção orgânica, educação ambiental,
conservação e manejo do solo, bioenergia.
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Sobre a organizadora
243
ÍNDICE REMISSIVO
A
Adubação 22, 24, 27, 28, 29, 30, 31, 33, 34, 74, 89, 105, 143, 206, 207, 208, 209, 211, 212
Alimentação 7, 20, 46, 58, 175, 183, 184, 185, 186, 188, 206, 207, 208
Análise de componentes principais 60, 61, 63, 64, 65, 145, 146
B
Bacillus subtilis 52, 53, 152
C
Carotenoides 100, 101, 102, 103, 104, 105
Cinzas 35, 36, 38, 40
Clorofilas 100, 101, 102, 103, 104, 105
Cultivares 2, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 87, 88, 89, 90, 91,
92, 93, 94, 103, 104, 115, 118, 140, 142, 143, 144, 146, 147, 148, 149, 150, 152, 153, 240
Custos de produção 176, 180, 182, 183, 184
D
Desempenho de leitões desmamados 52
F
Ficha de avaliação 95, 96, 97, 98
Forragem 205, 206, 208, 211
G
Gases de efeito estufa 22, 23, 26, 27, 28, 36, 43
Gerenciamento do seringal 96, 98
Grãos 60, 61, 62, 63, 72, 85, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 101, 154, 155, 161, 183, 196, 200,
202, 212
H
Higiene 6, 7, 8, 9, 10, 11, 14, 15, 16, 19, 20
Hortaliças 2, 4, 5, 10, 100, 101, 102, 104, 105, 139, 171, 174, 208
M
Macrofauna 45, 46, 51
Manejo do solo 45, 46, 243
Mapas de colheita 60, 61, 62, 64, 65
Mecanização 171, 174, 222
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Índice Remissivo
244
Mesofauna 45, 46, 50
Mudas 1, 2, 3, 4, 105, 124, 125, 126, 127, 129, 131, 132, 135, 163, 164, 165, 166, 167,
168, 207, 228
N
Nutrição foliar 30, 31
Nutrição mineral 28, 34, 137
O
Oxido nitroso 22, 23, 26
P
Pecuária leiteira 176, 179, 185, 187
Pirólise 35, 36, 37, 38
Plantio direto 44, 45, 47, 49, 50, 89
Prebióticos em suínos 52
Produção agrícola 61, 68, 113, 196, 213
Produção animal 184, 185, 186, 206
Produtividade 2, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 46, 53, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 71,
72, 81, 85, 87, 88, 89, 90, 91, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 105, 106, 124, 142, 152, 170, 185, 187,
196, 200, 202, 204, 205, 206, 208, 209, 210, 212, 222
R
Rastreabilidade genética 125, 131
Regiões brasileiras 175, 176, 177, 179, 185
Resistência 53, 87, 88, 89, 90, 93, 201
S
Salinidade 133, 135, 136, 137, 138
Seca 47, 70, 73, 75, 78, 80, 82, 84, 133, 135, 137, 138, 145, 147, 148, 149, 150, 151, 194,
197, 199, 200, 202, 209, 210, 211
Segurança dos alimentos 7, 9, 10, 18
Sementes 73, 76, 79, 89, 115, 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127,
131, 134, 140, 143, 144, 145, 152, 163, 164, 165, 166, 167, 168, 194, 195, 196, 197, 198,
199, 200, 201, 202, 203, 204
Substituição de antimicrobianos 52
U
Unidades de produtividade 60, 61, 63, 64, 66, 67, 68
Uso de aditivos na suinocultura 52
Engenharia Agronômica: Ambientes Agrícolas e seus Campos de Atuação 2
Índice Remissivo
245