HELMGTON JOSÉ BRITO DE SOUZA
S U B S T I T U I Ç Ã O D O T R O N C O D A A RT É R I A
PULMONAR EM CARNEIROS, UTILIZANDO
H E T E R O E N X E R T O T U B U L A R VA LVA D O ,
PRESERVADO EM L-HydroR
Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo
para obtenção do título de Doutor em Ciências
São Paulo
2011
HELMGTON JOSÉ BRITO DE SOUZA
S U B S T I T U I Ç Ã O D O T R O N C O D A A RT É R I A
PULMONAR EM CARNEIROS, UTILIZANDO
H E T E R O E N X E R T O T U B U L A R VA LVA D O ,
PRESERVADO EM L-HydroR
Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo
para obtenção do título de Doutor em Ciências
Orientador: Prof. Dr. Ênio Buffolo
Co-Orientadores: Prof. Dr. José Honório de Almeida Palma
Dr. Diego Felipe Gaia dos Santos
São Paulo
2011
i
Souza, Helmgton José Brito de.
Substituição do tronco da artéria pulmonar em carneiros, utilizando
heteroenxerto tubular valvado, preservado em L-HydroR./Helmgton
José Brito de Souza. -- São Paulo, 2011.
xvii,118f.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo. Programa de
Pós Graduação em Cirurgia Plástica, com ênfase em Cirurgia Cardiovascular
Título em inglês: Replacing the body of pulmonary artery in sheep using tubular
graft valved bovine pericardium with non aldehydic preservation.
1. Bioprótese 2. Valvas 3. Cirurgia Cardíaca 4. Polietilenoglicol
5. Glutaraldeído
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM
CIRURGIA PLÁSTICA, COM ÊNFASE EM CIRURGIA
CARDIOVASCULAR
COORDENADOR: Prof. Dr. MIGUEL SABINO NETO
iii
Dedicatória
Ao meu pai, Hélio, exemplo de honradez e dignidade;
À minha mãe, Mamédia, que, através do seu AMOR mostrou-me o
caminho da vitória com determinação e perseverança;
À Estrella da minha Vida, Lu, que me ensinou o real sentido da palavra
AMAR;
À nossa pequenina Estrella, Bia, que nos ensina quão simples, natural e
sincero é dizer - EU TE AMO.
iv
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. ÊNIO BUFFOLO, meu orientador, PROFESSOR TITULAR
DA DISCIPLINA DE CIRURGIA CARDIOVASCULAR DA ESCOLA
PAULISTA DE MEDICINA - UNIFESP, exemplo de liderança, firmeza e
sabedoria, responsável pela formação e aperfeiçoamento de uma legião de
cirurgiões espalhados pelo país, cujo nome e legado já figuram dentre os
principais mestres do nosso tempo.
Ao Prof. Dr. JOSÉ HONÓRIO DE ALMEIDA PALMA DA
FONSECA, PROFESSOR ADJUNTO DA DISCIPLINA DE CIRURGIA
CARDIOVASCULAR DA ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA UNIFESP, exemplo de inventividade e dedicação, meu sincero
agradecimento pelo privilégio de conviver e aprender com seu carisma,
habilidade, experiência e humildade.
Ao Prof. Dr. IVAN SÉRGIO JOVIANO CASAGRANDE, exemplo de
perseverança, pioneirismo e espírito científico, cujo apoio foi essencial para
a realização deste estudo no Centro de Pesquisas da LABCOR - Minas
Gerais.
Aos amigos JORGE FERREIRA, RUBEM JUNQUEIRA e KLEUDER
LEÃO, que incentivaram e viabilizaram a realização deste projeto.
Às sempre colaboradoras LAILA OLIVEIRA e DANIELA LACERDA,
bem como os ex-membros da minha equipe cirúrgica, RILSON
MOITINHO, MARILENE PINHEIRO e JEANE FORTUNA, pela
compreensão nos momentos de ausência. Meus sinceros agradecimentos.
v
À equipe do Centro de Pesquisas da LABCOR: PATRÍCIA DODD veterinária, aos técnicos MARISA e LEANDRO e aos colaboradores
BEATRIZ e VADI, pelo exemplo de profissionalismo durante o período de
realização do estudo.
Aos amigos da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular da UNIFESP Escola Paulista de Medicina, residentes, instrumentadores e
perfusionistas, demais profissionais técnicos e administrativos, pela
receptividade e hospitalidade no período de participação nas atividades da
disciplina.
Aos professores da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular da UNIFESP Escola Paulista de Medicina: Prof. Dr. ROBERTO CATANI, Prof. Dr.
JOÃO NELSON RODRIGUES BRANCO, Prof. Dr. MIGUEL
MALUF, Prof. Dr. WALTER GOMES, Dr. CARLOS TELES, Dr.
DIEGO GAIA, pelo apoio e contribuição no período de convívio nas
atividades da disciplina.
Aos Drs. NELSON AMERICO HOSSNE JUNIOR e HEITOR
FRANCISCO DE CARVALHO GOMES pelas cuidadosas e valorosas
contribuições feitas no texto dessa tese, assim como na apresentação.
Ao Dr. SÉRGIO CAMPO CHRISTO, pelo apoio na realização dos
procedimentos cirúrgicos.
Ao Dr. LUÍZ SÉRGIO ALVES-SILVA, pela criteriosa e caprichosa
análise estatística dos dados desta tese.
vi
Ao Dr. MARCO ANTÔNIO CARDOSO DE ALMEIDA, pela
contribuição inestimável na reavaliação do estudo anátomo-patológico.
À equipe técnica do CEPED: HELENA ALVES, GEÍSA MELO, DJAVÃ
MARTINS, BÁRBARA ARAÚJO, RITA DE CASSIA DANTAS, pela
operacionalização da técnica de dosagem de cálcio por absorção atômica.
À Profa. ELZA SANTOS SILVA, pelo carinho na avaliação e correção
ortográfica e gramatical desta tese.
Aos colegas e companheiros da CARDIOTÓRAX, COOPERATIVA DOS
CIRURGIÕES CARDIOVASCULARES E TORÁCICOS DO ESTADO
DA BAHIA, pelo estímulo à defesa profissional, pelo exemplo de união,
maturidade e compromisso com a ética e o exercício digno da “ARTE DE
CURAR”.
Aos médicos, abaixo nomeados, que, cronologicamente, desde os primeiros
anos de academia, na permanente busca pelo saber, contribuiram para
minha formação e desenvolvimento profissional: ÁLVARO FERNANDO
SILVA, MARCELO DANILLO DA COSTA LAGO, SEBASTIÃO
HELDENIR DE MESQUITA JÚNIOR, PAULO FERNANDO DA
GLÓRIA LEAL, LUCIANO ESPINHEIRA FONSECA JÚNIOR,
JOSÉ SIQUEIRA, WELLINGTON FREITAS, ANIBAL SILVANY
FILHO, GERALDO MILTON DA SILVEIRA, SÉRGIO MIES,
ANDRÉ BEAR JÚNIOR, GUILHERME SCHETTINO, JOÃO
PLÍNIO DE SOUZA, PAULO MASSAROLO, JOSÉ ANTÔNIO DE
ALMEIDA SOUZA, ALBINO EDUARDO NOVAES, HEONIR DE
JESUS P. ROCHA, RODOLFO DOS SANTOS TEIXEIRA,
EUVALDO ROSA, ANTÔNIO JOSÉ DE SOUZA MACHADO,
EDIRIOMAR PEIXOTO , RICARDO ELOY PEREIRA , NADJA
vii
KRAYCHETE, RICARDO BARROS CORSO, LAUDELINO SOUSA
FILHO, MARCOS LUCIANO PARREIRA GOULART ,
NILZO
AUGUSTO M. RIBEIRO, JORGE PEREIRA, LÍCIA CAVALCANTE,
OTÁVIO MARAMBAIA, CELSO FIGUEROA, RICARDO FERRAZ,
A N D R É N E Y M . F R E I R E , I VA N S É R G I O J O V I A N O
CASAGRANDE, ÊNIO BUFFOLO, JOSÉ HONÓRIO DE ALMEIDA
PALMA.
viii
EPÍGRAFE
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" pra ser insignificante.
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"!
Já chorei, ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!
Charles Chaplin
ix
SUMÁRIO
Dedicatória .........................................................................
iv
Agradecimentos .................................................................
v
Epígrafe ..............................................................................
ix
Listas ..................................................................................
xi
Resumo ...............................................................................
xvii
1. Introdução ......................................................................
1
2. Objetivos ........................................................................
17
3. Métodos ..........................................................................
19
4. Resultados ......................................................................
42
5. Discussão ........................................................................
70
6. Conclusões ......................................................................
78
7. Referências .....................................................................
80
8. Normas adotadas ...........................................................
100
9. Abstract ..........................................................................
102
10. Anexos ..........................................................................
103
Lista de Figuras
FIGURA 1:
Tubo valvado de pericárdio bovino, com cúspides
de pericárdio porcino, preservado em L-HydroR......
FIGURA 2:
Aspecto cirúrgico final pós cirurgia de implante de
prótese (Grupos L-HydroR e Glutaraldeído) ............
FIGURA 3:
Verificação hemodinâmica (pós implante e antes
do sacrifício) ...........................................................
FIGURA 4:
PMVD - Grupos L-HydroR e Glutaraldeído (pós
implante) ..................................................................
FIGURA 5:
PMAP - Grupos L-HydroR e Glutaraldeído (pós
implante) ..................................................................
FIGURA 6:
Gradiente (VD-AP) - Grupos L-HydroR e
Glutaraldeído (pós implante) ...................................
14
44
45
46
46
47
FIGURA 7:
PSAP1 X PSAP2 - Grupo L-HydroR ........................
47
FIGURA 8:
PSAP1 X PSAP2 - Grupo Glutaraldeído ..................
48
FIGURA 9:
PMVD1 X PMVD2 - Grupo L-HydroR ....................
48
FIGURA 10: PMVD1 X PMVD2 - Grupo Glutaraldeído ..............
49
FIGURA 11: Gradiente VD-AP1 X Gradiente VD-AP2 - Grupo
L-HydroR ..................................................................
FIGURA 12: Gradiente VD-AP1 X Gradiente VD-AP2 - Grupo
Glutaraldeído............................................................
50
50
FIGURA 13: Média da PAM - Grupos L-HydroR e Glutaraldeído
51
FIGURA 14: Média da PCP - Grupos L-HydroR e Glutaraldeído .
51
FIGURA 15: Média do DCM - Grupos L-HydroR e
Glutaraldeído ...........................................................
xi
52
FIGURA 16: Aspecto radiológico de próteses preservada em
58
L-HydroR
................................................................
FIGURA 17: Aspecto radiológico de próteses preservada em
Glutaraldeído ...........................................................
FIGURA 18: Aspecto macroscópico das próteses (Grupo LHydroR) pós explante ...............................................
FIGURA 19: Aspecto macroscópico das próteses (Grupo
Glutaraldeído) pós explante ....................................
58
62
63
FIGURA 20: Aspecto macroscópico das próteses (Grupo LHydroR) pós explante - Aderência parcial de
63
cúspides à parede do tubo ........................................
FIGURA 21: Aspecto macroscópico das próteses (Grupo LHydroR) pós explante - Aderência total de cúspides
64
à parede do tubo ......................................................
FIGURA 22: Aspecto microscópico das próteses - Grupo LHydroR) - Coloração por hematoxilina-eosina ........
FIGURA 23: Aspecto microscópico das próteses - Grupo LHydroR) - Coloração por hematoxilina-eosina ........
FIGURA 24: Aspecto microscópico das próteses - Grupo LHydroR) - Coloração por hematoxilina-eosina ........
FIGURA 25: Aspecto microscópico das próteses - Grupo
Glutaraldeído - Coloração por hematoxilina-eosina
xii
65
66
66
67
Lista de Tabelas
TABELA 1:
Medidas hemodinâmicas - sacrifício .......................
52
TABELA 2:
Medidas hemodinâmicas - sacrifício .......................
53
TABELA 3:
Análise estatística - variáveis quantitativas
(hemodinâmica) .......................................................
54
TABELA 4:
Contratilidade do VD e obstrução da VSVD pela
angiografia ...............................................................
56
TABELA 5:
Estenose da valva pulmonar e da AP pela
angiografia ...............................................................
57
TABELA 6:
Refluxo valvar pulmonar e refluxo tricúspide por
angiografia ...............................................................
57
TABELA 7:
Mensuracão de calcificacão (mamografia) ..............
59
TABELA 8:
Análise estatística mamografia (Grupos L-HydroR e
Glutaraldeído) ..........................................................
60
TABELA 9:
Mensuracão de calcificacão (macroscopia) .............
61
TABELA 10: Análise estatística macroscopia (Grupos L-HydroR
e Glutaraldeído) .......................................................
62
TABELA 11: Mensuracão de calcificacão (microscopia) ..............
65
TABELA 12: Análise estatística microscopia (Grupos L-HydroR e
Glutaraldeído) ..........................................................
68
Dosagem de cálcio por espectrofotometria de
absorção atômica .....................................................
69
TABELA 13
xiii
Lista de abreviaturas e siglas
DATASUS
Banco de dados do Sistema Único de Saúde
PEG
Polietilenoglicol
HE
Hematoxilina-eosina
cm
centímetro
TGP
Transaminase glutâmico pirúvica
TGO
Transaminase glutâmico oxalacética
VE-Ao
Ventrículo esquerdo-Aorta (gradiente)
mm
milímetro
oC
Graus centígrados
SC
Subcutâneo
ml
mililitro
VO
Via oral
IV
Intravenoso
IM
Intramuscular
mg
miligrama
UI
Unidade Internacional
L/min
litros por minutos
FiO2
Fração inspirada de oxigênio
O2
Oxigênio
g
grama
DC
Débito cardíaco
DCM
Débito cardíaco médio
PMVD
Pressão média de ventrículo direito
PMVD1
Pressão média de ventrículo direito (cirurgia de implante)
PMVD2
Pressão média de ventrículo direito (sacrifício)
xiv
VSVD
Via de saída de ventrículo direito
GRAD.
Gradiente
AAALAC
American Association for Accreditation of Laboratory Animal
Care
COBEA
Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
CEC
Circulação extracorpórea
mmHg
Milímetro de mercúrio
O2
Oxigênio
Gama GT
Gama glutamil transferase
VD-AP
Ventrículo direito - artéria pulmonar (gradiente)
VD
Ventrículo direito
VE
Ventrículo esquerdo
F
French
CD
Compact disc
kV
kilowatt
HNO3
Ácido nítrico
ug
micrograma
mg/L
miligrama por litro
mcg/dL
micrograma por decilitro
g/dL
Grama por decilitro
mm3
milímetro cúbico
micromol/L
Micromol por litro
Kg
Kilograma
U/L
Unidades por litro
mEq/L
Miliequivalente por litro
PAM
Pressão de artéria pulmonar
PSAP
Pressão sistólica de artéria pulmonar
PSAP1
Pressão sistólica de artéria pulmonar (cirurgia de implante)
xv
PSAP2
Pressão sistólica de artéria pulmonar (sacrifício)
PVC
Pressão venosa central
PO
Pós operatório
AD
Átrio direito
PCP
Pressão capilar pulmonar
mamog.
mamografia
CC
Centímetro cúbico
%
Porcento
O2/Kg
Oxigênio por kilograma
CPK
Creatinofosfoquinase
SF
Solução Fisiológica
M
Mol
SPSS
Statistical Package for the Social Sciences
Glutarald.
Glutaraldeído
no
Número
R
Marca Registrada
xvi
RESUMO
Introdução: As biopróteses valvares cardíacas estão relacionadas a
eventos tromboembólicos, infecciosos e degenerativos. Seu desgaste é
atribuído principalmente à desnaturação do colágeno. O glutaraldeído,
método predominante de preservação de biopróteses, favorece o processo
de calcificação e limita sua durabilidade. Diversas técnicas tentam conter o
processo degenerativo das biopróteses. Objetivos: Avaliar o processo de
calcificação, in vivo, de heteroenxertos pulmonares valvados, preservados
em meios não aldeídico (L-HydroR). Métodos: 17 carneiros foram
submetidos à substituição do tronco da artéria pulmonar por enxerto tubular
valvado de pericárdio bovino. Os animais foram distribuídos em dois
grupos: Grupo L-HydroR (teste / n=14) e Grupo Glutaraldeído (controle /
n=3). Cerca de 150 dias pós implante, foram realizadas angiografia,
medidas hemodinâmicas e sacrifício. Os animais foram necropsiados e as
próteses submetidas a estudo anátomo-patológico, avaliação radiológica e
dosagem do cálcio por espectofotometria de absorção atômica. A análise
estatística foi obtida através dos testes exato de Fisher, T de Student ou
Mann-Whitney (significância: 5%). Resultados: O desempenho
hemodinâmico e angiográfico das próteses testadas foi semelhante nos dois
grupos. A avaliação radiológica, a macroscopia, a microscopia e a dosagem
de cálcio por espectrofotometria de absorção atômica mostraram maior
calcificação nas próteses do Grupo Glutaraldeído, quando comparadas às
próteses do Grupo L-HydroR (p=0,001). 07 animais do Grupo L-HydroR
(50%) apresentaram aderência das cúspides à parede do tubo (p=0,228).
Conclusões: As próteses preservadas em L-HydroR mostraram-se mais
resistentes à calcificação, quando comparadas às preservadas em
Glutaraldeído.
xvii
INTRODUÇÃO
2
Introdução
Pacientes portadores de valvulopatia cardíaca, quando indicado o
tratamento cirúrgico, convivem com um importante e delicado problema –
a escolha do substituto valvar.
Sabe-se que o tratamento cirúrgico das valvulopatias reduz
substancialmente a mortalidade, bem como proporciona a melhoria da
qualidade de vida dos pacientes, quando comparado ao tratamento clínico.
Os substitutos valvares existentes, entretanto, possuem limitações
significativas. Pelo fato de serem tecidos estranhos ao organismo humano,
as próteses valvares estão associadas aos riscos de complicações
tromboembólicas, degenerativas e infecciosas (SODIAN et al., 2000).
Enquanto as próteses mecânicas, altamente trombogênicas, requerem
terapia anticoagulante de longa duração, as próteses biológicas, sejam elas
criopreservadas ou fixadas em glutaraldeído, apresentam limitação de
durabilidade com disfunção progressiva causada principalmente pela
degeneração tecidual.
De acordo com dados do ministério da saúde, através do banco de
dados do DATASUS, foram realizadas no ano de 2009 no Brasil mais de
115 mil procedimentos em cirurgia cardiovascular. Destas, 10.090 cirurgias
representaram troca de uma ou mais valvas cardíacas. No ano anterior
(2008), este número atingiu 9.839 cirurgias de troca valvar. Em 2010
11.317 cirurgias de troca valvar foram realizadas. Até o mês de abril de
2011 as cirurgias de troca valvar já somam 3.757. Entre as opções de
substitutivos valvares, as próteses mecânicas e as biológicas são,
atualmente, mais acessíveis. A distribuição entre prótese mecânica e
biológica é equilibrada. Aproximadamente 50 a 60% delas apresentarão
algum tipo de problema nos primeiros dez anos de pós-operatório,
3
Introdução
ocasionando reoperação ou morte (BLOOMFIELD et al., 1991). Estima-se
que o número de operações para substituição de valvas cardíacas triplique
nas próximas cinco décadas (MOL et al., 2009).
Os primeiros registros de tratamento das doenças valvares pela
substituição cirúrgica das valvas doentes por próteses artificiais datam do
final da sexta década do século passado. Assim, coube a LONG et al.
(1959); BRAUNWALD et al. (1960); HARKEN et al. (1960);
HUFNAGEL e CONRAD (1961); KAY et al. (1961); LILLEHEI et al.
(1961); LITTLEFIELD e MULLER (1961) e STARR & EDWARDS
(1961) divulgarem os primeiros relatos de sucesso dessa opção terapêutica.
A busca pela confecção de substitutivos valvares através de tecidos
orgânicos tem sido alvo do estudo de vários autores ao longo dos últimos
sessenta anos. Assim, TEMPLETON & GIBBON (1949) utilizaram
pericárdio, ABSOLON et al. (1959) - diafragma, ARCHER (1965) mesentério, LOUGHRIDGE et al. (1965) e GEHA et al. (1970) - tecido
autógeno de reação ao aço ou silicone, SENNING (1966) e FLEGE et al.
(1967) - fascia lata,
FADALI et al. (1970) - peritônio e PUIG &
VERGINELLI (1971) - dura máter.
Os primeiros registros de utilizacão de valvas heterólogas (porcos)
datam de 1965 e foram concebidas por DURAN & GUNNING. BINET et
al. (1965), e O’BRIEN & CLAREBROUGH (1966) foram os primeiros a
utilizar valvas aórticas heterólogas (porcos ou bezerros) em humanos. Já
CARPENTIER et al. (1967) e IONESCU et
al. (1967) foram os
4
Introdução
responsáveis pelas primeiras substituições de valva mitral utilizando valvas
heterólogas.
Ainda na busca pelo substitutivo valvar ideal, MURRAY et al.
(1956), MURRAY (1960), e BEALL et al. (1961), testaram o implante de
valva aórtica homóloga na aorta descendente de pacientes com
insuficiência aórtica. Tais resultados inspiraram ROSS (1962) a realizar a
primeira substituicão da valva aórtica humana por valva aórtica homóloga.
O sucesso com esse procedimento, entretanto, foi obtido por BARRATTBOYES (1964).
GEHA et al. (1967) propuseram a montagem prévia das valvas
aórticas homólogas em suporte rígido metálico, como forma de reduzir a
incidência de insuficiência aórtica pós operatória. WELDON et al. (1966 e
1967), FUCHS et al. (1967), ANGELL et al. (1967) e PALMA et al. (1988)
utilizaram valva aórtica homóloga montada em suporte na substituição de
valva mitral. BUFFOLO et al. (1973) utilizou valva aórtica homóloga
montada em suporte metálico na substituição de valva aórtica ou mitral.
O grande desafio no tratamento cirúrgico das doenças valvares é a
obtenção de um substitutivo capaz de oferecer qualidade de vida, segurança
e durabilidade, a partir da confecção de biopróteses e a identificação de
materiais (agentes) voltados à sua preservação, que garantam o bom
funcionamento de sua estrutura, diminuindo a destruição e desarranjo das
fibras do colágeno e, consequentemente, a incidência de calcificação dessas
próteses (SODIAN et al., 2000).
5
Introdução
Atualmente, as opções geralmente recaem entre a prótese biológica
ou mecânica. Em qualquer das situações, estão previstas vantagens e
desvantagens que podem influenciar o resultado tardio e, portanto, o
prognóstico a longo prazo.
Em se tratando de próteses mecânicas, a expectativa pela resolução
definitiva da patologia cardíaca, sem a necessidade de reoperações, implica
num rigoroso acompanhamento do paciente além da inconveniência e risco
decorrente da anticoagulação definitiva.
Já no caso das próteses biológicas, o processo natural de desgaste e
calcificação ao longo do tempo, impõe ao paciente a possibilidade da
reoperação. O desgaste das biopróteses é atribuído a três fatores:
1. Reação imunológica: Observada pela presença de grandes
focos de linfócitos, células plasmáticas e macrófagos.
2. Reação inflamatória: Observada pelo aumento de eosinófilos e
alterações degenerativas das fibras de colágeno;
3. Desnaturação do colágeno e elastina: Considerado o maior dos
problemas biológicos nas próteses.
A utilização de homoenxertos nas substituições valvares possui
vantagens e desvantagens semelhantes às biopróteses. Entretanto, a
escassez de oferta destes enxertos, bem como a estrutura necessária à sua
regular utilização, limita seu uso como opção de tratamento (SACKS et al.,
2009).
6
Introdução
Os heteroenxertos, assim como os homoenxertos, requerem a
aplicação de métodos de preservação que visam impedir a formação de
anticorpos e tornar a matriz do tecido conjuntivo resistente à degradação
(GABBAY et al., 1988).
A degeneração das biopróteses valvares continua a figurar dentre os
principais problemas envolvendo o tratamento de pacientes portadores de
cardiopatias valvares. Essa degereração pode estar relacionada a fatores
mecânicos, decorrentes ou não do processo de fabricação. Sabe-se que as
valvas fabricadas a partir de pericárdio bovino sofrem maior desgaste
durante o fechamento das cúspides. Já nas próteses porcinas, esse desgaste
ocorre mais intensamente durante a abertura dos folhetos devido às
características do desenho da válvula (GABBAY et al., 1988).
Na tentativa de reduzir o ritmo de desgaste e, consequentemente,
prolongar a vida útil das próteses biológicas, algumas técnicas de
preservação têm sido propostas com o objetivo de reduzir o processo de
calcificação.
O primeiro agente utilizado para preservação de próteses valvares foi
o cialit, um sal organo-mercurial (BINET et al., 1965). O ácido
formaldeído tamponado a 4% (O’BRIEN, 1965) e o glicerol a 98% (PUIG
et al., 1972) também foram testados. Entretanto, apesar do formaldeído ter
se mostrado eficaz na redução da antigenicidade e do glicerol demonstrar
boa performance hemodinâmica, os resultados em relação à durabilidade
foram insatisfatórios, com taxas de disfunção que variaram de 90% em
7
Introdução
quatro anos, no caso do cialit, 38% em três anos, para o ácido formaldeído
e 18% em seis anos, no caso do glicerol.
As biopróteses valvares, comumente, são preservadas em
glutaraldeído. Esse método está associado à maior agregação de fibrina,
macrófagos, cálcio e material trombótico à superfície da prótese.
O glutaraldeído, como método de preservação de prótese biológica,
foi introduzido na prática clínica em 1968 com resultados que chegaram a
77% de manutenção de função para próteses implantadas em posição
mitral, 89% em posição aórtica e 96% em posição tricúspide, num
segmento de seis anos (CARPENTIER et al., 1974). Associado ao baixo
custo e à sua solubilidade em água, a fixação em glutaraldeído em baixas
concentrações (0,5%), desde então, tem sido o mecanismo de escolha para
preservação de biopróteses valvares cardíacas. Diversos estudos nestas
quatro décadas demonstram sua capacidade de redução da antigenicidade e
da degradação proteolítica no pós implante (HUGHES et al., 1994).
Apesar dessa inegável contribuição, o glutaraldeído contido na
superfície do tecido protético é citotóxico. Sua ação ocorre através de
ligações cruzadas com as proteínas do tecido protético valvar.
O processo de degeneração das biopróteses valvares preservadas em
glutaraldeído ainda não está totalmente esclarecido. Alguns mecanismos,
entretanto, têm sido propostos: 1) Alterações moleculares na matriz do
colágeno; 2) Criação de espaços intersticiais com exposição à formação de
8
Introdução
calcificação; 3) Oxidação de grupos de aldeídos livres no plasma; 4) Lenta
liberação de glutaraldeído presente no tecido protético levando à
interrupção da regulação celular de cálcio; 5) Redução do gradiente
transmembranoso de cálcio, favorecendo a deposição e formação de
núcleos de calcificação (OOSTHUYSEN et al., 2006; JORGE-HERRERO
et al., 2010).
A principal desvantagem da fixação das biopróteses em glutaraldeído
é a consequente calcificação dos tecidos ao longo do tempo (SODIAN et
al., 2000), o que favorece a disfunção e a necessidade de substituição
cirúrgica da prótese.
Sabe-se que esse mecanismo de calcificação tecidual tem início na
desvitalização celular a partir da fixação da bioprótese em glutaraldeído
(SCHOEN et al., 2005). Por se tratar de método citotóxico, a fixação em
glutaraldeído favorece reação imunogênica, o que, pelo menos em parte,
limita a durabilidade e favorece o processo degenerativo das biopróteses
(SIMIONESCU, 2004; KIM et al., 2006).
A desnaturação do colágeno, independente da calcificação
propriamente dita, representa importante fator contribuidor para a limitada
durabilidade das biopróteses (VESELY et al.,2001).
Na busca por novos mecanismos de preservação das próteses
biológicas, tem sido estudada a utilização de agentes anticalcificantes.
Nesse contexto, alguns estudos demonstram bons resultados a partir da
9
Introdução
utilização de preservação à base de fotooxidação, fluosol-polietilenoglicol,
etanol, ácido alfa-amino-oléico e sulfato duodecil de sódio, além de
métodos de descelularização e reconstrução com engenharia tecidual.
Diversas técnicas foram aplicadas com o objetivo de atenuar o
processo de calcificação nos tecidos tratados com glutaraldeído, incluindo
tratamento com surfactantes (CARPENTIER et al., 1984), ácido alfaamino-oléico (GOTT et al., 1992), ferro (CARPENTIER et al., 1995),
aplicação complementar com calor (CARPENTIER et al., 1998), etanol,
éter, isoladamente ou associados (SHEN et al., 2001), ácido L-glutâmico
(GRIMM et al., 1992; BRAILE et al., 2011).
Na tentativa de melhorar a performance e a durabilidade das
biopróteses fixadas em glutaraldeído, diversas estratégias foram propostas.
Um desses métodos adotou o revestimento da superfície da prótese com
células endoteliais. Tal revestimento, entretanto, mostrou-se ineficaz devido
à incapacidade de reepitelização das valvas fixadas em glutaraldeído
(FISCHLEIN et al., 1992; HOFFMANN et al., 1992; BENGTSSON et al.,
1993; FISCHLEIN & FASOL, 1996). Outros métodos tentaram aumentar a
capacidade de adesão celular das próteses fixadas em glutaraldeído a partir
do pré tratamento das próteses com soluções de aminoácidos (FISCHLEIN
et al., 1994) ou com ácido cítrico (GULBINS et al., 2003) e pré
revestimento das próteses com fibronectina ou fatores de crescimento
(FISCHLEIN et al., 1994). Técnicas in vitro, visando a redução da
citotoxicidade do glutaraldeído e o revestimento da superfície da prótese
com células da medula óssea, demonstraram o aumento da adesividade
10
Introdução
celular com consequente capacidade de reendotelização do tecido (KIM et
al., 2006).
Métodos alternativos também foram testados, como a utilização de
substâncias anticalcificantes, como diaminas, dimetil-amino-propil, etilcarbodimida e hexadiamina (GIRARDOT et al., 1996), associação entre
glutaraldeído e ácido alfa-amino-oléico, que se caracteriza por inibir a
entrada de cálcio nas células teciduais (ZILLA et al., 2005), poliacrilamida
hidrogel (OOSTHUYSEN et al., 2006), foto-oxidação, associada ou não à
fixação em glutaraldeído (MOORE et al., 1998; MEURIS et al., 2003).
Na tentativa de ampliar a durabilidade das biopróteses valvares,
diversos estudos tentam substituir o glutaraldeído como método de fixação
e preservação das próteses. Estudos in vitro e in vivo compararam o
processo de calcificação de biopróteses valvares pré-tratadas com
glutaraldeído e um modelo anticalcificante introduzido pelo Instituto
BIOCOR (Belo Horizonte/Basil), demonstrando redução significativa da
calcificação in vivo e in vitro nas próteses tratadas pelo método no-react
(ABOLHODA et al., 1996).
Mais recentemente, algumas tentativas de manejo químico do
glutaraldeído demonstraram redução da toxicidade e obtiveram resultados
promissores na diminuição do processo de calcificação in vivo (JORGEHERRERO et al., 2010).
11
Introdução
O desafio atual de engenharia tecidual é estudar e propor a criação de
substitutivos teciduais e valvares cardíacos a partir de estruturas artificiais e
biológicas que sejam biocompatíveis, não trombogênicas, não
teratogênicas, duráveis e que possibilitem o acompanhamento do
crescimento do hospedeiro (CEBOTARI et al.,2010; SACKS et al., 2009;
KNIGHT et al., 2008).
Teoricamente, a alternativa a todas essas limitações metodológicas
seria a utilização de próteses que, tratadas, permitissem a epitelização
espontânea com células do hospedeiro (FRATER et al., 1992).
Na busca por publicações acerca dessa nova metodologia,
encontrou-se, apenas, três estudos experimentais que compararam o
desempenho hemodinâmico e a histologia de próteses valvulares
implantadas em carneiros, comparando a conservação e tratamento em
glutaraldeído versus a preservação não aldeídica (L–HydroR):
1. “Comparative Study of the L–Hydro R process and
glutaraldehyde preservation”. Esse estudo comparou próteses preservadas
em L-HydroR (PEG) e em glutaraldeído, implantadas em posição mitral de
dez carneiros jovens, analisadas cinco meses após implante. A avaliação foi
realizada através de ecocardiografia, angiografia, histologia e histoquímica
(NINA et al., 2005).
Nesse estudo, NINA et al. (2005), demonstraram que próteses
implantadas em posição mitral de carneiros, tratadas com solução não-
12
Introdução
aldeídica, tiveram melhor rendimento hemodinâmico, caracterizado pela
ausência de regurgitação e menor pressão capilar pulmonar média, se
comparada com as próteses tratadas com solução aldeídica.
O mesmo estudo demonstrou que a baixa toxicidade das próteses
preservadas em L–HydroR, permitiu a reendotelização espontânea por
células do hospedeiro, conferindo maior resistência à calcificação e à
trombogenicidade. Nesse sentido, as próteses tratadas convencionalmente,
em glutaraldeído, apresentaram calcificação macroscópica e microscópica,
além de deposição de material trombótico. A endotelização, como
mecanismo para minimizar ou retardar a degeneração estrutural, mostrouse como uma possibilidade real, desde que o tecido valvar possa ser
preservado por um agente com as características do polietilenoglicol
(PEG), tornando-o propício à recelularização por células do hospedeiro em
virtude da sua baixa toxicidade, da sua capacidade de atenuar os xenoantígenos e de manter preservada a estrutura histológica valvar (LEHNER
et al., 1996).
Em seu estudo, NINA et al. concluíram que a preservação nãoaldeídica, em PEG (L–HydroR), propiciou a endotelização espontânea, com
evidência de boa adesividade do novo endotélio à matriz do colágeno, além
de mostrar maior resistência à calcificação e à formação de trombos,
quando comparada à preservação aldeídica convencional.
2. “Stentless valves treated by the L–HydroR process in the aortic
position in sheep”, que comparou a preservação L-HydroR, versus a
preservação em Glutaraldeído. Nesse estudo, também experimental, o
13
Introdução
número de animais comparados foi de 24 carneiros, sendo em 14 animais
implantadas próteses preservada em L-HydroR, e em 10 animais
implantadas próteses preservadas em Glutaraldeído. SANTOS et al.,
avaliaram a incidência de calcificação tardia em próteses porcinas,
implantadas em posição aórtica. Nesse estudo, ao contrário do anterior, não
foram observadas diferenças no desempenho hemodinâmico, definido
como ausência de regurgitação aórtica importante, equivalência de pressão
capilar pulmonar, ausência de gradiente VE-Ao importante. Após 150 dias
de implante, foi realizada avaliação de medidas hemodinâmicas,
ecocardiográficas e angiográficas, assim como análise histológica
(SANTOS et al., 2007).
Na avaliação macroscópica das próteses explantadas, houve nítida
diferença entre os grupos com presença de maior quantidade de pontos de
calcificação nas próteses tratadas em glutaraldeído. Ainda em relação à
calcificação, a microscopia ótica mostrou diferença significante, em favor
das próteses tratadas em L–HydroR. A exemplo do demonstrado por NINA
et al., a avaliação macroscópica não verificou a presença de trombos nessas
próteses, denotando a formação de novo epitélio, conforme demonstrado
por ele através da microscopia eletrônica de varredura. A integridade do
novo endotélio foi caracterizada pelo contato desse com a matriz do tecido
conjuntivo, conferindo, dessa maneira, resistência à insudação de proteínas
plasmáticas e sais, precursores da degeneração bioprotética (EYBL et al.,
1992).
3. “Estudo experimental comparativo do enxerto homólogo
pulmonar tratado pelo processo L-HydroR com homoenxerto
14
Introdução
pulmonar a fresco”. Nesse estudo, os autores comparam morfológica e
funcionalmente, o homoenxerto pulmonar preservados pelo método LHydroR , com o homoenxerto a fresco, implantados em 14 carneiros jovens,
e avaliados após um período de 320 dias. Os autores concluíram que o
desempenho clínico e hemodinâmico dos homoenxertos foram
semelhantes, apesar do desempenho ecocardiográfico ter sido superior no
grupo tratado em L–HydroR . Além disso, a partir da utilização da
microscopia eletrônica de varredura e da microscopia eletrônica de
transmissão, demonstraram que homoenxerto tratado pelo método L–
HydroR apresentou evidência histológica de repopulação celular intersticial
e endotelial (REY et al., 2011).
Nesses três estudos, evidenciou-se baixos níveis de calcificação das
próteses preservadas em L–HydroR, sempre com significância estatística,
bem como a indução espontânea de endotelização, principalmente quando
comparadas àquelas tradicionalmente preservadas em gluraldeído,
conforme objetivo das duas primeiras citações.
O polietilenoglicol (PEG) é uma família de polímeros de cadeia
longa composto de subunidades de etileno glicol. Possui grande capacidade
de formação de complexos, devido ao grande número de partículas de
oxigênio em sua cadeia polimérica - HO-CH2-(CH2-O-CH2-)n-CH2-OH.
O Polietilenoglicol é produzido pela interação de óxido de etileno
com água, etileno glicol ou oligômeros de etileno glicol. A reação é
catalisada por ácidos ou bases. Sua característica hidrófila da cadeia de
15
Introdução
polioxietileno da linha do polietilenoglicol permite a obtenção de um
polímero higroscópico e altamente solúvel em água.
Polietilenoglicois (PEGs) reagem com ácidos graxos para fazer
detergentes que têm espessamento e espuma de estabilização como
propriedades. Quando quimicamente combinado com ácidos graxos do
óleo de coco, por exemplo, faz detergentes, que são usados em xampus
como surfactante, emulsificante e estabilizante de espuma.
PEG é usada como espessante em muitos produtos. Dentre eles, no
creme dental, impedindo que as bactérias rompam os pirofosfatos,
controlando assim o acúmulo de tártaro. São usados na indústria como
surfactantes, incluindo alimentos, cosméticos e farmacêuticos; em
biomedicina, como agentes dispersantes, solventes, pomada e bases de
supositório; em veículos, como excipientes, e como laxantes
(WIKIMEDIA FOUNDATION - http://en.wikipedia.org/wiki/
Polyethylene_glycol, 2010).
Além dessas características, possui baixa toxicidade por se tratar de
um composto quimicamente inerte. Quando em contato com a corrente
sanguínea é excretado completamente pelo rim, sem sofrer metabolização.
Essas propriedades asseguram sua aplicabilidade clínica como veículo para
dissolver fármacos pouco solúveis em água, como a reserpina e a
nitrofurantoína e aqueles facilmente hidrolisáveis, como os barbituratos
alcalinos (PRESTA et al., 1995; UNICAMP, 2003).
16
Introdução
Alguns estudos experimentais in vitro utilizaram o PEG adicionado à
solução de preservação miocárdica de “Saint Thomas” e da “University of
Wisconsin”.
Nessa comparação, a associação com PEG mostrou maior
eficácia e garantiu a viabilidade funcional do coração por até 24 (vinte e
quatro) horas contra as quatro a seis horas obtidas com as soluções
tradicionalmente utilizadas isoladamente (BHAYANA et al., 1997). A
capacidade de preservação mais prolongada se deve à ação osmótica do
PEG, que estabiliza a membrana, tornando-a menos permeável ao soluto
extracelular e, consequentemente, prevenindo o edema celular (WICOMB
et al., 1992).
A combinação do antígeno específico com o PEG, resultando na
redução da antigenicidade, confere propriedade imunossupressora ao PEG,
como demonstrado quando se associou 5% de PEG à solução de
preservação miocárdica utilizada em transplante cardíaco. Essa associação
reduziu em 30% a incidência de rejeição no grupo de pacientes
transplantados que utilizaram tal solução. A ação imunossupressora decorre
da ligação do PEG com os lipídeos da membrana celular dos antígenos,
formando complexos reversíveis, interferindo na ativação dos macrófagos e
das células T-helper, induzindo ao estado de tolerância aos antígenos do
doador, reduzindo a imunogenicidade (COLLINS et al., 1991).
Nesse contexto, o presente estudo avança na avaliação do processo
de endotelização espontânea dos substitutivos valvares, desta vez, testando
o desempenho do modelo de preservação em polietilenoglicol (L–HydroR)
em próteses tubulares valvadas, implantadas no tronco da artéria pulmonar
de carneiros.
OBJETIVOS
18
Objetivo
Avaliar os processos de degeneração estrutural, in vivo, de heteroenxertos
pulmonares valvados, preservados em L–HydroR e implantados em ovinos,
com período mínimo de observação de cinco meses.
MÉTODOS
20
Métodos
Este protocolo foi conduzido de acordo com os Procedimentos
Operacionais Padrão do Laboratório de Pesquisas da Labcor Laboratórios –
Centro de Pesquisas. O estudo teve a supervisão do Controle de Qualidade
- Labcor Laboratórios.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) sob o número 1761/08
ESPÉCIE EM TESTE – OVINO
Justificativa: O ovino (raça Santa Inês) foi escolhido como a
espécie experimental a ser usada, pelas seguintes razões:
A. O tamanho desse animal permite, tecnicamente, a realização do
implante do conduto pulmonar valvado.
B. O tamanho do coração do ovino é comparável ao de humanos,
permitindo, assim, o implante de biopróteses vasculares tubulares de
tamanho clínico (4 a 6cm).
C. O ovino é, relativamente, fácil de ser mantido por longos períodos
após a realização do procedimento.
D. A experiência do laboratório com esse modelo experimental
permitiu um julgamento mais racional a respeito de complicações ocorridas
durante o estudo.
21
Métodos
DESCRIÇÃO E REQUERIMENTO DE ANIMAIS
A - Todos os animais pesavam entre 27 – 35kg (média de 32,5Kg
+/-2Kg), sendo 03 fêmeas e 14 machos castrados.
B - Antes de entrarem no estudo, eles foram considerados livres de
doenças e receberam certificado de saúde fornecido pelo médico –
veterinário.
C - A idade dos animais variou de 6,13 a 8,13 meses (média de 6,8
meses +/-0,6 meses). A idade ainda foi confirmada pelo tempo de erupção e
pelas mudanças na tábua dental.
D - A origem de cada animal foi devidamente documentada.
E – Todos os animais foram vermifugados e vacinados na chegada
ao Centro de Pesquisa.
CASUÍSTICA
Quatorze (14) animais receberam o implante da bioprótese a ser
testada (L-HydroR) - GRUPO L-HydroR (teste). Três (03) animais
receberam o implante da bioprótese controle preservadas em glutaraldeído GRUPO Glutaraldeído (controle).
O número de animais participantes foi definido a partir de cálculo
amostral e obedeceu à International Standardzation Organization - ISO
5840, 3a edição, publicada em 1996 e revisada em 2005.
22
Métodos
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO DE NOVOS
ANIMAIS
Os animais que morreram antes de 24 horas de pós–operatório foram
consideradas mortes cirúrgicas e foram excluídos do estudo. Animais
adicionais foram incluídos no estudo e submetidos à cirurgia para ser
preenchido o critério de população fornecida anteriormente.
Os animais que morreram antes da data prevista para o sacrifício
foram examinados e submetidos à necropsia como descrito na secção
“PROTOCOLO DE PATOLOGIA”. A funcionalidade da bioprótese e a
causa da morte foram determinadas, quando possível, pelo patologista do
estudo.
ALOJAMENTO DOS ANIMAIS
Os animais foram alojados e isolados dos outros animais do estudo,
pelo período de cinco dias, antes de entrarem para o estudo. Todos os
animais foram alojados de acordo com a normas estabelecidas pela
AAALAC (AMERICAN ASSOCIATION for ACCREDITATION of
LABORATORY ANIMAL CARE) sob condições sanitárias adequadas,
alimentação balanceada e água à vontade.
23
Métodos
MANUSEIO E CUIDADO
Toda ferida cirúrgica foi verificada, pelo menos uma vez ao dia. Caso
alguma alteração fosse notada, o pesquisador e o veterinário responsável
eram comunicados, sendo registrada no histórico do animal.
MATERIAL EM TESTE
A prótese utilizada consiste em um patch de pericárdio bovino
corrugado, tratado pelo processo L-HydroR. O fechamento do tubo é feito
com 2 planos de sutura. Uma válvula, confeccionada de pericárdio porcino,
com tratamento em L-HydroR, é fixada no interior do tubo. Uma vez
montado, o tubo é testado quanto a competência da válvula e verificada a
não existência de vazamentos.
Aprovada, a prótese é esterilizada em solução de peróxido de
hidrogênio e etanol e, posteriormente, embalada em solução de etanol a
50%. Teste de esterilidade é feito através de amostras incubadas em meios
de cultura FTM, Middlebrook e STB durante 14 dias. Comprovada a
esterilidade, a prótese é liberada.
A técnica de preservação em L-HydroR consiste de três etapas
distintas:
24
Métodos
1ª ETAPA: Extração dos antígenos e oxidação química dos antígenos
remanescentes com polietilenoglicol.
2ª ETAPA: Esterilização em peróxido de hidrogênio.
3ª ETAPA: Estoque das próteses em solução de etanol a 50%.
Cada prótese possuía qualidade e diâmetro determinados (17 ou 19
mm). Cada prótese foi identificada pelo número do animal no estudo. O
número da prótese foi registrado em todos formulários associados ao
animal e ao procedimento operatório.
As próteses (Figura 01) utilizadas nesse estudo foram
confeccionadas a partir de pericárdio bovino, sendo compostas por um
segmento tubular e outro composto por três folhetos valvares.
FIGURA 01: Tubo valvado de pericárdio bovino, com cúspides de
pericárdio porcino, preservado em L-HydroR
25
Métodos
PROTOCOLO
A – Protocolo de recebimento de animais:
Nenhum animal possuía sinais de infecção aparente ou anormalidade
congênita que justificassem a rejeição do animal. Atenção especial foi
dirigida ao sistema respiratório, não sendo evidenciado quadro de
pneumonia ou outros problemas respiratórios que resultassem na rejeição
do animal. Nenhum animal apresentou temperatura retal acima de 40ºC.
Logo após o exame clínico, o animal recebeu número individual,
sendo preenchida ficha contendo todos os cuidados recebidos durante a
permanência do mesmo no estudo. Foram administradas Vacinas Biodectin
2, via SC, Ivomec (Ivermectina 1%) – 0,02ml por Kg via SC, Valbazen 10
Cobalto (Albendazole) 2ml via oral. Cada animal permaneceu isolado por
cinco dias, para então ser alojado junto aos animais já controlados. O
histórico de cada animal permanece arquivado.
Os animais permaneceram sob cuidados veterinários diários e
receberam tratamento de acordo com a publicação MANUAL SOBRE
CUIDADOS E USOS DE ANIMAIS DE LABORATÓRIO, preparado pelo
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – INSTITUTE OF LABORATORY
ANIMAL RESOURCES editado pela parceria AAALAC e COBEA. E
foram mantidos em instalações adequadas, recebendo alimentação
balanceada, controle de verminose e imunizações periódicas.
26
Métodos
B – Pré-operatório
Cada animal foi alojado na sala de pré–operatório 24 horas antes da
cirurgia, junto ao bloco cirúrgico, quando era retirado todo alimento sólido
da baia do animal. Seis horas antes da cirurgia, começava o jejum hídrico.
C – Indução anestésica e anestesia
Quinze minutos antes da indução anestésica, administrava-se 01mg
de sulfato de atropina IM. A indução anestésica era feita por via intravenosa
(IV) com 12,5mg/kg de Thiopental. Um catéter era colocado na veia
jugular externa esquerda e fixado por meio de sutura. Essa via endovenosa
permanecia até o final do ato operatório. Uma torneira de três vias era
conectada ao catéter e, a esta, um equipo de soro, por onde eram
administrados medicamentos e soluções eletrolíticas.
Naquele momento, eram administrados, por via intravenosa, 6ml de
dexametasona (Azium), 1g de Ampicilina Sódica intravenosa (IV), que
eram repetidos a cada três horas de cirurgia. O animal era, então, intubado
e ventilado artificialmente.
Uma sonda gástrica era colocada, e através dela, eram administrados
150CC de solução antiácida. A sonda permanecia fechada até o início da
circulação extracorpórea (CEC).
27
Métodos
Foi feita ampla tricotomia da região torácica esquerda, e o animal
transportado para a sala de operação, colocado na mesa cirúrgica e
conectada a monitorização eletrocardiográfica. O tubo orotraqueal era
conectado e se iniciava a ventilação mecânica com o volume de 10 a 15ml
de O2/kg, numa freqüência de 8 a 12 ciclos por minuto.
A anestesia foi mantida pela administração de Halotano na
concentração de 1 a 1,5%, de Thiopental, de acordo com a necessidade, e o
relaxamento muscular obtido pela administração intravenosa de 100mg de
Cloreto de Succinilcolina.
D – Técnica operatória
A antissepsia do campo operatório foi feita com dermoiodine diluído
em soro fisiológico por 5 a 10 minutos e com spray de demoiodine. A área
cirúrgica foi, então, enquadrada com campos estéreis, que cobriam todo o
animal. Os pacotes com as tubulações estéreis da circulação extracorpórea
(CEC) eram abertos e passados ao auxiliar do cirurgião, que as separava e
as passava à perfusionista, fixando-as com auxílio das pinças de campo.
Eram administrados 100mg de cloreto de succinilcolina IV e
realizada toracotomia esquerda ampla penetrando no quarto espaço
intercostal. A artéria torácica interna esquerda era ligada com fio de
algodão 0, seguindo-se a secção da mesma. O pulmão esquerdo era
afastado, com um afastador maleável, sobre uma compressa úmida, para
obtenção de boa visualização do campo cirúrgico.
28
Métodos
Prosseguia-se com a dissecção da aorta torácica, em seu terço
proximal, para a canulação. Os nervos frênico e vago eram isolados. Era
realizada a dissecção do tronco pulmonar, desde o plano da valva pulmonar
até sua bifurcação. Todos os isolamentos eram feitos com fita cardíaca.
O animal era heparinizado (350UI de heparina/kg) e era
administrado, naquele momento, 4ml de dexametasona (Azium). Depois de
permitir que a heparina circulasse por dois a três minutos, era feita sutura
em bolsa na aorta torácica, com fio de poliéster trançado 2-0, ancorado em
barra de teflon, para a canulação arterial, e outra, na aurícula direita, para a
drenagem do sangue venoso, através de cânula única. Era estabelecida a
circulação extracorpórea (CEC), com hemodiluição total e normotermia,
sem pinçamento aórtico.
O tronco pulmonar era pinçado distalmente após sua bifurcação. O
ligamento arterioso era seccionado nesse momento. Após a secção
completa do tronco pulmonar, os folhetos nativos da válvula pulmonar
eram retirados. O enxerto era lavado a partir da imersão completa do tubo
em cuba contendo soro fisiológico 0,9%, sendo mantido imerso por três
minutos, repetindo-se este procedimento três vezes. Um segmento do
enxerto de aproximadamente 4cm, contendo as cúspides, era preparado
para o implante. Anastomosava-se a porção proximal na via de saída do
ventrículo direito, com sutura contínua, com fio polipropileno 5-0. Passavase, então, para a sutura da porção distal do conduto à porção do tronco
pulmonar relacionada com a bifurcação, também com polipropileno 5-0.
Nesse momento era feita a revisão da hemostasia.
29
Métodos
A CEC era interrompida após o implante da prótese e a revisão da
hemostasia. O animal era estabilizado pelo ajuste do volume sangüíneo e
pela administração das drogas requisitadas pelo cirurgião. Com o animal
hemodinamicamente estável, era retirada a cânula do átrio direito e da
aorta, dando início à administração IV de cloridrato de protamina à razão
de 1ml para cada 1000UI de heparina administrada, em intervalos de hum
minuto. Todos os sítios de canulação, assim como as anastomoses, eram
revisados para a verificação da hemostasia, um dreno torácico era
colocado, fazendo-se sutura em forma de bolsa na pele, em volta da
incisão, por onde o dreno penetrava, usando-se fio de náilon
monofilamentar 2-0 para fixá-lo à pele. O pericárdio era aproximado com
fios de seda 2-0. As costelas eram aproximadas com fios de algodão grosso
(barbante). A incisão torácica era fechada, usando-se fios de seda 2-0 para a
sutura da musculatura intercostal, serrátil do tórax, grande dorsal e
subcutâneo, com pontos simples, contínuos. A pele era aproximada com
sutura com fios de seda 2-0, aproximando-se o tecido celular subcutâneo, e
uma sutura intradérmica com fio de náilon 4-0. A partir do fechamento da
parede torácica, já era conectado o dreno torácico a um aspirador a vácuo e
se iniciava a drenagem do tórax. O dreno era retirado quando o animal
passava a respirar espontaneamente e não havia secreção a ser aspirada.
30
Métodos
E – Perfusão
1 – Montagem e início:
O pacote com os tubos necessários era aberto, após a cobertura do
animal com toalhas estéreis. O auxiliar passava os tubos ao perfusionista,
que terminava a montagem do sistema. Uma vez montado o circuito, o
fluxo de gás era ajustado para 0,5l/min de oxigênio com FiO2 em 70%.
Adicionava-se ao oxigenador de membrana, 2.000ml de solução de ringer
com lactato de sódio (Solução Iniciadora ou “Priming Solution”) e 200UI
de heparina.
Essa solução era aquecida a 37ºC e circulada para que as tubulações
fossem totalmente preenchidas por ela, ficando livres de bolhas de ar. O
volume da solução era estabilizado após a circulação e preenchimento de
todas as tubulações. O volume estabilizado era assinalado no oxigenador e
usado como referência para se fazer o ajuste do volume de sangue ao final
da CEC. A solução circulava até que o cirurgião estivesse pronto para
separar as linhas arterial e venosa e conectá-las às respectivas cânulas.
2. Perfusão
Com o anúncio de que o cirurgião estava pronto para separar as
linhas do circuito, a circulação da solução iniciadora era interrompida, e a
linha de retorno venoso pinçada. O cirurgião separava as linhas e
conectava a arterial à cânula da aorta, enquanto a drenagem venosa era feita
31
Métodos
através de cânula única, multiperfurada, colocada no átrio direito e
conectada a uma linha de aspiração. Simultaneamente, começava o
bombeamento da linha arterial e a aspiração do retorno venoso. O
perfusionista, então, ajustava o fluxo de gases para 2l/min com 100% de
O2.
O fluxo desse gás era ajustado de acordo com os resultados da
gasometria, e o anestésico inalatório era desligado. A temperatura esofágica
permaneceu entre 37,5 e 38,5ºC. Durante a CEC, todas as drogas eram
administradas diretamente no reservatório do oxigenador.
Análises regulares de sangue arterial eram realizadas em períodos
determinados pelo cirurgião. A temperatura esofágica era mantida em torno
de 38,5ºC até o momento da saída da CEC. Os pulmões eram
cuidadosamente reinsuflados. A CEC era vagarosamente desligada,
ocluindo-se, paulatinamente, a linha de retorno venoso e, ao mesmo tempo,
diminuindo o fluxo de sangue arterial.
Imediatamente antes do fechamento torácico, era introduzido catéter
tipo jelco, no 20, na via de saída do ventrículo direito e ao nível do tronco
da artéria pulmonar, após a anastomose distal do enxerto tubular. Com o
auxílio de um monitor multiparamétrico (Dixtal), eram mensuradas as
pressões médias de ventrículo direito (PMVD) e de artéria pulmonar
(PMAP). Tais medidas visavam avaliar a existência de gradiente VD-AP.
32
Métodos
CUIDADOS E OBSERVAÇÕES
A – Cuidados pós-operatórios
O animal era observado cuidadosamente durante o período pósoperatório imediato, para o caso de ocorrerem eventos hemorrágicos. Caso
necessário, poder-se-ia recorrer à transfusões de sangue. Na primeira
oportunidade, a ventilação mecânica era desligada, mas o oxigênio
continuava a ser administrado, via tubo ou, se esse fosse removido, através
de cânula nasal (3 ou 4l/min).
Assim que o animal acordava da anestesia e era restabelecida a
pressão negativa intratorácica, o dreno torácico era removido, e o animal
era levado para a sala de pós-operatório. Após quatro horas de pósoperatório, eram administrados 1g de ampicilina sódica intramuscular (IM)
e 1g de cefazolina sódica, via intramuscular.
Durante os sete primeiros dias de pós-operatório, o animal recebia 1g
de ampicilina sódica intramuscular (IM) e 1g de cefazolina sódica, via
intramuscular duas vezes ao dia. Era administrado, para controle da dor,
flunixim IM (Banamine) 2,5mg por Kg de peso a cada 24 horas, por três
dias. A temperatura retal era monitorada, pelo menos, uma vez por semana.
O animal recebia alta a partir do sétimo dia pós-operatório, caso sua
temperatura retal estivesse abaixo de 40,5ºC e suas condições estivessem
33
Métodos
satisfatórias. Caso apresentasse febre, o animal continuaria recebendo a
terapia antibiótica, ou essa poderia ser alterada.
B – Cuidados a longo prazo
O animal era observado diariamente nos primeiros sete dias de pósoperatório. Se fosse considerado livre de complicações, após sete dias, era
transferido para o biotério de pós-operatório mediato. Lá, o animal
continuava a ser observado e avaliado diariamente durante o período prédeterminado de 150 dias, ou enquanto sobrevivesse. Planilhas de cuidados
pós-operatórios eram utilizadas diariamente. Quaisquer alterações ou
mudanças nas condições dos animais eram registradas.
C – Mortes imediatas
Qualquer animal que não sobrevivesse às primeiras 24 horas de pósoperatório era considerado como falha técnica de implante e era eliminado
do estudo. A causa da morte era determinada, por necropsia, para cada
caso. Todo animal que sobrevivesse às primeiras 24 horas, após a cirurgia,
mas morresse antes do fechamento do período de acompanhamento prédeterminado para estudo, era submetido a uma necropsia para se determinar
a causa mortis. Todos os animais implantados foram submetidos à
necropsia.
34
Métodos
D – Amostragem sangüínea
Amostras eram coletadas de todos os animais implantados, tanto do
grupo de controle quanto do grupo de teste. A primeira coleta era feita no
período de quarentena, para que o animal entrasse em cirurgia com o
exame sanguíneo avaliado. A segunda, aos 07 dias após a cirurgia, a
terceira amostra aos 90 dias, ou quando fosse necessário, durante o período
do estudo. A última coleta era feita durante o estudo angiográfico, que
precedia o sacrifício do animal.
Todas as coletas de sangue eram feitas assepticamente. Os seguintes
parâmetros foram avaliados:
•
HEMATOLOGIA: Hemoglobina, hematócrito, plaquetas,
leucocitos.
•
BIOQUÍMICA DO SANGUE: Sódio, potássio, cálcio,
fósforo, ferro, fosfatase alcalina, CPK, proteína glicosilada,
deidrogenase láctica, creatinina, uréia, TGP, TGO, gama GT,
bilirrubinas (totais e frações), glicemia, colesterol, triglicérides,
proteínas totais.
E – Protocolo de angiografia e medidas hemodinâmicas
Estudos foram realizados a partir do 150º dia de pós-operatório,
precedendo ao sacrifício e à necropsia. Antes da anestesia, cada animal foi
35
Métodos
pesado e foram coletadas, assepticamente, amostras de sangue da veia
jugular externa para hematologia e bioquímica do sangue.
O animal era anestesiado através da administração intravenosa de
thiopental na dose de 12,5mg/kg. O animal era então intubado com um
tubo endotraqueal e ventilado mecanicamente. A anestesia era mantida com
halotano e propofol (diluído ao soro na proporção de 30ml de soro e 20ml
de medicamento) em infusão lenta e contínua. Oxigênio suplementar era
administrado.
O animal era colocado na mesa em decúbito lateral esquerdo e
contido. Era feita a assepsia do lado esquerdo do pescoço, já tricotomizado,
cobrindo-se então com campos cirúrgicos. Uma pequena incisão era feita
na lateral esquerda do pescoço e a artéria carótida e a veia jugular externa
eram expostas e isoladas. Ambos os vasos eram ligados distalmente e
circundados proximalmente. O animal era heparinizado à razão de 350UI/
kg.
Um catéter (6F) Pigtail era introduzido a partir da artéria carótida
comum esquerda até a aorta torácica. Uma medida da pressão arterial
sistêmica era obtida. A posição de todo o catéter era verificada por tomadas
de pressão e por visão direita através de fluoroscopia.
Um catéter (7F) de Swan-Ganz era introduzido a partir da veia
jugular externa esquerda . Eram registradas: a) Pressão venosa central, ao
36
Métodos
nível do átrio direito; b) Pressão de ventrículo direito, ao nível do VD; c)
Pressão de artéria pulmonar, ao nível do tronco da artéria pulmonar.
A posição da extremidade do catéter era confirmada por tomadas de
pressão e visão direita através de fluoroscopia posicionada em posição
antero-posterior. As pressões venosa central e do leito pulmonar eram
gravadas simultaneamente numa escala de zero a 40mmHg. Débitos
cardíacos eram então obtidos, usando-se a técnica de termodiluição. Três
injeções para débito cardíaco eram executadas e a média do débito cardíaco
gravada. O catéter de Swan-Ganz era então recuado até o pescoço.
Era efetuada a injeção de 40 a 60ml, através de seringa, de contraste
iodado diluído em SF 0,9% na proporção 1:1, no ventrículo direito,
próximo à artéria pulmonar. Todos os resultados foram gravados em CD.
Antes de sacrificar o animal, eram administrados 20ml de Thiopental e o
animal era sacrificado com uma injeção de 30ml de Cloreto de Potássio IV.
Na avaliação das imagens angiográficas, as variáveis foram
analisadas por hemodinamicista, sem que este soubesse o grupo que estaria
analisando (avaliação “cega”), sendo interpretadas da seguinte maneira:
1. Refluxo valvar pulmonar: Análise semi-quantitativa (leve,
moderada ou importante), baseada na comparação entre as amostras.
2. Refluxo tricuspídeo: Análise semi-quantitativa (leve,
moderada ou importante), baseada na comparação entre as amostras.
37
Métodos
3. Estenose valvar ou da artéria pulmonar: a) discreta - quando
havia redução inferior a 20% do diâmetro do conduto; b) moderada quando havia redução de 20 a 50% do diâmetro do conduto; c)
importante - quando havia redução de mais de 50% do diâmetro do
conduto.
4. Contratilidade do VD: a) preservada - quando todo o contraste
era expulso da cavidade ventricular; b) reduzida - quando
permanecia contraste no interior do VD após a sístole ventricular.
5. Obstrução da VSVD: a) discreta - quando havia redução
inferior a 20% da área da VSVD; b) moderada - quando havia
redução de 20 a 50% da área da VSVD; c) importante - quando havia
redução de mais de 50% da VSVD.
F – Patologia
1. Avaliação macroscópica
O estudo pesquisou:
•
Perviedade após um mínimo de 150 dias de implante;
•
Análise de falência;
•
Funcionalidade e integridade da prótese;
•
Recuperação/endotelização;
•
Coágulos/trombos;
•
Colonização microbiológica;
•
Reação do organismo à presença da prótese;
•
Existência de doença intercorrente no animal.
38
Métodos
O grau de calcificação foi quantificada (avaliação semi quantitativa)
pelo exame anátomo patológico considerando a graduação: 0- Calcificação
inexistente; 1- Calcificação leve; 2- Calcificação moderada; 3- Calcificação
importante.
2. Avaliação microscópica
Após o exame macroscópico, as próteses explantadas foram fixadas
em solução de formaldeído a 10%. O estudo histológico foi realizado para
avaliar a deposicão de cálcio e material trombótico na superficie das
próteses. As biopróteses foram cortadas, desidratadas em álcool, embebidas
em parafina e seccionadas em fragmentos de quatro micrômeros e, então,
foram tratadas com hematoxilina-eosina para avaliação de depósitos de
cálcio. As lâminas foram observadas em microscópio óptico, por
patologista, sem que este soubesse o grupo que estaria analisando
(avaliação “cega”).
O grau de calcificação foi quantificado (avaliação semi quantitativa)
pelo exame anátomo patológico considerando a graduação: 0- Calcificação
inexistente; 1- Calcificação leve; 2- Calcificação moderada; 3- Calcificação
importante.
39
Métodos
3. Necropsia
As necrópsias foram realizadas em todos os casos. No começo da
necropsia, o coração e o tronco pulmonar eram retirados integralmente.
Depois de tirar o conjunto da carcaça, o mesmo era totalmente lavado com
solução salina estéril. Os cotos dos vasos e os átrios eram secos, com gaze,
para que fosse removido o excesso de líquido. O conjunto era, então,
colocado sobre uma toalha e fotografado. A prótese era inspecionada
através da inspeção usual e leve palpação.
Após o coração ter sido removido da carcaça, os pulmões, o fígado,
os rins e o cérebro eram removidos, um de cada vez, e examinados em
fatias múltiplas. Secções múltiplas do cérebro eram inspecionadas e
quaisquer lesões observadas, registradas no relatório de necropsia. Os
órgãos remanescentes eram apenas inspecionados e, quaisquer lesões, eram
registradas no relatório de necropsia.
Todos os cortes dos órgãos eram colocados em solução neutra
tamponada com 10% de formalina para fixação. Um relatório da necropsia
era escrito depois de completa a dissecção da carcaça.
4. Dissecção do coração e da bioprótese
Toda a superfície dos átrios, ventrículos, vasos, endotélio, do
miocárdio e da artéria pulmonar foi examinada e inspecionada
detalhadamente .
Quaisquer lesões ou alterações observadas eram
40
Métodos
registradas. Foram coletadas amostras para bacteriologia com swabs. A
prótese com suas extensões foram fotografadas e imersas para fixação em
uma solução neutra tamponada com 10% de formalina.
G – Radiologia
As amostras foram submetidas ao estudo radiológico para
determinação da distribuição e intensidade dos depósitos de cálcio nos
folhetos valvulares, bem como no tubo.
Foi utilizado um mamógrafo Senographe DMR (GE, Buc. França)
com voltagem de aceleração em 22kV. O grau de calcificação foi
classificado de zero a três (0 a 3), de acordo com o método de
Grabenwöger (GRABENWÖGER et al, 1992), que se baseia na quantidade
de cálcio detectada pela radiografia, considerando o folheto valvular e o
tubo.
H - Espectrofotometria por absorção atômica
Fragmentos do tubo e das cúspides foram desidratados em estufa a
50oC e mineralizados em forno de Mufla a 800oC. As amostras
mineralizadas foram dissolvidas em ácido nítrico (HNO3 - 2,5M)
determinado-se a quantidade de cálcio (expressa em ug/mg de tecido seco)
pelo método da espectrofotometria de absorção atômica, através do
espectrofotômetro Perkin Elmer de 1,000mg/L com adição de cloreto de
latânio a 1% (BAUCIA et al, 2006).
41
Métodos
I - Análise estatística
Os dois grupos foram comparados quanto aos dados da angiografia,
medidas hemodinâmicas, macroscopia, microscopia, radiologia e
espectofotometria por absorção atômica.
Todos os dados categóricos estão expressos em proporções, enquanto
que as variáveis quantitativas estão expressas em média ± desvio padrão.
Foram construídos histogramas para avaliar a distribuição normal dos
dados quantitativos. Optou-se por utilizar o teste exato de Fisher para
comparar as frequências observadas no Grupo L-HydroR (grupo teste) com
as frequências observadas no Grupo Glutaraldeído (grupo controle). Para
comparar os dados quantitativos entre os grupos (casos versus controles),
escolheu-se o teste T de Student ou o teste de Mann-Whitney, quando
apropriado. O nível de significância foi pré-estabelecido em 5%. O
softwareR utilizado foi o SPSS na sua versão 2008.
RESULTADOS
43
Resultados
Dezenove animais foram submetidos ao procedimento de
substituição do tronco pulmonar por enxerto tubular valvado. A
mortalidade operatória foi de 10,53% (dois animais). A causa da
mortalidade foi choque hipovolêmico secundário a sangramento intra
operatório. Os dezessete animais restantes foram incluídos no estudo. O
Quadro 01 resume as informações relacionadas ao estudo.
QUADRO 01: Dados cirúrgicos
GÊNERO
PESO IDADE CEC Sobrevida TAMANHO
(Kg) (meses) (min)
(dias)
PRÓTESE
STATUS
GRUPO L-HydroR
1
F
34
8,13
76
165
17
Óbito
2
M
30
7,93
93
197
17
Sacrificado
3
F
35
6,77
79
194
17
Sacrificado
4
M
30
6,13
76
151
17
Sacrificado
5
M
27
6,20
62
168
15
Sacrificado
6
M
30
7,37
100
174
17
Sacrificado
7
M
35
6,73
49
162
17
Sacrificado
8
M
35
6,73
71
162
17
Sacrificado
9
M
33
6,60
48
86
17
Óbito
10
M
33
6,67
28
161
17
Sacrificado
11
M
32
6,77
34
161
17
Sacrificado
12
M
32
6,77
30
162
17
Sacrificado
16
F
30
7,67
39
154
19
Sacrificado
17
M
28
8,33
35
154
19
Sacrificado
GÊNERO
PESO IDADE CEC Sobrevida TAMANHO
(Kg) (meses) (min)
(dias)
PRÓTESE
STATUS
GRUPO Glutaraldeído
13
M
35
6,30
38
161
17
Sacrificado
14
M
33
6,30
30
161
17
Sacrificado
15
M
33
6,50
25
161
17
Sacrificado
No Grupo L-HydroR, dois animais morreram antes do sacrifício. O
primeiro, no 86o dia de pós operatório, teve como causa mortis endocardite,
44
Resultados
confirmada por necrópsia. Clinicamente, aquele animal havia apresentado
febre nos dias que antecederam sua morte. Conforme definido pelo
protocolo da pesquisa, foi isolado dos demais animais e recebeu tratamento
antibiótico por seis dias. O segundo animal foi encontrado morto no 165o
dia de pós operatório, enquanto aguardava o sacrifício. Clinicamente o
animal apresentava febre e hipoatividade. Leucograma dosado na véspera
do óbito revelou leucocitose importante (20.100/mm3) sem desvio.
Necropsia não mostrou evidência de endocardite. Havia, entretanto, sinais
de infecção respiratória no pulmão direito (congestão e edema).
As Figuras 2 e 3 mostram o aspecto final, pós implante, dos Grupos
L-HydroR e Glutaraldeído, bem como a verificação dos parâmetros
hemodinâmicos por catéter tipo jelco e pelo catéter de Swan-Ganz, pós
implante e no sacrifício, respectivamente, de ambos os grupos.
A
B
FIGURA 2 - A) Aspecto final pós implante Grupo L-HydroR; B) Aspecto
final pós implante Grupo Glutaraldeído
45
Resultados
B
A
FIGURA 3 - A) Verificação dos parâmetros hemodinâmicos por catéter
(pós implante); B) Verificação dos parâmetros hemodinâmicos por SwanGanz (sacrifício).
Todos os animais foram submetidos à avaliação laboratorial no préoperatório, no sétimo dia de pós operatório (PO), no nonagésimo PO e
antes do sacrifício. Os resultados desses exames não demonstraram
alterações significantes. Os dados com os resultados destes exames
encontram-se relacionados no Anexo 3.
1. Avaliação Hemodinâmica
Na cirurgia de implante das próteses, no Grupo L-HydroR, a média
das pressões médias de ventrículo direito (PMVD) foram de 13,7 (+/-5,0),
enquanto que no Grupo Glutaraldeído a média das PMVD foi de 10,0
(+/-2,2) (p= 0,259) - (Figura 4). Em relação à média das pressões médias da
artéria pulmonar (PMAP) foi de 13,1 (+/-6,5) no Grupo L-HydroR, e de 7,3
(+/-1,2) no Grupo Glutaraldeído (Figura 5).
46
Resultados
13,69
10
Grupo L-Hydro
Grupo Glutaraldeído
FIGURA 4: PMVD Grupos L-HydroR e Glutaraldeído (pós implante)
13,13
7,33
Grupo L-Hydro
Grupo Glutaraldeído
FIGURA 5: PMAP Grupos L-HydroR e Glutaraldeído (pós implante)
A média dos gradientes VD-AP foi de 10,0 (+/-7,6) no Grupo LHydroR e 10,67 (+/-1,2) no Grupo Glutaraldeído (p= 0,788), conforme
demonstrado na Figura 6.
47
Resultados
10
10,67
Grupo L-Hydro
Grupo Glutaraldeído
FIGURA 6: Gradiente VD-AP - Grupos L-HydroR e Glutaraldeído
Os valores médios da pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP),
após o implante do enxerto (PSAP1) foram de 24,4mmHg (+/-11,7) no
Grupo L-HydroR e de 13,3mmHg (+/-2,9) no grupo Glutaraldeído
(p=0,036). Já no sacrifício, a média da PSAP (PSAP2) foi de 13,6mmHg
(+/-7,6) no Grupo L-HydroR e de 17,7mmHg (+/-3,5) no Grupo
Glutaraldeído (p= 0,070). Ver Figuras 7 e 8. A variação da PSAP entre os
grupos foi significante (p= 0,030), de acordo com a análise estatística de
Mann-Whitney.
50,0
37,5
25,0
12,5
0
PSAP1
PSAP2
01
08
02
09
03
10
04
11
05
12
06
16
07
17
FIGURA 7: PSAP1 X PSAP2 - Grupo L-HydroR
48
Resultados
30,0
22,5
15,0
7,5
0
PSAP1
PSAP2
13
14
15
FIGURA 8: PSAP1 X PSAP2 - Grupo Glutaraldeído
Já a média das pressões médias do ventrículo direito (PMVD1) no
Grupo L-HydroR, após o implante do enxerto, foi de 13,7mmHg (+/-5,0),
enquanto que antes do sacrifício (PMVD2) foi de 15,8mmHg (+/-6,0). No
Grupo Glutaraldeído, a média das PMVD1, após o implante das próteses,
foi de 10,0mmHg (+/-2,2), enquanto que antes do sacrifício a média das
PMVD2 foi de 17,5mmHg (+/-5,1) (Figuras 9 e 10).
30,0
22,5
15,0
7,5
PMVD1
PMVD2
1
8
2
9
3
10
4
11
5
12
6
16
7
17
FIGURA 9: PMVD1 X PMVD2 - Grupo L-HydroR
49
Resultados
30,0
22,5
15,0
7,5
0
PMVD1
PMVD2
13
14
15
FIGURA 10: PMVD1 X PMVD2 - Grupo Glutaraldeído
Não houve significância na comparação dos dados inter grupos:
Implante (p= 0,259) / Sacrifício (p= 0,666), assim como na análise de
variação da PMVD (p= 0,546).
O gradiente sístolico (VD-AP) nos animais do Grupo L-HydroR
variou após o implante do enxerto, entre zero e 19mmHg, média de
10,0mmHg (+/-7,6), enquanto que no Grupo Glutaraldeído esse gradiente
variou de 10 a 12, média de 10,7mmHg (+/-1,2) (p= 0,788). Já antes do
sacrifício, o gradiente sistólico (VD-AP) variou no Grupo L-HydroR entre
hum e 23mmHg, média de 10,4mmHg (+/-7,6) e no Grupo Glutaraldeído
entre 4 e 8mmHg, média de 6,0mmHg (+/-2,0) (p= 0,346 ). Ver Figuras 11
e 12.
Não houve significância na análise de variação do gradiente sistólico
VD-AP entre os Grupos L-HydroR e Glutaraldeído (p= 0,288).
50
Resultados
30,0
22,5
15,0
7,5
0
GRAD VD-AP1
GRAD VD-AP2
01
08
02
09
03
10
04
11
05
12
06
16
07
17
FIGURA 11: GRAD. VD-AP1 X GRAD. VD-AP2 - Grupo L-HydroR
12
9
6
3
0
GRAD VD-AP1
GRAD VD-AP2
13
14
15
FIGURA 12: GRAD. VD-AP1 X GRAD. VD-AP2 - Grupo Glutaraldeído
Ainda em relação ao perfil hemodinâmico, a PAM variou no Grupo
L-HydroR entre 85 e 137mmHg, média de 118,1mmHg (+/-17,0) e no
Grupo Glutaraldeído entre 119 e 131, média de 126,3mmHg (+/-6,4) (p=
0,267). Ver Figura 13.
51
Resultados
118,1
Grupo L-Hydro
126,3
Grupo Glutaraldeído
FIGURA 13: Média da PAM - Grupos L-HydroR e Glutaraldeído
A PCP variou no Grupo L-HydroR entre zero e 9 mmHg, média de
5,7mmHg (+/-2,5) e no Grupo Glutaraldeído, entre 6 e 11, média de
8,3mmHg (+/-2,5) (p= 0,327). Ver Figura 14.
5,7
Grupo L-Hydro
8,3
Grupo Glutaraldeído
FIGURA 14: Média da PCP - Grupos L-HydroR e Glutaraldeído
Já o débito cardíaco médio (DCM) variou no Grupo L-HydroR entre
3,6 e 5,0 mmHg, média de 4,8mmHg (+/-1,5) e no Grupo Glutaraldeído,
entre 4,5 e 7,8mmHg, média de 4,7mmHg (+/-0,3) - (p=0,484). Figura 15.
52
Resultados
4,82
4,71
Grupo L-Hydro
Grupo Glutaraldeído
FIGURA 15: Média do DCM - Grupos L-HydroR e Glutaraldeído
As Tabelas 1 e 2 mostram as medidas hemodinâmicas obtidas por
ocasião do sacrifício dos animais.
TABELA 1: Medidas hemodinâmicas (sacrifício)
GRUPO L-HydroR
PVC
PSVD
PDVD
PMVD
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
16
17
NA
1
0
0
1
2
2
1
NA
1
2
0
2
5
NA
38
12
22
31
23
13
17
NA
32
22
22
32
24
NA
7
0
3
6
4
7
0
NA
12
15
12
18
9
NA
22,5
5,5
12,5
18,5
13,5
10
8,5
NA
22
18,5
17
25
16,5
PSVD
18
29
24
PDVD
6
15
13
PMVD
12
22
18,5
GRUPO Glutarald. PVC
13
0
14
2
15
3
PSAP PDAP PMAP Grad S (VD-AP)
NA
36
10
17
10
12
12
8
NA
9
16
8
14
11
NA
33
4
7
6
7
9
4
NA
4
8
5
10
9
NA
34
7
12
8
10
11
0
NA
7
12
7
13
10
NA
2
2
5
21
11
1
9
NA
23
6
14
18
13
PSAP PDAP PMAP Grad S (VD-AP)
14
9
12
4,0
21
18
20
8,0
18
15
17
6,0
PVC: Pressão venosa central / PSVD: Pressão sistólica do ventrículo direito / PDVD:
Pressão diastólica do ventrículo direito / PMVD: Pressão média do ventrículo direito /
PSAP: Pressão sistólica da artéria pulmonar / PDAP: Pressão diastólica da artéria
pulmonar / PMAP: Pressão média da artéria pulmonar / Grad S(VD-AP): Gradiente
sistólico (ventrículo direito-artéria pulmonar). NA: Não avaliada.
53
Resultados
TABELA 2: Medidas hemodinâmicas (sacrifício)
GRUPO L-HydroR
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
16
17
PCP
NA
NA
8
5
7
5
7
0
NA
3
6
7
6
9
PAS
NA
99
139
126
144
152
118
146
NA
145
139
124
138
163
PAD
NA
68
102
101
106
116
92
110
NA
114
100
96
91
129
PAM
NA
85
122
114
122
137
95
127
NA
129
118
112
109
147
DC 1
NA
4,33
3,77
3,73
5,25
4,79
4,1
5
NA
NA
4,39
4,26
7,84
7,83
DC2
NA
4,14
3,77
4,09
3,81
5,19
3,58
4,8
NA
NA
3,16
4,03
8,73
7,96
DC3
NA
4,06
3,64
3,57
4,52
4,75
3,72
5,21
NA
NA
3,34
4,77
7,5
5,56
DCM
NA
4,18
3,73
3,80
4,53
4,91
3,80
5,00
NA
NA
3,63
4,35
8,02
7,12
GRUPO Glutarald.
PCP
PAS
PAD
PAM
DC 1
DC2
DC3
DCM
13
14
15
8
11
6
157
175
148
116
100
106
131
129
119
4,63
4,26
4,25
4,81
4,54
4,74
4,46
6,16
4,55
4,63
4,99
4,51
PCP: Pressão capilar pulmonar / PAS: Pressão arterial sistólica / PAD: Pressão arterial
diastólica / PAM: Pressão arterial média / DC1: Débito cardíaco (primeira medida) /
DC2: Débito cardíaco (segunda medida) / DC3: Débito cardíaco (terceira medida) /
DCM: Débito cardíaco médio. NA: Não avaliada.
A análise estatística das pressões obtidas na cirurgia do implante da
prótese mostraram significância apenas na avaliação das pressões sistólicas
de artéria pulmonar. Nessa variável, inclusive, a variação das PSAP entre
os Grupos L-HydroR e Glutaraldeído também mostrou significância,
conforme resumido na Tabela 3. Apesar disso, podemos afirmar que, do
ponto de vista de comportamento hemodinâmico, ambas as próteses
(preservadas em L-HydroR ou Glutaraldeído), possuem perfis semelhantes.
54
Resultados
TABELA 3: Análise estatística variáveis quantitativas (hemodinâmica).
Grupo L-HydroR
(n=14)
Grupo Glutaraldeído
(n=3)
Valor
de p†
PAM (sacrifício)
117(+/- 15)
129(+/- 19)
0,267
PVC
1,0(+/- 1,6)
1,7(+/- 1,5)
0,336
PCP (sacrifício)
5,9(+/- 2,8)
7,7(+/- 1,5)
0,327
PSAP (cirurgia)
24,4(+/-10,9)
13,3(+/-2,9)
0,036
PSAP (sacrifício)
13,6(+/- 7,6)
17,7(+/- 3,5)
0,070
Variação PSAP
9,7(+/- 8,7)
-4,3(+/- 6,1)
0,030
PMVD (cirurgia)
13,7(+/- 5,0)
10,0(+/- 2,2)
0,259
PMVD (sacrifício)
15,8(+/- 6,0)
17,5(+/- 5,1)
0,666
Variação PMVD
-4,4(+/- 7,2)
-7,5(+/- 6,8)
0,546
Gradiente sistólico VD-AP
(cirurgia)
9,9(+/- 7,8)
10,7(+/- 1,2)
0,788
Gradiente sistólico VD-AP
(sacrifício)
10,4(+/- 7,6)
6,0(+/- 2,0)
0,346
Variação gradiente sistólico VDAP
-1,2(+/- 8,7)
4,7(+/- 2,3)
0,288
DCM
4,8(+/- 1,5)
4,7(+/- 0,25)
0,484
Variável*
Variáveis quantitativas
*Dados em média / desvio-padrão — variáveis quantitativas
†Teste t de Mann-Whitney (variáveis quantitativas)
55
Resultados
4. Avaliação Angiográfica
A angiografia verificou as seguintes variáveis:
a. Contratilidade do ventrículo direito;
b. Obstrução da via de saída do ventrículo direito;
c. Estenose valvar pulmonar;
d. Refluxo valvar pulmonar;
e. Estenose da artéria pulmonar;
f. Refluxo tricúspide.
No momento da cirurgia de implante do tubo valvado, a
contratilidade do ventrículo direito estava preservada em todos os animais.
Do mesmo modo, não foi verificada obstrução da VSVD, estenose
pulmonar valvar ou refluxo tricúspide em qualquer dos animais. Apenas
um animal apresentava discreto refluxo da válvula pulmonar. Um outro
animal apresentava discreta estenose da artéria pulmonar.
Do mesmo modo, no momento do sacrifício, apenas dois casos do
grupo teste apresentaram redução discreta da contratilidade do ventrículo
direito e apenas um caso do mesmo grupo apresentava discreta obstrução
da via de saída do ventrículo direito (Tabela 4).
56
Resultados
TABELA 4: Contratilidade do VD e obstrução da VSVD pela angiografia
GRUPO L-HydroR
1
2
Contratilidade do VD (sacrifício) Obstrução VSVD (sacrifício)
NA
NA
Preservada
Não
3
Preservada
Não
4
Diminuída
Não
5
Preservada
Discreta
6
Preservada
Não
7
Preservada
Não
8
Preservada
Não
9
NA
NA
10
Preservada
Não
11
Preservada
Não
12
Preservada
Não
16
Preservada
Não
17
Diminuída
Não
GRUPO Glutaraldeído Contratilidade do VD (sacrifício) Obstrução VSVD (sacrifício)
13
Preservada
Não
14
Preservada
Não
15
Preservada
Não
NA: Não avaliado
No sacrifício, quatro animais do grupo teste apresentavam discreta
estenose ao nível da válvula pulmonar. Não foi detectada estenose do tubo
valvado em nenhum animal no momento do sacrifício (Tabela 5). Já a
variável refluxo valvar demonstrou que seis animais do grupo teste e um do
grupo controle apresentavam refluxo discreto, três apresentavam refluxo
moderado (dois do grupo controle) e dois animais (do grupo teste)
apresentavam refluxo importante. Três animais (dois do grupo teste)
apresentavam refluxo tricúspide discreto. Em outros três (grupo teste), o
refluxo era moderado (Tabela 6). Apesar disso, não houve significância na
avaliação de refluxo valvar pulmonar (p= 0,242) e refluxo tricúspide (p=
1,0).
57
Resultados
TABELA 5: Estenose valvar e estenose da AP pela angiografia
GRUPO L-HydroR
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
16
17
GRUPO Glutaraldeído
13
14
15
Estenose Valvar (sacrifício)
NA
Discreta
Não
Não
Discreta
Não
Não
Discreta
NA
Discreta
Não
Não
Não
Não
Estenose Valvar (sacrifício)
Não
Não
Não
Estenose AP (sacrifício)
NA
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
NA
Não
Não
Não
Não
Não
Estenose AP (sacrifício)
Não
Não
Não
TABELA 6: Refluxo valvar pulmonar e refluxo tricúspide - angiografia
GRUPO L-HydroR
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
16
17
GRUPO Glutaraldeído
13
14
15
Refluxo Valvar Pulmonar
(sacrifício)
NA
Discreto
Não
Importante
Discreto
Importante
Discreto
Discreto
NA
Não
Não
Discreto
Refluxo Tricúspide
(sacrifício)
NA
Moderado
Discreto
Não
Não
Moderado
Não
Não
NA
Não
Não
Não
Discreto
Moderada
Refluxo Valvar Pulmonar
(sacrifício)
Moderada
Moderada
Discreto
Discreto
Moderado
Refluxo Tricúspide
(sacrifício)
Discreto
Não
Não
58
Resultados
3. Avaliação Radiológica (mamografia)
A detecção de calcificação, pela técnica mamográfica, das próteses
preservadas em L-HydroR, limitou-se à zona de costura da prótese (Figuras
16 e 17).
FIGURA 16: Aspecto radiológico de prótese preservada em L-HydroR
Calcificação
FIGURA 17: Aspecto radiológico de próteses preservada em glutaraldeído
- setas indicando calcificação difusa.
59
Resultados
Já nas próteses preservadas em glutaraldeído, essa calcificação
ocorreu em todas as próteses e se estendeu à parede do tubo e das cúspides
valvares. De acordo com a classificação de Grabenwöger
(GRABENWÖGER et al, 1992), o caso 13 apresentou calcificação
moderada (grau 2), os casos 14 e 15 apresentaram calcificação importante
(grau 3) - (Tabela 7).
TABELA 7: Mensuracão de calcificacão: 0- Ausência de calcificação; 1Calcificação leve; 2- Calcificação moderada; 3- Calcificacão importante.
GRUPO L-HydroR
Calcificação de folheto Calcificação do tubo
mamografia
mamografia
1
0
0
2
0
0
3
0
0
4
0
0
5
0
0
6
0
0
7
0
0
8
0
0
9
0
0
10
0
0
11
0
0
12
0
0
16
0
0
17
0
0
GRUPO Glutaraldeído Calcificação de folheto Calcificação do tubo
mamografia
mamografia
13
2
2
14
3
3
15
3
3
A análise estatística revelou diferença significante (p = 0,001) na
comparacão entre os Grupos L-HydroR e Glutaraldeído, conforme
demonstrado na Tabela 8.
60
Resultados
TABELA 8: Análise estatística mamografia (Grupos L-HydroR e
Glutaraldeído).
Variável*
Grupo L-HyroR Grupo Glutaraldeído
(n=14)
(n=3)
Valor
de p†
Calcificação dos folhetos (mamog.)
0(0%)
3 (100%)
0,001
Calcificação do tubo (mamog.)
0(0%)
3 (100%)
0,001
*Dados em número absoluto (porcentagem) — variáveis categóricas
†Teste do exato de Fisher
4. Avaliação Macroscópica
A avaliação macroscópica das próteses foi realizada em todos os
animais. Em quatro animais (Grupo L-HydroR), foi observada a presença de
vegetação compatível com endocardite. Um desses animais foi encontrado
morto no 86o PO. Apesar disso, não houve crescimento bacteriano que
confirmasse a impressão macroscópica. Todas as próteses do Grupo
Glutaraldeído mostravam calcificação macroscópica dos folhetos e do tubo.
Em duas destas próteses a calcificação foi quantificada como severa. Já
dentre as próteses do Grupo L-HydroR, duas (14,3%) demonstravam
calcificação quantificada como leve, do tubo. Apenas em um dos folheto de
uma das próteses foi verificada a presença de calcificação, quantificada
como leve (Tabela 9).
Outro achado verificado na avaliação macroscópica foi a aderência
parcial ou total dos folhetos à parede do tubo. Isso ocorreu em 7 (50%)
animais, todos do Grupo L-HydroR. Em três animais (21,4%), todos os
folhetos da prótese estavam aderidos à parede do tubo. Dois animais
61
Resultados
(14,3%) apresentavam hum dos folhetos aderidos e em outros dois animais
(14,3%), dois folhetos encontravam-se aderidos à parede do tubo. Não
havia sinais de aderência de folhetos à parede do tubo nos animais do
Grupo Glutaraldeído.
TABELA 09: Mensuracão de calcificacão: 0- ausência de calcificação; 1calcificação leve; 2- calcificação moderada; 3- calcificacão importante.
Avaliação de aderência de folhetos (N: número de folhetos aderidos).
GRUPO L-HydroR
Calcificação de
folheto
Calcificação do
tubo
Aderência de
folheto(s) - (N)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
16
17
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0
0
2
0
0
1
1
3
0
3
2
0
0
GRUPO Glutaraldeído
Calcificação de
folheto
2
3
3
Calcificação do
tubo
2
3
3
Aderência de
folheto(s) - (N)
0
0
0
13
14
15
Nas variáveis calcificação de tubos e calcificação de folhetos houve
significância (p= 0,001) na comparação entre os Grupos L-HydroR e
Glutaraldeído. Já na variável aderência de folhetos, essa diferença
62
Resultados
estatística não foi observada (p= 0,228), conforme demonstrado na Tabela
10.
TABELA 10: Análise estatística da macroscopia (Grupos L-HydroR e
Glutaraldeído)
Grupo
L-HydroR
(n=14)
Grupo
Glutaraldeído
(n=3)
Valor
de p†
Calcificação das cúspides (macroscopia)
0(0%)
3(100%)
0,001
Calcificação do tubo (macroscopia)
0(0%)
3(100%)
0,001
Aderência dos folhetos (microscopia)
7(50%)
0(0%)
0,228
Variável*
*Dados em número absoluto (porcentagem) — variáveis categóricas
†Teste do exato de Fisher (variáveis categóricas)
As Figuras 18 e 19 mostram o aspecto macroscópico das próteses
explantadas (Grupo L-HydroR e Glutaraldeído).
A
B
FIGURAS 18 - Aspecto macroscópico pós explante: A) Tubo Grupo LHydroR; B) Tubo Grupo Glutaraldeído.
63
Resultados
B
A
FIGURAS 19 - Aspecto macroscópico pós explante: A) Cúspides Grupo LHydroR; B) Cúspides Grupo Glutaraldeído.
As Figuras 20 e 21 mostram o aspecto macroscópico das próteses
explantadas do Grupo L-HydroR, que apresentavam aderência parcial ou
total dos folhetos à parede do tubo.
Cúspides íntegras
Ausência de folheto
(aderência)
FIGURAS 20 - Aspecto macroscópico pós explante - Aderência parcial de
cúspide à parede do tubo - Grupo L-HydroR.
64
Resultados
Ausência das cúspides
FIGURAS 21 - Aspecto macroscópico pós explante - Aderência total das
cúspides à parede do tubo Grupo L-HydroR.
5. Avaliação Microscopia Ótica
A avaliação microscópica foi realizada em 16 animais, sendo 13 do
Grupo L-HydroR e três do Grupo Glutaraldeído (Tabela 11). A coloração
pelo método hematoxilina-eosina mostrou sinais de calcificação nas
cúspides de sete dos 13 animais do Grupo L-HydroR (53,8%), bem como no
tubo de dez dos 13 animais deste mesmo grupo (77%). Essa calcificação,
entretanto foi quantificada como leve em todos os casos. Nenhum animal
do Grupo L-HydroR teve calcificação moderada ou severa de suas cúspides
ou tubo (Figuras 22, 23 e 24).
65
Resultados
TABELA 11: Mensuracão de calcificação: 0- ausência de calcificação; 1calcificação leve; 2- calcificação moderada; 3- calcificacão importante.
GRUPO L-HydroR
Calcif. folheto
Calcif. tubo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
16
17
GRUPO Glutaraldeído
NA
1
1
0
1
0
0
0
1
0
1
1
1
0
Calcif. folheto
NA
1
1
0
1
1
1
0
1
1
1
1
1
0
Calcif. tubo
13
14
15
3
3
3
3
3
3
NA: Não avaliada
Pontos isolados de
calcificação
FIGURA 22: Aspecto microscópico das próteses preservadas em L-HydroR
(coloração em hematoxilina-eosina), mostrando, em lilás, os pontos
isolados de calcificação.
66
Resultado
Pontos isolados de
calcificação
FIGURA 23: Aspecto microscópico das próteses preservadas em L-HydroR
(coloração em hematoxilina-eosina), mostrando, em lilás, os pontos
isolados de calcificação.
Pontos isolados
de calcificação
FIGURA 24: Aspecto microscópico das próteses preservadas em L-HydroR
- coloração em hematoxilina-eosina Em lilás, os pontos isolados de
calcificação.
67
Resultado
A avaliação microscópica dos animais do Grupo Glutaraldeído
mostrou calcificação importante de todas as cúspides e fragmentos de tubo
avaliados. A microscopia mostrou, ainda, processo inflamatório
macrofágico com depósitos fibrinóides e ausência de trombos ou coágulos
nas amostras analisadas de ambos os Grupos (Figuras 25).
FIGURAS 25: Aspecto microscópico (microscopia ótica) das próteses
preservadas em glutaraldeído - coloração em hematoxilina-eosina. Em lilás,
regiões de calcificação difusa e severa (setas).
68
Resultado
A análise estatística dos resultados demonstra diferença significante
(p=0,001) nas variáveis calcificação de cúspides e de tubo na comparação
entre os Grupos L-HydroR e Glutaraldeído - (Tabela 12).
TABELA 12: Análise estatística microscopia (Grupos L-HydroR e
Glutaraldeído)
Grupo
L-HydroR
(n=14)
Grupo
Glutaraldeído
(n=3)
Valor
de p†
Calcificação das cúspides (microscopia)
0(0%)
3(100%)
0,001
Calcificação do tubo (microscopia)
0(0%)
3(100%)
0,001
Variável*
*Dados em número absoluto(porcentagem)- †Teste exato de Fisher (variáveis categóricas)
6. Espectrofotometria de Absorção Atômica
A dosagem de cálcio por espectrofotometria de absorção atômica
demonstrou maior concentração de cálcio nas próteses preservadas em
glutaraldeído, quando comparadas àquelas preservadas em L-HydroR.
A análise estatística dos dados demonstraram diferença significante
quanto à dosagem de cálcio, quando comparados os Grupo L-HydroR e
Glutaraldeído (p= 0,017). A Tabela 13 mostra os valores obtidos a partir
dessa técnica.
69
Resultado
TABELA 13: Dosagem de Cálcio (ug/mg) por espectrofotometria de
absorção atômica.
GRUPO L-HydroR
Abs. Atômica
1
43,84
2
139,44
3
48,7
4
14,2
5
25,7
6
240,9
7
206,6
8
98,3
9
58,39
10
53,76
11
38,97
12
22,4
16
64,04
17
50,01
GRUPO Glutaraldeído
Abs. Atômica
13
318,3
14
193,32
15
720,3
(p = 0,017)
†Teste t de Mann-Whitney (variáveis quantitativas)
DISCUSSÃO
71
Discussão
O uso de substitutos valvares para tratamento de doenças que
acometem as valvas cardíacas datam da década de 60 do século passado.
Essa modalidade terapêutica tem conferido melhora da qualidade de vida e
da própria sobrevida dos pacientes, quando comparada ao tratamento
clínico.
O desenvolvimento de método de preservação deve contemplar
também mecanismo confiável de esterilização, manutenção das
propriedades mecânicas e prevenção da desnaturação do colágeno, bem
como das reações imunológicas, a partir da formação de compostos
antigênicos. Tais fatores, aliás, respondem em grande proporção pelo
processo de calcificação das próteses, sobretudo, daquelas preservadas em
glutaraldeído.
O implante de próteses valvares biológicas que permitam e
promovam o revestimento espontâneo com células do hospedeiro foi
proposta por FRATER et al. (1992) e é o princípio que embasou o
desenvolvimento da preservação em L-HydroR, utilizada neste estudo.
A pesquisa em torno desse assunto tem mobilizado estudiosos na
busca por métodos que diminuam as reações adversas citadas acima. Neste
contexto, o glutaraldeído, além de ser um dos primeiros compostos
utilizados na preservação de próteses valvares biológicas, é também o mais
usado na prática clínica atualmente (GRABENWÖGER et al., 1996;
VICENTELLI et al., 1998; MIRZAE et al., 2000).
72
Discussão
No presente estudo, utilizou-se como agente de preservação o LHydroR em tubo valvado de pericárdio bovino, implantado na via de saída
do ventrículo direito de carneiros. Esses animais têm sido utilizados por
diversos autores e possuem a característica de serem dóceis e permitirem o
fácil manejo durante todo o período de teste. Por se tratar de animal de
grande porte e por possuir crescimento e desenvolvimento rápido, as
alterações fisiopatológicas se assemelham àquelas que ocorrem no homem
durante a vida. O tempo de, pelo menos 150 dias, foi necessário para que o
carneiro apresentasse seu desenvolvimento pôndero-estatural adequado
compativel com a vida adulta (GREHAN et al., 2001) podendo-se constatar
ou não a ocorrência de calcificação, assim como analisar, nesse tipo de
bioprótese, o desempenho hemodinâmico da mesma, tanto quanto seu
desgaste.
O comportamento intra-operatório não diferiu nos dois grupos, sendo
que, o tempo de CEC e a baixa mortalidade (dois animais) demonstram a
exequibilidade e reprodutibilidade do procedimento.
Apesar de ter ocorrido discreto aumento na pressão média do
ventrículo direito (PMVD) quando se comparou tais valores no momento
do implante e antes do sacrifício dos animais, esse comportamento foi
uniforme nos dois grupos. Os demais parâmetros hemodinâmicos tiveram o
mesmo comportamento. Isso nos permite afirmar que o PEG manteve as
propriedades do enxerto e, portanto, sua funcionalidade. A exemplo do
demonstrado por SANTOS et al., em 2007, que testou a incidência de
calcificação em próteses porcinas preservada em L-HydroR , implantada em
posição aórtica de carneiros, comparando-as com próteses preservadas em
73
Discussão
glutaraldeído, no presente estudo, não foram observadas diferenças no
desempenho hemodinâmico das duas próteses. Ao contrário, NINA et al.,
2003, ao analisar o comportamento hemodinâmico de próteses porcinas
preservadas em L-HydroR e compará-las às preservadas em glutaraldeído,
encontrou pressões capilares pulmonares maiores neste grupo, sendo esta
diferença significante.
No presente estudo, a avaliação angiográfica mostrou maior
incidência de refluxo nas próteses do grupo L-HydroR quando comparadas
ao grupo Glutaraldeído. Isso pode ser explicado pela ocorrência, no grupo
teste, de aderência parcial ou total das cúspides à parede do tubo em 07/14
próteses (50%). As demais variáveis (estenose valvar ou do tubo,
contratilidade ou obstrução da via de saída do VD, refluxo tricúspide),
mostraram comportamento uniforme, Nenhuma das variáveis
hemodinâmicas revelou diferença significante.
A exemplo dos estudos de NINA et al., em 2003, SANTOS et al., em
2007 e REY et al., em 2011, a avaliação radiológica, no presente estudo,
demonstrou diferença significante na verificacão de calcificação das
próteses que tiveram preservação em L-HydroR, versus aquelas que foram
preservadas em glutaraldeído. Essas últimas com maior grau de
calcificação.
Do mesmo modo, a exemplo desses estudos, a avaliação
macroscópica e microscópica demonstraram maior grau de calcificação nas
biopróteses preservadas em glutaraldeído. A avaliação macroscópica
analisou a presença de pontos de calcificação, o que foi verificado em todas
as próteses do Grupo Glutaraldeído. Macroscopicamente, apenas uma das
74
Discussão
cúspides do Grupo L-HydroR apresentava calcificação quantificada como
leve. Não foi observada a presença de trombos em nenhum dos grupos. Ao
contrário, REY et al. (2011) encontraram trombo em cúspide e no seio de
Valsalva de homoenxertos preservados em L-HydroR.
Em relação à microscopia, os resultados demonstram maior
calcificação das próteses preservadas em glutaraldeído, assim como os
estudos de NINA et al. (2003) e SANTOS et al. (2007). No caso das
próteses preservadas em L-HydroR, NINA et al. (2003), constataram,
através da microscopia eletrônica de varredura, a formação de um novo
endotélio, resistente à insudação de proteínas plasmáticas e sais, que são
precursoras da degeneração bioprotética. Em suas observações, NINA et al.
(2003) concluíram que a ausência de toxicidade, característica da
preservação em L-HydroR, permitiu que a matriz das próteses do grupo
teste se tornasse biocompatível, possibilitando a reendotelização
espontânea, favorecendo maior resistência à calcificacão e
trombogenicidade. Através da microscopia eletrônica de varredura e da
microscopia eletrônica de transmissão, REY et al., (2011) demonstraram
evidência histológica de repopulação intersticial e endotelial, na superfície
de homoenxertos preservados em L-HydroR, implantados em carneiros.
É atribuída ao PEG a propriedade imunossupressora, na qual se
fundamenta a preservação L-HydroR. Conforme demonstrado por
COLLINS et al. (1991), antígenos que se combinam com o PEG,
apresentam redução da antigenicidade. WICOMB et al., (1992)
demonstraram a reduzida toxicidade do PEG, quando adicionaram essa
substância à solução de preservação miocárdica, garantindo viabilidade ao
75
Discussão
órgão por tempo mais prolongado, quando comparadas às soluções
cardioplégicas convencionais.
Outros estudos tentaram mostrar essa mesma capacidade de
endotelização. GOLDSTEIN et al. (2000) demonstraram a descelularização
de heteroenxertos e homoenxertos associada à endotelização autógena in
vitro. SHINOKA et al. (1995), propuseram a construção de prótese por
meio da semeadura de células endoteliais e fibroblastos de ovinos sobre
esqueleto polimérico biodegradável formado por fibras de ácido
poliglicólico e poliglactina. Esse estudo mostrou evidência de crescimento
endotelial. Apesar disso, as próteses apresentaram alta porosidade e rigidez,
o que limitava sua aplicabilidade clínica.
Constatou-se a ocorrência de aderência de parte ou de todas as
cúspides das próteses do Grupo L-HydroR (sete animais), em comparação
ao Grupo Glutaraldeído, onde esse evento não foi verificado. Uma possível
explicação para tal aderênca é o fato das biopróteses preservadas em LHydroR terem, desde sua preparação, uma característica menos espessa e
mais flexível, se comparadas às próteses preservadas em glutaraldeído.
Sendo a via de saída do ventrículo direito uma zona de baixa pressão, as
cúspides mais flexíveis estariam suceptíveis a aderirem à parede do tubo.
A alteração do desenho da prótese com a confecção de seios imediatamente
acima do plano valvar poderia, talvez, reduzir a incidência das aderências.
Nesse sentido, estudos posteriores, testando esse novo modelo de prótese,
permitiriam a avaliação do seu desempenho. REY et al., (2011), em seu
estudo experimental com homoenxertos preservados em L-HydroR ,
76
Discussão
encontraram, a partir da microscopia óptica, cúspides pouco retraídas, com
adelgaçamento progressivo em direção à borda livre.
A espectrofotometria por absorção atômica, assim como as
avaliações macro e microscópica, demostraram maiores concentrações de
cálcio nas próteses do Grupo Glutaraldeído. Houve significância, o que
comprova a viabilidade na avaliação de cálcio por esse método (BAUCIA
et al., 2006).
Apesar de não ter sido alvo desse estudo, a busca por um substituto
valvar ideal ainda esbarra na dificuldade de identificar uma prótese que,
além de ampliar sua durabilidade, seja capaz de acompanhar o crescimento
do hospedeiro. Recentemente, FURLANETTO et al. (2009) demonstraram
que xenoenxerto valvado pulmonar porcino, com preservação L-HydroR,
colocado em posição pulmonar de carneiros recém nascidos e
acompanhados até a fase adulta, apresentavam crescimento do enxerto,
ausência de calcificacão e preservação da função valvar pulmonar.
O presente estudo apresenta como limitação a impossibilidade de
reproduzir o efeito da doença cardíaca e o perfil de coagulação comparável
ao do homem, a exemplo de outros que utilizaram animais de grande porte
na avaliação de novas tecnologias de preservação ou substituição de tecidos
cardíacos (LEVY, 1994; SCHOEN, 1999). Ademais, os modelos animais,
apesar da anatomia semelhante à humana, possuem antigenicidade
diferente, o que pode levar a resultados não reprodutíveis quando do uso
clínico (LOPES et al., 2011).
77
Discussão
Ainda como fator limitante desse estudo, o número de animais
alocados no Grupo Glutaraldeído (controle), apesar de se justificar pelo
amplo conhecimento acerca da evolução e desfecho das próteses
preservadas por este método, restringe a comparação entre os grupos nas
variáveis hemodinâmicas, onde houve comportamento semelhante entre os
grupos L-HydroR e Glutaraldeído.
No presente estudo, a substituição do tronco pulmonar por enxerto
tubular valvado com preservação em L-HydroR mostrou-se adequado para
avaliação, como modelo experimental já que permite analogia ao que possa
ocorrer com a espécie humana. A preservação com L-HydroR indicou
redução significativa da calcificação no tubo e nas cúspides da bioprótese
utilizada.
Novas avaliações de desempenho deverão ser realizadas, a partir
deste estudo, visando a observação e aplicabilidade clínica. A comprovação
quanto à existência e viabilidade de repopulação tecidual e instersticial
poderá ser obtida através de estudos complementares.
CONCLUSÕES
79
Discussão
As próteses preservadas em L-HydroR (não aldeídicas) mostraram-se
mais resistente ao processo de degeneração tecidual, especialmente à
calcificação, quando comparadas àquelas preservadas em glutaraldeído.
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Referências
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potentiates the anti-calcific effect of alpha-amino oleic acid on
glutaraldehyde-fixed aortic wall tissue. Ann Thorac Surg. 2005 - 79,
905-10.
NORMAS ADOTADAS
101
Normas adotadas
Normas Adotadas
1. ICMJE - International Committee of Medical Journals Editors.
Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical
journal. Disponível no site: http://www.icmje.org.
2. COBEA (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal) Princípios éticos da experimentação animal. Sociedade Brasileira
de Ciência em Animais de Laboratório. http://www.cobea.org.br.
3. Ferreira, LM., Goldenberg, S., Nahas, FX., Barbosa, MVJ., Ely,
PB. Orientação normativa para elaboração e apresentação de teses .
São Paulo; 2008 - Livraria Médica Paulista Editora.
4. Association for Assessment and Accreditation of Laboratory
Animal Care - Guide for the Care and Use of Laboratory Animals.
Disponível no site: http://www.aaalac.org/about/index.cfm.
5. Consulta ao DeCS - Descritores em Ciências da Saúde. http://
decs.bvs.br/ - terminologia em saúde.
6. International Standard Organization - ISO 5840, 3a edição, 1996,
revisada em 2005.
102
Abstract
ABSTRACT
Introduction: The cardiac bioprostheses are related to
thromboembolic events, infectious and degenerative diseases. Wear is
mainly attributed to the denaturation of collagen. Glutaraldehyde, the
predominant method of preservation of bioprostheses, favors the
calcification process and limits their durability. Several techniques try to
contain the degenerative process of bioprostheses. Objectives: To evaluate
the process of calcification in vivo pulmonary valve heterografts preserved
in non-aldehydic (L-HydroR). Methods: 17 sheep underwent replacement
of the pulmonary artery valved tubular grafts of bovine pericardium. The
animals were divided into two groups: Group L-HydroR (test / n = 14) and
Group Glutaraldehyde (control / n = 3). About 150 days after implantation,
angiography was performed, hemodynamic measurements and sacrifice.
The mice were sacrificed and the prostheses subjected to a pathological
study, radiological evaluation and measurement of calcium by atomic
absorption spectrophotometry. Statistical analysis was obtained through the
Fisher's exact test, Student's t or Mann-Whitney test (significance: 5%).
Results: The angiographic and hemodynamic performance of prostheses
tested was similar in both groups. Radiological evaluation, the macroscopic
and microscopic measurement of serum calcium by atomic absorption
spectrophotometry showed increased calcification of the prosthesis
Glutaraldehyde Group, when compared to L-HydroR Group prosthesis (p
=0.001). 07 animals in Group L-HydroR (50%) had adherence of the leaflets
to the wall of the tube (p = 0.228). Conclusions: Prostheses preserved in LHydroR were more resistant to calcification when compared with
Glutaraldehyde preserved.
ANEXOS
104
Anexos
Anexo 1: Carta do Comitê de Ética em Pesquisa - UNIFESP
105
Anexos
Anexo 2: Planilha geral de animais
GÊNERO PESO IDADE CEC Sobrevida
(Kg) (meses) (min)
PRÓTESE
(dias)
TAMANHO
STATUS
PRÓTESE
GRUPO I
1
F
34
8,13
76
86
L1420080218PB345
17
Encontrado morto
2
M
30
7,93
93
197
L1420080317665
17
Sacrificado
3
F
35
6,77
79
194
L1420080317APB681
17
Sacrificado
4
M
30
6,13
76
151
L1420080317APB666
17
Sacrificado
5
M
27
6,20
62
168
L1420071203APB327
15
Sacrificado
6
M
30
7,37
100
174
L1420080331APB323
17
Sacrificado
7
M
35
6,73
49
162
L1420080331APB324
17
Sacrificado
8
M
35
6,73
71
162
L1420080317APB692
17
Sacrificado
9
M
33
6,60
48
165
L1420080331APB330
17
Encontrado morto
10
M
33
6,67
28
161
L1420080623APB995
17
Sacrificado
11
M
32
6,77
34
161
L1420080623APB957
17
Sacrificado
12
M
32
6,77
30
162
L1420080623APB502
17
Sacrificado
16
F
30
7,67
39
154
L1420080331APB120
19
Sacrificado
17
M
28
8,33
35
154
L1420080331APB117
19
Sacrificado
PRÓTESE
TAMANHO
STATUS
GÊNERO PESO IDADE CEC Sobrevida
GRUPO II
(Kg) (meses) (min)
(dias)
PRÓTESE
13
M
35
6,30
38
161
NA000258
17
Sacrificado
14
M
33
6,30
30
161
NA A000495
17
Sacrificado
15
M
33
6,50
25
161
NA A000125
17
Sacrificado
106
Anexos
Anexo 3: Avaliação laboratorial (cirurgia, 7o PO, 90o PO, sacrifício)
7o dia
90o dia
HEMOGLOBINA
(g/dl)
CIRURGIA
sacrifício
1
11,1
13,3
2
14,7
12,8
13,8
3
11,4
11,4
11
4
11
15,1
12,1
5
9,9
11,9
11,6
6
10,4
7
12,8
8,2
11,9
10,5
8
12,2
8,6
12,5
11,6
9
14,2
8,9
11,5
10
13,1
9,7
13,3
13,6
11
11,7
7,6
12,9
11,9
12
11,3
8,5
11,5
11,9
13
9,8
9,1
10,7
12,7
14
7,6
10,1
12,4
9,1
15
12
8,8
11,8
11,9
16
13,7
10,2
10,6
12
17
14,6
9,9
15,8
14,2
LEUCÓCITOS
(/mm3)
CIRURGIA
7o dia
90o dia
sacrifício
1
11.300
16.500
2
12.200
8.300
6.800
3
9.800
7.600
6.600
4
6.500
13.800
10.400
5
9.800
10.900
8.300
6
10.300
7
10.100
7400
7.800
6.100
8
7.000
6500
6.700
6.400
9
10.600
8900
20.100
10
9.300
6100
6.700
5.000
11
9.700
9000
13.500
5.700
12
11.100
9300
11.800
6.600
13
13.900
8200
6.900
8.500
14
9.500
6700
8.600
6.600
15
8.800
7400
9.800
7.500
16
6.400
5400
12.300
6.500
17
6.900
7000
5.200
4.700
12,4
8.600
107
Anexos
BILIRRUBINA
DIRETA
CIRURGIA
1
0,10
7o dia
90o dia
sacrifício
0,10
2
0,10
0,10
0,10
0,20
4
0,10
0,10
5
0,10
3
0,10
6
0,10
0,10
7
0,10
0,10
0,10
8
0,10
0,10
0,10
9
0,10
0,10
10
0,10
0,10
0,10
11
0,10
0,10
0,10
0,10
12
0,10
0,10
0,10
0,10
13
0,10
0,10
0,10
0,10
14
0,10
0,10
0,10
15
0,10
0,10
0,10
16
0,10
0,10
17
0,10
0,10
BILIRRUBINA
TOTAL
CIRURGIA
7o dia
1
0,20
0,10
90o dia
sacrifício
0,20
2
0,20
0,20
0,30
0,30
4
0,20
0,20
5
0,30
3
0,20
6
0,20
0,30
7
0,20
0,30
0,20
8
0,20
0,20
0,20
9
0,20
0,20
10
0,30
0,20
0,30
11
0,30
0,20
0,20
0,20
12
0,20
0,20
0,20
0,30
13
0,20
0,20
0,20
0,20
14
0,20
0,20
0,20
15
0,20
0,20
0,20
16
17
0,20
0,20
0,20
0,30
0,20
108
Anexos
90o dia
sacrifício
9,7
10,1
9,9
9,7
9,5
10,2
9,5
9,4
4
10,2
9,4
5
9,6
9,5
CALCIO
CIRURGIA
1
2
3
7o dia
6
9,3
10,6
7
9,7
9,1
9,1
9,0
8
10,5
9,2
10,0
9,4
9
10,4
8,7
10
9,9
9,0
9,2
9,2
11
9,1
8,6
8,5
8,3
12
9,8
8,8
9,6
8,9
13
10,2
9,3
8,8
8,7
14
9,9
9,5
9,1
8,7
15
9,6
9,2
8,1
8,7
16
9,7
10,2
9,6
9,7
17
10,2
9,4
10,6
9,7
CPK (U/L)
CIRURGIA
7o dia
90o dia
sacrifício
1
121
115
2
231
107
144
3
219
111
275
4
175
106
80
5
368
133
418
6
155
7
221
86
200
225
8
87
114
302
234
9
107
108
10
96
137
155
11
182
77
126
227
12
127
77
182
174
13
102
54
246
134
14
155
195
165
326
15
149
132
149
217
16
205
270
17
229
207
59
272
217
109
Anexos
FERRO (mcg/dl)
CIRURGIA
1
294
7o dia
90o dia
sacrifício
143
2
207
237
189
298
4
171
120
5
183
306
3
181
6
183
177
7
112
75
157
169
8
93
82
184
196
9
114
93
10
106
160
147
189
11
150
84
94
145
12
126
55
148
111
13
163
118
200
163
14
79
58
201
333
15
91
79
139
145
16
169
129
216
152
17
279
122
260
370
POTÁSSIO
(mEq/L)
CIRURGIA
7o dia
90o dia
sacrifício
1
5,5
4,6
2
7,2
4,8
10,3
3
7,8
4,5
4,9
4
5,2
4,6
5
4,6
6
4,7
7
5,1
5,1
7,6
8
5,0
5,0
6,4
9
5,7
4,7
10
4,9
4,9
6,0
11
5,7
4,7
5,7
12
5,4
5,3
7,7
5,7
13
5,1
5,8
5,3
14
4,9
4,7
6,4
15
5,1
4,5
6,1
4,7
5,2
6,0
4,5
16
17
5,4
4,5
7,3
4,9
110
Anexos
SÓDIO (mEq/L)
CIRURGIA
1
143
7o dia
90o dia
sacrifício
150
2
150
139
149
146
4
151
145
5
146
144
3
149
6
145
148
7
147
147
146
148
8
146
146
147
145
9
149
143
10
150
146
154
148
11
149
144
145
147
12
149
146
150
151
13
147
149
147
14
149
149
151
147
15
149
146
152
145
16
150
146
146
17
150
151
146
149
FOSFATASE
ALCALINA (U/L)
CIRURGIA
7o dia
90o dia
sacrifício
1
430
657
2
676
905
694
3
459
449
260
4
1.376
491
5
536
435
6
406
474
7
363
161
314
184
8
465
178
683
414
9
403
196
10
420
201
502
371
11
199
159
471
169
12
299
160
376
189
13
742
172
795
571
14
805
230
1.053
277
15
564
191
494
394
16
273
202
300
17
533
319
589
143
111
Anexos
PROTEÍNAS
TOTAIS (g/dl)
CIRURGIA
7o dia
90o dia
sacrifício
1
7,6
2
6,7
7,1
3
7,1
7,6
4
6,9
7,0
6,8
5
7,4
7,2
7,5
6
7,1
7
6,4
6,1
6,4
6,9
8
6,2
4,7
6,4
6,2
9
6,0
5,4
10
6,7
5,4
6,2
6,6
11
5,8
5,2
6,7
7,4
12
6,1
5,2
6,1
6,2
13
6,3
6,2
6,6
14
6,1
6,3
6,0
6,7
15
5,9
5,4
5,9
6,3
16
7,0
5,8
7,1
7,4
17
6,2
6,0
7,8
7,8
TGP (U/L)
CIRURGIA
7o dia
90o dia
sacrifício
1
29
18
2
20
18
20
3
31
23
20
4
15
27
15
5
16
20
11
6
21
7
22
18
21
27
8
22
16
18
21
9
10
6
10
16
29
19
24
11
14
13
12
19
12
5
12
18
18
13
12
9
4
7
14
30
16
20
8
15
6
5
12
2
16
22
23
21
11
17
19
23
22
27
7,5
17
112
Anexos
7o dia
90o dia
URÉIA (mg/dl)
CIRURGIA
sacrifício
1
61
80
2
47
74
49
3
52
63
50
4
45
62
44
5
46
55
47
6
55
7
37
34
44
41
8
39
29
54
37
9
46
44
10
42
27
53
41
11
40
28
47
35
12
34
24
55
38
13
50
38
46
23
14
38
42
43
32
15
50
27
54
31
16
42
44
30
37
17
80
48
42
50
HEMATÓCRITO
(%)
CIRURGIA
7o dia
90o dia
sacrifício
1
31,2
44,3
2
36,3
35,8
41,3
3
32,2
32,3
31,7
4
29,6
43,6
34
5
24,6
33
36
6
23,9
7
35,8
24,3
34,4
25,4
8
26,5
18,5
28,2
30,9
9
24,5
14,2
22,9
10
32,3
22,3
32,3
37,1
11
30,2
18,6
29,9
24,2
12
40,8
23,6
31,9
28,7
13
38
25,5
32,6
34,2
14
35,7
27,5
36,1
36,2
15
28,8
21,3
27,2
30,1
16
46,4
29,7
36
38,8
17
36,7
33,7
46,7
39,4
51
30,3
113
Anexos
7o dia
90o dia
PLAQUETAS
(/mm3)
CIRURGIA
sacrifício
1
395.000
204.000
2
447.000
162.000
303.000
3
482.000
254.000
506.000
4
308.000
494.000
473.000
5
516.000
560.000
420.000
6
321.000
7
647.000
639.000
466.000
255.000
8
749.000
784.000
461.000
219.000
9
889.000
836.000
396.000
10
899.000
970.000
302.000
227.000
11
738.000
809.000
325.000
341.000
12
641.000
648.000
484.000
688.000
13
532.000
637.000
266.000
352.000
14
464.000
621.000
426.000
234.000
15
771.000
853.000
445.000
292.000
16
398.000
502.000
692.000
379.000
17
752.000
699.000
253.000
349.000
BILIRRUBINA
INDIRETA
CIRURGIA
7o dia
90o dia
sacrifício
1
0,10
358.000
0,10
2
0,10
0,10
0,20
0,10
4
0,10
0,10
5
0,20
3
0,10
6
0,10
0,20
7
0,10
0,20
0,10
8
0,10
0,10
0,10
9
0,10
0,10
10
0,20
0,10
0,20
11
0,20
0,10
0,10
0,10
12
0,10
0,10
0,10
0,20
13
0,10
0,10
0,10
0,10
14
0,10
0,10
0,10
15
0,10
0,10
0,10
16
17
0,10
0,10
0,10
0,20
0,10
114
Anexos
COLESTEROL
TOTAL
CIRURGIA
1
88
7o dia
90o dia
sacrifício
80
2
81
64
3
66
46
48
4
59
69
70
57
60
5
6
55
7
75
49
70
68
8
76
50
53
54
9
78
51
10
96
59
55
66
11
52
48
29
60
12
69
59
47
57
13
62
54
46
60
14
73
54
59
69
15
59
51
44
46
16
65
53
71
93
17
102
75
100
CREATININA
(mg/dL)
CIRURGIA
7o dia
90o dia
1
0,9
0,9
2
0,8
0,9
1,0
3
1,0
0,9
1,0
4
0,9
1,1
1,1
5
0,6
0,8
0,3
6
0,7
7
0,9
1,0
0,9
0,9
8
0,5
0,7
0,5
0,7
9
0,9
1,0
10
0,9
0,8
0,6
1,0
11
0,8
0,7
0,8
1,0
12
0,9
0,8
1,0
0,9
13
0,9
0,9
0,8
1,1
14
0,9
0,8
0,8
0,6
15
0,6
0,8
0,7
1,0
16
0,5
0,8
0,7
0,9
17
0,7
0,5
0,2
0,9
sacrifício
0,8
115
Anexos
7o dia
90o dia
GLICEMIA
(mg/dl)
CIRURGIA
1
59
54
2
56
61
56
3
79
64
71
4
58
70
67
5
62
65
29
6
62
7
67
80
49
8
76
105
51
9
66
86
10
64
79
39
11
88
80
38
12
62
69
25
22
13
58
46
31
32
14
71
82
51
15
66
80
35
16
sacrifício
42
44
50
58
69
44
93
DEHIDROGENASE
LÁTICA (U/L)
CIRURGIA
7o dia
1
590
608
2
492
613
615
3
658
846
984
4
321
425
313
5
438
531
6
428
497
7
740
582
492
8
735
565
538
9
664
523
10
657
607
458
11
785
447
1.169
12
786
462
468
413
13
498
461
480
14
682
619
450
15
784
519
525
450
157
327
390
1.058
579
598
17
16
17
458
90o dia
sacrifício
116
Anexos
7o dia
90o dia
FÓSFORO (mg/dl)
CIRURGIA
sacrifício
1
5,3
7,3
2
9,0
9,4
8,0
3
7,0
8,1
12,0
4
5,1
7,3
5
5,4
7,8
6
4,5
5,8
7
8,9
9,2
9,7
11,3
8
7,5
7,1
7,8
7,1
9
8,9
8,4
10
10,9
8,4
9,5
6,7
11
9,7
7,1
5,2
6,7
12
9,2
7,1
7,1
9,0
13
8,3
8,5
9,1
14
8,1
8,3
10,9
8,6
15
11,5
6,6
10,4
7,7
8,2
9,6
16
17
10,2
6,4
7,4
PROTEÍNA
GLICOSILADA
(micromol/L)
CIRURGIA
7o dia
1
174
187
2
167
180
183
3
188
193
212
4
245
218
225
5
226
190
207
6
209
7
222
211
201
218
8
219
189
190
198
9
220
210
10
219
205
203
216
11
165
167
178
196
12
172
164
192
194
13
189
183
188
14
211
219
199
200
15
200
186
200
16
273
17
221
90o dia
sacrifício
165
184
202
300
194
235
117
Anexos
7o dia
90o dia
TGO (U/L)
CIRURGIA
sacrifício
1
123
134
2
103
93
150
3
172
189
251
4
79
76
52
5
88
82
90
6
127
7
129
160
87
70
8
125
213
114
77
9
103
108
10
109
346
139
11
173
141
138
12
132
116
93
79
13
118
97
116
14
148
135
110
108
15
138
146
115
94
16
69
190
80
51
17
92
329
104
132
TRIGLICÉRIDES
(mg/dl)
CIRURGIA
7o dia
90o dia
sacrifício
1
9
121
29
2
38
15
3
17
14
20
4
11
8
8
5
21
12
25
6
9
7
23
13
28
19
8
13
10
32
10
9
22
8
10
11
3
24
17
11
15
5
6
16
12
10
6
23
11
13
22
37
24
14
14
17
5
32
24
15
15
7
23
11
16
23
20
14
21
17
68
17
17
28
14
118
Anexos
7o dia
90o dia
GAMA GT (U/L)
CIRURGIA
sacrifício
1
37
46
2
55
82
82
3
67
127
134
4
32
44
43
5
37
43
26
6
39
7
49
47
16
18
8
66
53
59
51
9
52
45
10
64
47
60
46
11
50
44
57
48
12
35
32
32
33
13
52
38
42
47
14
53
50
51
15
72
54
76
16
23
39
17
71
53
44
69
49
35
78