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FACULDADE REDENTOR TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURSO ENGENHARIA CIVIL YVANNA GOMES DA ROCHA CABRAL ESTUDO SOBRE A INSTALAÇÃO DE UMA CENTRAL DE TRATAMENTO DESCENTRALIZADA DE ESGOTO DOMÉSTICO PARA CONDOMÍNIO COM 120 UNIDADES FAMILIARES DE 300M² A 500M² CADA MORADIA Itaperuna-RJ 2012 13 YVANNA GOMES DA ROCHA CABRAL ESTUDO SOBRE A INSTALAÇÃO DE UMA CENTRAL DE TRATAMENTO DESCENTRALIZADA DE ESGOTO DOMÉSTICO PARA CONDOMÍNIO COM 120 UNIDADES FAMILIARES DE 300M² A 500M² CADA MORADIA ORIENTADOR: JOB TOLENTINO JÚNIOR Trabalho para Conclusão de Curso, apresentado à Faculdade Redentor, como requisito para obter o título de Bacharel em Engenharia Civil. Itaperuna-RJ 2012 14 Autora: YVANNA GOMES DA ROCHA CABRAL Título: ESTUDO SOBRE A INSTALAÇÃO DE UMA CENTRAL DE TRATAMENTO DESCENTRALIZADA DE ESGOTO DOMÉSTICO PARA CONDOMÍNIO COM 120 UNIDADES FAMILIARES DE 300M² A 500M² CADA MORADIA Natureza do trabalho: Monografia Faculdade Redentor – Itaperuna-rj Área de concentração: Engenharia Civil Banca examinadora: ______________________________________ Prof. M. Sc. Job Tolentino Junior Orientador Faculdade Redentor ______________________________________ Prof. M.Sc. Muriel Batista de Oliveira Faculdade Redentor ______________________________________ Prof. M.Sc. Maysa Pontes Rangel Faculdade Redentor Itaperuna-RJ 2012 15 Dedico este trabalho primeiramente a Deus que me deu forças.. Aos meus pais, que me deram tanto apoio; Aos meus amigos Jaira, Luiz Carlos, Naya e Pedro, que me acompanharam nessa longa jornada; À minha família, que está sempre comigo. Ao meu orientador Job Tolentino que, além de ser um super gênio, é uma figura! Aos demais professores, que caminharam comigo durante todo o curso, À Coordenadora Fernanda, com quem sempre pude contar, resolver problemas e dar boas risadas. 16 “(...) Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer. Tenha felicidade o bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.” (Trecho de “Há Momentos” – Clarice Lispector) 17 RESUMO Este trabalho foi realizado no objetivo de se elaborar um estudo de uma modelagem de sistema tratamento descentralizado de esgoto doméstico, com objetivo de atender a um condomínio de seis blocos (480 moradores, em média), o qual devolverá ao meio ambiente uma substância menos poluente que o esgoto comumente despejado. Tal resultado é obtido pela adição de Peróxido de Hidrogênio (H2O2), a tão conhecida água oxigenada, com o auxílio de raios ultravioleta (UV) como catalisador, ao esgoto. O Peróxido de Hidrogênio é um potente oxidante e, em solução, gera dois radicais OH•, que se unirão com as moléculas do efluente, desintegrando-as, em um processo de esterilização, tendo sua eficiência melhorada com os raios UV. O produto resultante, ao final de 24 horas, é água parcialmente tratada. Através de testes feitos no laboratório, este resultado pode ser obtido, nesse intervalo de tempo, numa proporção peróxido/efluente de 1:75. Tendo total ciência de que Engenharia Civil e a conservação do Meio Ambiente devam “andar juntas”, a idealização do projeto é fazer com que se mantenha a ideia de preservação, sem alterar na rotina e conforto de uma residência. Palavras-Chave: tratamento; esgoto; peróxido; doméstico. 18 ABSTRACT This work was performed in order to conduct a study of a modeling system of decentralized wastewater treatment, aiming to meet a condo six blocks (480 inhabitants on average), which returns the environment a substance less polluting the sewage commonly dumped. This result is obtained by the addition of hydrogen peroxide (H2O2), known as the hydrogen peroxide with the aid of ultraviolet (UV) as catalyst in sewage. Hydrogen peroxide is a powerful oxidant and, in solution, generates two OH • radical, which will unite with the molecules of the effluent, disintegrating them in a sterilization process having improved efficiency with UV rays. The resulting product at the end of 24 hours is partially treated water. Through laboratory tests, this result can be obtained within this time interval, a ratio peroxide / effluent 1:75. Having full knowledge that Civil Engineering Environment and conservation should "go together", the idealization of the project is to make to keep the idea of preservation, without changing the routine and comfort of a home. Key words: treatment, sewage; peroxide; domestic. 19 SUMÁRIO DEDICATÓRIA .................................................................................................................... 3 EPÍGRAFE ............................................................................................................................ 4 RESUMO .............................................................................................................................. 5 ABSTRACT .......................................................................................................................... 6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................... 9 LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... 10 LISTA DE GRÁFICOS .......................................................................................................... 11 LISTA DE ANEXOS ............................................................................................................. 12 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13 2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 15 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 15 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ...................................................................................... 15 2.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 16 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 16 3.1 HISTÓRICO DE POLUIÇÃO ................................................................................. 16 3.2 O SISTEMA DE COLETA DE ESGOTO .............................................................. 17 3.2.1 DEFINIÇÃO ............................................................................................... 17 3.2.2 A HISTÓRIA DO ESGOTAMENTO ......................................................... 19 3.2.3 O ESGOTO ATUAL .................................................................................. 28 3.3 SISTEMAS DESCENTRALIZADOS ..................................................................... 41 3.4 SISTEMAS CENTRALIZADOS ............................................................................ 42 3.5 TRATAMENTO PRELIMINAR .............................................................................. 44 3.6 TRATAMENTO PRIMÁRIO .................................................................................. 45 20 3.7 TRATAMENTO SECUNDÁRIO ........................................................................... 46 3.8 TRATAMENTO TERCIÁRIO ................................................................................ 47 3.9 O PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO – H2O2 .............................................................. 51 3.10 OS RAIOS ULTRAVIOLETA – UV ..................................................................... 54 4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 58 4.1 O ESTUDO DE CASO .......................................................................................... 58 4.2 OS EXPERIMENTOS COM ESGOTO ................................................................. 60 4.3 MEMORIAL DE CÁLCULOS ................................................................................ 61 4.3.1 MORADORES DO CONDOMÍNIO ........................................................... 62 4.3.2 VAZÕES .................................................................................................... 62 4.3.3 CAPACIDADE DOS RESERVATÓRIOS ................................................. 63 4.4 DEFINIÇÕES DE CUSTOS ................................................................................... 64 5 RESULTADOS .................................................................................................................. 66 6 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 68 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 71 21 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1: Demonstração de como eram feitos os encanamentos nas primeiras redes de esgoto (Londonist 2010 – Museu Catedral do Esgoto, Londres, Inglaterra) ........................ 23 FIGURA 2: Fossa séptica, filtro e sumidouro, conforme NBR 7229 (InfoEscola) ................ 35 FIGURA 3: Córrego com esgoto em favela do Rio de Janeiro (Folha.com) ........................ 36 FIGURA 4: Exemplo das etapas de tratamento do esgoto em uma ETE (ambientebrasil.com.br) ........................................................................................................ 44 FIGURA 5: Despejamento de efluentes no rio Paraguari, em Salvador-BA (G1.com Novembro de 2011) .............................................................................................................. 50 FIGURA 6: Rio Paraguari, em Salvador-BA, mostrando-se bem poluído (G1.com – Novembro de 2011) .............................................................................................................. 51 FIGURA 7: (a) Ligações da molécula de H2O2; (b) Hidroxilas resultantes após quebra da molécula, com seus radicais livres. (Imagem: Yvanna Cabral) ............................................ 52 FIGURA 8: Croqui de uma lâmpada fluorescente normal e de outra do tipo UV. (Elmorsi, 2010) ..................................................................................................................................... 57 FIGURA 9: Bairro Garrafão, em Guapimirim-RJ (Google Maps) ......................................... 69 FIGURA 10: Bairro Garrafão, em Guapimirim-RJ (Google Maps) ....................................... 70 22 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Coleta e tratamento de esgoto nos municípios brasileiros (UNDP 2000) ......... 37 23 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Ação do peróxido em cada tubo de ensaio. (Dados: Yvanna Cabral) ................ 59 Gráfico 2: Comparação entre eficiência de Tratamentos de Efluentes diferentes (Gráfico: Yvanna Cabral / Fonte: Dados da PUC-GO) ........................................................................ 67 Gráfico 3: Comparativo entre os custos de Tratamentos de Efluentes diferentes (Gráfico: Yvanna Cabral / Fonte: Dados da PUC-GO) ........................................................................ 67 24 LISTA DE ANEXOS ANEXO I: Fluxograma – Classificação Dos Procedimentos De Tratamento De Efluentes................................................................................................................................ 73 ANEXO II: DZ-215.R-4 – Diretriz De Controle De Carga Orgânica Biodegradável Em Efluentes Líquidos De Origem Sanitária ............................................................................... 74 25 1. INTRODUÇÃO As residências, em média 54,2%, têm tubulações que encaminham seu esgoto direto para valas ou rio, sem qualquer tipo de tratamento, ou seja, da forma in natura IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 2011. Um esgoto doméstico é composto de aproximadamente 90% de água, sendo os outros 10% materiais orgânicos e inorgânicos dissolvidos, além de microrganismos, de acordo com Von Sperling, 1996, e seu lançamento direto ao ambiente, sem um tratamento adequado, acarreta no aumento da poluição. Entre 2008 e 2009, a rede de esgoto não havia avançado no país, segundo os números da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), período em que o serviço manteve o percentual de 52,5% dos domicílios. Em 2011, mostra que o esgoto doméstico é o grande problema ambiental brasileiro com relação à poluição da água, seguido do uso de agrotóxicos e fertilizantes, e que, das cidades que registram poluição permanente da água, 75% apontaram o despejo do esgoto como o principal causador. Segundo os dados da pesquisa, isso se deve também pelos baixos investimentos no setor de saneamento e pela falta de educação ambiental da população. Em 2011, outro estudo realizado pelo IBGE, mostra que ainda há grande desigualdade entre as regiões brasileiras no acesso ao saneamento. Nessa situação, persistem muitas doenças, como diarreia e febre amarela, em consequência da falta de serviços de água tratada e esgoto. Isso significa que, embora o número de domicílios com acesso à rede tenha aumentado, o crescimento no número de residências foi ainda maior nesse período, agravando o percentual de casas que despejam dejetos sem tratamento e agravam a poluição ambiental. Como forma de diminuir o teor de poluição dos efluentes, foi elaborado este estudo que, além de planejar encaminhar o esgoto até uma central de tratamento de efluentes descentralizada, será utilizado como agente degradante o Peróxido de Hidrogênio e os raios UV como catalisadores, que vão atuar diretamente no tratamento dos efluentes, degradando suas moléculas e permitindo que seja lançada no rio uma substância menos poluente que o esgoto in natura descartando normalmente. 26 A estação de será destinada a tratar o esgoto produzido pelo Condomínio Projetado (nome fantasia). Este contem 6 blocos, contendo cada um 5 andares. Em cada andar, há 4 apartamentos projetados para 4 moradores cada, tendo uma estimativa de 480 moradores. A utilização da solução do Peróxido de Hidrogênio no tratamento do esgoto resulta na separação da molécula H2O2, formando duas hidroxilas •OH, potente oxidante, que são capazes de degradar e se unir uma ampla variedade de compostos, levando à formação de CO2 e H2O, de acordo com Tolentino Junior, J., em 2007. Utilizando-se do método Foto Fenton, (APHA, 2005), que emprega a exposição à luz solar como catalisador natural, para acelerar o processo de degradação do esgoto doméstico, este estudo consistiu em aplicar tal processo, de maneira que os resultados sejam obtidos de forma mais rápida, observando, assim, a eficiência do tratamento, através da quantificação de matéria orgânica, antes do tratamento, e a qualidade desta, após o tratamento. O acesso à rede geral de esgotamento sanitário ou à fossa séptica e a coleta de lixo cresceram no Brasil, segundo uma série de dados coletados pelo IBGE até o ano de 2009. O estudo, no entanto, aponta que o atendimento ainda não pode ser considerado universal no país, principalmente em áreas rurais. O instituto analisou o acesso do brasileiro aos tipos de esgoto sanitário que são considerados adequados à saúde e ao ambiente durante os anos de 1992 a 2009. No último ano da série, aproximadamente 80% dos moradores das áreas urbanas e 20% das rurais tinham acesso à rede geral de esgotamento ou à fossa séptica. Nas regiões rurais, o IBGE afirma que os valores ainda são baixos, porém estão crescendo – em 1992, o acesso à rede considerada adequada era de 7,3% e, em 2009, esse número era de 19,5%. No último ano da série, áreas rurais de São Paulo tinham 44,3% de acesso, Distrito Federal, 22,6% e Rio de Janeiro, 17,9%. Ainda, pode-se destacar que estes dados são somente referentes à presença de coleta/tratamento nos municípios de cada um dos estados da união, mas não apresentam nenhum dado em relação à porcentagem de coleta/tratamento em cada um deles, isto é, dizer que um município possui tratamento de esgoto não 27 quer dizer que este tratamento abranja 100% do número de habitações. Outra questão em relação aos municípios que possuem tratamento de esgoto é o tipo de tratamento que possuem. As formas de tratamento são variadas e podem ser destacados: digestor de fluxo ascendente, por lodo ativado, por lagoas de estabilização e por fossa séptica (Vilar, S.F., 2011). As comparações são fundamentadas em eficiência de remoção de matéria orgânica, remoção de patogênicos, redução e/ou eliminação de possível odor, custo de instalação, área necessária para locação, complexidade de operação e manutenção e nos subprodutos resultantes no tratamento. 2. OBJETIVO 2.1 OBJETIVO GERAL: O objetivo geral desse estudo é elaborar uma modelagem de uma estação de tratamento descentralizada, a fim de diminuir o índice de poluição causado pelo despejo do esgoto na forma in natura ao meio ambiente, unindo técnicas de captação de esgoto já existentes com análises químicas. 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO: Este projeto tem como objetivo organizar um estudo a respeito da viabilidade da instalação de um novo sistema de tratamento do efluente doméstico em um condomínio de grande porte, com 120 unidades familiares com dimensões variantes de 300m² a 500m² cada uma, que realize a separação das matérias sólida e líquida, seja adicionado ao do Peróxido de Hidrogênio (H2O2) como técnica para o tratamento desse esgoto e ainda recebendo os raios solares (ultravioleta) como catalisador natural. 28 2.3 JUSTIFICATIVA: Levando em consideração os pensamentos sustentáveis, o estudo da viabilidade de implantação da técnica para o tratamento de efluentes domésticos se baseia na conjugação da Engenharia Civil com a preservação do meio-ambiente. Sendo assim, esse projeto se justifica como uma alternativa para tal tratamento de esgoto, tendo foco em áreas ou municípios que possuem precária coleta e/ou tratamento de efluentes. Geralmente, a própria natureza tem a capacidade de decompor a matéria orgânica presente nos rios, lagos e no mar. Porém, no caso dos efluentes, essa matéria é em quantidades maiores, exigindo um tratamento que atue com mais eficiência em uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que é, basicamente, a reprodução das ações da natureza, mas de maneira mais rápida. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 HISTÓRICO DE POLUIÇÃO Atualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, OMS, 2000, o lançamento do esgoto sanitário em muitas regiões do Brasil ocorre na forma “in natura” em um corpo de água. Tal fato nos leva a considerar que os esgotos das residências devem ser tratados antes de serem despejados no meio ambiente, pois, do contrário, causam um enorme risco de contaminar todo um ecossistema, como rios, lagos, mares, florestas, e lagoas, ou ainda contaminar foz e nascente de rios que abastecem as cidades fornecendo água para as residências população. Como citado por Tolentino Junior, J., 2007, a água de boa qualidade será o bem mais escasso do século XXI, em virtude do crescimento da demanda para suprir a espécie humana ter crescido mais de seis vezes nos últimos 100 anos. Mas os danos causados pelo lançamento do esgoto “in natura” podem ser evitados ou minimizados se o esgoto for tratado adequadamente. Profissionais das áreas de Engenharias têm buscado formas variadas de tratamento de efluentes, 29 principalmente o urbano, segundo Cavalcanti, J. E., 2012, que representa um grande percentual de materiais orgânicos, que são lançados diariamente nos cursos de água. O tratamento de esgotos consiste na remoção de poluentes e o método a ser utilizado depende das características físicas, químicas e biológicas (Metcalf e Eddy, 1991). Tratando-se do esgoto doméstico, podemos classificá-lo como esgoto oriundo de domicílios numa determinada localidade. Logo, já estão sendo analisadas as primeiras medidas alternativas de tratamento de efluentes, como, por exemplo, o uso da Taboa (Brasil e Matos, 2007) e a adição do Peróxido de Hidrogênio. Mozart da Silva Brasil, 2007, afirma que sistemas [de tratamento] alagados tem moderado custo e baixo consumo de energia e manutenção, e que uma grande variedade de macrofilas aquáticas pode ser usada no tratamento de águas residuárias em sistemas alagados construídos com fluxo subsuperficial, tendo essas plantas a resistência necessária para suportar as condições de alagamento contínuo e as alterações de níveis de poluição presentes da água (Davis, 1995). 3.2 O SISTEMA DE COLETA DE ESGOTO 3.2.1 Definição Para que as águas residuárias indesejáveis sejam escoadas com rapidez e segurança, é necessária a construção de um conjunto estrutural que envolve canalizações coletoras funcionando por gravidade, unidades de tratamento e de recalque quando imprescindíveis, obras de transporte e de lançamento final, além de uma série de órgãos acessórios indispensáveis para que o sistema funcione e seja operado com eficiência. Esse conjunto de obras para coletar, transportar, tratar e dar o destino final adequado às vazões de esgotos compõe o que se denomina de Sistema de Esgotos. O conjunto de condutos e obras destinados a coletar e transportar as vazões para um determinado local de convergência dessas vazões é denominado de Rede Coletora de Esgotos. 30 Os efluentes são conduzidos por gravidade, isto é, o escoamento é feito em princípio naturalmente dos pontos mais altos para os pontos mais baixos seguindo a declividade do terreno, logo, o traçado das redes de esgotos deve levar em conta a topografia (Silveira, G. L - 1999), ou por elevatórias de esgoto, usadas quando as profundidades das tubulações tornam-se demasiadamente elevadas, quer devido à baixa declividade do terreno, quer devido à necessidade de se transpor uma elevação, tornando-se necessário bombear os esgotos para um nível mais elevado. A partir desse ponto, os esgotos podem voltar a fluir por gravidade. Na concepção do traçado da rede de esgotamento sanitário, devido principalmente às condições topográficas locais, são definidas bacias de esgotamento sanitário, isto é, são definidas áreas onde é possível recolher e conduzir os esgotos por gravidade. Os sistemas de esgotos sanitários apresentam principalmente os seguintes objetivos e finalidades: - coletar os esgotos individualmente ou coletivamente; - afastamento rápido e seguro dos esgotos (fossas sépticas ou redes coletoras); - tratamento e disposição sanitária dos efluentes; - eliminação da poluição do solo; - conservação dos recursos hídricos; - eliminação de focos de poluição e contaminação; - redução na incidência das doenças relacionadas com a água contaminada. Os sistemas de coleta e transporte de esgotos podem ser individuais ou coletivos. Os sistemas individuais são adotados normalmente para o atendimento unifamiliar e é constituído por uma fossa séptica e um dispositivo de infiltração no solo que poderá ser um poço negro (sumidouro) ou outro dispositivo de irrigação sub-superficial (valas). Os sistemas coletivos são indicados para locais com elevada densidade populacional. Essa solução é composta por redes coletoras e 31 interceptores que recebem o lançamento dos esgotos, transportando-os até a estação de tratamento de esgotos, e desta ao seu destino final, de forma sanitariamente adequada. 3.2.2 A História do Esgotamento Segundo o documento “História do Saneamento”, publicado pela Universidade Federal de Campina Grande, 2002, os primeiros sistemas de esgotamento executados pelo homem tinham como objetivo protegê-lo das vazões pluviais, devendo-se isto, principalmente, à inexistência de redes regulares de distribuição de água potável encanada e de peças sanitárias com descargas hídricas, fazendo com que não houvesse, à primeira vista, vazões de esgotos tipicamente domésticos. Porém, como as cidades tendiam a se desenvolver às margens de vias fluviais, por causa da necessidade da água como substância vital, principalmente para beber, com o passar do tempo os rios se tornavam tão poluídos com esgoto e o lixo, que os moradores tinham que se mudar para outro lugar. Este padrão universal foi seguido pelos humanos por muitos e muitos séculos. Poucas foram as exceções a esse padrão. Sítios escavados em Mohenjo-Daro, no vale da Índia, e em Harappa, no Punjab, indicam a existência de ruas alinhadas, pavimentadas e drenadas com esgotos canalizados em galerias subterrâneas de tijolos em argamassa a, pelo menos, 50 centímetros abaixo do nível da rua. Nas residências constatou-se a existência de banheiros com esgotos canalizados em manilhas cerâmicas rejuntadas com gesso. Isto a mais de 3000 a.C. No Egito, no Médio Império (2100-1700 a. C.), em Kahum, uma cidade arquitetonicamente planejada, construíram-se nas partes centrais, galerias em pedras de mármore para drenagem urbana de águas superficiais, assim como em Tell-el-Amarna, onde até algumas moradias mais modestas dispunham de banheiros. Em Tróia regulamentava-se o destino dos dejetos, sendo que a cidade contava com um desenvolvido sistema de esgotos. E Knossos, em Creta, a mais de 32 1000 a. C., contava com excelentes instalações hidrossanitárias, notadamente nos palácios e edifícios reais. Na América do Sul os incas e vizinhos de língua quíchua, desenvolveram adiantados conhecimentos em engenharia sanitária como atestam ruínas de sistemas de esgoto e drenagem de áreas encharcadas, em suas cidades. Historicamente, é observado que as primeiras civilizações não se destacaram por práticas higiênicas individuais por motivos absolutamente sanitárias e sim, muito frequentemente, por religiosidade, de modo a se apresentarem limpos e puros aos olhos dos deuses e não serem castigados com doenças (FERNANDES, 1997). Os primeiros indícios de tratamento científico do assunto, ou seja, de que as doenças não eram exclusivamente castigos divinos, começaram a aparecer na Grécia, por volta dos anos 500 a. C., particularmente a partir do trabalho de Empédocles de Agrigenco (492-432 AC), que construiu obras de drenagem das águas estagnadas de dois rios, em Selenute, na Sicília, visando combater uma epidemia de malária. A partir de 476 da era cristã, com a queda do Império Romano, iniciouse o período medieval, que duraria cerca de um milênio, e desgraçadamente para o Ocidente, caracterizou-se por uma fusão de culturas clássicas, bárbaras e ensinamentos cristãos, centralizado em Constatinopla. Grande parte dos conhecimentos científicos foi deslocada pelos cientistas em fuga, para o mundo árabe, notadamente a Pérsia, dando início na Europa, a uma substituição deste conhecimento por uma cultura a base de superstições, gerando a hoje denominada Idade das Trevas (500-1000 d. C.). Como a ênfase de que as doenças eram castigos divinos às impurezas espirituais humanas e seus tratamentos eram resolvidos com procedimentos místicos ou orações e penitências, as práticas sanitárias urbanas sofreram, se não um retrocesso, pelo menos uma estagnação. Neste período, no Ocidente, como o conhecimento científico restringiuse ao interior dos mosteiros, as instalações sanitárias como encanamentos de água e esgotamentos canalizados, ficaram por conta da iniciativa eclesiástica. Como exemplos desta afirmativa, pode-se citar que enquanto no século IX, a cidade do Cairo, no Egito, já dispunha de um serviço público de adução de água encanada, só em 1310 os franciscanos concordaram em que habitantes da cidade de 33 Southampton utilizassem a água excedente de um convento que tinha um sistema próprio de abastecimento de água desde 1290. Na Idade Média, nas cidades as pessoas construíram casas permanentes e esgoto, lixo e refugos em geral eram depositados nas ruas. Quando as pilhas ficaram altas, e o mau odor tornava-se insuportável, a sujeira era retirada com a utilização de pás e veículos de tração animal. Esta condição prevaleceu até o final do século XVIII, principalmente nas cidades menores. A iniciativa de pavimentação das ruas nas cidades europeias, com a finalidade de mantê-las limpas e alinhadas, a partir do final do século XII, exemplos de Paris (1185), Praga (1331), Nuremberg (1368) e Basiléia (1387), tornou-se o marco inicial da retomada da construção de sistemas de drenagem pública das águas de escoamento superficial e o encanamento subterrâneo de águas servidas, estas inicialmente para fossas domésticas e, posteriormente, para os canais pluviais. As primeiras leis públicas notáveis de instalação, controle e uso destes serviços têm origem a partir do século XIV. Em termos de saneamento o período histórico dos séculos XVI e XVIII é considerado de transição. A partir do século XVI, já no Renascimento, com a crescente poluição dos mananciais de água o maior problema era o destino dos esgotos e do lixo urbanos. No século seguinte, o abastecimento de água urbano teve radical desenvolvimento, pois se passou a empregar bombeamentos com máquinas movidas a vapor e tubos de ferro fundido para recalques de água, notadamente a partir da Alemanha, procedimentos que viriam a se generalizar no século seguinte, juntamente com a formação de empresas fornecedoras de água. Os estudos de John Snow (1813-1858), o movimento iluminista, a revolução industrial e as mudanças agrárias provocaram alterações revolucionárias no final do século XVIII, com profundas alterações na vida das cidades e, consequentemente, nas instalações sanitárias. Ruas estreitas e sinuosas foram alargadas e alinhadas, pavimentadas, iluminadas e drenadas, tanto na Inglaterra como no continente. 34 O aparecimento da água encanada e das peças sanitárias com descarga hídrica fez com que a água passasse a servir com uma nova finalidade: afastar propositadamente dejetos e outras impurezas indesejáveis ao ambiente de vivência. A sistemática de escoagem de refugos e dejetos domésticos com o uso da água, embora já fosse conhecida desde o século XVI, quando John Harrington (1561-1612) instalou a primeira latrina no palácio da Rainha Isabel, sua disseminação só veio a partir de 1778, quando Joseph Bramah (1748-1814) inventou a bacia sanitária com descarga hídrica, inicialmente empregada em hospitais e moradias nobres. A generalização dos sistemas de distribuição de água e as descargas hídricas para evacuar o esgoto, provocaram a saturação do solo, contaminando as ruas e o lençol freático. A extravasão para os leitos das ruas criou, também, constrangimentos do ponto de vista estéticos, levando a necessidade de criação de esquemas para limpeza das vias públicas das cidades grandes. Muitas cidades como Paris, Londres e Baltimore tentaram o emprego de fossas individuais com resultados desastrosos, pois as mesmas, com manutenção inadequada, se tornaram fontes de geração de doenças. Raramente eram limpas e seu conteúdo se infiltrava pelo solo, saturando grandes áreas do terreno e poluindo fontes e poços usados para o suprimento de água. As fossas, portanto, tornaram-se um problema de saúde pública. Além disso, era ilusoriamente fácil eliminar a água de esgoto, permitindo-a alcançar os canais de esgotamento existentes sob muitas cidades. Como esses canais de esgotamento se destinavam a carrear água de chuva, a generalização dessa prática levou os rios de cidades maiores transformarem-se em esgotos a céu aberto, um dos maiores desafios enfrentados pelos reformadores sanitários do século XIX. Paralelamente começava a se concretizar a ideia de serem organismos microscópicos como possível causa das doenças transmissíveis. No início do século XIX havia na Grã-Bretanha várias cidades consideradas de grande porte, mas elas pareciam tão incapazes como suas maneiras de evitar as contrastantes ondas de mortes por doenças e epidemias, que ainda eram o preço inevitável da vida urbana. 35 Apesar das consideráveis melhorias executadas nos esgotos londrinos no século anterior, as galerias continuavam despejando seus bacilos no rio Tâmisa, contaminando a principal fonte de água potável da capital. As décadas de 1830 e 1840 podem ser destacadas como as mais importantes na história científica da Engenharia Sanitária. A epidemia de cólera de 1831/32 despertou concretamente para os ingleses a preocupação com o saneamento das cidades, pois evidenciou que a doença era mais intensa em áreas urbanas carentes de saneamento efetivo, ou seja, em áreas mais poluídas por excrementos e lixo, além de mostrar que as doenças não se limitavam às classes mais baixas. Em seu Relatório (1842), Chadwick (1800-1890) já afirmava que as medidas preventivas como drenagem e limpeza das casas, através de um suprimento de água e de esgotamento efetivos, paralelo a uma limpeza de todos os refugos nocivos das cidades, eram operações que deveriam ser resolvidas com os recursos da Engenharia Civil e não no serviço médico. A evolução dos conhecimentos científicos, principalmente na área de saúde pública, tornou imprescindível a necessidade de canalizar as vazões de esgoto de origem doméstica. Os reformadores e os engenheiros hidráulicos (1842) propuseram, então, a reforma radical do sistema sanitário, separando rigorosamente a água potável da água servida: os esgotos abertos seriam substituídos por encanamentos subterrâneos, feitos de cerâmica durável (Van Haandel, A – 1981). Funcionários da prefeitura de Paris já haviam começado a projetar esgotos no começo do século XIX para proteger seus cidadãos de cólera. A solução indicada foi canalizar obrigatoriamente os efluentes domésticos e industriais para as galerias de águas pluviais existentes, originando, assim, o denominado Sistema Unitário de Esgotos, onde todos os esgotos eram reunidos em uma só canalização e lançados nos rios e lagos receptores. No final do século XIX, a construção dos sistemas unitários propagouse pelas principais cidades do mundo na época, entre elas, Londres, Paris, Amsterdam, Hamburgo, Viena, Chicago, Buenos Aires, etc (UFCG, 2002). Porém 36 nas cidades situadas em regiões tropicais e equatoriais, com índice pluviométrico muito superior (cinco a seis vezes maiores que a média europeia, por exemplo) a adoção de sistemas unitários tornou-se inviável devido ao elevado custo das obras, pois a construção das avantajadas galerias transportadoras das vazões máximas contrapunham-se às desfavoráveis condições econômicas características dos países situados nestas faixas do globo terrestre (Coura, A. M – 2009). Figura 1: Demonstração de como eram feitos os encanamentos nas primeiras redes de esgoto (Londonist 2010 – Museu Catedral do Esgoto, Londres, Inglaterra) No entanto, a evolução tecnológica nas nações mais adiantadas, como a Inglaterra, por exemplo, e a necessidade do intercâmbio comercial forçavam a instalação de medidas sanitárias eficientes, pois a proliferação de pestes e doenças contagiosas em cidades desprovidas dessas iniciativas propiciavam, logicamente, aos seus visitantes os mesmos riscos de contaminação, gerando insegurança e implicando, portanto, que os navios comerciais da época retirassem seus portos de suas rotas marítimas, temendo contaminação da tripulação e, consequentemente, causando prejuízos constantes às nações mais pobres e dependentes do comércio 37 internacional. No Brasil, relacionavam-se nesta situação notadamente os portos do Rio de Janeiro e Santos (FERNANDES, 1997). Temendo os efeitos deste desastre econômico, o imperador D. Pedro II contratou os ingleses para elaborarem e implantarem sistemas de esgotamento para o Rio de Janeiro e São Paulo, na época, as principais cidades brasileiras (DACACH, 1984). Ao estudarem a situação, os projetistas depararam-se com casos peculiares e diferentes das encontradas na Europa, principalmente as condições climáticas (clima tropical, com chuvas muito mais intensas) e a urbanização (lotes grandes e ruas largas). No Brasil destacou-se na divulgação do novo sistema, Saturnino Brito (1864-1929), cujos estudos, trabalhos e sistemas reformados pelo mesmo, fizeram com que, a partir de 1912, o separador absoluto passasse a ser adotado obrigatoriamente no país. Desde a década de 1950 até o final do século passado, o investimento em saneamento básico no Brasil ocorreu pontualmente em alguns períodos específicos, com um destaque para as décadas de 1970 e 1980 (ARRETCHE, 2004). Em decorrência disso, o Brasil ainda está marcado por uma grande desigualdade e déficit ao acesso, principalmente em relação à coleta e tratamento de esgoto. Atualmente, o setor tem recebido maior atenção governamental e há uma quantidade significativa de recursos a serem investidos, cerca de R$20,8 bilhões em esgoto e abastecimento em 306 municípios (Aislan, L. – 2012). Todavia, faz-se necessário que esses investimentos sejam sustentáveis. Nestes últimos anos, as principais normas que regulam o setor de saneamento estão representadas pela Lei 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, e pela Lei 9.433/1997, referente à Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Verificam-se nestas leis algumas exigências para garantir a sustentabilidade dos investimentos em saneamento, mas, segundo Souza, Freitas e Moraes (2007), ainda existe uma predominância de conceitos para prevenção, além de visões ambíguas dentro da mesma legislação. A seguir está relacionada uma cronologia, com registros de ocorrências marcantes na história do desenvolvimento dos sistemas de esgotamento nas 38 civilizações, ao longo dos milhares de anos (PLANASA – Plano Nacional de Saneamento):      4000 a.c - Mesopotâmia: início de construções de sistemas de irrigação. 3750 a.c - Índia: construção de galerias de esgotos pluviais em Nipur. 3750 a.c - Babilônia: construção de galerias de esgotos pluviais. 3100 a.c - Vários pontos: surgimento de manilhas cerâmicas. 3000 a.c - Harada e Mohenjodaro, Paquistão: muitas casas com banheiros abastecidos através de tubos cerâmicos e condutos em alvenaria de tijolos     para condução de águas superficiais. 2750 a.c - Índia: início dos sistemas de drenagem subterrânea no vale dos hindus. 2000 a.c - Creta: empregado no Palácio de Minos, em Knossos, manilhas cerâmicas de ponta e bolsa com cerca de 0,70m de comprimento. 1700 a.c - Creta: instalada a primeira banheira no palácio de Knossos, por Dédalus. 514 a.c - Roma: construção de uma galeria com 740m de extensão e diâmetro equivalente de até 4,30m, de pedras arrumadas, denominada de           cloaca máxima, por Tarquínio Prisco, o Velho (c. 580-514 a.c). 500 a.c - Roma: construção de galerias auxiliares a principal, em condutos de barro, por Tarquínio, o soberbo (540-509 a.c). 260 a.c - Atenas: criação da bomba parafuso, por Arquimedes (287- 212 a.c). 200 a.c - Atenas: criação da bomba de pistão, por Ctesibius. 32 a.c - Roma: Agripa (63-12 a.c) ordenou a limpeza das galerias existentes e criou novas de até 3m de largura por 4km de extensão. 1237 - Londres: surgimento da água encanada com o emprego de canos de chumbo. 1370 - Paris: construída a primeira galeria com cobertura abobadada. 1500 - Alemanha: uso obrigatório de fossas nas residências. 1650 - Gloucester: instalação de latrinas municipais. 1680 - Londres: início do emprego de água para limpeza de privadas. 1689 - Paris: Denis Papin (1647-1712) inventa a bomba centrífuga. 39               1778 - Londres: Joseph Bramah inventa a bacia sanitária com descarga hídrica. 1785 - Londres: James Simpson introduz no mercado os tubos de ponta e bolsa. 1804 - Inglaterra: emprego de tubos de ferro fundido. 1805 - Lichfield: substituição de canos de chumbo por de ferro fundido. 1808 - Londres: substituição de estruturas de madeira por canos de ferro fundido. Idem Dublin (1809), Filadélfia (1817), Gloucester (1826). 1815 - Inglaterra: autorizado o lançamento de efluentes domésticos nas galerias pluviais. 1827 - Londres: uso compulsório de tubos de ferro fundido. 1830 - Londres: permissão para lançamento de esgotos domésticos no rio Tâmisa (o que seria proibido em 1876). 1842 - Hamburgo, Alemanha: iniciada a implantação de um sistema projetado de esgotos de acordo com as teorias modernas. 1847 - Londres: lançamento compulsório das águas domésticas nas galerias pluviais. 1848 - Londres: promulgação na Inglaterra de leis de saneamento e saúde pública. 1855 - Rio de Janeiro: contratação dos ingleses para criar sistemas de esgotamento para as cidades do Rio e São Paulo. 1857 - Rio de Janeiro: inauguração do sistema de esgotos (separador parcial) da cidade, tornando-se uma das primeiras cidades do mundo dotada de rede      coletora de esgotos. 1857 - Nova Iorque: inauguração do sistema de esgotos da cidade. 1873 - Recife: iniciada a construção da primeira rede coletora de esgotos sanitários desta capital. 1876 - São Paulo: inaugurado o primeiro sistema coletor de esgotos (separador parcial) da cidade. 1879 - Memphis, EUA: criação do Sistema Separador Absoluto por George Waring ( 1833 -1898). 1889 - Irlanda: apresentada pelo autor a expressão de Manning. 40             1892 - Campinas: execução da rede coletora desta cidade. 1897 - B. Horizonte: inauguração da cidade com água e esgotos projetados por Saturnino de Brito. 1900 - Áustria: início da produção de tubos de cimento-amianto por Ludwing Hastscher. 1900 - São Paulo: Saturnino de Brito inventou o tanque fluxível. 1907 - São Paulo: Saturnino de Brito iniciou as obras de esgotos e drenagem da cidade de Santos. 1912 - Brasil: adoção do sistema separador absoluto. 1920 - São Paulo: invenção do tubo de ferro fundido centrifugado por De Lavaud. 1928 - São Paulo: construção da estação de tratamento de esgotos de Santo Ângelo 1953 - Inglaterra: iniciada a fabricação de tubos de PVC. 1962 - Campina Grande: fundação da primeira empresa pública nacional de saneamento (SANE-SA). 1968 - Brasília: criação do PLANASA - Plano Nacional de Saneamento. 1968 - São Paulo: criação da CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental. 3.2.3 O Esgoto Atual O conjunto de resíduos sólidos e líquidos gerados, seja em residências ou estabelecimentos comerciais ou industriais, é denominado efluente e está presente na estrutura denominada esgoto, que pode ser subdividido nas seguintes categorias: sólido, líquido, doméstico, industrial, águas servidas (Von Sperling – 1999). Na esfera, denominada efluente doméstico, estão aqueles que se originam em todas as edificações que contêm instalações, tais como: banheiros, lavanderia, cozinha, que se utilizam de água para fins domésticos. Estas edificações são as residências (uni ou multi familiares), condomínios (horizontais e verticais), instituições de ensino (escolas, faculdades, universidades), prédios públicos e comerciais. 41 A evolução dos sistemas de esgotamento deu origem a dois tipos com características bem distintas, principalmente do ponto de vista da quantidade e qualidade das vazões transportadas, o Sistema Unitário e o Separador Absoluto, sendo este último o mais empregado nos tempos contemporâneos. Em vários países (entre estes o Brasil) é obrigatório o emprego do sistema separador absoluto. Um exemplo de sistema unitário moderno é o da Cidade do México, onde praticamente toda a água residuária gerada na área urbana é canalizada para utilização em áreas agrícolas irrigáveis. Para melhor entender esta preferência pode-se elaborar uma série de comparações como as relacionadas a seguir (Jordão, 1995): a) Desvantagens do Sistema Unitário  Dificulta o controle da poluição a jusante onerando o tratamento, em virtude dos grandes volumes de esgotos coletados e transportados em épocas de cheias e, consequentemente, o alto grau de diluição em contraste com as pequenas vazões escoadas nos períodos de estiagem, acarretando problemas hidráulicos nos condutos e encarecendo a manutenção do sistema;  Exige altos investimentos iniciais na construção de grandes galerias necessárias ao transporte das vazões máximas do projeto;  Tem funcionamento precário em ruas sem pavimentação, principalmente de pequenas declividades longitudinais, em função da sedimentação interna de material oriundos dos leitos das vias públicas;  Implicam em construções mais difíceis e demoradas em consequência das suas dimensões, criando maiores dificuldades físicas e no cotidiano da população da área atingida. 42 b) Vantagens do Sistema Separador Absoluto  Permite a implantação independente dos sistemas (pluvial e sanitário) possibilitando a construção por etapas e em separado de ambos, inclusive desobrigando a construção de galerias pluviais em maior número de ruas;  Permite a instalação de coletores de esgotos sanitários em vias sem pavimentação, pois esta situação não interfere na qualidade dos esgotos sanitários coletados;  Permite a utilização de peças pré-moldadas denominadas de tubos, na execução das canalizações devida à redução nas dimensões necessárias ao escoamento das vazões, reduzindo custos e prazos na implantação dos sistemas;  Acarreta maior flexibilidade para a disposição final das águas de origem pluvial, pois estes efluentes poderão ser lançados nos corpos receptores naturais da área (córrego, rios, lagos, etc) sem necessidade prévia de tratamento o que acarreta redução das seções e da extensão das galerias pluviais;  Reduz as dimensões das estações de tratamento facilitando, consequentemente, a operação e manutenção destas em função da constância na qualidade e na quantidade das vazões a serem tratadas. Diante destas circunstâncias é quase inconcebível nos dias de hoje, de acordo com Mancuso, 2003, serem projetados sistemas unitários de esgotamento. As variadas formas de tratamento destes efluentes consistem na remoção de resíduos contaminantes presentes, de acordo com o Plano Nacional do Saneamento Básico, 2010, utilizando um conjunto de critérios com características químicas, físicas e biológicas adequadas para este objetivo, e quanto à classificação, o efluente deve ser devolvido ao rio tão limpo ou mais limpo do ele mesmo, de forma que não decomponha tais características. Tal efluente presente no esgoto pode ser tratado próximo ao local onde foi gerado, através de tratamento anaeróbico, aeróbico, ou mesmo aeróbico com potencializadores de oxidação (tais 43 como U.V, H2O2, limalha de ferro H2Fe03), ou mesmo num sistema centralizado, mais coletivo (LOPES, N. A., 2004) Os esgotos podem ser classificados em esgotos domésticos, esgotos industriais, esgotos sanitários e esgotos pluviais, dependendo de suas origens. De acordo com a NBR 9648, de 1986, seguem as respectivas definições para cada um:  Esgoto doméstico: despejo líquido resultante do uso da água para a higiene e necessidades fisiológicas humanas;  Esgoto industrial: despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados os padrões de lançamento estabelecidos;  Esgoto sanitário: despejo líquido constituído de esgotos domésticos e industriais, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária. (NBR 7229- 1993).  Esgoto pluvial: são os esgotos provenientes das águas de chuva. Segundo Von Sperling, 1996, o esgoto doméstico, que é a questão do presente estudo, é constituído de uma elevada porcentagem de água (90%) e uma parcela mínima de impurezas, que lhes confere características bastante acentuadas e críticas, decorrentes de alterações que vão ocorrendo com o passar do tempo (estado de decomposição), e por isto, se não receberem um tratamento sanitário adequado causarão a poluição das águas nas quais forem despejados. Os esgotos sanitários, segundo a FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) - 2004, possuem características físicas, químicas e biológicas específicas, dependendo da situação e do local onde são descartados. Quando há o projeto executado para a realização do tratamento desses efluentes, são essas características que determinam os procedimentos a serem utilizados. As principais características físicas dos esgotos sanitários são:  Temperatura: em geral, é pouco superior à das águas de abastecimento. A velocidade de decomposição do esgoto é proporcional ao aumento da temperatura;  Odores: são causados pelos gases formados no processo de decomposição, assim o odor de mofo, típico de esgoto fresco é razoavelmente 44 suportável e o odor de ovo podre, insuportável, é típico do esgoto velho ou séptico, em virtude da presença de gás sulfídrico;  Cor e turbidez: indicam de imediato o estado de decomposição do esgoto. A tonalidade acinzentada acompanhada alguma turbidez é típica do esgoto fresco e a cor preta é típica do esgoto velho;  Variação de vazão: depende dos costumes dos habitantes. A vazão doméstica do esgoto é calculada em função do consumo médio diário de água de um indivíduo. Estima-se que para cada 100 litros de água consumida, são lançados aproximadamente 80 litros de esgoto na rede coletora, ou seja, 80%. Suas principais características químicas são, de acordo com a FUNASA (2004):  Matéria orgânica: cerca de 70% dos sólidos no esgoto são de origem orgânica, geralmente esses compostos orgânicos são uma combinação de carbono, hidrogênio e oxigênio, e algumas vezes com nitrogênio;  Matéria inorgânica: é formada principalmente pela presença de areia e de substancias minerais dissolvidas. Segundo a FUNASA (2004), as principais características biológicas do esgoto são:  Micro-organismos: os principais são as bactérias, os fungos, os protozoários, os vírus e as algas;  Indicadores de poluição: são vários organismos, cuja presença num corpo d´água indica uma forma qualquer de poluição. Para indicar a poluição de origem humana, adotam-se os organismos do grupo coliformes como indicadores. As bactérias coliformes são típicas do intestino humano e de alguns outros animais, os considerados de sangue quente. Estão presentes nas fezes humanas (100 a 400 bilhões de coliformes/hab.dia) e são de simples determinação. 45 A utilização da água para fins de abastecimento público origina tais esgotos, que deverão ter um recolhimento e uma adequada destinação, para não causar a poluição do solo, a contaminação das águas superficiais e subterrâneas e para não escoarem a céu aberto proporcionando a propagação de doenças. Segundo Pereira (2003), o problema é que nem todos os municípios se disponibilizam a elaborar um tratamento de efluentes, preferindo deixar com que rios, córregos ou lagos da região se tornem “redes coletoras” de esgoto. Isso ocorre pelo fato do setor de saneamento não ser encarado como prioridade e, assim, a ligação é acaba sendo feita diretamente das residências até a superfície de água, ou então até córregos, para depois serem despejados no rio. Quando se trata de populações rurais ou periféricas, não há nem mesmo a capitação básica do esgoto, dados do IBGE, 2000. Nas áreas rurais, é feito o uso de fossas sépticas, onde o esgoto é despejado e, eventualmente, recolhido, ou então passa por uma espécie de filtro para ser despejado em sumidouros. Fossa séptica é uma unidade que trata, a nível primário, os esgotos domiciliares. Nela, é feita a divisão físico-química da matéria sólida presente no esgoto. É encontrada principalmente, como destino de efluentes domésticos em residências da zona rural e pode ser dividida em (NBR 7229/93):  Câmara de decantação: Local onde se realiza o processo de decantação da matéria suspensa no material despejado;  Câmara de digestão: Neste compartimento ocorre o acúmulo e a quebra da matéria decantada;  Câmara de escuma: Espaço reservado para a parte da matéria que não decantou na primeira parte do processo;  Despejos: Material líquido depositado das instalações domésticas, às quais a fossa séptica presta assistência sanitária, com exceção da água de chuvas.  Lodo digerido: Semilíquido, produto da digestão do material decantado na fossa. 46 O processo de funcionamento das fossas sépticas inicia com a retenção do esgoto que fica detido na fossa durante um período 24horas, aproximadamente. Simultaneamente, acontece uma sedimentação do material sólido presente no esgoto. Esse se deposita no fundo da fossa, formando um semilíquido, denominado lodo, enquanto a outra parte, constituída basicamente por graxas, óleos e outros materiais fluidos, mantém-se emersa. Esse composto é chamado escuma (Companhia de Saneamento Básico – CAESB – DF, 2010). Seguindo a essa etapa, apresenta-se a de digestão anaeróbia do lodo, que consiste num ataque forte de bactérias anaeróbicas ao lodo, anulando parcial ou totalmente a ação das substâncias voláteis e dos microrganismos patogênicos. Com isso, ocorre grande redução de sólidos, líquidos e estabilização dos gases, o que permite que seus efluentes líquidos sejam dispostos com maior segurança para o meio ambiente. Os principais objetivos de uma fossa são (CAESB-DF, 2010):  Evitar o perigo de contaminação de fontes de água responsáveis por abastecimento dos domicílios;  Impedir alteração das condições de vida dos ecossistemas aquáticos em suas proximidades;  Impedir poluição de águas subterrâneas que sirvam tanto para abastecimento direto de seres humanos, quanto irrigação de plantações e criação de animais. Há também o caso, segundo a EMBRAPA, 2010, de direcionamento direto do esgoto até algum córrego próximo. 47 Figura 2: Fossa séptica, filtro e sumidouro, conforme NBR 7229/93 (InfoEscola) Nas áreas periféricas, na maioria das vezes, não ocorre o uso de fossas, mas sim de uma forma bem mais precária e mais propensa a causar doenças, pelo Censo de 2010. Os esgotos são lançados geralmente no meio do caminho, onde a população passa, a céu aberto. Pelo menos 18,5 milhões de pessoas - quase a população de Minas Gerais - vivem em áreas urbanas com esgoto a céu aberto diante de suas moradias. Elas representam 12% da população pesquisada pelo IBGE no levantamento sobre o entorno dos domicílios. Os números do Censo 2010 mostram que 11% das moradias em áreas urbanas estão próximas a valas ou córregos, onde o esgoto domiciliar é despejado diretamente, significando que são, aproximadamente, 5,1 milhões de residências contribuindo para o aumento do esgotos sem tratamento. De acordo com o levantamento do IBGE 2011, 6% da população brasileira vivem em favelas e similares (aproximadamente 11,4 milhões de pessoas, vivendo em áreas de ocupação irregular e serviços ou urbanização precários), e apenas 67,3% dos domicílios localizados nesses aglomerados eram ligados à rede coletora de esgoto ou dispunham de fossa séptica. Na ilustração a seguir, vemos 48 uma criança dentro de um córrego, numa favela do Rio de Janeiro, onde o esgoto é diretamente lançado, sem forma alguma de coleta ou tratamento específico. Figura 3: Córrego com esgoto em favela do Rio de Janeiro (Folha.com). Na tabela 1, por UNDP, 2010, observa-se que 47,8% dos municípios não tinham coleta de esgoto, sendo seus principais receptores os rios e o mar; e, dos 52,2% restantes, que coletam os esgotos, apenas 20,2% tinham tratamento. Em 2007, de acordo com os dados do Sistema Nacional de Informação Saneamento, o SNIS, (2007), este quadro pouco se alterou, sendo ainda boa parte do esgoto sanitário que é coletado nas cidades despejado in natura em corpos de água ou no solo, principalmente em municípios com população inferior a 30 mil habitantes. 49 Tabela 1: Coleta e tratamento de esgoto nos municípios brasileiros (UNDP 2010) Percentual de Municípios (%) Coleta de esgoto Coleta de esgoto Sem coleta de com tratamento sem tratamento esgoto Norte 3,6 3,5 92,9 Nordeste 13,3 29,6 57,1 Sudeste 33,1 59,8 7,1 Sul 21,7 17,2 61,1 Centro-Oeste 12,3 5,6 82,1 Brasil (total) 20,2 32,0 47,8 Região Segundo a Revista ECO 21 (2007), um relatório a respeito do saneamento no Brasil mostra que, nos últimos anos, pouca coisa se alterou no setor em que o país se enquadra entre os piores da América Latina. A cobertura dos serviços de coleta de esgoto – que tem um déficit de atendimento de cerca de 50% não avançou entre 2001 e 2004. Pelo contrário, recuou de 50,9% para 50,3%. Nem a elevação das tarifas em 41% e o aumento dos investimentos em 22,8% foram suficientes para melhorar o indicador, que está entre os 48 utilizados pela ONU para medir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Os investimentos no setor tiveram um aumento significativo em 2004, de mais de 15% se comparado a 2003. No período de quatro anos, os recursos aplicados pelas prestadoras de serviços saltaram anualmente de R$ 1,15 bilhão para R$ 1,41 bilhão, o que representou um acréscimo de R$ 263 milhões. A verba injetada na ampliação da coleta de esgotos superou em 27,8% a destinada aos serviços de abastecimento de água, de acordo com o SNIS. E essa superprodução de esgoto, sabendo que apenas uma mínima parte é tratada, pode-se dizer que o comprometimento total dos ecossistemas será inevitável, assim como o fim da água potável no mundo. Nos dias atuais, estima-se que um terço da população da Terra viva em áreas com escassez de água devido à degradação ou até mesmo por se tratar de regiões áridas como, por exemplo, áreas ao norte da África e do Oriente Médio. O que mais agrava nestes locais È a alta 50 densidade demográfica; estima-se que em 2025 dois terços da população do planeta vão habitar essas regiões (ONU 1998). Segundo Philippi (2005), a escassez e a poluição dos recursos hídricos têm consequências sociais, econômicas e ambientais, uma vez que:  Comprometem o equilíbrio dos ecossistemas, dificultando a conservação da flora e da fauna e a diluição de efluentes;  Provocam doenças por causa da má qualidade ou pela falta de água em quantidade suficiente para as necessidades mínimas;  Impedem o desenvolvimento socioeconômico, ao prejudicar as atividades de recreação e pesca e as propostas paisagísticas; o desenvolvimento industrial, ao dificultar a geração de energia elétrica, refrigeração de máquinas, produção de alimentos, navegação e turismo; e o desenvolvimento da agricultura, ao dificultar a produção de cereais, frutas e hortaliças. Segundo Camargo (1998), essas situações têm provocado conflitos regionais, como os ocorridos entre Turquia e Iraque pelas águas do Rio Eufrates; entre Síria, Israel e Jordânia pelas águas do rio Jordão, mananciais das colinas de Golã; entre Brasil, Paraguai e Argentina pelas águas do rio Paraná, para geração de energia elétrica e até mesmo, È conveniente ressaltar a polêmica e os conflitos da atual transposição das águas do Rio São Francisco, movidos por interesses políticos, sem o devido respeito à população e a tramitação legal e ambiental. A legislação ambiental brasileira proíbe o lançamento de esgoto doméstico in natura nos mananciais hídricos, à exceção do lançamento por emissários submarinos devidamente projetados para tal fim. Entretanto, o próprio poder público comete arbitrariedades, consentindo que as cidades despejem seus dejetos diretamente no ambiente, sem nenhuma forma de tratamento (PESSOA, 1995). Nos casos onde o esgoto é tratado, a disposição final do mesmo é regulada pela Resolução Conama 357/05 e pelas Leis Federais 9.433/97 e 9.605/98. 51 Segundo Pessoa (1995), a avaliação da qualidade do tratamento e da possibilidade de descarte num dado corpo receptor depende da medida de certos parâmetros, conforme segue abaixo:  Parâmetros físicos:  Cor e Turbidez  São decorrentes de substâncias dissolvidas ou em suspensão na água e indicam o estado de decomposição do esgoto. Esse parâmetro não é usado como forma de controle de esgoto bruto, mas é usado na caracterização da eficiência do tratamento do efluente  secundário. Odor  Este é causado por gases resultantes da decomposição. De acordo com Pessoa (1995) há alguns tipos principais de odores bem característicos:  Mofo  é razoavelmente suportável e decorrente de esgoto fresco.  Ovo podre  odor insuportável, decorrente de esgoto velho ou séptico, que ocorre devido à formação de gás sulfídrico.  Outros odores variados, de produtos podres como repolho, legumes, peixe, estes são oriundos de matéria fecal; de produtos rançosos; etc.  Temperatura  Altera a densidade, viscosidade e oxigênio dissolvido. Com a elevação da temperatura, há uma estimulação das atividades biológicas, resultando na redução de O2, com isso, pode-se implicar em   mortandade aquática. Sólidos  Podem ser suspensos ou dissolvidos. Parâmetros químicos: A composição química das diversas substâncias presentes nos esgotos domésticos é extremamente variável, dependendo dos hábitos da população e de diversos outros fatores. Esta variação vem sendo verificada devido à utilização de modernos produtos químicos, entre eles estão os de limpeza, bastante utilizados nas 52 residências. O grau de complexidade da composição química de tais substâncias vem aumentando significativamente, sendo exemplo notório a presença de detergentes em concentrações cada vez maiores, bem como alguns inseticidas e bactericidas, que já merecem estudos específicos de região para região (ROQUE, 1997). As características químicas mais usualmente destacadas são:  pH  Indica o equilíbrio dos íons H+ e OH- e representa a acidez ou a alcalinidade do efluente.  Alcalinidade  Mede a capacidade do efluente de neutralizar os ácidos.  Nitrogênio  Pode estar presente no efluente sob várias formas: molecular, amônia, nitrito ou nitrato.  Fósforo  Encontra-se no efluente também em diversas formas: ortofosfatos, polifosfato, fósforo orgânico.  Oxigênio Dissolvido (OD)  Indispensável aos organismos aeróbicos, a água em condições normais, contém oxigênio dissolvido, cujo teor de saturação depende da altitude e da temperatura.  Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)  È a quantidade de O2 necessária à oxidação da matéria orgânica, por ação dos microrganismos aeróbicos. Este parâmetro é a forma mais usada para se medir a quantidade de matéria orgânica presente num efluente.  Demanda Química de Oxigênio (DQO)  È a quantidade de O2 necessária à oxidação da matéria orgânica, por ação de agentes químicos.  Componentes Inorgânicos  Contemplam as substâncias inorgânicas (dissolvidas ou não) destacando-se: arsênio, chumbo, cromo, mercúrio, prata, cobre, zinco, cianetos.  Componentes Orgânicos  Podem ser: I. Compostos orgânicos voláteis - embora pouco solúveis, são perdidos para a atmosfera em águas superficiais. Em águas subterrâneas os mesmos são persistentes. 53 II. Compostos orgânicos tóxicos. Divide-se em: a) Bifenilas Policloradas (PCB) - em função da inércia química os PCB’s são estáveis no meio ambiente, apresentando elevada toxicidade; b) Organoclorados (Pesticidas e Herbicidas) - esses compostos orgânicos são recalcitrantes (de difícil biodegradabilidade), permanecendo no meio ambiente por muito tempo. São oriundos da drenagem de áreas agrícolas e são extremamente tóxicos até mesmo em baixas concentrações; c) Fenóis - essas substâncias são originadas em resíduos industriais e são bastante tóxicas. Quando combinadas com o cloro (usado na cloração) produzem compostos de odor desagradável; d) Detergentes - os de natureza não biodegradável causam odor desagradável; formam espuma, impedindo a troca de O 2 no ar, sendo tóxicos em concentrações elevadas. O tratamento dos efluentes pode ser realizado por duas maneiras: através de sistemas de tratamento descentralizados ou centralizados. Metcalf & Eddy (2003) apresenta a classificação do tratamento baseado em níveis que pode ser: preliminar, primário, secundário e terciário. 3.3 SISTEMAS DESCENTRALIZADOS O tratamento descentralizado de efluentes é a utilização de pequenas unidades de tratamento de esgoto, que visam solucionar o problema com custos mais baixos (George Tchobanoglous, 1998). Segundo Hoffman et al (2004), podem servir para populações de 5.000 a 10.000 habitantes, possuindo exigências diferentes dos sistemas centralizados, como custos de operação baixos, simples manutenção, bom funcionamento e resultados eficazes. Os custos de investimento são determinados pelas dimensões e material de construção do reator, o tipo de equipamento utilizado e o valor do terreno 54 onde a estação será construída. Já os custos de operação dependerão dos procedimentos a serem adotados para tratar os diversos tipos de efluentes que podem chegar à Estação (Hoffman et al, 2004). Wilderer e Schreff (2000) apontam outras três grandes vantagens para os sistemas descentralizados: redução do transporte dos esgotos, o que implica na provável eliminação de elevatórias e reservatórios de estocagem; geração de grandes oportunidades de reutilização local dos efluentes e de recarga de aquíferos; e problemas numa unidade simples não causam colapso em todo o sistema. Neto & Campos (1999) asseguram que identificar a disponibilidade de espaço e a conformação do sistema de esgotamento já existente são condições fundamentais para a seleção das soluções em saneamento. Estes, e outros autores, explicam que, contar com sistemas de tratamento descentralizados pode diminuir os gastos de transporte do esgoto. Morais et al (1999) exibe a possibilidade de construção gradativa do sistema como a principal vantagem da opção condominial. Por este e outros motivos, Sobrinho & Tsutiya (1999) apontam que o exemplo de condomínios vem sendo compreendido como uma das alternativas para o elevado custo de implantação do sistema convencional. 3.4 SISTEMAS CENTRALIZADOS O método centralizado, por outro lado, consiste no tratamento convencional que coleta o efluente de várias localidades, encaminhando-as para plantas de sistemas de grande porte, dispondo ou reusando o efluente tratado geralmente longe do ponto de origem (CRITES & TCHOBANOGLOUS, 1998). É um sistema que tem uma rede extensa de tubos de coleta, que encaminha o esgoto até um sistema de tratamento de esgoto central, onde são exigidos métodos de tratamento intensivo para processar rapidamente grandes volumes de efluentes. Segundo Venhuizen (2004), entende-se que, nas estações centralizadas, devem-se levar em consideração os seguintes aspectos: 55  Há um custo referente ao transporte do efluente das habitações até um destino centralizado que na maioria das vezes é um local longe de onde é gerado o esgoto;   Durante o transporte há o risco de vazamento e contaminação; Em alguns casos requer uma rede de tubos especiais, que saia do empreendimento gerador e vá até a estação centralizada;  Como se trata de uma estação que contempla uma grande demanda de esgoto, ou seja, geralmente envolve vários bairros, esta modalidade de tratamento é caracterizada por trabalhar com um volume bastante grande de efluente, o que significa dizer que:  Haver· um alto custo de implantação, pois será uma estação que envolverá muitos custos com transporte, acessórios de implantação (tubulações), custo de manutenção, etc.  Caso haja um problema com a estação, e a mesma não continue em boas condições de funcionamento, não só uma enorme quantidade de efluentes deixará de ser tratada, como também haverá um potencial de risco bastante grande e concentrado. E também muitas residências poderão ficar ser tratamento durante o tempo que fosse necessário para finalização dos reparos. MANCUSO e SANTOS (2002) advertem que sistemas centralizados de esgoto são ambientalmente insustentáveis, uma vez que a descarga imprevista de um emissário final, que transporta efluentes de um milhão de pessoas, gera prejuízo ambiental maior e tem maior possibilidade de ocorrência do que a extrusão de dezenas de emissários em sistemas compactos transportando em conjunto a mesma vazão do sistema centralizado. 56 Figura 4: Exemplo (ambientebrasil.com.br) das etapas de tratamento do esgoto em uma ETE 3.5 TRATAMENTO PRELIMINAR O tratamento preliminar engloba as etapas de remoção dos sólidos grosseiros, onde o material de dimensões maiores do que o espaçamento entre as barras é retido, além da remoção de areia e medição da vazão. Os sólidos grosseiros são aqueles contidos nos esgotos sanitários e de fácil retenção e remoção, utilizando procedimentos de gradeamento e peneiramento. Esta etapa, num tratamento de esgoto, não pode ser deixada de lado, pois dificilmente um esgoto de caráter doméstico não possui materiais grosseiros. Há grades grosseiras (espaços de 5,0 a 10,0 cm), grades médias (espaços entre 2,0 a 4,0 cm) e grades finas (entre 1,0 e 2,0 cm), que são utilizadas nessa fase do tratamento, envolvendo principalmente a retenção e remoção de sólidos grosseiros. 57 Além disto, o melhoramento que esta fase proporciona é muito significativo, já que não só protege os aparelhos de transporte dos esgotos (bombas, tubulações, peças), como também os outros equipamentos (raspadores, removedores, aeradores), além de ser ainda uma ação de caráter conservativo com os próprios corpos de água receptores, tanto no aspecto estético como nos regimes de funcionamento de fluxo e de desempenho. É importante ressaltar que nesta etapa há também uma remoção parcial da carga poluidora. (PESSOA, 1995) 3.6 TRATAMENTO PRIMÁRIO O tratamento primário é estabelecido exclusivamente por processos físico-químicos. Nesta etapa, procede-se a equalização e neutralização da carga do efluente a partir de um tanque de equalização e adição de produtos químicos. Logo em seguida, ocorre a separação de partículas líquidas ou sólidas pelo meio de processos de floculação e sedimentação, utilizando floculadores e decantador (sedimentador) primário (Carvalho, A. R. P., 2009). A floculação consiste no acrescimento de produtos químicos que geram a aglutinação e o agrupamento das partículas a serem extraídas, tornando o peso específico das mesmas maior que o da água, facilitando a fase de decantação. Já esta etapa, por sua vez, consiste na separação sólido – líquido por meio da sedimentação das partículas sólidas. Os tanques de decantação podem ser circulares ou retangulares. Os efluentes defluem vagarosamente através dos decantadores, consentindo que os sólidos em suspensão, que apresentam densidade maior do que a do líquido circundante, sedimentem gradualmente no fundo. Essa massa de sólidos, denominada lodo primário bruto, pode ser adensada no poço de lodo do decantador e enviada diretamente para a digestão ou ser enviada para os adensadores (NB 570/1990). As peneiras rotativas, dependendo da natureza e da granulometria do sólido, podem substituir o sistema de gradeamento, ou serem postas em 58 substituição aos decantadores primários (NB-7229/1993). O intuito é separar sólidos com granulometria superior à dimensão dos furos da tela. O fluxo atravessa o cilindro de gradeamento em movimento, de dentro para fora. Os sólidos são retidos em função da perda de carga na tela, removidos continuamente e recolhidos em caçambas. 3.7 TRATAMENTO SECUNDÁRIO Esta é a tapa na qual ocorre a retirada da matéria orgânica, por meio de reações bioquímicas. Os procedimentos podem ser Aeróbicos ou Anaeróbicos. Os processos Aeróbios simulam o processo natural de decomposição, com eficácia no tratamento de partículas finas em suspensão. O oxigênio é obtido por aeração mecânica (agitação) ou por insuflação de ar. Já os Anaeróbios se justificam na estabilização de resíduos feita pela ação de microorganismos, na ausência de ar ou oxigênio elementar. O tratamento pode ser referido como fermentação mecânica (CAMPOS, J.R.,1990). É no tanque de aeração onde a remoção da matéria orgânica é efetuada por reações bioquímicas, conseguidas por microrganismos aeróbios (bactérias, protozoários, fungos etc). A base de todo o processo biológico é o contato ativo entre esses organismos e o material orgânico contido nos efluentes, de modo que esse possa ser utilizado como alimento pelos microrganismos. Os microrganismos transformam a matéria orgânica em gás carbônico, água e material celular (NB-7229/1993). Na decantação secundária, ocorre a clarificação do efluente e o retorno do lodo. Os decantadores secundários desempenham um papel fundamental no procedimento de lodos ativados. Segundo Imhoff, 1986, são os responsáveis pela separação dos sólidos em suspensão presentes no tanque de aeração, possibilitando a saída de um efluente clareado, e pela sedimentação dos sólidos em suspensão no fundo do decantador, permitindo o retorno do lodo em concentração maior. 59 O efluente do tanque de aeração é contido à decantação, onde o lodo ativado é separado, voltando para o tanque de aeração. O retorno do lodo é imprescindível para suprir o tanque de aeração com uma quantidade suficiente de microrganismos e manter uma reação dos microrganismos, capaz de decompor com maior eficiência o material orgânico. O efluente líquido oriundo do decantador secundário pode ser descartado diretamente para o corpo receptor, pode ser oferecido ao mercado para usos menos nobres, como lavagem de ruas e rega de jardins, ou passar por tratamento para que possa ser reutilizado internamente (FORESTI, E., 1998). Como o lodo contém uma quantidade muito grande de água, deve-se realizar a redução do seu volume. O adensamento é o processo para aumentar o teor de sólidos do lodo e, consequentemente, reduzir o volume. Este processo pode aumentar, por exemplo, o teor de sólidos no lodo descartado de 1% para 5% (TSUTIYA, M. J. & SOBRINHO, P. A., 1999). Desta forma, as unidades subsequentes, tais como a digestão, desidratação e secagem, beneficiam-se desta redução. Dentre os métodos mais comuns, temos o adensamento por gravidade e por flotação. O adensamento por gravidade do lodo tem por princípio de funcionamento a sedimentação por zona, o sistema é similar aos decantadores convencionais. O lodo adensado é retirado do fundo do tanque. No adensamento por flotação, o ar é introduzido na solução através de uma câmara de alta pressão. Quando a solução é despressurizada, o ar dissolvido forma microbolhas que se dirigem para cima, arrastando consigo os flocos de lodo que são removidos na superfície. 3.8 TRATAMENTO TERCIÁRIO Além dos tratamentos em fases preliminar (remoção de sólidos grosseiros e areia), primário (remoção física e bioquímica de sólidos facilmente sedimentáveis) e secundário (remoção bioquímica da matéria orgânica dos esgotos), 60 os efluentes ainda podem ser submetidos ao tratamento terciário, que visa à remoção de organismos patogênicos e também de nutrientes inorgânicos dos esgotos (MACHADO, I. A., 2005). Detecta-se a necessidade se utilizar o método terciário de tratamento quando o efluente do tratamento secundário ainda possui níveis de substâncias ou organismos que podem provocar problemas quanto ao equilíbrio do corpo receptor, ou mesmo a seres vivos que deste depende. Por definição os métodos de tratamento terciário correspondem ao tratamento avançado de efluentes em que se utilizam técnicas com tamanho poder de remoção dos agentes formadores de esgoto que acabam por tornar possível até o reuso da água. Por efeito didático o tratamento terciário pode ser dividido em dois estudos (Arouca, S.,2005): métodos de tratamento que visam à desinfecção do esgoto, ou seja, que remove organismos patogênicos dos esgotos e os métodos de tratamento que visam à remoção de nutrientes, que tem por objetivo evitar o desequilíbrio quanto à disposição de elementos no corpo receptor, evitando a eutrofização dos mesmos. O tratamento terciário pode ser utilizado com a intenção de se conseguir remoções adicionais de poluentes em águas residuárias, antes de sua descarga no corpo receptor e/ ou para recirculação em sistema fechado. Essa operação é também denominada de “polimento”. Em função das necessidades de cada indústria, os procedimentos de tratamento terciário são muito diversificados; no entanto podem-se citar as etapas a seguir: filtração, cloração ou ozonização, para a remoção de bactérias, absorção por carvão ativado, e outros métodos de absorção química para a remoção de cor, redução de espuma e de sólidos inorgânicos tais como: eletrodiálise, osmose reversa e troca iônica (Von Sperling, 1996). Os principais processos de tratamento de efluentes líquidos a nível terciário são (Nuvolari, A & Costa, R. H., 2011):  REMOÇÃO DE SÓLIDOS DISSOLVIDOS  Osmose Reversa;  Troca Iônica 61  Eletrodiálise Reversa;  Evaporação  REMOÇÃO DE SÓLIDOS SUPENSOS  Macrofiltração;  Microfiltração;  Ultrafiltração;  Nanofiltração;  Clarificação: Ozonização  REMOÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS  Ozonização;  Carvão Ativado.  DESINFECÇÃO  Cloro;  Ozônio;  Dióxido de cloro (ClO2);  Permanganato de potássio;  Cloramidas;  Radiação ultravioleta, entre outros meios. 62 Outros tipos de tratamento de esgoto mais peculiares são dispostos no fluxograma, no Anexo I. As figuras 5 e 6 mostram o esgoto proveniente do Hospital do Subúrbio, Salvador-BA, sendo descartado diretamente no rio Paraguari. De acordo com o site G1.com, moradores dessa região afirmam que, desde a construção do Hospital, este se utiliza do rio como rede coletora de todo seu esgoto, aumentando o índice de infecções, já que às vezes a água poluída ocupa todo o caminho e obstrui a passagem de pedestres, além de causar mau cheiro, morte de peixes, tartarugas e até mesmo cobras. Figura 5: Despejamento de efluentes no rio Paraguari, em Salvador-BA (G1.com Novembro de 2011). 63 Figura 6: Rio Paraguari, mostrando-se bem poluído (G1.com – Novembro de 2011). 3.9 O PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO – H2O2 De acordo com Tolentino Junior. J, 2007, a capacidade da separação das moléculas do Peróxido de Hidrogênio em hidroxilas, quando estão em solução, faz com que a utilização deste no tratamento dos efluentes nos dê um resultado eficaz, desintegrando as moléculas as quais tais hidroxilas se unirem. O peróxido de hidrogênio, conhecido popularmente como água oxigenada, é proveniente da redução (com a utilização de um único elétron) de ambos radicais superóxido e hidroperoxila, e é considerado um dos oxidantes mais potentes que existe, superando o Ácido clorídrico, dióxido de cloro e permanganato de potássio (Fernandes, J. R, 2003 – Dep. de Química, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista). Segundo Fernandes, J. R, 2003, o peróxido se quebra, gerando dois radicais OH•, que se unirá às moléculas desintegradas dos detritos. Apesar do poder de reação, peróxido de hidrogênio é um metabólito natural em muitos organismos o qual, quando decomposto, resulta em oxigênio molecular e água. 64 De acordo com Ricardo Villa, 2007, a hidroxila (OH•), partícula molecular formada pela separação do H2O2, contém um radical livre, ou seja, um elétron livre, que não sofreu ainda uma ligação (não foi pareado) com outro elétron de átomo ou molécula quaisquer (Torres, B. B, 2003). Pode originar-se da reação do peróxido de hidrogênio com metais de transição, principalmente Fe2+ e Cu+ (radicais de Ferro e Cobre, respectivamente). A redução, utilizando um único elétron do peróxido de hidrogênio, quebra a ligação O-O (oxigênio – oxigênio), formando o radical hidroxila e o íon hidroxila (Lima, M. H, 2005). Além desses tipos de formação, também pode ser gerado pela homólise da água ou do peróxido de hidrogênio (H2O2), causada por radiação e pela reação de ácido hipocloroso com superóxido. Radicais hidroxila estão envolvidos no início da lipoperoxidação em membranas biológicas, assim como em oxidação e inutilização de proteínas, DNA nuclear e DNA mitocondrial. Na figura 7, observa-se a molécula de Peróxido de Hidrogênio (H2O2), antes e após sua separação: Figura 7: (a) Ligações da molécula de H2O2; (b) Hidroxilas resultantes após quebra da molécula, com seus radicais livres. (Imagem: Yvanna Cabral) Estudos têm demonstrado que a formação de peróxido de hidrogênio (H2O2) pode estar relacionada com a presença de espécies químicas, tais como 65 SO42-, NO3- e H+, nível de precipitação das chuvas, temperatura, direção do vento, intensidade da radiação solar, etc. (Shiraishi, K. A, 2003) . A primeira comercialização do peróxido foi ao início do século XIX e, desde essa data, sua produção mundial cresce a cada ano, de acordo com Alexandre Delphini Braz, da Universidade Estadual Paulista. Acredita-se que o peróxido de hidrogênio seja um dos reagentes mais empregados nas mais diversas aplicações, sendo conduzida com segurança e responsabilidade, para evitar riscos de queimaduras e explosões. No controle da poluição, o peróxido de hidrogênio (H 2O2) é empregado nos processos de branqueamento nas indústrias têxtil, de papel e celulose. E com grande participação e importância, o peróxido de hidrogênio está presente também na área médica, pois sua presença deve ser monitorada para se evitar que as células sofram estresse (Fernandes, J. R, 2002) O H2O2, de acordo com Ivanildo Luiz de Mattos, do Departamento de Química da Universidade Estadual Paulista, 2008, pode ser determinado por volumetria, espectrofotometria, fluorimetria, quimiluminescência, algumas vezes com o emprego de fibra óptica, cromatografia e por métodos eletroquímicos. Com exceção dos eletroquímicos, os métodos citados são vulneráveis a espécies interferentes, apresentam morosidade no tocante ao preparo de amostra e geralmente requerem o uso de reagentes de preços elevados. As propostas, fazendo uso de técnicas eletroquímicas, demonstram por outro lado boas seletividade e sensibilidade, amplo intervalo de determinação e rápida resposta do eletrodo; além disso, não sofrem interferências em função da coloração das amostras (Mattos, I. L – 2008). Normalmente, o princípio da detecção de H2O2 é pela oxidação direta em eletrodos de platina ou carbono, entretanto devido a elevados valores de potencial aplicados nos eletrodos de trabalho, estes sensores também são susceptíveis a outras espécies eletroativas. Peróxido de hidrogênio não é considerado um explosivo, entretanto, quando misturado com substâncias orgânicas a determinadas concentrações, pode 66 resultar em um componente explosivo bastante perigoso, sendo manuseado preferencialmente por profissionais capacitados (Shiraishi, K. A, 2003). Em adição à aceleração da decomposição por meio de contaminantes, a decomposição de peróxido de hidrogênio pode ser aumentada com a alcalinidade, incremento da temperatura etc. A taxa de decomposição aumenta aproximadamente 2,5 vezes para cada 10°C de incremento na temperatura. Portanto, soluções devem ser sempre armazenadas sob temperatura ambiente ou mesmo até sob refrigeração (Shiraishi, K. A – 2003). 3.10 OS RAIOS ULTRAVIOLETAS – UV O tratamento por radiação UV está fundamentado na propriedade deste tipo de radiação ser absorvida pelos microrganismos, causando alterações estruturais no DNA que impedem a reprodução. Pessoa (1995) caracteriza-o por ser um método físico, sendo vantajoso por sua eficiência e simplicidade, não requerendo qualquer adição de substância química ou de aditivos. Neste processo o mecanismo de funcionamento é baseado em um conjunto de lâmpadas ultravioletas que é normalmente montado em suportes removíveis para facilitar a manutenção. A eficiência da desinfecção por radiação UV depende diretamente da intensidade energética e do tempo de contato. Esse processo de desinfecção proporciona as seguintes vantagens:  Eliminação dos riscos de formação de compostos organoclorados;  Facilidade de operação e segurança;  Eliminação ou redução do uso de reagentes e produtos químicos. A luz ultravioleta faz parte do espectro eletromagnético, com comprimentos de onda entre 100 e 400 nanômetros (nm). Quanto menor o comprimento de onda, maior a energia produzida. Os raios ultravioleta, embora invisíveis, são semelhantes à luz visível, e abrangem vários comprimentos de onda e 67 propriedades. UV-A e UV-B fazem parte do espectro ultravioleta e somos normalmente expostos a cada uma destas faixas todos os dias (DILEK, F. B, 2006). A luz, bem como outras radiações eletromagnéticas, compreende um fluxo de fótons, cuja quantidade de energia é definida pela equação: E = hc / λ = hv (J) Sendo E inversamente proporcional ao comprimento de onda (λ), onde h é a constante de Plank, c é a velocidade da luz e v é a frequência. J é a unidade Joule (Environmental Protection Agency – EPA, 2009). Para que ocorra fotólise (dissociação) de uma molécula pela absorção de um fóton, é necessário que a energia do fóton exceda a energia de ligação a ser clivada. O espectro do UV é dividido em quatro bandas (EPA, 1999): • UV-A : 315 a 400 nm • UV-B : 280 a 315 nm • UV-C: 200 a 280 nm • UV-V: 100 a 200 nm A radiação UV-V (¨Vacuum¨), geralmente utiliza lâmpadas de Xe (. = 172 nm) promove a fotólise da água, produzindo radicais hidroxilas e átomos de hidrogênio que irão degradar os contaminantes presentes na água (DOMÈNECH, JARDIM, LITTER, 2001). A exposição à ultravioleta pode ser prejudicial, ou não, dependendo do tipo de UV, da duração da exposição e, também, de diferenças individuais na reação aos raios UV. A diferença entre as faixas tem a ver com sua propriedade de penetrar 68 as superfícies do corpo: A UV-A, conhecida como "UV de onda longa", ou "luz negra", representa a maior parte dos raios UV emitidos pelo sol. É responsável por grande parte do efeito de bronzeamento da pele e, em termos gerais não é prejudicial. É usada no tratamento médico de certas doenças da pele. A UV-B é uma parte pequena, porém perigosa, da luz solar. A maior parte é absorvida pela camada de ozônio (DILEK, F. B, 2006). Os raios Ultravioleta Germicidas têm um pico em um comprimento de onda de 253.7 nanômetros (1 nanômetro = 1/1,000,000,000,000 de um metro) e é conhecida por sua habilidade de destruir microrganismos como vírus, bactéria e mofos. Microrganismos contidos em pequenas gotas de água no ar podem transmitir doenças como varíola, tuberculose e gripe de uma pessoa para outra. A UV germicida tem sido utilizada com segurança em hospitais, clínicas, laboratórios e nas indústrias alimentícias, farmacêuticas, cosméticas, laticínios e outras, há mais de cinquenta anos (ELMORSI, T. M., 2010). Lâmpadas de baixa pressão, semelhantes às lâmpadas fluorescentes normais, são projetadas especialmente para produzir raios de UV Germicida, com vidro especial que bloqueia os raios que geram ozônio. Estas lâmpadas são disponíveis em vários formatos e tamanhos e todas convertem a maior parte da energia consumida em UV Germicida de 253.7 nm. A principal diferença entre a lâmpada germicida e a fluorescente é que a germicida é construída com quartzo, ao passo que a fluorescente é com vidro, com camada interna de fósforo que converte a luz UV para luz visível. Colisões entre elétrons e átomos de mercúrio provocam emissões de radiação ultravioleta, que não é visível ao olho humano. Quando esses raios colidem com o fósforo, eles "fluorescem" e se convertem em luz visível. O tubo de quartzo transmite 93 % dos raios UV da lâmpada enquanto que o vidro (vidro macio) representa um escudo contra a radiação UV, por permitir uma transmissão mínima da radiação. As lâmpadas devem ser montadas em dispositivos especiais e localizadas de maneira que as pessoas não sejam expostas à radiação direta, segundo Elmorsi. As lâmpadas mais modernas e compactas são mais avançadas 69 tecnologicamente, produzem uma quantia maior de UV-C, são mais duráveis e têm maior vida útil. Estas lâmpadas mais curtas e compactas também permitem uma variedade maior nos próprios aparelhos projetados especialmente para maximizar os efeitos germicidas em ambientes, corredores e cantos. A transmissão de UV é definida com porcentagem da luz UV com comprimento de onda de 254 nm, não absorvida após passar através de uma espessura de água de 1 cm. A transmissão depende de materiais dissolvidos e suspensos na água. Transmissões reduzidas diminuem a intensidade da luz na água, requerendo, portanto, maior exposição de tempo, afim de que a água receba uma dose apropriada. A claridade visual de uma água não é um bom indicador de sua transmissão, uma vez que a água que é clara para luz visível, pode absorver o comprimento de onda da luz ultravioleta. A melhor forma de medir a transmissão de luz ultravioleta na água é fazer a medição com uma pequena amostra em um aparelho chamado fotômetro, que mede especificamente a transmissão do comprimento de onda 254 nm na água. O fotômetro informa o resultado em forma de porcentagem. Por exemplo, transmissão: 25%, 70%, 79%, 85%, 99%, etc. Redução de COT (TOC) Carbono Orgânico Total: Outra importante aplicação de ultravioleta é o uso em processos de oxidação avançada, utilizando-se, por exemplo, UV+H2O2 (peróxido de hidrogênio), UV+O3 (ozônio) e UV+TiO2 (dióxido de titânio). Oxidando-se efluentes de indústrias químicas, farmacêuticas ou cosméticas com os processos acima, é produzido o radical OH que quebra cadeias complexas de efluentes, transformando-as em subprodutos mais simples, ou mesmo em CO²+H²O. A presença dos raios UV como catalisador aumenta a eficiência da degradação causada pelo Peróxido em 2,5 vezes (Von Sperling, 1999). 70 Figura 8: Croqui de uma lâmpada fluorescente normal e de outra do tipo UV. (Elmorsi, 2010) 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 O ESTUDO DE CASO Sabendo da capacidade oxidante do Peróxido de Hidrogênio e de suas propriedades de desintegração praticamente total de partículas de impurezas, foi introduzido, em laboratório, o estudo sobre o tratamento de efluentes com a utilização deste. O primeiro passo foi analisar a vantagem em se empregar esse método, observando os pontos positivos e negativos, a fim de aproveitar ao máximo de seus benefícios. Para realizar os primeiros testes, seria necessário se utilizar uma solução orgânica, que desse uma melhor percepção da degradação que o Peróxido pudesse realizar. Para isso, foi utilizada solução aquosa orgânica, composta de água gaseificada, açúcar, extrato vegetal de cola, cafeína - por ser de cor escura, dando melhor visualização do produto final. Em quatro tubos de ensaio, foram dispostos 40 ml (quarenta mililitros) da solução orgânica e, posteriormente, adicionados a quatro diferentes e gradativas dosagens de Peróxido de Hidrogênio. No primeiro tubo, foram adicionados 10 ml (dez mililitros) de Peróxido à solução já contida, sendo essa dosagem uma proporção de 1:75. No segundo tubo, 71 foram adicionados 20 ml de Peróxido, sendo uma proporção de 1:50. No terceiro tubo, foram adicionados 30 ml, sendo uma proporção de 1:25. No quarto e último tubo, foram adicionados 40 ml de Peróxido, resultando em uma proporção de 1:1, a mais forte. Deixando as amostras em repouso e à exposição de raios ultravioleta (raios UV), foi analisado o desempenho da solução por cada hora e feita a observação de que o conteúdo ia adquirindo uma aparência cada vez mais transparente e clara. Isso ocorreu devido à degradação das moléculas da solução orgânica e sua posterior união com os radicais hidroxila gerados da separação do H2O2. O percentual de eficiência de cada dosagem segue no gráfico abaixo, vendo que quanto menos peróxido adicionado na solução, menores eram os níveis de desintegração. Gráfico 1: Ação do peróxido em cada tubo de ensaio. (Dados: Yvanna Cabral) No gráfico 1, pode-se observar que os níveis de purificação, conquistados em 24 horas, são excelentes, variando a cada dosagem contida nos tubos, dada a legenda. 72 Terminado o período de 24 horas, a partir dos resultados obtidos com a solução orgânica, foi possível ver que é mais satisfatória a dosagem de 1:1, obtendo-se desintegração praticamente total do conteúdo, contendo líquido parcialmente límpido e transparente, como a água. Partículas que não sofreram a completa ação do Peróxido praticamente ficaram despercebidas. Mas sendo o estudo elaborado para algo de proporções bem maiores e que esteja visando eficiência e baixo custo, a dosagem 1:75 pode ser adotada e se conquistar um bom resultado. As variações ocorrem devido ao tempo (quanto maior o tempo, melhores resultados), exposição aos raios UV e níveis de Peróxido presentes na solução. 4.2 OS EXPERIMENTOS COM O ESGOTO A partir dos testes realizados com a solução orgânica, onde dosagem e tempo foram obtidos, foi possível realizar os experimentos utilizando o efluente in natura, seguindo a mesma linha de raciocínio com relação às dosagens e tempo de repouso. As amostras foram coletadas, diretamente das fontes de lançamento de efluentes, e separadas em quatro tubos de ensaio, das mesmas formas feitas com a solução, em temperatura ambiente e expostas à luz solar, para que houvesse uma observação mais nítida para obtenção dos resultados. Os ensaios do tratamento do efluente foram realizados obtendo uma solução, que utilizou como reagente o peróxido de hidrogênio (H2O2), tendo como agente catalisador a presença dos raios UV. Os experimentos foram monitorados para verificar o tempo que o esgoto levaria para ser degradado pelo peróxido, analisando a redução da matéria orgânica até sua total eliminação. Os pontos selecionados para análise nos procedimentos foram: a quantidade de peróxido de hidrogênio que deveria usada para obter a eficácia do procedimento e o tempo para tal, sabendo que estaria à exposição aos raios ultravioleta de forma artificial, emitido por lâmpadas, sendo uma instalação fechada 73 e em segurança, com relação à área residencial estar livre dos riscos de odores e “animais de esgoto”. Assim como ocorreu com a solução orgânica, a variação e as porcentagens de desintegração se mantiveram as mesmas durante todo o procedimento, tendo como ação mais satisfatória a dosagem 1:1, mas a dosagem necessariamente adequada a se considerar também foi a de 1:75. Então, dessa forma, o teste é realizado em uma proporção maior. Sendo esta uma forma de tratamento no âmbito coletivo e fechada (o catalisador será gerado através de lâmpadas que emitem os raios UV), instalada para solucionar os problemas de esgoto de um condomínio, pode ser considerada a dosagem 1:75, ou seja, para cada litro de esgoto, foi utilizado 250ml de solução de peróxido de hidrogênio, obtendo, ao final de 24 horas, água e uma fina e densa camada pastosa restante do efluente. 4.3 MEMORIAL DE CÁLCULOS Este projeto, no que diz respeito a determinação de valores e resultados, corresponde às condições técnicas da legislação relacionada ao tratamento de esgotos e à proteção do meio ambiente do Estado do Rio de Janeiro, em particular observa o que estabelece a DZ 215 R4 – Diretrizes de controle de carga orgânica biodegradável em efluentes líquidos de origem sanitária, da FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (que hoje é o Instituto Estadual do Ambiente – INEA), e adota parâmetros de projeto condizentes (Anexo II). Para se determinar vazão diária de efluentes e custos de construção e manutenção de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), segue abaixo o memorial de cálculo, que estabelece os valores necessários. 74 4.3.1 Moradores do Condomínio Nº de apartamentos: 6 (blocos) x 5 (andares) x 4 (ap/andar) = 120 Ocupação: 4 moradores por apartamento População (Pop) = 120 x 4 = 480 moradores em todo o condomínio 4.3.2 Vazões Contribuição “per capita” de esgoto (q) De acordo com a tabela II da DZ 215 R4, da FEEMA, para Padrão Alto, a contribuição per capita de esgoto deve ser 250L/dia. Vazão média (Qmed): Vazão Máxima (Qmáx): Coeficiente de reforço do dia de maior consumo (k1) = 1,2 Coeficiente de reforço da hora de maior consumo (k 2) = 1,5 Carga Orgânica: Contribuição orgânica per capita (c) De acordo com a tabela II da DZ 215 R4, da FEEMA, para Padrão Alto, a contribuição unitária de esgoto deve ser 60g DBO/dia. 75 Carga orgânica diária (Ca): De acordo com a tabela IV da DZ 215 R4, da FEEMA, para cargas entre 25 e 80 kg DBO/dia, a eficiência mínima de remoção de matéria orgânica deve ser de 80% e as concentrações máximas de DBO e RNFT deve ser de 60 mg/L. Ainda de acordo com a DZ 215 R4, o sistema de tratamento deverá atender ou às eficiências mínimas ou as concentrações máximas permitidas conforme a citada tabela. Logo, em um Condomínio de grande porte, com média de 480 moradores, há a produção (Vazão média) de 120 m³ de esgoto por dia. Ou seja, aproximadamente 120.000 litros de esgoto são produzidos e lançados ao ambiente por dia, pelo condomínio, sem qualquer tipo de tratamento e logo chegando aos rios, de onde é tirada a água para o consumo da população, sabendo que o tratamento da água deveria ser antecedido pelo tratamento de esgoto. 4.3.3 Capacidade dos reservatórios Sendo, então, produzidos diariamente 120.000 litros de esgoto diariamente pelo Condomínio, serão dispostos 4 reservatórios, com capacidade de 80m³ cada, o suficiente para receber uma média de 60.000 litros de esgoto (média de 12 horas de efluente produzido), onde a dosagem do Peróxido de Hidrogênio será adicionada de forma intercalada, da seguinte maneira:  1º Reservatório: Efluente + metade da dosagem diária de H2O2, já recebendo as primeiras degradações deste e dos raios UV ; 76  2º Reservatório: Efluente em repouso, sofrendo ações do Peróxido, já adicionado no primeiro reservatório, e dos raios UV;  3º Reservatório: Efluente + a metade restante da dosagem de H2O2, e ainda sofrendo ações do ultravioleta;  4º Reservatório: Efluente em repouso, concluindo os procedimentos com o peróxido e UV, e preparado para ser eliminado. Dessa maneira, o processo de tratamento completo terá duração de 48 horas, onde o efluente terá o tempo suficiente para sofrer a decomposição causada pelo H2O2 e os raios UV. Além de receber o peróxido a partir do primeiro reservatório, a emissão de raios ultravioleta, feita através de lâmpadas com radiação UV, será efetuada durante todo o procedimento da estação, originando afinal uma substância, cujo teor de poluição é praticamente zero. 4.4 DEFINIÇÕES DE CUSTOS Dentre todos os sistemas já apresentados, verifica-se uma tendência à procura pela redução do investimento inicial na instalação de uma Estação de Tratamento de Esgoto - ETE, bem como pela minimização do custo operacional. Um dos fatores que eleva o custo de operação é o uso intensivo de equipamentos, com o consequente aumento nas despesas de energia elétrica. O custo da energia e sua escassez em várias regiões do mundo também têm motivado pesquisas para a criação de soluções com menor demanda energética. Sob a ótica da redução no investimento inicial, têm-se desenvolvido soluções para implantação gradativa ou modular de ETEs, sendo as estações do tipo compactas e simplificadas. A descentralização traz como vantagem a diminuição nos custos da rede coletora de esgoto. A manutenção da estação deverá ser feita de modo que esta não seja comprometida, no que diz respeito à sua funcionalidade e eficiência, já que, seja de forma eletrônica ou manual, os agentes devem “trabalhar” de maneira correta e regular. 77 Para degradar 120.000 litros diários de esgoto, baseando na dosagem de 1:75, serão utilizados 30.000 litros de Peróxido de Hidrogênio, sendo dividido em 15.000 litros para o primeiro reservatório e 15.000 para o terceiro. Para suprir a cota diária de Peróxido, este é encomendado por carretas tanque, com capacidade para 35.000 litros, cuja quantidade desejada faz o preço do litro cair para R$0,30 (naturalmente, o preço de um único litro de H 2O2 é R$6,30 – Fonte: Reagel, Itaperuna-RJ). Sendo assim, obtemos um valor de R$9.000,00 diários para o Peróxido, que ao final de 30 dias resultará em R$270.000,00. Uma lâmpada fluorescente de 23W, que será a fonte dos raios UV, consome aproximadamente 0,040 kWh (Fonte: Ampla). Sendo assim, ao final de um mês, temos: O custo por kWh, segundo a Empresa Ampla, é de R$0,42701. Em um mês, serão gastos 28,8 kWh por lâmpada, o que nos dá, num total, 460,80 kWh, sabendo que serão, ao todo, 16 lâmpadas, 4 para cada reservatório. Estabelecendo em custo, teremos: Totalizando os gastos para manutenção em um mês, dividindo igualmente entre as 120 unidades habitacionais do Condomínio: 78 5 RESULTADOS O resultado de todo o estudo foi satisfatório por completo. Temos um Condomínio de Padrão Alto, com 120 apartamentos, que é capaz de ter uma estação de tratamento alternativa totalmente eficiente, em um valor acessível, para os habitantes de um condomínio desse padrão. A remoção das impurezas e outros tipos de contaminação, presentes no esgoto, chegou ao nível de 95%, podendo dizer, então, que o produto final, devolvido ao rio, foi água, já parcialmente tratada, utilizando o método de Peróxido de Hidrogênio, mais o catalisador raio ultravioleta . Fazendo uma análise comparativa com Wetlands e Lagoas, outras formas de tratamento de efluentes, temos os gráficos 2 e 3, baseando nas mesmas proporções de quantidade de efluente a ser tratado, utilizadas no presente estudo. A Wetland é o tratamento formado por sistemas artificialmente projetados para utilizar plantas aquáticas (macrófitas) em substratos como areia, cascalhos ou outro material inerte, onde ocorre a proliferação de biofilmes que agregam populações variadas de microrganismos os quais, por meio de processos biológicos, químicos e físicos, tratam águas residuárias. constituindo ecossistemas artificiais com diferentes tecnologias, utilizando os princípios básicos de modificação da qualidade da água das wetlands naturais. A Lagoa Facultativa é o sistema mais simples de lagoas de estabilização. Consiste na retenção dos esgotos por um período de tempo suficiente para o desenvolvimento de processos naturais de estabilização da matéria orgânica (Von Sperling, 2005). 79 Gráfico 2: Comparação entre eficiência de diferentes Tratamentos de Efluentes (Gráfico: Yvanna Cabral / Fonte: Dados da PUC-GO) Gráfico Comparativo para Purificação de Esgoto Níveis de Purificação Tipos de Tratamento de Efluentes 100,00% 95,00% 70,00% 65,00% 80,00% Peróxido de Hidrogênio + UV 60,00% Wetland 40,00% Lagoa Facultativa 20,00% 0,00% Gráfico 3: Comparativo entre os custos de diferentes Tratamentos de Efluentes (Gráfico: Yvanna Cabral / Fonte: Dados da PUC-GO) Gráfico Comparativo de Custos Tipos de Tratamento de Efluentes R$ 5.443,20 R$ 6.000,00 R$ 3.780,00 Custos R$ 5.000,00 Peróxido de Hidrogênio + UV R$ 4.000,00 R$ 3.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.251,64 Wetland Lagoa Facultativa R$ 1.000,00 R$ 0,00 Analisando os gráficos, observa-se que a instalação de uma Central de Tratamento de Esgoto Descentralizada é de grande vantagem, oferecendo qualidade no tratamento e baixo custo, em comparação com outros procedimentos já conhecidos. A eficiência é de suma importância para implantação de um projeto de tratamento de esgoto, deve ser analisada paralelamente com os requisitos de área, com a viabilidade econômica e com o tempo de finalização dos procedimentos. 80 6 CONCLUSÃO Neste trabalho avaliou-se a degradação química, auxiliada pela fotodegradação, do efluente produzido por um Condomínio de grande porte por um processo de oxidação avançado. O resultado obtido ao final de todos os testes, tanto nas pequenas como em grandes proporções, foi totalmente satisfatório, no que diz respeito à utilização do peróxido como reagente oxidante das substâncias e quanto a qualidade da água resultante na finalização do tratamento, que estava aproximadamente 95% tratada e pronta para retornar ao ambiente. Conforme ensaios realizados, a melhor dosagem de Peróxido de Hidrogênio (H2O2), em parâmetros de eficiência e custo, foi a de 1:75, ou seja, diariamente, os estimados 120.000 litros de esgoto produzidos pelo Condomínio receberão 30.000 litros de H2O2, sendo também submetidos a raios ultravioleta, durante as 24 horas diárias, em um procedimento que se totaliza em 48 horas, dando ao final de um mês R$196,77 de consumo de energia, totalizando R$2.251,64 para cada uma das 120 unidades familiares que compõem tal condomínio. Ficando uma taxa de condomínio tão elevada (Nota: condomínios de alto padrão tem sua taxa entre R$600,00 a R$1.000,00, que seria acrescido ao valor de manutenção da estação), pode-se obter a seguinte sugestão:  Aumentar o volume dos reservatórios, aumentando consequentemente o fator “tempo”, para que, com a maior de permanência do efluente na estação, este sofra uma maior atuação do Peróxido e dos raios UV. Ou seja, se obtivermos quatro reservatórios com capacidade de 120.000 litros de efluente cada, fazendo com que o procedimento tenha duração de 96 horas (4 dias), podemos reduzir o volume de H 2O2 pela metade, o que acarretará na redução pela metade também do valor final para cada apartamento, e mantendo a mesma eficiência no tratamento. Ou, se obtivermos oito reservatórios com capacidade para 120.000 litros de efluente, aumentando o procedimento para 192 horas (8 dias) e reduzindo o volume de H 2O2 para ¼, e assim também o seu custo. Note nos cálculos abaixo: 81  Para 4 reservatórios de 120.000 litros cada, utilizando 15.000 litros de H2O2 para o tratamento:  Para 8 reservatórios de 120.000 litros cada, utilizando 7.500 litros de H2O2 para o tratamento: Seguindo essa sugestão, o valor a pagar mensalmente se tornará acessível e sem comprometer os resultados, mantendo assim os mesmos padrões obtidos anteriormente. Todo o estudo foi desenvolvido considerando um município que não contém uma Estação de tratamento de efluentes (ETE) e que todo seu esgoto seja descartado da forma in natura. Geralmente, os gastos, tanto de implementação quanto de manutenção das ETE’s, são de responsabilidade do poder público. Porém, há casos que levam os moradores a tomar medidas e manter eles mesmos o funcionamento da estação. Figura 9: Bairro Garrafão, em Guapimirim-RJ (Google Maps) 82 Figura 10: Bairro Garrafão, em Guapimirim-RJ (Google Maps) Nas figuras 9 e 10, vemos a localização do Bairro Garrafão, localizado no município de Guapimirim-RJ. Esse bairro, por exemplo, desde o ano 2000, foi tranformado em uma reserva florestal pelo IBAMA, por se localizar dentro da Serra dos Órgãos. As residências, na época, valiam o equivalente a R$200.000,00, mas hoje não valem muita coisa. Este bairro era uma antiga fazenda que foi loteada na década de 70, porém nunca teve sistema de esgoto, e por ter essa localização, numa reserva, foi desvalorizado. Seria, então, um local adequado para a instalação do sistema elaborado nesse estudo. 83 REFERÊNCIAS ALMEIDA, F. O Bom Negócio da Sustentabilidade. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2002, pp. 75-132. Alves, L. – Graduada em Química, membro da Equipe Brasil Escola – Estudo disponível em http://www.brasilescola.com/quimica - publicado em Dezembro de 2010 AMBIENTE BRASIL – 2005. Disponível em:< http://www.ambientebrasil.com.br/ BARROS, R.T. de V. et al. Saneamento: Manual de saneamento e proteção ambiental para os municípios. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995. 221p. Borrely, S I - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - São Paulo, 1995 Brasil, M. S. - Engenharia Sanitária Ambiental, vol. 12 nº 3, Rio de Janeiro Julho 2007 CRITES, R.; TCHOBANOGLOUS, G. Small and Decentralized Wastewater Management Systems. Singapore: Mc Graw Hill International Editions, 1998. 1084p. CUNHA, L. H. e COELHO, M. C. N. “Política e Gestão Ambiental”. In: CUNHA, S. B. e GUERRA, A. J. T. (orgs). A Questão Ambiental – Diferentes Abordagens. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2003, pp. 43-79. EPA. Alternative Disinfectants and Oxidants Guidance Manual. Enviromental Protection Agency, Center for Environmental Research Information, 1999. Estudo da poluição por esgoto num trecho urbano de rio, por Geraldo L. Diniz DMAT, ICET, UFMT, Cuiabá/MT – e Suely A. F. Alegria - Mestrado em Física e Meio Ambiente, ICET, UFMT, Cuiabá/MT Fernandes, J. R, 2003 – Dep. de Química, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista FUJISHIMA, A., HASHIMOTO, K. e WATANABE, T. (1999). TiO2 Photocatalysis: Fundamentals and Applications. BKC, Inc., Koyo Printing Co., Ltd., Tokyo, Japão. 84 Heller, L – Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG – Panorama do Saneamento Básico no Brasil, vol 1 Elementos Conceituais HUANG, C. P., DONG, C., TANG, Z. (1993). Advanced Chemical Oxidation: Its Present role and Potential future in hazardous waste treatment. Waste Management, 13, 361-377. HORAN, N. J. Biological treatment systems: theory and operation. New York: John Wiley & Sons, 1991. 310 p. INCE, N. H., TEZCANLI, G. (1999). Treatability of textile dye-bath effluents by advanced oxidation: Preparation for reuse. Water Science and Technology, 40 (1), 183-190. JARDIM, W. F., LITTER, M. I. Apostila ¨Nuevos Avances en Tratamientos de Efluentes Acuosos: Tecnologias de Oxidación Avanzada¨. Concepcion, 2002. Junior, Michael - 2003 e IWA, 2000, apud Lin et al, 2005 LETTINGA G. Introduction. In: International course on anaerobic treatment. Wageningen: Wageningen Agricultural University / IHE Delft, 1995. 285p. PHILIPPI, J. A. Saneamento Saúde e Ambiente: fundamento para um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manolé, 2005. 842p. Souza, Freitas e Moraes (2010) - Engenharia Sanitária Ambiental. vol.15 nº 1, Rio de Janeiro Jan./Mar. 2010 – Artigo Técnico Tolentino Junior, J - Revista de Ciência & Tecnologia, Volume 7 nº 2 – Dezembro de 2007 Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba - História do Saneamento – Departamento de Engenharia Civil 85 86 Anexo II Fonte: INEA (www.inea.rj.gov.br) DZ-215.R-4 – Diretriz De Controle De Carga Orgânica Biodegradável Em Efluentes Líquidos De Origem Sanitária Notas: Aprovada pela Deliberação CECA n° 4886, de 25 de setembro de 2007 Republicada no DOERJ de 08 de novembro de 2007. 1 OBJETIVO Estabelecer exigências de controle de poluição das águas que resultem na redução de carga orgânica biodegradável de origem sanitária, como parte integrante do Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras – SLAP. 2 ABRANGÊNCIA Abrange as seguintes atividades e inclui disposições para comunidades de baixa renda: a) atividades não industriais - loteamentos, edificações residenciais multifamiliares, grupamentos de edificações residenciais multifamiliares, centros comerciais, pequenas e grandes estruturas de apoio e embarcações de pequeno e médio portes, (PEAs e GEAs), edifícios públicos, estabelecimentos de serviços de saúde, escolas, hotéis e similares, restaurantes, mercados, hipermercados, centro de convenções, portos, aeroportos, autódromos, atividades agropecuárias, canteiros de serviços, sistemas de tratamento de esgotos sanitários e ETEs de Concessionárias de Serviços de Esgotos. b) esgotos sanitários gerados em indústrias com sistema de tratamento independente. 87 3 INTRODUÇÃO À luz da experiência obtida na FEEMA nos últimos anos, na área de controle de efluentes líquidos de origem sanitária, com base no que vem sendo recomendado pela ABNT (NBR-7229, que estabelece exigência de fossa séptica seguida de tratamento complementar e/ou dispositivo final) e também na estratégia de controle já adotada por outros países, em conseqüência dos acentuados riscos de comprometimento dos recursos hídricos nas regiões de maiores concentrações populacionais, passa a ser adotado, pela CECA e pela FEEMA, o enfoque de níveis mínimos de remoção de carga orgânica e sólidos em suspensão para dimensionamento de tratamento de efluentes sanitários, baseados em níveis da tecnologia existente, independentemente da capacidade assimilativa dos corpos receptores. Exigências adicionais serão feitas sempre que for necessária a compatibilização dos lançamentos com os critérios e padrões de qualidade de água estabelecidos para o corpo receptor, segundo seus usos benéficos (DZ-101) ou segundo classes que agrupam determinados usos preponderantes (Resoluções CONAMA nos 357, de 17.03.05 e 274, de 29.11.00). Esses usos e classes estão relacionados a limites e condições estabelecidas na legislação em vigor, que definem teor de oxigênio, pH, ausência de cor, valores máximos de poluentes e outras características associadas ao impacto de esgotos e outros efluentes sobre os ecossistemas aquáticos. A disponibilidade de abastecimento de água no interior do Estado é inferior a da Região Metropolitana, daí terem sido adotados valores “per capita” menores para o interior, para o mesmo padrão de habitação (Tabela 2) 4 LEGISLAÇÃO BÁSICA 4.1 4.1.1 LEGISLAÇÃO FEDERAL Resolução CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000 – Estabelece as categorias em que serão avaliadas as águas doces, salobras e salinas destinadas a balneabilidade. 88 4.1.2 Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 – Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. 4.1.3 RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 - Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. 4.1.4 Lei no 6.766, de 19 de dezembro de 1979 - Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências, e alterações impostas pela Lei nº 9785 de 29 janeiro de 1999. 4.1.5 Resolução CNRH no 65, de 07 de dezembro de 2006 - Estabelece diretrizes de articulação dos procedimentos para obtenção da outorga de direito de uso de recursos hídricos com os procedimentos de licenciamento ambiental. 4.2 4.2.1 LEGISLAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Decreto-Lei nº 134, de 16 de junho de 1975 – Dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente no Estado do Rio de Janeiro, e dá outras providências. 4.2.2 Lei nº 2.661, de 27 de dezembro de 1996 - Regulamenta o disposto no art. 274 (atual 277) da Constituição do Estado do Rio de Janeiro no que se refere à exigência de níveis mínimos de tratamento de esgotos sanitários, antes de seu lançamento em corpos d’água e dá outras providências, e suas alterações introduzidas pela Lei nº 4.692/05. 89 Lei nº 3.467, de 14 de setembro de 2000 – Dispõe sobre as sanções 4.2.3 administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente do Estado do Rio de Janeiro, e dá outras providências. Decreto nº 1.633, de 21 de dezembro de 1977 – Regulamenta em parte o 4.2.4 Decreto-lei nº 134, de 16 de junho de 1975, e institui o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras. 4.2.5 Portaria SERLA nº 567, de 07 de maio de 2007 - Estabelece critérios gerais e procedimentos técnicos e administrativos para cadastro, requerimento e emissão de Outorga de Direito de Uso de recursos hídricos de domínio do Estado do Rio de Janeiro, e dá outras providências. 4.2.6 Legislação aprovada pela Comissão Estadual de Controle Ambiental – CECA, com base no Decreto-lei nº 134/75 e Decreto nº 1.633/77: · DZ-101 – Corpos d'Água – Usos Benéficos; · NT-202 – Critérios e Padrões para Lançamento de Efluentes Líquidos; · DZ-205 – Diretriz de Controle de Carga Orgânica em Efluentes Líquidos de Origem Industrial; · · MF-402 – Método de Coleta de Amostras de Efluentes Líquidos Industriais; MF-438 – Método de Determinação de Resíduos Não Filtráveis Total, Fixo e Volátil (Método Gravimétrico); MF-439 – Método de Determinação de Demanda Bioquímica de Oxigênio – · DBO; · DZ-942 – Diretriz de Implantação do Programa de Autocontrole – PROCON. 90 5 DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas: · NBR-7.229 – Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. · NBR-12.209 – Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário. · NBR-13.969 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação. · NBR-8.160 - Sistemas prediais de esgotos sanitários - Projeto e execução. 6 DEFINIÇÕES Para os efeitos desta Diretriz são consideradas as seguintes definições: 6.1 MATÉRIA ORGÂNICA BIODEGRADÁVEL – é a parcela de matéria orgânica de um efluente suscetível à decomposição por ação microbiana, nas condições ambientais. É representada pela Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO e expressa em termos de concentração (mg O2/L) ou de carga (kg O2/dia). 6.2 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO) – quantidade de oxigênio utilizada na oxidação bioquímica de matéria orgânica. Para efeito desta Diretriz será considerado o teste de DBO em 5 dias (MF-439). A DBO é expressa em mg O2/L (concentração). Pode também ser expressa em kg O2/dia (carga), considerando-se a concentração medida e a vazão média diária do efluente: carga (kg O2/dia) = DBO (mg O2/L) x vazão (m3/dia) / 1000 91 6.3 RESÍDUOS NÃO FILTRÁVEIS TOTAIS (RNFT) OU SÓLIDOS EM SUSPENSÃO TOTAIS (SST) – quantidade de sólidos que fica retida no meio filtrante quando se submete um volume conhecido de amostra à filtragem (MF-438). Expressa em mg RNFT/litro (concentração), ou kg RNFT/dia (carga), ou mg de SST/litro (concentração), ou kg SST/dia (carga). 6.4 EFLUENTES ORGÂNICOS DE ORIGEM SANITÁRIA – esgotos sanitários, domésticos e outros despejos contendo matéria orgânica biodegradável provenientes de atividades poluidoras não industriais e os esgotos sanitários gerados em indústrias com sistema de tratamento independente. 6.5 POPULAÇÃO RESIDENTE – aquela que habita no domicílio urbano em pelo menos 70% do ano. 6.6 POPULAÇÃO FLUTUANTE – aquela que habita 30% do ano em dois domicílios, em época de férias, feriados e fins de semana. 7 7.1 EXIGÊNCIAS DE CONTROLE A quantificação da carga orgânica produzida será feita levando-se em conta a atividade como um todo, independentemente do número de pontos de lançamento no corpo receptor. 7.2 Deverão ser considerados os parâmetros constantes das Tabelas 1 e 2 para esgoto sanitário de residências e da Tabela 3 para esgoto sanitário de atividades industriais. 92 Tabela 1: Padrão da Residência, considerando-se a área construída e a área do lote PADRÃO ALTO MÉDIO BAIXO ÁREA EDIFICADA OU ÁREA DO LOTE Residências com área edificada igual ou superior a 250 m2 ou lotes com área igual ou superior a 500 m2. Residências com área edificada igual ou superior a 50 m2 e inferior a 250 m2 ou lotes com área igual ou superior a 150 m2 e inferior a 500 m2. Residências com área edificada inferior a 50 m2ou lotes com área inferior a 150 m2. Tabela 2: Vazão per capita de água e contribuição per capita de esgoto em função do padrão da residência, em bacias onde não houver valores de contribuição per capita medidos pela concessionária de água e esgoto local, considerando-se o coeficiente de retorno água/esgoto igual a 0,80 PADRÃO ALTO MÉDIO Região Metropolitana MÉDIO Interior BAIXO conjuntos habitacionais BAIXO ocupação desordenada VAZÃO PER CONTRIBUIÇÃO CONTRIBUIÇÃO CONTRIBUIÇÃO CAPITA DE PER CAPITA DE UNITÁRIA DE UNITÁRIA DE ÁGUA ESGOTO ESGOTO (g ESGOTO (mg/L (litro/dia) (litro/dia) DBO/dia) de DBO) 300 250 60 240 250 200 54 270 200 160 50 310 150 120 45 375 120 100 40 400 93 Tabela 3: Contribuição per capita de esgoto e carga orgânica sanitária unitária, em atividades industriais, estabelecimentos comerciais e canteiro de obras CONTRIBUIÇÃO PER CAPITA DE ESGOTO CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA DE CARGA ORGÂNICA (litro/dia) (g DBO/dia) Atividade não residencial em geral 70 25 Atividade não residencial com refeitório dotado de cozinha 95 50 PADRÃO 7.3 As atividades geradoras de efluentes sanitários localizadas em logradouros desprovidos de sistemas públicos de esgotamento sanitário ou que possuam rede de esgotos sem tratamento adequado deverão ter os seus efluentes tratados antes do seu lançamento, atendendo ao que dispõe esta Diretriz. 7.4 Os níveis mínimos de remoção de carga orgânica estabelecidos correspondem às tecnologias em uso corrente no País e variam de 30 a 85%, conforme disposto na Tabela 4. 7.5 O dimensionamento da unidade de tratamento deverá preconizar o atendimento da eficiência mínima de remoção de DBO estabelecida nas Tabelas 4, 5 e 6. Tabela 4: Eficiência de remoção para dimensionamento da unidade de tratamento CARGA ORGÂNICA BRUTA (c) (kg DBO/dia) (1) C5 5 < C  25 25 < C  80 C > 80 EFICIÊNCIA MÍNIMA DE REMOÇÃO de DBO (%) (2) 30 (3) 65 80 85 Notas: 1 Carga orgânica produzida por dia. 2 Eficiências mínimas do sistema projetado, em termos de remoção de DBO e RNFT(ou SST). 94 3 Condição válida considerando-se a possibilidade de infiltração adequada do efluente da fossa séptica no solo ou a existência de rede coletora; caso contrário, deverá ser implantado tratamento complementar através de filtro anaeróbio, ou similar de eficiência equivalente. Tabela 5: Eficiência de remoção para dimensionamento da unidade de tratamento de esgotos sanitários de atividades industriais, estabelecimentos comerciais e canteiro de obras – atividades não residenciais com cozinha. Contribuição/pessoa = 0,050 kg DBO/ dia CARGA ORGÂNICA BRUTA TOTAL (C) kg DBO/dia (1) C≤5 NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS até 100 5< C ≤ 25 de 101 a 500 25< C ≤ 80 de 501 a 1.500 C > 80 acima de 1.500 Notas: 1 Carga orgânica produzida por dia. 2 Eficiências mínimas do sistema projetado, em termos de remoção de DBO e RNFT(ou SST). 3 Condição válida considerando-se a possibilidade de infiltração adequada do efluente da fossa séptica no solo ou a existência de rede coletora; caso contrário, deverá ser implantado tratamento complementar através de filtro anaeróbio, ou similar de eficiência equivalente. Tabela 6: Eficiência de remoção para dimensionamento da unidade de tratamento de esgotos sanitários de atividades industriais, estabelecimentos comerciais e canteiro de obras – atividades não residenciais sem cozinha. Contribuição/pessoa = 0,025 kg DBO/ dia CARGA ORGÂNICA BRUTA TOTAL (C) kg DBO/dia (1) NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS C≤5 até 200 5< C ≤ 25 de 201 a 1000 EFICIÊNCIA MÍNIMA DE REMOÇÃO DE DBO (%) (2) 30 (3) 65 EXEMPLO DE TIPO DE TECNOLOGIA fossa séptica (3) fossa séptica + filtro anaeróbio Notas: 1 Carga orgânica produzida por dia. 2 Eficiências mínimas do sistema projetado, em termos de remoção de DBO e RNFT(ou SST). 3 Condição válida considerando-se a possibilidade de infiltração adequada do efluente da fossa séptica no solo ou a existência de rede coletora; caso contrário, deverá ser implantado tratamento complementar através de filtro anaeróbio, ou similar de eficiência equivalente. 95 7.6 O grau de remoção será exigido dentro desta faixa, em função da carga orgânica das atividades poluidoras, expressa em kg DBO/dia, assim como o lançamento de efluentes sanitários de atividades residenciais, em DBO e RNFT (ou SST), deverá atender às concentrações máximas estabelecidas na Tabela 7. Tabela 7: Concentrações máximas de matéria orgânica, em dbo e rnft, permitidas para o lançamento de efluentes sanitários de atividades residenciais CARGA ORGÂNICA BRUTA (C)(1) (kg DBO/dia) CONCENTRAÇÕES MÁXIMAS EM DBO E RNFT(ou SST) (mg/L) (2) Padrão da Residência Alto Médio Região Metropolitana Médio Interior Baixo conjuntos habitacionais Baixo: ocupação desordenada 180 (3) 260 (3) 280 (3) 170(3) 210(3) C5 85 100 110 130 140 5 < C  25 60 60 60 60 60 25 < C  80 40 40 40 40 C > 80 40 Notas: 1 Carga orgânica produzida por dia, calculada em função do número de domicílios e contribuição unitária, considerando-se as seguintes taxas de utilização: a) população residente: sala/quarto, sem dependências – 2 pessoas/domicílio sala/quarto, com dependências – 3 pessoas/domicílio sala/2 quartos ou maior, sem dependências – 4 pessoas/domicílio sala/2 quartos ou maior, com dependências – 5 pessoas/domicílio b) população flutuante: 4 pessoas /quarto Em áreas de população flutuante soma-se à população residente a população flutuante e considera-se que, em pelo menos 20% dos lotes, os proprietários residam no local. 2 Concentrações máximas permitidas de DBO e RNFT (ou SST) no efluente tratado. 3 Condição válida considerando-se a possibilidade de infiltração adequada do efluente da fossa séptica no solo ou a existência de rede coletora; caso contrário, será exigido o lançamento com concentrações máximas de matéria orgânica de 85 a 140 mg/L, conforme o padrão da residência. 96 7.7 O lançamento de efluentes sanitários de indústrias, estabelecimentos comerciais e de canteiro de obras, em DBO e RNFT (ou SST), deverá atender às concentrações máximas estabelecidas na Tabela 8. Tabela 8: Concentrações máximas de matéria orgânica exigidas, em DBO e RNFT (ou SST)., para o lançamento de efluentes sanitários de indústrias, estabelecimentos comerciais, canteiros de obras e ETE’s de concessionárias de serviços de esgotos. CARGA ORGÂNICA BRUTA (C) (1) (kg DBO/dia) CONCENTRAÇÕES MÁXIMAS EM DBO E RNFT(ou SST) (2) (mg/L) C5 180 (3) 5 < C  25 100 Notas: 1 Carga orgânica bruta por dia. 2 Concentrações máximas permitidas de DBO e RNFT(ou SST) no efluente tratado. 3 Condição válida, considerando-se a possibilidade de infiltração adequada do efluente da fossa séptica no solo ou a existência de rede coletora; caso contrário, deverá ser implantado tratamento complementar através de filtro anaeróbio, ou similar de eficiência equivalente. 7.8 Para qualquer porte e tipo de empreendimento localizado nas seguintes áreas especiais, será exigido o lançamento com concentrações máximas de matéria orgânica de 85 a 140 mg/L, conforme o padrão da residência constante da Tabela 7: a) Zona Especial 5 (ZE-5) – Baixada de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, do Município do Rio de Janeiro (Decreto Municipal nº 3.046, de 27 de abril de 1981 – limites definidos pelo PA 5596); b) Zona de Lagoas – limites correspondentes aos das bacias contribuintes aos sistemas lacunares; c) Vertentes contribuintes para o mar, nos Municípios de Mangaratiba, Angra dos Reis e Parati; d) Unidades de Conservação de uso direto e indireto e seus entornos, definidos por legislação específica. 97 7.9 A determinação das concentrações finais de DBO e RNFT(ou SST) será realizada através de amostragem composta, cujos critérios estão definidos na DZ942. 7.10 Ficam dispensados do atendimento ao item 7.9 as atividades geradoras de carga orgânica bruta de origem sanitária inferior a 25 kg DBO/dia. 7.11 Não será considerada no cálculo das concentrações máximas permitidas a diluição dos efluentes com águas de abastecimento, do mar e outras. 7.12 Em se tratando de despejos cujas características sejam diferentes das comumente encontradas no esgoto sanitário (por exemplo: excesso de gordura, de sangue, de sólidos), deverá ser implantado tratamento complementar que garanta ao sistema o lançamento com as mesmas concentrações máximas de DBO e RNFT(ou SST). 7.13 A FEEMA poderá exigir a implantação de tratamento para remoção de nutrientes das atividades contribuintes aos sistemas lacunares, de modo a controlar as condições de eutrofização das águas interiores e costeiras. 7.14 No caso da implantação, de forma progressiva, de grandes atividades para as quais seja previsto o tratamento dos efluentes em etapas, poderá ser exigida, na construção do primeiro módulo de tratamento, a unidade para remoção complementar de nutrientes. 7.15 A FEEMA exigirá o condicionamento e/ou pré-tratamento dos efluentes líquidos de atividades de serviços de saúde, de origem não sanitária, conforme disposto na Resolução RDC nº 50/02 da ANVISA. 7.16 A FEEMA exigirá a desinfecção dos esgotos de atividades de serviços de saúde tratados por ETE e poderá exigí-la das demais ETEs, no caso em que for necessária a compatibilização dos lançamentos com os usos da água e seus respectivos critérios e padrões de qualidade. 98 7.17 Para as atividades localizadas em áreas não dotadas, diretamente, de corpo receptor, a FEEMA fará exigências adicionais quanto ao lançamento final, seja por infiltração no solo, ou pela construção de emissário que conduza o esgoto até um corpo receptor, no caso de inviabilidade de coleta e tratamento pela Concessionária de Serviços de Esgotos local. 7.18 O lançamento de efluentes líquidos deverá atender, ainda, aos critérios e padrões estabelecidos pela NT-202, Portaria Serla 567 e pela Resolução CNRH no 65. A FEEMA estabelecerá, caso a caso, a exigência para disposição do lodo gerado nos sistemas de tratamento, que deverá sofrer tratamento prévio. 7.19 No caso de implantação de loteamentos, o sistema de tratamento de esgoto poderá ser individual ou coletivo. 7.19.1 Será coletivo quando o loteamento for implantado juntamente com as suas edificações, em etapa única, pelo mesmo empreendedor. Neste caso, quando da solicitação da Licença de Instalação, o empreendedor deverá apresentar planta do loteamento com os projetos da rede e da unidade de tratamento, esta devidamente dimensionada e localizada em área particular do loteamento, atendendo às concentrações da Tabela 7, conforme o padrão da residência. O empreendedor será responsável pelo projeto e implantação da rede coletora e da unidade de tratamento coletiva, de acordo com a Lei n o 6766. Entendese por empreendedor o requerente do processo de Licença de Instalação do empreendimento. A operação e a manutenção do sistema de esgotamento sanitário serão de responsabilidade do Poder Concedente, ou dele delegado. 99 7.19.2 Nos demais casos será obrigatória a implantação de sistema de tratamento individual. Quando da solicitação da Licença de Instalação, o empreendedor deverá apresentar planta do loteamento, com o projeto da rede coletora e da unidade de tratamento individual. O empreendedor será responsável pelo projeto e implantação da rede coletora, a menos da necessidade de infiltração do efluente do conjunto fossa séptica/filtro anaeróbio no solo, pela inexistência de corpo d’água, rede de esgoto ou de drenagem, nas proximidades do empreendimento, conforme declaração da Concessionária de Serviços de Esgotos local. No caso de infiltração do efluente, deverão ainda ser atendidas as condições de infiltração no solo, estabelecidas nas normas NBR-7.229 e NBR-13.969, da ABNT. O proprietário da unidade autônoma será responsável pela construção da unidade de tratamento individual. Deverá constar nas escrituras de compra e venda a necessidade de implantação de sistema de tratamento para cada lote, dimensionado para alcançar eficiência de remoção de DBO de, pelo menos, 65%, de acordo com a Tabela 4, construído com materiais que garantam sua estanqueidade e impermeabilidade, atestados pelo empreendedor, e o lançamento de efluente com concentrações máximas de 85 a 140 mg/L, conforme o padrão da residência, de acordo com a Tabela 7, de modo que a Licença de Instalação tenha validade. 7.20 No caso de implantação de condomínios, cuja carga orgânica gerada seja até 5 kg DBO/dia, poderá ser utilizado sistema de tratamento de esgoto individual. A partir dessa carga orgânica, deverá ser implantado sistema coletivo, em área particular do condomínio, atendendo ao disposto na Tabela 7. 7.21 Nos empreendimentos a serem localizados em áreas contíguas ou que tenham sido objeto de desmembramento de um mesmo proprietário, o nível de 100 eficiência exigido para o projeto do sistema de tratamento de esgotos deverá levar em conta a carga orgânica total produzida pelas atividades dessas áreas. Para os condomínios localizados em áreas de população flutuante e com este perfil de ocupação, não será necessária a implantação de ETE em nível secundário, tendo em vista a dificuldade de operação intermitente. Deverá constar, tanto na convenção do condomínio como nas escrituras de compra e venda, a necessidade de implantação de sistema de tratamento para cada lote,dimensionado para alcançar eficiência de remoção de DBO de, pelo menos, 65%, de acordo com a Tabela 4, construído com materiais que garantam sua estanqueidade e impermeabilidade, atestados pelo empreendedor, e o lançamento de efluente com concentrações máximas de 85 a 140 mg/L, conforme o padrão da residência, de acordo com a Tabela 7, de modo que a Licença de Instalação tenha validade. 7.22 Não será permitida a instalação de unidade de tratamento de esgoto em logradouro sujeito ao tráfego de veículos, à exceção de urbanização em áreas de população carente, desde que comprovada a inexistência de espaço físico. 8 PRAZO DE ADEQUAÇÃO As atividades já em operação terão prazo de 12 (doze) meses, a partir da data de publicação desta Diretriz, para se enquadrarem às novas exigências aqui previstas. 101